A Produção de Conhecimento sobre Mudanças Climáticas e Desigualdades Sociais no Brasil: Contribuição para Políticas Públicas

July 24, 2017 | Autor: Teresa Da-Silva-Rosa | Categoria: Brasil, Políticas Públicas, Produção do Conhecimento Cientifico
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A Produção de Conhecimento sobre Mudanças Climáticas e Desigualdades Sociais no Brasil: Contribuição para Políticas Públicas de Desenvolvimento Sustentável e de Baixo Carbono Autores: Da-Silva-Rosa, Teresa (professor titular, Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais, Centro Universitário Vila Velha(UVV; [email protected]); pesquisador colaborador CERESAN/CPDA/UFRRJ); Maluf, Renato (professor associado II, CPDA/UFRRJ; coordenador do CERESAN/UFRRJ; [email protected]) Dal’Col, Louise (bolsista Iniciação Científica FUNADESP-UVV) Guio, Priscila (bolsista Iniciação Científica FUNADESP-UVV)

RESUMO: O presente estudo objetiva discutir os resultados do mapeamento do conhecimento produzido pela comunidade científica no Brasil sobre as mudanças climáticas como fase anterior ao estabelecimento de um quadro das questões mais relevantes e dos eventuais pontos de controvérsia e de consenso sobre o tema. O mapeamento da produção científica é compreendido como etapa inicial do processo de tomada de decisão política. A natureza da questão climática demanda um saber interdisciplinar para dar conta da complexidade das situações vividas por comunidade vulnerabilizadas por eventos climáticos extremos. Foram priorizados documentos em acesso livre (disponíveis on-line em sites institucionais). Foram acessados: (1) o diretório de grupo de pesquisas do CNPq , empregando-se a palavra chave “mudanças climáticas” para identificação dos grupos de pesquisa com este interesse até 2009; (2) a plataforma Lattes dos pesquisadores-líderes dos grupos de pesquisa a fim de identificar as publicações entre 2002 e 2010 interessando a pesquisa. As 3.174 publicações levantadas foram armazenadas em planilha e classificadas em três categorias: “mudanças climáticas”, “setores de impacto” e “biomas”. 51% deste total levantado são de autoria de 11 dos 57 líderes de grupo identificados. Na maioria, eles pertencem a área das Ciências Exatas e da Terra, somente um das Ciências Sociais.

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Introdução O quarto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) apontam impactos prováveis ocorrendo no clima da América Latina, incluindo áreas do Brasil da Amazônia, do Semi árido e do Cerrado. Em paralelo, os últimos eventos climáticos ocorridos no país têm sido classificados como extremos e estão colocando a sociedade brasileira frente à chamada questão climática, obrigando-a a ter de tomar medidas de enfretamento, ou induzidas (institutional approach, UNFCCC, 20061) ou espontâneas (autonomous approach, UNFCCC, id.). Os impactos de origem climática recentemente causados às populações em diferentes regiões

do

país

demonstram,

principalmente,

o

quanto

elas

são,

historicamente,

vulnerabilizadas por viverem, muitas vezes, em áreas de risco ou em situações de risco. Além disto, aqueles impactos têm deixado claro o despreparo na atuação e no enfrentamento de situações de crise tanto por parte da sociedade civil como do poder público. Toda esta situação se dá num contexto de controvérsias quanto as causas e os impactos futuros das mudanças climáticas e, ainda, de questionamentos se, realmente, estaríamos caminhando em direção ao aquecimento global (Molion, 20082). Acrescenta-se a isto o fato de que as projeções apresentadas são feitas em escala bastante ampla e que há, ainda, uma carência de informações no caso de escalas mais locais, limitando muito as projeções no nível dos territórios e aumentando o nível de incertezas. Por outro lado, relatos testemunham os impactos das variabilidades climáticas nas comunidades vulnerabilizadas no mundo e no Brasil (WWF/IPAM, 20083; OXFAM, 2009 4). O que fica evidente é a necessidade de se suprir as carências de estudos e de informações com foco local e, ainda mais urgente, com recorte social. Assim como no caso de outras questões ambientais, esta temática abre - mais uma vez - um espaço para se repensar os padrões atuais de desenvolvimento e de uso dos recursos naturais – talvez, de uma forma mais urgente ainda em função da freqüência atual de ocorrência dos eventos extremos. O repensar dos fundamentos de tal modelo de uso de recursos naturais demanda a tomada de decisões relativas às diversas dimensões constituintes da realidade – cultural, social, político, econômico e ambiental. Não se pensa, portanto, na internalização, no processo de produção atual, das externalidades provocadas por um modelo de uso de recursos naturais que não consideram os limites da natureza (Cechin, 20105; Da-Silva-Rosa, 20056). O que parece ser mais urgente é um movimento duplo de desconstrução da racionalidade atual e de busca por uma racionalidade ambiental (Leff, 20067) focada na construção de uma sociedade sustentável ecologicamente e de baixo carbono.

