Xique Xique Cidade Destino - Trabalho Final de Graduação, Carolina Sacconi

Share Embed


Descrição do Produto

XIQUE XIQUE CIDADE DESTINO

CAROLINA JESSICA DOMSCHKE SACCONI

TRABALHO DE CONCLUSÃO . ESCOLA DA CIDADE . SÃO PAULO 2012

ORIENTADOR DO TRABALHO DE CONCLUSÃO: VINÍCIUS ANDRADE TUTOR DO ESTÚDIO VERTICAL: MARCOS ACAYABA

XIQUE XIQUE CIDADE DESTINO UM PLANO URBANO PARA A CIDADE

UM RESUMO O trabalho se resume na questão da migração nordestina em São Paulo e o retorno às cidades de origem. Como preparar essas cidades para que recebam esses deslocamentos da maneira efetiva, digna, com o intuito também de fazer com que o cidadão crie vínculo com o local, possibilitando a escolha de qual cidade se quer morar, não por necessidade, mas por desejo. A primeira etapa foi desenvolvida junto à disciplina Estúdio Vertical (E.V.), durante um semestre, em que alunos de todos os anos compõem equipes para desenvolver um projeto em uma área. O local de estudo foi a favela de Tiquatira, na zona leste de São Paulo, próximo à Itaquera. Através de entrevistas com moradores desta comunidade nas quais o tema abordado foi o de como se vive ali, de como se vivia antes, de onde veio, sua história, etc, verificouse que os que haviam migrado, geralmente vinham do Nordeste e muitos do sertão do Nordeste. Falar sobre a cidade de origem foi um assunto muito forte nestas entrevistas, mas o mais impressionante foi descobrir que uma grande parte dos entrevistados tinha o desejo de voltar para sua cidade de origem, pois, na maioria dos casos, migraram por necessidade e nem sempre conseguiram resolver questões financeiras como o esperado.

Muitas pessoas com planos de voltar pro Nordeste para tentar a vida novamente foram entrevistadas. Pessoas que estavam partindo dentro de alguns dias ou meses, já com data certa. Os destinos às vezes eram para as cidades de origem, mas na maioria das vezes eram para cidades médias, que possuem mais infraestrutura e garantia de trabalho. Entrevistou-se gente que foi, não conseguiu um trabalho e voltou para São Paulo, ficando em uma condição de vai-e-vem eterno, sem conseguir uma estabilidade, sem um lugar, sem as raízes. A partir distas entrevistas feitas em grupo, passei a desenvolver dois trabalhos: o projeto Tiquatira, desenvolvido no Estúdio Vertical, pensando-se em como essa cidade deveria ser para receber os que vieram e os que virão; e o projeto no sertão da Bahia, o Trabalho de Conclusão propriamente dito, desenvolvido individualmente ao longo do ano e principalmente no segundo semestre. Neste são escolhidas cinco cidades de origem dos entrevistados como estudo de caso para se pensar nas condições do sertão e nas potencialidades econômicas da região, que possibilitariam uma rede entre elas. E desta forma, estruturar economicamente essas cidades para que tenham condições de receber essa migração de retorno e possibilitar que o indivíduo possa escolher onde quer viver.

A HISTÓRIA DAS CONDIÇÕES DE VIDA SERTANEJA E AS MIGRAÇÕES

A CIDADE DE SÃO PAULO E ABSORÇÃO DO MIGRANTE

A vida sertaneja caracterizada na literatura e na história do Brasil.

O êxodo rural e o inchaço urbano na grande metrópole. O crescimento desenfreado e desordenado.

TIQUATIRA

O estudo de caso do Estúdio Vertical contextualizado na questão da imigração. A primeira etapa do trabalho: projeto em grupo desenvolvido no Estúdio Vertical.

O DESEJO DA VOLTA

Através de entrevistas em Tiquatira identificou-se que as pessoas estão voltando ou gostariam de voltar para sua cidade de origem.

MIGRAÇÃO DE RETORNO

O conceito: pesquisas feitas pela NEPO e IBGE a respeito dos fluxos de retorno ao Nordeste.

AS POLÍTICAS DE FIXAÇÃO

A VIAGEM

Alguns exemplos de políticas feitas na História e atualmente com a intenção de estimular a permanência da população em suas cidades de origem.

Viagem realizada ao semi-árido baiano visitando as cidades de origem dos entrevistados e alguns pontos regionais importantes.

O PROJETO

A proposta desenvolvida para Xique Xique (Bahia) como um estudo de caso de como a migração de retorno poderia se estruturar através de um projeto de arquitetura e urbanismo.

A HISTÓRIA DAS CONDIÇÕES DE VIDA SERTANEJA E AS MIGRAÇÕES

FOTO ADRIANA ALBUQUERQUE

“A urbanização é o deslocamento da população da área rural para a urbana, é uma tendência progressiva da sociedade e um fenômeno inevitável e regular que acompanha o crescimento econômico. Como um fenômeno histórico, a cidade é o resultado da civilização e progresso do ser humano ao longo da história. “1

precisavam de alimentos, infraestrutura e que naquele momento prosperaram muito com esta economia do ouro (século XVII, XVIII). Há muitos sertanejos que até hoje vivem em peregrinação, criando cabras e bodes, sobrevivendo disso e da troca dos animais por outros produtos.

É comum que se estude o fenômeno da migração rural-urbano pela ótica das transformações das cidades-destino - dos motivos pelos quais as pessoas se deslocaram para as cidades que hoje são grandes centros urbanos, como São Paulo. E a partir da premissa do fator de atração, entende-se como as cidades se desenvolveram, a lógica de crescimento e as consequências. Entretanto, neste trabalho buscou-se entender o fenômeno pelas questões que ocasionaram a partida das cidades de origem. E o local-origem elegido para este estudo foi o semi-árido baiano, um recorte do sertão brasileiro, uma região política e historicamente desprezada.

Trata-se também de uma terra esquecida politicamente, pois, por muitos anos, não houve muitos projetos de grande porte para o desenvolvimento regional ou construção de infraestruturas urbanas e econômicas. Esse panorama se estendeu até muito recentemente, quando a partir do meio do século XX e principalmente no início do XXI quando no governo Lula direcionou alguns investimentos àquela região. Antes disso, pode-se lembrar apenas de intervenções de massacre ou de dominação do território em momentos que aparentemente se construía algo que representava uma ameaça ao ordem viagente. A Guerra de Canudos é um exemplo, em que a cidade construída e liderada pelo messiânico Antônio Conselheiro era vista como um movimento antirepública que tinha recentemente sido proclamada; ou posteriormente a nova Canudos, que foi construída em cima dos destroços da primeira cidade, que também foi destruída com a inundação na construção do Açude de Cocorobó, sem aviso prévio à população; ou mesmo na ditadura da década de 1964, em que militares foram espalhados por várias pequenas cidades para estabelecer “ordem” em todo o território brasileiro.

O desenvolvimento econômico e urbano do país se deu - desde a ocupação portuguesa - de forma muito concentrada ao longo da costa e até o fim do século XX não foi muito diferente. O interior do território foi geralmente ocupado por latifúndios, submetendo e dominando a maior parte da população. Os sertanejos localizados no interior e geograficamente longínquos da costa, foram isolados de todas as transformações urbanas e econômicas do país. Esta condição geográfica, o clima do semi-árido e a falta d’água também proporcionaram que este seja um povo nômade, peregrino, que na seca muitas vezes perdem tudo para o sustento da família e, então, obrigados a migrar - inclusive no sertão baiano neste ano de 2012 houve a maior seca dos últimos 3 anos, não houve chuva por dois anos. Na época da mineração em Minas Gerais, eram os sertanejos que levavam o gado da costa para essas cidades que pontualmente cresceram no interior brasileiro e que 1. SU DAN em “Fórum de Debates, 5a Bienal Internacional de Arquitetura e Design de São Paulo metrópole”, 2003. Página 22.

Foi na década de 30, com a industrialização ocorrendo na costa Sudeste do país, que começaram os fluxos migratórios campo-cidade, em especial os saídos do Nordeste rumo à São Paulo e Rio de Janeiro. A posse do presidente Getúlio Vargas também contribuiu muito nesses deslocamentos, pois ele criou as Leis Trabalhistas para os operários das indústrias que não foram adotadas para os empregados de fazendeiros, fazendo que os nordestinos abandonassem seus ‘trabalhos’ e suas terras - não mais suas, rumo à uma tentativa de melhora de vida nas indústrias.

Último Pau de Arara _ Venâncio, Corumbá, J. Guimarães A vida aqui só é ruim Quando não chove no chão Mas se chover dá de tudo Fartura tem de montão Tomara que chova logo Tomara meu Deus tomara Só deixo o meu cariri No último pau-de-arara Enquanto a minha vaquinha Tiver o couro e o osso E puder com o chocalho Pendurado no pescoço Eu vou ficando por aqui Que deus do céu me ajude Quem sai da terra natal Em outros cantos não para Só deixo o meu cariri No último pau-de-arara

MAPA DE DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA INDÚSTRIA 2002 - IBGE EMPRESAS INDUSTRIAIS

HIDROGRAFIA BRASILEIRA E O LIMITE DO SEMI - ÁRIDO A associaçao da condição geográfica e da forma de ocupação costeira do território determinaram o fenomeno da migração.

xique xique

fonte das cartas: EMBRAPA.

fonte da carta: IBGE

A CIDADE DE SÃO PAULO E ABSORÇÃO DO MIGRANTE

FOTO LAURA BORELLI

Lamento Sertanejo - Luiz Gonzaga Por ser de lá Do sertão, lá do cerrado Lá do interior do mato Da caatinga do roçado. Eu quase não saio Eu quase não tenho amigos Eu quase que não consigo Ficar na cidade sem viver contrariado. Por ser de lá Na certa por isso mesmo Não gosto de cama mole Não sei comer sem torresmo. Eu quase não falo Eu quase não sei de nada Sou como rês desgarrada Nessa multidão boiada caminhando a esmo.

