DISTRIBUIÇÃO E LOGÍSTICA DE PRODUTOS DE AGRICULTURA BIOLÓGICA A PARTIR DO CONCELHO DE PÓVOA DE LANHOSO

September 1, 2017 | Autor: Elsa Pacheco | Categoria: Logistics
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DISTRIBUIÇÃO E LOGÍSTICA DE PRODUTOS DE AGRICULTURA BIOLÓGICA A PARTIR DO CONCELHO DE PÓVOA DE LANHOSO1 Elsa PACHECO Ana Zita LOPES

1. INTRODUÇÃO Num País em que a Agricultura se assume como um sector em declínio caracterizado frequentemente como obsoleto, onde a superfície agrícola tende a diminuir, a população agrícola se encontra envelhecida e com baixos níveis de escolaridade, as áreas rurais têm vindo a mostrar uma desdensificação de pessoas, bens e serviços, fruto da falta oportunidades de trabalho e de uma visão pouco optimista face à economia rural. De facto, os impactos da Politica Agrícola Comum, centrada inicialmente no aumento da produtividade e em formas de produção intensivas prejudiciais para o meio ambiente, foram sentidos de forma pouco positiva na agricultura nacional, daí que a criação de novas oportunidades para este sector são acolhidas, com grande expectativa, por grande parte destas regiões, procurando-se obter resultado positivos, não só impactos ao nível da económico, mas também no âmbito do planeamento e ordenamento do Território. Neste contexto, a Agricultura Biológica tem sido encarada como uma actividade de grande potencial, não só ao nível nacional mas, sobretudo, ao nível da comunidade Europeia sendo considerada como o segundo pilar da actual PAC (Politica Agrícola Comum), com uma representação de 3,24% da área agrícola e 2,04% dos Agricultores europeus (PNDAB, 2004). Desde a sua definição pela União Europeia, em 1992,o crescimento tem vindo a ser notório e e potenciado, sobretudo pelo crescente interesse por parte do consumidor final nos produtos que resultam deste modo de produção - mais saudável e ambientalmente mais sustentável e pelos apoios financeiros que a União tem vindo a disponibilizar. Entender a Agricultura Biológica como uma actividade de criação de potencial para as áreas rurais em declínio ou em condições económicas e sociais desfavoráveis, é olhar para este modo de produção, não exclusivamente na sua definição de actividade não poluente e de produção de alimentos saudáveis, mas também numa perspectiva mais abrangente que para além dos objectivos ambientais tem igualmente objectivos sociais e económicos bastante fortes. Enquadrado este desígnio a Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso lançou-se no desafio do Projecto Biológic@ – Uma Perspectiva Bioeconómica do Futuro. Entendeu-se que este modo de produção traria mais valias para a região, onde se verificam baixos níveis de produção

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Relatório elaborado no âmbito do projecto BIOLÓGIC@ - Uma perspectiva bio-económica do futuro, Componente 4 –

Logística e Distribuição, 2007.

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agrícola e onde podemos encontrar uma elevada riqueza natural que, na maior parte da região, se encontra submetida a situações de grande marginalidade. Apostar neste modo de produção, fomentando as suas mais variadas vertentes desde a produção até à colocação no mercado, parece ser o objectivo central deste projecto. Neste contexto, a criação de um Manual de Boas Práticas para a Logística e Distribuição assume-se como um elemento fundamental, na medida em que a implementação de redes de distribuição e de soluções de logística eficientes assumem-se, cada vez mais, como elementos fundamentais a integrar no planeamento das actividades empresariais, uma vez que, possuem um grande potencial na redução de custos, e permitem o aumento da eficiência/qualidade do serviço prestado ao cliente. Deste modo, a sua implementação e correcto funcionamento constituem-se como factores de competitividade assumindo maior importância nas áreas mais deprimidas ou em actividades que, pelas suas especificidades, necessitam de mecanismos que as promovam e as transformem nas cadeias comerciais como actividades de grande rentabilidade e eficiência. Estas questões ganham maior importância quando falamos de produtos cujo preço base limita a competitividade com produtos similares produzidos a mais baixos custos e colocados no mercado a preços mais apelativos. Esta é a realidade com que se debatem os produtos provenientes da agricultura biológica, fortemente ganhadores em termos de qualidade e benefícios para o meio ambiente mas que, não raras vezes, são deixados de parte pelo consumidor dado o seu preço final. Debatem-se aqui as questões da qualidade e do seu custo, com o preço que o consumidor final está disposto a pagar. Se os custos ao produtor são difíceis de reduzir dadas as exigências técnicas que lhe são impostas, será ao nível do processo de distribuição e colocação no mercado que se poderá fazer a diferença e contribuir para que esta se torne uma actividade mais lucrativa e, portanto, mais aliciante para os Agricultores e para as regiões na perspectiva da geração de valor acrescentado ao nível económico, ambiental e social. Foi seguindo esta visão integrada do modo de produção biológico, olhando para a importância que este poderá assumir no desenvolvimento desta região, e para as expectativas que os actuais produtores depositam na sua actividade, que este trabalho foi desenvolvido. Assim, este documento comporta uma visão da situação demográfica, social e económica da Região Entre Douro e Minho (REDM), analisa a situação actual da Agricultura Biológica da Região, procurando identificar as suas potencialidades e fragilidades, e identifica caminhos, sugere orientações e lança desafios no que respeita à Logística e Distribuição. Na última fase do trabalho foram ainda realizadas simulações de modelos de distribuição, que visam essencialmente criar mais valias e clarificar as sugestões referidas anteriormente.

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2. ENQUADRAMENTO TERRITORIAL, DEMOGRÁFICO E SOCIOECONÓMICO 2.1 Região Entre Douro e Minho A análise de um território, olhando para as suas características endógenas população, economia, indicadores sociais, localização geográfica, permite-nos, mais do que conhecê-la, avaliar a forma como esta tem evoluído e analisar a capacidade que esta terá ou não no acolhimento de novas actividades. Assim, este capítulo visa, essencialmente, analisar a dinâmica dos Territórios que constituem a Região Entre Douro e Minho, conhece-los de forma detalhada e encontrar elementos importantes para a definição de uma futura rede de distribuição de produtos de origem biológica, terminando esta abordagem com o posicionamento do concelho da Póvoa de Lanhoso neste contexto territorial. A Região Entre Douro e Minho localiza-se no Norte do País é constituída por 53 concelhos englobando as NUTS III Minho – Lima, Cávado, Ave, Grande Porto, Tâmega e Entre Douro e Vouga. Figura nº. 1 Enquadramento da Região Entre Douro e Minho

Fonte: Elaboração própria com base na CAOP Com uma área de 9008 Km2, um relevo que se torna mais evidente à medida que caminhamos para o interior (Fig.2), é bem servida de vias de comunicação (Fig.3), o que facilita a fixação da população e de serviços. Era, em 2001, uma das regiões com maior número de efectivos populacionais contando nessa data com 3, 24 milhões de habitantes (cerca de 30% da população nacional).

