Entre vetustas e novitas: o conflito entre Bernardo de Claraval e Pedro Abelardo

September 29, 2017 | Autor: Rafael Bosch | Categoria: Cistercians, Monasticism, Bernard of Clairvaux, Peter Abelard, Pedro Abelardo
Share Embed


Descrição do Produto

ENTRE VETUSTAS E NOVITAS: O CONFLITO ENTRE BERNARDO DE CLARAVAL E PEDRO
ABELARDO SOBRE O MONAQUISMO



Rafael Bosch[1]

RESUMO

Em 1131, Bernardo de Claraval fez uma visita oficial ao Paracleto, abadia
sob influência direta de Pedro Abelardo. Nesta visita, Bernardo mostrou-se
preocupado com a liturgia ali praticada. Em resposta a essa preocupação,
Abelardo enviou-lhe uma carta, na qual discute o binômio tradição e
novidade no ambiente monástico, sobretudo na então jovem ordem
cisterciense. O conflito entre ambos é um tema ainda muito discutido,
sobretudo em seu aspecto teológico, no que concerne às interpretações sobre
a Trindade e o perdão. Esta comunicação, no entanto, pretende discutir uma
faceta da dimensão monástica desse conflito.

Palavras-chave: Pedro Abelardo; Bernardo de Claraval, Monaquismo; Ordem
Cisterciense.

ABSTRACT

In 1131, Bernard of Clairvaux made an official visit to the Paraclete,
abbey under the direct influence of Peter Abelard. On this visit, Bernard
was concerned with the liturgy practiced there. In response to this
concern, Abelard sent him a letter, in which he discusses the binomium
tradition and novelty in the monastic environment, aiming particularly the
young Cistercian order. The conflict between them still is a highly debated
topic, especially on its theological aspect, regarding interpretations of
the Trinity and forgiveness. This communication, however, aims to discuss a
facet of the monastic dimension of this conflict.

Keywords: Peter Abelard; Bernard of Clairvaux; Monasticism; Cistercian
Order.



1. Introdução

É indubitável que Bernardo de Claraval e Pedro Abelardo foram figuras
de grande notabilidade no século XII. Não é à toa, portanto, que o embate
entre ambos tenha repercutido no período e tenha sido objeto das mais
diversas análises historiográficas. Desse modo, este debate já foi
entendido como aquele entre o pensamento feudal e o pensamento urbano (LE
GOFF, 2010); entre o amor e a razão (ROCHA, 1996); entre a tradição e a
modernidade (CHENU, 2006).

Seja qual for o binômio empregado, a maioria dessas análises toma como
centro a questão teológica do debate. Assim, a ética abelardiana e a
polêmica sobre a Trindade são os elementos que compõem o fio condutor
dessas análises. O que, de fato, é pertinente. Afinal, se nos atermos à
lista de heresias que Bernardo imputou a Abelardo perceberemos que elas
versam justamente sobre isso.[2] No entanto, raramente se menciona que
ambos tinham concepções distintas a respeito do monaquismo.

É exatamente sobre esse ponto que essa comunicação buscará se
aprofundar. Para isso, analisaremos uma carta que Abelardo enviou à
Bernardo em que discutiu acerca de inovações e tradições no ambiente
monástico. Trata-se de um texto que sobreviveu apenas em um manuscrito (BnF
lat. 13057) e deve ter sido escrito não muito depois de 28 de novembro de
1131, data que voltaremos a ver. Ele foi pouco estudado pela historiografia
e o que se sabe até o momento é que Bernardo, infelizmente, não o
respondeu. No entanto, a partir de outros textos produzidos no período, é-
nos possível supor como a epístola de Abelardo foi recebida.

Nossa análise consistirá, dado ao tempo limitado que dispomos, de uma
simples leitura do documento em questão, buscando realizar uma análise
semântica de termos chaves e pensa-lo em seu contexto de produção.
Portanto, comecemos por esse para, enfim, adentrarmos à análise da carta de
Abelardo.




2. Antecedentes

A década de 30 do século XII foi um momento de conflitos. No início
desta, o então papa Honório II faleceu e uma eleição foi convocada. Por
conta de uma série de tensões internas, dois papas foram eleitos,
configurando um cisma no seio da cristandade. De um lado Anacleto II e de
outro Inocêncio II se declaravam papas. O racha estava dado e ambos
buscavam todo apoio político e militar que podiam. Nesse contexto,
Inocêncio II organizou um concílio na abadia de Morigny para angariar
forças da igreja francesa[3]. Nesse estavam presentes os religiosos mais
importantes da França no período, entre eles Bernardo e Abelardo.

