\" Total Training \" – Poesia e Arte Multimédia na Galiza a partir de Antón Reixa

Share Embed


Descrição do Produto

“Total Training” – Poesia e Arte Multimédia na Galiza a partir de Antón Reixa Burghard Baltrusch http://uvigo.academia.edu/BurghardBaltrusch

http://gaelt-uvigo.blogspot.com

Antón Reixa: Leccións de cousas Centro Galego de Arte Contemporânea Curador: Miguel von Hafe Pérez Junho-Outubro de 2011

“da coisa à palavra, da palavra à ideia”

Santiago de Compostela: CGAC 2011 Inclui um DVD e 3 livros de poemas: • Maldicir • Cicatriz Barullo • Twist and Shout Esperanza

“Vanguarda pós-moderna” • Desconstrução das meta-narrativas (da tradição cultural galega e da colonização espanhola, mas também da globalização). • Rejeição do lirismo formalista tradicional. • Habitus mais importante: a resistência (est/ética e política). • Linguagem intermedial e interdisciplinária: performance, vídeo, etc. • Diálogo crítico com a sociedade do espectáculo.

B. Baltrusch (2011). “The Postmodern Avantgarde in Post-1975 Galician Literature: Rompente, Antón Reixa and Suso de Toro” , in Kirsty Hooper & Manuel Puga Moruxa (eds.): Contemporary Galician Cultural Studies: Between the Local and the Global, New York: Modern Language Association (MLA) 2011, 544-588.

A. Valverde Otero (2013). Elementos para a descrición e análise da vangarda no final do século XX na Galiza: O grupo Rompente 1975-1983. [Tese de doutoramento] Vigo: Universidade de Vigo.

Breve contextualização histórico-literária

Reino da Galiza durante o governo de Sancha e Fernando I, antes de 1065.

Divisão do reino depois de 1065 entre Garcia II (Galiza), Afonso VI (Leão) e Sancho II (Castela).

Jerónimo Zurita y Castro (1512-1580): “doma do Reino da Galiza”

Alfonso R. Castelao: “doma e castração do Reino da Galiza” Sempre en Galiza, Buenos Aires 1944

Subordinação histórica da língua e cultura galegas. Processo de estrangeirização dos falantes em relação à sua própria língua, com repercussões até aos nossos dias. Cf. o “complexo de culpa“ e o “auto-ódio” inerentes à cultura e sociedade galegas.

Castelao, Cousas

Luís de Camões, Os Lusíadas I,33 Consílio dos Deuses: Vénus defende a nobreza dos Portugueses contra Baco.

Sustentava contra ele Vénus bela, afeiçoada à gente Lusitana por quantas qualidades via nela da antiga, tão amada, sua Romana; nos fortes corações, na grande estrela que mostraram na terra Tingitana, e na língua, na qual quando imagina, com pouca corrupção crê que é a Latina.

Duarte Nunes de Leão, Origem da Língua Portuguesa (1606): “[as línguas galega e portuguesa] eraõ antigamente quasi hũa mesma, nas palavras & nos diphtongos e na pronunciação que as outras de Hespanha naõ tem. Da qual lingoa Gallega a Portuguesa se aventajou tanto, quanto na copia e na elegancia della vemos. O que se causou por em Portugal haver Reis e corte que he a officina onde os vocabulos se forjão e pulem e onde manão pera os outros homẽs, o que nunqua houve em Galliza.” Cf. também a ideia atribuída a Max Weinreich (1945): “Uma língua é um dialeto com exército e marinha”

Ocultamento/esquecimento da procedência galega da língua portuguesa • Justificação da separação da Galiza e de Castela-Leão. • Concorrência secular com Castela. • Procura de raízes culturais nobres que condiziam com a importância internacional adquirida durante os Descobrimentos. • Tradição literária desde a Época de Quinhentos. • Afirmação nacionalista desde o século XIX. Cf. Marcos Bagno (2011): “O Português não procede do Latim – uma proposta de classificação das línguas derivadas do Galego”, in Grial – Revista Galega de Cultura, 191, 34-39.

Frei Martim Sarmiento (1695-1779)

Berlin: Frank & Timme 2012 Col. iBroLiT - Estudos Ibero-románicos de Literatura e Tradutologia

1863

19201936

Manuel Antonio (1900-1930)

Princípios do século XX: Pouquíssimas obras vanguardistas. Devido à situação precária do galego e da sua cultura, a maioria dos intelectuais considerou necessário privilegiar temas e formas da tradição popular e oral.

