(2007) A ocupação de grupos caçadores-coletores no Nordeste paulista e Sul mineiro: a escavação do sítio Caconde 6

May 28, 2017 | Autor: Pedro Narciso | Categoria: São Paulo (Brazil), Pré-História, Caçadores-coletores
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A OCUPAÇÃO DE GRUPOS CAÇADORES-COLETORES NO NORDESTE PAULISTA E SUL MINEIRO: A ESCAVAÇÃO DO SÍTIO CACONDE 6 1 Pedro Narciso (Documento Ltda.) Resumo Este trabalho visa apresentar o resultado da primeira fase de escavações realizadas no sítio Caconde 6, localizado na borda da UHE Caconde, bacia do rio Pardo, SP/MG. Trata-se de um sítio lítico a céu aberto, implantado numa pequena elevação elíptica localizada originalmente em alta encosta, próximo a um pequeno afluente do rio Pardo. A primeira fase de trabalhos de campo foi realizada em Maio/Junho de 2007, de que agora se apresentam os resultados preliminares. De acordo com os mesmos foi possível: • Diagnosticar o potencial arqueológico do sítio e compreender a estratigrafia do local; • Analisar o sítio arqueológico, com base nos diversos dados recolhidos, em especial sobre a estruturação de seu espaço interno (morfologia, estruturas de ocupação); O sítio forneceu à superfície e em estratigrafia diversos materiais líticos referentes aos vários níveis da cadeia operatória (matéria-prima, núcleos, lascas, estilhas e utensílios), sendo de destacar a indústria laminar, instrumentos sobre lascas espessas (lesmas) e pontas de flecha pedunculadas. De uma forma maioritária, o sílex, o arenito silicificado e o quartzo hialino foram as matérias-primas utilizadas como suporte. Considerando os diversos dados reunidos, o sítio de Caconde 6 traz subsídios para analisar a presença de grupos caçadores-coletores na região do nordeste paulista e sul mineiro, região ainda pouco conhecida arqueologicamente.

Introdução O sítio lítico de Caconde 6 (Botelhos, Minas Gerais), intervencionado pela empresa Documento 2 Ltda. entre Maio e Junho de 2007 , é uma das sete jazidas arqueológicas identificadas num levantamento arqueológico das margens da UHE Caconde, em 2004 pela empresa Scientia Consultoria Científica Ltda.. Em 2006 a Documento iniciou o “Programa de Resgate Arqueológico da UHE Caconde”, o qual assenta nos seguintes objetivos de pesquisa (ROBRAHN-GONZÁLEZ 2007: 6 a 8): localizar, inventariar, interpretar e valorizar os sítios arqueológicos localizados na faixa de depleção do lago artificial, obedecendo a portaria IPHAN 28/03, que indica o desenvolvimento de estudo/inventário de sítios localizados nas margens dos regolfos de antigas barragens, que não tenham tido qualquer estudo de impacto ambiental ou arqueológico à altura da sua execução. Entre os atuais sete sítios arqueológicos conhecidos na faixa de depleção da hidrelétrica, Caconde 6 foi o primeiro a ser estudado, o qual era à partida o que apresentava melhores condições de preservação. Contrariando o que seria de esperar para essa altura do ano, o lago artificial da hidroeléctrica apresentava-se, à data da intervenção arqueológica, próximo da sua cota máxima, levando a que durante esta primeira fase dos trabalhos de campo, a escavação incidisse na área de cota superior do sítio, uma vez que era a única a descoberto. A escavação arqueológica teve os seguintes objetivos: • Diagnosticar o potencial arqueológico do sítio e compreender a estratigrafia do local; • Analisar o sítio arqueológico, com base nos diversos dados recolhidos, em especial sobre a estruturação de seu espaço interno (morfologia, estruturas de ocupação). Numa segunda fase dos trabalhos de campo, a realizar no auge da estação seca (Setembro/Outubro), será intervencionada a área submersa durante a primeira fase, que coincide com a faixa de depleção, pretendendo-se alcançar os seguintes objetivos: • Inferir sobre a existência de novos dados que permitam contribuir para a interpretação do sítio arqueológico; • Dar continuidade ao “Programa de Resgate Arqueológico da UHE Caconde”, nomeadamente ao objetivo que procura compreender o impacto da barragem sobre os sítios arqueológicos 3 localizados na faixa de depleção . Os dados agora publicados neste artigo, são o resultado da primeira intervenção arqueológica no sítio Caconde 6, com os quais se pretende enriquecer os conhecimentos existentes atualmente sobre os 4 grupos de caçadores-colectores na região nordeste do estado de São Paulo e Sul de Minas Gerais .

UHE Caconde

Figura 1 - Localização do empreendimento hidreléctrico

Figura 2 - Planta geral da UHE Caconde.