Para isto, as ciências devem

procurar intercambiar seus conhecimentos e construir formas de trabalho interdisciplinar 2

aportando alternativas capazes de alcançar a meta da sustentabilidade e da descarbonização da sociedade. Transpostas para o campo da ação, estas alternativas podem ser úteis às políticas públicas, visto que elas não têm respondido de modo esperado às mudanças ambientais globais. Considerando este contexto, a presente comunicação trata da produção de conhecimentos científicos na interface das Ciências do Clima e das Ciências Sociais, no Brasil. Compreendese por produção de conhecimentos “... a produção dominada por elementos complexos tais como as teorias, os conceitos, os métodos e as múltiplas relações internas, que ligam organicamente esses elementos diferentes.” (Althusser, in Canguilhem, 19958, p. 275). Comentando o trabalho de Canguilhem, Althusser afirma que “Conhecer o trabalho real de uma ciência supõe o conhecimento de todo esse conjunto orgânico complexo” (id). O presente estudo é apreendido como sendo uma primeira etapa deste tipo de programa de estudo. Sendo assim, são apresentados e discutidos os resultados parciais do estudo sobre o mapeamento do conhecimento produzido pela comunidade científica no Brasil sobre as mudanças climáticas e vulnerabilidades socioambientais. Na abordagem de formulação de políticas publicas com base em conhecimentos, o mapeamento da produção científica é compreendido como etapa inicial do processo de tomada de decisão política (Davies & Nutley, 20019; Juntti et al, 200910; Carneiro et al, 200811; Da-Silva-Rosa e Carneiro, 200812). Em seu desdobramento, este estudo tem como fim estabelecer um quadro das questões mais relevantes e dos eventuais pontos de controvérsia e de consenso sobre o tema. Além disto, ele pode subsidiar com seus resultados a compreensão do processo de construção de conhecimento, como sugerido acima, num momento de transição entre a racionalidade econômica e a ambiental, procurando verificar em que medida os limites dos campos disciplinares são transpostos pelos estudos científicos identificados aqui e se estes contribuem para “a construção de novos paradigmas do conhecimento” (Leff, 2006, p. 284). A transposição destes limites se justifica considerando o contexto da crise ambiental que é caracterizado pela sua complexidade, pois é marcado pela ocorrência de eventos climáticos, os quais atingem a população em geral, demandando, então, a mobilização da sociedade e do Estado sobre novas bases. Finalmente, este estudo se insere dentro de um projeto de pesquisa interdisciplinar mais abrangente, chamado “Mudanças climáticas, desigualdades sociais e populações vulneráveis no Brasil: construindo capacidades – Subprojeto Populações”1, que pretende desenvolver

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Ele é coordenado pelo Centro de Referência em Segurança Alimentar e Nutricional (CERESAN) da UFRRJ e tem apoio do CNPq.

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tecnologia social voltada para a promoção da capacidade de prontidão e de reação de comunidades vulneráveis a vulnerabilidades provenientes dos eventos climáticos extremos.