Vicente Risco (1884-1963)

Durante a ditadura predomina o “Realismo social” idealista, parcialmente comparável com o Neo-realismo em Portugal, mas também correntes ruralistas e bucólicas.

1962

Antonio de Nebrija, 1492: “Una nación, una lengua”

Escudo de Espanha no período da ditadura

Manuel Fraga Iribarne Ministro de Franco 1975-76 Presidente da Comunidade Autónoma da Galiza 1990-2005

Ponteareas 1976 - 2003

A nossa cultura em língua galega está a transformar-se numa relíquia, numa cultura subalterna e regional. [...] Mas não enfrentamos esta problemática, até fazemos tudo para que não haja novas possibilidades. Por exemplo no âmbito da literatura, onde editores, críticos e autores se instalaram comodamente na situação actual de um gueto cultural. [...] A nossa literatura pode ser autónoma, porém, não é plenamente reconhecida como um campo cultural.

Suso de Toro (1994): “É posible unha cultura contemporánea en língua galega?: unha traxedia cultural”, in: Olisbos 15.

2002

Línguas utilizadas com preferência - 2003, 2008 e 2013 (IGE)

2016

Preconceitos sociais: • ‘o galego é pouco útil para os estudos e a vida profissional’ • ‘quem estuda o galego é nacionalista’

Publicações em língua galega 1975 - 2010

Literatura infantil e juvenil (LIJ) em relação com outros géneros (2000-2010)

Tradução literária para e do galego 1980-2010 IMPORTACIÓN

EXPORTACIÓN

TOTAL TRADS

% EXPORTACIÓN

Hasta 1980

67

72

139

51,79

1981-85

160

56

216

25,92

1986-90

350

86

436

19,72

1991-95

371

122

493

25,76

1996-2000

485

246

731

33,65

2001-2005

545

453

998

43,58

2006-2010

688

368

1056

34,84

SUBTOTAL

2666

1403

4069

33,61

Tradução literária para e do galego por géneros (1980-2010)

IMPORTACIÓN

Cómic

EXPORTACIÓN

% EXPORTACIÓN

93

8

7,92

2 267

1 205

34,70

Poesía

168

203

54,71

Teatro

152

26

14,60

Narrativa

Tradução literaria, fonte 1:

Tradução literaria, fonte 2:

BITRAGA - BIBLIOTECA DA TRADUCIÓN GALEGA (desde 2004) http://www.bibliotraducion.uvigo.gal/

Chus Pato

Lupe Gómez

Emma Pedreira

Ana Romaní

Estíbaliz Espinosa

Elvira Riveiro

Xela Arias

Olga Novo

Rosalía Fernández Rial

María do Cebreiro Rábade

María Lado

Yolanda Castaño

María Reimóndez

“Boom” literario desde os anos 90

Problemas de uma normalização cultural e linguística: • • • •

Falta de institucionalização de uma consciência cultural galega. “Cultura do gueto” (de Toro 1994) como sistema de referência. Subvenções das editoras em língua galega marcam política editorial. Omnipresença dos meios de comunicação social espanhóis: formação de consciências e identidade. • Dificuldade em superar a fenda entre a cultura galega e uma cultura comercial de massas. Apesar disso:

• Literatura galega: o meio de comunicação mais inovador na actualidade. • Surgimento de uma arte multimédia desde os anos 80 tem sido fundamental. • Literatura e arte multimédia favorecem tradução cultural e diálogo global.

Obra de Rompente 1975-1983

GRP (Grupo de Resistencia Poética) 1975-1977

Alfonso Pexegueiro, Antón R. Reixa, Alberto Avendaño e Manuel Romón

GCP (Grupo de Comunicación Poética) 1978-1983

Antón R. Reixa, Alberto Avendaño e Manuel Romón A partir de 1979: “Tres tristes tigres”

Textos de creación: OTextos grupo começa por assinar a sua produção textual e as teóricos: Textos teóricos: Textos de creación: - Silabario da turbina suas performances de forma colectiva: - Documentos - Documentos publicados - Manifesto publicados en prensa

- Crebar as liras

- Follas de resistencia poética

na prensa

- Tres tristes tigres - Performance - Radio Esquimal - A dama que fala - Poesía dispersa

