“O Aprendiz de Feiticeiro” Relações da música de Paul Dukas com a animação de Walt Disney.

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JEFFERSON SINI BARBOSA

“O Aprendiz de Feiticeiro” Relações da música de Paul Dukas com a animação de Walt Disney.

Faculdade Integrada Cantareira 2014 1

JEFFERSON SINI BARBOSA

“O Aprendiz de Feiticeiro” Relações da música de Paul Dukas com a animação de Walt Disney.

Trabalho apresentado como parte dos requisitos para Conclusão do curso de Graduação em Música sob orientação do Mestre Matheus Bitondi

Faculdade Integrada Cantareira 2014

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Dedico este trabalho à minha mãe, que com carinho me apresentou à Música, ao Piano e a Walt Disney.

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AGRADECIMENTOS

A minha namorada Caroline Araújo Pelo imenso incentivo e apoio, sem os quais esse trabalho não teria sido realizado.

A meu irmão Vinicius Sini Pelas longas discussões musicais e leituras deste trabalho

A meu pai Jairo Soares, e minha irmã Larissa Sini Por estarem ao meu lado desde o inicio da minha carreira e aprendizado musical

Aos professores Antônio Ribeiro, Júlio Cesar Figueiredo e Cristina Machado Pelo imensurável aprendizado que me proporcionaram

Ao professor Matheus Bitondi Pela valiosa orientação e pelos tão construtivos almoços

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RESUMO “O Aprendiz de Feiticeiro” Relações da música de P.Dukas com a animação de Walt Disney.

Autor: Jefferson Sini Barbosa Orientador: M.S Matheus Bitondi

Este trabalho tem por objetivo correlacionar as obras de Paul Dukas e Walt Disney em busca das relações que a animação propõe sobre a música pré-composta, uma vez que o poema sinfônico de Dukas foi usado como trilha sonora para a animação de Disney no filme Fantasia, que por sua vez, não possui falas. Foram realizadas análises sobre o poema sinfônico O Aprendiz De Feiticeiro de P. Dukas, de maneira a identificar os temas, variações de temas, motivos, dinâmica, timbre e textura; e estes foram relacionados com as imagens, personagens e ambientes das cenas do filme de forma a entender as relações inseridas por Walt Disney no segmento O Aprendiz de Feiticeiro do filme Fantasia (1940). Ao Final deste trabalho foram detectados dois motivos principais na obra de Dukas, os quais foram explorados por Disney, de maneira a serem criados padrões de utilização de movimentos e ações dos personagens nas aparições destes motivos. Palavras-Chave: Walt Disney, Paul Dukas, O Aprendiz de Feiticeiro, Música e Imagem.

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Lista de figuras

Figura 1: O Motivo 1 Estendido, Cena 1................................................................12 Figura 2: O Motivo 1 Estendido, Cena 2................................................................14 Figura 3: O Motivo 1 Estendido, Cena 3.................................................................16 Figura 4: O Motivo 1 Comprimido, Cena 1...............................................................18 Figura 5: O Motivo 1 Comprimido, Cena 2..........................................................19 Figura 6: Trecho orquestral do Motivo 1 de maneira comprimida, em naipes diferentes........................................................................................................... 20 Figura 7: O Motivo 1 Comprimido, Cena 3 ..........................................................22 Figura 8: O Motivo 1 Comprimido, Cena 4. Naipe de Madeiras...........................23 Figura 9: O Motivo 1 Comprimido, Cena 4. Naipe de Cordas..............................23 Figura 10: O Motivo 2.........................................................................................25 Figura 11: O Motivo 2, Cena 1............................................................................25 Figura 12: O Motivo 2, Cena 2............................................................................26 Figura 13: Utilização das 4 primeiras notas do Motivo 2 fragmentado.................28 Figura 14: Utilização das 5 primeiras notas do Motivo 2 fragmentado.................28 Figura 15: Recapitulação do tema das Vassouras..............................................29

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 8 2. ANÁLISE.................................................................................................... 12 2.1 MOTIVO 1. .............................................................................................. 12 2.2 MOTIVO 2 (Tema das Vassouras) .......................................................... 25 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 31 4. REFERÊNCIAS ......................................................................................... 33

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1. INTRODUÇÃO Segundo Neal Gabler, existem relatos de que Walt Disney (1901-1966), desde o inicio de sua carreira cultivava o sonho de criar Silly Symphonies (série que ele produziu entre 1929 e 1939) em que, como disse a um entrevistador seria “a pura fantasia que se desdobra em um padrão musical, sem ser restringida pela ilusão de realidade”, Walt Disney também nomeava este tipo de produção de The Concert Feature (O filme do concerto). (GABLER, 2006, p. 342) Este anseio ganhou forças quando Disney encontrou o maestro polonês Leopold Stokowski em um restaurante em Los Angeles, no verão de 1937, e então discutiu com o maestro um projeto de um filme em curta metragem do scherzo sinfônico de Paul Dukas “L’apprenti Sorcier” (O Aprendiz de Feiticeiro). Stokowski regia a Orquestra de Filadélfia e se interessou pelo projeto. Meses depois ele e Disney montaram uma espécie de parceria para a produção do filme. (GABLER, 2006, p. 342)