Contextualização Geomorfológica A UHE Caconde, localizada na área Nordeste do estado de São Paulo, divisa com Minas Gerais e a cerca de 290 km da capital, encontra-se implantada no alto curso do rio Pardo, represando as suas águas e criando um lago artificial com 2.843,07 hectares de área, abrangendo terras dos municípios de Caconde (SP), Poços de Caldas e Botelhos (MG). Apesar da abundância de água na região, a agricultura tem uma fraca expressão quando comparada à pecuária, o que se deve ao relevo demasiado irregular, formado por cadeias sucessivas de colinas não muito altas, de pendentes diversas e vales encaixados, originando uma paisagem ondulada e serpenteante. Os cumes destas elevações são pouco extensos e arredondados, enquadrando-se dentro dos típicos morros mamelonares, característicos do Sudeste Brasileiro, também denominados por “mares de morros” (AB’ SÁBER 2003: 27). Esta topografia regional acidentada apresenta as suas maiores altitudes nos contrafortes do edifício vulcânico de Poços de Caldas, com cotas ao redor de 1500 metros. As altitudes decrescem em direcção a Oeste, chegando a 700 metros no limite da área. A geomorfologia corresponde à transição entre as uniformidades morfo-esculturais do Planalto Atlântico (Planalto do Alto Rio Grande) e da Depressão Periférica Paulista (Depressão Mogi-Guaçu) (ROSS 1997). Esta paisagem, apesar de bastante alterada, inserese dentro do domínio morfoclimático tropical-atlântico (AB’ SÁBER 2003: 29), sendo que, nas áreas envolventes ao sítio arqueológico, são observáveis os seguintes tipos de coberto vegetal: 1. Plantações intensivas de monocultura de café, cana de açúcar e banana em alguns cumes e encostas suaves; 2. Extensas áreas desmatadas, abertas por queimada, com coberto composto por gramíneas, pequenos arbustos e árvores de médio porte dispersas. Estas áreas são utilizadas como pastagem de gado bovino; 3. Manchas de dimensão considerável de vegetação autóctone típica da Mata Atlântica; 4. Pequenas áreas de eucaliptal e pinhal (bravo); 5. Zonas lagunares e fluviais cobertas por capim alto e árvores folhosas de médio porte nas margens, apresentando também plantas aquáticas no seu interior. De acordo com IPT (1981) nesta região destacam-se as constituições geológicas das eras Proterozóica, Paleozóica, Mesozóico e Cenozóica. No Pré-cambriano tem-se o Complexo de Varginha que aparece nas regiões de Pinhal, São João da Boa Vista, São José do Rio Pardo e Caconde, sendo delimitado pela falha de Jacutinga que opõe em confronto com o Complexo Amparo. A litologia predominante na unidade são migmatitos diversos de paleossomas granulíticos, calcosilicáticos, anfibolítico, xistosos, dioríticos e quartzíticos, incluindo ainda termos gnássicos a

biotita e granada já bastante migmatizados (AvHM). Esta associação litológica distribui-se pelas áreas de São João da Boa Vista, Caconde, Mococa, penetrando pelo vizinho Estado de Minas Gerais. Também são encontrados diversos núcleos, bolsões e faixas de rochas granulíticas (AvH) relativamente preservada do processo de migmatização (ALMEIDA 1964 e 1981). O sítio arqueológico Caconde 6 inserese, então, dentro do contexto referido, tendo como coordenadas geográficas 23K 343 211 / UTM 760 29 33 e encontrandose a cerca de 880 m acima do nível médio das águas do mar (ponto médio). Trata-se de um sítio lítico a céu aberto, implantado numa pequena elevação elíptica Figura 3 – Imagem de satélite com localização do sítio arqueológico localizada, na sua quase totalidade, (Fonte: Google Earth) dentro da faixa de depleção do reservatório da barragem, estando por isso sujeita ao impacto causado pelas variações anuais de caudal do lago artificial. À altura da intervenção não ultrapassava os 190 m2 (cerca de 17 x 11 metros), visíveis à superfície, área que coincide, grosso modo, com a pequena elevação sobranceira à confluência de um pequeno riacho afluente do rio Pardo (a Norte) e de uma linha de água sazonal (a nascente). A elevação (plateau) é circundada, atualmente, pelo reservatório da Usina, a Norte, Oeste e Sul, sendo acedida unicamente pela sua vertente nascente. Nesta direção desenha-se uma encosta suave, não muito alta, com cerca de 10% de inclinação. O coberto vegetal, quer da encosta adjacente, quer do sítio arqueológico, insere-se dentro do tipo 2 apontado acima. A pequena elevação apresenta uma formação sedimentar, com a seguinte sequência: sedimentos arenoargilosos, argilo-arenosos, argilas e arenito.

Figura 4 – Enquadramento geral da pequena elevação onde se localiza o sítio arqueológico, vista de Norte-Sul (Fonte: Documento Ltda.)

