Zooropa Desintegrada

June 30, 2017 | Autor: C. Pereira da Sil... | Categoria: International Relations, Popular Music Studies, International Relations Theory, Popular Music, Refugee Studies, European Union Citizenship, European Union, Critical Theory (International Studies), European Union (International Studies), European Union Politics, European Union and Middle East, Refugees, European Union external relations, Critical International Relations Theory, Popular Music and Culture, Kraftwerk, Relações Internacionais, Refugees and Forced Migration Studies, International Law/Politics/Relations, Human Rights, Migration and Refugee issues, U2, Politics and International relations, Aesthetics and Social Theory, Refugiados, Post structuralism and Critical theory in International Relations, political theory and cross-civilizational relations, issues of identity and difference in international relations theory, Teorias Das Relações Internacionais Pós Positivistas, Syrian Civil War, Music and International Relations, Aesthetic Turn, European Union Citizenship, European Union, Critical Theory (International Studies), European Union (International Studies), European Union Politics, European Union and Middle East, Refugees, European Union external relations, Critical International Relations Theory, Popular Music and Culture, Kraftwerk, Relações Internacionais, Refugees and Forced Migration Studies, International Law/Politics/Relations, Human Rights, Migration and Refugee issues, U2, Politics and International relations, Aesthetics and Social Theory, Refugiados, Post structuralism and Critical theory in International Relations, political theory and cross-civilizational relations, issues of identity and difference in international relations theory, Teorias Das Relações Internacionais Pós Positivistas, Syrian Civil War, Music and International Relations, Aesthetic Turn
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Desintegrações dos Sonhos Europeus (1993-2015) Carlos Frederico Pereira da Silva1 Em 1992, na cidade holandesa de Maastricht, a União Europeia foi “criada” a partir da união de várias instituições criadas após a Segunda Guerra Mundial. Uma “criação” ao mesmo tempo programada e surpreendente. Programada porque os 12 países-membros tinham decidido em 1986 – no Ato Único Europeu – a data de 1992 para a formalização da União. Surpreendente porque, entre 1986 e 1992, as relações internacionais mudaram dramaticamente. Uma superpotência – a União Soviética – deixou de existir. A disputa global entre as duas superpotências – União Soviética e Estados Unidos – também acabou. Foi a chamada Guerra Fria (1947-1989). Com o fim da Guerra Fria, caíram os muros que separavam a Europa em duas facções. O território ocupado pela União Soviética na Segunda Guerra se uniu ao território ocupado pelos Estados Unidos no mesmo conflito. O principal desses muros separava a cidade de Berlim em duas. Ele caiu em Novembro de 1989. Inicialmente, a União Europeia seria uma união de estados europeus aliados dos EUA, capitalistas, democráticos e comprometidos com a defesa comum frente a ameaças potenciais já conhecidas (a União Soviética era a principal). A União proposta em 1986 incluía a Alemanha Ocidental, ou República Federal Alemã. Com as bênçãos da União Soviética de Mikhail Gorbatchev e dos EUA de George Bush, as Alemanhas Ocidental e Oriental (República Democrática da Alemanha) se unificaram em Outubro de 1990. Foi um prelúdio da integração europeia. Uma Alemanha sem muros num mundo globalizado. Uma única Europa começou a aparecer em 1992. Maior do que o projeto original. Uma banda europeia famosa mundialmente – o U2 – tinha acabado de gravar um CD na cidade de Berlim durante 1991. O disco foi um sucesso e revitalizou a carreira da banda – Achtung Baby! O sucesso do disco – impulsionado pela inovadora turnê Zoo TV – foi tão grande que a banda resolveu criar novas músicas e lançar um EP (extended play) como souvenir da turnê. O EP acabou virando um novo CD, maior que o projeto original. O nome: Zooropa. O ano: 1993. Um menino com capacete de astronauta no meio de um quadro de glitch eletrônico neopsicodélico e rodeado por 12 estrelas douradas. O símbolo da União Europeia: 12 estados que se integraram.

1

Professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Tocantins (UFT)

A União recém-nascida tinha futuro. O céu era o limite. E a fronteira visível era a luz de estrelas.