Procedimentos metodológicos O mapeamento do conhecimento produzido no país prioriza o acesso a bases de dados online. Esta escolha foi feita devido à facilidade que estas bases oferecem quanto à identificação dos pesquisadores que se dedicam a estudar a questão climática no país e ao levantamento de grande parte de suas obras. Também, são priorizados como objeto de análise, para a fase posterior ao do mapeamento, os documentos que estejam em acesso livre, por estarem disponíveis on-line em sites institucionais, tendo uma maior possibilidade de serem acessados por interessados. Sendo assim, para proceder a este levantamento, foram, primeiramente, acessadas as seguintes bases: (1) o diretório de grupo de pesquisas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq. Este diretório objetiva de disponibilizar dados da comunidade acadêmica no país : “quem é quem, onde se encontra, o que está fazendo e o que produziu recentemente13”. O uso deste diretório foi feito para a identificação dos grupos de pesquisa com interesse na temática. Para tal, foi empregada a palavra chave “mudanças climáticas”. Os dados que serão trabalhados aqui se baseiam no universo de 57 grupos de pesquisa, os quais foram identificados até 2009. Somente para mostrar o quanto a temática das mudanças climáticas tem mobilizado a comunidade científica neste momento, uma atualização destes grupos foi feita em junho de 2010 quando foram localizados 95 grupos de pesquisa. É para ser esclarecido que a “base corrente” do referido diretório é regularmente atualizada. Portanto, o universo acima é uma fotografia registrada até 2009 dos grupos interessados na temática climática; (2) a plataforma Lattes. Após terem sido levantados os grupos e identificados seus líderes, foram consultados os currículos dos pesquisadores-líderes dos grupos de pesquisa a fim de identificar as suas publicações entre 2002 e o primeiro semestre de 2010. Foram considerados líderes aqueles pesquisadores que tinham os seus nomes aparecendo em primeiro lugar na página do diretório do CNPq. Foram levantadas as obras tanto em português quanto em outra língua estrangeira. Quatro são os tipos de obras identificadas: os artigos publicados em revistas científicas, os trabalhos publicados em anais de congressos, os livros e os capítulos de livro. Neste primeiro momento, somente os artigos científicos publicados em português estão sendo considerados para fins de análise; 4

(3) as bases online de dados bibliográficos. Foram recorridos o Portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e o Scientific Eletronic Library Online (Scielo) para proceder a busca dos artigos científicos em português. Uma primeira planilha Excel foi construída para armazenar os dados levantados sobre: (a) grupos de pesquisa: a instituição a qual pertencem; os objetivos do grupo de pesquisa; as linhas de pesquisa; a área e a grande do conhecimento; os nomes dos líderes do grupo. Estes são dados que constam no diretório de grupos de pesquisa; (b) as obras levantadas: estas foram classificadas por ano, por tipo de obra (ver anteriormente) e, finalmente, pelas seguintes categorias: (b.1) mudanças climáticas, temperatura e de precipitação. Aqui, foram consideradas as obras que abordam estes temas numa perspectiva climatológica, física mesmo, isto é, sem fazer qualquer alusão a questão mais socioeconômica ou sócioambiental. Também foram colocadas todas as obras em língua estrangeira para posterior tratamento; (b.2) setores de impacto, a saber: água, biodiversidade, agricultura/alimento, saúde, moradia e população vulnerável. Estes são considerados como sendo setores chaves devido aos riscos a que estão submetidos em caso de variabilidades climáticas (ONERC, 200714). Foram consideradas as obras que abordam estes temas numa perspectiva climatológica ou não. (b.3) quatro biomas brasileiros, a saber: Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga além de serem consideradas às áreas costeiras. Nestas categorias, foram incluídas as publicações versando sobre eles mesmo que elas tenham sido classificadas em alguma das outras categorias. Para exemplificar como foi feita a categorização das obras identificadas, citamos duas publicações a seguir: (a) um caso de publicação onde não há relação direta com o tema mudanças climática, porém aborda setores de impacto, a biodiversidade e a água, que são citados, usualmente, na literatura como sendo setores vulneráveis: LOZINSKI, M. A. ; BALBINOT, R. ; VENANCIO, D. ; OLIVEIRA FILHO, P. C. ; SCHIRMER, W. N. . Diagnóstico das áreas de preservação permanente de nascentes na área urbana do Município de Irati-PR. Floresta, v. 40, p. 63-70, 2010. http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/floresta/article/viewArticle/17099. A inclusão deste artigo científico se justifica pelo fato de que a área de preservação permanente é uma estratégia de conservação da biodiversidade, sendo esta estratégia apreendida como