Em janeiro de 1939, Stokowsi viajou da Filadélfia à Los Angeles para as primeiras gravações da obra de Dukas para o filme. Porém, segundo Gabler, ele estava munido de uma considerável porção de seu repertório, e quando o apresentou a Walt Disney este decidiu que O Aprendiz de Feiticeiro seria apenas um dos segmentos de um filme que associaria desenho animado a música clássica. Esta ideia gerou a produção de um filme que posteriormente foi intitulado Fantasia. (GABLER, 2006, p. 346)

Fantasia é um filme de animação lançado em 1940, da Walt Disney Pictures, dirigido por Samuel Armstrong e produzido por Walt Disney. É o filme de animação mais longo produzido pela Disney, com 124 minutos. Composto por oito segmentos animados, cada um é acompanhado por excertos de música, tocados pela Orquestra de Filadélfia (EUA) regida por Leopold Stokowski. Algumas das obras tocadas no filme são consideradas música programática, termo que caracteriza a composição que tem caráter descritivo

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de pessoas, coisas, acontecimentos ou objetos1. O anfitrião e narrador do filme, Deems Taylor, introduz cada segmento do filme, tecendo algumas considerações sobre a intenção original do compositor, uma vez que todas as músicas são previamente compostas, sem nenhuma intenção da parte dos compositores de que as obras fossem utilizadas como trilha2. Este filme inclui as obras: Johann Sebastian Bach - Tocata e fuga em ré menor; Paul Dukas - O Aprendiz de Feiticeiro; Pyotr Ilyich Tchaikovsky - Suíte Quebra-nozes; Igor Stravinsky - Sagração da primavera; Ludwig van Beethoven - Sinfonia nº 6 (Pastoral); Amilcare Ponchielli - A dança das horas; Modest Mussorgsky - Uma noite no Monte Calvo e Franz Schubert - Ave Maria. A peça “O Aprendiz de Feiticeiro”, que será analisada neste trabalho, é originalmente uma balada escrita pelo alemão J. Wolfgang von Goethe (17491832) intitulada “Der Zauberlehrling”, publicada em 1827. Paul Dukas (1865-1935), compositor impressionista francês, resgatou a balada de Goethe em um poema sinfônico intitulado “L’Apprenti Sorcier “em 1897. Quatro décadas depois, sob influência do poema de Goethe e da obra de Dukas, Walt Disney elaborou a conhecida e já citada sequência do filme Fantasia3. No enredo do filme, Mickey Mouse é apresentado como um aluno de magia, o Aprendiz de Feiticeiro, que está encarregado de encher um caldeirão. Para isso ele deve buscar água em uma fonte e carregar os baldes até seu destino. Cansado do trabalho, o Aprendiz decide roubar o chapéu mágico de seu Mestre (segundo Brian Sibley, o Mestre chama-se Yen-Sid, que seria o nome Disney escrito de maneira invertida, conforme afirma Sibley no próprio dvd do filme fantasia, este nome foi dado ao personagem pois ele teria sido 1

Henrique Autran Dourado - Dicionário de termos e expressões da música.

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Informações retiradas do site http://musicascomcultura.blogspot.com.br/2012/06/fantasia-de-waltdisney.html Acesso em 12/09/14. 3

Informações retiradas do site http://www.deldebbio.com.br/2011/10/28/o-aprendiz-de-feiticeiro-2/ Acesso em 17/09/14.

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desenhado conforme algumas características físicas do próprio Walt Disney) e então utilizar a magia deste chapéu para dar vida a uma vassoura, para que esta realize o trabalho em seu lugar. Porém, o Aprendiz não sabe como desfazer o feitiço e acaba causando uma grande inundação em todo o recinto. Ele decide então destruir a vassoura com um machado, mas a vassoura se reconstrói magicamente e se multiplica, transformando a situação em puro caos até que o mestre finalmente surge e desfaz toda a confusão. (Encarte do DVD do Filme Fantasia, Edição especial 2010). O Presente trabalho busca esclarecer a forma como Walt Disney interpretou a música previamente composta de Paul Dukas que foi usada no segmento O Aprendiz de Feiticeiro, buscando o entendimento das relações inseridas por Disney na movimentação dos personagens, nas situações encontradas no filme e nas ações executadas, e esclarecendo a maneira como o filme está relacionado com a música de Dukas e como a simples movimentação pode acompanhar as ideias e climas sugeridos pela música. Conforme o historiador da Disney Brian Sibley: A animação de O Aprendiz de Feiticeiro se baseia totalmente no uso de mímica e não possui nenhum tipo de fala, deixando para os gestos toda a interpretação do clima musical. (Animação Fantasia, Edição especial 2010).

Portanto o objetivo deste trabalho consiste em analisar o poema sinfônico de P. Dukas, de maneira a identificar os temas, suas variações e seus desenvolvimentos, assim como analisar sua estrutura tímbrica de forma a entender as relações inseridas por Walt Disney na animação. Serão levados em consideração parâmetros como: 

Estruturação motívica: como os motivos representam a identificação de ações ou personagens, e de que maneira eles estão relacionados com a movimentação e construção das imagens.