Figura 5 - Pormenor do enquadramento da pequena elevação, vista de Este-Oeste (Fonte: Documento Ltda.)

Metodologia A escavação arqueológica do sítio Caconde 6, de sigla “Ca-6”, teve os seguintes objetivos: • Diagnosticar o potencial arqueológico do sítio e compreender a estratigrafia do local; • Analisar o sítio arqueológico, com base nos diversos dados recolhidos, em especial sobre a estruturação de seu espaço interno (morfologia, estruturas de ocupação). A escavação foi dividida em três frentes de trabalho distintas, duas dentro da área do sítio arqueológico propriamente dito (1 e 2) e uma outra na área envolvente ao mesmo (3). A metodologia para cada uma delas é descrita em seguida: 2 1. Sondagens arqueológicas de dimensão diversificada (de 0,5 a 1,5 m cada uma), num total 2 de 16 (S.1 a S.16), resultando em 13 m de área escavada: • Dois eixos de sondagens, perpendiculares entre si, cortando de forma longitudinal (EsteOeste) e transversal (Norte-Sul) a pequena elevação. O primeiro apresentou 14 metros 5 de comprimento, enquanto o segundo tinha 11 metros ; • A sondagem 1 foi marcada na intercepção dos dois eixos; • A sondagem 3 foi a sondagem directora da escavação (estratigrafia do sítio); • As decapagens foram realizadas de forma manual, com recurso a ferramenta pesada, por níveis artificiais de 10 cm ou de 5 cm e ferramenta mais leve aquando da constatação de alguma evidência mais relevante (ex.: S.9 e S.10); • Os materiais arqueológicos foram recolhidos por nível artificial; • As sondagens foram encerradas sempre que, após um nível com material, surgiram dois níveis consecutivos estéreis do ponto de vista arqueológico; 2 2 • As sondagens 9 e 10, inicialmente com 0,5 m , foram alargadas para 1,5 m cada uma, em virtude de ter surgido sedimento com carvões (fogueira). Uma vez isolado (topo do 2 nível 2), a escavação foi realizada por terço (1 x 0,5 m ): Sul, Meio, Norte. Mantiveram-se por escavar os terços do meio e o sul de S.9, os quais coincidiram com a zona de maior concentração dos micro carvões. Foram, assim, criados dois cortes na fogueira (longitudinal e transversal) de forma a perceber a extensão da mesma em profundidade (corte E de S.10 e corte S do 1/3 N da S.9), tendo os mesmos sido registados. A coleta dos sedimentos foi feita em bloco, uma vez que apresentava apenas micro carvões, os quais seriam destruídos em caso de decapagem. Uma vez retirada a amostra de sedimento, a camada artificial foi nivelada, inferindo-se acerca da continuidade dos sedimentos com carvões no nível seguinte, e assim sucessivamente, até os mesmos terminarem. Os materiais foram recolhidos por 1/3 respectivo e apenas individualmente no nível 2 (10 cm), de forma a entender a sua associação com o topo dos sedimentos da fogueira. 2 2. Escavação em área quadrangular com 3 x 3 m, que resultou em 9 m de área escavada, sendo designada como Sector A e foi implantada entre as sondagens 1 e 3, coincidindo com a área de topo da elevação: • Definição de uma malha alfanumérica, com dois eixos orientadores, sendo o seu eixo referencial o canto SE: • A-C (Este para Oeste); • 1-3 (Sul para Norte). • Esta malha teve o seguinte objetivo: • Escavar em área de forma a compreender não apenas a estratigrafia vertical (temporal), mas também a estratigrafia horizontal (espacial). • A escavação utilizou o método manual de decapagens artificiais, por níveis de 5 cm, as quais foram realizadas obedecendo às linhas numéricas (de Este para Oeste). Para cada nível rebaixado foram contempladas as seguintes tarefas: • Decapagem de 5 cm com evidencia de estruturas/artefatos; • Limpeza e acerto dos perfis; • Crivagem de sedimentos; • Coleta de materiais e matéria-prima amostral; • Fotografias de materiais in-situ (em caso relevante); • Fotografia e desenho à escala 1:10 do plano geral; • Fotografia e desenho de quadrícula(s) da malha à escala 1:5 (em caso de achado relevante); • Coordenar os materiais arqueológicos relevantes (utensílios, fragmentos de utensílios, fragmentos com bolbo de percussão e talão marcados, lascas superiores a 2 cm, núcleos e carvões).