- Intervención no I • Silibario da Turbina (1978) Congreso da AELG • Fóra as vosas sucias mans de Manuel Antonio (1979) • A dama que fala (1983)

- Documentación interna

Silabario da turbina (1978): “Aviso: un fantasma recorre Galicia” Inconformismo ideológico em relação às convenções políticas e nacionalistas da esquerda tradicional. Chamamento a uma revolução artística que superasse as concepções tradicionais de literatura e arte. Comunicação com as massas (trabalhadoras) através de técnicas de abstracção que parecem negar esta mesma tentativa de comunicação, criando dissonâncias que poderiam irritar estas massas. Tal como no teatro épico, o objectivo era causar uma estranheza que evitasse a identificação do público com o produto artístico. Pretendiam que a identidade cultural galega em tempos pós-coloniais/pós-modernos fosse um processo tanto individual como sintético.

O pintor Antón Patiño que colaborou, junto com a também artista Menchu Lamas, em muitos projectos de Rompente, oferece num texto sobre a Hamletmaschine de Heiner Müller uma definição que se adapta na perfeição ao processo de criação de Rompente:

“Escrita da escena nun teatro total, acontecemento que taladra os nosos sentidos e se instala na nosa memoria. Espectáculo en progreso a partir dunha idea sintética (expansiva).” (1993: 57)

Este texto criou uma polémica, uma vez que Manoel Antonio era em 1979 o homenageado no Dia das Letras Galegas. Rompente quis protestar contra a sua apropriação por parte de um sistema e de uma Real Academia Galega, os quais este precursor vanguardista tinha rejeitado.

Segunda fase: Traduzem o seu discurso maoístatrotzkista para uma teoria cultural intervencionista. Afirmação de uma identidade cultural e nacional próprias através de uma prática est/ética in progress. “Ownstyle”: Simultaneidade de ideología política e inovação formal. Identificação vanguardista de vida e arte como reivindicação de modernidade na cultura galega. Rompente realizou o primeiro retrato da paulatina pós-modernização da sociedade galega. Transição da identidade cultural do rural ao urbano, do popular ao culto.

Vigo: Xerais 1983, última publicação assinada pelo colectivo

Influência de Edoardo Sanguinetti e do seu “polilinguismo estilístico” Antón Reixa (1984), “Con Edoardo Sanguinetti en Compostela”, Escrita 4: • “a actitude do creador «in work» reflexionando, intervindo sobre a concepción xeral social da arte” • “atonalidade poética, que teima no traballo interdisciplinar” • “acepta-la complexidade da realidade, e non renunciar a que a actividade creadora se plantee a interpretación desa mesma realidade, na que, en definitiva, literatura e vida loitan por se-la mesma cousa” • “crear unha situación de risa tola que enlace co punto climático do tráxico, coma a risa esquizoide que sentía Kafka mentres escribía «O Proceso»”

A. R. Reixa: As ladillas do travesti Ed. Rompente, 1978 http://vimeo.com/97951724

O músico Julián Hernández sobre o carácter performático dos actos públicos de Rompente:

“Los recitales de Rompente eran algo nunca visto por allí y poco visto por otros sitios. Montábamos cintas de magnetófono con collages musicales, que sonaban mientras los tres poetas recitadores iban soltando textos a cada cual más incendiario, los escenarios los pintaban Antón Patiño y Menchu Lamas, se proyectaban diapositivas y películas de super-8... [...]. Los espectáculos eran un éxito de público. Lástima: no teníamos (no existía) vídeo in ilo tempore.” (apud Valverde 2005b: 60)

2011

1981

Antón Rodríguez Reixa (*1957)

Transporte de superficie (1990). Edicións Positivas.

Días contra fotocopias (1987) con Menchu Lamas e Antón Patiño.

Ringo Rango (1992). Xerais.

Viva Galicia beibe (1994). Positivas.

Látego de algas (2008). Espiral Maior.