Zooropa A música que deu nome ao CD – Zooropa – foi inspirada no Techno alemão da legendária banda Kraftwerk. Gravando num estúdio caseiro na cidade de Dusseldorf, Alemanha Ocidental nos anos 1970, o Kraftwerk inventou boa parte do que hoje chamamos música eletrônica – com instrumentos totalmente “sintéticos” criados pelos próprios músicos/engenheiros da banda liderada por Ralf Hütter e Florian Schneider. A sonoridade do Kraftwerk era futurista mas tinha sido feita há 20 anos. Suas músicas repletas de ironias focavam a relação desafiadora entre a humanidade e a tecnologia.

Kraftwerk

Uma metáfora adequada para a nova União prevista mas imprevisível? Após um pulso distante de rádio e o uivo de sirenes sintetizadas, uma melodia num piano estranhamente hermético - um sintetizador – pulsava na frente de um ritmo pré-programado ao fundo, como um baixo repetindo a mesma nota em meio a estática. Um pedal wah wah introduz um riff de guitarra sintetizada e duas vozes femininas sampleadas, uma delas em aparente transe. What do you want? Watch your spell Zooropa começa alternando slogans publicitários com frases de autoajuda. A sequência de frases leva a contradições surpreendentes. O ar irônico é palpável. O nome Zooropa é repetido propositivamente: o que pode ser a Europa? Zooropa... Vosprung durch Technik (slogan da Audi, montadora alemã – “avanços graças à tecnologia”) Zooropa… Be all that you can be Be a winner Eat to get slimmer Entre estrofes, o U2 abordava as contradições da infante UE. O racismo latente de suas políticas imigratórias foi um dos primeiros alvos. E a cada estrofe o riff de guitarra sintetizado soava mais alto, mais urgente. E mais parecido com o riff de uma música antiga do U2 – Electric Co. “Companhia elétrica”. Zooropa... A bluer kind of white We're mild and green And squeaky clean Em seguida, a criação previsível mas imprevista da União era abordada, com menção também à aliança militar da Guerra Fria – a OTAN. O papel da tecnologia na confecção de um novo mundo de confiança e previsibilidade era garantido pela força armada em meio à fumaça da guerra. Zooropa... Better by design Zooropa... Fly the friendly skies Through appliance of science We've got that ring of confidence.... À medida que vão tomando forma as contradições na letra, o sons de Zooropa se repetem, incessantes. What you want? Watch your spell. O riff de guitarra como num círculo concêntrico vai e volta se repetindo e se empurrando adiante. O efeito de sobreposições e borramentos mantém as contradições em curso, intensificadas...Um mantra ou um LP arranhado?

Após uma fanfarra de sintetizadores – que poderia estar num filme alemão da década de 1930 – o vocalista Bono Vox muda de tom subitamente. Sua voz até então lacônica se torna grandiosa. Um ruído vem à tona. Um som malfeito. Um erro programado. O U2 não sabe mais para onde ir, mas está indo com a música. And I have no compass And I have no map And I have no reasons No reasons to get back

No map Sem bússola, sem mapa, sem razões para voltar atrás. U2 deixa Zooropa para trás e fala de “eu”. O sentimento de insegurança ontológica – de tudo que outrora era sólido e se virou lembranças – permeia a confissão em primeira pessoa. Id-entidade. And I have no religion And I don't know what's what And I don't know the limit The limit of what we got A religião – tema dos mais polêmicos na redação dos documentos da União – é lembrada (menções à Europa cristã medieval ficaram de fora). Os limites variáveis das relações internacionais entre 1986 e 1992 apareceram na carência de fronteiras estáveis e no cômputo das expectativas. Não sabemos o que queremos, o que queríamos acabou antes de ser. Zooropa retorna – precisamente imprecisa.

