(2013) As sete regiões dialetais da Argentina e o Pretérito Perfecto Compuesto: alguns indicadores de variação linguística.

May 24, 2017 | Autor: L. Silveira de Ar... | Categoria: Dialectology, Argentina, Pretérito Perfecto Compuesto
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ANAIS DO XIV CONGRESSO BRASILEIRO DE PROFESSORES DE ESPANHOL Língua e Ensino 2

Organização: André Lima Cordeiro Dayala Paiva de Medeiros Vargens Del Carmen Daher Luciana Maria Almeida de Freitas Renato Pazos Vazquez

Rio de Janeiro 2013

© Associação de Professores de Espanhol do Estado do Rio de Janeiro - APEERJ. Direitos reservados. É permitida a copia total ou parcial deste livro para fins acadêmicos não lucrativos desde que seja citada a procedência e a autoria.

Dados internacionais de Catalogação-na-fonte –CIP Anais do XIV Congresso Brasileiro de Professores de Espanhol. Língua e Ensino 2 / Organização de Luciana Maria Almeida de Freitas et al. Rio de Janeiro: APEERJ, 2013. 680 p. E-book. ISBN 978-85-87332-09-7 1. Espanhol. 2. Letras. 3. Título.

Editoração e criação: Luciana Maria Almeida de Freitas Capa: André Lima Cordeiro Formatação: Camila Paiva da Silva

Associação de Professores de Espanhol do Estado do Rio de Janeiro. Diretoria 2010-2012 Diretora Presidente: Viviane Conceição Antunes Lima Diretora Vice-Presidente: Elda Firmo Braga 1ª Diretora Financeira: Luciana Maria Almeida de Freitas 1ª Diretora Secretária: Maria Cristina Giorgi 2ª Diretora Financeira: Viviane Soares Fialho de Araujo 2ª Diretora Secretária: Rita de Cássia Rodrigues Oliveira Diretor Sócio-Cultural: Renato Pazos Vázquez Assessores Políticos: Dayala Paiva de Medeiros Vargens Fábio Sampaio de Almeida Presidente de Honra: Maria de Lourdes Cavalcanti Martini Magnólia Brasil Barbosa do Nascimento Maria Thereza da Silva Venâncio

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XIV Congresso Brasileiro de Professores de Espanhol e II Seminário da Copesbra Promoção Associações Estaduais de Professores de Espanhol - APEs Realização Associação de Professores de Espanhol do Estado do Rio de Janeiro – APEERJ Universidade Federal Fluminense – UFF Comissão Permanente de Acompanhamento da Implantação do Espanhol no Sistema Educativo Brasileiro – COPESBRA Local de realização: Universidade Federal Fluminense Faculdade de Educação e Instituto de Letras Campus do Gragoatá Niterói - RJ Presidentes de honra Maria de Lourdes Cavalcanti Martini (UFF/UFRJ) Bella Jozef (UFRJ) - in memoriam Coordenação geral Del Carmen Daher (UFF/CNPq) Luciana Maria Almeida de Freitas (UFF) Renato Pazos Vazquez (CTUR-UFRR) Assessoria Public.o André Lima Cordeiro Comissão organizadora Andrea Silva Ponte (UFPB) Dayala Paiva de Medeiros Vargens (UFF) Elda Firmo Braga (UERJ) Elzimar Goettenauer de Marins Costa (UFMG) Fernanda dos Santos C. Rodrigues (UFSCar) Maria Cristina Giorgi (CEFET-RJ) Marianna Montandon (TPIC) Paulo Antonio Pinheiro Correa (UFF)

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UMA VISÃO PRÁTICA SOBRE O ENSINO DA LÍNGUA ESPANHOLA JULIETE FADOUL CELESTINO BLANC LUCIANA PITWAK M. S. PRATES MARCIA DA SILVA RAMOS MARGARIDA GOMES DE FREITAS ...........................................................................314 A NOTÍCIA EM UM CLIQUE: O JORNAL NAS AULAS DE ESPANHOL KARLA CRISTINA DE ARAUJO FARIA .........................................................................320 ENSINO A DISTÂNCIA: O DISCURSO DO PROFESSOR DE ESPANHOL SOBRE O AGIR NESSA MODALIDADE DE ENSINO KÉLVYA FREITAS ABREU ........................................................................................331 CABO DE SANTO AGOSTINHO: HISTORIA Y PIONEIRISMO EN LA ENSEÑANZA DE ELE LEANDRO AUGUSTO HERMES DA CRUZ LÍDIA SILVA DOS SANTOS ROSEMBERG GOMES NASCIMENTO ........................................................................346 O JUIZ DEU A SENTENÇA: A SRA. FORMAÇÃO É CULPADA! – PROBLEMÁTICAS NO DISCURSO SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE ESPANHOL LEANDRO DA SILVA GOMES CRISTÓVÃO ..................................................................354 AS SETE REGIÕES DIALETAIS DA ARGENTINA E O PRETÉRITO PERFECTO COMPUESTO: ALGUNS INDICADORES DE VARIAÇÃO LINGUÍSTICA. LEANDRO SILVEIRA DE ARAUJO ..............................................................................363 GÊNEROS DISCURSIVOS E FUNÇÕES FEMININAS: ATIVIDADES DE ELE NO LICOM/LETI LILIANE LIMA PEREIRA ANGELA FERRAIRA BEATRIZ SÁNCHEZ ...............................................................................................381 A ABORDAGEM DA CIDADANIA EM LÍNGUA ESTRANGEIRA: IMPORTÂNCIA E DESAFIOS À SUA IMPLEMENTAÇÃO LUCAS LEAL TEIXEIRA NÁGILA DIAS AGUIAR OLIVEIRA GERSILENE SOUZA LIMA .......................................................................................389

MULTICULTURALISMO NA FRONTEIRA (BRASIL-BOLÍVIA) E A POSTURA DO PROFESSOR DE ESPANHOL NAS ESCOLAS LUCIANA PITWAK MACHADO SILVA PRATES ........................................................... ..406 A REALIZAÇÃO DAS PRÁTICAS COMO COMPONENTE CURRICULAR NA FACULDADE DE LETRAS DA UFG1 LUCIELENA MENDONÇA DE LIMA ......................................................................... ..424 LA INTERFERENCIA DEL SISTEMA VOCÁLICO PORTUGUÉS EN EL USO DEL ESPAÑOL LUCIENE BASSOLS BRISOLARA DANIELE CORBETTA PILETTI ................................................................................ ..440 DIFICULTADES ESPECÍFICAS DE ESTUDIANTES DE ELE LUCIENE BASSOLS BRISOLARA DANIELE CORBETTA PILETTI ................................................................................ ..449 A DIMENSÃO SOCIOCULTURAL DO ANÚNCIO PUBLICITÁRIO PARA O ENSINOAPRENDIZAGEM DE LE LUCILA CARNEIRO GUADELUPE MARTA CRISTINA DA SILVA ................................................................................. ..460 LA COMUNICACIÓN EN EL AULA LUÍS IGNACIO RUÍZ EDWARD CAMILO LEAL LEAL NATALIA YEPES PULIDO ANGIE MARTÍNEZ SOSA JONATHAN FORGUA CASTELLANOS DIANA PATRICIA ALFONSO LÓPEZ NICOLÁS ALFARO ............................................................................................. ..476 O PROCESSO CORRETIVO E O FEEDBACK NA PRÁTICA DE TAREFAS COLABORATIVAS NA APRENDIZAGEM DE ESPANHOL POR UNIVERSITÁRIOS BRASILEIROS LUIZA COSTA ................................................................................................... ..487 EVOLUÇÃO DA TEORIA TEMPORAL LUIZETE GUIMARÃES BARROS ............................................................................. ..498

