\" Nós vamos festejar o que? \" : O Primeiro de Maio e a reorganização do operariado (1968-1984) SIICUSP 2016

May 28, 2017 | Autor: Ana Paula Bertho | Categoria: Memoria, Ditadura Militar, Movimento Operário
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“Nós vamos festejar o que?”: O Primeiro de Maio e a reorganização do operariado (1968-1984) Ana Paula Santana Bertho Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas/USP [email protected]

Objetivos Este trabalho, financiado pela FAPESP, analisa a celebração do Primeiro de Maio no Regime Militar brasileiro na Grande São Paulo, focando-se em datas que abrangem suas diversas conjunturas (a saber, 1968, 1971, 1974, 1977, 1979, 1980, 1983 e 1984). Inserida em debates relativos à reorganização do operariado nos anos 1970 e aos lugares de memória operária, a abordagem possibilita destacar elementos sobre a reconstrução, no plano simbólico e identitário, da imagem do trabalhador/operário em um período de desmobilização e forte repressão política.

Métodos e Procedimentos A partir da identificação de que diversos agentes disputavam narrativas e ações durante este dia, procurou-se mapeá-las e refletir sobre os atores envolvidos e suas práticas culturais. Para tal, foram escolhidos os seguintes agentes e fontes: o Estado (O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo e Diário do Grande ABC); sindicatos (Tribuna Metalúrgica e ABCD Jornal); partidos (Voz Operária, Frente Operária e O Trabalho); organizações de esquerda (O Movimento e Em Tempo) e a Igreja (predominantemente produções ligadas à Pastoral Operária, como cadernos de Primeiro de Maio e folhetos).

Resultados A análise demonstrou que a data não deixou de ser comemorada no período e foi um campo privilegiado de intervenção, partindo da memória do massacre de Chicago para tratar dos problemas socioeconômicos da classe. Por

isso, havia disputas quanto a sua organização, sobre os tipos de atividades que seriam feitas (discussões políticas ou atividades mais lúdicas?) e que sentidos seriam atribuídos à efeméride (dia de festa ou de luta? Dia do trabalho ou do trabalhador?).

Conclusões Assim, a data tem importância como síntese dos debates em torno do Movimento Operário por parte do Estado, dos sindicatos, da Igreja e da esquerda durante a Ditadura Militar, a partir do diálogo entre memória e conjunturas de maior ou menor repressão estatal e de politização da sociedade brasileira.

Referências Bibliográficas NAPOLITANO, Marcos. 1964: História do Regime Militar Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2014. NORA, Pierre. Les lieux de mémoire. Paris : Éditions Gallimard, 1997. SADER, Éder. Quando novos personagens entraram em cena: experiências e lutas dos trabalhadores da Grande São Paulo (19701980). São Paulo: Paz e Terra, 2001, 4ª edição. TELLES, Vera da Silva. A experiência do autoritarismo e práticas instituintes: Os Movimentos Sociais em São Paulo nos anos 70. 1985, 144f. Dissertação (Mestrado em Ciências Políticas). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

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