O U2 faz uma homenagem dentro da homenagem. A um dos mais famosos versos da música Pop: o refrão de Don’t Worry Baby, dos Beach Boys. Gravada em meio a uma era de otimismo – os EUA dos anos 1960, de John Kennedy. Gravada durante a Guerra Fria, em um dos lados do muro. Cantada a capella na versão original, aqui contando com os vocais de apoio do guitarrista The Edge e o produtor Brian Eno. Uma harmonia torta de amadores, mas que não temem ir ao fim das frases. Zooropa Ooooh Don’t worry baby It will be alright Oooh Zooropa Ooooh Don’t worry baby It will be alright Oooh You got the right shoes To get you through the night A sobreposição da frieza tecnológica com o refrão sussurrado a capella gerou fricção. E uma terceira homenagem, ao hit de John Lennon com Elton John “Whatever Gets You Through the Night”, de 1974. A música é famosa por ter sido gravada por John e Elton completamente bêbados, e assim o U2 parece, quando chegamos a essa estrofe. Diante das contradições, bebamos ou morremos. Zooropa começa a aparecer como um espaço tipicamente pós-moderno. Uma catedral do século XXI. Bono afirmou que shopping centers substituíram as igrejas como o centro da vida comunitária. Os malls de vários andares substituíam as naves centrais das catedrais e criavam uma nova experiência do espaço – um espaço artificialmente construído para o conforto do consumo. Dos trens do subúrbio ocupados por trabalhadores braçais para as novas classes médias globalizadas, a experiência extática do desejo sem limites – uma epifania do capitalismo globalizado? Zooropa Ooooh Don’t worry baby It will be alright Oooh It's could outside, but brightly lit Zooropa Ooooh Don’t worry baby It will be alright Oooh Zooropa... Skip the subway Zooropa... Let's go to the overground

Um clímax dramático se avizinha. Bono coloca a cabeça para fora do trem, para fora do atoleiro que manteve a Europa dividida ao meio por décadas, das lutas de trincheiras da Primeira Guerra Mundial para o Muro de Berlim. Todos os muros cairão e virarão jardins. Uma Versailles tecnológica avança. Get your head out of mud baby Put flowers in the mud baby Overground A música que se inicia reflexiva se torna celebratória e em seguida, propositiva. Atinge um sentido político quando as contradições se tornam gritos de guerra, algo por que se lutar, não depressão. Sem nacionalismos. Sem rivalidades ancestrais. Sem memória permanente – apenas a memória temporária e aleatória dos computadores (Random Access Memory). Sem medo. Medo do quê? No particular place names No particular song I've been hiding What am I hiding from? Num crescendo orgásmico a banda chega ao segundo e longo refrão, com a urgência de ir para o alto e avante. A incerteza se torna luz-guia. A voz de Bono se torna mais soul e rompe com os limites da disciplina Kraftwerk. Ele não pede, ordena. Vozes confusas se ouvem no turbilhão da mudança. Ooooh Don’t worry baby It will be alright Oooh Zooropa... Uncertainty...can be a guiding light Ooooh Don’t worry baby It will be alright Oooh I hear voices, ridiculous voices In the slipstream Let's go,let's go...overground Take your head out of mud baby Europa se tornou um sonho personificado – “ela”. O glitch eletrônico giratório cessa de vez. O barulho alto só a banda ouviu. Que fim teve o caso de amor do U2 com a Europa? (She's gonna dream up the world she wants to live in She's gonna dream out loud) Em 2015, após várias visitas à União Europeia, comecei a escrever sobre a crise humanitária e sobre a crise da integração e sobre a crise dos valores europeus, e de repente ouvia Zooropa.

What do you want? Watch your spell Num trem em Budapeste, Hungria – antiga Cortina de Ferro, o bloco de países ocupados pela União Soviética – dezenas de milhares de pessoas fugindo da guerra civil na Síria eram brutalmente colocadas em vagões de trem. Seu destino: a vizinha Áustria. Os húngaros, governados por um partido ultranacionalista em 2015, consideram os recém-chegados “indesejáveis”. A estação de trem tornada um campo de refugiados. Hungria e Áustria são membros de uma união de 28 estados. Zooropa... Skip the subway Zooropa... Let's go to the overground

Skip the subway Os refugiados que vieram da Síria caminhando, nadando, voando milhares de quilômetros foram recebidos como ameaças por países membros da nova União. Chegaram à Turquia, depois à Grécia, Hungria – de onde seriam expulsos. Uma longa caminhada começaria até a fronteira...austríaca. And I have no map And I don't know the limit The limit of what we got.

Zooropa...let’s go...let’s go Durante a caminhada, os refugiados foram atacados por grupos fascistas e de extrema-direita. Com requintes de bizarrice e crueldade, uma câmera do jornal N1TV (ligado ao partido fascista Jobbik, que ocupa cadeiras no parlamento húngaro) chutou refugiados, tentando impedir sua travessia. Zooropa... I've been hiding What am I hiding from?