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Figura n.º 2. Modelo de Elevação da Região Entre Douro e Minho

Fonte: Elaboração própria com base no Atlas do Ambiente. Figura n.º 3. Rede Viária Principal da Região Entre Douro e Minho

Fonte: Elaboração própria com base na EP

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Embora, globalmente, a região se encontre numa situação bastante satisfatória no que diz respeito a acessibilidades e á concentração da população interna, apresenta situações díspares fruto do processo de litoralização que se verifica no país. A existência de determinados núcleos populacionais com maior peso contribui para que a região seja diferenciada. É notório o peso dos concelhos onde se encontram os principais núcleos urbanos da região: Braga, Espinho, Guimarães, Porto, Póvoa de Varzim, Viana do Castelo e Vila Nova de Gaia. A restante Região para Leste e Nordeste vai perdendo importância em ternos demográficos – espaços onde a as condições físicas e de acessibilidade se tornam mais adversas (Fig.4).

Figura nº 4. População Residente na Região entre Douro e Minho

Fonte: Elaboração própria com base na CAOP, Atlas do Ambiente e INE.

Uma análise da evolução da população na região permite-nos perceber claramente esta realidade. Dos 15 concelhos que entre 1991 e 2001 perderam população 13 situam-se no limite interior da região e dois no litoral, são eles o Porto, cujas perdas alimentaram o crescimento dos concelhos da área envolvente, e Espinho. Apesar deste declínio há que referir que a região se encontra num processo de crescimento, uma vez que, grande parte dos concelhos cresceu entre 1 e 13%. Encontramos ainda um elevado crescimento em forma de V

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na parte mais a Sul da região. A Norte, Braga, parece ser um dos concelhos mais dinâmicos demograficamente, daí a sua conotação de concelho mais jovem do país.

Figura nº 5.Variação da População nos concelhos da REDM entre 1991 e 2001.

Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991 e 2001 (INE) Tão importante como quantificar a população é conhecer a forma como esta se apropria do território. A densidade populacional surge-nos assim como um indicador de análise desta dinâmica por excelência: a Região apresenta uma densidade populacional de 359,9 hab./km2. No entanto, a analise das figuras 6 e 7 revela que são as regiões do Litoral (onde os efectivos populacionais são mais elevados) aquelas onde a densidade populacional é também maior. Encontramos variações de densidade entre os cerca de 40 e os 143 hab/km2 em alguns concelhos do interior, tais como, Viera do Minho, Cabeceiras de Basto e densidades superiores a 5mil hab/km2 nas principais áreas urbanas. Embora a variação da densidade entre 1991 e 2001 tenha registado, em alguns concelhos, variações que decorrem, ora do crescimento, ora da redução da população, a realidade mantém-se - os principais aglomerados vão surgindo à medida que caminhamos para o litoral e é aqui que a população se tem vindo a concentrar.

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Figura nº. 6. Densidade Populacional, por concelhos, na REDM, em 1991

Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991-2001 (INE) Figura nº. 7 Densidade Populacional, por concelhos, na REDM, em 2001

Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991-2001 (INE) Esta região como já referimos anteriormente caracteriza-se por ser bastante jovem: 17,9% da população tem menos de 14 anos (15,7% país) 69, 2% situam-se entre os 15 e os 64 anos (67,5% Pais) e 12,9 % situam-se acima dos 65 anos (16,8% País), no entanto, a análise da

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evolução da sua estrutura etária, entre 1991 e 2001 mostra-nos que o peso da população entre os 25 e 54 anos tem vindo a aumentar, assim como, a população com 65 anos e mais. De notar que, embora em alguns concelhos do interior da região o peso da população idosa seja maior, os valores tendem a situar-se muito próximos dos valores dos concelhos do litoral. (Fig.8 e 9) Figura n.º8. População segundo o grupo etário, por concelho, na REDM, em 1991.

Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991-2001 (INE) Figura n.º 9. População segundo o grupo etário, por concelho, na REDM, em 2001.

Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991-2001 (INE)

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O Índice de Envelhecimento vem completar esta leitura, são os concelhos mais periféricos aqueles que maior índice de envelhecimento registam, tais como, Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Arcos de Valdevez. Na análise deste índice verificamos uma situação curiosa: verifica-se uma primeira linha de concelhos mais periféricos que apresentam valores mais elevados, depois à medida que nos aproximamos do litoral o índice vai diminuindo e nos grandes centros urbanos, mais a litoral - casos do Porto e Vila Nova de Gaia - o índice volta a crescer. Figura n.º 10. Índice de Envelhecimento, por concelho, na REDM, em 1991

Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991-2001 (INE) Figura n.º 11. Índice de Envelhecimento, por concelho, na REDM, em 2001

Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991-2001 (INE)

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A análise comparativa destes indicadores entre 1991 e 2001 permite claramente verificar que houve um aumento do valor do índice de envelhecimento em praticamente todos os concelhos, fruto da redução da natalidade e da marginalidade a que são submetidos grande parte dos concelhos que integram a região. (Fig. 10 e 11) Em suma, podemos dizer que se trata de uma região em que se verifica um crescimento da população, sendo este claramente superior nos concelhos de cariz mais urbano e que, embora os índices de envelhecimento tendam a aumentar, o dinamismo de grande parte dos concelhos do litoral permite caracterizá-la na globalidade como uma região jovem no contexto nacional. De referir, no entanto, a necessidade de se criarem políticas especiais para os concelhos mais periféricos em franco declínio - a aposta na criação de actividades que tragam valor acrescentado para região poderá ser uma aposta. Do mesmo modo, a Região apresenta uma elevada percentagem de população activa (33,9%) tendo uma das maiores percentagens do país situando-se perto dos 40%, no entanto, quando comparado com os valores de referência para a Região Norte (45,5%) e com a média do País (49,6%) a região apresenta valores bastante inferiores. Analisando a Taxa de Actividade, por concelho, verificamos que existem algumas diferenças: novamente, são os concelhos do Litoral aqueles que maior taxa de actividade apresenta. Uma análise evolutiva (1991 e 2001) deste indicador permite-nos afirmar que houve um aumento em praticamente todos os concelhos da região, sendo que a parte centro e sul da região registou um aumento da sua população activa. Porto e Espinho surgem novamente como concelhos onde ocorreu uma diminuição da taxa de actividade da população residente, dado que foram os concelhos do litoral onde a perda de população mais se evidenciou De reforçar ainda, que apesar dos elevados problemas decorrentes da indústria têxtil na Subregião do Vale do Ave, houve concelhos em que a taxa de actividade aumentou, consequência de uma alteração do sector de actividade dominante, como verificaremos mais adiante. (Fig. 12 e 13) Depois de analisada a população activa, será de extrema importância perceber quais os sectores de actividade dominantes na região. Em 1991, era claro o predomínio do sector secundário na base económica. Constituíam-se como excepções os principais núcleos urbanos (Porto, Vila Nova de Gaia, Matosinhos, etc.), com uma maior percentagem de população activa no sector terciário e alguns dos concelhos do interior, sobretudo a norte, onde o sector primário dominava claramente – casos de Monção, Arcos de Valdevez, Paredes de Coura, Ponte de Lima, Cabeceiras de Basto e Celorico de Basto. Em 2001, com o declínio de grande parte da indústria, o abandono da agricultura, as alterações decorrentes das necessidades de mercado e o crescimento do sector dos serviços, houve uma clara alteração da base económica do país.