1998

1998-2002

2002

Os Resentidos, 1982-1996

Os Resentidos, Fai un sol de carallo, 1984

Galicia caníbal Con isto da movida (que movida) [x2] Haiche moito ye-yé (que movida) [x3]

Un parado occidental Etiopía ten fame Sostén un filete Que de noite e de día (que movida) [x2] Etiopía ten fame Un negro deitado Usa ghafas de sol (que movida) Etiopía ten fame Usa ghafas de sol Ao negro non lle chega Fai un sol de carallo [x5] Etiopía ten fame Arrastra o bandullo A matanza do porco Etiopía ten fame Mátallo, carallo [x3] O parado occidental Etiopía ten fame A berra é un conxunto de berros Sostén o filete Etiopía ten fame Dun porco cando o van matar O parado altivo San Martiño oficial Etiopía ten fame Mátallo, carallo Ao negro non lle chega De Monforte ao Nepal Etiopía ten fame Mátallo, carallo O magosto para agosto, Mátallo, carallo Safaris do porco, Mátallo, carallo Filloas de sangue Mátallo, carallo Galicia embutida Fai un sol de carallo Fai un sol de carallo Galicia caníbal [x3] Etiopía ten fame [x2]

Doa os teus riles Etiopía ten fame Un ril á merenda Etiopía ten fame Doa os teus riles Etiopía ten fame Outro ril á cea Fai un sol de carallo [x2] Galicia caníbal Doa os teus riles Moi mal organizado Fai un sol de carallo, Galicia caníbal Doa os teus riles Moi mal organizado [x2]

Versão original: Os Resentidos, Fai un sol de carallo, 1984. Videoclip: http://www.youtube.com/watch?v=t4SKE2cLuFs Texto in Antón Reixa: viva galicia beibe, Santiago: Edicións Positicas 1994, 44. Versão inglesa : “It’s so fucking sunny”, http://www.youtube.com/watch?v=LRuHmG4uYj8

Sucesso durante a ‘movida’ dos 80, até em Madrid. Vigo como um dos centros principais do sentimento de vida ye-yé desta época. Mais do que hibridação é uma deglutição antropofágica da movida espanhola. Alusões críticas a festas populares (matança, magusto) e à história recente (Franco, Fraga). Crítica dos próprios estereótipos culturais. Culturemas num contexto político globalizado (fome em África). Galiza como parte de um Ocidente explorador entre o local e o global. Contrariar o tradicional papel de vítima da cultura galega.

Sentimento moderno da vida galega.

Galicia Sitio Distinto Late show emitido na TVG entre 1990-91 (13 capítulos )

Ringo Rango (1992)

“Ringo Rango” / “ringorrango”

Não figura nos dicionários galegos. Significado aproximado: ‘Curvas e voltas, arabesco, ornamento, cornucópia…’

Explicação de Reixa procura conjugar os significados culto e o popular.

Livro de poemas a partir de um vídeo (de 1990), cujos textos e imagens procedem parcialmente do programa de televisão “Galicia Sitio Distinto”.

Obra multimédia: Vendeu-se acompanhado de um vídeo VHS, uma parte dos textos é recitado ou cantado no vídeo, outros comentam fotografias ou obras de arte que se reproduzem no livro. “Polilinguismo estilístico”: Combina elementos surrealistas, dadaístas, de poesia visual, de vídeo-arte, música, etc. com a declamação tradicional, com o cabaré político ou tragicómico. Ironiza e recontextualiza estereótipos galegos através de jogos de palavras, imagem e música. Pretende oferecer uma imagem actualizada da identidade galega e de incorporar nela novos contextos. Uma parte do ciclo ("O silencio das xigulas") foi encenada pela companhia vasca Legaleón Teatro.

“Foto 9”: 4:04 - 5:00 "A vaca de Martin Heidegger“: 1:58 - 3:33

Antón Reixa: Ringo Rango, [Livro com vídeo de 26 min.], Vigo: Xerais 1992

Vaca: Animal totémico da cultura galega. Heidegger: Existência humana marcada pelo medo à morte e ao vazio, mas também pela liberdade de podermos questionar o ser de todas as coisas. Dasein e Vaca: Cultura filosófica académica contrasta com uma cultura popular marcada por materialismo e paganismo.

Sobreposição de sistemas de referência aparentemente incompatíveis. Hipercodificação das narrativas dos textos individuais em busca do irónico. Indeterminação do significado vs. determinação da estrutura. Idiolecto meta-narrativo, exige o conhecimento das referências culturais (galegas).

"A ironía ten moito que ver co escepticismo. Creo que é unha receita boa porque vivimos rodeados de dogmatismo e demagoxia. A ironia é un bo veículo para que os demáis te entendan." (Antón Reixa, in A Nosa Terra 632, 29-7-1994:23).