AS SETE REGIÕES DIALETAIS DA ARGENTINA E O PRETÉRITO PERFECTO COMPUESTO: ALGUNS INDICADORES DE VARIAÇÃO LINGUÍSTICA. Leandro Silveira de Araujo Universidade Estadual Paulista (UNESP)

envolve a análise da variação linguística do espanhol no que tange às peculiaridades regionais americanas. Em especial, procurando vincular

essa

seção

ao

propósito

maior

deste

trabalho,

acompanharemos como a Argentina se insere em cada uma das perspectivas retratadas. Finalmente, observaremos propostas cujo objetivo único seja a delimitação e a descrição das regiões dialetais

1. Dialetologia hispano-americana: o caso da Argentina.

argentinas; isso para que percebamos que a aparente problemática

En cualquier estudio sobre el castellano de América debe comenzarse por abandonar, siquiera temporalmente, las afirmaciones muy generales; toda generalización corre peligro de ser falsa (HENRÍQUEZ UREÑA, 1976, p.2).

em generalizar territorialmente o uso da língua também pode ser

Não foi somente o dialetólogo dominicano Pedro Henríquez

consciência de que “não houve na geografia linguística hispano-

Ureña (1976) quem se ateve à necessidade de observar a

americana avanços precisamente espetaculares1” e que “quase

heterogeneidade da língua espanhola na tão plural América e de

todos os atlas que se desenvolveram estão limitados regionalmente

abandonar,

generalização

por países2”. Acresce-se a esse cenário, o constante questionamento

linguística. Peculiar a cada um dos estudiosos, no entanto, são as

sobre a confiabilidade dos postulados já constituídos. Verifiquemos,

opções metodológicas, a base teórica e os fenômenos de análise;

a seguir, como se deram historicamente as propostas de divisão

conjunto de fatores que os conduziu a diferentes conclusões sobre

dialetal, assim como a inserção da Argentina em cada uma delas.

por

isso,

qualquer

tentativa de

aplicada ao país. Uma abordagem como a que propomos deve começar pela

o(s) estado(s) da língua utilizada no novo mundo. A fim de esboçarmos como a ciência da linguagem observou, no decorrer dos anos, a diversidade linguística do espanhol na América, decidimos expor as principais propostas de divisão dialetal da língua no continente. Dessa maneira, esperamos vislumbrar, ainda que superficialmente, a complexidade que

1.1 Propostas de divisão dialetal do espanhol no novo mundo 1.1.1 Henríquez Ureña (1976[1921]): um estudo inaugurador e “[...] no ha habido en la geografía lingüística hispanoamericana avances precisamente espectaculares […].” (MORENO DE ALBA, 2000, p. 117). 2 “[…] casi todos los atlas lingüísticos que se han emprendido están limitados regionalmente por países.” (FONTANELLA DE WEINBERG, 1992, p.128). 1

363

provisório da dialetologia hispano-americana. O olhar atento ao discurso da proposta de divisão dialetal feita por Henríquez Ureña (1976) mostra-nos duas características que devem ser consideradas antes de qualquer análise crítica do postulado tido como inaugural. A primeira deve-se à consciência do caráter provisório que possuía seu estudo (“provisoriamente me arrisco em distinguir na América espanhola [...]3”), já a segunda relaciona-se a um baixo grau de rigor científico no momento de definir quais espaços pertenceriam a cada uma das zonas dialetais – o que pode ser evidenciado por expressões como “me arrisco”, “provavelmente”, “talvez”4 (HENRÍQUEZ UREÑA, 1976, p.5).

las regiones bilingües del Sur y Sudoeste de los Estados Unidos, México y las Repúblicas de la América Central; segunda, las tres Antillas españolas (Cuba, Puerto Rico y la República Dominicana, la antigua parte española de Santo Domingo), la costa y los llanos de Venezuela y probablemente la porción septentrional de Colombia; tercera, la región andina de Venezuela, el interior y la costa occidental de Colombia, el Ecuador, el Perú, la mayor parte de Bolivia y tal vez el Norte de Chile; cuarta, la mayor parte de Chile; quinta, la Argentina, el Uruguay, el Paraguay y tal vez parte del Sudeste de Bolivia” (HENRÍQUEZ UREÑA, 1976, p.5).

De modo ilustrativo, Moreno Fernández (2000) organiza as cinco zonas esboçadas acima no mapa da América Latina, tal como observamos na figura I:

Juntos, os dois traços, revelam-nos que o postulado de Henríquez Ureña

(1976)

visava,

desenvolvimento

da

fundamentalmente,

disciplina

no

impulsionar

continente,

o

dando-lhe,

posteriormente, um caráter mais empírico à medida que se somassem a ele novos estudos. Aprofundando-nos efetivamente na proposta, vejamos, nas palavras do próprio autor, como se dividiria dialetalmente a América hispânica: Provisionalmente me arriesgo a distinguir en la América española cinco zonas principales: primera, la que comprende “Provisionalmente me arriesgo a distinguir en la América española […]” (HENRÍQUEZ UREÑA, 1976, p. 5). 4 Tal como podemos observar, em itálico, na citação abaixo. 3

364

Henríquez Ureña (1976) alerta-nos ainda que cada uma das cinco zonas tidas como principais apresem subdivisões. Assim, tal como propõe o próprio autor, a primeira região poderia ser fragmentada em pelo menos seis subzonas: 1. território hispânico dos Estados Unidos; 2. norte do México; 3. ante-planície do centro; 4. Tierras Calientes da costa oriental; 5. península de Yucatán e 6. América Central. Não obstante, esse tipo análise mais apurada não é estendida às demais regiões, fazendo com que, naquele momento, pouca coisa se soubesse sobre as outras quatro zonas principais. Um dos pontos mais questionados dessa divisão dialetal é a preferência dada pelo autor a critérios extralinguísticos no processo de fragmentação em regiões. Tanto é assim que afirma: El carácter de cada una de las cinco zonas se debe a la proximidad geográfica de las regiones que las componen, los lazos políticos y culturales que las unieron durante la dominación española y el contacto con una lengua indígena principal (1, náhuatl; 2, lucayo; 3, quechua; 4, araucano; 5, guaraní) (HENRÍQUEZ UREÑA, 1976, p.5).