O movimento rural-urbano se iniciou com grande intensidade a partir da década de 30 com a demanda por mão-de-obra operária na industrialização ocorrida no Sudeste do país, mais precisamente em São Paulo, de maneira que a quantidade de pessoas que passou a residir fora de sua cidade de origem só tendeu a crescer ao longo das décadas seguintes: “Eram 8,5% de brasileiros ausentes de seu estado de nascimento em 1940, 10,3% em 1950, 18,2% em 1960, 31,6% em 1970, 38,9% em 1980. Mais da metade dos brasileiros estariam vivendo, no fim do decênio, fora do seus lugares de origem.”; “Os fatores de expulsão definem as áreas de onde se originam os fluxos migratórios, mas são os fatores de atração que determinam a orientação destes fluxos e as áreas às quais se destinam. Entre os fatores de atração, o mais importante é a demanda por força de trabalho, gerada não apenas pelas empresas industriais mas também a que resulta da expansão dos serviços (...) constituem um fator de atração à medida que oferecem uma remuneração mais elevada que a que o migrante poderia receber na área de onde provém.” 1 A chegada em peso dessa população à São Paulo evidentemente não foi absorvida de maneira planejada, estruturada e muitos dos que vieram não encontraram seu lugar, ficaram marginalizados urbanistico, econômico e socialmente. O crescimento desordenado, a ausência de planejamento, a atuação da especulação imobiliária que loteou os terrenos baratos afastados da cidade e junto às políticas que prevaleciam a cidade rodoviarista, permitiram as longas distâncias, induziram a ocupação da periferia pela população recém-chegada e fizeram com que a cidade não conseguisse oferecer oportunidades de trabalho adequadas às necessidades de vida. Este foi um crescimento urbano típico de países em desenvolvimento , como relatou Su Dan em uma palestra sobre urbanização de países em desenvolvimento na Bienal SP (2003): “O século XX sentiu a aceleração da urbanização e severos problemas

da cidade. As pessoas deram-se conta de que a estrutura urbana estava totalmente desorganizada, distritos centrais não funcionaram, e os meios sociais pioraram. Algumas cidades se confrontam pelo aumentos abrupto de população e quantidade de veículos piorando o ar e a água, além dos ruídos, e de fato a poluição do meio natural tornou-se pior dia após dia.”2. Portanto, esse tipo de crescimento urbano desordenado gera uma segregação econômico-social pela uma dificuldade imensa que o migrante tem de se inserir do sistema da cidade. Esta a marginalidade urbana é explicada por Paul Singer, em “Economia política e urbanização” (1976): “ (...) A chegada à cidade de migrantes que provêm de áreas em economia de subsistência, não provoca qualquer elevação da demanda pelo produto da economia urbana (...) motivos: 1) certo número de migrantes, que consegue se inserir no processo de produção urbano, remete parte de seus ganhos aos parentes que permanecem nas áreas de economia de subsistência, reduzindo o volume da demanda efetiva na cidade (...). 2) parte dos migrantes que não conseguem se integrar na economia urbana reproduz na cidade certos traços da economia de subsistência sob a forma de atividades autônomas, geralmente serviços: vendedores ambulantes, carregadores, serviços de reparação etc. Embora tais atividades sejam desenvolvidas no âmbito espacial da cidade, elas não se acham integradas na economia urbana capitalista (...)”3. Além disso, neste trecho Singer evidencia a questão da migração por necessidade de sobrevivência, e não necessariamente por vontade, algo que faz com que essa segregação seja mais frustrante ainda, pois o sonho de melhorar as condições de vida é frustrado.

quais os problemas que obrigaram, na maioria dos casos, a pessoas a saírem de suas terras. E em São Paulo com a marginalização física, econômica e social desta população, não se inserem na cultura urbana, não disfrutam do que a cidade tem a oferecer e passam a tentar reproduzir uma vida nos moldes a da cidade de origem, porém de maneira precária e menos digna. Neste trabalho se aborda a questão da migração partindo das questões levantadas pelas cidades-origem e não das transformações das cidades-destino. Analisa-se quais os problemas que obrigaram, na maioria dos casos, a pessoas a saírem de suas terras. E em São Paulo com a marginalização física, econômica e social desta população, não se inserem na cultura urbana, não disfrutam do que a cidade tem a oferecer e passam a tentar reproduzir uma vida nos moldes a da cidade de origem, porém de maneira precária e menos digna.

Neste trabalho se aborda a questão da migração partindo das questões levantadas pelas cidades-origem e não das transformações das cidades-destino. Analisa-se 2. SANTOS, Milton. A urbanização Brasileira, São Paulo: Hucitec, 1993. Página 132 e 225 - 226, em Tendências da Urbanização Brasileira no Fim do Século XX. 3. SU DAN em “Fórum de Debates, 5a Bienal Internacional de Arquitetura e Design de São Paulo metrópole”, 2003. Página 27. 4. SINGER, Paul I. Economia política e urbanização. 3 ed. Cebrap, Brasiliense, 1976. Página 231.

TIQUATIRA

FOTO MATEUS TENUTA

A FORMAÇÃO DA FAVELA DE TIQUATIRA A favela de Tiquatira se desenvolveu a partir de um despejo da prefeitura de pessoas que ocupavam um edifício abandonado no centro, o Hotel Danúbio na Av. Brigadeiro Luís Antônio. Eram 515 famílias que foram depositadas e amontoadas em barracas de lona no terreno vazio que veio a se tornar Tiquatira. Seis famílias por tenda e não houve qualquer auxílio financeiro para a construção de casas. Foram os próprios despejados que começaram a construir a comunidade e o fizeram de maneira coletiva, demorando anos. Há pessoas que até hoje estão aos poucos estão conseguindo completar o que desejavam para suas casas inicialmente. Pode-se considerar que é um bairro quase ‘típico’ de São Paulo por ter a maioria de seus residentes provenientes de outras localidades do Brasil (ou de fora, como da Bolívia), que chegaram aqui e ocuparam as periferias da cidade, seja por vontade própria (terras mais baratas), seja por despejo. A FORMAÇÃO DE TIQUATIRA E O PANORAMA DAS MIGRAÇÕES NO BRASIL NA ÉPOCA Tiquatira se formou na década de 1980. Nesse momento o fluxo rural-urbano de origem principal no Nordeste ainda acontecia com intensidade, mas já tinha um forte concorrente: o fluxo urbano-urbano, reflexo da despolarização das grandes cidadesmetrópoles e da crise econômica do momento. “No período 1981-1999, torna-se importante destacar a expressiva contribuição do movimento rural-urbano, mesmo que aqueles do tipo urbano-urbano permanecessem os predominantes. No fluxo com origem no interior do Nordeste em direção à Região Metropolitana de São Paulo, o deslocamento vindo do rural para o urbano chegou a responder por 41,1% do total da migração que saiu desse interior”; “Dos ganhos populacionais que a Região 5. BAERNINGER, Rosana. São Paulo no Contexto dos Movimentos Migratórios Interestaduais. Página 38.

Metropolitana de São Paulo obteve, em função da migração nordestina (552.916 pessoas), 65,1% deveram-se ao fluxo rural-urbano (359.704 migrantes).”3 Desta forma, apesar de haver uma forte migração rural-urbano, principalmente pess oas do Nordeste vindo para São Paulo, foi na década de 1980 que começou a existir um fenômeno urbano-urbano, ou a chamada ‘Desurbanização’, termo usado pelo arquiteto Su Dan em sua palestra na Bienal SP (2003). Isto se trata de um deslocamento populacional, de empresas e de indústrias que vão dos grandes centros urbanos ou para cidades menores - despolarização industrial, ou para cidades vizinhas, ou para a periferia, onde os terrenos são mais baratos. O SERTÃO EM TIQUATIRA A etapa inicial do Trabalho de Conclusão foi desenvolvida ao longo do primeiro semestre junto ao Estúdio Vertical, cuja equipe era Laura Borelli (4o), Maria Emilia M. Barros (5o), Mateus Tenuta (3o) e Stefan Podgorski (3o) e a orientação era feita pelo professor Marcos Acayaba. Como escrito anteriormente, o local escolhido para o estudo foi um favela na zona leste de São Paulo, próximo à Itaquera, mesma área do concurso de habitação e urbanização de favelas “Renova São Paulo”. A abordagem do Estúdio Vertical em questão foi direcionada a partir do tema do Trabalho de Conclusão dos estudantes do 5o ano. Sabendo que a maioria dos migrantes Nordestinos, que passaram a migrar para São Paulo desde a década de 30, se instalaram nas favelas e periferias de São Paulo, nosso grupo abordou Tiquatira com o intuito de entender as questões das cidades de origem, história dos moradores, a relação com a cidade de São Paulo e com o bairro onde vivem atualmente. Além de termos identificado o desejo da volta terra de origem, tema que será de

senvolvido no próximo capítulo, de fato encontramos o ‘sertão’ em Tiquatira. Isto porque como raramente disfrutam das coisas que São Paulo tem a oferecer de diferentes de suas cidades de origem, os migrantes reproduzem uma maneira de viver que já conhecem, porém em condições precárias. Estas pessoas ficam excluídas econômico e socialmente. Em uma palestra da Bienal de São Paulo (2003), o arquiteto chinês Su Dan falou sobre urbanização e na condição dos migrantes neste processo, em que na maioria dos casos perdem a tranquilidade e seu modo de viver, perda esta que não consegue ser compensada pelo ganho financeiro do trabalho. E ainda completa: “Na sociedade urbana moderna, os que fugiram do campo para a sorte na cidade têm uma disposição remanescente porque agora permanecem na incerteza da falta de esperança da cidade. A metrópole cresce em tamanho enquanto a construção cultural corre muito atrás, enquanto a cultura metropolitana não é saudável nem comovente”. 6 A cidade é muito pouco usada por estas pessoas que entrevistamos, que vão do trabalho para suas casas diretamente. O bairro é descaracterizado há uma ausência muito grande de espaços públicos, que vão desde calçadas até praças e equipamentos públicos, elementos que dão dignidade ao lugar em que se vive, sem falar na questão de ter o local do trabalho próximo do lar, que na maioria dos casos não acontece. A questão da materialidade da casa foi muito mencionada, em que se afirmou que com o mesmo dinheiro que se ganha aqui e se vive em casas de papelão ou restos de materiais, em suas cidades de origem poderiam viver em casas de alvenaria. A favela e sua condição de um permanente provisório, em que as pessoas ficam à espera eterna de uma casa definitiva e de uma vida melhor. Assim, o projeto em grupo realizado em Tiquatira se desenvolveu em torno da necessidade de habitabilidade no espaço estudado, e de que forma um espaço com esse caráter pode promover uma inclusão social, através da formação da população 3. SU DAN em “Fórum de Debates, 5a Bienal Internacional de Arquitetura e Design de São Paulo metrópole”, 2003. Página 27.

onde se dá essa intervenção, junto da produção e geração de renda. Logo, o que se propõe é um espaço no qual se sobrepõe trabalho e moradia, cujo produto final é a convivência, diferente do que se observa na Zona Leste de São Paulo hoje em dia. Propusemos uma cooperativa-escola ligada à construção civil e à FATEC que tem cursos profissionalizantes também ligados ao assunto. O programa é flexível, pois os materiais podem variar e o ensino da técnica também. No entanto, o importante é a relação que queremos criar entre morar-estudar-trabalhar-divertir, ou seja, construir habitabilidade. Entendemos que um programa no qual depende da apropriação das pessoas é onde a cultura e relação coletiva pode se desenvolver plenamente. O sertão não está só na estética da fachada e nos programas os quais poderíamos encontrar em Tiquatira: artesanatos, comidas, etc, mas está também na relação entre as pessoas e o espaço, e como um espaço flexível pode valorizar e potencializar o sertão na região. Alguns exemplos são o espaço público das casas e o redário na cooperativa; um pátio de encontro e uma quadra de futebol; ou até nos espaços de criatividade gerados pelo canteiro experimental, onde as pessoas podem expressar sua bagagem cultural diretamente, produzindo objetos, painéis, móveis, e até a própria casa. Um parque engloba todos os blocos e programas: habitação, a escola e a cooperativa (estas últimas são quase um só programa. Percursos permeiam a área principalmente para o pedestre e por ser uma área de várzea - Córrego Ponte Rasa, estuda-se a drenagem do solo e a partir dela, cria-se o fio condutor do percurso longitudinal do parque, que permeia todos os programas. Assim, acreditamos que haja a possibilidade de se viver dignamente e e de se criar vínculo com o lugar habitado.