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Figura n.º 12. Taxa de Actividade por concelho, na REDM, em 1991

Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991-2001 (INE) Figura n.º 13. Taxa de Actividade por concelho, na REDM, em 2001

Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991- 2001 (INE)

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Figura n.º 14. População Activa segundo o Sector de Actividade, por concelho, na REDM, em 1991

Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991-2001 (INE) Figura n.º15. População Activa segundo o Sector de Actividade, por concelho, na REDM, em 2001

Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991- 2001 (INE)

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Figura n.º16. Variação da População Activa Agrícola, por concelho, na REDM, entre 1980 e 1990

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da DRAEM (2006)

O Sector terciário passa a ser o sector dominante, cresce nas áreas onde a sua implementação era já bastante significativa e substitui o papel do sector secundário em muitos outros concelhos. O declínio do sector primário foi notório neste período, com a excepção de Espinho, todos os concelhos perdem população activa a trabalhar no sector. Em alguns concelhos há uma clara substituição do sector primário pelo terciário ou ainda a aposta em novas formas de exploração da terra, nomeadamente o Turismo Rural, Agro-Turismo, EcoTurismo. Por último há a referir que a população agrícola da região representa 8% da população total da região. (Fig.15 e 16) Apesar dos aumentos nas taxas de actividade da população, a taxa de desemprego tem vindo igualmente a aumentar, o que parece constituir-se como uma espécie de contracenso. No entanto, a alteração da base económica, a necessidade de adequação da mão–de–obra a uma nova realidade empresarial mais qualificada, o abandono dos terrenos agrícolas e as alterações na economia nacional e mundial, precipitaram esta realidade. A evolução da Taxa de Desemprego e a sua análise para a região permite-nos retirar estas mesmas conclusões, o desemprego subiu ou manteve-se no mesmo valor que no período de referência anterior na maioria dos concelhos, não sendo possível definir um padrão específico litoral/interior ou Norte/Sul. (Fig. 17 e 18)

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Figura nº 17. Taxa de Desemprego, por concelho, na REDM em 1991

Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991- 2001 (INE) Figura nº 18. Taxa de Desemprego, por concelho, na REDM em 2001

Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991- 2001 (INE) Depois de conhecidos todos estes indicadores, será, de extrema importância, a avaliação das condições sociais desta população. Da análise da população por nível de instrução podemos afirmar que grande parte da população obteve apenas o ensino básico, no entanto, a leitura dos Analfabetos e Sem Nenhum nível de Instrução, permite-nos concluir que excluindo os concelhos mais desenvolvidos, estes apresentam uma percentagem semelhante ao Ensino Básico e claramente superior aos indivíduos com ensino secundário e superior. Aqui o padrão territorial é demasiadamente evidente: é nas regiões mais periféricas (do interior), onde __________________________________________________________________________________________________________ Página 14 de 47

dominam actividades pouco exigentes em termos de qualificação, que se registam ainda hoje os maiores problemas de alfabetização e os mais baixos índices de escolaridade. Figura n.º 19. População segundo o nível de instrução, por concelho, na REDM, em 2001

Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991-2001 (INE) Nesta Região ainda grande parte dos rendimentos da população são provenientes do trabalho, de destacar a importância da família como um meio de vida, o que se fica a dever ao peso da população jovem fora da idade activa e à equivalente percentagem de pessoas que sobrevivem das pensões de reforma, o que poderá ser agravado nos próximos anos, caso os índices de envelhecimento se mantenham com a tendência crescente que têm vindo a demonstrar. Figura n.º 20. População Segundo o meio de Vida, por concelho, na REDM, em 2001

Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991-2001 (INE)

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Em conclusão, estamos perante uma região dinâmica em termos demográficos, onde: 

o peso e a importância dos principais núcleos urbanos se evidenciam de forma bastante significativa;



os índices de envelhecimento tendem a aumentar;



a alteração da base económica contribuiu para o aumento do desemprego;



e a população residente apresenta baixos níveis de escolaridade sobretudo nas áreas mais periféricas.

Daí que a promoção de actividades de desenvolvimento que permitam contribuir para um aumento do emprego e da escolarização desta população sejam por demais necessárias. O Projecto Biológica poderá ser uma alternativa viável para os territórios em perda e uma mais valia para aqueles que melhor se estão a adaptar a uma nova realidade económica e social.

2.2 O concelho da Póvoa de Lanhoso O Concelho da Póvoa de Lanhoso, pertencente à REDM, é constituído por 29 freguesias com uma área de 132,5 km2 e uma densidade de 178,5 hab/km2 (Fig. 21). Em 2001, contava com uma população de 22 772 efectivos. Registou entre 1991 e 2001 uma variação da população positiva (5%) acompanhando a média do país mas situando-se abaixo do crescimento verificado nas unidades territoriais a que pertence. Figura n.º 21. Localização da Póvoa de Lanhoso

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Figura n.º 22. Rede Viária Principal do Concelho da Póvoa de Lanhoso em 2006

O concelho da Póvoa de Lanhoso insere-se numa malha viária intersticial face aos eixos rodoviários principais da região (Fig. 22). Embora não seja servido directamente por qualquer nó, a sua proximidade a Braga e Guimarães valem-lhe ganhos de acessibilidade relativos acrescidos dada a infraestruturação rodoviária de alta capacidade destas cidades. As referidas condições de acessibilidade, largamente asseguradas à escala local pelas tradicionais Estradas Nacionais, sugere a necessidade acrescida de desenvolver estratégias locais de grande visibilidade dos recursos endógenos. De facto, a confluência de eixos nacionais de primeira ordem (EN´s 103 e 115), se dotadas de boas condições de circulação, podem responder com eficácia aos desafios da acessibilidade do município. A variação da população nas freguesias do concelho (Fig.23), revela algumas disparidades verificando-se os maiores crescimentos no principal núcleo - a freguesia da Póvoa de Lanhoso onde se localizam igualmente os principais equipamentos e serviços e na fachada ocidental, dada a proximidade aos concelhos de Guimarães e Braga de maior dinamismo e atractividade. De notar ainda que, aproximadamente, 50% das freguesias registaram crescimentos negativos neste mesmo período. Esta análise é reforçada pela leitura da densidade da população (1991 e 2001) (Figs. 24 e 25) que revela a existência de dois blocos na distribuição da população – Nordeste e Sudoeste, sendo que o segundo bloco apresenta maior densidade dada a proximidade às cidades atrás referidas.

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Figura n.º 23. Variação da população residente entre 1981/1991 e 1991/2001

Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991-2001 (INE)

Figura n.º 24. Densidade Populacional, por freguesia, no concelho, da Póvoa de Lanhoso, em 1991

Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991-2001 (INE)

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Figura n.º 25. Densidade Populacional, por freguesia, no concelho, da Póvoa de Lanhoso, em 2001

Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991-2001 (INE) A estrutura da população (Figs. 26 à 31), à escala da freguesia, revela ainda que este concelho entre 1991 e 2001 registou um aumento do grupo etário entre os 25 e 64 anos e uma redução dos grupos etários mais jovens, o que nos permite concluir que se trata de um concelho em que o envelhecimento da população se assume com uma característica de relevo. Esta avaliação é reforçada pela análise da evolução da Taxa de Natalidade e Mortalidade, a qual tem vindo a diminuir. Do mesmo modo, o Índice de Envelhecimento em 1991 e 2001 demonstra claramente um aumento deste índice na maior parte das freguesias do concelho, sendo de notar, no entanto, que as freguesias do centro do concelho se constituem como as menos envelhecidas. Figura n.º 26. Grupos Etários, por freguesia, no concelho da Póvoa de Lanhoso, 1991

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Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991-2001 (INE) Figura n.º 27. Grupos Etários, por freguesia, no concelho da Póvoa de Lanhoso, em 2001

Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991-2001 (INE) Figura n.º

28.Evolução da Taxa de

Natalidade

e Mortalidade entre 1991 e 2000

Fonte: Municípios da Região Norte, 2001. INE. Figura n.º 29.Indicadores demográficos

Fonte: Municípios da Região Norte, 2001. INE.