• •





Dada a quase inexistência de materiais no nível 5, o nível 6 foi de 15 cm de espessura e escavado com ferramenta manual pesada; Os materiais no nível 1 e 2 foram coletados de forma indiscriminada, por nível, dado pertencerem a uma camada de subsuperfície, muito revolvida, quer por ação natural (bioturbação), quer por ação antrópica (variação do nível de água da barragem); A partir do topo do nível 3 foi marcada a malha alfanumérica, uma vez que, a partir dos 10 cm, os materiais começaram a surgir em maior quantidade, encontrando-se a partir desse nível uma camada arqueológica com um bom nível de preservação; A coordenação dos materiais arqueológicos (X, Y) foi feita por quadrícula, utilizando como eixo de referência (0,0) o canto SO de cada uma, em que X é o eixo Oeste-Este e o Y o eixo Sul-Norte, como o esquema ilustra;

C3 C2 C1

B3 B2 B1

A3 A2 A1

Esquema 1 – Os círculos vermelhos indicam qual o vértice utilizado como eixo de referência (0,0) para cada quadrícula

Foi atribuída uma cor e um símbolo a cada tipo de matéria-prima utilizada como suporte de cada artefato. O símbolo encontra-se anexo ao desenho do material, uma vez que a cor não é sempre perceptível, devido ao tamanho reduzido dos artefactos: • ||, vermelho sílex; • X, amarelo quartzo hialino; • =, azul claro quartzo leitoso; • //, verde claro pedra verde; • espiral, castanho claro : quartzito; • quadrado, sem cor : quartzo indiferenciado. • A identificação das etiquetas foi feita da seguinte forma: • Caconde 6; • Data; • Sector A; • Quadrícula / Nível; • X = / Y = (cada um composto por 3 algarismos de 000 a 099). 2 3. Sondagens arqueológicas de 1 m cada uma, num total de 10 (S.17 a S.26), resultando em 2 10 m de área escavada e localizadas em vários locais da envolvente, passíveis de apresentar também vestígios arqueológicos, a ver: • Pequena encosta suave e braço de terra a Sul do sítio; • Meia encosta entre o sítio arqueológico e a casa dos trabalhadores do café; • Margem entre a linha de água e o riacho, a NE do sítio arqueológico; • Margem oposta a Norte e Oeste do sítio. • A metodologia seguida foi a aplicada para as sondagens do sítio arqueológico (1). Por fim, foi realizado o levantamento topográfico da área intervencionada, com desenho altimétrico do sítio arqueológico, apresentando uma equidistância das curvas de nível de 50 cm e localizando todas as sondagens arqueológicas realizadas. •

Os trabalhos de campo Os trabalhos arqueológicos compreenderam um total de dezesseis sondagens e uma escavação em área (Sector A) na pequena elevação e dez sondagens na área envolvente ao sítio arqueológico, como aliás foi referido na metodologia. Todas as sondagens e o sector A foram escavados até níveis estéreis do ponto de vista arqueológico, atingindo-se as seguintes profundidades:

Sondagem 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Profundidade 60 50 70 40 30 40 50 50 30 30

Sondagem 11 126 13 14 15 16 17 18 19 20

Profundidade 60 80 40 60 40 50 40 50 30 20

Sondagem 21 22 23 24 25 26

Profundidade 10 30 40 30 30 20

Sector A

40

Tabela 1 – Profundidade atingida em cada sondagem e no sector A (centímetros)

A área escavada correspondeu a 22 2 m do sítio arqueológico o qual, à data da intervenção, tinha uma área total 2 aproximada de 190 m . A intervenção arqueológica pretendeu, desta forma, ser amostral e responder aos objetivos inicialmente traçados visando garantir sua preservação parcial, não querendo nesta medida, esgotar o local, permitindo a continuação do seu estudo a médio ou longo prazo. Durante o decurso dos trabalhos foi identificado um nível estratigráfico bem definido e caracterizado pela presença quer de artefactos (líticos), quer de ecofactos (carvões) que demonstraram uma ocupação humana antiga no local. Esse nível correspondeu a uma camada de matriz areno-argilosa ([02]), com Figura 6 – Vestígios do topo da fogueira em S.9 (Topo de N2, 10 cm), cerca de vinte centímetros de observando-se uma mancha sedimentar mais escura em todo o terço espessura em média, a qual forneceu Sul e central da sondagem e vários materiais associados à mesma cerca de 1000 materiais líticos (Fonte: Documento Ltda.) aparentemente in situ, sedimentos com micro-carvões (S.9 e S.10) e tendo ainda sido possível identificar um buraco de esteio no Setor A (C3 e B3). Foram recolhidas quatro amostras sedimentares da fogueira e a totalidade do sedimento que preenchia o buraco de esteio, para posterior análise 7 laboratorial . De acordo com os dados observáveis na sondagem diretora (S.3), restantes sondagens localizadas na cota mais alta da elevação (S.1, S.11, S.14) e malha (Sector A), foi possível identificar a seguinte estratigrafia na elevação: 1. 0 - 5 a 10 cm : camada de matriz areno-argilosa de subsuperfície, solta, muito 7 – Topo do nível 4 do Sector A, sendo visíveis vários materiais bioturbada por gramíneas, revolvida Figura líticos e uma mancha argilosa alaranjada que preenchia o interior do e com materiais arqueológicos buraco de esteio em C3 e B3 (Fonte: Documento Ltda.) dispersos e descontextualizados. 2. 10 - 25 a 30 cm : camada de matriz areno-argilosa, de compactação média, preservada, com materiais arqueológicos. A maior densidade de materiais dá-se numa pequena

