Autores Malcolm Miles Pedro de Andrade Fernando Condessa Anloni Remesar Fernando Nunes da Silva Julián Mora Aliseda Edgar Andrade Carlos Almeida Marques José da Cunha Barros Isabel Villac Mário Caeiro
Arte Pública e Cidadania Novas leituras da cidade criativa
Pedro de Andrade. Canos Almeida Marques, José da Cunha Barros (Coord.)
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Título Arte Pública e Cidadania: novas leituras da cidado criativa
SUMÁRIO
Colecção Pensar Arquitectura
Coordenação Clentilico-técnlca Pedro ele Andrade, Carlos Almeida Marques,
José da Cunha Barros
Créditos de Imagem de capa Jelf Thomson Cows 1987. fotografia de John GoIlings 2{X)4
Layout e Composição gráfica
Prólogo Antani Remesar, Pedro Branci.\io ..
.
Introdução Pedro de Andrade ..
5 ......................................... 13
Arte publica e estéticas sociais na urbanscape
Ana Sarmento
Paginação
Clean city: urbanism, éesthetics anel dissenl Malcolm Miles
................. 33
.............................•......
Aurélio da Cruz
Pré-impressão e Impressão CaleidoscÓpio_Edição e Artes Gráficas. 5A ISBN
978-989-658-075-9
Arte pública versus arte privada? Alteridades artisticas urbanas e Web 2.0 Pedro de Andrade.. ..
44
o Problema da Estética no Moderno Direito do Urbanismo: a fuga ao Direito pela Administração Pública e pelos Tribunais Fernando COndesso .
.
68
Depósito Legal 316523110
Data de Edição setembro de 20 1O
Edição
ca leil d sCI [o~ Caleidoscópio - Edição e Arles Gráficas, SA Rua de Estrasburgo, 26 - r/c dto. 2605·756 Casal de Cambra Telel. (+351) 21 sal 7960 Fax (+351) 219817955 www.caJeidoscopio.pl
e-mail:
[email protected]
Políticas urbanas
e arte no espaço público
Regeneração Urbana e Arte Pública Antoni Remesar. Fernando Nunes da Silva Gestão urbana e cultural: a cidade de Lisboa . Julián Mora Alisada, Edgar Andrade
.
.
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Espaço público, comércio e Arte Pública Carlos Almeida Marques ..
83
103
.... 122
Artes, turismo e cidadania crítica Turismo e lazer: sedução e cultura da diferença em espaços públicos urbanos José da Cunha Barros
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Comunidade politica no espaço público Isabel Villac
..
153
Apoios:
Arte crítica urbana. De Lisboa como Capital do Nada à luz boa da cidade... Experiências extramuros Mário Caeiro . ~.-
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PRÓlOGO
Prologar um "reader" sobre arte pública não é tarefa fácil. Se analisamos alguns dos existentes, publicados desde melade da década de oitenta do século passado, podemos comprovar que existem duas grandes famílias deste tipo de livro.
Por um lado lemos aqueles que são centrados no próprio mundo da "Arte", Apresentam-se como recompilação de escritos de artistas e criticos, ou como conjunto de entrevistas a estes mesmos personagens. Neste tipo de livro a "Arte" é o foco principal, ficando o aspecto ·Público~ num lugar subsidiário. A outra versão de livros apresenta-se como pluridisciplinar, muitas vezes pondo ênfase no upúblico~ e menos na "arte", Enquanto que os primeiros livros deixam entrever
a complexidade do mundo da ane, esle segundo tipo de escrito costuma apresentar-se com uma certa mistura e conlusão. Excessivos critérios lemáticos (não é mal se isso rellectir a complexidade do conceito que estamos descrevendo), aproximações multas vezes espúrias ao tema, forte carga ideológica. Em definitivo, numas e outras aproximações, a temática da "Arte Pública" aparece em toda a sua complexidade e confusão. Quando se fala de Arte Pública fala-se de muitas coisas e de muitas coisas muito distintas entre si.