What am I hiding from? Enquanto isso, nas praias turcas, um menino curdo de 3 anos – Aylan Kurdi – morria com dois familiares, pouco depois de tentar atravessar o oceano para chegar à Europa e possivelmente, ao Canadá (onde viviam outros parentes). Take your head out of the mud baby Pur flowers in the mud baby

Take your head out of the mud baby Subitamente Zooropa se encaixa em lugares que eu julgava não existirem, ou não existirem mais em 1993. A perturbação gerada pela sincronicidade inesperada mexe as mãos. O som está torto de vez. Já não posso mais escrever. A que fins estão servindo as imagens de 1993? Na República Tcheca, imigrantes são marcados com números em seus corpos pela polícia local. Uma cena que não esperávamos (eu, U2, quem mais?) ver em 2015. Na Europa pós-“Je Suis Charlie”, pessoas que professam a fé islâmica recebem tratamento análogo ao passado que parecia perdido. A ressaca do passado borrou o texto. And I have no religion And I don't know what's what And I don't know the limit The limit of what we got No particular place names No particular song

And I don't know what's what O Primeiro-Ministro britânico David Cameron chama os refugiados de “praga”. Seu colega francês François Hollande busca ocultar origens da crise de refugiados na Síria ao usar o termo “imigrante”. E a colega alemã Angela Merkel leva às lágrimas uma menina palestina vivendo entre soberanos. I hear voices, ridiculous voices In the slipstream Let's go, let's go...overground

I hear voices, ridiculous voices 14 anos depois do 11 de Setembro de 2011, 1 milhão de iraquianos, 300 mil paquistaneses e o mesmo número de sírios morreram como “dano colateral” das invasões e conflitos deflagrados na região. 6 milhões de pessoas tiveram que deixar suas casas imediatamente. 2 milhões deles estão fora da Síria no momento – em trens, praias, atravessando céus, terras e mares. Usando smartphones para lutar pelo dia seguinte, em algum lugar.

Through appliance of science We've got that ring of confidence.... And I have no compass And I have no map And I have no reasons No reasons to get back Sinto vergonha de colegas internacionalistas – incluindo especialistas em refúgio – que ignoraram solenemente a origem do menino Aylan Kurdi. Ao silenciar a respeito dos curdos, reproduziram em suas análises uma imaginação internacional limitada às fronteiras dos estados soberanos. Pintaram uma imagem fronteirizada das relações internacionais confortável para os soberanos, mas que precariza e desvaloriza a vida de milhões de seres humanos, 100 anos depois da promessa feita pela comunidade internacional aos curdos na Primeira Guerra Mundial: o direito de viver como um povo. No particular place names No particular song A generosidade que se seguiu às imagens perturbadoras ficou aquém da profundidade da crise. Por vezes, a solidariedade se limitou a palavras autocongratulatórias de chefes de estado. Austrália, Canadá, Estados Unidos, França e Reino Unido prometeram receber dezenas de milhares de refugiados. Membros da OTAN, esses estados estão bombardeando nesse momento a terra onde Aylan viveu seus poucos anos. Sua luta contra o “Estado Islâmico no Iraque e Síria” une os refugiados de 2015 aos de 2003 – o “estado islâmico” é um grupo dissidente da Al-Qaeda que se beneficiou da invasão do Iraque por alguns dos países mencionados nesse parágrafo. A ONU pede bilhões (8.4) de dólares a seus estados-membros sem conseguir 1/3 dessa quantia. ONGs humanitárias recebem doações recordes após a divulgação das imagens que reproduzi acima. A situação da ONU se tornou dramática a ponto da organização apelar para a filantropia de bilionários italianos. Se cada bilionário italiano doasse 50 mil dólares...Ou vendesse uma Ferrari? Be all that you can be Be a winner Eat to get slimmer No distante Brasil, Dilma Rousseff promete receber refugiados sírios (2000 em 2015) de braços abertos. Será Presidenta? Boa parte das pessoas que compartilhou as imagens de Aylan não recebe com bons olhos os haitianos por aqui. Além disso, seu governo destinou para auxílio humanitário a refugiados na Síria no ano de 2014 a soma de 300 mil dólares – valor inferior ao preço do último veículo adquirido pelo menino Neymar. Parafraseando os Paralamas do Sucesso: braços abertos no cartão postal, bolsos cerrados na vida real. Se o Brasil queria ocupar uma posição de maior relevância internacional como alternativa aos poderes estabelecidos, como na música do Chico Buarque o bonde está passando diante da janela. E só Dilma não viu. Se os emergentes se acomodam na hipocrisia do pouco fazer, que dizer de estados que podem mais e, por isso mesmo, pouco têm a temer do conforto? Barack Obama prometeu acolher 10 mil refugiados sírios. Só em ataques de drones, 90 mil paquistaneses foram mortos entre 2003 e 2011