faixa entre os 10 e os 20-25 cm, sendo que aparecem até aos 30 cm, mas em número cada vez mais reduzido. 3. 25 a 30 - 35 cm : camada de matriz areno-argilosa, de compactação média, onde os materiais arqueológicos são quase inexistentes. 4. 30 a 35 - 40 a 45 cm: camada de matriz argilo-arenosa, de compactação média a compacta, geológica, estéril do ponto de vista artefactual. 5. 40 a 45 - 55 a 60 cm: camada geológica, compacta, formada por cascalheira pouco densa, com seixos de quartzo leitoso algo rolados e de pequena dimensão sobretudo, envolta por argila cinzenta. 6. 55 a 60 - 70 cm: camada geológica composta por rocha arenítica em desagregação, blocos de quartzo leitoso de pequena a média dimensão e argila, muito compacta. Apesar de ser esta a estratigrafia visível em toda a área ocupada da elevação, as medidas apresentadas devem ser consideradas aproximadas uma vez que a espessura de cada camada varia um pouco, devido ao próprio relevo do terreno. Por seu turno, as camadas têm uma tendência natural para serem mais ténues, onde a pendente da elevação se faz sentir, ou seja, nas sondagens de extremidade, uma vez que o terreno apresenta aí um maior índice erosivo. Inclusivamente, nas sondagens de extremidade, mais próximas do topo do lago artificial, a água inundou a sua cota mais baixa. De forma a melhor interpretar a sequência estratigráfica do local foi designado, para cada 8 realidade arqueológica, uma unidade estratigráfica correspondente, apresentada na seguinte tabela: U.E. [01] [02A] [02B] [03]

Camada Camada Camada Camada

Descrição sumária de matriz areno-argilosa de subsuperfície, revolvida de matriz areno-argilosa com materiais arqueológicos de matriz areno-argilosa quase sem materiais arqueológicos geológica de matriz argilo-arenosa estéril do ponto de vista artefactual

[04]

Camada geológica de matriz argilosa e cascalheira de quartzo leitoso

[05] [06]

Camada geológica composta por rocha arenítica em desagregação Sedimentos com microcarvões (Vestígios de fogueira)

[07]

Buraco de esteio

Localização Geral Geral Geral Geral S.1, S.3, S.6, S.11, S.12, S.14, S.15, S.16 S.3, S.12 S.9, S.10 Sector A C3, B3

Tabela 2 – Lista de Unidades Estratigráficas

Apesar da área intervencionada ser reduzida (cerca de 12% do total), os dados referidos anteriormente demonstram bem a riqueza arqueológica do local, bem como, permitem avançar algumas hipóteses sobre a ocupação humana e a estruturação do espaço interno do sítio arqueológico dentro da área escavada, as quais serão enumeradas nas conclusões. Na envolvente ao sítio arqueológico foram implantadas dez sondagens 2 correspondendo a 10 m de área escavada. Apenas as sondagens da encosta a Sul (S.17 a S.19), a de meia encosta nas imediações do sítio arqueológico (S.20) e uma das sondagens na margem oposta (S.23), Figura 8 – Trabalhos de decapagem no Sector A revelaram materiais arqueológicos e em (Fonte: Documento Ltda.) baixa quantidade, sempre nos primeiros dois níveis. Em relação à estratigrafia, foi possível observar que os sedimentos do primeiro nível das sondagens mais próximas da água são de matriz areno-argilosa, enquanto as mais afastadas têm matriz argilo-arenosa. Em geral os sedimentos destas dez sondagens apresentam uma coloração castanha, diferente da observada no sítio arqueológico, em que as colorações cinzentas predominavam, demonstrando assim formações sedimentares diferenciadas.

Figura 9 – Corte Transversal Oeste da elevação (metade Sul) (Fonte: Documento Ltda.)

Figura 10 – Corte Transversal Oeste da elevação (metade Norte) (Fonte: Documento Ltda.)