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alternativa para atenuar os impactos e para mitigar as emissões de gases de efeito estufa (GEE); (b) O exemplo a seguir é de um capítulo de livro, não estando, portanto, disponível online, a sua categorização foi feita, apenas, através do seu título, o qual faz referência a duas categorias do presente estudo, a saber: agricultura/alimento e cerrado. SILVA, C. A. D. ; BELTRÃO, Napoleão Esberard de Macêdo ; CARDOSO, Gleibson Dionízio . Mudanças climáticas e o cultivo do algodoeiro em sistema adensado no cerrado brasileiro.. O sistema de cultivo do algodoeiro adensado em Mato Grosso. 0 ed. Cuiabá: Defanti Editora, 2010, v. 1, p. 13-390. Uma segunda planilha foi construída com o objetivo de disponibilizar o mapeamento inicialmente, para os pesquisadores envolvidos no projeto de pesquisa “Subprojeto Populações”. Esta planilha, mais concisa que a primeira, apresenta a bibliografia levantada segundo o tipo de obra, ano de publicação e as categorias deste estudo (citadas acima) além de conter os links para acessar as obras que estão disponíveis em bases online dispersas em diferentes sites. Com o recurso do filtro existente no Excel, o interessado poderá selecionar os dados acima para melhor direcionar a sua busca por uma obra de seu interesse. Futuramente, esta base poderá vir a ser disponibilizada para interessados, tais como os tomadores de decisão que queiram buscar informações capazes de lhes informar ou de justificar ou legitimar decisões políticas. Quanto à etapa posterior ao mapeamento, isto é, a do estabelecimento do quadro das questões mais relevantes e dos eventuais pontos de controvérsia e de consenso bem como a da verificação avanços epistemológicos citados anteriormente, será empregada a análise do conteúdo das obras em português que tenham o seu livre acesso através de bases bibliográficas online. A análise de discursos no contexto ambiental, apesar de recente (Hannigan, 2009), se revela um conjunto de técnicas de análise das várias formas de comunicação, capaz de examinar de maneira metódica, sistemática e objetiva o conteúdo de textos, visando classificar e interpretar os seus elementos constituintes. Esta abordagem foi, anteriormente, empregada para a análise da sustentabilidade de políticas publicas de cooperação internacional (Da-Silva-Rosa, 2005).

Referencial teórico: Dentro do contexto ambiental, a discussão que considera a relação entre a produção do conhecimento e o processo de formulação e implantação de políticas públicas envolve aspectos relativos ao conhecimento em si, da sua própria construção, e um questionamento 6

dos paradigmas epistemológicos que sustentam o campo da ciência moderna (Latour, 199515). Esta discussão nos remete tanto ao diálogo necessário (e ainda tímido) entre as diversas áreas de conhecimento e a construção de conceitos capazes de tratarem a complexidade da temática ambiental, pois os modelos disciplinares não dão conta das demandas surgidas com a degradação ambiental. Como, também, ela chama atenção para a importância da inserção de conhecimentos nas decisões políticas na busca de obtenção de resultados mais efetivos – mainstreaming da dimensão ambiental. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento considera o mainstreaming da dimensão ambiental como sendo “…takes into consideration environmental issues as early as possible in the decision-making process where decisions can best benefit from environmental opportunities and avoid negative impacts on the environment. In this way, mainstreaming can help align policies, programmes and operations with the long-term requirements of sustainable development” (UNDP, 200416). Em outras palavras, estamos falando do uso do conhecimento científico e, no presente caso, o conhecimento ambiental pelo campo da política. Em ambos os casos acima, é fundamental haver uma reflexão sobre o papel das políticas em ciência e tecnologia (Leff, 2006) no incentivo ao estabelecimento de grupos de pesquisa e de redes de pesquisadores que desenvolvam projetos interdisciplinares para responder a demanda criada pela crise ambiental e, mais recentemente, pela área das mudanças climáticas. Acrescente-se a este quadro o fato de que a crise ambiental contemporânea e, sobretudo, após a Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano (em 1972), está associada ao questionamento crítico do quadro ideológico que sustenta o modelo de desenvolvimento capitalista industrial e da racionalidade econômica, que criam desigualdades sociais e degradação ambiental. Esta crítica pode ser situada no pensamento crítico do desenvolvimento através da perspectiva da sustentabilidade (Da-Silva-Rosa, 2005). Buscando atribuir um sentido ao desenvolvimento, sem contudo se distanciar desta perspectiva crítica, Maluf (2000) o define como sendo “o processo sustentável de melhoria da qualidade de vida de uma sociedade, com os fins e os meios definidos pela própria sociedade que está buscando ou vivenciando este processe”. Admitindo-se que as atividades humanas estejam na origem do aumento recente de CO2 na atmosfera, isto significa que a diminuição das emissões de gases de efeito estufa (GEE) está diretamente relacionada a transformação dos valores e comportamentos humanos, seus padrões de produção e de consumo de recursos naturais. Isto significa dizer que esta é uma transformação que incide sobre o modo pelo qual a sociedade se relaciona com o ambiente e