até que Bin Laden não fosse nem capturado, tampouco levado à justiça...E a ex-secretária de estado Hillary Clinton promete novas incursões militares em futuro hipotético – se tiver essa chance, claro. Ooooh Don’t worry baby It will be alright Oooh Zooropa... Nas relações internacionais, a questão dos refugiados – assim como a dos curdos – se tornou uma questão de administrar o silêncio. O silêncio é uma arma poderosa. Que o diga a menina síria Hudea de 5 anos ao se render, num campo de refugiados, diante de uma câmera de vídeo. Em 20142.

Bono Vox prepara a câmera para filmar a si mesmo. Zoo TV, 1993

2

Elaini Silva, em seu texto “Sobre a Humanização”, recuperou a imagem de nosso esquecimento seletivo.

Don’t worry baby...It will be alright Entre o menino da capa de Zooropa, Hudea e Aylan muitos silêncios foram (re)produzidos. Sobrepostos, borrados. Ruídos em meio às canções da soberania entre fronteiras. Quem cala, consente. (She's gonna dream up the world she wants to live in She's gonna dream out loud)

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Em 1992, na cidade holandesa de Maastricht, a União Europeia foi “criada” a partir da união de várias instituições criadas após a Segunda Guerra Mundial. Uma “criação” ao mesmo tempo programada e surpreendente. Programada porque os 12 países­membros tinham decidido em 1986 – no Ato Único Europeu – a data de 1992 para a formalização da União. Surpreendente porque, entre 1986 e 1992, as relações internacionais mudaram dramaticamente. Uma superpotência – a União Soviética – deixou de existir. A disputa global entre as duas superpotências – União Soviética e Estados Unidos – também acabou. Foi a chamada Guerra Fria (1947­1989). Com o fim da Guerra Fria, caíram os muros que separavam a Europa em duas facções. O território ocupado pela União Soviética na Segunda Guerra se uniu ao território ocupado pelos Estados Unidos no mesmo conflito. O principal desses muros separava a cidade de Berlim em duas. Ele caiu em Novembro de 1989.

Inicialmente, a União Europeia seria uma união de estados europeus aliados dos EUA, capitalistas, democráticos e comprometidos com a defesa comum frente a ameaças potenciais já conhecidas (a União Soviética era a principal). A União proposta em 1986 incluía a Alemanha Ocidental, ou República Federal Alemã. Com as bênçãos da União Soviética de Mikhail Gorbatchev e dos EUA de George Bush, as Alemanhas Ocidental e Oriental (República Democrática da Alemanha) se unificaram em Outubro de 1990. Foi um prelúdio da integração europeia. Uma Alemanha sem muros num mundo globalizado. Uma única Europa começou a aparecer em 1992. Maior do que o projeto original. Uma banda europeia famosa mundialmente – o U2 – tinha acabado de gravar um CD na cidade de Berlim durante 1991. O disco foi um sucesso e revitalizou a carreira da banda – Achtung Baby! O sucesso do disco – impulsionado pela inovadora turnê Zoo TV – foi tão grande que a banda resolveu criar novas músicas e lançar um EP (extended play) como souvenir da turnê. O EP acabou virando um novo CD, maior que o projeto original. O nome: Zooropa. O ano: 1993. Um menino com capacete de astronauta no meio de um quadro de glitch eletrônico neopsicodélico e rodeado por 12 estrelas douradas. O símbolo da União Europeia: 12 estados que se integraram. A União recém­nascida tinha futuro. O céu era o limite. E a fronteira visível era a luz de estrelas. Uma metáfora adequada para a nova União prevista mas imprevisível?