Os materiais arqueológicos O sítio arqueológico forneceu à superfície e em estratigrafia, diversos materiais líticos referentes aos vários níveis da cadeia operatória: • Matéria-prima; • Núcleo; • Lascas; • Esquírolas (estilhas); • Utensílios. A indústria é sobretudo de utensílio sobre lasca, alguns dos quais sobre lascas espessas (lesmas), havendo também alguma indústria laminar e microlítica. Surgiram também pontas projéteis pedunculadas. Dentro dos utensílios foram identificados: raspadores diversos (entre os quais lesmas), lâminas, lamelas, pontas projéteis e furadores. As pontas projéteis apresentam retoque bifacial cobridor e são pedunculadas. De salientar a dimensão muito reduzida de alguns artefatos, o que costuma ser referido para os grupos portadores de indústria lítica Umbu (ROBRAHNGONZÁLEZ 2007: 14). Numa primeira análise, os materiais arqueológicos encontrados utilizam como suporte as seguintes matérias-primas (por ordem de ocorrência): • sílex (castanho, vermelho e negro) e arenito silicificado; Figura 11 – Raspador plano-convexo, sobre lasca, conhecido como • quartzo hialino; “lesma”, localizado no Sector A (Fonte: Documento Ltda.) • quartzo leitoso; • quartzito; • Outras: quartzo, quartzo fumée e outras. Quer nas sondagens, quer no sector A, até aos 25 cm de profundidade, coincidindo com os níveis arqueológicos ([02A]), surgiram diversas pedras de coloração verde acinzentada, macias e facilmente quebradiças, as quais, tal como o sílex, o quartzo hialino e o quartzo fumée são inexistentes na geologia local. Conclusões O pequeno artigo agora apresentado pretende contribuir para o estudo da presença de grupos caçadores-coletores na região do nordeste paulista e sul mineiro, região ainda pouco conhecida arqueologicamente. Não sendo ainda conclusivos, os dados agora apresentados requerem a sua confrontação e enriquecimento, quer a partir dos dados extraídos da análise material, quer das análises laboratoriais dos sedimentos recolhidos e das datações obtidas. Ainda assim, considerando os diversos dados recolhidos durante os trabalhos de campo podem e devem ser avançadas algumas linhas gerais que permitam caracterizar este pequeno, mas promissor sítio arqueológico. Considerando o nível de vazante máxima da barragem, pode-se afirmar que o local, à data da ocupação arqueológica, apesar de constituir uma pequena elevação, não apresentaria boa defensibilidade natural, já que se encontra encaixado no vale, na proximidade dos dois cursos de água que ali confluem (um córrego e o riacho). O vale é de cota bastante reduzida e serpenteante. Por seu turno, a visibilidade também é bastante reduzida, estando o local circundado de Sueste a Oeste por colinas que, apesar de relativamente baixas, impedem a visão nessa direcção. Desta forma, apenas haveria alguma visibilidade para Sul e Sudoeste, correspondendo à continuação do vale e sentido jusante do riacho. A visibilidade periférica aumenta substancialmente do topo das colinas contíguas, a Norte e a nascente do sítio arqueológico. O local apresenta uma boa capacidade de drenagem do solo, uma vez que as primeiras camadas do mesmo (até aos 30 cm sensivelmente), são de matriz areno-argilosa, tendo uma boa capacidade de absorção das águas pluviais. Além deste fator, a própria configuração da pequena elevação onde o sítio arqueológico se desenvolve é arredondada, evitando a estagnação de água à superfície. Em relação às sondagens implantadas nas adjacências do sítio, os artefatos exumados são em baixa quantidade e surgiram sempre nos primeiros dois níveis. Ao contrário do que acontecia na

elevação do sítio arqueológico, nos terrenos adjacentes não existe um nível preservado, encontrando-se os sedimentos muito revolvidos fruto dos trabalhos agrícolas e das queimadas feitas para criar pasto para gado. Em algumas sondagens surgiram fragmentos de materiais de construção recentes, comprovando a forte perturbação antrópica produzida nesses locais. No sítio arqueológico Caconde 6 foi possível identificar todas as fases da cadeia operatória inerente a uma oficina de lascamento, tendo-se encontrado todo o produto desde a matéria-prima ao utensílio. A presença no sítio arqueológico de sílex, quartzo hialino, quartzo fumée e xert/obsidiana demonstram uma especialização na busca e seleção de matéria-prima, com melhores características para o talhe. Estes tipos de rocha são exógenos, dado que a composição geológica da área tem como base os sedimentos arenosos e argilosos, os arenitos, o quartzo leitoso e o quartzito, estes dois últimos rolados, sugerindo transporte fluvial. Entre os diversos utensílios coletados, destacam-se alguns artefatos de dimensão muito reduzida, entre os quais uma lesma e um raspador circular, ambos miniaturizados, sugerindo uma das seguintes hipóteses explicativas: • Miniaturização de peças, com fim indeterminado; • Aproveitamento intensivo da matéria-prima até ao seu esgotamento, tendo os utensílios inicialmente tido um tamanho maior e sendo avivados sucessivamente, até atingirem a dimensão de micro utensílios. Estas peças de pequena dimensão (micro utensílios) são característicos do centro e Sul do Brasil, sendo atribuídos à tradição Umbu e conhecidos como plistocênicos, mais propriamente na sua transição para o Holocénico (12.000 a 9.500 BP), sendo os mais antigos conhecidos na região Sul. As denominadas “pedras verdes” também sugerem um transporte antrópico das mesmas, sendo que a sua função é ainda indeterminada. Pelas suas características físicas, poderiam eventualmente ser facilmente fragmentadas e moídas para a produção de algum tipo de corante. Para além dos materiais líticos encontrados, foram identificadas duas estruturas ocupacionais: uma fogueira e um buraco de esteio. A fogueira localizou-se na extremidade Oeste da área plana da elevação, mais próxima do curso de água e mais afastada da encosta, mantendo-se assim desimpedida a zona de passagem entre a elevação e a encosta adjacente. Não foi identificada uma estrutura de combustão organizada com termoclastos associados ou um buraco escavado no solo, levando a crer que a fogueira seria acendida no chão, sem qualquer protecção. Esta apresentou uma forma irregular e não ultrapassou os 10 cm de espessura na zona central. Apesar de terem sido recolhidos alguns materiais no interior dos sedimentos da fogueira, é de realçar uma acumulação de materiais junto e em redor da área da fogueira, com particular incidência na área mais próxima ao riacho (S.4 e S.10) confirmando uma mancha de ocupação em torno da mesma. Foi também identificada uma estrutura negativa interpretada como um buraco de esteio, o qual se encontrava em C3/B3 do Sector A (15 cm, topo do nível 4). Este buraco de poste sustentaria eventualmente uma estrutura perecível de Figura 12 – Plano (em cima) e corte transversal (em baixo) do buraco de tipologia e função indeterminadas. esteio (Fonte: Documento Ltda.)

