“17. Speculum Hebraeorum ”, in Catálogo da Exposição “O livro e a iluminura judaica em Portugal no final da Idade Média”.

July 18, 2017 | Autor: Alice Tavares | Categoria: Jewish Studies, Jewish History
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15.

SPECULUM

HEBRAEORUM

ou

SPECULUM

DISPUTATIONIS

CONTRA

HEBRAEOUS Espelho dos hebreus ou Espelho da Disputa contra os hebreus Portugal. Séc. XIV. 156 ff. Pergaminho. Letras de Transição de duas mãos. 377x 266 mm. Caixa de escrita: 200x 98 mm. 2 colns. Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal, Cod. Alcobacenses, 236

15. SPECULUM DISPUTATIONIS CONTRA HEBRAEOS Espelho da disputa contra os hebreus Portugal. Séc. XIV. 178 ff. Pergaminho. Escrita de transição e gótica, média e miúda, de duas mãos 306x 239 mm. Caixa de escrita: 165x 130 mm. 2 colns. Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal, Cod. Alcobacenses, 270

A obra é composta por dois manuscritos: o códice 236, datado de 1333 e o códice 270, acabado de redigir anos mais tarde, em 1345, segundo o seu prólogo. O primeiro manuscrito é composto por oito capítulos. É mais antigo e extenso que o Códice 270, constituído apenas por sete capítulos. A este último, faltam-lhe os capítulos quinto, sexto e sétimo. Ambas obras estão escritas em latim, embora contenham passagens redigidas em hebraico, com “carateres latinos, consoante se pronunciavam e soavam ao ouvido” (Antunes, 1996: 374). O Códice 236 começa com uma espécie de pequena gramática das línguas hebraica e caldaica, Ars brevissima scripturae Hebraicae et Chaldaeae Latinis Litteris cognoscendae. Frei João de Alcobaça, monge cisterciense, tinha o objetivo de dar a conhecer as línguas orientais, em carateres latinos, a outros cristãos polemistas para poderem refutar com mais facilidade os princípios judaicos e, ao mesmo tempo, compreender as ciências bíblicas. Já no manuscrito correspondente ao Códice 270, esta parte gramatical encontra-se no capítulo sétimo. Esta iniciativa ia ao encontro dos interesses dos Papas, sobretudo, de Clemente V (1305-1314), em 1312, em fomentar os estudos las línguas orientais. O Speculum Hebraeorum consiste numa obra apologética, inserida no contexto das correntes de polémica judaico-religiosa medievais. Esta obra baseia-se na Disputa de Barcelona (1263), na presença do Rei de Aragão, Jaime I. Frei João escreveu o Espelho dos

Hebreus, com o fim de questionar a vitória de um dos defensores do judaísmo, rabino Moisés ben Nahman ou Nahmánides, de Girona, que contou com o auxílio do Colégio Rabínico de Barcelona, contra a perspetiva cristã, encabeçada pelo judeu converso, o dominicano catalão, Paulo Cristiano (Pau Christiá), apoiado pelos teólogos das ordens mendicantes (franciscanos e dominicanos). Neste sentido, o diálogo, isto é, a altercatio é a técnica utilizada por Frei João de Alcobaça, com o objetivo de confrontar dois personagens diferentes dos pontos de vista teológico e filosófico: um judeu que formula as questões a um cristão que lhe dá as respostas. Este debate tem a finalidade de chamar a atenção para a necessidade dos judeus e dos conversos reconhecerem os seus “erros”, tal como se estivessem a olhar para um espelho, admitindo as suas imperfeições físicas nos seus rostos (Gomes, 1981: 130). Dava-se assim aos judeus a possibilidade de redenção e de converterem-se ao cristianismo, ao passo que os cristãos deviam reavivar mais ainda a fé cristã. Os temas de discussão entre ambos os interlocutores residem nos princípios da doutrina cristã, tais como a Santíssima Trindade, a unicidade de Deus, a Incarnação, a redenção das almas, a chegada dos Messias, entre outros. As afirmações e os seus pontos de vista eram fundamentados com exemplos da Bíblia, mais propriamente, do Antigo Testamento. Além disso, são utilizados argumentos filosóficos para contestar as doutrinas judaicas, defendidas pelo Rabi Moisés ben Nahman. São, por exemplo, alvo de abordagem as temáticas sobre o emanacionismo, o panteísmo e a pré existência das almas. Algumas destas ideias encontramse no livro do Zohar (livro central da corrente cabalística), contestado também por Frei João de Alcobaça. Ambos os Códices, 236 e 270 pertenceram ao espólio do Mosteiro de Alcobaça, tendo sido trasladados à Biblioteca Nacional de Portugal.

Bibliografia: Antunes, 1996; Correia, 1986; Ferreira, 2006; Gomes, 1981

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