O DESEJO DA VOLTA

FOTO TOMÁS TOMIC

AS PESSOAS QUEREM VOLTAR

“Eu aprendi alguma coisa aqui em São Paulo. Pelo menos e tive explicação mais de gente. Que nem eu trabalho lá na firma, a firma me dá estrutura pra mim aprender ‘mode’ se eu chegar lá, em Paulo Afonso, aí eu levo o que eu aprendi aqui, né? Aqui eu aprendi demais. Eu levo qualquer coisa daqui de São Paulo, o que eu aprendi para lá, que vou ajudar muita gente. O bom que eu aprendi aqui eu levo para lá. Eu levo estrutura pro povo trabalhar, levo projeto. Paulo Afonso é grande só que não tem aquela teoria que pode.... nesse lugar vai ser isso. Se eu pudesse, né?” Adauto, morador de Tiquatira vindo de Paulo Afonso. Construiu 7 barragens ao longo de São Francisco, trabalhou em fazenda, na roça e veio para São Paulo trabalhar em construção civil. Entrevistado em Tiquatira (SP), abril 2012.

“Eu quero morar lá! Tenho desejo de morar lá, de voltar para minha cidade. Minha mãe mora lá, meus irmãos, minha família. Quem não tem emprego lá é difícil se empregar. Eu já tenho 61 anos! Tô precisando da minha aposentadoria e então vou morar lá. Vou fazer o que aqui se eu não tenho mais trabalho? Não adianta eu procurar emprego, a idade atrapalha muito! Não ganho benefício, nem o bolsa família.” Joselina, uma das primeiras moradoras de Tiquatira vinda de Salvador. Fez muitas tentativas frustradas de volta para sua cidade de origem. É desempregada. Entrevistada em Tiquatira (SP), abril 2012.

“Melhorar a vida em São Paulo virou uma ilusão. Ganhar dinheiro para apenas pagar as contas em São Paulo, prefiro pagar as contas na minha terra.” Adilson Ribeiro, que voltou para sua terra de origem Uauá-BA e é atualmente presidente da Coopercuc. Entrevistado Em Uauá (BA), julho 2012.

Os moradores migrantes nordestinos ao contar seus percursos de saída do Nordeste à chegada em Tiquantira, se emocionavam muito. São histórias de luta, de força e de muitas dificuldades, que na maioria dos casos continuam a existir hoje em dia. Falou-se muito sobre a relação que eles têm com o local que vivem, com as cidades de origem e se há o desejo da volta. Muitos nunca mais visitaram suas terras, pois a família inteira migrou ou não há condições financeiras para isto. Alguns até chegaram a perder contato com os familiares de lá Em compensação, alguns sempre que podem viajam para rever os parentes que já voltaram para o Nordeste. Assim, a vontade do retorno não só existe como está se realizando. Houve entrevistas com pessoas partindo no dia, mês ou semestre seguinte. E também os que voltaram, não conseguiram se estabilizar, arranjar emprego e foram obrigados a vir novamente à São Paulo. Estas pessoas às vezes nunca encontram novamente seu lugar e ficam num ‘vai-e-vem’ de cidades à procura de uma vida melhor. Quase todos os retornados buscam uma vida mais tranquila, mais segura, mais digna, alegando que em São Paulo o sonho de melhorar de vida é uma ilusão. Grande parte das pessoas quase não ganha o suficiente para seu próprio sustendo aqui e ainda vivem em condições de vida muito precárias. Foram em média 25 entrevistados e maioria não tinha completado o Ensino Médio. Eram em sua maioria diaristas ou pedreiros, sem emprego fixo. Alguns aposentados ou mesmo desempregados. Quando estão empregados vão do trabalho à suas casas ou às casas de conhecidos e familiares, vivendo muitas vezes todos próximos, em formando uma comunidade de pessoas que vem de alguma região. Quando ‘voltei’ para sertão, viagem que explicarei mais à frente, senti que é um povo que valoriza a vida em comunidade, a estrutura familiar hierárquica, em que

os mais velhos são muito respeitados, um povo de muita fé, muito ligado à religião católica-cabocla-candomblé, uma devoção que quase se mistura à paisagem e às construções. Os costumes, as comidas, festas, linguagens, são muito fortes, característicos do sertão tudo muito influenciado e girando em torno dos ciclos e condições do meio em que se inserem: a caatinga. Famílias trabalham juntas em várias situações, para o sustento, para as datas festivas, e para executar algumas atividades tradicionais como na produção de farinha para a tapioca, um processo coletivo e que geralmente é para consumo próprio e não para comercialização. Enfim, grande parte das pessoas voltam para ficar mais perto da família e dessa cultura tão forte que é a sertaneja. Foi uma grande surpresa chegar em Paulo Afonso, cidade de origem de Adauto, morador de Tiquatira e procurar o bairro onde ele morava que antes era um povoado próximo à cidade. Percebi que a imagem que ele tinha de lá era parada no tempo de quando ele veio para São Paulo, pois aquele povoado já se tornou um bairro na entrada da cidade e já mudou de nome. Paulo Afonso também é uma cidade que há emprego, pois a hidrelétrica precisou de bastante gente para trabalhar, desde sua construção até os dias de hoje, para seu funcionamento. Portanto, houve uma demanda de serviços e comércio para a população que cresceu e a cidade se desenvolveu bastante. Adauto ao ser entrevistado disse que se pudesse levar alguma coisa de São Paulo para sua terra levava estrutura e emprego para o povo. Será que eles já não existem por lá?

MIGRAÇÃO DE RETORNO

FOTO ADRIANA ALBUQUERQUE

A migração de retorno é um tipo de deslocamento populacional muito recente. Ainda não aparece em censos, mas são estudos que apenas o Núcleo de Pesquisa de Populações (NEPO) e o IBGE desenvolvem oficialmente. Trata-se de um fluxo de volta às regiões de origem pela população que veio para o Sudeste. As regiões mais importantes deste fenômeno são Centro-Oeste e Nordeste. Este processo foi iniciado na década de 80, como escreveu em um de seus artigos a Doutora Rosana Baerninger, socióloga que pesquisa pelo NEPO: “No movimento emigratório do Estado, o período 1981-1991, caracterizou-se como a “década do retorno”, quando 45,0% dos migrantes que deixaram São Paulo estavam voltando aos seus estados de nascimento (Tabela 4). Esse refluxo populacional envolveu 669.781 pessoas, no período 1981-1991, das quais quase a metade (319.340 migrantes) retornaram aos estados nordestinos. Aliás, do total do fluxo emigratório de São Paulo para a Região Nordeste, a proporção de migrantes na condição de retorno chegou a alcançar uma média regional de 62,7%, apontando a importância desse tipo de deslocamento populacional para a área nos anos 80.”6 Esta processo emigratório passou a ocorrer talvez pelo inchaço urbano e a despolarização dos grandes centros urbanos, mas princialmente pela crise econômica que afetou o emprego, como explica Baerninger: “(...) particularmente o movimento de retorno esteve muito mais vinculado à crise econômica da década de 80 e ao conseqüente decréscimo nos níveis de emprego metropolitano do que aos possíveis efeitos do processo de desconcentração das atividades econômicas no País sobre os movimentos migratórios (...) Do período 1981-1991 para o 1991 - 1996, o Estado de São Paulo experimentou uma redução anual de quase 40 mil pessoas em suas entradas de migrantes.” e ainda neste momento “Talvez não seja tão nítida a relação migração/industrialização, como nos anos 60 e 70, mas permanece para os movimentos interestaduais a forte relação migração/emprego.” 6 . A Constituição de 6. BAERNINGER, Rosana. São Paulo no Contexto dos Movimentos Migratórios Interestaduais. Páginas 127 à 141.

1988, pode ter sido um fator que ajudou neste processo devido ao salário mínimo das mulheres e dos trabalhadores do campo garantidos. A emigração diminuiu um pouco na década de 90 “O refluxo de nordestinos com origem em São Paulo correspondia a um volume anual de 31.934 pessoas, no período 1981-1991, baixando para 23.757, no período 1990-1995; mesmo assim, continuou significativa a participação do retorno no total da emigração paulista para essa região”; “Apesar da redução em seus volumes, continuou expressiva a emigraçãode São Paulo, do período 1986-1991 para 1991-1996, para os estados da Bahia, Ceará, Piauí, Paraná e Pernambuco, indicando para esses estados a continuidade das tendências iniciadas nos anos 80.”6.

Não é de se surpreender que as cidades-destino destes fluxos de retorno não sejam as cidades de origem, mas sim as cidades médias, afinal, é nelas que há mais oportunidades de emprego. Porém muitas vezes esse retorno é fracassado, pois estas cidades ainda não suficientemente estruturadas. Para receber esta população, talvez a lógica da migração precisaria ser mudada, ou melhor, a lógica de como se ocupa e desenvolve urbanistico e economicamente o território fosse preciso ser outra. Na ausência de uma rede econômica regional, as cidades médias se ‘desenvolvem’ pontualmente, abruptamenta e com a mesma lógica de concentração do capital em que cresceu a cidade de São Paulo. Algumas políticas fracassadas foram feitas a partir da década de 70 na tentativa de uma estruturação regional e fixação do homem ao solo (próximo capítulo). E a partir de 2002, no Governo Lula e sua continuação até hoje com a Presidenta Dilma, deu-se viabilidade à alguns projetos e investmentos nesse sentido, muito aquém do necessário, mas que mesmo assim contribuíram significativamente na migração de retorno ao Nordeste.