Problemas com o conceito do conceito Pode chegar-se a dizer "este tema é estúpido, toda a arte é pública~ por delinição. Obviamente, só reconhecemos a arte que se comunica através de certos canais e, desla forma, a arte chega ao "público·, ou destinatário. É óbvio que entender a arte pública desde o esquema mais simples dos processos comunicativos, fará entender Ioda a produção como uma produção pública, quer dizer, que se comunica entre um emissor e um receptor (geralmente colectivo).
PROLOGO I t
se nos situamos nesta posição já não vale a pena discutir nem avançar com defini-
xou já de ser visto como repositório de acções isoladas no plano "estético", de embe-
ções que, essencialmente, estarão determinadas pela posição de partida da análise. Não
lezamento, ou de "qualificação· do espaço público, ao passar a actuar para além das
obstante, os múltiplos sentidos e acepções do termo, as diversas categorizações que
suas dimensões morfológica e funcional, e a integrar na sua acçâo de "dar forma~,
sobre ele se escrevem, mostram·nos que há algum problema de fundo com o conceito.
também a dimensão vivencial, ou temporal (Lynch 72) para a qual temos usado a
Em 1997' apresentámos uma relação dos conceitos equivalentes. em parte ou na totalidade, ao conceito de arte pública: -A UST FOR THE DlSSENT OR BRILUANCY AND DEATH DF PUBUC ART?
noção analógica de "Software do Desenho Urbano"2, designando aquela parte do desenho urbano que se propõe interferir, para além das formas do espaço, na sua interacçâo com os seus destinatários.
• Art·in-architecture • Seulpture in the open air • Environmental art • Contemporary
Em qualquer caso, a polémica conceptual que podíamos detectar há 15 anos atrás,
Public Seulpture • Monumental Art • Site-specific Art • Packet art • Plop Art • Parachuted
continua vigente, apesar da quantidade de seminários internacionais já realizados para
Art • Multimedia· Communilyart • Earth works... and beyond • The thurd in the plaza
debater o tema. Que sucede então com este conceito, de Arte Pública, para que agora nos vejamos a prologar um novo livro?
• Art & Therapy • Heritage Art • Politicai Art • Critic Public Art • Anli-monumenlal Art • Landscape Arl' Townscape Art· Performance Arl· Public Space' Civic Arl' Ornamenlal Arl • Statuary • Memorial Arl • Design for Public Space • Public Sphere • Architecture •
o tema dos Temas e da Estética
Mural Art • Art in Public Interesl • Urban art • New Genre Public Arl"
Propõe-nos o título. um âmbito que trata da relação da Arte Pública com o binómio
Se hoje tivéssemos que relazer a lista não seria muito dilerente, possivelmente as variações derivariam do papel que algum destes conceitos, como o de "arte urbana", loram tomando nos últimos anos, com o conjunto de acções realizadas no ambiente das
Cidade-Turismo. Tema que os contributos de Zukin (95) e Sorkin (92) colocaram na agenda reflexiva, em duas direcções criticas: Numa direcção, as -culturas urbanas" portadoras de elementos regeneradores da ~c1asses
cidade, re-interpretando o papel das
sas"?), ou ainda, a cidade dos "eventos~, das produções da cultura, julgadas em si próprias
ção da "arte tora do museu· potenciado pelos programas museológicos, ou das grandes multinacionais do entretenimento ao estilo das "Cow Parades".
como tendo a capacidade para produzir e sustentar o Espaço Público urbano. São ditos
Outra "categoria" ou conceito a considerar, profusamente ilustrado no crescente alar-
criativas" (um remake das
~classes
cidades por parte dos graffilers, dos artistas que utilizam o procedimento do ·stencir e alguns outros, como a tendência para a -intervenção sobre a intervenção" ou a intensifica-
ocio-
protagonistas, já não apenas as obras que dignificam ou actualizam o espaço público, mas também as -movidas·, os ·públicos·
Cê
ambíguo este sentido teatral de "espaço do
gamento da tipologia das realizações, resulta do estreitamento da dimensão temporal da
públiCO·, que é o dos media) julgadas capazes de sustentar um certo tipo de lazer, o
Arte Pública, do elémero até ao instantãneo, nas performances, o que se faz e logo des-
"turismo
cultural~,
na regeneração urbana.