Encontrava-se preenchido por um sedimento argiloso de coloração laranja e por duas pedras apoiadas às paredes do buraco de esteio, sugerindo a sua utilização como calços do esteio perecível que possa ter contido, dando maior estabilidade ao mesmo e formando, em conjunto com a argila, um embasamento sólido. Após a sua remoção, o buraco de esteio apresentou uma forma subcircular com 17 x 15 cm, secção transversal semicircular (Este-Oeste) e secção longitudinal em “U”. A sua profundidade máxima era de 9 cm. Considerando os dados dos parágrafos anteriores, a ocupação do espaço parece ter sido realizada com maior intensidade nas extremidades do topo da elevação, ou seja, na borda da mesma imediatamente antes da pendente, especialmente na vertente contígua à linha de água e riacho (áreas NE, N, NO e O da elevação). Contribuem também para a confirmação desta hipótese os seguintes dados: • a grande maioria de materiais, a fogueira ou o buraco de esteio concentram-se precisamente nesta “coroa” que delimita a área mais alta e plana do local; • a linha 2 do sector A, que coincide com a faixa central da elevação, totalmente plana e alguns centímetros mais alta que as linhas 1 e 3, foi aquela que menos materiais forneceu. Por seu lado, a linha 3, localizada na faixa mais próxima da confluência do riacho e do córrego, forneceu mais materiais do que o conjunto exumado nas linhas 1 e 2;

C B A 3 2 1 Esquema 2 – Somando os materiais dos níveis 3 e 4 (10-20 cm) do Sector A, obtém-se este gráfico de dispersão (quanto mais escura a quadrícula, maior o número de materiais). O círculo laranja aponta a localização do buraco de esteio.

nas sondagens de extremidade, onde a pendência das vertentes do plateau é mais acentuada, os materiais apenas surgem até ao segundo nível (20 cm), demonstrando erosão do terreno e, acima desse fator, o próprio carregamento dos materiais oriundos do topo e da “coroa”, realizado pelos agentes meteóricos. De acordo com a quantidade e distribuição espacial dos materiais arqueológicos e, apesar das linhas 1 e 2 apresentarem também uma quantidade considerável de materiais, uma vez que toda a elevação terá sido ocupada, a ocupação terá incidido com maior intensidade na área referida, tendose aí processado os trabalhos de talhe, com visão direta sobre o riacho e córrego. Em suma, o sítio arqueológico localizado no fundo de um vale sugere corresponder a um pequeno habitat a céu aberto, mais especificamente uma oficina de lascamento e local de observação de caça/pesca, o qual teria uma localização privilegiada, na confluência de um riacho com uma linha de 9 água, que na época da ocupação, talvez fosse também perene . Os fatores geográficos apontados, dos quais se destaca a proximidade de um curso de água de caráter permanente, fonte de água, caça e pesca, fizeram dele um local privilegiado e apelativo para os grupos de caçadores-coletores. A presença de matérias-primas exógenas de qualidade superior para o talhe e a própria tipologia dos utensílios encontrados, demonstram uma diferenciação técnica destes grupos, à qual está subjacente todo uma tecnologia patente num total conhecimento do tipo de pedra utilizada como suporte e no domínio das técnicas de produção de instrumentos líticos especializados. Só a conjugação destes dois elementos permite a procura direta de matérias-primas distantes ou indireta, através de trocas com outros grupos nômadas de caçadores-colectores. A cronologia exata do local permanece porém indeterminada, uma vez que se aguardam os resultados das datações dos carvões coletados na fogueira através de métodos absolutos. Porém a ausência de cerâmica e recorrendo à datação relativa por comparação tecno-tipológica de parte dos materiais coletados, pode afirmar-se que o sítio arqueológico se insere dentro do conjunto de sítios conhecidos de grupos de caçadores-colectores de tradição Umbu, cuja ocupação no Planalto Paulista é datada entre 9.500 a 2.000 BP (ROBRAHN-GONZÁLEZ 2007: 13). •