Além das características geografias, políticas e culturais observadas em cada uma das regiões, o substrato indígena foi um critério considerado de grande relevância na elaboração desse postulado. Por isso, cada uma das cinco zonas associa-se um substrato: Figura I – As principais zonas dialetais da América segundo Henríquez Ureña (MORENO FERNÁNDEZ, 2000, p. 48)

365

1. 2.

3. 4. 5.

Zona Regiões bilíngues do Sul e Sudeste dos Estados Unidos, México e as Repúblicas da América Central. Antilhas espanholas (Cuba, Puerto Rico e a República Dominicana, a antiga parte espanhola de Santo Domingo), a costa e as planícies da Venezuela e provavelmente a porção setentrional da Colômbia. Região andina da Venezuela, o interior e a costa ocidental da Colômbia, o Equador, o Peru, a maior parte da Bolívia e talvez o norte de Chile A maior parte do Chile A Argentina, o Uruguai, o Paraguai e talvez parte do Sudeste de Bolívia

Substrato

a proposta de divisão dialetal de Rona (1964) fundamenta-se

Náhuatl

essencialmente em critérios linguísticos, para somente depois relacioná-los a fatores extralinguísticos. Tanto é assim, que o autor

Lucayo

afirma: Puesto que los dialectos son hechos lingüísticos y objetivos, su determinación debe basarse en criterios objetivos también y en la observación de hechos de lenguaje, no de hechos extralingüísticos (RONA, 1964, p.218).

Quéchua Araucano

Tendo em vista que a dialetologia orienta-se pelo princípio

Guarani

Quadro I – A relação dos substratos com as zonas dialetais.

Finalmente, cabe-nos destacar em que região dialetal Henríquez Ureña (1976) posiciona Argentina. Assim, tal como observamos na figura I, considera-se que o país possui uma variedade linguística aparentemente homogênea e compartilhada com os países vizinhos – Uruguai, Paraguai e sudoeste da Bolívia. 1.1.2 Rona (1964): Uma proposta imanentemente linguística

de que um dialeto deve se definir por isoglossas5 e melhor amparado pelo desenvolvimento da descrição do espanhol na América, Rona (1964, p. 220), em seu momento, observa a existência de somente quatro fenômenos linguísticos cujas isoglossas eram suficientemente conhecidas a ponto de serem utilizadas com a função de delimitação dialetal. O primeiro deles, o yeísmo, é entendido, pelo autor, como “a desfonologização da oposição dos fonemas espanhóis [ʝ] e [ʎ], sem importar qual possa

Apesar de reconhecer o caráter preconizador que teve a proposta de Henríquez Ureña (1976), Rona (1964) critica severamente sua postura metodológica. O desacordo decorre justamente da escolha dos critérios utilizados para definir as regiões dialetais, isso porque, enquanto na primeira perspectiva observavam-se fundamentalmente características extralinguísticas,

Lázaro Carreter (1968, p. 248) define isoglossa como a “linha ideal que se pode traçar em um território, assinalando o limite de uma característica ou fenômenos linguístico peculiar.” . Dubois (1978, p. 354), por seu turno, diz ser uma “linha ideal que separa duas áreas dialetais que oferecem para um traço dado formas ou sistemas diferentes. [...] é representada num mapa linguístico por uma linha que separa os ponto em que se encontra um traço dado daqueles em que este não se encontra”. 5

366

ser sua realização material.6” Desta maneira, já não se diferenciaria

vez, que na realidade a língua espanhola falada no continente

a pronúncia dos grafemas “y” e “ll” das palavras: “yegua” e “llegar”,

deveria ser dividida em vinte e três zonas dialetais. As quais

por exemplo.

expomos no quadro a seguir:

Ao segundo fenômeno observado, o žeísmo, corresponde “a realização de qualquer um destes fonemas7 ou de ambos, como fones fricativos ou africados, sonoros ou surdos8”. A ocorrência do voseo, isto é, “o uso do pronome vos com valor de segunda pessoa do singular9” é o terceiro fenômeno considerado.

Finalmente,

observa-se a conjugação verbal voseante, que pode apresentar, segundo Rona (1964, p.221), quatro tipos de desinências: Tipo A: Tipo B: Tipo C:

Tipo D:

-áis, -áis; -ás,

-as,

-éis, -is; -és,

-es,

-ís; -is; -ís;

-is;

A partir da observação conjunta dos quatro fenômenos – correspondentes, respectivamente, aos níveis fonológico, fonético, sintático e morfológico – Rona (1954) nega a existência de somente cinco regiões dialetais hispano-americanas, mostrando-nos, por sua “[entendemos por yeísmo] la desfonologización de la oposición entre los fonemas españoles /y/ y /ll/, no importa cuál pueda ser su realización material” (RONA, 1964, p. 221). 7 Isto é, [ʝ] e [ʎ]. 8 “[...] la realización de cualquiera de estos fonemas o de ambos, como fonos fricativos o africados palatales, sonoros o sordos” (RONA, 1964, p. 221). 9 “[...] el uso del pronombre vos con valor de segunda persona del singular” (RONA, 1964, p. 221). 6

ZONA 1. México (excepto los Estados de Chiapas, Tabasco, Yucatán y Quintana Roo), Antillas, la costa atlántica de Venezuela y Colombia, mitad oriental de Panamá. 2. Los estados mexicanos citados, con América Central, incluida la mitad occidental de Panamá 3. Costa pacífica de Colombia y el interior de Venezuela 4. Zona andina de Colômbia 5. Zona costera de Ecuador 6. Zona serrana de Ecuador 7. Zona costera del Perú, excepto Sur 8. Zona andina del Peru 9. Zona meridional del Peru 10. Norte de Chile, noroeste de la Argentina y los departamentos bolivianos de Oruro y Potosí 11. El resto de Bolívia 12. Paraguay (excepto la zona de Concepción) y las provincias argentinas de Misiones, Corrientes y Formosa 13. El centro de Chile 14. El sur de Chile y una pequeña porción de la Patagonia argentina 15. Las Provincias «gauchescas» de la Argentina

