(1995) Martins Sarmento e a arqueologia dos castros

June 2, 2017 | Autor: Manuela Martins | Categoria: Protohistory
Share Embed


Descrição do Produto

VOLUME

105

1995

INDICE

Revista de Guimaraes -

1995

1. SANTOS SIMOES - Na passagem do centenario de «0 Archeologo

Portugues» .. ..... .... ...... ............... . ........ .. ..... ........... .... ..... ... .. ........ JORGE DE ALARCAO - A Arqueologia como semiologia da cu/tura

material... ........ .. ... .......................... .......... .. ........ ............ ............ JOSE D' ENCARNACAO - A rqueologia: Investiga9iio e Patrimonio ....... MARlA DE LA SALETE DA PONTE - A Arqueologia e 0 arqueologo

neste final de seculo ........... ................ ......... .. ................. ............ Luis RAposo - Algumas rejlexoes e propostas acerca da conslilui9iio

de um Conselho Superior de Arqueologia ................................. FRANCISCO J. S . ALVES - Memorando(s) ............................................. FRANCISCO DE SANDE LEMOS - Martins Sarmento e a Arqueologia

portuguesa dos anos setenta e oilenta do seculo XIX ... .. ...... ..... MANUELA MARTINS - Martins Sarmento e a Arqueologia dos Castros SONIA MARiA GARCiA MARTiNEZ - La epigrajia romana del concelho

de Guimariies. Un estado de la cuestion ...... ................. ............ ANTONIO BELTRAN - EI arte rupestre del Noroeste Espanol y las

corrientes cu/turales entre el Atlantico, la meseta y el

mediterraneo ..... ... ...... ............ ........... ..................... ...... ............ .. 1. AMADO MENDES - A Arqlleologia industrial ao servi90 da histaria

local ........ ... .. ............................ ...... .................... .. .......... ............ MANUEL CARVALHO MONIZ - Os suburbios de Evora nos principios

doseculoXIX .. ... ........... .. ............... ........... .. .............. ...... ........... ALBERTO LAMEIRAS - Festas e rituais com que vivemos: Nivelamento

ou dijerencia9iio ? ................................. ........... .. .......... ......... .. ... JuSTINO PEREIRA DE MAGALHAES - A Sociedade Martins Sarmento,

uma Institui9iio Secular ao Servi90 da Educa9iio e da Cultura.

- um apontamento sobre sua junda9iio ............................. .. ......

7

21

45

59

63

99

117

127

139

173

203

219

251

271

-MARTINS SARMENTO E A ARQUEOLOGIA DOS CASTROS I Manuela Ma rtins·

Muitos foram ja os bi6grafos de Martins Sarmento que tentaram, atraves dos seus escritos publicados ou ineditos, ou de urn conhecimento mais ou menos directo da sua personalidade, definir 0 caracter e a obra deste ilustre investigador vimaranense. Entre eles podemos citar Alberto Sampaio (1899-1903), Mario Cardoso, profundo conhecedor da sua obra, (1927, 115-185; 1933), ou ainda Mendes Correia (1933), Alfredo Pimenta (1933) e Vergilio Correia (1933), autores que 0 homenagearam pelas suas qualidades humanas e cientificas. No entanto, e talvcz nas palavras de E. Hubner, ilustre in­ vestigador alemao que com ele conviveu e manteve intensa e proficua correspondencia, que podemos apreender algo da com­ plexa personalidade de M. Sarmento, bern como da sua notavel erudiyao. E. Hubner define-o como ilustre investigador das cita­ nias, interprete sagaz de A vieno, cicerone intrepido dos Argo­ nautas pelas longinquas regioes do Ocidente, onde ele pr6prio nasceu e viveu, consagrado a tudo 0 que e born e honesto, cultor feliz da Hist6ria pMria e das Musas. Afirma ainda que M. Sar-

Conferencia proferida na Sociedade Martins Sannento em 9 de Maryo de 1991 . • Professora Associada da Universidade do Minho. I