• Estética do "ressentimento irónico", uma identificação positiva que se define ex negativo. • Adaptado à actualidade mediatizada e estetizada. • Dicotomia de melancolia e ironia nos seus textos. • “Ressentimento irónico" como atitude política. • “Retranca": especificidade ironia característica do pensamento galego • No pensamento galego, os problemas sempre se solucionam de forma complementaria e nunca de maneira excludente (cf. Gondar 1994: 45).

Eironeia e provérbios e expressões galegos

“Deus é bo pero o demo non é malo“ "Ou a Deus ou ao Demo ninguén deixa de servir, se non é quen serve a entrambos" "todo é aseghún“

"trasacordo“ Castelao, Cousas

“Deus é bo pero o demo non é malo” Carácter sintético: Nega-se o antagonismo dos significados Deus e Diabo aludindo a unha experiencia extralinguística (contrária ao uso semântico institucionalizado). Síntese especulativa: Dissolução do antagonismo entre a tese (Deus) e a antítese (Diabo) numa unidade superior e correlativa. Hegel: 3 funções do processo a partir dos 3 significados do verbo "dissolver" ("aufheben") em alemão: a. 'elevar' o Diabo a um igual de Deus, b. 'invalidar' a tese implícita ‘o Diabo é mau‘ e c. 'guardar' ou manter-se no sistema semiótico institucionalizado para contrastá-lo com outro, a possível positividade do Diabo. Dá-se, assim uma unidade correlativa do dissolvido com o seu oposto. Cf. Baltrusch 1998b. "Teoría e práctica sincrónica da retranca a partir do refraneiro e da literatura galega vangardista"

con ‘retranca’)

"Todo artista debe levantar crónica del caos que, de momento, es lo que hay" Antón Reixa, in El País, 3-2-1995.

Burghard Baltrusch http://uvigo.academia.edu/BurghardBaltrusch

http://gaelt-uvigo.blogspot.com

Textos para o seminário “’Total Training’ – Poesia e Arte Multimédia na Galiza a partir de Antón Reixa” (Burghard Baltrusch, Universidade de Vigo)

Galicia caníbal Con isto da movida (que movida) [x2] Haiche moito ye-yé (que movida) [x3]

Sostén un filete Etiopía ten fame Un negro deitado Etiopía ten fame Ao negro non lle chega Etiopía ten fame Arrastra o bandullo Etiopía ten fame O parado occidental Etiopía ten fame Sostén o filete Etiopía ten fame O parado altivo Etiopía ten fame Ao negro non lle chega Etiopía ten fame

Que de noite e de día (que movida) [x2] Usa ghafas de sol (que movida) Usa ghafas de sol Fai un sol de carallo [x5] A matanza do porco Mátallo, carallo [x3] A berra é un conxunto de berros Dun porco cando o van matar San Martiño oficial Mátallo, carallo De Monforte ao Nepal Mátallo, carallo

Doa os teus riles Etiopía ten fame Un ril á merenda Etiopía ten fame Doa os teus riles Etiopía ten fame Outro ril á cea Fai un sol de carallo [x2] Galicia cannibal Doa os teus riles Moi mal organizado

O magosto para agosto, Mátallo, carallo Safaris do porco, Mátallo, carallo Filloas de sangue Mátallo, carallo Galicia embutida Fai un sol de carallo Fai un sol de carallo Galicia caníbal [x3]

Fai un sol de carallo, Galicia cannibal Doa os teus riles Moi mal organizado [x2]

Etiopía ten fame [x2] Un parado occidental Etiopía ten fame

Versão original: Os Resentidos, Fai un sol de carallo, 1984. Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=t4SKE2cLuFs Letra: Antón Reixa, viva galicia beibe, Santiago: Edicións Positivas 1994, 44 [variantes]. Versão inglesa: “It’s so fucking sunny”, http://www.youtube.com/watch?v=LRuHmG4uYj8