Bernardo lá estava para firmar seu apoio à Inocêncio II e, como
sabemos, posteriormente acabou se tornando seu maior aliado político, o que
lhe garantiu imenso prestígio e poder, a ponto de autores sustentarem que,
por um tempo, o verdadeiro centro da Cristandade havia se mudado do papado
para Claraval, tendo Bernardo como seu maior representante. (MURRAY, V.
1967: 17). Abelardo, por sua vez, mais do que prestar apoio a Inocêncio II,
buscou o seu auxílio para duas questões que lhe eram caras.

Tratava-se, também, de um período de conflitos na vida de Abelardo.
Desde a segunda metade da década de 1120, Abelardo era abade de Saint
Gildas-Rhuys, um mosteiro afastado na Bretanha. Este, segundo ele, era
habitado por monges indisciplinados, praticantes de concubinato e também
criminosos, a ponto de tentarem assassiná-lo mais de uma vez.[4] Em meio a
esse clima de tensão, Heloísa, sua esposa, que era monja em Argentuil
acabava de ser expulsa, em 1130, junto com suas irmãs, de seu mosteiro
feminino pelo abade Suger de Saint-Denis.[5] Abelardo, consternado pela
situação, doou o Paracleto, um oratório que ele havia fundado em 1123, à
Heloísa, para acolhê-la e suas irmãs monjas. Em pouco tempo, o antigo
oratório começou a crescer, tomando corpo de mosteiro e fazendo sua fama se
espalhar.

É nesse contexto que se formularam os pedidos de Abelardo. Em primeiro
lugar, solicitou ajuda em relação aos monges que estavam sob seu comando em
Gildas-Ruys. O pedido foi atendido e um legado papal teria ido à sua
abadia, mas não logrou resultado algum, como nos diz Abelardo:

Enfim, pela intervenção da autoridade do Romano Pontífice
Inocêncio – que designou um Legado para isto -, eles [os
monges indisciplinados] foram forçados a renovar o
juramento e outros mais, na presença do conde e dos
bispos. Mas, nem assim descansaram. (ABAELARDUS, 1844-
1855, PL. 178: 180).[6]

Em segundo lugar e o que mais nos interessa, Abelardo demandou que o
Paracleto fosse instituído, de fato, como uma abadia feminina e que Heloísa
fosse nomeada como abadessa. Novamente, teve o seu pedido atendido e em 28
de novembro de 1131 Heloísa e o Paracleto foram reconhecidos em documento
assinado pelo papa. No entanto, para que isso pudesse vir a ocorrer, era
necessário que uma visita "oficial" ocorresse de modo a comprovar que o
antigo oratório pudesse se tornar oficialmente uma abadia.

Esta visita foi realizada por Bernardo de Claraval. Ele, segundo nos
conta Abelardo, edificou, como um anjo, as monjas com suas sagradas
pregações (ABAELARDUS, 1983: 239.)[7]. No entanto, Bernardo teria ficado
incomodado com um detalhe litúrgico, em que, durante os ofícios diários, as
preces não eram feitas da mesma maneira que em outros lugares. (ABAELARDUS,
1983: 239.)[8] Para Bernardo, Abelardo, mentor da abadia, poderia ser visto
como um inovador nesses assuntos (ABAELARDUS, 1983: 239.)[9]. É este
comentário que motiva a carta de Abelardo a Bernardo, nela ele buscará
justificar a sua opção litúrgica e ainda discute sobre a natureza da
inovação e da tradição no ambiente monástico. É nela que nos deteremos
agora.

3. Entre vetustatis e novitatis

Nos parece possível dividir a carta em duas partes bem definidas. Uma
primeira parte em que Abelardo justifica a alteração na liturgia praticada
no Paracleto, do qual ele era responsável, e uma segunda em que se discute
a natureza da inovação e da tradição no ambiente monástico.