YEÍSMO

ŽEÍSMO

VOSEO

FORMA



No

No

-



No

No

-



No



C

No Sí No

No Si Si

Sí Sí Sí

C C B



No

No

-

No Sí

No No

No Sí

-

No

No



B

No

No



C

No





C



No



B

No

No



B







C

367

(aproximadamente Buenos Aires, Entre Ríos, Santa Fe, La Pampa, Río Negro, Chubut y hasta la Tierra del Fuego) y el Uruguay (excepto la zona ultraserrana y la fronteriza) 16. Zona ultraserrana del Uruguay (departamentos de Rocha y Maldonado y parte de Lavalleja y Treinta y Tres) 17. Nuevo Méjico y otras zonas estadounidenses donde se habla aún espanol. 18. Cuba y Puerto Rico (aunque hay resto de un voseo del tipo A en el Oriente de Cuba); 19. Zona fronteriza en el Uruguay excepto la variedad “tacuaremboense”. 20. Zona fronteriza en el Uruguay, variedad “tacuearemboense”. 21. Zona de Concepción, en el Paraguay 22. “Caingusino”, en la provincia argentina de Misiones 23. Provincia de Santiago del Estero (o parte de ella), en la república Argentina.

zonas, esse é o caso, por exemplo, de Córdoba e Mendoza. Outro aspecto bastante intrigante relaciona-se ao tamanho das regiões: em 14, 22 e 23 verificamos zonas de perímetro muito atomizado, ao posso que em 10, 12 e 15, nota-se um espaço mais extenso. Sí

Si

No

Por fim, tanto pelo maior rigor científico, como pelos dados

-

conclusivos, parece notável a maior credibilidade dada a esta Sí

No

No

-

proposta de divisão dialetal. No entanto, encontramos nas palavras de Fontanella de Weinberg (1992, p.125) uma postura que



No

No

-







C





No

-

No



No

-

No





C

datos más amplios y más seguros que los que contaba Rona”

No

No



D

(FONTANELLA DE WEINBERG, 1992, p. 125).

relativiza a confiabilidade da proposta dialetal de Pedro Rona (1954), isso porque, até então, os dados utilizados pelo linguista não

eram

tão

seguros

ou

suficientemente

amplos:]atos

estrictamente lingüísticos para realizar una clasificación dialectal, ni los rasgos en que se basó Rona ni los criterios con que realizó su clasificación fueron adecuados”. […] resulta necesario contar con

Quadro II – As vinte e três regiões dialetais propostas por Rona (1964, p. 223-225).

1.1.3 Cahuzac (1980): Uma proposta de base lexical. Voltando-nos ao caso da Argentina, observamos que na

Moreno de Alba (2000) comenta que Cahuzac (1980) parte

proposta de Pedro Rona (1954) o país aparece em seis das vinte e

do principio de que existe uma relação muito próxima entre os

três regiões propostas (10, 12, 14, 15, 22 e 23). No entanto, há de se

fenômenos culturais e os fenômenos linguísticos e, por isso, propõe

observar que, apesar da maior especificidade, aparentemente

uma divisão dialetal do espanhol na América fundamentada em

importantes províncias do país não são inseridas a nenhuma das

critérios léxico-semânticos, na qual observa as diferentes palavras

368

que fazem referência ao “homem que vive no campo” (camponês).

contemporâneos a Cahuzac (1980) – os quais serviram de base

A seguir, expomos as sete regiões dialetais resultantes deste

para a proposta – possuíam pouca confiabilidade. Em síntese,

estudo, assim como as palavras utilizadas em cada uma das regiões:

parece que a precisão das conclusões alcançadas por Cahuzac

Zona 1. México y sur de los Estados Unidos 2. América Central y el Caribe 3. Antillas 4. Venezuela y Colombia 5. Ecuador, Perú, Bolivia 6. Río de la Plata 7. Chile

Camponês Charro Cimarronero, Concho, Campiruso Guajiro, Campuno Llanero, Sabanero; Chacarero, Montubio; Gaucho, Campero; Huaso;

Quadro III – As regiões dialetais segundo Cahuzac (1980).

(1980) é muito pequena. 1.1.4 Zamora e Guitart (1982) A proposta de divisão dialetal de Zamora e Guitard considera três fatores estritamente linguísticos. O primeiro deve-se a realização do fone [s] no contexto de fim de sílaba, o qual, segundo os autores, pode ser conservado, aspirado ou perdido. O segundo fenômeno linguístico relaciona-se ao fonema fricativo

Observemos que, tal como na proposta de Henríquez Ureña

velar [x], que pode ter como alofone o fone fricativo glotal [h]10.

(1976), Cahuzac (1980) considera que, juntamente com o Uruguai e

Finalmente, observa-se também a variação entre tuteo e o voseo

o Paraguai, a Argentina conforma a região dialetal do Río de la

pronominal11. A partir da análise dos três fenômenos, chega-se ao

Plata, fazendo-nos pensar que a variedade linguística do espanhol

quadro IV, com nove regiões dialetais:

falada nesse extenso território é homogênea. Não obstante, é relevante considerarmos as críticas feitas por Moreno de Alba (2000), isso porque, para esse autor, (1) a observação da variedade rural não é suficiente para se definir uma região dialetal, (2) as isoglossas lexicais são menos precisas na delimitação das regiões, (3) uma proposta fundamenta na observação de um único fenômeno deve ser melhor avaliada e, finalmente, (4) os dicionários de americanismos e regionalismos

Zonas

[s]

[x]

Voseo Pronominal

1. Antillas, costa oriental de México, mitad oriental de Panamá, costa norte de Colombia, Venezuela (menos la cordillera).

Pérdida

Glotal

Tuteo

Esses são os sons dos grafemas “g” – quando diante das vogais “e” e “i” – e “j”. Tuteo e voseo dizem respeito ao uso dos pronomes tú ou vos, respectivamente, com valor de segunda pessoa do singular. 10 11

369

2. México (sin costa oriental y frontera con Guatemala) 3. Centroamérica y fronteras con México 4. Colombia (sin las costas), cordillera de Venezuela 5. Colombia (costa pacífica) y el Ecuador 6. Perú (costa, excepto extremo sur) 7. Ecuador y Perú (salvo lo indicado en 6), noroeste de Argentina, centro de Bolivia

Conservación

Velar

Tuteo

Pérdida o aspiración

Glotal

Voseo

Conservación

Glotal

Voseo

Glotal

Tuteo y voseo

Glotal

Tuteo

Conservación

Velar

Tuteo y voseo

8. Chile

Aspiración o pérdida

Velar

Tuteo y voseo

9. Río de la Plata, oriente de Bolivia y Argentina (salvo noroeste)

Aspiración o pérdida

Velar

Aspiración o pérdida Aspiración o pérdida

Considerando não só fenômenos linguísticos, mas também fatores sócio-históricos, Montes Giraldo (1987) verifica que tanto na América como na Península, a língua espanhola pode ser agrupada em duas regiões dialetais – os chamados super-dialetos. Além disso, o autor mostra-nos em sua proposta de bipartição dialetal a existência de uma relação direta entre o novo e o antigo mudo. O super-dialeto A recebe o nome de espanhol serrano, ou central, ou ainda interiorano, já que se localiza no centro-norte da Espanha e nas terras altas e interiores da América. Segundo o autor, essa região dialetal caracteriza-se, entre outros, “pela conservação

Voseo

Quadro IV – As nove regiões dialetais propostas por Zamora y Guitart (HERNÁNDEZ MONTOYA, 2001).