1

A VACA DE MARTIN HEIDEGGER esta vaca esta vaca esta vaca dasein esta vaca ten tres tetos ¡esta vaca é trilateral! esta vaca é afganistán esta vaca, vaca afgana esta vaca e os turistas que veñen do turistán esta non sabe que te estou mirando esta vaca non es ti cando saes da ducha esta vaca pariu un boi esta vaca é lauren bacall / mira que me poño bogart mira que me poño bogart esta vaca non sabe a teoría dos tres mundos:

animal mineral animal, mineral, vexetal

esta vaca se é soprano non é mezzosoprano esta vaca é máis puta cás galiñas esta vaca pariu un boi esta vaca é lauren bacall / mira que me poño bogart mira que me poño bogart esta vaca dá leite de pantera esta vaca é edith piaf esta vaca e unha piaf e máis nada que unha piaf ¡ponte quieta! esta vaca pariu un boi esta vaca é lauren bacall / mira que me poño bogart mira que me poño bogart mira que me poño Bogart esta vaca é chiita porque non come carne de porco esta vaca é zoofílica porque se o fixo, sempre seria, efectivamente, con outros animais e de facelo cun ser humano ¿deixaría isto de ser zoofilia? esta vaca cando fai mu non hai outros mamíferos que se poñan a facer comentario de texto esta vaca está aquí porque alguén a puxo aquí esta vaca pariu un boi esta vaca é lauren bacall / mira que me poño bogart mira que me poño bogart esta vaca e os paquetes de camel: esta vaca andou liada cun camello que se converteu nun paquete de camel esta vaca irá mañá ao matadeiro como van os camellos aos paquetes de camel ¡son os ríos! 2

esta vaca pariu un boi esta vaca é lauren bacall / mira que me poño bogart mira que me poño bogart se o viño é sangue de Cristo ¡que se diría do leite desta vaca! esta vaca esta vaca dasein esta vaca (Antón Reixa. Ringo Rango. Vigo: Xerais 1992: 73-74)

bibliografía contra tagore mastigar tristeSa románica sorriso arcaico etruria contra ususra prét-á-porter melancolía desposuída (as casas sindicais) e venus de villendorf con toda a coraxe brecht e catulo con escarnio esclarecido guillermo de aquitania over señoritos pedrayo farai un vers de dreit nien e vai catulo e pónselle lesbianas que vos dean polo curso e virxilio pondaliano a insistir stetit illa tremens que se crava vibrando e son cocoteiros de presencia lanzal verbo garrido en inhuit dialectal os nenos rin pero ¿que fan os pais? e nosoutros ás gargalladas por groenlandia arredista e din rir por foder abadessa oíu dizer frotasión nariz contra nariz e vai un esquimó e dille a outro I don't like Ike a xusticia pola man iglús e canastros e polígonos dormitorio I gonna take my problem to the united nations tristeSa é o hipérbaton do escarnio en xeral but there is no cure for the summertime blues e maila teima de mandar christmas en agosto as ondas ó chegaren (efecto alka seltzer): sauda-lo vello océano martín lautreamont e máis codax: o polbo eléctrico ¡a calambre! e/ou a lobotomía ó posuíresme engels style a propiedade privada safo luxemburgo leda m'and'eu as manhanas frías ó ir para o choio: alegría diesel/punkies altivas falan de protugal en inglés/ unha cancón italiana que sempre diga per che/ unha cousa de nervios/ problemas coa carie —o contestador automático de guillermo de aquitania: pero dirai vos de con, cals es sa leis...— e con escarnio épico dille un radio afeccionado a outro: hanse cajar na cona que os botou (interferencias)

(Antón Reixa. Ringo Rango. Vigo: Xerais 1992, 11)

3

Bibliografia para o seminário “’Total Training’ – Poesia e Arte Multimédia na Galiza a partir de Antón Reixa”

(Burghard Baltrusch, Universidade de Vigo)

Bibliografia Antón Reixa Poesia As ladillas do travesti (1979). Rompente. Historia do rock and roll (1985). Universidade de Santiago de Compostela. Ringo Rango (1992). Xerais. Viva Galicia beibe (1994). Positivas. Escarnio (1999). 52 Promociones Musicales. Látego de algas (2008). Espiral Maior. Leccións de cousas (2011). Editorial La Oficina de Artes y Ediciones, Madrid. Edición en galego, castelán e inglés. Contén os libros Maldicir, Cicatriz barullo e Twist and shout esperanza. Prosa Transporte de superficie (1990). Edicións Positivas. Autobiografia Antón Reixa. Ghicho distinto, con Xosé Cid Cabido e Manuel Xestoso (2012. Xerais). Coautor Silabario da turbina (1978). Con Rompente. ¡Fóra as vosas sucias mans de Manuel Antonio! (1979). Con Rompente. A dama que fala (1983). Xerais. Con Rompente. Escolma de poesía galega (1976-1984) (1984). Sotelo Blanco. Días contra fotocopias (1987) con Menchu Lamas e Antón Patiño. Na boca do lobo (1998). Tris Tram. Intifada: ofrenda dos poetas galegos a Palestina (2003). Fundación Araguaney. Poetízate. Antoloxía da poesía galega (2006), Xerais. Lois Pereiro en 17 voces (2011), La Voz de Galicia. Prémios Premio Galicia no 1984, por Historia do rock and roll. Discografia Com “Os Resentidos”: Surfin' CCCP - 1984 (Grabaciones Accidentales) EP compartido con Siniestro Total Vigo, capital Lisboa - 1984 (GASA/DRO) Fai un sol de carallo - 1986 (GASA/DRO) 1