AS POLÍTICAS DE FIXAÇÃO

FOTO CAROLINA SACCONI

O que é preciso para possibilitar que a pessoa escolha onde quer viver? O que é preciso para fazer com que o migrante de retorno possa voltar para sua cidade de origem e não para a cidade média?

viabilizando o desenvolvimento includente e sustentável de sua área de atuação e a in tegração competitiva de seus sistemas produtivos na economia brasileira e mundial.”7

Para que as pessoas voltem efetivamente ao Nordeste, ou ainda, para que elas tivessem escolha de não ter saído rumo ao Sudeste anos atrás para tentar a vida, é preciso que a região se estruture economicamente como um todo. Não adianta ter uma ou outra cidade ativa economicamente se as cidades vizinhas não se relacionam, não se retroalimentem. As cidades que estão crescendo no sertão em sua maioria oásis dentro de um todo miserável. Se há concentração de capital, poucos vão se beneficiar e as cidades se desenvolverão na mesma lógica de São Paulo, desordenada e superpovoada.

A SUDENE foi fechada em 1989 devido à influência marcante da grande recessão que afetou o país a partir da década de 1980. Transformou-se posteriomente na ADENE - Agencia de Desenvolvimento de Nordeste - e mais recentemente voltou a ser SUDENE. Há quem diga que a SUDENE fracassou na missão de fixar o homem à terra, talvez por naquele momento ser inevitável os deslocamentos campo-cidade, pois a visão de que no Nordeste é possível desenvolver atividades econômicas muito prósperas era pouco aceita.

Isto não é novidade, muitos projetos de estruturação regional já foram idealizados e por vezes postos em prática. Um dos primeiros foi a SUDENE: “A criação da SUDENE em 15/12/1959 representou uma das conquistas mais importantes do povo brasileiro, na história recente de nosso país, porque deu início a uma nova era, marcada pela incorporação progressiva da Região Nordeste e, logo em seguida, da Amazônia, ao processo de desenvolvimento nacional conduzido pelo governo federal, que até àquela data se concentrava nos estreitos limites das Regiões Sudeste e Sul. A principal força motriz dessa conquista foi a conscientização e mobilização da sociedade brasileira, conduzida sob a liderança legítima de suas forças sociais e políticas mais representativas, quanto à situação de abandono secular em que se encontrava a Região, em relação às políticas nacionais de promoção do desenvolvimento, o que vinha resultando no seu atraso crescente, diante dos avanços realizados nas áreas mais desenvolvidas do País.” Sua missão institucional era “Concorrer para a intensificação e consolidação do desenvolvimento nacional sustentável, focalizado na crescente inserção produtiva da população e progressiva redução dos desequilíbrios regionais,

Na presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (2002-2010), alguns projetos de infraestrutura e repasse de renda foram executados no Nordeste e a região ganhou uma visibilidade que até então não havia tido. Alguns deste projetos foram: - Programa Luz para Todos: “O Governo Federal lançou em novembro de 2003 o desafio de acabar com a exclusão elétrica no país. É o Programa LUZ PARA TODOS, com a meta de levar o acesso à energia elétrica, gratuitamente, para mais de 10 milhões de pessoas do meio rural até o ano de 2008.”8

ou, ainda, que recebam abastecimento difuso. O programa tem como objetivo garantir o amplo acesso à água para as populações rurais dispersas e em situação de extrema pobreza, seja para o consumo próprio ou para a produção de alimentos e a criação de animais, possibilitando a geração de excedentes comercializáveis para a ampliação da renda familiar dos produtores rurais.” 9 Para isso serão instalados 750 mil cisternas de consumo e produção, 6 mil sistemas coletivos de abastecimento de água, kits de irrigação e 3 mil pequenas barragens. Estes projetos governamentais são importantes pois promovem uma melhoria na infraestrutura, dão visibilidade à região e preparam a população para projetos futuros melhores mas que dificilmente acontecem. Para concluir, neste trabalho se considera que as redes econômicas entre cidades sejam fortalecidas, que elas se retroalimentem de maneira que o Nordeste se estruture como região.

- Brasil Sem Miséria, que prevê acesso à serviços principalmente voltados à educação; garantia de renda, que geralmente são programas de repasse de renda como o Bolsa Família e o Bolsa Estiagem já do Governo Dilma; e a inclusão produtiva urbana e rural. - Dentro do plano Brasil sem Miséria há o Programa Água para Todos: “Foi concebido pelo Governo Federal a partir da necessidade de se universalizar o acesso e uso de água para populações carentes, residentes em comunidades rurais não atendidas por este serviço público essencial, atendidas por sistemas de abastecimento deficitários

7. http://www.sudene.gov.br/sudene#instituicao

sudene 8. http://luzparatodos.mme.gov.br/luzparatodos/Asp/o_programa.asp

9. http://www.integracao.gov.br/entenda-o-programa

A VIAGEM

FOTO TOMÁS TOMIC

PAULO AFONSO

Cinco cidades-origem dos entrevistados de Tiquatira foram selecionadas para estudar o semi-árido: Paulo afonso, Itiúba, Jacobina, Irecê e Xique Xique. Cada uma delas possui mais de 20.000 habitantes, mas condições muito distintas entre si. Ao analisar cada uma, pode-se verificar as relações econômicas que elas estabelecem e descobrir algumas outras cidade importantes regionais, seja financeiramente ou culturalmente. Isso levou à idéia de se formar uma rede em que cada uma fortalecesse seus potenciais e relações. Para entender melhor a região, a economia, os potenciais e as questões da origem de todo o trabalho, ‘voltei’ para a terra de cinco entrevistados, passando também por outras cidades que considerei importantes para esta análise.

ITIÚBA XIQUE XIQUE

IRECÊ

JACOBINA

A ocupação do território não é de maneira espraiada, mas sim, repleta de pequenos núcleos em que uma cidade precisa da outra para se sustentar. Pensa-se em cidades não como potências, mas estruturadas o suficiente para grantir que seus cidadãos possam escolher viver nelas. Cidades como se fossem células uninucleares que se retroalimentando formam um só organismo territorial.

REGIC 2007 REDES NACIONAIS A rede entre cidades pensada no trabalho foi a partir das que já existem. O IBGE faz o levantamento de Região de Influências das Cidades (REGIC) que mostra essas relações e o potencial econômico de cada uma.

REGIC 2007 REDES BAHIANAS Quatro das cinco cidades de origem selecionadas dos entrevistados de Tiquatira aparecem no REGIC, evidenciando que estas cidades mesmo que não sejam médias, têm importância econômica na região do semi-árido baiano. Pesquisou-se as potencialidades de cada uma e as relações que estabelecem entre si e com as cidades vizinhas.

PERCURSO DA VIAGEM Para entender a região como um todo, além das cidades-origem, outras cinco foram escolhidas por conter alguma importância cultural, econômica, política ou geográfica. Nas próximas páginas haverá o porque da escolha por cada uma dessas dez cidades. O estudo de campo durou cinco semanas, nas quais duas foram destinadas a conhecer nove das dez cidades, organizações e sistemas produtivos do sertão, órgãos públicos ou ONGs que desenvolvem projetos para o semi-árido, etc. Outras duas semanas foram apenas para a cidade de Xique Xique, cidade, escolhida para estudo de caso, como um exemplo do que poderia acontecer nelas se essa rede fosse estruturada. E, por fim, a última semana em Salvador para conseguir bases cartográficas na SEI e conversar com algumas arquitetos de planejamento urbano. Equipe da viagem: Carolina Sacconi, Tomás Tomic, Sofia Tomi e Adriana Albuquerque. Kms percorridos por trajeto: Salvador à Juazeiro _ 455 km Percurso Semi-Arido _ 1.176 km Xique Xique à Salvador _ 517 km TOTAL _ 2.148 km

PERSONAGENS DO SERTÃO

Ao longo do caminho, entrevistamos migrantes de retorno, pessoas de órgãos públicos para entender as cidades e profissionais de acordo com as atividades econômicas principais da região.

PAULO AFONSO CIDADE DE ORIGEM DE MORADOR EM TIQUATIRA. IMPORTANTE REGIONALMENTE POR CONTA DAS HIDRELÉTRICAS E A TRANSFORMAÇÃO QUE ELAS DERAM NA CIDADE

PETROLINA - JUAZEIRO POLO REGIONAL, CIDADE MÉDIA. VISITAS À EMBRAPA, CODEVASF (ESTUDO SOBRE AGRICULTURA IRRIGADA), CASA DE FARINHA

CANUDOS IMPORTÂNCIA HISTÓRICA

UAUÁ TERRA DO BODE, VISITA À COOPERCUC - ESTUDO SOBRE A ECONOMIA DA DE AGRICULTURA DE SEQUEIRO: FRUTAS EXTRAÍDAS DA CAATINGA E BENEFICIADAS + BODE + HORTA DE SUBSISTÊNCIA

MONTE SANTO POLO RELIGIOSO DE PEREGRINAÇÃO

ITIÚBA CIDADE DE ORIGEM DE MORADOR DE TIQUATIRA. ESTUDO SOBRE PISCICULTURA E PROJETOS SOCIAIS DE VALORIZAÇÃO DA ECONOMIA E CULTURA SERTANEJA EM PRÁTICA

VALENTE

JACOBINA

CIDADE ESTRUTURADA PELA COOPERATIVA PRODUÇÃO DE PEÇAS E TAPETES DE SISAL. INICIATIVA DE PEQUENOS AGRICULTORES QUE VIROU UMA GRANDE INDÚSTRIA

CIDADE DE ORIGEM DE ENTREVISTADO, CIDADE DO OURO, POLO REGIONAL

XIQUE XIQUE CIDADE DE ORIGEM, A MENOR DENTRE AS CINCO. À BEIRA DO RIO SÃO FRANCISCO, ANTIGO PORTO IMPORTANTE NA ÉPOCA EM QUE O RIO ERA NAVEGÁVEL, ENVOLTA POR MUITA CAATINGA PRESERVADA, ISOLADA DA COSTA - A BR 52 TERMINA NELA.