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A análise de outros indicadores demográficos revelam ainda que estamos perante uma população que, no âmbito da Região Norte, denota uma manutenção dos valores culturais e tradicionais, avaliação justificada pela leitura da taxa de divórcios, de nados-vivos fora do casamento, e do número de casamentos católicos. Figura n.º 30.Índice de Envelhecimento da População, por freguesia, no concelho da Póvoa de Lanhoso, em 1991

Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991-2001 (INE) Figura n.º 31.Índice de Envelhecimento da População, por freguesia, no concelho da Póvoa de Lanhoso, em 2001

Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991-2001 (INE)

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Do ponto de vista económico (Fig. 32 e 33), podemos dizer que se trata de um concelho em que o sector secundário assim como o terciário têm vindo a reforçar a sua importância. O sector secundário cresceu 5 valores percentuais entre 1991 e 2001, passando dos 51% para os 56%. Esta tendência foi acompanhada pelo sector terciário que cresceu igualmente 5%, situando-se em 2001 nos 38%. O crescimento destes sectores fez-se essencialmente à custa da redução da mão-de-obra no sector agrícola que diminuiu dos 16% para os 6%. De referir, no entanto, que a mão-de-obra agrícola permanente por mil habitantes é superior à média regional (15,88%) – Região Norte (11,24) Portugal (10,84) o que confere ao concelho alguma ruralidade. O índice de poder de compra per capita cifrava-se, em 2000, para a Póvoa de Lanhoso, em 49,38. Este era um dos mais baixos índices do Ave, sendo superior apenas ao índice do concelho de Vieira do Minho. Este indicador pode revelar que, embora a taxa de actividade do concelho tenha vindo a aumentar e os índices de desemprego não sejam preocupantes, o facto

de

estarmos

perante

uma

população

a

envelhecer

e

com

níveis

de

instrução/qualificação (Fig. 34) muito baixos pode indiciar a existência de emprego de baixa e média remuneração. De notar ainda que, em 2001, os principais meios de vida da população eram o trabalho Fig. 35), a Família (Elevado Índice de dependência de Jovens), e as pensões de Reforma. Figura n.º 32.Taxa de Actividade, por freguesia, no concelho da Póvoa de Lanhoso, em 2001

Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991-2001 (INE)

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Figura n.º 33.Taxa de Desemprego, por freguesia, no concelho da Póvoa de Lanhoso, em 2001

Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991-2001 (INE)

Figura n.º 34.População segundo o nível de instrução, por freguesia, no concelho da Póvoa de Lanhoso, em 2001

Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991-2001 (INE)

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Figura n.º 35.População segundo o Meio de Vida, por freguesia, no concelho da Póvoa de

Lanhoso, em 2001 Fonte: Elaboração própria com base nos Dados Comparativos dos Censos 1991-2001 (INE)

A posição geográfica do concelho no contexto do REDM, ainda que revele, por comparação com a região, a presença de algum periferismo territorial no que se refere a alguns indicadores, não deixa de suscitar alguns comentários no âmbito da estratégia de ordenamento territorial. De facto, a densificação dos concelhos do litoral, mais centrada sobre a AMP, Braga e Guimarães, por via das novas condições de acessibilidade actuais e previstas com a conclusão do PRN 2000, colocam ao concelho da Póvoa de Lanhoso novos desafios no domínio da afirmação das competências territoriais do município, através da aposta nos seus recursos endógenos – potencial paisagístico, agrícola e cultural, entre outros.

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3. A AGRICULTURA BIOLÓGICA NA REDM EM 2006

A análise realizada neste capítulo visa essencialmente conhecer a dimensão da agricultura na REDM, as suas características, os seus produtores, as suas aspirações e encontrar elementos que permitam pensar na questão da distribuição e da logística. Para a realização desta análise, e tendo em conta a escassez de informação referente à realidade deste modo de produção, foi elaborado um inquérito 2 aos 62 produtores da região, produzido segundo as orientações da equipa técnica deste estudo, em colaboração com a Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso e dos técnicos responsáveis pelas restantes componentes. A Região Entre Douro e Minho conta hoje com cerca de 62 produtores registados no site do IDRHA disseminados por 27 concelhos o que corresponde a 5% dos Produtores de Modo Biológicos registados em Portugal (Fig.36 e 38). Uma análise do número de produtores revela que são os concelhos de Braga, Vila Verde e Terras do Bouro os que maior número de produtores têm registados, independente do seu estado (activo ou inactivo). Este modelo de localização prende-se claramente com o carácter mais rural que assumem estas áreas e com os apoios institucionais. No entanto, será de salientar a importância de concelhos que, embora tenham um carácter urbano como é o caso de Braga, Porto e de Vila Nova de Gaia têm assumido neste domínio uma posição relevante enquanto locais de consumo. Figura nº 36. Produtores Biológicos registados no Site do IDRHA para a Região Entre Douro e Minho 2006

Fonte: Elaboração Própria com base nos dados do IDRHA (2006) 2

Ver Tabela de Análise em Anexo

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A somar a estes produtores registados no site do IDRHA há que acrescentar os cinco produtores da Póvoa de Lanhoso. Estes produtores têm já concluído o processo de certificação e conversão de terras e, a curto prazo, prevê-se a entrada de mais 6 produtores. A Póvoa de Lanhoso apostará na produção do Porco Bísaro aumentando o volume da produção de animais na região. A contabilidade do número de produtores e explorações BIO na REDM, subirá deste modo para os 73 produtores. Figura n.º37. Localização das explorações BIO na Póvoa de Lanhoso, em 2006

Fonte: Elaboração Própria com base nos dados da CMPVL

Figura n.º 38. Número de operadores portugueses em Modo de Operação Biológico (1992 a 2003)

Fonte: Plano Nacional para o desenvolvimento da Agricultura Biológica 2004-2007

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Dados mais recentes, fornecidos pelos técnicos da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso, revelaram que “temos os seguintes produtores localizados em diversos pontos do concelho: 

Centro de Interpretação da Bio-economia, situado na freguesia de Calvos, tem neste momento como culturas instaladas: hortas pedagógicas, pequenos frutos (mirtilos e framboesas); sebe viva com árvores de fruto; plantas aromáticas; plantas medicinais e compostagem.

TRÊS UNIDADES DE TURISMO EM ESPAÇO RURAL COM PRODUTOS BIOLÓGICOS CERTIFICADOS E COM ADESÃO À BIOTUR 

Situada na freguesia de Calvos tem actualmente como culturas instaladas: a produção de hortícolas, frutícolas e cereais, iniciou a experiência pioneira de produção de porco Bisaro ao ar livre, em Maio de 2006.



Situado no lugar da Aldeia, freguesia de Fontarcada, tem actualmente como culturas instaladas: a produção de hortícolas, frutícolas e aves.



Situada na freguesia de Frades, tem actualmente como culturas instaladas: a produção de hortícolas e frutícolas, prevendo brevemente a produção de cogumelos.