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U2 - Zooropa (1993)

Após um pulso distante de rádio e o uivo de sirenes sintetizadas, uma melodia num piano estranhamente hermético – um sintetizador – pulsava na frente de um ritmo pré­programado ao fundo, como um baixo repetindo a mesma nota em meio a estática. Um pedal wah wah introduz um riff de guitarra sintetizada e duas vozes femininas sampleadas, uma delas em aparente transe. What do you want? / Watch your spell Zooropa começa alternando slogans publicitários com frases de autoajuda. A sequência de frases leva a contradições surpreendentes. O ar irônico é palpável. O nome Zooropa é repetido propositivamente: o que pode ser a Europa? Zooropa… Vosprung durch Technik (slogan da Audi, montadora alemã – “avanços graças à tecnologia”) Zooropa… Be all that you can be / Be a winner / Eat to get slimmer Entre estrofes, o U2 abordava as contradições da infante UE. O racismo latente de suas políticas imigratórias foi um dos primeiros alvos. E a cada estrofe o riff de guitarra sintetizado soava mais alto, mais urgente. E mais parecido com o riff de uma música antiga do U2 – Electric Co. “Companhia elétrica”. Zooropa… A bluer kind of white / We’re mild and green / And squeaky clean              À medida que vão tomando forma as contradições na letra, o sons de Zooropa se repetem, incessantes. What you want? Watch your spell. O riff de guitarra como num círculo concêntrico vai e volta se repetindo e se empurrando adiante. O efeito de sobreposições e borramentos mantém as contradições em curso, intensificadas…Um mantra ou um LP arranhado? Após uma fanfarra de sintetizadores – que poderia estar num filme alemão da década de 1930 – o vocalista Bono Vox muda de tom subitamente. Sua voz até então lacônica se torna grandiosa. Um ruído vem à tona. Um som malfeito. Um erro programado. O U2 não sabe mais para onde ir, mas está indo com a música. And I have no compass / And I have no map / And I have no reasons / No reasons to get back

Sem bússola, sem mapa, sem razões para voltar atrás. U2 deixa Zooropa para trás e fala de “eu”. O sentimento de insegurança ontológica – de tudo que outrora era sólido e se virou lembranças – permeia a confissão em primeira pessoa. Id­entidade. And I have no religion / And I don’t know what’s what / And I don’t know the limit / The limit of what we got A música que se inicia reflexiva se torna celebratória e em seguida, propositiva. Atinge um sentido político quando as contradições se tornam gritos de guerra, algo por que se lutar, não depressão. Sem nacionalismos. Sem rivalidades ancestrais. Sem memória permanente – apenas a memória temporária e aleatória dos computadores (Random Access Memory). Sem medo. Medo do quê? No particular place names / No particular song / I’ve been hiding / What am I hiding from?  Europa se tornou um sonho personificado – “ela”. O glitch eletrônico giratório cessa de vez. O barulho alto só a banda ouviu. Que fim teve o caso de amor do http://noo.com.br/zooropa­desintegrada/

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U2 com a Europa? She’s gonna dream up the world she wants to live in / She’s gonna dream out loud Em 2015, após várias visitas à União Europeia, comecei a escrever sobre a crise humanitária e sobre a crise da integração e sobre a crise dos valores europeus, e de repente ouvia Zooropa. What do you want? / Watch your spell Num trem em Budapeste, Hungria – antiga Cortina de Ferro, o bloco de países ocupados pela União Soviética – dezenas de milhares de pessoas fugindo da guerra civil na Síria eram brutalmente colocadas em vagões de trem. Seu destino: a vizinha Áustria. Os húngaros, governados por um partido ultranacionalista em 2015, consideram os recém­chegados “indesejáveis”. A estação de trem tornada um campo de refugiados. Hungria e Áustria são membros de uma união de 28 estados. Zooropa… / Skip the subway / Zooropa… / Let’s go to the overground

Os refugiados que vieram da Síria caminhando, nadando, voando milhares de quilômetros foram recebidos como ameaças por países membros da nova União. Chegaram à Turquia, depois à Grécia, Hungria – de onde seriam expulsos. Uma longa caminhada começaria até a fronteira… Austríaca. And I have no map / And I don’t know the limit / The limit of what we got. / Zooropa… Let’s go… Let’s go

Durante a caminhada, os refugiados foram atacados por grupos fascistas e de extrema­direita. Com requintes de bizarrice e crueldade, uma câmera do jornal N1TV (ligado ao partido fascista Jobbik, que ocupa cadeiras no parlamento húngaro) chutou refugiados, tentando impedir sua travessia. Zooropa… / I’ve been hiding / What am I hiding from?