Música doméstica - 1987 (Grabaciones Accidentales) Fracaso tropical - 1988 (Grabaciones Accidentales) Jei - 1990 (Grabaciones Accidentales); elixido pola revista musical Rockdelux mellor disco nacional do ano. Delikatessen - 1991 (GASA) Están aquí - 1993 (GASA) Made In Galicia 1982-1994 - 1994 (GASA) Recompilatorio Con Nación Reixa: Alivio rápido (1994). Safari Mental Goran Herria (1997). Participación nos dous dobres CDs do programa Xabarín Club.

Filmografia Avión, o pobo ausente (2012) Outro máis (2011) Personal Movie (2011) O incerto Señor Cunqueiro (2011) Galicia caníbal (2011) Fútbol de alterne (2010) Anos despois (2010) Doentes (2010) Onde está a felicidade? (2010) O mono Paco (2010) Novo Vigo vello (2010) Nación X (2009) Ruta 66 (2009) A caixa negra (2) (2009) Gordos (2009) Maruja Mallo. Metade anxo, metade marisco (2009) Proxecto Dous (2008) Os Atlánticos (2008) Unha palabra túa (2008) Alúgase (2008) Casón 1987 (2008) Amor e fluídos (2008) Habitat (2008) O gran camiño (2007) Galicia, cruce de miradas (2007) LT22 Radio La Colifata (2007) Filmando a Castelao (2007)

Hotel Tívoli (2006) Periféricos (2006) Galatasaray-Dépor (2005) O ano da carracha (2004) Tucho Bouza, o emperador do Bronx (2004) Tres no camiño (2004) O lapis do carpinteiro (2002) Ciclo (2002) Secuestrados en Xeorxia (2002) Canícula (2001) Galicia Exprés (2000) Lena (2000) O río tén mans (2000) Mareas vivas (1998) Seleción galega (1995) Xabarín Club (1994) Sitio distinto (1990) Ringo rango (1990) Continental (1989) Galicia sitio distinto (1989) After shave (1986) Episodios familiares (1986) Todo está na castañeta (1986) Esperanza (1986) Prólogo (1986) Chove contra pasado (1985) Salvamento e socorrismo (1984)

Cf. (29/03/2016).