IRECÊ COOPIRECE CIDADE DE ORIGEM DEPENDE DE IRRIGAÇÃO E ESTÁ SEM ÁGUA PARA BEBER GRANDE RELAÇÃO ECONÔMICA COM XIQUE XIQUE - CIDADE DE SERVIÇOS E COMÉRCIO

FOTO BLOG JUAREZ CHAVES

FORMAS DE SOBREVIVÊNCIA DO SERTÃO . TIPOS DE SISTEMAS PRODUTIVOS DA REGIÃO. AGRICULTURA IRRIGADA Vantagens desta atividade econômica levantadas nas entrevistas ao longo da viagem: - Desenvolvimento com tecnologia - Significa conduzir, trazer água em uma região muito seca (ver mapa na página seguinte) - Produção competitiva, visa exportação. se extrai muito mais da terra, a produção quadruplica com esse sistema super controlado. - O sistema de irrigação implantado mais recente e desenvolvido fica em juazeiro/petrolina. tem uma tecnologia de Israel que permite a contagem exata da quantidade de gotas necessárias para irrigar determinada planta em certa época do ano. aproveita 98% irrigada, ou seja, o problema da perda excessiva de água que existia anteriormente não existe. - Um projeto como esse gera serviços e comércio na cidade-sede do município. - Em um momento em que se pensa em tantas transposições do São Francisco, por que não usar irrigação em Xique Xique se é uma cidade à beira do rio? - A irrigação já acontece, há bombas que trazem a água do rio para as fazendas em suas margens. - Há também a AGRICULTURA DE CHARCO: acontece quando o rio desce depois de uma pequena cheia/de uma pequena variação natural em seu nível, deixando a terra molhada e fértil, onde vai ser feito o plantio. Desvantagens: - Esse tipo de produção não beneficia os pequenos produtores, o nativo, os que migram. traz sistemas e organizações produtivas de outros lugares do brasil,

forma um oásis dentro de um cenário muito pobre, que é o nordeste. - As organizações produtivas quando vem com um modelo externo ao nordeste, mesmo que tente incluir no processo a população local, muitas vezes dá errado. é necessário ser um modelo vindo dos nativos para vingar. - Muitas vezes os pequenos produtores (vulgos produtores familiares) não conseguem pagar a infraestrutura que é necessária para um tipo de produção como esta. - Nesse sistema de irrigação de Juazeiro/Petrolina, pelo aproveitamento quase total da água, não há drenagem do solo, os drenos ficam secos, o que pode gerar o problema de salinizar o solo. - A drenagem mal feita é o maior problema deste tipo de produção, pois desencadeia a salinização do solo, processo irreversível. ou então, quando há água drenada no plantio, ela sempre é jogada novamente no rio, fazendo com que este fique contaminado pelos agrotóxicos e adubos. - Produções como estas geralmente são monocultoras, empobrecem o solo. - As transposições que são feitas no São Francisco, como a do Baixio Irecê, além de serem obras extremamente caras, podem afetar gravemente o rio por assoreamento e por desequilibrar todo o ecossistema dos peixes.

grãos; ração animal, que muitas vezes é um subproduto secundário de algum elemento ao ser beneficiado, como a mandioca o milho. - Visitei 3 cooperativas que funcionam muito bem. cada uma com um tipo de produto, idades diferentes, níveis de desenvolvimento diferentes. todas foram iniciativas de produtores locais, nenhum processo foi imposto e nem veio de fora. foram organizações espontâneas e necessárias em determinados contextos.

AGRICULTURA DE SEQUEIRO

Questões deste tipo de atividade econômica:

Vantagens desta atividade econômica levantadas nas entrevistas ao longo da viagem:

- Na viagem houve gente que disse que a criação desses dois animais com a organização da atividade e o beneficiamento dos subprodutos a partir deles é a saída/ solução econômica pro sertão. - A carne do bode, mais até que a da ovelha, é muito saborosa. - O bode é um tipo de animal muito específico dessa região e há muita gente que cria, está intrínseco na cultura sertanja.W

- Aproveitamento de especies da “socio-biodiversidade” da caatinga, ou seja, beneficiamento de plantas da caatinga que muitas vezes ou historicamente não foram valorizadas e agora estão em evidência, por exemplo: umbu, murici, mangaba, maracujá da caatinga, plantas medicinais, etc. mandioca e seus subprodutos; sisal;

Desvantagens: - Algumas não geram renda suficiente para manter uma família, uma vez que junto à renda da cooperativa há a horta de subsistência e a criação de bodes e ovelhas. - Com esse tipo de produção não há necessariamente o desenvolvimento da região, mas mantém. talvez falte verba ou mais organização, mais educação, equipamentos complementares. - Extrativismo. em alguns casos é preciso replantar, manejar essa extração. CAPRINOCULTURA E OVINOCULTURA

- Pode-se pensar no beneficiamento do leite, do couro, da lã, etc e tal! - É um tipo de criação que pode estar associada a outras produções como piscicultura, agricultura, etc. - O bode tem de ser criado no fundo de pasto, ou seja, em uma área muito grande e solto. não dá trabalho. há quem diga que eles destroem a caatinga, porque comem tudo, mas é um animal histórico na região e o que devasta mesmo é o pasto para o gado. - São animais que aguentam muito bem o clima árido do sertão. PESCA E PISCICULTURA - Por conta do Rio São Francisco que corta o semi-árido, há muita atividade pesqueira na região. Porém, este rio sofreu graves intervenções para esta atividade, como a construção das muitas barragens e algumas transposições. Por isso, o rio ficou despovoado de peixes em muitos pontos, fazendo com que haja uma nova atividade desenvolvida para tentar solucionar este problema: a piscicultura, criação de peixes. - Ela contece não apenas no Rio, mas nos açúdes de abastecimento de água de várias cidades, como em Itiúba. - A espécie mais criada é a da Tilápia. - Este tipo de atividade também pode conviver com as demais escritas anteriormente: há estações de pscicultura que fazem caprinocultura e ovinocultura; e há canais de irrigação de plantações que também são aproveitados para criar peixes. - Há quem diga que este tipo de atividade é prejudicial ao Rio devido aos alimentos e substâncias que são jogadas para os peixes.

O PROJETO

FOTO CAROLINA SACCONI

REPRESA DE SOBRADINHO

PILÃO ARCADO

PILÃO ARCADO_a 85 km

BAIXIO IRECÊ

XIQUE XIQUE

BARRA

CIDADES

IRECÊ

CIDADES

XIQUE XIQUE

VILAS

VILAS

POVOADOS

POVOADOS

TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO CANAL BAIXIO IRECÊ

TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO CANAL BAIXIO IRECÊ

IRECÊ 110 KM

MORPARÁ

REDE MUNICIPAL DE XIQUE XIQUE

APROXIMAÇÃO

REPRESA DE SOBRADINHO _ a 100 km da cidade

O SISTEMA HÍDRICO DA REGIÃO O município de Xique Xique se situa às margens do sub-médio Rio São Francisco e possui 210 km de orla. A Ipueira é um canal sem saída, natural, abastecido por um braço do São Francisco, e às suas margens está implantada a cidade de Xique Xique. É um berçário de peixes, talvez por sua condição protegida. Para solucionar problemas com enchentes na cidade e dar vazão à água em épocas de cheia trata-se se uma área muito plana - foi construída a Lagoa de Itaparica à 21,3 km da cidade.

RIO S

ÃO

FR

AN C

ISC

O

BAIXIO IRECÊ _ a 37 km da cidade

IPUEIRA, ONDE ESTÁ IMPLANTADA A CIDADE

LAGOA DE ITAPARICA _ a 21,3 km da cidade

No fim da década de 1970 foi construída a barragem da hidrelétrica de Sobradinho e uma área de 828 km2 foi inundada, dando origem à represa de Sobradinho, um dos maiores lagos artificiais do mundo. O impacto socio-ambiental foi enorme, 70 mil famílias foram relocadas sem contar que todo o bioma do rio foi afetado. O rio São Francisco na altura da cidade de Xique Xique, 100 km à montante do fim da represa, ficou despovoado por conta dos peixes que pararam de se reproduzir. A piracema voltou a acontecer no local apenas neste ano de 2012 com a atuação da CODEVASF que investiu em projetos de piscicultura. Outro grande projeto da região é o chamado Baixio Irecê, da CODEVASF junto com a CHESF, idealizado na década de 1980. Bastante polêmico, trata-se de um canal de 82 km de extensão que terá o objetivo de irrigar 58.659 hectares que serão divididos em lotes para produtores, com construção em nove etapas. Ele já tem 52 km construídos mas ainda não está em uso. Onde futuramente haverá as propriedades agrícolas há muita caatinga, é uma área muito virgem que será desmatada. As propriedades serão prioritariamente para grandes produtores e uma porcentagem muito pequena para os agricultores familiares. Além disso, o sistema produtivo que a CODEVASF pretende implantar no local é o de uma cooperativa do Paraná, a Cooperativa Agrária, que está prosperando e precisa de mais terras. Desta forma, a população xiquexiquense pouco participará ou se beneficiará deste projeto. Sem contar que irrigação é um processo muito degradante para o solo do semi-árido, pois com ela é gerada a salinização, processo irreversível. Enquanto não há ocupação das terras por agricultures, a CODEVASF está tentando criar peixes no canal do Baixio Irecê por sistema tanque-rede. Se der certo será uma atividade paralela à irrigação que o canal vai cumprir.

A agricultura de brejo (em roxo), que acontece à beira do São

O potencial de se plantar em volta da mancha

Francisco e que tem uma contribuição expressiva na produção de

urbana reforçará o projeto.

alimentos por conta do grande arquipélago do município.

PERÍMETRO URBANO DA CIDADE DE XIQUE XIQUE

AS ILHAS

A mancha urbana de Xique Xique, que contém 32.000 habitantes, sede do município de 45.700 habitantes.

Por conta das ilhas, o município é um dos que está menos sofrendo com a seca. Os povoados das ilhas são os grandes responsáveis pela produção agrícola do município e também grande criação de gado. Há agricultura de charco, solos mais úmidos, férteis e maior facilidade de se obter água.

1

ILHA DO MIRADOURO, povoado que antecedeu a cidade de Xique Xique. Há quatro casas, uma pequena escola com 6 alunos e uma Igreja linda abandonada. Esta igreja possui uma lenda da serpente.

2

3

4 1. vista da ilha para a cidade (não se avista a cidade pois há o aterro do dique) e a entrada do canal (chamado de ipueira, um berçário de peixes) 2. casas elevadas por conta de enchentes 3. placa solar para aquecer o chuveiro e ligar a tv 3. vista para o terreno onde se localizará o porto do projeto; e a torre da direita é a torre da Bahia Pesca 5. água chegando do rio e serve para o plantio 6. bomba

5

6

ESTAÇÃO DE PISCICULTURA DA CODEVASF Após a contrução da barragem de Sobradinho e a consquente represa, localizada à 100 km da cidade de Xique Xique, desregulou por completo o bioma do Rio São Francisco, fazendo com que os peixes deixassem de se reproduzir. Para isso foi instalada uma estação de piscicultura da CODEVASF (no local assinalado em vermelho) com a finalidade principal de repovoar o Rio. Após quase 30 anos, neste ano de 2012 foi o primeiro ano que aconteceu a piracema novamente. E a estação também cria alevinos e distribui para associações para a criação e venda dos peixes.