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Enquanto isso, nas praias turcas, um menino curdo de 3 anos – Aylan Kurdi – morria com dois familiares, pouco depois de tentar atravessar o oceano para chegar à Europa e possivelmente, ao Canadá (onde viviam outros parentes). Take your head out of the mud baby / Pur flowers in the mud baby

Subitamente Zooropa se encaixa em lugares que eu julgava não existirem, ou não existirem mais em 1993. A perturbação gerada pela sincronicidade inesperada mexe as mãos. O som está torto de vez. Já não posso mais escrever. A que fins estão servindo as imagens de 1993? Na República Tcheca, imigrantes são marcados com números em seus corpos pela polícia local. Uma cena que não esperávamos (eu, U2, quem mais?) ver em 2015. Na Europa pós­“Je Suis Charlie”, pessoas que professam a fé islâmica recebem tratamento análogo ao passado que parecia perdido. A ressaca do passado borrou o texto. And I have no religion / And I don’t know what’s what / And I don’t know the limit / The limit of what we got / No particular place names / No particular song

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And I don’t know what’s what O Primeiro­Ministro britânico David Cameron chama os refugiados de “praga”. Seu colega francês François Hollande busca ocultar origens da crise de refugiados na Síria ao usar o termo “imigrante”. E a colega alemã Angela Merkel leva às lágrimas uma menina palestina vivendo entre soberanos. I hear voices, ridiculous voices / In the slipstream / Let’s go, let’s go…overground

I hear voices, ridiculous voices 14 anos depois do 11 de Setembro de 2011, 1 milhão de iraquianos, 300 mil paquistaneses e o mesmo número de sírios morreram como “dano colateral” das invasões e conflitos deflagrados na  região. 6 milhões de pessoas tiveram que deixar suas casas imediatamente. 2 milhões deles estão fora da Síria no momento – em trens, praias, atravessando céus, terras e mares. Usando smartphones para lutar pelo dia seguinte, em algum lugar. Through appliance of science / We’ve got that ring of confidence…. / And I have no compass / And I have no map / And I have no reasons / No reasons to get back Sinto vergonha de colegas internacionalistas – incluindo especialistas em refúgio – que ignoraram solenemente a origem do menino Aylan Kurdi. Ao silenciar a respeito dos curdos, reproduziram em suas análises uma imaginação internacional limitada às fronteiras dos estados soberanos. Pintaram uma imagem fronteirizada das relações internacionais confortável para os soberanos, mas que precariza e desvaloriza a vida de milhões de seres humanos, 100 anos depois da promessa feita pela comunidade internacional aos curdos na Primeira Guerra Mundial: o direito de viver como um povo. No particular place names / No particular song A generosidade que se seguiu às imagens perturbadoras ficou aquém da profundidade da crise. Por vezes, a solidariedade se limitou a palavras autocongratulatórias de chefes de estado. Austrália, Canadá, Estados Unidos, França e Reino Unido prometeram receber dezenas de milhares de refugiados. Membros da OTAN, esses estados estão bombardeando nesse momento a terra onde Aylan viveu seus poucos anos. Sua luta contra o “Estado Islâmico no Iraque e Síria” une os refugiados de 2015 aos de 2003 – o “estado islâmico” é um grupo dissidente da Al­Qaeda que se beneficiou da invasão do Iraque por alguns dos países mencionados nesse parágrafo. A ONU pede bilhões (8.4) de dólares a seus estados­membros sem conseguir 1/3 dessa quantia. ONGs humanitárias recebem doações recordes após a divulgação das imagens que reproduzi acima. A situação da ONU se tornou dramática a ponto da organização apelar para a filantropia de bilionários italianos. Se cada bilionário italiano doasse 50 mil dólares…Ou vendesse uma Ferrari? Be all that you can be / Be a winner / Eat to get slimmer No distante Brasil, Dilma Rousseff promete receber refugiados sírios (2000 em 2015) de braços abertos. Será Presidenta? Boa parte das pessoas que compartilhou as imagens de Aylan não recebe com bons olhos os haitianos por aqui. Além disso, seu governo destinou para auxílio humanitário a refugiados na Síria no ano de 2014 a soma de 300 mil dólares – valor inferior ao preço do último veículo adquirido pelo menino Neymar. Parafraseando os Paralamas do Sucesso: braços abertos no cartão postal, bolsos cerrados na vida real. Se o Brasil queria ocupar uma posição de maior relevância internacional como alternativa aos poderes estabelecidos, como na música do Chico Buarque o bonde está passando diante da janela. E só Dilma não viu. http://noo.com.br/zooropa­desintegrada/