Ritmo: como as ações se encaixam na estrutura rítmica e como a animação acompanha a pulsação, acentuação ou condução rítmica da peça.

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Instrumentação: como Walt Disney interpretou as mudanças de timbres criadas por Paul Dukas e como ele elabora na imagem uma representação do timbre que está sendo gerado pela orquestra.

O Presente trabalho se justifica pela sua relevância no campo musical, uma vez que dispomos de pouquíssimas pesquisas e análises que abordem um tema que relacione a música com a imagem necessariamente. Visto que nesta obra a música utilizada na animação foi composta quatro décadas antes da produção do filme, gerando assim uma preocupação da parte dos produtores quanto à interpretação da música para a inserção da imagem, uma vez que a música está ditando os climas nos quais as imagens serão inseridas. O presente trabalho não se trata de uma análise detalhada da obra sinfônica de Paul Dukas, tampouco uma análise descritiva de cada cena da animação de Walt Disney, mas sim uma análise que busca por padrões de criação, por interpretação de motivos e de climas musicais que serão convertidos em animação. Portanto, as análises serão organizadas segundo os dois motivos principais identificados e desenvolvidos diversas vezes ao longo de toda a obra, nos quais foram identificados padrões na criação do conteúdo de Walt Disney.

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2. ANÁLISE

2.1 MOTIVO 1. O Motivo 1 é identificado de duas maneiras na peça, primeiramente de uma maneira estendida, utilizando um andamento mais lento, e posteriormente de uma maneira alongada, se utilizando de um andamento mais rápido. O Motivo 1 de maneira estendida é tocado pelos violinos nos primeiros segundos do filme, em um andamento de colcheias a 90bpm, quando o mestre está realizando um feitiço. O motivo em questão se trata de um arpejo ornamentado descendente, e neste momento do filme é feito sobre o acorde de ré diminuto com 7º diminuta. Como mostra a Figura 1.

Figura 1: O Motivo 1 Estendido, Cena 1.

Se observarmos a imagem que acompanha este momento (Figura 1), perceberemos que o personagem Mestre está realizando movimentos de um feitiço sobre um caldeirão. O Mestre primeiramente realiza com os braços movimentos lentos e curtos, em um plano superior, perto de seu rosto. Estes movimentos se conectam a uma descida rápida que logo serve de impulso para o movimento subir novamente na mesma ideia de movimentos lentos e curtos. É como se ele desenhasse um circulo no ar. 12

O que é interessante neste momento é que os movimentos do personagem são ligados ritmicamente com a música. Podemos observar que os movimentos mais longos são feitos sobre as semínimas do motivo em questão, enquanto as descidas de movimento mais ágeis são realizadas sobre as fusas. Dessa maneira os movimentos do personagem do filme estão acompanhando as ideias rítmicas do motivo. Melodicamente, também podemos observar que os movimentos do personagem são direcionados de um plano superior para um segundo plano inferior, e que a melodia deste motivo (como podemos observar na figura 1) consiste em 4 notas descendentes, contendo entre cada uma delas uma ornamentação de fusas. Ou seja, fica claro que uma ideia está sendo repetida, porém em planos diferentes e descendentes. Observamos que este motivo surge também aos min. 1:50, quando Mickey, já em posse do chapéu mágico de seu mestre, realiza um feitiço em uma Vassoura. Neste momento o motivo é realizado de forma diferente, pois ele está sendo inserido pelo compositor em uma textura que já vinha sendo construída anteriormente, de modo a fazer uma menção à ideia da inserção inicial do motivo, descrita anteriormente neste trabalho. No momento em que Mickey realiza o feitiço na vassoura as cordas novamente realizam um arpejo descendente ornamentado, porém dessa vez ele é feito sobre o acorde de si bemol aumentado na primeira inversão, como mostra a figura 2.

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Figura 2: O Motivo 1 Estendido, Cena 2.

Nota-se que o caráter do motivo é alterado pela mudança do acorde diminuto inicial para o presente acorde aumentado, porém, se observarmos os dois arpejos, perceberemos a semelhança rítmica de semínimas pontuadas ornamentadas. Observamos também a semelhança tímbrica gerada pela utilização das cordas nos dois momentos. Ao observarmos a imagem que acompanha este momento da música percebemos uma ambientação muito mais agitada do que a primeira. Neste momento o personagem se move com mais agilidade e agressividade, em posse do chapéu mágico Mickey estende suas mãos para realizar o feitiço na vassoura, nesse momento a vassoura começa a emanar um brilho intenso e de cores que passam de tons escuros a tons mais claros, e enquanto isso a sombra das mãos de Mickey é projetada na parede realizando rápidos movimentos com os dedos (ver figura 2). Ao observarmos as relações que esta cena tem com a música vemos que P. Dukas preferiu deixar as notas longas do motivo em tremolo4 nas cordas, ou seja, gerando a sensação de movimento continuo. Curiosamente, W. Disney coloca a sombra das mãos de Mickey projetadas na parede 4

Repetição em numero indefinido de uma mesma nota, em grande velocidade (Henrique Autran Dourado, Dicionário de termos e expressões da música).