QUATRO QUINTAS DA PÓVOA DE LANHOSO COM PRODUTOS BIOLÓGICOS CERTIFICADOS 

Situada na freguesia de Geraz do Minho, com uma área de 8ha certificada desde Junho de 2006. Tem actualmente como cultura instalada a produção frutícola.



Situada na freguesia de Sobradelo da Goma, tem actualmente como cultura instalada: a produção hortícola. E prevê instalar pomar e árvores de fruto.



Situada na freguesia de Fontarcada tem actualmente como culturas instaladas: a produção de hortícolas e a produção animal, neste momento tem ovelhas.



Situada no Ligar da Aldeia, freguesia de Rendufinho tem actualmente como culturas instaladas: a produção animal, porco Bisaro, e hortícolas.

Demonstraram interesse em avançar para o modo de produção biológica cinco quintas do concelho da Póvoa de Lanhoso, sitas em Lanhoso, Brunhais, Rendufinho e Louredo. As culturas a serem instaladas nas mesmas vai desde a produção animal, hortícolas e frutícolas.”

No que respeita às características dos produtores (fig. 39, 40 e 41), podemos dizer que estes são essencialmente do sexo masculino, têm idades inferiores aos 40 anos, e a maioria tem formação superior e 12 produtores têm formação no modo de produção biológico. De referir, no entanto, que o número de produtores que não respondeu a esta questão poderá indicar uma realidade diferente da referida anteriormente.

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Figura n.º39. Produtores Biológicos registados no Site do IDRHA, segundo o sexo, na REDM.

23% 29%

Mulheres Homens n/ a

48%

Fonte: Inquéritos aos Produtores Biológicos – Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso Figura nº 40. Produtores registados no IDRHA, segundo, a idade. 50

40

30 N.º 20

10

0 20 - 30

31 - 40

41 - 60

61 e mais

n/a

Fonte: Inquéritos aos Produtores Biológicos – Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso Figura n.º41. Produtores Biológicos registados no Site do IDRHA, segundo as habilitações literárias, na REDM n/a Formação Profissional Licenciatura Bacharelato Ensino Secundário 7º ano 5ºano 1º Ciclo 0

10

20

30

40

50

60

70

80

Fonte: Inquéritos aos Produtores Biológicos – Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso Relativamente as áreas das explorações BIO, dos produtores registados que responderam à questão, a REDM detêm actualmente uma área de 380,63ha (2% da área BIO Nacional). Os __________________________________________________________________________________________________________ Página 28 de 47

concelhos de Terras do Bouro, Celorico de Basto, Vila Verde, Ponte Lima, Arcos de Valdez são aqueles que maior área possuem, sendo que Terras de Bouro é o concelho que se destaca tendo uma área bio de 265ha. (fig 42). Figura n.º42. Áreas (Exploração, S.A.U e Bio) dos Produtores registados no IDRHA, segundo o concelho de localização das Explorações Concelho Amares Arcos de Valdezes Arouca Braga Cabeceiras de Basto

Area Expl. (ha) S.A.U (ha)

Area Bio

2,5

2,5

2,5

10

1,5

10

4

3

4

2,25

1,5

2,25

5

5

14

Celorico de Basto

23

20,9

17,4

Cinfães

10

3

3

Fafe

8

4

8

Felgueiras

3

3

3

Gondomar

2 n/a 11,23

10,73

10,73

Ponte de Lima Porto Terras de Bouro Valença

2

0

6,92

6,92

273,33

0

265,86

1,65

1,2

0

Vila do Conde

0

0

2

Vila Nova de Cerveira

3

3

3

Vila Nova de Famalicão

0

0

5

1,1

0

1,2

11,23

9,57

9,57

Vila Nova de Gaia Vila Verde

Fonte: Inquéritos aos Produtores Biológicos – Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso Figura n.º43. Explorações registadas no IDRHA, segundo o tipo, na Região Entre Douro e Minho, em 2006.

Fonte: Inquéritos aos Produtores Biológicos – Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso

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Quando analisamos o tipo de exploração percebemos que a maioria adquire ainda um estatuto de exploração familiar (17) e o concelho que mais contribui para esta situação é o de Terras de Bouro (6). As explorações de carácter empresarial estão disseminadas de forma mais ou menos uniforme pela região, destacando-se apenas Vila Verde (mais uma que os restantes). (fig. 43). No que respeita à certificação, apenas responderam 33 produtores. Há claramente duas empresas que se destacam na certificação: Socert (13), Sativa (12) e Certiplanet (7). No entanto, apenas 11 produtores usam o símbolo da empresa certificadora e 2 fazem menção. Grande parte destes produtores está ligada a uma associação destacando-se a AGROBIO, a APBTB, e a APBVV. Estas duas últimas destacam-se pela importância que assume neste momento este modo de produção nos concelhos que abrangem. (fig.44)

Figura n.º44 Associações a que pertencem os Produtores BIO da REDM 12 10 8 6 4

APBVV

APBTB

AJAP

AAR

CAF

AT

AGROBIO

AABP

0

AGRIDIN

2

Fonte: Inquéritos aos Produtores Biológicos – Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso

Apesar da produção biológica registada no site do IDRHA ser bastante satisfatória no contexto da região, a realidade reflecte uma situação diferente (Fig. 45). Dos 62 produtores registados e dos 33 certificados, apenas 28 estão a produzir actualmente, a sua localização é o reflexo da análise anterior das áreas das explorações: Terras do Bouro, Vila Verde, cabeceiras de Basto, Celorico de Basto e Ponte de Lima são os concelhos com maior importância. A Horticultura, Fruticultura, os Animais e o Vinho (Fig. 46) assumem-se como os principais produtos produzidos na região seguidos dos PAM, ou seja, são essencialmente produtos perecíveis que necessitam de mecanismos de distribuição eficazes para serem colocados no mercado da forma mais breve possível.

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Figura n.º 45. Produtores Biológicos registados no IDRHA, activos 3, segundo o concelho de 35 29

30 25 20 15 10

N.º Produtores

2

Total Geral

1

Vila Verde

1

Vila Nova de Gaia

1

Vila Nova de Famalicão

n/a

1

Vila Nova de Cerveira

Gondomar

1

Vila Conde

Felgueiras

1

Valença

1

Terras de Bouro

1

Porto

1

0

2

Ponte de Lima

1

Fafe

3

Cinfães

2

Celorico de Basto

1

2

Cabeceiras de Basto

1

Arcos Valdevez

6

Amares

5

localização da exploração. Fonte: Inquéritos aos Produtores Biológicos – Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso Figura n.º46 Tipo de culturas produzidas pelos Agricultores Bio, em actividade, na REDM

20

15

10

Vinho

Prados/Pastagens

PAM

Milho

Hortícolas

Fruticultura

Forragens

Batata

Animais

0

Centeio

5

Fonte: Inquéritos aos Produtores Biológicos – Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso

O volume de produção, a avaliar pelos dados fornecidos pelos produtores actuais é bastante reduzido. Os animais e o vinho são as produções de maior relevância, no primeiro caso Terras do Bouro pelas suas características físicas domina a produção de animais e Amarante lidera no que respeita ao Vinho e Sumos. (fig.46) Quanto aos rendimentos auferidos com esta produção, a maioria dos produtores não os quantificou, dos que o referiram retiraram-se os seguintes valores: a) Ponte de Lima – 7000€ em hortícolas (exploração de carácter familiar); b) Cabeceiras de Basto 24,500€ em Vinho (exploração de carácter empresarial); c) Vila Verde – 6000€ em Aves e Vinho (exploração de carácter empresarial). 3