Notemos que, nesse cenário, a Argentina é divida em duas zonas (7 e 8), levando-nos a entender que a língua espanhola falada no país divide-se dicotomicamente entre uma variedade ao noroeste (7) e outra que conforma o centro, o norte e o sul do país. Como verificaremos no avançar de nossos estudos, essa dicotomia, também considerada generalizadora, vai se repetir em diversos estudos sobre o espanhol da Argentina.

1.1.5 Montes Giraldo (1987): A bipartição dialetal do espanhol

da –s sibilante implosiva” e da “identidade fonológica de [r] e [l]12”. Por outro lado, o super-dialeto B, conhecido como espanhol meridional, atlântico, costeiro ou ainda como o das terras baixas, predomina na parte meridional da Espanha e nas Ilhas Canárias. Na América, por sua vez, é a variedade observada no Caribe, no litoral e,

eventualmente,

Fundamentalmente,

esse

em

comunidades

super-dialeto

se

ribeirinhas.

caracteriza

pela

aspiração ou apagamento do fone /s/ no contexto pós-silábico, e “[…] por el mantenimiento de la –s (implosiva) como sibilante, el mantenimiento de la identidad fonológica de /R/ y /L/ […]” (Montes Giraldo, 1987, p.214). 12

370

neutralização parcial de [r] e [l] (Montes Giraldo, 1987, p.214 e

pode ser associada a nenhuma das duas macrorregiões por possuir

215). Segundo Saralegui (1997, p.30),

muitas características peculiares.

[...] lo que se desprende de esta clasificación, de modo evidente, es la distinción entre un español de características conservadoras (el superdialecto A) y un español de características innovadoras (el superdialecto B); sin separar, a estos, efectos, España de América.

Foi Fontanella de Weinberg (2004) quem verificou como a proposta de Montes Giraldo (1987) poderia ser aplicada a Argentina. Segundo a autora, o super-dialeto A seria equivalente à macrorregião mediterrânea, composta pelas regiões noroeste, central e de Cuyo. Ao super-dialeto B, por outro lado, equivaleria a macrorregião litorânea, conformada pelas regiões bonaerense, litorânea e patagônica. Fundamentalmente, essas macrorregiões

A síntese da análise das principais propostas de divisão dialetal do espanhol na América deve nos mostrar como esse campo de estudos tem tido avanços comedidos, haja vista que além da contaste divergência dos modelos – seja pelo procedimento adotado, seja pelos resultados obtidos –, não há um estudo que fundamente uma proposta suficientemente confiável. Diante deste cenário é que Moreno de Alba (2000, p.126) afirma: Es probable que ninguna división dialectal resulte plenamente satisfactoria. Cualquiera tiene, a mi ver, sus defectos y sus aciertos. Siempre será particularmente discutible la validez de los rasgos que se elijan para la determinación de las zonas.

diferem-se pelo tipo de voseo, pelo tipo de yeísmo e pela realização

Sobre a análise dialetal do espanhol na Argentina, com

do fonema [r], de modo que o quadro abaixo sintetiza como esses

exceção à proposta de Rona (1954), verificamos que a língua

fenômenos diferenciam-se entre as regiões:

espanhola usada no país ou é, a grosso modo, generalizada e

Fenômeno Voseo Yeísmo /r/

Macrorregião mediterrânea (super-dialeto A) Paradigma único Quase exclusivamente rehilado. Vibrante

Macrorregião litorânea (super-dialeto A) Alternância de paradigma

igualada aos países visinhos ou, quando muito, dividida em duas

Com variantes não rehiladas

apresentados e assentarmos as bases para a análise diatópica que

Assibilada

pretendemos para a Argentina, propomos analisar, a seguir, os dois

Quadro V - Diferenciações linguísticas na macrorregião mediterrânea e litorânea.

Fontanella de Weinberg (2004) faz-nos ainda uma ressalva

variedades. Para verificarmos a confiabilidade dos cinco postulados

principais estudos dialetais para o país.

sobre a região nordeste da Argentina; para a autora, essa área não

371

2. Propostas de divisão dialetal do espanhol argentino.

Battini (1964) considera a existência de cinco regiões linguísticas

2.1 Vidal de Battini (1964): a inauguração da dialetologia argentina

no país: Litoral, Guaranítica, Noroeste, Cuyo e Central. O quadro VI

No trabalho precursor sobre a dialetologia argentina, Vidal

apresenta-nos sucintamente o território pertencente a cada umas

de Battini (1964) confere que, apesar da extensão territorial, a

das regiões dialetais, bem como as principais características

língua espanhola alcançou, no país, uma significativa unidade. No

linguísticas observadas nelas por Vidal de Battini (1964):

entanto, a pesquisadora mostra-nos que mesmo diante dessa relativa coesão é possível observar peculiaridades linguísticas

Região Dialetal 1. Litoral

Território

regionais, as quais possibilitam uma delimitação das regiões dialetais da Argentina. Com esse objetivo, Vidal de Battini lança mão de um minucioso e atento processo de coleta de dados, que

- Buenos Aires, quase totalidade de Santa Fe; zonas de Entre Ríos; La Pampa e Patagônia. - Uruguai.

envolveu conversas, listas de palavras, questionários, entre outros métodos. A sistematização das informações obtidas passou por três diferentes níveis linguísticos de análise: fonético, morfológico e sintático, nos quais se analisaram, entre outros, a realização do paradigma vocálico e consonantal, da entoação, da expressão de gênero e número, do artigo, do verbo, do advérbio, das interjeições, dos pronomes e das preposições em todo o território do país. A essa atenta descrição, somam-se também dados de ordem extralinguística, haja vista que são apresentados fatos sociais, históricos,

políticos

e

geográficos

que

se

relacionam

ao

desenvolvimento da língua espanhola na Argentina. Desta maneira, sem negligenciar aspectos linguísticos e extralinguísticos, Vidal de

2. Guaranítica - Corrientes, Misiones, oeste de Formosa, Chaco, nordeste de Santa Fe, zona de projeção de Entre Ríos.

Características - Região mais extensa e mais europeizada; - Sob Forte influencia de Buenos Aires; - Características linguísticas: o Entoação e pronuncia portenha ou do litoral; o Yeísmo rehilado; o –rr- vibrante; o -s bem pronunciada pelas classes cultas, com tendência à aspiração no final de sílaba e perda muito acentuada no uso mais vulgar; o Características fonéticas, morfológicas e léxicas muito diversas: alternância de formas tradicionais do espanhol e de formas incorporadas, em processo de acomodação. - Existência de população bilíngue (guarani) - Características linguísticas: o Entoação guaranítica ou correntina; o –ll- castelhana; o -y- africada e rehilada; o –s final de sílaba aspirada e perda quase constante de -s em final de palavras;

372

3. Noroeste - Jujuy, Salta, Tucumán, Catamarca, La Rioja, norte de San Juan, norte de San Luis e noroeste de Córdoba. - Sub-regiões: Puna y Santiago del Estero. 4. de Cuyo

- Mendoza, San Juan e parte de Neuquén.