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executando pequenos movimentos com os dedos em grande velocidade. O brilho que emana da vassoura também começa a piscar em grande velocidade, gerando uma relação de movimento e sentido entre a música e a imagem. Nesta cena, P. Dukas construiu a dinâmica da música de uma maneira mais intensa. A orquestra entra em um crescendo e o motivo em questão é realizado em sforzando5 pelas cordas, e a ligadura da semínima com a semicolcheia não existe mais, gerando um ataque de arco nas ornamentações do arpejo. Essa construção de dinâmica poderia possivelmente ter influenciado W. Disney a movimentar o personagem de uma maneira muito mais agressiva e ágil. Se observarmos o momento do crescendo da orquestra nesta cena, perceberemos que o brilho que emana da Vassoura começa a tomar proporções maiores conforme a dinâmica da orquestra cresce, criando desta forma uma representação em forma de imagem e movimento, para som que estamos ouvindo. Ao final do filme (min. 8:17), na cena em que Mickey está deitado no chão, logo após ter enfrentado toda a confusão que seu feitiço causou, reparamos também que seu mestre Yan-Sid surge numa escada e desfaz toda a enchente que Mickey proporcionou com seu falho feitiço. Neste momento, Mickey se ergue e olha com temor para seu mestre. Ele retira o chapéu roubado e o devolve educadamente, assim como a Vassoura que outrora foi enfeitiçada. Seu mestre, por sua vez, espera pacientemente enquanto Mickey caminha e de repente lhe aplica uma vassourada, fazendo com que o aprendiz volte correndo aos seus deveres. Ao observar a música desta cena, percebemos novamente a inserção do Motivo 1, de maneira expandida presente neste trecho. No momento em que Mickey retira o chapéu e o devolve ao mestre as cordas novamente executam o arpejo descendente ornamentado. (Ver figura 3)

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Indicação de um forte acento sobre a nota assinalada. Abreviatura [sf ou sfz] (Henrique Autran

Dourado, Dicionário de termos e expressões da música).

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Figura 3: O Motivo 1 Estendido, Cena 3.

Ao relacionarmos os momentos em que este motivo aparece, percebemos que ele está constantemente ligado às cenas em que os personagens realizam algum tipo de feitiço. Como exemplos podemos citar: a cena inicial onde o mestre está realizando um feitiço sobre um caldeirão; aos 1:50, quando Mickey está enfeitiçando a Vassoura; e no final do filme percebemos que o motivo está presente na cena final, no exato momento em que Mickey ergue o chapéu mágico para devolve-lo ao mestre, o chapéu mágico é símbolo do poder e da magia em todo o contexto do filme, tanto que o Aprendiz precisou roubá-lo para enfeitiçar a Vassoura. Trataremos agora da segunda forma deste motivo presente na peça. Como descrito anteriormente, o Motivo 1 surge de maneira estendida, (como descrita e analisada até o presente momento neste trabalho), e de maneira comprimida. O efeito de compressão do motivo é realizado através de um aumento no andamento, e mudança da fórmula de compasso. A peça inicia em um andamento de colcheias a 90bpm em um compasso 9/8. Porém, ela sofre algumas mudanças de andamento no seu decorrer, e, a partir do número seis de ensaio (First Edition, Paris: Durand & Fils. 1897. Plate D. & F.5302), a fórmula de compasso é alterada para 3/8, e o andamento pedido pelo 16

compositor é de semínimas a 116bpm, ou seja, a velocidade das colcheias, que anteriormente estava a 90bpm, chega a 232bpm. O Motivo 1 de maneira comprimida surge pela primeira vez aos min. 2:35, na cena em que Mickey conduz a Vassoura enfeitiçada até uma fonte, para que a vassoura encha os baldes d’água e leve-os até o caldeirão para enchê-lo. Nesta cena a Vassoura se aproxima da fonte com um balde em cada mão, ela levanta o braço com o balde e realiza um amplo movimento descendente de maneira a preencher o balde com a água da fonte, isso é repetido com o outro braço, enchendo os dois baldes d’água. Ao observarmos a música deste momento, percebemos que o motivo é tocado duas vezes repetidamente, acompanhando os exatos dois instantes em que a Vassoura realiza os movimentos descendentes. (Ver figura 4)

Figura 4: O Motivo 1 Comprimido, Cena 1.