Mas que alteração é essa que incomodou Bernardo e motivou Abelardo a
escrever uma carta? Abelardo ordenou a Heloísa que a oração Pai-Nosso fosse
alterada de modo que a passagem "o pão nosso de cada dia" fosse substituída
para "o pão substancial". A justificativa dessa alteração é simples.
Segundo Abelardo, essa oração nos chegou por duas vias: Mateus e Lucas. O
primeiro, um apóstolo e evangelista, esteve presente na primeira vez que a
prece foi dita. O segundo foi discípulo de Paulo e, por isso, não a ouviu
dos lábios de Cristo. Sendo assim, para Abelardo, está claro que a versão
de Mateus é mais completa e correta do que a de Lucas. E na sua versão há
"o pão substancial" ao invés de "o pão nosso de cada dia" [10] (ABAELARDUS,
1983: 240-241).

Em sua defesa, Abelardo sustentou que não é uma questão de acusar
Lucas de falsidade, mas sim que a palavra "substancial" expressa melhor a
excelência do pão na oração. Além disso, os gregos – que para Abelardo, se
baseando em santo Ambrósio, possuem mais autoridade – sabiamente ainda
utilizavam a versão de Mateus. Deste modo, Abelardo afirmou que "se eu não
estou enganado, eu devo ser acusado de restauração ao invés de inovação, e
não devo ser censurado por presunção, já que neste assunto eu estou
seguindo tanto o Senhor quanto os apóstolos e a manifesta sabedoria dos
gregos" (ABAELARDUS, 1983: 242-243)[11]. E ainda se defendeu dizendo que
não estava ordenando ou pedindo para que alguém o seguisse. "Deixe que cada
um siga seu próprio entendimento, mas que se lembre, seja lá quem for, que
a prática comum não deve ser posta antes da razão e que o costume não é
preferível à verdade" (ABAELARDUS, 1983: 243)[12].

Notemos como a novitas foi aqui interpretada. Em primeiro lugar,
Bernardo teria ficado commutatum com ela, incomodado ou perturbado. Em
seguida, ao saber que poderia ser visto como um inovador, Abelardo se viu
na necessidade de escrever uma excusatio, uma desculpa ou justificativa,
para reparar a offensatio, crítica ou incômodo, de Bernardo. Podemos
concluir aqui que a novidade era algo pejorativo. Giles Constable já notara
que a novidade era algo que os reformadores lutavam contra, em particular
Bernardo que defendia uma liturgia baseada preceitos tradicionais e
autênticos (CONSTABLE, 1996: 143).

Tendo isso em mente, é interessante notar como Abelardo desenvolve a
segunda parte de sua carta. Após se proclamar um restaurador e defensor da
verdade em relação ao costume, Abelardo se voltou à, então jovem, ordem
cisterciense. Em uma argumentação direta, afirmou que se tratava de uma
ordem que seguia uma liturgia distinta do costume de todas as outras
igrejas.

Vocês [cistercienses] que são recém-surgidos e que tiram
grande proveito de novidades, estabeleceram, por meio de
alguns novos decretos, que vocês realizariam os ofícios
divinos de uma maneira diferente, contrária a todo costume
que há muito foi estabelecido e que ainda permanece entre
monges e clérigos (ABAELARDUS, 1983: 244-245)[13].

E segue sua argumentação reiterando que:

Mas vocês não acham que devam ser censurados por isso. Se
essa inovação ou a singularidade de vocês diferem dos
antigos costumes seguidos pelos outros, então vocês
acreditam que ela está muito mais em harmonia com a razão
e o sentido da Regra. Vocês não se preocupam o quanto os
outros possam se maravilhar ou reclamar, desde que sigam
em conformidade com sua própria razão (ABAELARDUS, 1983:
245) [14].

Não contente em apenas inverter a lógica de atribuição da inovação,
Abelardo fez questão de apontar tudo aquilo que considera como inovador no
que a ordem cisterciense pratica. Assim demonstrou como os cistercienses
recusaram as orações costumeiras e introduziram outras, menos numerosas e
desconhecidas; como eles se contentam com apenas uma única oração –
enquanto a Igreja utiliza diversas – nos dias de vigília; como também
aboliram as orações ditas em todos os lugares após a prece e súplica de
Deus, bem como aquelas pedindo a ajuda dos santos como se, ainda na ótica
de Abelardo, o mundo não precisasse de suas preces e como se os
cistercienses não precisassem das preces dos santos; e, o que lhe foi mais
estranho mencionar, embora dediquem todas as suas abadias à mãe de Cristo,
como eles removeram todas as festas em honra a ela.[15] (ABAELARDUS, 1983:
246.)