5. Central

- Córdoba e San Luís. - Uma grande zona

o –rr- fricativa assibilidada; o Queda frequente da -r final em verbos no infinitivo; o Leísmo em alternância com loísmo; o Uso de preposições influenciado pelo guarani; - Região de mais antiga colonização; - Características linguísticas: o Entoação do noroeste; o –rr- fricativa assibilada; o -s aspirada; o - Três zonas de yeísmo rehilado (Tucumán, Jujuy e Salta) e uma de conservação de ll castelhana (norte de San Juan e oeste de La Rioja e Catamarca); o Arcaísmos e quechuísmos. - Características linguísticas; o Entoação mendocina e sanjuanina; o Yeísmo; o –rr- fricativa assibilada; o -s final de palavra e de sílaba aspirada; o Semelhança atenuada com Chile: em algumas características fonéticas, morfológicas e lexicais, devido a antiga dependência colonial e aproximação territorial - Características linguísticas: o Entonación cordobesa;

de limites abertos, de transição, entre o Noroeste, a região de Cuyo e do Litoral.

o Yeísmo; o -s aspirada no final de palavra e sílaba; o –rr- fricativa assibilada; o Quechuísmos.

Quadro VI – Área de abrangência e as características linguísticas das regiões dialetais da Argentina segundo Vidal de Battini (1964).

A seguir, podemos visualizar melhor como essas regiões dividem-se no espaço físico do país13.

Figura II – As cinco regiões dialetais da Argentina segundo Vidal de Battini (1964, p. 82).

Região do litoral em amarelo, região guaranítica em verde, região noroeste em rosa, região de Cuyo em roxo e região central em laranja. 13

373

p. 42).

Como solução a essa generalização, propõe-se dividir a

2.2 Fontanella de Weinberg (2004): A reavaliação da proposta de Vidal de Battini (1964).

ampla região do litoral em três zonas menores: Região Bonaerense,

Somente após quarenta anos do lançamento da obra El

Região do Litoral e Região Patagônica, as quais, juntamente às

español de Argentina (VIDAL DE BATTINI, 1964), surge uma nova

regiões já apresentadas por Vital de Battini (1954) (Guaranítica,

proposta de divisão dialetal específica ao espanhol na Argentina.

Noroeste, Central e de Cuyo) conformam as sete regiões dialetais da

Foi Fontanella de Weinberg (2004) quem reconheceu a

Argentina segundo o postulado de Fontanella de Weinberg (2004).

necessidade de reavaliar os fundamentos do trabalho se sua

Buscando razões que justifiquem a redistribuição da

antecessora, já que, no decorrer dos anos, muito se havia avançado

primitiva região litorânea em três zonas menores, Fontanella de

sobre o conhecimento da língua castelhana empregada nas diversas

Weinberg (2004) explica-nos que, apesar de apresentar traços

zonas do país.

comuns com a fala bonaerense em setores mais cultos, quando

A pesar do desenvolvimento nos estudos linguístico-

observado níveis socio-educacionais mais baixos, a variedade

descritivos, Fontanella de Weinberg (2004) deparava-se ainda com

patagônica exibe traços totalmente ausentes na região vizinha.

a carência de um atlas linguístico constituído por isoglossas

(FONTANELLA DE WEINBERG, 2004, p.42). Em relação à diferença

seguras que possibilitassem uma divisão linguística precisa do

existente entre as variedades da região bonaerense e da nova

território argentino14. Devido a essa deficiência, a pesquisadora

região litorânea, “os estudos realizados até o momento mostram

escolheu partir da delimitação já realizada por Vidal de Battini

que a frequência com que se dão determinados fenômenos (a

(1954), observando que nela

queda da [-s] final, por exemplo) difere entre ambas15.

[…] hay varios puntos discutibles, entre los que se destaca el considerar como una región única todo el extenso territorio que incluye desde las provincias de Santa Fe y Entre Ríos hasta Tierra del Fuego. (FONTANELLA DE WEINBERG, 2004, “[…] la carencia de un atlas lingüístico no permite contar con isoglosas seguras que posibiliten una división lingüística precisa del territorio argentino.” (FONTANELLA DE WEINBERG, 2004b, p. 41). 14

Por fim, diante da diferentes propostas de divisão dialetal apresentas nessa seção, observamos que a compreensão da diversidade linguística perpassa o conhecimento do uso efetivo da “[…] los estudios realizados hasta el presente muestran que la frecuencia con que se dan determinados fenómenos (la caída de /-s/ final, por ejemplo) difiere entre ambas” (FONTANELLA DE WEINBERG, 2004b, p. 42). 15

374

língua e sua relação com aspectos extralinguísticos. Desse modo,

diversidade prevista na proposta de divisão dialetal feita por

afastando-nos de qualquer “generalização que corra o risco de ser

Fontanella de Weiberg (2004), observaremos a realização do PPC

falsa”, com o conhecimento das propostas de divisão dialetal da

em uma cidade de maior expressividade socioeconomicamente em

língua espanhola na Argentina, conseguimos estruturar a base do

cada uma das sete regiões dialetais, isso porque partimos do

estudo que possibilitará a descoberta dos valores atribuídos ao

pressuposto de que, por serem referências no âmbito social, essas

pretérito perfecto compuesto (PPC) no país. Isso porque, encontramos nesses postulados guias que nos direcionam à localidade de onde podemos retirar os dados de análise. Finalmente, com as conclusões provenientes do estudo do PPC, conseguiremos traçar mais uma isoglossa que poderá auxiliar na definição das regiões dialetais da Argentina, isso é assim porque “somente um maior avanço nos estudos regionais permitirá localizar os limites dialetais com maior

precisão16”.

cidades atuam também como modelo linguístico. Em outras palavras, conforme afirma Moreno de Alva (2000), “são precisamente as grandes urbes focos de irradiação linguística” e, por isso, “merecem especial atenção se o que se persegue é o conhecimento do estado que guarda a língua em um espaço dado17”. Justificados os motivos da escolha, relacionamos os municípios: Buenos Aires (Região Bonaerense), Rosário (Região do Litoral), Posadas (Região Nordeste), San Miguel de Tucumán (Região Noroeste), Córdoba (Região Central), Mendoza (Região Cuyana) e Comodoro Rivadavia (Região Patagonia).