LEITURA DO TECIDO URBANO tecido consolidado tecido em processo de consolidação urbanização incipiente

PERÍMETRO URBANO

0

100

200

500m

EQUIPAMENTOS DA CIDADE Mercados (peixe, de carne e de frutas) Serviços (hotel, banco, imprensa) Serviços Públicos (polícia, correio, INSS) Hospital Educação (escolas e a UNEB) Transporte (porto, rodoviária e garagem) Praças Reservatórios de Água (açudes para agricultura e caixa d’água) Cemitérios Igreja da Matriz

LEITURA DO TECIDO URBANO vazios

Lazer (parque aquático e quadras de futebol)

urbanização incipiente

0

100

200

Edifícios de Administração de Xique Xique

500m

0

100

200

500m

ZONA MISTA E RESIDENCIAL

ESTRUTURA DA CIDADE zona de concentração dos equipamentos de infraestrutura urbana

zona mista

centro histórico . edifícios simbólicos, zona mista e orla

zona residencial

zona residencial e mais recente

0

100

200

500m

0

100

200

500m

DADOS DE XIQUE XIQUE EDUCAÇÃO ANALFABETISMO

fonte Portal Xique Xique

RENDA

EDUCAÇÃO

ÍNDICE DE RENDA , POBREZA E DESIGUALDADE

NÍVEL EDUCACIONAL DA POPULAÇÃO ADULTA (25 ANOS)

PRODUTO INTERNO BRUTO

NÚMERO DE ESCOLAS POR SÉRIE

Estes foram os dados conseguidos sobre o município de Xique Xique no site do Porta da cidade. Apesar de eles serem equivocados em termos gráficos (eles não deveriam ser em pizza), pude entender um pouco sobre o local e seus dados sócio-econômicos. Pode-se concluir PESSOAS COM MENOS DE 4 ANOS DE ESTUDO (%)

PESSOAS COM FREQUENCIA A ESCOLA (%)

fonte Portal Xique Xique

Jovens adultos não permanecem estudando, provavelmente porque precisam trabalhar. Fazer com que trabalho, produção e estudo estjam juntos, pois o aumento da produtividade está ligada à formação, massa crítica, conhecimento, técnica, técnologia. fonte Portal Xique Xique

fonte IBGE Cidades.

PESSOAS COM MENOS DE 8 ANOS DE ESTUDO (%)

fonte Portal Xique Xique

“A renda per capita média do município cresceu 17,79%, passando de R$ 62,24 em 1991 para R$ 73,31 em 2000. (VER TABELA) A pobreza (medida pela proporção de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 75,50, equivalente à metade do salário mínimo vigente em agosto de 2000) diminuiu 4,49%, passando de 77,5% em 1991 para 74,0% em 2000.” fonte Portal de Xique Xique NECESSIDADE DE GERAR RENDA. ECNONOMIA LOCAL: PESCA E AGRICULTURA.

fonte IBGE Cidades. Necessidade de um ensino profissionalizante, sair do nível básico de educação.

INFRAESTRUTURA

ACESSO A SERVIÇOS BÁSICOS (%)

POPULAÇÃO

POPULAÇÃO URBANA E RURAL

30% da população é rural, ou seja, no sertão há a tendência da urbanização, do fluxo da população para as cidades.

ACESSO A BENS DE CONSUMO (%)

UM POUCO SOBRE XIQUE XIQUE São os grandes potenciais de Xique Xique, que é uma cidade feita por um povo ribeirinho, ou seja, nunca houve barões ou muitos fazendeiros ricos por lá. Era uma cidade portuária, com o comércio agitado e cabarés na rua da orla. Houve até cinema e as lendas e histórias são muitas! Mas com a construção da barragem de Sobradinho, houve uma enchente que arrasou a cidade. Pouco depois o Governo Federal construiu um cais para a proteção da cidade frente às seguintes enchentes - ocorreu uma no ano 2000. No mesmo momento, fim da década de 80 e início da 90, o rio que deixou de ser navegável e a cidade perdeu sua função de porto e entrou em decadência. Algumas tentativas de atividades econômicas foram implantadas, mas nada prosperou. Na década de 80 tentou-se plantar cebola irrigada, mas as safras não foram boas depois de alguns anos, até porque agricultura irrigada saliniza o solo do semi-árido. Depois se iniciou o plantio de maconha, a região entrou mais ainda na miséria e na violência. Mas houve fiscalização e hoje em dia a situação já é um pouco mais pacificada e controlada.

TAXA DE URBANIZAÇÃO Hoje a cidade vive dos empregos gerados por órgãos públicos -como prefeitura, IBGE, CODEVASF-, de comércio e alguns serviços, da agricultura de subsistência e da pesca, atividade que está na base da cultura xiquexiquense.

fonte dos gráficos: Portal Xique Xique

A pesca em Xique Xique está bem desestruturada mas é bem presente. Há uma colônia de pescadores com mais de 5000 associados, mas eles só se associam para receber os benefícios do governo. Eles tem um espaço onde alguns se reúnem e que fica ao lado da igreja de São Pedro - padroeiro dos pescadores, que será mostrada mais à frente deste trabalho. Há uma festa anual no bairro por conta disso. Trata-se de uma associação sem qualquer organização produtiva. Os pescadores são quase escravos, pois recebem o barco e a rede de atravessadores que pegam os peixes pelo preço que quiserem e revendem os peixes também pelo preço que lhes convém.

Há muitos subempregos que giram em torno desta atividade na cidade. Um exemplo deles são as tecedeiras de redes e seda, que ficam nas ruas estendendo suas redes e cantando enquanto tecem. Há vários mercadinhos que vendem material relacionado à atividade pesqueira, além do grande mercado municipal de peixes, que funciona em um sistema bem anti-higiênico. E há uma pequena fábrica de gelo no terreno da Bahia Pesca, terreno onde pretendo implantar o meu centro de estudos e produção da pesca, como uma sede produtiva da colônia. Vou fazer um porto e repensar o uso da orla, que implica em pensar no dique, no esgoto e na drenagem da cidade. Há projetos grandes de energia eólica sendo implantados no município, porém por empresas do Sudeste que têm sede em Xique Xique.

ANÁLISES POR BAIRRO

Terra, matéria prima mais abundante da região.

CAIS_ORLA o dique: _ que é a solução das enchentes para a população _ que ajudou a cidade entrar em uma situação complicada economicamente _ isola a cidade da água _ degradou grande parte do patrimônio da cidade, abandono e degradação das construções que dão frente pra ele _ onde foi feito um passeio que se pode ver a cidade e o rio de uma cota mais elevada

o muro e em vista as lojas com passeio em cima

dique - lojas (abandonadas) com passeio em cima

trecho em que o dique são lojas com passeio em cima

acesso para o passeio em cima das lojas (dique)

trecho que as lojas passam a ser abandonadas

trecho que as lojas passam a ser ocupadas por comércio - centro

escada de acesso ao dique

ipueira, o espaço entre a água e o dique

barcos aportados em frente ao mercado

“favelinha” entre o dique e o rio

feira

mercado de peixes

muro

trecho em que o dique são lojas com passeio em cima barcos que levam pessoas da cidade para as ilhas no fim do dia

a avenida principal

a prefeitura

comércio

CENTRO _ concentração dos serviços e comércios _ eixo histórico. prefeitura, matriz e mercado. _ ruas largas _ onde se concentram as edificações antigas, na maioria das vezes pouco preservadas. _ praças e avenida principal são pontos de encontro _ casas de mais alto padrão

a praça princiipal vista do cais

o mercado municipal

igreja de são pedro

a colônia de pescadores

a colônia de pescadores

a vista do aterro para o bairro

bairro que tem ruas sem saída por conta do aterro feito para a construção do muro

praça

o muro

rua entre o bairro e o muro. abandono e precariedade

SÃO PEDRO _ bairro da colonia de pescadores e da igreja do santo padroeiro da pesca, são pedro. _ dá as costas para o rio. _ áreas degradadas por conta do dique. _ misto de edificações padrão da cidade com edificações precárias.

praça

casas mais ricas

muro do estádio

muros. à esq., uma escola

uneb

uma escola, um vazio e uma igreja com a obra parada

urb. incipiente. ao fundo, o ginásio

grande vazio entre duas escolas

grande vazio entre duas escolas

única hora que há movimento no bairro: saída das escolas

POLIVALENTE _ bairro de um segundo momento do crescimento da cidade. _ presença de escolas, faculdade e algumas outras infraestruturas. _ muitos vazios. ainda há muito a ser urbanizado. _ alí e no centro são onde há as poucas casas dos habitantes mais abastados da cidade _ grande presença de muros

limite da cidade à sul

rua 6, estrada que passa no meio do bairro

rua 6, estrada que passa no meio do bairro

fim da rua 6, quando ela faz a curva, limite da cidade

limite da cidade à oeste, vista para caatinga

BNH VELHO _ bairro de um segundo momento do crescimento da cidade. _ limites da cidade _ bairro mais residencial e precário _ presença forte da “rua 6”, estrada que corta a cidade _ presença de projetos sociais da Igreja e um outro CAIS _ terreiros de candomblé _ bairro do carranqueiro

o carranqueiro

BNH NOVO _ bairro mais precário de todos _ urbanização incipiente _ limites da cidade _ MST e assentamentos

grande vazio na chegada da cidade e nos limites do bairro

tecedeiros de rede de seda

o rabequeiro da cidade

o rabequeiro da cidade

tecedeiros de rede de seda

tecedeiros de rede de seda

o que não falta na casa do rabequeiro: a rede, o som, a margarina, o leite em pó, o café e a banana.

GUAXININ _ bairro muito precário _ rabequeiro _ recedeiros _ chegada e limite da cidade _ CAIS

samba de roda

local onde será o porto do projeto

vista aérea do bairro

PEDRINHAS _ bairro mais afastado da cidade _ samba de roda _ bairro precário _ tecedeiras _ bairro que vai ter frente para o futuro porto da produção

ruas residenciais

SANTA MARTA _ bairro da chegada da cidade _ cruzamento de fluxos: caminho pra orla e mercado, chegada da cidade, proximidade à rodoviária _ presença forte de tecedeiras _ comércio, serviço e mas também bastante residencial

ruas agitadas - extensão do centro

equipamentos públicos que margeiam a chegada

detran e ao fundo o grande hotel carranca

rodoviária

a rotatória, chegada da BR 52

CHEGADA _ você chega e não percebe o rio _ chegada em uma área bem precária e pouco urbanizada da cidade _ chegada em uma rotatória _ na ilha que divide a pista local da de chegada foi feito um parque que é bem utilizado pela população para praticar cooper

a ilha que divide a estrada da pista local é um parque linear que é usado pela população principalmente no fim da tarde (cooper) e a noite (encontros)

esgoto à céu aberto

loteamento em volta do esgoto

cidade que chega à beira do esgoto

vista do aterro para o mercado e a ipueira

mercado municipal de peixes

comercios que a atividade da pesca gera

comercios que a atividade da pesca gera

PONTA DA ILHA _ bairro bem pobre proximo ao rio, à pesca, ao mercado, ao esgoto a céu aberto _ bairro onde vai ficar o novo porto e o centro de estudos e produção da pesca _ economia da pesca muito presente e ao mesmo tempo é uma das pontas do dique, isolamento em relação à água _ onde moram muitos pescadores e tecedeiros (as)

o terreno do futuro porto, o começo do muro, a estrada e, à direita, a estração de tratamento de água para consumo e ao fundo o terreno da bahia pesca.

o muro, estação de tratamento, a rua que dá no aterro/estrada e o terreno da bahia pesca.