Após elencar todas essas inovações, Abelardo finalmente postulou que
"o Apóstolo não proíbe inovações nas palavras, exceto por aquelas que são
profanas e contrárias à fé" (ABAELARDUS, 1983: 246)[16]. Dito isto, o autor
passou a celebrar a diversidade, já que "aquele que desejou que seu
evangelho fosse pregado para pessoas de todas as línguas, ordenou que fosse
cultuado de maneiras diferentes" (ABAELARDUS, 1983: 246)[17]. A principal
questão para Abelardo é que as preces podiam ser feitas da forma como as
pessoas desejassem, contanto que o sentido original se mantivesse:

Para satisfazer a todos, eu repito o que eu disse antes,
deixe que cada um aja conforme seu entendimento. Deixe-nos
dizer essa prece como desejarmos. Eu não estou pedindo que
ninguém me siga nesse assunto, deixe que nós mudemos a
palavra de Cristo como quisermos. Mas eu manterei, o
quanto puder, essas palavras em seu significado inalterado
(ABAELARDUS, 1983: 247.)[18].

Deste modo, a princípio, parece-nos impossível situar o pensamento de
Abelardo como uma defesa da novidade ou do tradicional. Ele se situa
justamente entre a vetustatis e a novitatis. Se ele inovou na forma de se
expressar, em nenhum momento, segundo sua própria defesa, buscou modificar
a mensagem original da fé cristã, pois se baseou em preceitos antigos do
Cristianismo.



4. Conclusão

Como já dissemos anteriormente, sabe-se que essa carta nunca foi
respondida. No entanto, isso não impediu que os historiadores se
questionassem a respeito do modo que ela foi interpretada. Mary Martin
McLaughlin apontou que há dois posicionamentos gerais sobre isso: aquele
que vê a carta como um texto amigável e reconciliatório; enquanto outros a
interpretam como um texto irônico e bastante agressivo (MCLAUGHLIN, 2009:
272-273). Posicionamo-nos nesta segunda categoria. Porque mais do que
elencar as novidades trazidas pela ordem cisterciense, Abelardo pontuou o
quão pobre era a liturgia desta ordem – crítica já um tanto comum no
período (CONSTABLE, 1996: 209-216) – e deixou bem claro que eles haviam se
esquecido de seu papel para com a sociedade.

Mais do que isso, parece-nos que Bernardo não a recebeu muito bem. O
que nos possibilita dizer isso é a própria relação entre ambos. Após menos
de um ano, Abelardo escrevia em sua Historia Calamitatum que Bernardo se
vangloriava de ter ressuscitado a vida dos monges, e que ele, juntamente
com Norberto de Xanten – fundador da ordem dos premonstratenses –, viajavam
pelo mundo

como pregadores, atacando-me quanto podiam, sem nenhum
escrúpulo, tornaram-me, durante algum tempo, repreensível
diante de algumas autoridades, tanto leigas quanto
eclesiásticas, e espalharam sobre minha fé e sobre minha
vida coisas tão sinistras, que alguns de meus principais
amigos afastaram-se de mim, [...], por causa do medo que
tinham. [19] (ABAELARDUS, 1844-1855, PL. 178: 163-64)

Por outro lado, temos, aproximadamente sete anos depois, uma carta
que Bernardo enviou ao cardeal Ivo de Chartres. Esta se inicia da seguinte
forma:

Mestre Pedro Abelardo, um monge sem regra, um superior sem
responsabilidade, não mantém ou permanece em ordem. Ele é
um homem em contradição, um Herodes por dentro um João por
fora, uma pessoa completamente inconfiável. Nada tendo de
monge, além do hábito e do nome. (BERNARDUS, Ep. 193, 1956-
1977: 185)[20].

É interessante notar que, em um contexto de graves acusações de
heresia a Abelardo, Bernardo priorizou a imagem deste como monge para fazer
suas críticas. O que deixa claro a importância da questão monacal e,
também, nos permite questionar se o conflito entre ambos não teria, a
princípio, se iniciado justamente por conta de visões diferentes acerca da
natureza da vida monástica.

