[2015] A condição periférica na cidade contemporânea e as novas recentralizações. In \"“A CIDADE PARADIGMÁTICA: ORIGENS, AVATARES, FRONTEIRAS / PARADIGMATIC CITY: ORIGINS, AVATARS, FRONTIERS\"

June 20, 2017 | Autor: Tiago Trindade Cruz | Categoria: Cidades, Periferia, Recentralization, Periferias Urbanas, Cidades Contemporaneas
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CONGRESSO INTERNACIONAL «A CIDADE PARADIGMÁTICA: ORIGENS, AVATARES, FRONTEIRAS»

A CONDIÇÃO PERIFÉRICA NA CIDADE CONTEMPORÂNEA E AS NOVAS RECENTRALIZAÇÕES Tiago Cruz [email protected]

ABSTRACT As cidades não são entidades permanentes e imutáveis e a sua história é feita sobretudo de descontinuidades. Se bem que deverão também ser tidas em conta as permanências e continuidades, a historiografia tem-nos demonstrado como grandes inflexões permitiram – em momentos-chave – que estas continuassem vivas e dinâmicas. Recordemos a este propósito os planos do barão Haussman para Paris e os projectos de Mussolini para várias cidades italianas. O crescimento recente das cidades, com o fenómeno associado da periferia, tem dado origem a uma condição diferente daquilo que estávamos habituados. A cidade periférica não corresponde à nossa ideia tradicional de cidade. Surge imprevista, escapando às nossas previsões e ao nosso controlo. Esta imprevisibilidade vulnerabiliza as cidades. Há que desenvolver novas estratégias de planeamento que ultrapassem os limites administrativos das e actuem a um nível intermunicipal. A investigação das formas da expansão urbana é essencial no sustentáculo de uma linha de investigação que permita um planeamento coerente nas novas áreas de expansão e uma qualificação de áreas degradadas. Umas das ideias que associamos aos tecidos periféricos é que estão para lá do limite, para lá de uma ordem estabelecida e reconhecida. O conceito de periferia, tal como foi entendido até ao início da Revolução Industrial, era justamente compreendido como uma demarcação dos limites de uma cidade. O border line onde o construído se confrontava com o não construído e o natural com o artificial. É frequente a associação das áreas de expansão periférica a algo que está para além de uma ordem reconhecida, sem formas de consolidação precisa. Actualmente, a tarefa de definição de uma condição periférica revela-se impossível. Já não é possível confortarmo-nos com a definição dicotómica entre centro/periferia. De acordo com as palavras de Luís Santiago Baptista, esta «(…) já não permite captar satisfatoriamente a condição urbana contemporânea», Apesar disto, e « (…) mesmo perante as dificuldades para compreender a condição urbana contemporânea a partir dessa dualidade disciplinar [centro e periferia], ela não deixa de estar naturalmente presente nas cidades que habitamos» . Uma nova atitude implica também um reconhecimento da necessidade de proceder a recentralizações. Josep Luís Sert diz-nos: «Para acabar com este desordenado processo de descentralização é preciso criar uma corrente contrária, quer dizer, o que poderíamos chamar recentralização.» A recentralização pressupõe um questionar acerca das novas oportunidades programáticas e tipológicas que podem ser veiculadas pelas novas áreas de expansão urbana das cidades e que potencial poderá derivar das novas definições de periferia.

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