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usa os seus recursos naturais, nos remetendo ao questionamento do seu quadro de referência . Esta visão crítica do modelo de desenvolvimento situa, finalmente, a discussão sobre o clima e suas alterações no nível das relações entre as pessoas e os países com a natureza (Sachs, 200817). A necessidade da tomada de decisões quanto ao enfrentamento dos impactos climáticos e o imperativo de se repensar as bases do modelo de desenvolvimento atual evidenciam, enfim, que a questão climática é uma questão de caráter social, ético (Sachs, 2008) e político (Giddens, 200918). Portanto, ela não é uma questão para ser tratada somente como um tema de âmbito exclusivo das chamadas Ciências Exatas e da Terra. Mesmo pesquisadores desta última área apontam a necessidade de se estabelecer uma comunicação entre os campos das ciências sociais com o campo da climatologia para poderem melhor compreender a realidade das mudanças climáticas (Nobre et al, 200819). No entanto, esta comunicação não é facilitada por diversos fatores, tanto pelo olhar que cada área da ciência lança sobre a realidade como a formação dos profissionais nestas áreas, os quais trabalham com seus conceitos específicos e fechados em um “dialeto” muitas vezes hermético para quem não pertence a área ou ao campo científico (Carneiro et al, 2008). A visão social da questão climática parece ter sido colocada, ainda, à margem pelas Ciências Sociais, o que não é, contudo, um privilégio da questão climática, mas sim um fato característico da temática ambiental como um todo. Leis (200120) e Drummond (200621) apontam que as cientistas sociais deixaram que os seus colegas das ciências físicas e naturais assumissem a reflexão sobre a crise ambiental durante muito tempo. O olhar antropocêntrico e reducionista que nutriu os clássicos da sociologia, segundo Catton e Dunlap (1978 in Leis 2001) estimulou a marginalização dos fatores ecológicos das leituras e análises do mundo social. Isto tem suas repercussões, pois, até hoje, existe uma resistência para que as ciências sociais se dediquem para abordar questões relativas ao meio ambiente, em geral, e, em especial, as relativas a questão climática. Japiassu (197622) aponta para um outro ponto que é importante nesta reflexão, a dificuldade das ciências sociais em se engajarem numa abordagem interdisciplinar requerida para o tratamento da problemática ambiental. A produção científica com viés social ainda é tímida, devendo ser dada mais atenção para a reflexão e a melhor compreensão das mudanças climáticas enquanto questão, também, de caráter social. No entanto, esta produção precisa vencer a resistência dos paradigmas teóricos cristalizados (Leff, 200123) e estabelecer um diálogo com as Ciências Exatas e da Terra, como propõe Nobre et al (2009).

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Este diálogo de conhecimentos deve estar orientado para a construção de um saber ambiental capaz de dar conta da complexidade (Morin, 200524) característica da realidade - complexidade que é evidenciada pela crise ambiental (Leff, 2006).

Procurando articular “as ciências e

paradigmas teóricos que respondem a processos de diferentes ordens de materialidade e racionalidade.” (Leff, 2001, p. 156), o saber ambiental vai questionar os paradigmas dominantes tanto em relação à racionalidade econômica quanto a própria racionalidade da produção de conhecimentos, que está atrelada a primeira. O conhecimento, produto da ponte estabelecida entre as diversas ciências (que, hoje, se encontram, ainda, ilhadas dentro dos limites de seus próprios domínios), vem desvelar a realidade na sua complexidade. Procurando a integração das diversas disciplinas especializadas em partes de um todo que é a realidade, o conhecimento vai se construir dentro de uma visão interdisciplinar (Leff, 2001). Para tanto, a consideração das interrelações existentes entre as várias dimensões que compõem a realidade, isto é, da sociedade enquanto um sistema, é necessária, deixando, assim, de lado a visão que privilegia a dimensão econômica. Deste modo, o conhecimento cumpre, assim, o seu papel de procurar compreender a sociedade, dando conta da complexidade que a crise ambiental levantou. O conhecimento produzido, transposto para o campo da prática e da política, vem, muitas vezes, responder as questões da sociedade contemporânea, como é o caso do enfrentamento dos eventos climáticos. Assim, estes conhecimentos podem aportar subsídios para o processo de formulação e de implementação de políticas públicas de modo a fundamentá-las e justificá-las (Davies e Nutley, 2001; Nutley et al, 2007). Mais ainda, esta integração (mainstreaming) nos discursos das políticas ampliam, conseqüentemente, o leque de possibilidades delas virem alcançar seus propósitos. Nesta perspectiva, acredita-se que o processo de formulação de políticas públicas de desenvolvimento, mais do nunca, pode contribuir para o estabelecimento de uma sociedade de baixo carbono e ecologicamente e socialmente sustentável. Este processo pode ser incrementado, de um lado, conhecendo-se a produção do conhecimento em ciências do clima na sua interseção com as ciências sociais; por outro, procedendo ao mainstreaming desses conhecimentos no processo de tomada de decisão de medidas públicas que pretendam contribuir, ao mesmo tempo, para a diminuição das emissões de gases de efeito estufa e para a redução das desigualdades sociais, as quais são responsáveis pela vulnerabilidade de populações