MARTINS SARMEN70 E A ARQUEOWCfA DOS CASTROS

127

REVISTA DE

GYIMARAES

mento honrou a sua telTa, 0 seu pais e 0 seu tempo . Tentemos justificar porque razao julgamos serem as palavras de HUbner bem definidoras do homem e da obra. Quando, em 1874, M. Sannento decide dar inicio as esca­ vas;oes da CWinia de Briteiros, inaugurando uma fase da sua vida intelectual, a de cientista, possuia uma s6lida fonnas;ao au­ todidacta em linguas, artes e humanidades que constituiu a base para 0 seu trabalho. Tao s6lida preparas;ao serviu-Ihe para alicer­ s;ar, quer a sua obra erudita, que se baseanl no exame atento e na crftica das fontes litenirias, permitindo a edis;ao de obras como a Ora Maritima de Avieno (1880) e os Argonautas (1887) , quer 0 seu trabalho no telTeno, cujo objectivo principal seria a identifi­ cas;ao das origens dos habitantes antigos do telTit6rio portugues. E nesta ultima orientas;ao que se inserem os trabalhos de escava­ vao da Citania e Sabroso, as inumeras prospecs;oes que realizou no Entre-Douro-e-Minho, acs;oes que fazem nascer a Arqueolo­ gia dos castros. E ainda nesta orientas;ao que se incluem muitos dos seus escritos relativos a Etnologia peninsular, designada­ mente os seus artigos sobre Os Lusitanos (1880), Os Celtas na Lusitania (1882), ou aquele outro intitulado Lusitanos, Ligures e Celtas (1890-91). De facto, M. Sannento nao se esgotou na in­ vestigas;ao dos castros e a arqueologia foi sempre para ele, mais do que um objectivo, um modo de aceder aos homens e as ori­ gens do povo portugues. Este objectivo hist6rico que se encontrava no cerne de to­ das as pesquisas de M. Sannento era profundamente patri6tico, mas a verdade e que ele projectava entre n6s uma conceps;ao e interesse cientificos que faziam escola alem fronteiras. Martins Sarmento honrava 0 seu pais na busca das suas remotas origens, mas honrava tambem 0 seu tempo, mostrando a sua actualiza­ s;ao. Com efeito, 0 terceiro quartel do sec. XIX viu desabrochar fulminantemente os estudos da Pre-Hist6ria europeia que irao ter em Portugal os seus ecos nas primeiras exploras;oes das grutas e povoados estremenhos, trabalho a que se encontram ligados no­ 128

MANUELA MARTINS

mes como Carlos Ribein pouco mais tardio e 0 int pelas antiguidades pre­ proto-hist6ricos inicia-se 1871, nas colinas de Hi ~ Homero, rapidamente all sas descobertas orientais ropeus, dando-se assim citados nas fontes liteniri Ligures. Ora a obra cie Portugal a orientas;ao de culo XIX. Profunda actuCl! nas palavras de E. Htibne E a procura das IU ser possivel encontrar a M . Sarmento a iniciar as tro anos depois de iniciac homerica. Toda a sua obi nol6gica. Estudos em cas servem-Ihe, conjuntamen critas, para tentar comprel rit6rio nacional. Fixar a I cavas;oes, sem interrups;a( pouco ia desenterrando, Sarmento. No entanto, c uma base comparativa pa vas;oes simultaneas no , quatro anos (1876-1880: ambito das suas pesquisa~ N a verdade tudo 0 ( prospectou 0 Entre-Dour, ral, tendo identificado m realizar 0 primeiro invenl do e classificando nume

MARTINS SARMENTO E A ARQU

RE VI ' TA DE

GVIMARAE S

mes como Carlos Ribeiro Nery Delgado e Pereira da Costa. Urn pouco mais tardio e 0 interesse que se generaliza na Europa culta pelas antiguidades pre-classicas. Este interesse pelos povos proto-hist6ricos inicia-se com as explora90es de Schlieman em 1871 , nas colinas de Hissarlik onde julga descobrir a Tr6ia de Homero, rapidamente alargadas a Micenas e Tirinto. As fabulo­ sas descobertas orientais mpolgaram facilmente os eruditos eu­ ropeus, dando-se assim inicio ao estudo dos diferentes povos citados nas fontes literarias, como os Germanos, Celtas, Iberos e Ligures. Ora a obra cientifica de M. Sarmento cristaliza em Portugal a orienta9ao de estudos europeus do ultimo ter90 do se­ culo XIX. Profunda actualidade a deste homem que homou bern, nas palavras de E. HUbner, seu tempo e 0 seu pais. E a procura das nossa raizes pre-romanas, onde julgava ser possivel encontrar a nossa verdadeira identidade que levam M. Sarmento a iniciar as escava
Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.