À guisa de conclusão, há alguns pontos que gostaríamos frisar. Em
primeiro lugar, pudemos observar o quão complexa é a relação entre inovação
e tradição no contexto reformador do século XII. Giles Constable atentara à
polissemia dessas palavras no período (CONSTABLE, 1996: 3-10), e foi
exatamente o que aqui notamos. Deste modo, podemos concluir que analisar o
período simplesmente por meio de binômios – como, por exemplo, inovação e
tradição, urbano e rural, etc – é reduzir a sua complexidade à
incompreensão.

No entanto, o que mais nos interessa e que será central para a
realização de nossa pesquisa é atentar ao fato de que Abelardo estava, de
fato, inserido nesse contexto reformador, de modo que ele discutiu acerca
da natureza da vida monástica com figuras de maior importância da época. No
caso do texto aqui analisado pode-se perceber que Abelardo, a partir do seu
interesse pela gramática e filosofia da linguagem, mais do que discutir a
natureza da novitas ou da vetustas, ele buscou legitimar o modelo de
liturgia que propôs ao Paracleto atribuindo à sua proposta uma maior
verossimilhança à sua origem.

Assim, podemos afirmar que há claras relações entre a vida e obra de
Abelardo com o monaquismo e que estas são passíveis de análise. Uma análise
que, embora pouco feita pelos historiadores, pode nos revelar mais acerca
desta sociedade, principalmente sobre como esta lidava com as novas formas
de vida religiosa que então surgiam.







REFERÊNCIAS

ABAELARDI, Petri. Epistolae. Ed. Migne, PL 178, 1844-1855.

Biblia Sacra iuxta vulgatam Clementinam, ed. Michaele Tveedale. Londres:
CBCEW, 2006.

CHENU, Marie-Dominique. O despertar da consciência da civilização medieval.
São Paulo: Edições Loyola, 2006.

CONSTABLE, Giles. The reformation of the twelfth century. Cambridge:
Cambridge University Press, 1996.

LE GOFF, Jacques. Os intelectuais na Idade Média. Rio de Janeiro: José
Olympio, 2010.

MCLAUGHLIN, Mary Martin. The letters of Heloise and Abelard. A translation
of their collected correspondence and related writings. New York: Palgrave
MacMillan, 2009.

MEWS, Constant. Abelard and Heloise. New York: Oxford University Press,
2005.

MURRAY, Victor. Abelard and St. Bernard: A study in twelfth century
"modernism". Manchester: Manchester University Press, 1967.

ROCHA, Zeferino. Paixão, violência e solidão: O drama de Abelardo e Heloísa
no contexto cultural do século XII. Recife: Editora universitária da UFPE,
1996.

RUST, Leandro Duarte. As colunas de São Pedro: a política papal na idade
média central". São Paulo: Annablume, 2011

SMITS, E. R. (Ed.) Peter Abelard: Letters IX-XIV. Groningen:
Rijksuniversiteit te Groningen, 1983.

Sancti Bernardi Opera, ed. Jean Leclerq, et al., 8 vols. (Rome, 1956-77).

-----------------------
[1] Mestrando em História Cultural pelo Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas da Unicamp. E-mail para contato: [email protected]
[2] Sobre a lista de heresias e à sua formulação, remetemos a: MEWS,
Constant, 2005: 226-250.
[3] Para uma análise mais atenta ao cisma em questão, remetemos a: RUST,
Leandro. 2011: 301-369.
[4] Sobre os monges, ver as próprias palavras de Abelardo: "[...] sed
unusquisque de propriis olim marsupiis se et concubinas suas cum filiis vel
filiabus sustentaret. Gaudebant me super hoc anxiari, et ipsi quoque
furabuntur et asportabant quae poterant" [destaques nossos]. (ABAELARDUS,
1844-1855, PL. 178: p.166).
[5] O motivo disso é um tanto nebuloso. Oficialmente o ato foi justificado
por conta de conduta indecorosa. No entanto, estudos recentes apontam que a
desapropriação da abadia de Argentuil e a consequente expulsão das monjas
está mais relacionado a motivos econômicos do que à sua conduta. Para mais,
conferir os apêndices de, Mary Martin Mclaughlin em MCLAUGHLIN, Mary
Martin, 2009.