Ao analisarmos e relacionarmos a cena criada por Walt Disney para ilustrar a música de Paul Dukas, percebemos a ideia rítmica presente na correlação, pois a Vassoura repete o mesmo movimento descendente nos dois braços, nos exatos instantes em que o motivo é tocado e repetido pelas cordas. Melodicamente, podemos perceber a relação do movimento descendente do 17

braço da Vassoura com o caminho descendente do arpejo ornamentado do motivo, desta vez realizado sobre o acorde de Ré bemol aumentado, sendo executado da primeira vez em posição fundamental, e da segunda vez sobre a sua primeira inversão. Após esses acontecimentos, o Aprendiz enfim consegue fazer com que a Vassoura enfeitiçada realize seu trabalho. Satisfeito pelo que acabara de fazer, ele resolve então tirar um pequeno cochilo, porém, quando acorda percebe que uma enchente está se formando, pois a Vassoura não só encheu o caldeirão d’água como ele havia lhe ordenado, mas continuou a levar e a despejar água no caldeirão até que este transbordasse, e continuou a despejar a água no local do caldeirão continuamente, provocando o inicio de uma inundação. O Aprendiz tenta inutilmente impedir a insistente Vassoura de despejar mais água no recinto, até que em dado momento ele decide destruí-la com um machado. Num primeiro momento o Aprendiz parece ter tido sucesso, porém os pedaços da vassoura despedaçada se reconstroem magicamente, até que cada um dos pedaços se transforma numa nova vassoura. Agora o Aprendiz não tinha somente uma Vassoura insistente em transportar a água da fonte para o caldeirão, mas dezenas delas. Nesta cena notamos a inserção do Motivo 1 comprimido aos min. 7:25, quando um grupo de Vassouras despejam água no caldeirão (ver figura 5).

Figura 5: O Motivo 1 Comprimido, Cena 2.

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Percebemos aqui a possibilidade de uma intenção de movimentação parecida com as descritas na Figura 4, ao analisarmos a imagem percebemos que as vassouras realizam um movimento descendente para despejar a água no caldeirão, o que pode mais uma vez ser relacionado ao Motivo 1 comprimido, que realiza o arpejo descendente nesse exato momento. Notamos que, nas aparições do Motivo 1 até agora, ele sempre foi executado pelo naipe de cordas, sendo de maneira estendida, comprimida, e utilizando-se de acordes diferentes, mas sempre mantendo o timbre gerado pelas cordas. Porém, nesta cena observamos que não somente o naipe de cordas está realizando o Motivo 1 mas também o naipe das madeiras, gerando uma mudança na percepção do timbre nesse momento pelo fato de termos uma alta quantidade de instrumentos realizando dobramentos com as cordas. Desta vez o Motivo 1 está sendo realizado sobre o acorde de mi diminuto, observemos os trechos destacados na Figura 6.

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Figura 6: Trecho orquestral do Motivo 1 de maneira comprimida, em naipes diferentes.

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É interessante observar a diferenciação conjunta que temos nesta cena, pois Paul Dukas até então havia apresentado um motivo que foi tocado unicamente pelo naipe de cordas, ou seja, uma ideia que se repete utilizandose de bases harmônicas diferentes porem limitando-se a um único timbre, o das cordas. E então nesta cena ele mostra a mesma ideia, o mesmo motivo, porém combinado com praticamente todo o naipe de madeiras (Ver figura 6), multiplicando o número de instrumentos que estão tocando o Motivo 1 e diversificando notavelmente a percepção do timbre. Enquanto isso, Walt Disney apresentou a personagem da Vassoura como única, a qual estava encarregada de encher o caldeirão d’água segundo as ordens do Aprendiz, porém, nesta cena a vassoura já havia se multiplicado e como podemos observar na figura 5 temos dezenas de Vassouras despejando água sobre o local já submerso do caldeirão. Logo percebemos que simultaneamente a música e a imagem geram a ideia de multiplicação, uma vez que em música o Motivo 1 é tocado pelos naipes de cordas e madeiras, e na imagem a vassoura é multiplicada. Nós sabemos que toda a história de O Aprendiz de Feiticeiro é baseada na balada escrita pelo alemão J. Wolfgang von Goethe, intitulada “Der Zauberlehrling”, publicada em 1827, e, segundo a análise feita por Patrick Martial6, que mostra uma interpretação da relação de cada trecho do poema de Goethe com a música de P. Dukas, nesta obra o escritor deixa clara a ideia de multiplicação no seguinte trecho: “Ai de mim! Ambas as peças chegaram a uma nova vida, agora, para fazer o meu lance, eu tenho dois servos!” 7. Sabemos que, com base na balada de J. Wolfgang von Goethe, o compositor Paul Dukas escreveu seu poema sinfônico, e com base em ambos Walt Disney desenhou seu filme. Logo, a imagem foi produzida depois do texto e da música. Não temos nenhuma informação bibliográfica sobre qual seria a intenção de Disney ou Dukas neste trecho, mas temos uma cena em que a relação da movimentação descendente do personagem se relaciona com o Motivo 1 assim como em outras vezes anteriormente, e ao mesmo tempo gera 6 7

http://www.pianoweb.fr/lapprenti-sorcier-pauldukas.php Acesso em 06/10/2014. Tradução do autor.

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a

ideia

de

multiplicação

imposta

pelo

poeta

sendo

apresentada

simultaneamente pela ampliação da instrumentação e multiplicação do personagem. Temos outro exemplo dessa relação aos min. 7:31 aonde temos exatamente a mesma relação instrumental e imagem, porém, dessa vez varias vassouras despejam água do alto de uma escada. (Ver figura 7).

