150 anos do Victoria and Albert Museum

June 4, 2017 | Autor: Emília Ferreira | Categoria: Design, Design Museums
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150 anos do Victoria and Albert Museum1 O mais rico museu do mundo em artes decorativas é o famoso Victoria and Albert, de Londres, familiarmente conhecido como V&A. No entanto, e para lembrar que nada se faz sem muito esforço, a história desta instituição nasce numa situação menos boa para a Inglaterra dos meados de Oitocentos. Vimos recordá-la no momento em que o museu celebra os seus 150 anos.

Emília Ferreira Em 1851, a exposição universal de Londres deixou claro para todos (estrangeiros e nacionais) o atraso das artes decorativas inglesas, quando comparadas com as francesas, por exemplo. Porém, longe de se abater, a Inglaterra reagiu. Como escreveria, em 1879, o crítico português Joaquim de Vasconcelos, "A Inglaterra recolheu-se humilhada, mas resolvida a tirar prompta desforra; atacou o mal pela raiz e tratou logo de reformar radicalmente o ensino do desenho em todas as suas escolas." Assim, logo durante a exposição adquiriu-se grande número de peças de artes industriais que, juntamente com um pequeno acervo já existente, constituiria um primeiro esboço de colecção, necessário para a abertura de um museu, pensado desde logo como instituição pedagógica. Foi assim que, em 1852, se inaugurou a escola de South Kensington. Sediada nessa zona então periférica de Londres, contava com ensino científico e artístico. No mesmo ano, e estabelecido com os lucros da exposição de 1851, surgia, noutra zona da cidade, o então chamado Museum of Manufactures, depois rebaptizado como Museum of Ornamental Art. O crescimento contínuo das colecções obrigou a realojamento, já em bloco construído para o efeito, em 1855-56, nas proximidades da escola de South 1

Texto publicado na Revista MID, Lisboa, Dezembro de 2002.

Kensington. A construção, de ferro e madeira, foi inaugurada a 22 de Junho de 1857. Pela localização, o estabelecimento foi nomeado South Kensington Museum. Ao longo dos anos e até à década de 80 de Oitocentos, o museu foi progressivamente aumentado, com a construção de várias alas destinadas à exposição das colecções de pintura e cerâmica, e com a instalação da escola das artes. As novas construções significaram também algumas destruições, como em 1868, quando parte importante do primeiro corpo do edifício se viu demolido. Por todas essas razões, o complexo ostentou durante muito tempo um aspecto pouco coerente. Seria apenas no final dos anos 90 de Oitocentos que o conjunto veria surgir uma aparência de unidade, através da construção da fachada unificadora, da autoria de Sir Aston Webb, cuja primeira pedra aí foi colocada pela rainha Vitória, em 1899. Para comemorar o evento, e em homenagem à rainha e ao seu consorte, grande entusiasta do museu, este passou a chamar-se Victoria and Albert Museum. Se a fachada grandiosa ainda hoje existe, a desejada ideia de unidade desaparece, porém, assim que se encontra transposta a entrada principal e o visitante se confronta quer com os desníveis e as diversas características dos vários corpos que por trás se escondem, quer com a grande diversidade dos acervos. O contínuo crescimento do espólio recolocou problemas logísticos e o museu foi recentemente alvo de mais uma intervenção. Com efeito, as colecções nunca cessaram de aumentar e de se actualizar, chegando a grande diversidade de geografias e tempos. Contando com vidros, têxteis, joalharia, mobiliário, mas também pintura, escultura, gravura e fotografia, o museu guarda ainda importantes peças de design contemporâneo. Mantendo a sua ligação original de interesse na promoção da excelência nas produções das artes aplicadas à indústria, o design assume-se, no V&A, como o seu herdeiro lógico e legítimo. Assim, o estabelecimento orgulha-se de manter a sua paixão pedagógica. Se, desde o início, soube angariar públicos, nomeadamente através de horários pós-laborais e de entradas gratuitas a operários,

professores e estudantes de ciências e arte, continua a cativar visitantes. E fá-lo não apenas através do seu interesse pelas mais diversas culturas (trabalhando com comunidades de culturas minoritárias, mostrando-as ao público de modo cativante e envolvente), como através das suas constantes realizações (exposições temporárias, conferências, publicações, debates) e das parcerias com outros museus e reputadas instituições de ensino. É assim o V&A. A provar que nada, rigorosamente nada, se faz sem muito trabalho. Mesmo quando já se tem muitas provas dadas. Ou, sobretudo, nesses casos.

Arquitectura para todos Mostrando, mais uma vez, o empenho do V&A na divulgação das artes, eis mais uma feliz associação, desta feita com o Royal Institute of British Architects (RIBA). Do seu trabalho conjunto, destinado a promover o estudo, a comprensão e a fruição da arquitectura, levando-a a um público o mais vasto possível, nasceu o projecto virtual “Architecture for All” (arquitectura para todos). Partindo das colecções do RIBA, e através de informação especializada, proveniente das duas instituições envolvidas, o projecto poderá fornecer meios de divulgação que irão sem dúvida cativar os menos iniciados nestas questões.

Mais arquitectura Se não quiser mesmo perder pitada sobre os acontecimentos a que a RIBA está atenta, ou nos quais está envolvida, não deixe de dar um salto ao site da própria. Veja, por exemplo, a página architecture.com. Daí pode ter acesso a informações sobre o Instituto, às novidades e aos eventos; aí é facultado um serviço de referência (biblioteca on line, também com informações sobre as livrarias da RIBA); dicas para quem procura um arquitecto (como encontrar; queixas; encargos e contratos); informações úteis para estudantes de arquitectura, entre muitas outras coisas. Para os leigos, o mais apelativo é

mesmo passar a ter à mão uma bem seleccionada informação sobre edifícios e autores. E, claro, sobre livros e exposições.

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