a

eventos

extremos.

Compreende-se,

assim,

que

o

mapeamento

de

conhecimentos e a posterior construção de uma base de dados para serem disponibilizados para os interessados são etapas essenciais de um processo mais amplo que é o da comunicação entre Ciência e Política, onde o compartilhamento de informações é um esforço

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fundamental, particularmente, no tocante as mudanças climáticas e as populações vulnerabilizadas (como ficou claro durante a COP15, em Copenhagen, em dezembro de 2009).

Resultados (parciais) do mapeamento da produção do conhecimento sobre mudanças climáticas Como já foi dito anteriormente, compreende-se que o levantamento da produção de conhecimentos (bem como a análise de seu conteúdo) pode ser visto como uma das etapas do processo de formulação e de implantação de políticas públicas. Com este foco, desenvolveu-se o estudo a produção de conhecimentos sobre mudanças climáticas e vulnerabilidades socioambientais no país com o fim de identificar os subsídios que possam contribuir para o estabelecimento de uma sociedade ecologicamente sustentável e de baixo carbono. O presente mapeamento da produção prioriza a produção científica sobre as mudanças climáticas em forma de artigos publicados em revistas científicas, livros, capítulos de livros e trabalhos completos publicados em anais de congressos científicos entre os anos de 2002 e o primeiro semestre de 2010. O levantamento se refere a produção constando nos currículos inscritos na plataforma Lattes dos 57 líderes de grupos de pesquisa constando no diretório do CNPq até 2009. Como citado anteriormente no item dos procedimentos metodológicos, a caracterização dos grupos de pesquisa e a produção dos líderes foram armazenadas numa planilha Excel, elaborada para este fim, onde elas estão classificadas por categorias previamente escolhidas. Aqui, serão apresentados os resultados deste levantamento.

a) Os grupos de pesquisa Até o momento, foi observado que os grupos de pesquisa identificados pertencem a diferentes grandes áreas de conhecimento do CNPq. A grande área que concentra maior número de grupo é a de Ciências exatas e da terra (33.8%) seguida pelo conjunto de grupos de Ciências biológicas e de Ciências sociais e humanas, que juntos contabilizam 34,4 % do total dos grupos de pesquisa levantados. Em função da temática privilegiada, já era de se esperar uma concentração na grande área ciências exatas e da terra. É interessante notar que nenhum dos 57 grupos identificados pertence a área multidisciplinar, mas um número reduzido de grupos situam-se nas área das Engenharias, Ciências da Saúde e Ciências Agrárias.Esta diversidade se espelhará na produção identificada.

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b) As instituições dos grupos de pesquisa Quanto às instituições que albergam os grupos de pesquisa aqui identificados, elas são tanto instituições de pesquisa como instituições de ensino superior. Neste caso, elas são todas universidades públicas, no total 31 instituições de ensino superior. Destaque especial para a USP e a UFMT, cada uma delas contam com três grupos de pesquisa. Estas são seguidas por seis universidades tendo 2 grupos de pesquisa cada uma: UFT, UNICAMP, UNICENTRO, UNICEUB, UNIFACS e UNITINS. Foram, também, identificadas três instituições de pesquisa que têm seus grupos de pesquisa na área de interesse, a saber: INPA, congrega cinco grupos; EMBRAPA, quatro grupos ; e INPE, dois grupos.