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Se os emergentes se acomodam na hipocrisia do pouco fazer, que dizer de estados que podem mais e, por isso mesmo, pouco têm a temer do conforto? Barack Obama prometeu acolher 10 mil refugiados sírios. Só em ataques de drones, 90 mil paquistaneses foram mortos entre 2003 e 2011 até que Bin Laden não fosse nem capturado, tampouco levado à justiça…E a ex­secretária de estado Hillary Clinton promete novas incursões militares em futuro hipotético – se tiver essa chance, claro. Ooooh / Don’t worry baby / It will be alright / Oooh / Zooropa… Nas relações internacionais, a questão dos refugiados – assim como a dos curdos – se tornou uma questão de administrar o silêncio. O silêncio é uma arma poderosa. Que o diga a menina síria Hudea de 5 anos ao se render, num campo de refugiados, diante de uma câmera de vídeo. Em 2014[1].

Don’t worry baby…It will be alright Entre o menino da capa de Zooropa, Hudea e Aylan muitos silêncios foram (re)produzidos. Sobrepostos, borrados. Ruídos em meio às canções da soberania entre fronteiras. Quem cala, consente. (She’s gonna dream up the world she wants to live in / She’s gonna dream out loud) [1] Elaini Silva, em seu texto “Sobre a Humanização”, recuperou a imagem de nosso esquecimento seletivo.   *Nota a quem interessar possa: as opiniões explicitadas nesta matéria são exclusivamente do autor. A NOO é um espaço aberto ao debate, queremos estimular a troca de ideias. Se você tem uma visão diferente sobre esta ou outras questões, sinta­se mais do que livre para enviar sua opinião pra cá. Se ela for construtiva e bem embasada, ficaremos felizes em publicá­la ; ) 

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DESTAQUES DA REDAÇÃO

O QUE ESTÁ POR TRÁS DA PROIBIÇÃO DAS DROGAS?

por 

por Tico Santa Cruz Política, economia e muita hipocrisia. Por Tico Santa Cruz, 1 2 3 4 5

++NOOTV

“NORA” GANHA PRÊMIO EM FESTIVAL DE CINEMA DE BUENOS AIRES

por 

por TodoMundoNOO 1 2 3 4 5

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#NOOMAG por TodoMundoNOO Inspirações em foco

FAST FASHION X SLOW FASHION por Dee Dumore O UFC da moda

DA PERSPECTIVA DE UM PÁSSARO por Roman Nemec Sampa pelos olhos de um gringo

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DESTAQUES DA SEMANA por TodoMundoNOO Nossa reunião semanal das matérias que você não pode perder

CONHEÇA OSHUN por Luisa Loes Um duo feminino de hip hop de NY com influências yorubá

ONDAS DE COR por TodoMundoNOO Surf neón

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SOBRE SER HUMANO por Laura Borba E pra você, o que é óbvio?

MOSTRA BOSQUE TÁ DE VOLTA por Santiago Perlingeiro “Não tem como pensar arte sem fazer arte”

CLOSE NOS COGUMELOS por TodoMundoNOO Um fantástico mundo de cores e formas

OVERDOSE DE ARTE por TodoMundoNOO Relaxa que essa não mata

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BEM VINDO AO ARTRUA por Marcela Picanço A maior feira de arte urbana do Rio de Janeiro  MAIS “papo­reto”  DESTAQUES DA REDAÇÃO

“NORA” GANHA PRÊMIO EM FESTIVAL DE CINEMA DE BUENOS AIRES por TodoMundoNOO Doc da NOOTV foi eleito pelo público o Melhor Curta do Inffinito na Argentina e em Montevidéo. PreviousNext

INSPIRAÇÕES #NOOMAG

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WHITEOUT por Manu Vilaseca Sobre o documentário de uma aventura ao Mont­Blanc

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REPENSAR O MUNDO DAS ARTES por Maria Julia Wotzik Não é fácil e precisamos da sua ajuda

VAMOS SIMPLIFICAR? por Vamos Simplificar? "A educação é a arma mais poderosa para mudar o mundo"

O FABULOSO CAFÉ por Beatriz Waclawek Segue o movimento

ZOOROPA DESINTEGRADA por Carlos Frederico Pereira da Silva Gama Quem cala, consente

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