Figura 7: O Motivo 1 Comprimido, Cena 3.

Notamos nesta cena a mesma utilização de instrumentação dobrada de madeiras e cordas (a figura 7 está mostrando somente o naipe de cordas por economia de espaço) e a mesma ideia relacionada ao movimento descendente da água com o arpejo descendente do Motivo 1. Na cena seguinte, aos min. 7:39, notamos que todo o ambiente já está sendo tomado por uma inundação. O Aprendiz procura formas de conseguir sobreviver e resolver o problema que causou, porém, sem sucesso. Em dado momento ele consegue manter-se sobre um grande livro que está boiando na

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água, até que ele é empurrado por uma onda que o faz descer por uma escadaria tão cheia d’água que mais parece uma pequena cachoeira. Ao observarmos a música desse momento percebemos novamente a inserção do Motivo 1 de maneira comprimida no exato momento da descida do Aprendiz pela “cachoeira” (Ver figura 8).

Figura 8: O Motivo 1 Comprimido, Cena 4. Naipe de madeiras.

A figura 8 mostra o trecho tocado pelo naipe das madeiras no momento da descida do Aprendiz pela “cachoeira”. Simultaneamente, as cordas também executam o mesmo motivo, porém dessa vez utilizando-se do tremolo, como mostra o destaque na figura 9.

Figura 9: O Motivo 1 Comprimido, Cena 4. Naipe de cordas.

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Com base nas percepções realizadas sobre as análises do Motivo 1, podemos notar que a utilização do motivo foi interpretada de duas maneiras diferentes: a primeira sendo expandida e a segunda comprimida (por questão de andamento). Ao observarmos as aparições do Motivo 1 de maneira expandida, notamos a utilização de um padrão tímbrico unicamente das cordas, e ao relacionarmos cada aparição com as cenas que o acompanhavam notamos que este motivo foi utilizado para a representação do uso da magia. Temos exemplo disso no inicio do filme quando o Mestre está preparando algum tipo de feitiço, também aos min. 1:50 quando o Aprendiz está enfeitiçando a Vassoura para dar-lhe vida, e no fim do filme aos min. 8:54 quando o Aprendiz retira o chapéu mágico (foi o chapéu que permitiu ao Aprendiz realizar o feitiço na Vassoura, logo ele é um símbolo de poder e magia no filme) e o devolve ao Mestre. Já o Motivo 1 de maneira comprimida gera um padrão de relação imagem/música totalmente diferente do anterior. Ao observarmos as relações analisadas, percebemos que este motivo está continuamente ligado ao movimento descendente e ao derramamento de água. Vemos exemplo disso aos

min.

2:35,

quando

a

Vassoura

enfeitiçada

realiza

movimentos

descendentes para retirar água da fonte; aos min. 7:25, quando um grupo de dezenas de vassouras encaminha-se para o local submerso do caldeirão e despejam água no local; aos min. 7:31, quando outro grupo de dezenas de vassouras despejam água do alto de uma escadaria; aos 7:39, quando o Aprendiz desce escorregando sobre uma “cachoeira” formada na antiga escada. Ou seja, temos o Motivo 1 de maneira estendida estabelecendo um padrão de relação com as cenas de utilização de magia, e o Motivo 1 de maneira comprimida estabelecendo um padrão de relação com as cenas que possuem momentos de movimentos descendentes com água, ou o derramamento da água em si.

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2.2.1

MOTIVO 2 (Tema das Vassouras)

Figura 10: Motivo 2

Este motivo aparece pela primeira vez aos min. 0:08 do filme, quando o Aprendiz surge caminhando, carregando dois baldes de água. Ele foi encarregado pelo Mestre de retirar água de uma fonte e encher um caldeirão, porém ele decide aproveitar a ausência do Mestre para pegar o chapéu mágico e realizar um feitiço numa vassoura para que ela ganhe vida e realize o trabalho em seu lugar. Após os eventos que narram a realização do feitiço (descritos anteriormente no presente trabalho nas análises do Motivo 1 de maneira estendida) a Vassoura finalmente ganha vida e o Aprendiz a guia em uma marcha até a fonte.

Se observarmos a música desse momento nos min. 2:14 percebemos um desenvolvimento do Motivo 2, que é tocado no momento da marcha que a Vassoura realiza juntamente com o Aprendiz para chegar até a fonte. Esse desenvolvimento gera um tema para a marcha da Vassoura que é tocado por um fagote solo (Ver figura 11).

Figura 11: O Motivo 2, Cena 1.

É curioso o fato de que P. Dukas preferiu escrever uma marcha utilizando-se de um compasso 3/8, uma vez que esse estilo é naturalmente escrito em 2, pelo fato da sua acentuação.

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Notamos a utilização de isomorfismo8, no sentido em que a imagem segue as ideias rítmicas do som, pois podemos notar que nesta cena o Aprendiz e a Vassoura marcham no exato andamento da música e utilizando movimentações mais acentuadas para respeitar inclusive as acentuações da marcha composta por P. Dukas.