Activos: explorações registadas que produzem

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Figura nº47. Produtos segundo a quantidade, o concelho e o local de distribuição, referentes aos produtores BIO em actividade na REDM

Fonte: Inquéritos aos Produtores Biológicos – Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso A forma de distribuição dos produtos bem como a colocação no mercado reflectem uma agricultura com uma reduzida abrangência territorial e com volumes de produção bastante baixos. A venda directa na exploração e a venda a retalhistas, assim como, as vendas a granel lideram a forma como a comercialização é efectuada. A embalagem dos produtos, bem como, a colocação de rótulos são ainda incipientes. Há a referir, no entanto, que é a venda de animais aquela que mais tradicionalmente é realizada (venda directa), os restantes produtos tendem a ter pontos de venda mais descentralizados. (Fig.47 e 48) No que respeita ao tempo médio de colocação no mercado a avaliação que resulta da análise dos inquéritos não é de todo representativa, no entanto, podemos referir que 7 produtores referem a sua capacidade para a colocação de produtos no mercado de menos de 24H, 1 produtor admite necessitar de apenas 48h e 3 admitem uma capacidade de resposta que varia entre os 2 a 6 meses.

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Figura n.º48. Principal meio de Distribuição dos produtores, em actividade, na REDM, em 2006.

24%

27%

Retalhistas Grossistas 6%

Venda Directa n/a

43%

Fonte: Inquéritos aos Produtores Biológicos – Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso

Figura n.º49. Forma de colocação no mercado dos Produtos Bio na REDM

Granel

Rotulados

Embalados

Animais Vivos

0

5

10

15

20

25

Fonte: Inquéritos aos Produtores Biológicos – Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso Como já foi referido anteriormente a produção biológica na Região entre Douro e Minho tem uma abrangência territorial ainda reduzida sendo na perspectiva dos produtores considerada essencialmente Regional e Nacional, a exportação de produtos encontra-se num nível bastante baixo. (fig. 50 e 51)

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Figura n.º50. Dimensão da Rede de Distribuição dos Produtores Bio da REDM 10

8 Local

6

Regional Nacional

4

Internacional

2

0 Local

Regional

Nacional

Internacional

Fonte: Inquéritos aos Produtores Biológicos – Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso

Figura nº51. Actual rede de distribuição na REDM

Fonte: Inquéritos aos Produtores Biológicos – Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso

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A leitura da rede de distribuição mostra claramente uma maior relevância das ligações dentro da Região Entre Douro e Minho e algumas ligações ao Sul do país e ao norte de Espanha, no entanto, há que referir, dado o reduzido número de respostas, a avaliação da rede poderá pecar por defeito, dado que está poderá ter uma outra dimensão e estabelecer outras sinergias. No que respeita à criação de uma futura rede, de forma mais estruturada, com linhas orientadoras claramente definidas, os produtores apontam como possíveis caminhos, a criação da rede na forma de central de compras, de uma cooperativa, de uma empresa de comercialização ou de uma organização de produtores. Figura n.º52. Tipo de rede de distribuição a implementar na REDM

10 8 6 4

Venda Directa

Organização de Produtores

Disseminação de Pontos de Venda

Cooperativa

Centrais Compras

0

Empresa Comercialização

2

Fonte: Inquéritos aos Produtores Biológicos – Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso

Por último, e no sentido de se perceber quais as iniciativas que cada produtor tem tomado sozinho ou em colaboração com as associações em que está inserido, foram realizadas algumas questões relacionadas com o marketing e promoção, na medida em que se entende tratar-se de uma área fundamental a investir numa actividade em que o número de consumidores é crescente mas que não chega a todos de igual forma. Quando questionados sobre as mais valias da existência de uma marca própria as respostas foram unânimes: a sua utilização prende-se essencialmente com a ligação do produto ao produtor e às relações de confiança e fidelização que daí podem advir, a imagem e as mais valias financeiras são apontadas mas sem grande relevância. De referir que apenas obtivemos 7 respostas e que apenas 9 produtores admitiram usar uma marca própria (ex. Biodiversus e a Companhia das Hortas).

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No que respeita, a iniciativas de marketing e promoção são poucos os produtores que desenvolvem actividades nesta área. A participação em feiras da especialidade, a criação de brochuras, de flyers e o uso da Internet são incipientes, no entanto, as esperanças depositadas na promoção que advirá do projecto, nomeadamente, a divulgação e a utilização do portal SASBIO, parecem ser elevadas e todos os produtores parecem ter uma visão optimista face à sua criação. Quanto às sugestões para a optimização do site os produtores referem essencialmente a colocação de informação para promoção dos produtos BIO, a existência de vendas on-line, informação sobre a rede de produtores, bem como, o apoio técnico on-line. (fig.53)

Figura nº53. Sugestões de elementos a integrarem no portal SASBIO, pelos Produtores BIO da Vendas On-line Preços Pontos de Venda Lista Produtores Legislação Info e Divulgação Produtos BIO Fitossanidade BIO Factores de Produção Estudos de Mercado Cotação Mercado BIO Calendário Produções BIO Apoio Técnico (On-line /Directo) 0

1

2

3

4

5

6

7

REDM Fonte: Inquéritos aos Produtores Biológicos – Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso

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8

Diagnóstico (Síntese) A. Estamos perante uma região dinâmica em termos demográficos, no entanto com índices de envelhecimento que tendem a aumentar; B. A alteração da base económica para o sector terciário, assume-se como um importante factor de competitividade, na medida em que gera novas oportunidades de emprego, no entanto, exige medidas eficazes que fomentem a formação da população que o sector secundário libertou para o mercado de trabalho; C. A existência de núcleos urbanos fortes em termos populacionais, de emprego e ao nível

económico

permitem

às

áreas

mais

periféricas,

criarem

sinergias

comerciais/económicas que fomentem as suas capacidades endógenas e permitam a troca de mais valias; D. A rede viária na região permite uma elevada articulação/ligação entre os potenciais núcleos de distribuição e os produtores; E. O carácter descentralizado das explorações se promove maiores esforços de distribuição permite igualmente a criação de mercados de proximidade; F. O número de produtores, assim como, a dimensão das explorações e do volume de produção são ainda bastante reduzidos, mas tendem a aumentar; G.

As características dos produtores, no que respeita à sua idade e formação, devem ser encarados como mais valias para este sector, no entanto, a falta de elementos aglutinadores entre produtores é encarada com um elemento fragilizante;

H. A região denota pelas suas características físicas, edáficas e climáticas uma maior apetência para a criação de animais e para as produções hortícola e frutícola; I.