3. Procedimentos metodológicos: 3.1 Seleção de representantes das regiões dialetais da Argentina.

3.2 Composição do corpus. Segundo Sanchez (1995, pp. 8-9 apud BERBER SARDINHA,

O estudo do uso do pretérito perfecto compuesto na Argentina implica, entre outros, a análise do fenômeno em cada

2002, p. 352), corpus é

uma das regiões dialetais do país e o cotejamento dos dados

[...] o conjunto de dados linguísticos (pertencentes ao uso oral ou escrito da língua, ou a ambos), sistematizados segundo determinados critérios, suficientemente extensos em

provenientes de cada uma delas. Tento em vista a maior

[…] sólo un mayor avance en los estudios regionales permitirá ubicar los límites dialectales con más precisión […]. (FONTANELLA DE WEINBERG, 1992, p. 127). 16

“Son precisamente las grandes urbes focos de irradiación lingüística que merecen especial atención si lo que se persigue es el conocimiento del estado que guarda la lengua en un espacio dado” (MORENO DE ALVA, 2000, p. 238). 17

375

amplitude e profundidade, de maneira que sejam representativos da totalidade do uso linguístico ou de algum de seus âmbitos, dispostos de tal modo que possam ser processados por computador, com a finalidade de propiciar resultados vários e úteis para a descrição e análise. (SÁNCHEZ, 1995, pp. 8-9)18.

enunciados por meio da internet – em rádios das sete regiões dialetais que disponibilizam sua transmissão on-line –, este gênero resgata uma variedade linguística não muito distante do vernáculo (MARCUSCHI, 2008; PORTUGAL, 2008).

Em sua asseveração, percebemos que um corpus, além de

Conscientes de que enunciados pertencentes a um só

constituir-se por textos efetivamente realizados em língua natural,

gênero, de uma única modalidade da língua (falada), não podem

deverá seguir critérios que lhe assegurem representatividade de,

constituir um corpus representativo da totalidade de usos

pelo menos, algum âmbito do idioma. Estes critérios, por sua vez,

linguísticos de uma comunidade de fala, limitaremos nossas

se relacionam a condições de naturalidade, de autenticidade, de

considerações a um importante âmbito do uso do castelhano na

diversidade, de dimensões e a outros padrões que possam estar

Argentina, no qual, se observa o domínio da oralidade, com pouco

vinculados aos propósitos do investigador. A disponibilidade para o

monitoramento, logo, mais espontâneo. Além disso, o recurso a

processamento digital é também uma das características que deve

esse gênero nos garante a observação da fala de uma quantidade

possuir o corpus, haja vista que com o auxílio da tecnologia

significativa de informantes das sete regiões dialetais do país,

podemos analisar, de forma muito mais precisa e ágil, uma grande

tornando viável um estudo diatópico.

quantidade de textos.

Por assumirmos os pressupostos da Sociolinguística, torna-

Tendo em vista nossas limitações espaciais e temporais19,

se imprescindível a obtenção de informações que nos descrevam os

sem deixar de lado algumas destas características, acreditamos

indivíduos e seu entorno de enunciação. Mais uma vez, a opção por

haver encontrado condição que satisfaça as exigências propostas

esse gênero e o apoio da internet possibilitaram o acesso a esses

por Sánchez (1995) em um corpus composto por entrevistas

dados ora por inferência na própria entrevista, ora por contato

radiofônicas. Isto porque, além da possibilidade de obtermos estes

direto com as rádios (e-mail) ou, até mesmo, por meio de rede de relacionamentos (facebook).

Grifos nossos. Haja vista que nossa proposta visa à observação de sete regiões dialetais argentinas dentro de um prazo pré-determinado. 18 19

Sobre a obtenção dos textos, o uso do software Audacity 1.3 serviu-nos

para

gravação

das

entrevistas

-

as

quais

376

preponderantemente compartem a característica de serem ao vivo.

enquanto à produtividade da forma. Essa diferência era prevista e

O trabalho de gravação e transcrição teve inicio em março de 2010

será a motivadora de nossas discussões em momentos futuros.

e terminou em dezembro do mesmo ano. A seguir, dispomos um quadro que relaciona as regiões dialetais da Argentina com informações das entrevistas.

Seguindo a tipologia proposta pela Linguística de Corpus (BERBER SARDINHA, 2000, p.339-342), nosso material de análise se identifica com o modo falado, pois tanto em sua concepção como em sua propagação faz uso da oralidade. Enquanto ao tempo, tratase de um corpus sincrônico e contemporâneo, por abordar um único período: o corrente. É dialetal e especializado, por apresentar, respectivamente, um conteúdo que visa satisfazer um estudo dialetal e por decorrer de um único domínio discursivo: o jornalístico. Por fim, é um corpus de língua nativa, já que seus autores também são nativos. Em relação ao tamanho de nosso corpus e sua relativa

Quadro VII – Descrição das entrevistas radiofônicas que compõem o corpus.

Como podemos observar, as 5h37min15seg, referentes à gravação de 33 entrevistas radiofônicas (Nº Entrev.), forneceramnos mais de 57 mil palavras1, sendo, em média, mais de oito mil a quantidade de palavras provenientes de cada região. Em relação a nosso objeto de análise, foram encontradas 309 ocorrências (Nº de

representatividade, é pertinente observarmos que, como propõe Berber Sardinha (2000, p. 346), lidamos com um corpus pequeno, por possuir menos de 80 mil palavras. No entanto, o autor adverte que “a quantidade mínima de dados necessários para a formação de um corpus nunca foi estimada [...], sendo o critério de tamanho empregado subjetivamente na definição de corpus” (p.345).

PPC), havendo algumas regiões com notável diferenciação As informações de tempo de gravação e quantidade de palavras foram obtidas, respectivamente, por meio da linha do tempo exposta no Audacity 1.3 e pela ferramenta contar palavras, do editor de texto Microsoft Office Word 2003. 1

377

4. Análise preliminar do corpus Uma análise superficial do número de ocorrências1 do Pretérito Perfecto Compuesto em nosso corpus parece nos indicar a existência de alguma aproximação entre esses dados e a informação comumente asseverada sobre o fenômeno na

(01) Ellos se tienen que ir presos, la justicia [ya] ha determinado que tienen que ir presos, no decir que les están armando las causas . (02) Teniendo en cuenta que hay países donde eh… Personas que han perpetrado una gran cantidad de crímenes eh… o se han jactado un racismo tan grande […] no tienen ningún tipo de espacio para monumentos […]..

Argentina; a saber, de que a ocorrência da forma composta torna-se

Em segundo lugar na escala de recorrência, com seis casos,

mais frequente conforme nos dirigimos para o noroeste do país

destaca-se o valor de passado absoluto com relevância presente.