_ PROJETO _ TERRENO QUE SERÁ UTILIZADO NO PROJETO. Galpão abandona da Bahia Pesca e tore da fábrica de gelo, em atividade.

o local do futuro porto

O PLANO URBANO PARA XIQUE XIQUE

O Plano urbano aqui proposto estrutura a cidade de maneira que haja uma orla agrícola e aquática, um parque-infraestrutural como limite da cidade. A idéia é a de que a cidade cresca “para dentro”, se estruture sem avançar muito sobre o território, pensando em cidades como células dentro de uma rede econômica regional.

O IBGE considera que a população Brasileira vá se estabilizar em 2039. Considerando que a população da cidade vá dobrar com a migração de retorno, a taxa de crescimento para atingir 60.000 habitantes em 27 anos aumentará 0,43% para 1,85%.

Na orla aquática, parte de aproximação e aprofundamento do projeto, além de fazer a cidade voltar a ter contato com o rio São Francisco, com o parque que neste momentotranspõe o cais de diversas maneiras conforme as condições em cada ponto. O porto e o mercado serão relocados e junto a eles são projetados um hangar para guardar os barcos, outro para armazenar as mercadorias que chegam e partem pelo rio e um estaleiro. Também está prevista uma Cooperativa de beneficiamento do pescado. Na cooperativa está compreendido o mercado de peixes relocado e a fábrica de gelo que atualmente funciona em um antigo terminal pesqueiro desativado e onde também é sede da Bahia Pesca, orgão do Governo Federal que faz projetos de incentivo à pesca e piscicultura em diversas cidade. Em torno do terminal pesqueiro, hoje em dia há muitas tecedeiras de redes de seda para a pesca, que ficam nas ruas tecendo e cantando sentadas e com as redes amarradas nas árvores enquanto tecidas. Portanto, na Cooperativa também se pensa em haver uma sede administratva e comercial desse artesanato e valorização desse trabalho precioso.

A idéia é de que a cidade não vire uma potência econômica, esse é um exemplo do que deveria acontecer com todas as cidades da rede pontuadas anteriormente no mapa das redes municipais.

Há uma nova estrutura viária, pensada a partir de vias existentes, que ligam o parque em diversos pontos e organizam, amarram toda a cidade. Nelas são propostos equipamentos conforme a necessidade de cada bairro.

Os limites da cidade são feitos por um parque que forma um anel em torno da cidade e se organiza da seguinte maneira: Na orla agrícola, é proposto uma faixa de lotes agrícolas fazendo a transição e a contenção da cidade para a caatinga e que serão destinados a pequenos agrocultores. Estes estarão inseridos na economia de sequeiro: nos lotes plantarão para subsistência; da caatinga vão extrair frutas, plantas e às beneficiar em equipamentos coletivos; e da criação e beneficiamento dos subprodutos do bode. Estas infraestruturas coletivas de beneficiamentos ficam neste parque ao redor do perímetro urbano. Ao longo do parque na orla agrícola também haverá um canal deágua do rio que abastecerá as cisternas de 5 mil litros contidas em cada lote agrícola. Será um sistema simples, de vasos condutores de água.

Neste plano, foram adotados os índices urbanísticos existentes atualmente na cidade: Áreas Permeáveis _ 50% Taxa de Ocupação _ 30% Coeficiente de Aproveitamento _ 0,6 Gabarito das Edificações _ 2 pavimentos

Há uma expansão urbana em áreas que já estão sendo loteadas e onde a caatinga já foi devastada. Considerando apenas esta área como área de expansão, a cidade crescerá em 220 hectares. Sem contar todos os vazios do perímetro consolidado, que é bem pouco denso. O município de Xique Xique contém 45.562 habitantes e 5.672,439 km2 (densidade demográfica 8,03 habitantes/km2). A cidade contém 30.000 habitantes e com a expansão do projeto ela poderá comportar mais do que o dobro de habitantes atuais.

0

100

500

1000m

A estada que corta a cidade, chamada de Rua 6, qe vai em direção à Barra, é transformada em uma via destinada a servições e pequenos empreendimentos comerciais. Ela se situa bem equidistante aos limites da cidade e possui um zoneamento de exceção: Área Permeável _ 25% Taxa de Ocupação _ 50% Coeficiente de Aproveitamento _ 2,0 Gabarito das Edificações _ 4 pavimentos

QUESTÕES EXISTENTES E ESTRATÉGIAS DE PROJETO NA ESCALA URBANA

SITUAÇÃO EXISTENTE O o canal que faz a frente da cidade, a lagoa de esgoto que a cidade devolve para o rio sem tratamento; estradas que cortam a cidade.

O ANEL VIÁRIO PROPOSTO O desvios das estradas.

O PARQUE - LIMITE PROPOSTO Nele vão haver os equipamentos de infraestrutura urbana e econômica da cidade.

O PORTO Deve ser relocado pois a Ipueira é um berçario de peixes, portanto não deveriam trafegar por ela barcos com motor. Pier na Igreja do Miradouro.

TRATAMENTO DO ESGOTO Jardins flutuantes; sistema de tratamento de esgotos por zona de raízes.

O OUTRO LADO DO ANEL - OS LOTES AGRÍCOLAS E o CANAL ao longo do parque, que leva água do rio para a agricultura familiar que será desenvolvida alí.

NOVA ESTRUTURA VIÁRIA

EQUIPAMENTOS EXISTENTES QUE SERÃO ENGLOBADOS NA REDE DE PARQUE E EIXOS

EQUIPAMENTOS EXISTENTES + PROJETO QUE SERÃO ENGLOBADOS NA REDE DE PARQUE E EIXOS

ÁREA DE MAIOR DENSIDADE - CORREDOR DE SERVIÇOS

CENTRO HISTÓRICO

ÁREA DE EXPANSÃO DA CIDADE - NOVAS QUADRAS

VIA DE INFRAENTRUTARA URBANA EXISTENTES

R’ R

Q’ O’ Q O P’

N’

P

N

L

0

5

10

L’

K M

CORTE K-K’ _ SITUAÇÃO EXISTENTE AV PRINICIPAL

CORTE L-L _ SITUAÇÃO EXISTENTE EIXO 1’

CORTE K-K’ _ PROJETO AV PRINICIPAL

CORTE L-L’ _ PROJETO EIXO 1

CORTE M-M’

SITUAÇÃO EXISTENTE EIXOS 2, 3 e 4

CORTE N-N’ SITUAÇÃO EXISTENTE NAS VIAS DE INFRAESTRUTURAS

CORTE M-M’

PROJETO EIXOS 2, 3 e 4

CORTE N-N’

CORTE O-O’

SITUAÇÃO EXISTENTE NA RUA 6 - ESTRADA QUE CORTA A CIDADE

K’

M’

M M’ M

M’

PROJETO VIAS DE INFRAESTRUTURAS

CORTE O-O’

PROJETO RUA 6 - ESTRADA QUE CORTA A CIDADE

25m

CORTE P-P’

SITUAÇÃO EXISTENTE CHEGADA DA CIDADE - RODOVIÁRIA, ‘PARQUE LINEAR’ E EDIFÍCIOS INSTITUCIONAIS

CORTE P-P’

PROJETO CHEGADA DA CIDADE - RODOVIÁRIA, PARQUE E EDIFÍCIOS INSTITUCIONAIS ENGLOBADOS

CORTE Q-Q’

SITUAÇÃO EXISTENTE - TRECHO DA CIDADE DE URBANIZAÇÃO INCIPIENTE E CHEGADA DA CIDADE

CORTE Q-Q’

PARQUE

CANAL DE IRRIGAÇÃO DOS LOTES AGRÍCOLAS

CISTERNA

HORTA DE SUBSISTÊNCIA (5 HECTARES)

HORTA DE SUBSISTÊNCIA (5HECTARES)

PROJETO - TRECHO DA CIDADE DE URBANIZAÇÃO INCIPIENTE E CHEGADA DA CIDADE

CAATINGA

CORTE R-R’

PROJETO - NOVO BAIRRO, PARQUE, LOTES AGRÍCOLAS E CAATINGA PRESERVADA

26 25

4

2 3

5

24

25

7

25

6 1

AMPLIAÇÃO DO PROJETO - ORLA

8

1. Canal do novo porto. A terra retirada na escvação será utilizada no aterro para o parque na cota do cais. 2. Canal de irrigração dos lotes agrícolas 3. Estaleiro. 4. Hangar para guardar barcos. 5. Galpão de chegada, saída e armazenamento de mercadorias. 6. Cooperativa do pescado, sede produtiva da Colônia de Pescadores da cidade. 7. Atual fábrica de gelo, englobada no complexo da cooperativa. 8. Existente estação de tratamento de água para consumo da cidade. 9. Sistema de tratamento de esgotos por jardins filtrantes. 10. Deck como passeio de contemplação do rio, arborizado. 11. Mirante. 12. Praia. 13. Lojinhas existentes, voltadas para a cidade. 14. Mercado Municipal de Frutas existente. 15. Piers de transposição dos níveis e lados do parque. 16. Praça do sorvete com escadaria de acesso à cobertura das lojinhas, existente. 17. Praça da Matriz, onde ficam a Igreja da Matriz e a Prefeitura. 18. Praça do arrocha, com a cobertura para abrigar bailes, que se interliga com o pier do cais. 19. Parque no mesmo nível da cidade, quando passa para o outro lado do cais. 20. Aterro como passeio. 21. Auditório. 22. Igreja de São Pedro. 23. Pier da Igreja de São Pedro proposto. 24. Espaços propostos para atender as manifestações culturais de cada bairro. 25. Escolas existentes. 26. Equipamentos existentes que agora serão englobados no parque fazendo a entrada da cidade.