c) A produção de conhecimentos A produção levantada se concentra, principalmente, em dois tipos de obras: os artigos publicados em revistas científicas e os trabalhos publicados em anais de congressos científicos, totalizando 81% do total de 3174 obras levantadas. Destes, 1429 são de artigos científicos, sendo os livros são os menos privilegiados entre os líderes de grupos identificados para divulgarem os conhecimentos. Ou seja, há uma clara preferência em favor daqueles primeiros meios de divulgação do conhecimento. Isto nos remete a observação feita por Latour (1995) sobre o “capitalismo cientifico”. A produção e a difusão do conhecimento científico são feitas para os seus “caros colegas”, estando mais voltada para a busca de credibilidade e de reconhecimento entre seus pares do que para a disseminação da sua produção para a sociedade (Latour, id.). Nesta direção, um dado a ser explorado, posteriormente, é a identificação das revistas mais escolhidas para esta divulgação pode ser um meio de compreender esta dinâmica de divulgação do conhecimento. Foi observado um número expressivo de publicação em língua estrangeira 41% das obras levantadas, sendo estas obras publicadas, principalmente, em inglês. Um dado a ser verificado posteriormente é se estas obras são publicadas, também, português. Um resultado a ressaltar é que 51% de toda a produção levantada estão concentrados nas mãos de onze líderes situados nas seguintes instituições: INPA, UFCG, UNICENTRO, UFRGS, UFES, UFF, EMBRAPA, sendo que as duas únicas instituições que congregam dois grupos de pesquisa cada são o INPE e a USP. Dos onze líderes, seis deles são pesquisadores da área de Ciências Exatas e da Terra e dois de Ciências Agrárias. Os três restantes estão nas áreas

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de Engenharias, Ciência Biológicas e Ciências Sociais Aplicadas, sendo este último tem o foco de suas pesquisas voltado para os créditos de carbono e biocombustíveis. A concentração na área de Ciências Exatas e da Terra dos onze grupos de pesquisa com a maior expressividade da produção pode nos levar a pensar que a questão da disciplinaridade é bastante forte no campo das mudanças climáticas. Parece que se confirma a idéia, anteriormente discutida, sobre o interesse tardio das Ciências Sociais sobre as questões ambientais, o campo das mudanças climáticas não é uma exceção, visto que somente um líder entre os onze acima é da área das Ciências Sociais. Estes dados podem estar refletindo uma produção primordialmente disciplinar, predominando, ainda, a prática disciplinar para o levantamento e a análise de resultados sobre uma temática interdisciplinar. Isto mostra que muito trabalho há de ser feito pelas políticas de ciência e tecnologia no sentido de motivar a cooperação entre pesquisadores de diversas áreas. Não pode esquecer-se de mencionar as políticas de educação para o ensino superior, pois é na formação acadêmica de futuros pesquisadores que a sensibilização para o trabalho científico de caráter interdisciplinar pode ser feita.

Considerações finais O mapeamento e a análise acima revelam uma fotografia de um dado momento da produção científica no país sobre as mudanças climáticas. Além de identificar atores interessados pela temática, esta fotografia mostra um quadro situacional das publicações dos líderes dos grupos científicos focados no tema mudanças climáticas, desvelando aspectos como a hegemonia dos grupos de pesquisa da área de Ciências Exatas e da Terra no estudo da questão e o lugar secundário das Ciências Sociais. Isto se reflete, principalmente, no caso do grupo de pesquisadores que concentram 51% de todas as obras levantadas entre os anos de 2002 e o segundo trimestre de 2010, onde somente um pesquisador da área social aparece. Este levantamento preliminar revelou uma escassez de grupos de pesquisa da área social o que parece (e vai) se refletir numa escassez de pesquisa com um recorte social sobre as mudanças climáticas no Brasil, confirmando resultados de outras pesquisas (Nobre et al, 2009). Talvez, isso se justifique na tardia incorporação desse tema na agenda ambiental brasileira, que parece começa a se alterar, mais acentuadamente, no segundo semestre de 2009 em função da COP 15, em Copenhagen. Paralelamente, foi observado que parece existir uma fragmentação do conhecimento produzido, evidenciando que a produção de conhecimento interdisciplinar, fazendo dialogar as ciências do clima e as ciências sociais, é necessária, ainda que escassa nesta área como em outras áreas ambientais. A bibliografia identificada está