(GUTIÉRREZ ARAUS, 2008; VIDAL DE BATTINI (1964)). No

Tal como podemos verificar nos exemplos seguintes

entanto, antes de qualquer afirmação, deveremos nos atentar com maior afinco, no futuro, ao fator quantitativo da análise do PPC, definindo,

então,

critérios

comparativos

que

assegurem

informações mais seguras. Em relação à análise preliminar do uso da forma composta nas regiões Bonaerense (Buenos Aires), Cuyana (Mendoza) e Noroeste (San Miguel de Tucumán), cremos já poder vislumbrar alguns comportamentos aparentemente peculiares ao espanhol da Argentina. Desta fei’ta, atentando-nos ao corpus da Capital Federal, verificamos a ausência do PPC com valor de ante-presente, passado imediato, prospectivo e ante-pretérito. O valor mais recorrente, por outro lado, é o resultativo (8 casos), o qual pode ser exemplificado pelos enunciados que seguem: Exposto no quadro VII – Descrição das entrevistas radiofônicas que compõem o corpus. (v. p. 17) 1

(03) […] Mi labor específica y la labor de mi grupo es eh… llevar dignidad, por ejemplo, como lo hemos hecho el domingo pasado, en el anfiteatro del parque Centenario. (04) […] Ahora, eh… esto ha generado en su momento mucha polémica eh…

O valor experiencial vem logo em seguida com cinco ocorrências; dentre as quais destacamos: (05) […] puede llegar a pasar cualquier cosa, son capaces de cualquier cosa. Yo les he visto hacer cosas y me he enterado de cosas en su momento[…]. (06) Sí, bueno, mirá… este… en mi larga carrera de actor he dirigido espectáculos musicales, como los del Carmen Flores…

Finalmente, com apenas um caso verificado, está o uso do PPC com valor de persistência: (07) […] te cuento, Analía, yo era muy inquieto de chico o sea que… que con los años también me he añejado y sigo siendo inquieto […]. < BsAs; 20; Gr4>.

378

Dirigindo-nos à segunda região dialetal, verificamos no corpus específico de Mendoza quarenta e cinco realizações do perfecto compuesto, dentre as quais não foi observado nenhum uso com valor de passado absoluto ou prospectivo. Da mesma maneira que na região bonaerense, em Mendoza verificamos a maior ocorrência do valor resultativo – vinte e duas situações. Mais uma vez, podemos verificar esse valor, nos enunciados que seguem: (08) […] los dos goles han sido por pelotas aéreas. Así que se tiene que trabajar mucho y hacer hincapié, Roberto Trotta, en esa… eh… en esa parte. . (09) […]Bueno, van a estar como los jugadores de Maipú porque Estudiantes ha cambiado los vestuarios, los bancos de suplentes. Seguramente se van a sentir a gusto[…].. (10) Creemos que los costos no son altos, por eso justamente no lo hemos hecho la consulta. .

Nessa região, os sentidos experiencial e de persistência também seguem na lista de valores mais recorrentes; possuindo, respectivamente, treze e sete ocorrências cada um deles1.

(11) Passado recente: […] algo que ha sorprendido en las últimas horas tiene que ver con la…eh… el crecimiento de algunos proyectos que vienen desde China directamente (12) Ante-pretérito: […] este ensayo, en realidad, fue como la culminación de una instrucción que [ya] se les ha dado a las personas que van a ser instructores de los jefes de radio y de los censistas. . (13) Ante-presente: Se está, en este momento, capacitando a toda la estructura censal. Ya se ha capacitado a lo jefes de departamento, a los jefes de fracción y hora sigue, en la próxima etapa, la capacitación a jefes de radio. .

Sobre San Miguel de Tucumán – cidade representante da região noroeste – além da abundante ocorrência da forma composta (76 casos), há de se destaca a preponderância do valor passado absoluto com relevância presente (21 casos); esse é o sentido verificado, por exemplo, em: (14) Así que ya en un ratito nos vamos a abocar al show del sábado que ha sido espectacular. (15) He presentado la renuncia en el día de ayer en forma indeclinable, esto no tiene retroceso. .

Finalmente, os valores de passado imediato, ante-pretérito e ante-

O desenvolvimento de nossos trabalhos deverá dedicar

presente – não verificados em Buenos Aires – foram observados em

atenção especial a essa, particularidade, isto porque desejamos

uma única situação cada; as quais expomos, respectivamente, a

observar até que ponto o aspecto perfecto diferencia a forma

seguir:

composta do pretérito perfecto simple, cujo valor prototípico seria o de passado absoluto. Outra aparente particularidade dessa região é

Por questões de limitações de laudas para este trabalho, não expomos aqui exemplos com esses sentidos. 1

o uso relativamente elevado do valor de passado recente (6 casos) e

379

ante-presente (10 casos), aos quais correspondem os exemplos: (16) Pasado reciente: […] un saludo grande para Roberto Zelaya que ha pelado el choclo y lo ha rayado, [del almuerzo de hoy] . (17) Ante-presente: Creo que la federación está trabajando en cada uno de los ámbitos que se han creado en el último año. .

Finalmente, os valores resultativo (18 casos), experiencial (10 casos) e de persistência (9 casos) tiveram também um uso bastante significativo1. Salientamos ainda que, do mesmo modo que nas outras regiões, não se encontrou o valor prospectivo no corpus da região noroeste. Em síntese, a análise ainda pouco sistematizada do uso do pretérito perfecto compuesto nas três regiões adianta-nos parte da aparente heterogeneidade no uso da forma verbal. O avançar dos estudos deve esclarecer como esses usos se relacionam em cada uma das variedades a que nos ateremos, além, é claro, de nos possibilitar a comparação entre as regiões dialetais. Referências BERBER SARDINHA, A. P. Lingüística de corpus: histórico e problemática. D.E.L.T.A. São Paulo, v. 16, pp. 323-367, 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/delta/v16n2/ Por questões de limitações de laudas para este trabalho, não expomos aqui exemplos com estes valores. 1

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Beatriz Sánchez Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Introdução Nossa proposta nesse trabalho é discutir o uso dos gêneros discursivos no curso de Línguas Estrangeiras para a Terceira Idade (LETI), vinculado ao curso livre de línguas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Programa LICOM/IL-UERJ). O presente curso de extensão está voltado ao ensino de línguas para a comunidade externa da UERJ, especificamente ao público acima de sessenta anos. Seu foco objetiva o ensino-aprendizagem de Espanhol como língua estrangeira (ELE) e é composto por quatro anos letivos, englobando um módulo de conversação ao final, os quais proporcionam o desenvolvimento das competências orais e escritas. Atualmente, os cursos são ministrados duas vezes por

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