24 24

9

10

22

17

13 11

14

21

16 18

12

20 19

23

AMPLIAÇÃO DO PROJETO - ORLA 15

15

0

50

100

300 m

QUESTÕES EXISTENTES E ESTRATÉGIAS DE PROJETO NA ESCALA DA ORLA 01

A FALTA DE RELAÇÃO ENTRE A CIDADE E A ÁGUA O CAIS DE 4 METROS DE ALTURA COMO BARREIRA EM TORNO DO ATUAL MERCADO DE PEIXES É ONDE OS BARCOS ATRACAM HOJE EM DIA. PORÉM ESTE CANAL É UM BERÇRIO DE PEIXES E NÃO SE DEVE NAVEGAR BARCOS COM MOTOR, PORTANTO O PORTO ESTÁ EM UM LOCAL IMPRÓPRIO.

02

O ESGOTO DA CIDADE QUE É JOGADO NESTA LAGOA E SEM TRATAMENTO VOLTA PRO RIO

03

O PARQUE PROPOSTO, TRANSPOSIÇÕES SUAVES DA COTA DA CIDADE À COTA DO CAIS E NOVAMENTE À COTA DO RIO. MOVIMENTAÇÃO DE TERRA, ASSEGURANDO O NÃO ASSOREAMENTO DO RIO

04

A LOCALIZAÇÃO DO NOVO PORTO

05

O TRATAMENTO DO ESGOTO _ JARDINS FILTRANTES COMO PARQUE URBANO

06 AS NOVAS EDIFICAÇÕES DA ORLA : O ESTALEIRO, HANGARES E COOPERATIVA NO PORTO, OS PIERS AO LONGO DA ORLA E A BALADA DE FRENTE PRO CANAL AS NOVAS CONEXÕES E TRANSPOSIÇÕES DO RIO COM A CIDADE E AS TRANSPOSIÇÕES 01

02

03

04

05

06

0

QUINTAIS

CORTE A-A’

IGREJA DE SÃO PEDRO

RUA DA ORLA

SITUAÇÃO EXISTENTE - QUINTAIS E CASAS ABANDONADAS

CORTE B-B’

DESAPROPRIAÇÃO DE UMA FAIXA DE CASAS _ ATERRO PARA CONSTRUÇÃO DE PARQUE NA COTA DO CAIS

CORTE A-A’

PROJETO - ATERRO

10

25m

QUINTAIS

RUA DA ORLA

SITUAÇÃO EXISTENTE - IGREJA DE SÃO PEDRO

IGREJA DE SÃO PEDRO

CORTE B-B’

PRAÇA DE SÃO PEDRO

5

PROJETO - PIER

PRAÇA DE SÃO PEDRO

ATERRO - PARQUE

PIER DE SÃO PEDRO

B

A

B’

A’

F’

RAMPA PARA TRANSPOR O CAIS

F

PRAÇA

QUINTAIS

CORTE C-C’

0

SITUAÇÃO EXISTENTE - RAMPA DE TRANSPOSIÇÃO CIDADE-RIO

5

10

D’

C’

D

C

25m

PRAÇA

ATERRO - PARQUE

CORTE C-C’

PASSEIO

ATUAL PORTO

LOJAS ABANDONADAS

CORTE D-D’

PASSEIO COM ACESSO AOS PIERS

PROJETO - ATERRO E AUDITÓRIO

LOJAS OCUPADAS

PRAÇA DO ARROCHA

SITUAÇÃO EXISTENTE - CAIS COMO LOJAS, QUE ESTÃO ABANDONADAS ASSIM COMO AS CASAS EM FRENTE

CORTE F-F’

SITUAÇÃO EXISTENTE - ATUAL PORTO E MERCADO DE PEIXES. LOJINHAS OCUPADAS COM COMÉRCIO

COBERTURA PARA BAILES PRAIA

CORTE D-D’

MERCADO DE PEIXES NO ATERRO

PROJETO - PRAÇA DE BAILES COM COBERTURA. PIER QUE TRANSPÕES OS DOIS LADOS E NÍVEIS DO PARQUE E QUE VIRA UM MEZANINO.

SUBIDA PARA O MIRANTE NO ATERRO EM VISTA

CORTE F-F’

PROJETO - PRAINHA. MERCADO É RELOCADO PRO PORTO E ESTE SE TORNA UM MIRANTE

G’

E

G 0

IGREJA DA MATRIZ

PRAÇA DA MATRIZ

PRAÇA DA MATRIZ

5

PRAÇA DO SORVETE

10

E’

25m

ESCADARIA DE ACESSO AO CAIS

PASSEIO

CORTE E-E’

IGREJA E PRAÇA DA MATRIZ

CORTE G-G’

SITUAÇÃO EXISTENTE - LAGOA DE ESGOTO SEM TRATAMENTO

CORTE G-G’

PROJETO - JARDINS FILTRANTES DE TRATAMENTO DE ESGOTO

H’

J I

J’ H

0

BRAÇO DO SÃO FRANCISCO

ESTALEIRO

FLORESTA DE CARNAÚBA

FLORESTA DE CARNAÚBA

CANAL DE IRRIGAÇÃO DOS LOTES AGRÍCOLAS

CANAL DE IRRIGAÇÃO DOS LOTES AGRÍCOLAS

PARQUE NO ATERRO

HANGAR DE BARCOS

10

20

I’

50m

CHEGADA DO ANEL VIÁRIO E DESCIDA DO PARQUE PARA A CIDADE

PARQUE NO NÍVEL DA CIDADE

CIDADE

CORTE H-H’

CORTE LONGITUDIN AL - CANAL DO PORTO E UNIVERSIDADE

CORTE I-I’

CORTE TRANSVERSAL - ESTALEIRO, CANAL DO PORTO E ATERRO

LOCAL DE CHEGADA E SAÍDA DE MERCADORIAS. ARMAZÉM NO ATERRO

ESTALEIRO

HANGAR DE BARCOS

LOCAL DE CHEGADA E SAÍDA DE MERCADORIAS. ARMAZÉM NO ATERRO

COOPERATIVA DO PESCADO. NO TÉRREO O MERCADO DE PEIXES

FEIRA. AO FUNDO, A FÁBRICA DE GELO

CORTE J-J’

CORTE TRANSVERSAL - HANGARES, CANAL DO PORTO E COOPERATIVA

FOTOS MAQUETE ORLA 1:2000

BIBLIOGRAFIA AMORIM, Anália. Habitar o Sertão CUNHA, Euclides. Os Sertões ANDRADE, Manuel Correia de. A Terra e o Homem do Nordeste BRACHER, Elisa. A cidade e suas margens MARIANI, Anna. “Pinturas e Platibandas” BACHERLARD, Gaston. A poética do espaço TRANCOSO, Ursula. Vale do São Francisco Cidades Porto Fluviais : relação cidade- rio- projeto de Porto- Escola na Cidade de Juazeiro- BA ROSA, Guimarães. Sagarana RAMOS, Graciliano. Vidas Secas CASTRO, Josoé de. Geografia da fome ANDRADE, Manuel Correia de. A Terra e o Homem no Nordeste e outros livros desta coleção SANTOS, Milton. A Urbanização Brasileira João Cabral de Melo Neto SINGER, Paul I. “Migrações internas: considerações teóricas sobre o seu estudo”. In: Moura, H. (org.). Migração Interna: textos selecionados. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil S.A., 1980. SINGER, Paul I. Economia política e urbanização. 3 ed. Cebrap, Brasiliense, 1976. TELLES, Vera da Silva. A cidade nas fronteiras do legal e ilegal. Belo Horizonte: Editora Argumentum, 2010. MARQUES, Eduardo; TORRES, Haroldo (orgs.). São Paulo: segregação, pobreza e desigualdades sociais. São Paulo: Editora Senac, 2004. MARQUES, Eduardo. Elementos conceituais da segregação da pobreza urbana e da ação do Estado. El Croquis MVRDV 1991 a 1997. “Proyecto BUGA 2001 + Plan City” pg. 168 a 175 MILTON KEYNES PROJECT BAERNINGER, Rosana. São Paulo no Contexto dos Movimentos Migratórios Interestaduais. Páginas 127 à 141. SANTOS, Milton. A urbanização Brasileira, São Paulo: Hucitec, 1993. Tendências da Urbanização Brasileira no Fim do Século XX. SU DAN. Urbanização e Desurbanização, em Fórum de Debates da 5a Bienal Internacional de Arquitetura e Design de São Paulo metrópole. Páginas 22 a 33. São Paulo, 2003. SILVA, Uvanderson Vitor da. Velhos Caminhos, Novos Destinos. Migrantes nodestinos na região metropolitana de São Paulo. Pós graduação em Sociologia na Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo, Novembro 2008. Barbizan, Thiago Soares. Integrando Agricultura Urbana e Peri-Urbana às Políticas Públicas: São Paulo como um Estudo de Caso. Urban Management Studies, Technische Universität. Berlin, Fevereiro 2011. Palestra do arquiteto Robert Paauw http://www.sudene.gov.br/sudene#instituicao sudene http://luzparatodos.mme.gov.br/luzparatodos/Asp/o_programa.asp http://www.integracao.gov.br/entenda-o-programa

Dedico esse trabalho a minha família, que mais do que ninguém me apoiou na realização deste trabalho. Em especial a minha mãe, arquiteta que tanto admiro, que com sua generosidade cedeu espaço a mim e meus amigos em seu escritório para podermos produzir estes trabalhos. Ao meu pai, meu grande companheiro e fã, e ao meu irmão, que acompanhou calado mas atento a todo o meu processo. Aos meus primos, Tomás e Sofia, que me acompanharam do começo ao fim na viagem ao sertão da Bahia. Além de termos um envolvimento pessoal muito parecido com esta região, o que tornou essa viagem bastante emocionante, eles colaboraram no trabalho com uma maturidade assustadora e foram responsáveis, junto a mim, por desvendar, absorver e registrar uma realidade complexa e distante da nossa, que é a sertaneja, com a crítica necessária para um trabalho de conclusão de curso. Junto a nós esteve uma grande amiga, Adriana Albuquerque, que a partir desta viagem iniciou sua pesquisa de Mestrado em Pedagogia pela Universidade de São Paulo. Todas as fotos deste trabalho são de autoria dos integrantes do grupo que fez esta viagem ao sertão. Agradeço aos meus professores e em especial ao meu orientador, Vinícius, pelo aprendizado, por ter sido tão presente e companheiro. Foi um trabalho em que evoluí muito, venci muitos desafios, mas que para tal as orientações foram fundamentais. Agradeço de todo o coração aos inumeráveis amigos. Muitas pessoas queridas participaram ativamente do processo, seja na viagem, seja na produção, nas conversas, na paciência, no companheirismo, no apoio e nas tarefas para a conclusão do trabalho. Igualmente agradeço aos entrevistados, moradores de Tiquatira e do sertão, que abriram suas casas para mim expuseram sua história de uma maneira muito generosa. Sem eles a tese não teria se verificado e o trabalho não teria acontecido.

MONTAGEM CAROLINA KLOCKER FOTO E MODELO CAROLINA SACCONI

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.