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dispersa, quando poderia estar informando tanto as políticas públicas como a própria sociedade civil, o que aponta para a necessidade de melhor se coordenar a divulgação deste conhecimento. Este estado da arte (ainda que parcial) é uma contribuição fundamental para a compreensão da ciência no país, sobre um campo do conhecimento que conhece um interesse crescente (vide o aumento do número de grupos de pesquisa interessados pela a temática). A temática ambiental, onde se situa a questão das mudanças climáticas, é, por natureza, interdisciplinar, requerendo, por conseguinte, uma diversidade de olhares integrativos dos conhecimentos tanto das ciências exatas como das ciências naturais e das ciências sociais para o entendimento da totalidade desta realidade. Além disto, esta questão é multidimensional, na medida em que ela tem a sua vertente física, da climatologia, a sua vertente biológica, dos seres vivos e a sua vertente social, do ser humano, o que vem situar esta questão como tendo um caráter social, ético e político. A questão ambiental, no seu conjunto, vem problematizar a ciência estabelecida, se contrapondo a visão fragmentada característica da Modernidade, através do questionamento da racionalidade econômica (Leff, 2001). Este questionamento é duplamente produtivo. Se de um lado ele acarreta a desconstrução desta racionalidade dominante que orientou a ciência até aqui; de outro, ele tem condições de promover a construção de um paradigma alternativo capaz de dar conta da complexidade da realidade, complexidade esta que a crise ambiental contemporânea veio desvelar. Enfim, o momento atual é de transição, onde convivem duas situações. Uma onde os campos científicos, que podem propor soluções para as situações criadas por esta crise, têm, ainda, uma visão fragmentada da realidade, a qual não é suficiente para responder as demandas sociais; e outra onde há a necessidade de pesquisas capazes de darem conta desta complexidade através do emprego de métodos integradores e interdisciplinares, mesmo empregando conhecimentos originários de estudos disciplinares, especializados, das ciências exatas, naturais e sociais. Neste último caso, há uma demanda voltada para a redefinição de objetos de estudo e de métodos de análise que levem em consideração as situações complexas que são as situações recentemente vividas por comunidades no país e no mundo devido aos eventos climáticos extremos. A questão ambiental e a temática das mudanças climáticas, em especial, vão, assim, além da tão característica crítica do modelo de desenvolvimento. Elas questionam o modelo de “fazer ciência” até aqui experienciado, demandando a sua reconstrução, o que, segundo Leff (2001), afeta, principalmente, as Ciências Sociais, provavelmente, devido a todo o processo de

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constituição deste campo, que, historicamente, esteve voltado para compreender aquele “.. homem [ que] se constituiu na cultura ocidental” (Foucault, 199925, p. 476). O presente estudo trata da produção de conhecimentos, no Brasil, na interface das ciências do clima e das ciências sociais. Compreende-se que o mapeamento desta produção é uma das etapas da tomada de decisão política, na perspectiva da formulação de políticas públicas com base em conhecimentos. Acredita-se que a ponte entre o conhecimento científico produzido sobre a questão climática pode subsidiar políticas públicas de desenvolvimento regional e urbano, contribuindo, assim, para o estabelecimento de uma sociedade ecologicamente e socialmente sustentável e de baixo carbono. Este processo pode ser incrementado, de um lado, conhecendo-se a produção do conhecimento nas ciências do clima na sua interseção com as ciências sociais. Por outro lado, o mainstreaming desses conhecimentos no processo de tomada de decisão de medidas públicas pode contribuir, ao mesmo tempo: para a diminuição das emissões de gases de efeito estufa, o que é visado pelas medidas de mitigação; e para a redução das desigualdades sociais, as quais são responsáveis pela vulnerabilidade de populações a eventos extremos, aumentando a possibilidade destas últimas se adaptarem aos eventos climáticos extremos. Compreende-se, assim, que o mapeamento de conhecimentos e a posterior construção de uma base de dados são etapas essenciais de um processo mais amplo que é o da comunicação entre Ciência e Política, onde o compartilhamento de informações é um esforço fundamental, particularmente, no tocante as mudanças climáticas e as populações vulnerabilizadas. 1 UNFCCC/ United Nations Framework Convention on Climate Change (2006). Technologies for Adaptation to climate change. Issued by the climate change secretariat (Unfccc) Bonn, germany produced by adaptation, Technology and science programme of the Unfccc secretariat.

Peter

Stalker

(contributing

ed.).

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