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Arqueólogo e Historiador, licenciado em História, variante Arqueologia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, em Portugal. 2 A equipe foi composta pelas seguintes pessoas: Dra. Erika M. Robrahn-González e Ms. Wagner Bornal (MS.) como coordenadores, L.C. Pedro M. Silva Narciso como diretor de campo, Bruno Silva, Fernando Soltys Gabriella Rodrigues, Marcela Fernandes, Natália Campos, Natália Zanella, Roberta Alexandrina e Vinicius Durante (Alunos da UNICAMP) como estagiários e Acácio do Prado, Jeferson Anderson dos Reis Oliveira, Oswaldo Batista, Paulo César do Prado, Valdinei Donizete da Cruz e Wilson Genaro (auxiliares de escavação). 3 Através da coordenação e mapeamento de vários materiais arqueológicos localizados dentro da faixa de depleção, será elaborado um estudo comparativo que permitirá ao longo do tempo calcular o índice de arrasto/deslocação dos materiais devido ao movimento de vazante (época de seca) e enchente (época de chuva) do reservatório, compreendendo-se o real impacto de empreendimentos hidroeléctricos sobre o património arqueológico localizado nas margens dos mesmos. 4 Os mais sinceros agradecimentos à empresa AES – Tietê na pessoa do Sr. Miquelim (Engenheiro / . UHE Caconde), à DOCUMENTO Ltda. e a toda a equipa de campo participante, cujo apoio cedido nos mais diversos níveis foi imprescindível para a realização dos trabalhos arqueológicos. 5 A planta de localização das sondagens encontra-se em fase de elaboração e deverá ser apresentada no estudo final sobre o sítio arqueológico, a publicar no futuro. 6 A sondagem 12 foi escavada até aos 80 cm (nível 8), dado ter surgido nos primeiros centímetros do nível 6 um fragmento de sílex. Este fato, único em toda a escavação, deve-se provavelmente a algum transporte do artefacto provocado por alguma perturbação natural. 7 Os sedimentos da fogueira foram secados em estufa, tendo os micro-carvões sido recolhidos e aguardando-se os resultados da análise de C14 para datação da fogueira. Os sedimentos do buraco de esteio permitirão uma análise polínica do local. 8 Unidade estratigráfica (U.E.) é um número definido unicamente para classificação de um contexto arqueológico, sendo sequencial e estando de acordo com a ordem da sua ocorrência durante os trabalhos de campo. As unidades estratigráficas não correspondem aos níveis artificiais considerados durante a escavação. As U.E. são apresentadas da seguinte forma: [##]. 9 Estas características geográficas podem enquadrar-se dentro da estratégia de povoamento para os grupos de caçadores-colectores portadores da indústria lítica Umbu (ROBRAHN-GONZÁLEZ 2007: 13).

Referências bibliográficas AB’SÁBER, Aziz, 2003, Os Domínios de Natureza no Brasil: Potencialidades Paisagísticas, Ateliê Editorial, São Paulo ALMEIDA, F. F. M. 1964. Fundamentos geológicos do relevo paulista. In: Instituto Geográfico e Geológico, São Paulo, IGG. P.169-262 ALMEIDA, F.F.M.; HASUI, Y.; PONÇANO, W.L.; DANTAS, A.S.L.; CARNEIRO, C.D.R.; MELO, M.S.; BISTRICH, C.A. 1981 - Mapa Geológico do Estado de São Paulo. Escala 1:500.000. Texto Explicativo. São Paulo, IPT (Vol. 1). 126p. ROBRAHN-GONZÁLEZ, Erika M.; BORNAL, Wagner G. 2007 – Programa de Resgate Arqueológico, UHE Caconde, Relatório de Andamento 1. Relatório entregue ao IPHAN ROSS, J.L.S. & MOROZ, I.C. 1997. Mapa Geomorfológico do Estado de São Paulo: escala 1:500.000. FFLCH-USP, IPT & Fapesp, São Paulo

Endereço do Autor: Rua da Chácara, s/n, Bairro Amaralina – 476 000 00 Bom Jesus da Lapa, Bahia

Fonte de financiamento: AES Tietê S/A

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