2

Literatura crítica sobre Antón Reixa

Baltrusch, Burghard 1994. "Estéticas en combate - apontamentos acerca dun cambio cultural e búsquedas de identidade na literatura galega contemporánea", Anuario de Estudios Literarios Galegos, 85-96. ___ 1998a. "Überlebensstrategien in Minderheitenliteraturen - zur Ästhetik von Antón Reixa", in Iberoromania 48, 116-133. ___ 1998b. "Teoría e práctica sincrónica da retranca a partir do refraneiro e da literatura galega vangardista", in Anuario de Estudios Literarios Galegos, 117-140. ___ 2000. “A traducción da lírica vangardista - teoría e práctica a partir dun poema de Antón Reixa vertido ó alemán I”, in Anovar Anosar - Estudos de Traducción e Interpretación, ed. por Alberto Álvarez Lugrís e Anxo Fernández Ocampo, vol. I, Vigo: Universidade de Vigo, 149-157. ___ 2011: “The Postmodern Avantgarde in Post-1975 Galician Literature: Rompente, Antón Reixa and Suso de Toro”, in Contemporary Galician Cultural Studies: Between the Local and the Global, Kirsty Hooper & Manuel Puga Moruxa (eds.), New York: Modern Language Association (MLA) 2011, 544-588. Cochón Otero, Iris / González Fernández, Helena (eds.) 1997. Upalás. Rompente. Vigo: Xerais. ___ 1999. “Rompente: comunicación e vangarda”, in Dieter Kremer (ed.) Actas do V Congreso Internacional de Estudios Galegos, Sada: Edicións do Castro, 1074-1084. ___1998. “Dicción, contradicción e nación: a incorporación do mundo no discurso poético último”, Grial 140, 717-730. ___2000. “A poesía de fin de milenio: o reaxuste dos anos noventa”, in Francisco Rodríguez Iglesias (dir.) Galicia Literatura. A literatura galega desde 1936 ata hoxe: poesía e teatro, vol XXXIII, Compostela: Hércules. González Fernández, Helena 1997. “Rompente, «poderosa pomada«”, in Anuario de Estudos Literarios Galegos 1997, 47-84. González Gómez, Xesús 2006. Manifesta Galiza. Manifestos na literatura galega do século XX. Vigo: Edicións A Nosa Terra. Lobato, Xurxo 1994. Jalisia [catálogo da exposición Jalisia sitio distinto, Galicia terra nai]. Pontevedra: Caixa Madrid. Montero Küpper, Silvia 2000. "A traducción da lírica vangardista - teoría e práctica a partir da análise dun poema de Antón Reixa vertido á alemán, II", in Anovar Anosar - Estudos de Traducción e Interpretación, ed. por Alberto Álvarez Lugrís e Anxo Fernández Ocampo, vol. I, Vigo: Universidade de Vigo, 287-297. Valverde Otero, Alberto 2005a. “A performance en Rompente”, in Anuario de Estudos Literarios Galegos 2004, 96-106. ___ 2005b. O grupo Rompente (1975-1983): por unha resistencia nacional e unha comunicación de vangarda, [Tese de mestrado] Vigo: Facultade de Filoloxía e Tradución. ___2013. Elementos para a descrición e análise da vangarda no final do século XX na Galiza: O grupo Rompente 1975-1983. [Tese de doutoramento] Vigo: Universidade de Vigo. ___2015. “Sitio Distinto. Experiencias de vangarda posmoderna na televisión”, in Alba Cida e Isaac Lourido: La poesía actual en el espacio público: Intervención, transferencia y performatividad, Villeurbanne: Editions Orbis Tertius, 237-266. Veiga, Manuel 1995. "Literatura de pai irrecoñecibel", in A Nosa Terra, 658, 26-1-1995, 27.

3

Outra literatura citada ou referenciada

Burghard Baltrusch & Isaac Lourido (eds.) 2012. Non-lyric Discourses in Contemporary Poetry, München: Peter Lang/Martin Meidenbauer , 11-27. Fernández Rodríguez, Áurea; Iolanda Galanes Santos; Ana Luna Alonso e Silvia Montero Küpper (2012): Traducción de una cultura emergente: La literatura gallega contemporánea en el exterior. Bern: Peter Lang. Foucault, Michel ([1967] 1984), “Des espaces autres”, Architecture, Mouvement, Continuité 5, pp. 46-49. Gondar Portasany, Marcial 1993. Crítica da razón galego: entre o nós-mesmo e o nós-outros. Vigo: A Nosa Terra (1993).

Lyotard, François 1988. L’Inhumain. Causeries sur le temps. Paris: Éditions Galilée. Malcuzynski, M.-Pierrette 1991. "A Critical View of Recent Propositions in Cultural Theory: A Review Essay", in Critical Studies 3:1, 221-231. Patiño, Antón 1993. Xeometría Líquida. Compostela: Edicións Positivas. Tarrío Varela, Anxo 1994. História da literatura galega. Aportacións a un estudio crítico. Vigo. De Toro, Suso 1994. "É posible unha cultura contemporánea en lingua galega?: unha traxedia cultural", in Olisbos 15, Maio, 76-80. Welsch, Wolfgang 1988. Unsere postmoderne Moderne. Weinheim: Walter de Gruyter. ___(1990) 1993. Ästhetisches Denken. Stuttgart: Reklam. ___ 1993. "Das Ästhetische - eine Schlüsselkategorie unserer Zeit?", in Die Aktualität des Ästhetischen, ed. por W. Welsch e Ivo Frenzel, München: Wilhelm Fink, 13-47.

4 http://gaelt-uvigo.blogspot.com

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.