Há um elevado número de transacções que se fazem por venda directa e a granel, haverá portanto a necessidade de um maior investimento em novas formas de colocação no mercado e de uma forte aposta em novos mecanismos de embalegem e rotulagem;

J. A rede de distribuição actual embora no seu global abranja a parte Norte, Centro e Sul do país assume ainda um carácter muito restrito e é vista pelos produtores como um elemento fundamental a incrementar; K. As iniciativas de marketing, divulgação e promoção são ainda reduzidas e efectuadas de forma não concertada; L. O Portal SASBIO é acolhido com grande expectativa pelos produtores em todas as vertentes da sua actividade, desde a produção à colocação no mercado;

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M. As medidas em curso na região desde a formação, a criação de bolsas de terras, à potencialização deste modo de produção, pela ligação a actividades turísticas, assumem-se como importantes factores para o seu desenvolvimento; N. O envolvimento das instituições de planeamento e gestão do território é um elemento fundamental para a coordenação de todos os agentes envolvidos; O. A enorme expectativa que se deposita neste projecto, e os laços estabelecidos durante a sua duração, permitem às autoridades responsáveis encararem o futuro da actividade como uma fileira de sucesso; P. Por último, a crescente importância dada às questões da segurança alimentar e à protecção do ambiente tendem a potenciar esta actividade reflectindo-se no aumento da procura por parte do consumidor final.

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4. LOGISTICA E DISTRIBUIÇÃO PARA A REDM

A Logística, na sua definição global trata-se de um conjunto de infra-estruturas, equipamentos, recursos humanos e recursos tecnológicos para a implementação da organização operacional de forma a promover os fluxos de stocks e informação desde a aquisição até à distribuição do produto final. (Baronia, 2006). O que é que isto significa? Significa que este segmento tende a tornar as actividades mais eficazes adquirindo um enorme potencial na redução dos custos e no aumento da eficiência e na qualidade do serviço prestado ao cliente. Qual a sua importância no contexto da agricultura biológica? A sua importância neste capítulo assume exactamente os mesmos níveis de qualquer outra actividade com raízes mais fortalecidas. Uma rede eficaz de distribuição e logística permitirá: 

Aumentar a competitividade dos produtos biológicos, cujo preço ao consumidor final, é hoje um entrave ao seu consumo;



Manter a qualidade do produto desde a produção até ao consumidor final, dado o carácter perecível de grande parte dos produtos provenientes deste tipo de produção – a rapidez de escoamento é um dos factores fundamentais;



Uma diferenciação face a uma agricultura tradicional e com graves problemas estruturais tornando a actividade mais competitiva;



A geração de valor acrescentado pela criação de emprego e volume de negócios.

Deste modo, e depois de elaborado o anterior diagnóstico ao território, à estrutura da produção biológica e depois de identificados os elementos potenciadores e fragilizadores da actividade, é importante reflectir sobre importantes elementos a ter em conta na criação de uma rede de distribuição e logística para esta região. Como já referimos anteriormente a Região Entre Douro e Minho significa uma pequena parcela na estrutura da agricultura biológica nacional, quer em termos de área de exploração quer em termos de volume de produção. Embora os incentivos comunitários, a aposta governamental neste tipo de agricultura indiciem que esta se disseminará de forma mais consistente por todo o território e, igualmente pela Região Entre Douro e Minho, como está a acontecer a título de exemplo na Póvoa de Lanhoso, a sua estrutura actual é manifestamente incipiente. Deste modo, pensar numa rede de distribuição e logística exige cautelas na sua formulação, na medida em que o produtor tende, pela incerteza face ao mercado, a aumentar as suas perspectivas relativamente a um sistema que lhe trará à primeira vista maiores custos, maior envolvimento e maior partilha. Daí que qualquer rede proposta exija os seguintes elementos:

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A necessidade de criação de uma entidade reguladora que aglutine todos os operadores, que funcione como um meio de harmonização dos seus interesses e que defina estratégias a seguir pelo conjunto;



A aposta numa rede de informação forte alicerçada num conhecimento pleno da área da sua intervenção e que permita uma correcta gestão da supply chain desde a saída do produto do produtor até à sua chegada ao consumidor final;



Medidas

de

marketing

e

promoção

que

fomentem

e

divulguem

a

organização/empresa/associação; A criação de uma entidade de reguladora/orientadora assume-se como um elemento fundamental quando pensamos em constituir uma rede de distribuição. Na medida em que é necessário responder a um conjunto de questões basilares antes de se partir para a sua criação: Quem define o tipo de rede? Qual a área actuação? Qual o nível de serviço? Quem gere os processos de informação? Onde se devem localizar os armazéns? Depois de respondidas a estas questões fundamentais é importante criar mecanismos de ligação entre operadores, entidade criada e o mercado, é neste âmbito que as tecnologias de informação assumem um carácter fundamental. Se assumirmos o exemplo da Região Entre Douro e Minho em que é por mais que evidente a existência de uma forte disseminação de explorações no território, a criação de uma rede de informação entre todos é fundamental. Este sistema deverá integrar as componentes da produção, do território de actuação, e da distribuição. Deve ser capaz de responder às alterações na sua estrutura – estamos a falar de um sistema resiliente. Esta leitura permite avançar com os desígnios fundamentais para a elaboração de uma proposta mais elaborada sobre a distribuição e logística – propósito que exige um estudo mais detalhado. No entanto, consideramos que é possível avançar com alguns dados gerais sobre, por um lado, as condições de acessibilidade aos pontos de interesse regional a partir da Póvoa de Lanhoso (fig. 54) e, por outro, simular territórios de localização óptima para um eventual mercado distribuidor de produtos na região da REDM.(fig. 55) As acessibilidade do concelho da Póvoa de Lanhoso aos principais pontos de interesse regional, revela, também neste domínio, algum afastamento face às condições médias da região. Dito de outra forma, à sua localização a cerca de meia hora de distância do MARN, associam-se distâncias que ultrapassam uma hora de viagem para todos os outros locais (aeroporto, Porto de Leixões e fronteira de Valença), sendo que apenas a sua capital de distrito se enquadra dentro dos limites da meia hora de viagem.

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Figura nº54. Principais pontos de interesse regional no domínio da distribuição e logística

ORIGEM - Póvoa Lanhoso

Tempo

Distância

MARN

31,65

26,3

Aeroporto

77,59

64,66

Porto Leixões

91,44

76,2

114,12

95,18

Porto

80,95

67,46

Braga

23,45

19,9

81,02

67,52

Valença

DESTINOS

Capitais Distrito EDM

V iana do Castelo

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Figura nº55. Área de Influência, em minutos, das explorações BIO

A área de Braga surge como o melhor território para a implantação de um mercado de distribuição, dadas as condições de acessibilidade. De facto, grande parte das explorações conseguem colocar os seus produtos na área representada na figura 55 com um círculo a vermelho, num intervalo de tempo entre 15 a 30 minutos. É evidente que estas simulações carecem

de um tratamento mais aprofundado,

nomeadamente no que respeita ao seu cruzamento com um conjunto de indicadores de ordem territorial, sejam os usos do solo, o custo do transporte, entre outros. A entidade reguladora/orientadora alicerçada num forte sistema de informação integrado deverá definir/ter em conta os seguintes elementos: a. Estabelecimento do serviço ao cliente e avaliação das necessidades prováveis no futuro; b.

Avaliação do serviço prestado (monitorização);

c. Transportes: neste domínio compete-lhe decidir sobre o tipo de transporte, desenvolver

mecanismos

para

a

programação

das

cargas; avaliar a

necessidade da criação ou contratação de uma frota; analisar os custos de transporte; desenvolver formas de fiscalização de facturas de carga e descarga, gerir os transbordos, entre outros.