faz, frequentemente envolvendo várias formas e linguagens, das mais cénicas e literárias,
E noutra direcção, o "Parque Temático·, como malriz do produto espacial próprio da
às mais tecnológicas, do vídeo ou da multimédia. E também o envolvímento frequente do
actividade urbana vocacionada para as funÇÔes do lazer, principalmente para visitantes,
púbHco-não-artísta, numa dinâmica participativa da "arte-participativa-no-espaço-púbtico·,
que são consumidores de intangiveis (a história, a imagem da cidade, as narrativas e
em que contam o improviso e o inesperado. Por vezes. mobilizando uma organização em
marcas de uma identidade simulada). Tais espaços, que podem ser produzidos como
que convergem tecnologias de informação. contando com o espaço público virtual para
centros de "interpretação" de algum tema,
levar ao encontro e interacção no espaço real, os mais variados ''flashmobs", com motiva-
urbanos, ou fundidos no próprio tecido urbano (turismo arquitectónico). apresentam-se
ções polrticas. artísticas. anedóticas. ou simplesmente sociais.
como eventos, ou "cidade em si mesma".
"adoçados~
à sinalização visual de festivais
Para finalizar em algum lado as possibilidades cada vez mais diversificadas que a
Parece já não dispensar, este contexto, um papel da Arte - mas sabemos dizer com
Arte Pública cobre, faltará uma noção pertinente, já com bastantes adeptos. Falamos
que fundamentos. e para que fins ela se pode e deve mobilizar? E estamos seguros que
da Arte que, fora dos museus, se funde progressivamente com a vida quotidiana, no
se tratará de uma arte "pública" no sentido de ser em "beneficio público"?
próprio desenho integrado do espaço público. O espaço como Arte-em-si-mesmo,
Apesar da sua indefinição relativa, o certo é que as práticas institucionais e não ins-
ganhando em intencionalidade comunicativa e excepcionalidade plástica, o que por
titucionais de arte pública se multiplicaram de modo exponencial nos últimos anos. Institucionalmente, por causa da redefinição do espaço do museu que, cada vez mais, tenta
vezes perde em normalidade e inclusão, na vida quotidiana. É uma ambiguidade que se joga frequentemente no Desenho Urbano: âmbito do desenho da Cidade que dei-
• Brandao. Pedro. "Algumas coi!;as" rptI noto ~ muIlD. sobr9 n'fUd9. () llmJ. 1oliJ/". Corruloeaçâo ao x Colóq.lio n.naciclnaI G«lCfitiea Barcelona Maio 20011.
•
I ARTE PUBUCA E CID40AHIA
ii
ftcetfe.ra do
u.seooo. lIlI "cIdad9
PfIólOGO I 1
realizar o seu sentido fora dos limites do "contentor fisico" do museu - por seu lado cada
1, Gerar um sentimento de lugar na linha apontada nos anos 40 por Sert e Giedon;
vez mais vinculado, como obra emblemática, às actuações do st8r system da arquitectura
2. Envolver as pessoas que usam esses lugares;
_ entroncando com uma realidade exterior na qual JX"ocura disseminar alguns dos concei-
3. Prever um modelo de trabalho imaginativo;
tos presentes na arte contemporânea, como seria o de "arte relacional" ou "arte política".
4. Contribuir para processos de regeneração urbana.
Institucionalmente, também, a definição do papel do estético na definição das paisagens
Um pouco de História, operativa
pósmodemas. e do papel que as cidades IX>dem ter nos jogos da globalização. A ~diferenciação compeliliva~ passou a ser objectivo "de sobrevivência" num mundo
Apesarde tudo, a problemática da arte pública não é nova. No final do sétação, novas cidades A sua utilização tem início com o declínio do ·urban planning- que dominou o panorama ocidental desde o parlado pós segunda guerra mundial. O esforço muito intenso de reconstrução das cidades europeias ocorreu em paralelo com movimentos migratórios
'Uma prlrne;ra V$SàO desle lrabaloo, sob o Iiloo"Arle PúbIioo y Regoneració!1 U(lxma", foi pubHcada na ,ev;sla EXIT·BOOK, cm DexcmbOtrI6/II