Notamos uma repetição dessa ideia logo após esses acontecimentos quando o Aprendiz chega até a fonte e a Vassoura retira a água para levar ao caldeirão (está cena já foi descrita e analisada na pagina que contêm a figura 4) e então depois de levar a água até o caldeirão ele retoma a marcha aos min. 2:52 de volta à fonte. Podemos observar que, nesse trecho do retorno dos personagens à fonte, a música retoma a marcha das vassouras ilustrando novamente a marcha dos personagens (Ver figura 12).

Figura 12: O Motivo 2, Cena 2.

Dessa vez o tema das Vassouras surge com outro timbre, sendo tocado pelas cordas em pizzicato e pelos trompetes com surdina. Isso talvez tenha influenciado de alguma forma Walt Disney em seu filme, pois notamos uma 8

Correspondência biunívoca entre os elementos de dois conjuntos: isomorfismo entre forma e som. (Dicionário UNESP do Português contemporâneo).

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movimentação diferente do Aprendiz enquanto marcha. Ele da alguns saltos e faz movimentos mais abrangentes com os braços. De certa forma, a imagem também se conecta unicamente com este trecho musical, pois vemos uma movimentação

diferenciada

do

personagem

simultaneamente

com

a

apresentação do Tema das Vassouras sendo tocado com outro tipo de instrumentação, porém é incerto dizer se isso influenciou ou não Walt Disney.

Após algumas cenas o Aprendiz percebe que o recinto está se enchendo de água, pois a Vassoura continua a levar água interruptamente e derramar no caldeirão, o Aprendiz então se desespera, pois percebe que não é capaz de desfazer o feitiço que permite a Vassoure ter vida própria, então ele decide destruí-la utilizando um machado, inclusive essa cena se utiliza de ataques de instrumentos de percussão para utilizar como sonoplastia para o golpe de machado do Aprendiz, a vassoura então é despedaçada até sobrarem somente pedaços de madeira espalhados pelo local. Porém, o feitiço ainda não é desfeito, pois cada pedaço da vassoura cresce até se tornar uma nova vassoura, multiplicando o problema que o Aprendiz criou (A reconstrução da vassoura ocorre aos min. 6:00).

Ao observarmos a música desta cena, percebemos algo bastante peculiar. Após a vassoura ser despedaçada, cada pedaço restante começa a se movimentar lentamente, formando aos poucos uma nova vassoura com cada um, e, ao observarmos a obra de P. Dukas percebe-se que o Tema das Vassouras é fragmentado, expandido e dividido. P. Dukas apresenta o Tema das Vassouras basicamente utilizando-se de um processo de apresentação de tema que mostra um pequeno pedaço do tema de cada vez, primeiro os fagotes tocam as 4 primeiras notas do tema (Ver figura 13).

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Figura 13: Utilização das 4 primeiras notas do Motivo 2 fragmentado

Isso se repete mais uma vez após 3 compassos de pausa e então a melodia é transferida para os clarinetes que por sua vez tocam até a 5ª nota do tema, ou seja, acrescentam uma novidade para o que havia sido apresentado pelos fagotes (Ver figura 14).

Figura 14: Utilização das 5 primeiras notas do Motivo 2 fragmentado

Isso se repete como podemos ver na figura até finalmente chegar a um momento aonde o tema se desenvolve sendo tocado novamente por um fagote solo (Ver figura 15).

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Figura 15: Recapitulação do tema das Vassouras

Ao compararmos e relacionarmos essas informações obtidas pela análise notamos uma relação peculiar da música com o filme, pois P. Dukas desmembrou o Tema das Vassouras e elaborou uma forma de construi-lo, novamente se utilizando de cada nova nota do Tema como novidade, como se o Tema das Vassouras estivesse sendo montado peça após peça. Podemos perceber também que a cada novo elemento adicionado mais repetições eram realizadas e menor era o tempo entre elas, gerando dessa forma a sensação de construção e a ideia de que a cada nova etapa o tema se torna maior e mais próximo de estar completo.

Ao mesmo tempo, Walt Disney mostra em seu filme a Vassoura sendo despedaçada pelo Aprendiz, e então parte por parte de cada pedaço restante da vassoura original cresce, pouco a pouco, elemento após elemento, até que por fim cada pedaço se tornar uma nova vassoura no exato momento em que P. Dukas por fim também reconstrói seu Tema das Vassouras, gerando para o espectador uma ideia de construção conjunta de imagem e som.

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Ao observarmos as análises feita sobre o Motivo 2, que gera o Tema das Vassouras, percebemos um padrão de utilização, pois ele sempre está submetido à ideia de marcha, ou seja, é apresentado no filme ilustrando a marcha da Vassoura com o Aprendiz até a fonte diversas vezes (neste trabalho não foram mostradas todas elas). Inclusive a apresentação inicial do Motivo 2, antes mesmo de se desenvolver no Tema, é feita no inicio do filme enquanto o Aprendiz está caminhando até o caldeirão com os baldes em mãos. Ou seja, ele está sempre gerando a ideia de marcha, tanto do Aprendiz quanto da Vassoura.