[6] "[...] tandem per auctorictatem Romani Pontificis Innocentii, legato
proprio ad hoc destinato, in praesentia comites et episcoporum hoc ipsum
jurare compulsi sunt et pleraque alia; nec sic adhuc quieverunt."
[7] "et non tanquam hominem, sed quasi angelum tam eam quam sorores suas
sacris exhortationibus corroborasse."
[8] "aliquantulum commotum esse, quod in oratorio illo oratio Dominica non
ita ibi in horis quotidianis sicut alibi recitari soleret"
[9] "et cum hoc per me factum crederetis, me super hoc quasi de novitate
quadam notabilem uideri."
[10] Segundo o evangelho de Mateus, o trecho da oração é: panem nostrum
supersubstantialem da nobis hodie (MATEUS, 6:11). Já no evangelho de Lucas,
a oração é apresentada da seguinte maneira: panem nostrum cotidianum da
nobis hodie (LUCAS, 11: 3) [destaques nossos].
[11] "His itaque, ni fallor, tam rationibus quam auctoritatibus uetustatis
potius quam nouitatis arguendus uideor et minus de praesumptione censendus,
qui tam Dominum quam apostolos et manifestam Graecorum prouidentiam in hoc
praecipue sequor."
[12] "Nemini tamen praecipio, nemini persuadeo, ut me in hoc sequatur et a
communi recedat usu. Habundet unusquisque in sensu suo. Illud tamen,
quieunque est ille, attendat nee usum rationi nec consuetudinem
praeferendam esse ueritati."
[13] "Vos quippe quasi nouiter exorti ac de nouitate plurimum gaudentes,
praeter consuetudinem omnium tam clericorum quam monachorum longe ante
habitam et nunc quoque permanentem, nouis quibusdam decretis aliter apud
uos diuinum officium instituistis agi".
[14] "Nec tamen inde uos accusandos censetis, si haec uestra nouitas aut
singularitas ab antiquitate recedat aliorum, quoniam rationi plurimum et
tenori regulae creditis concordare, nec curatis quantacumque admiratione
super hoc alii moueantur ac murmurent, dummodo uestrae quam putatis,
rationi pareatis".
[15] "Quorum ut pauca commemorem pace uestra, hymnos solitos respuistis et
quosdam apud nos inauditos et fere omnibus ecclesiis incognitos ac minus
sufficientes introduxistis. Unde et per totum annum in uigiliis tam
feriarum quam festiuitatum uno hymno et eodem contenti estis, cum ecclesia
pro diuersitate feriarum uel festiuitatum dinersis utatur hymnis, sicut et
psalmis uel caeteris quae his pertinere noscuntur, quod et manifesta ratio
exigit. [...]Preces quae post supplicationem et orationem Dominicam ab
ecclesia ubique celebrantur et ea quae suffragia sanctorum dicuntur, omnino
a uobis fieri interdixistis, quasi uel precibus uestris mundus uel uos
suffragiis sanctorum minus egeatis. Et quod mirabile est, cum omnia
oratoria uestra in memoria matris Dominicae fundetis, nullam eius
commemorationem, sicut nec caeterorum sanctorum ibi frequentatis."
[16] "Non enim uocum nouitates, sed profanas tantum et fidei contrarias
Apostolus interdicit".
[17] "Qui ergo omnium linguarum generibus praedicari uoluit, ipse diuersis
officiorum modis uenerari decreuit."
[18] "Denique, ut omnibus satisfatiam, nunc etiam ut superius dico, abundet
unusquisque in sensu suo dicat eam quomodo uoluerit. Nemini persuadeo ut me
in hoc sequatur. Variet uerba Christi prout uoluerit. Ego autem sic illa,
sicut et sensum, quantum potero, inuariata seruabo."
[19] "Hi praedicando per mundum discurrentes et me impudenter quantum
poterant corrodentes, non modice tam eclesiasticis quibusdam quam
saecularibus potestatibus contemptibilem ad tempus effecerunt, et de mea
tam fide quam vita adeo sinistra disseminaverunt, ut ipsos quoque amicorum
nostrorum praecipuos a me averterent [...] hoc ipsi modis omnibus metu
illorum dissimularent"
[20] "Magister Petrus Abaelardus, sine regula monachus, sine sollicitudine
praelatus, nec ordinem tenet, nec tenetur ab ordine. Homo sibi dissimilis
est, intus Herodes, foris Joannes; totus ambiguus, nihil habens de monacho,
praeter nomen et habitum."
Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.