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d. Logística: definição da localização (importância da procura de bens, das distâncias envolvidas, necessidade de minimizar o produto), do número e do tamanho (avaliação do espaço para acomodação de escritórios, oficinas, parques etc) de armazéns/depósitos; avaliação dos custos de aluguer ou compra; avaliação dos custos; definição dos mecanismos de recolha de produtos; definição do número de funcionários; desenvolver formas de transferência de stocks entre armazéns; avaliar os limites de stocks; criar parâmetros e regras de embalagem e rotulagem, análise dos planos locais (urbanização e PDM); e. Gestão dos Pedidos: criação de uma central de compras, ou de várias centrais (concentração/descentralização);

criação

de

mecanismos

de

acompanhamento dos pedidos; gestão da contabilidade; etc. f.

Stocks: definir Sistemas de reposição e os stocks de segurança.

Por último, a criação de uma marca forte, de campanhas de marketing incisivas, de mecanismos de promoção dos produtos BIO assumem-se como estratégias fundamentais para o sucesso de todo o processo. (fig.56)

Figura nº56. Definição dos processos para a Criação de uma rede de Distribuição e Logística

Entidade Reguladora/ Orientadora (Associação/OP)

Sistema Integrado de Informação

SIG

Portal SASBIO

Back Office

Estudos de geomarkting

C ompras on-line

Gestão dos Pedidos

Definição da localização Armazéns;

Informação das Lojas

Gestão dos Stocks

Definição da disseminação das lojas;

Produtores de Venda Directa

C oordenação dos Armazens

C riação e análise das redes de

Pontos de Distribuição

C ontratualização da Frota

distribuição;

Entregas

C ontabilidade

Produção cartográfica de apoio à

Informação Produtores BIO

Fiscalização

tomada de decisão;

Apoio Técnico

Análise do N ív el de Serv iço

Legislação

Acções de Maketing e Divulgação

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Tendo em conta que este projecto se lançou na criação de um portal – SASBIO – e dadas as elevadas expectativas por parte dos operadores MBP face a esta ferramenta seria importante avaliar a sua utilização como interface deste sistema integrado de informação que possibilite desde o apoio ao produtor, ao aspirante a produtor, ao cliente que procura comprar produtos BIO, ao produtor que pretende colocar no mercado a sua produção uma informação e um acompanhamento de elevada qualidade. O SASBIO mais do que um portal de carácter informativo tornar-se-ia num mercado virtual onde produtores e clientes se cruzariam. Considerações Finais: Face às considerações tecidas nas linhas anteriores, parece óbvio que uma rede de distribuição para esta região deverá envolver uma elevada componente de sistemas de informação e deverá assentar essencialmente em princípios de sustentabilidade. O volume de produção actual não parece justificar a concepção de uma rede de transportes/distribuição exclusiva para produtos de agricultura biológica pelo que a sua o escoamento dos produtos deverá ser efectuado em coordenação com outras redes, eventualmente, partindo das sugestões acima avançadas para a elaboração de um estudo mais detalhado, caso seja esse o objectivo da CMPL. A criação de uma área de logística parece adquirir um carácter interessante, quando falamos da necessidade de se criar uma marca forte no mercado, já que neste espaço os processos de embalagem e rotulagem seriam mais facilmente uniformizados e a recolha dos produtos para colocação no cliente final menos morosa. No entanto, acresce a necessidade de se avaliar se existe dimensão financeira para comportar o aluguer de um armazém, numa área logística de carácter urbano que permita um fácil escoamento dos produtos, e a conservação de alimentos de carácter perecível que possam ficar em stock (MARN, por exemplo), e de comportar os custos dos funcionários necessários para o funcionamento da unidade de logística. A criação de redes de distribuição baseadas em mercados de proximidade, associadas a uma rede de compras on-line parece efectivamente ser uma solução, neste momento, mais viável. Na medida em que o produtor potencia as suas relações de proximidade com os restaurantes, os hotéis, as casas de turismo rural, com as lojas bio da sua área envolvente e possibilita ainda a criação de redes de carácter supra-regional através do seu registo on-line. O Cliente tem a possibilidade de escolher o produto, o produtor mais próximo da sua área de residência/trabalho, e a modalidade de transporte, ou seja, neste mecanismo de vendas online o cliente pode definir a urgência do produto e o sistema dá-lhe a resposta da data possível para entrega (conjugando e optimizando os percursos com os restantes pedidos). Poderemos estar perante várias redes de distribuição: as redes express (de carácter urgente), uma rede normal de distribuição frequente para território nacional e uma rede de internacional cujos prazos de entrega tenderão a ser diferentes. Neste processo o custo do __________________________________________________________________________________________________________ Página 44 de 47

produto varia consoante o dia, o tempo de antecedência da encomenda, a disponibilidade do produto e a modalidade de transporte pretendida. No que respeita ao transporte dos produtos, todas as emissões de pedidos de transporte devem ser efectuadas com a referência ao tipo de veículo necessário, à sua dimensão, entre outros. O fretamento das viaturas deverá ser entregue a uma empresa especializada em distribuição de produtos alimentares. De referir ainda que, fazendo-se uma análise dos custos, existem já hoje empresas de transporte cuja logística já se encontra integrada, daí que será importante avaliar até que ponto o aluguer de um armazém será a forma mais eficaz para uma solução logística, numa situação de reduzida produção. Á medida que a dimensão da produção aumente a disseminação de lojas, armazéns pode ser efectivamente maior e a sua localização e dimensão terá que ser equacionada tendo por base as análises resultantes do sistema de informação geográfica criado onde as ferramentas de análise de redes e de logística devem estar presentes. Todo este processo deverá ser acompanhado de uma avaliação económica mas também de estudo de Geomarketing para identificação dos locais de maior procura, dos locais onde determinados produtos deverão ser colocados, tendo por base, princípios de consumo da população. Por último, há a referir que o carácter pouco representativo do inquérito realizado aos produtores não permite uma real análise da dimensão da rede de distribuição e do volume de vendas, podendo induzir em algumas indicações com menor eficiência e menor viabilidade. No entanto, entendemos que os princípios fundamentais de análise e construção da rede foram expostos e poderão ser aplicados a qualquer realidade, na medida em que todos os processos, na medida em que assentam em sistemas de informação adquirem um carácter dinâmico e flexível.

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SIMULAÇÂO 

Compra On-line

Entrada de um pedido de hortícolas para abastecimento de uma cadeia de lojas de produtos biológicos: Lourinhã – Sintra – Setúbal O Cliente necessita do produto nas três lojas no mesmo dia e pretende que os produtos se apresentem em embalagens de 1kg. Figura nº.57. Simplificação do processo de emissão e tratamento das compras on-line Portal Sasbio: Entrada do Pedido

Back Office: Análise da disponibilidade

Portal Sasbio: Confirmação do pedido e informação da data de entrega

ENTREGA AO CLIENTE

Back Office Análise das entregas para determinado dia; Avaliação da capacidade livre do transporte; Informação ao Transportador

Figura nº 58. Optimização de percursos entre o Produtor e as Lojas BIO

Fonte: Elaboração Própria

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5. BIBLIOGRAFIA

APG (1994) Logística e Transportes na nova Europa – Inforgeo

BABO, P. António (2005) Mobilidade, Transportes e Acessibilidades – Documento de Enquadramento Preliminar. Norte 2015

Dados Comparativos os Censos 1991 e 2001 – INE

http://www.idrha.min-agricultura.pt/

MADRP (2004) Plano Nacional para o desenvolvimento da Agricultura Biológica

Stock, Lambert (1993) Strategic Logistics Management. Irwin, 3rd Edition

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