Vimos um exemplo desse padrão aos min. 2:14, quando o Aprendiz deu a vida à Vassoura e a conduz marchando até a fonte, também aos min. 2:52 quando a Vassoura marcha de volta à fonte após encher o caldeirão, e aos min. 6:00, quando a Vassoura despedaçada se reconstrói juntamente com o Tema das Vassouras novamente.

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3.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com as análises realizadas no presente trabalho, foi possível a percepção de algumas relações que Walt Disney insere em sua animação sobre a música de Paul Dukas, ao considerarmos que a animação foi construída em função da música que já estava composta podemos perceber a preocupação de Disney em interpretar os climas musicais na imagem do filme, assim como inserir movimentações e ações adequadas com as propostas musicais e, sobretudo construir a historia de O Aprendiz de Feiticeiro de uma maneira condizente com a que P.Dukas já havia construído. Não se sabe a que nível de pesquisa Walt Disney se submeteu para a produção do filme, tampouco qual o nível de influência que Leopold Stokowski teria talvez exercido sobre ele durante a tal. Porém, uma vez que Walt Disney foi responsável por toda e qualquer decisão que envolvesse a criação e produção da animação, sendo ela de caráter decisivo ou não (GABLER, 2006, p. 349) podemos considerar que cabe totalmente a ele o mérito de todo o material animado inserido no filme. Se considerarmos que Dukas já havia construído toda uma história sendo contada através do seu Poema Sinfônico, percebemos que Walt Disney ao tentar construir a mesma história utilizando-se da animação como veículo teria que ter um cuidado especial com cada detalhe da animação que colocasse sobre a música, pois as duas historias teriam de ser condizentes no desenrolar dos acontecimentos e na criação do enredo.

Neste ponto a presente análise nos mostrou alguns padrões da animação sobre a estruturação motívica do poema, podemos observar a maneira como o Motivo 1 de maneira estendida é constantemente relacionado com as cenas que mostram a utilização de magia, o mesmo se aplica no Motivo 1 de maneira comprimida e a sua constante relação com a água e ações que envolvam movimentos descendentes. Já o Motivo 2 está 31

relacionado constantemente com a ideia da marcha que a Vassoura realiza durante a animação, tanto que, como podemos observar nas análises o próprio Motivo 2 é a matéria prima de P. Dukas na criação do Tema das Vassouras e é constantemente repetido no poema, sendo sempre relacionado com as cenas de marcha das Vassouras. Podemos observar também algumas relações rítmicas que foram encontradas na obra, no sentido em que a animação acompanha muitas vezes a pulsação, a acentuação e a construção rítmica do poema. Temos exemplos desta relação na cena em que a Vassoura é destruída pelo Aprendiz, e então se reconstrói parte a parte, assim como Dukas reconstrói o tema das Vassouras nota a nota (P. 26,27.). Podemos observar também relações de timbre, uma vez que os motivos eventualmente eram tocados por instrumentações diferentes, e a animação nessas cenas interpreta essas mudanças, exemplo na cena em que são mostradas pela primeira vez várias vassouras despejando água no caldeirão, e no poema também pela primeira vez este motivo é tocado por dois naipes diferentes. Os conhecimentos e percepções gerados a partir das análises deste trabalho podem servir como base para outros trabalhos e aprofundamentos mais específicos, uma vez que este trabalho tratou de um material que se difere bastante da trilha sonora tradicional, pois a música em nenhum aspecto foi subordinada da imagem ou das cenas, mas a música por si só gerou o material e a inspiração para ser interpretada em imagens, cores, ações e movimentações.

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4. REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Fábio. O Aprendiz de Feiticeiro, Sinfonia Cósmica. Disponível em: . Acesso em 17/09/2014. DOURADO, Henrique Autran. Dicionário de Termos e Expressões da Música. 2004. GABLER, Neal. Walt Disney: The Triumph of the American Imagination, 2006. Cap. 7. Parnasso. HENRIQUES, Isabel Fernandes. Música e Cultura, Fantasia de Walt Disney. Disponível em: . Acesso em 12/09/2014. KASSABIAN, Anahid. Hearing Film: Tracking Identifications in Contemporany Hollywood Film Music. (Critical examination of music in the films of the 1980s and 1990s and looks at the burgeoning role of compiled scores in the shaping of a film.) 2001. KENDALL, Roger. The Psychology of Music in Multimedia. (The Psychology of Music in Multimedia presents a wide range of scientific research on the psychological processes involved in the integration of sound and image when engaging with film, television, video, interactive games.) 2013. MARTIAL, Patrick. L'apprenti sorcier,l’œuvre poetique de Goethe mise en musique. Disponível em: . Acesso em 13/08/14. RASZL, Camila B. A Relação entre a trilha sonora e a imagem no desenho animado Tom & Jerry. 2011. SCHOENBERG, Arnold. Fundamentos da Composição Musical. O Motivo. 1993. Walt Disney Pictures. Fantasia, 1940 (124min.). The Sorcerer's Apprentice. Edição Especial 2010.

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