[2015] - Diniz, Mariana; Neves, César; Martins, Andrea: Colóquio - O Neolítico em Portugal, antes do horizonte 20/20: perspectivas em debate, Al-Madan on line, IIª série, 20, Tomo I, pp.112-113

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Iª Série (1982-1986)

IIª Série (1992-...)

(2005-...)

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EDITORIAL ste tomo da Al-Madan Online reúne estudos, artigos e textos de opinião de natureza muito distinta. Nos primeiros inclui-se a análise de faianças provavelmente produzidas em Coimbra entre a segunda metade do século XVII e os inícios do século XVIII, entretanto recolhidas no interior do perímetro amuralhado da antiga vila medieval do Jarmelo (Guarda), a par do estudo de um conjunto de pratos decorados em “corda-seca” recuperado na Praça do Comércio e na Ribeira das Naus, em Lisboa, que atesta o uso destas cerâmicas sevilhanas de finais do século XV, primeira metade do século XVI, na convivialidade da corte portuguesa da época. Segue-se uma abordagem às técnicas e tecnologias informáticas disponíveis para a manipulação não invasiva, a restituição e a representação gráfica de cerâmicas arqueológicas, acompanhada de uma reflexão bem diversa, centrada na interpretação sociológica da epigrafia votiva do municipium Olisiponense, considerando as diferentes entidades religiosas e os que lhes prestam culto nesta parcela do Império Romano. Os textos de opinião ilustram também uma assinalável diversidade. O primeiro fala-nos da “Arqueologia das Coisas”, também conhecida como “Arqueologia Simétrica”, uma visão pós-processualista do mundo e da transformação social como teia de relações entre seres humanos, mas também entre estes e seres não humanos, e de todos eles com “coisas”. Outro trabalho trata a relação antrópica com o ambiente aquático e apresenta propostas para a definição, interligação e aplicação de conceitos como os de Arqueologia Marítima, Naval, Náutica e Subaquática. Por fim, um terceiro reflecte sobre as condições de consolidação e desenvolvimento do Parque Arqueológico do Vale do Côa, de modo a que este assuma em plenitude o importante papel regional que pode e deve desempenhar. As denominadas arqueociências marcam presença através da apresentação e sustentação teórico-metodológica de projecto de investigação em arqueomagnetismo aplicável na datação absoluta de contextos e materiais arqueológicos. A temática patrimonial mais alargada está representada por trabalhos de ilustração científica de aspectos técnicos, etnográficos e históricos do Moinho de Maré de Corroios (Seixal), de divulgação da vida de Maria José Viegas e integração da sua obra em couro no contexto da produção artística das mulheres portuguesas, e, ainda, de destaque para a importância local e regional da extinta igreja de N.ª Sr.ª da Consolação, fundada em meados do século XV à entrada do castelo de Alcácer do Sal. Noticia-se o achado, em Monte do Ulmo (Santa Vitória, Beja), de uma nova estela atribuída à Idade do Bronze, e a aplicação de técnicas de estudo de parasitas em sedimentos associados a enterramentos humanos de necrópole identificada na igreja de S. Julião, em Lisboa. Por fim, apresentam-se sínteses ou balanços de vários eventos científicos ou de âmbito patrimonial, dedicados ao debate de temáticas ligadas ao Neolítico, à Época Romana e à Antiguidade Tardia, ou à reflexão sobre o papel dos museus, empresas e associações de cidadãos na gestão da Arqueologia e do Património arqueológico. Como sempre, votos de boa leitura!...

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Capa | Jorge Raposo Montagem de fotografias de peças em faiança recolhidas no interior do perímetro amuralhada da antiga vila do Jarmelo (Guarda), provavelmente produzidas em Coimbra, entre a segunda metade do século XVII e os inícios do século XVIII. Fotografias © Tiago Ramos e Vitor Pereira.

II Série, n.º 20, tomo 1, Julho 2015 Propriedade e Edição | Centro de Arqueologia de Almada, Apartado 603 EC Pragal, 2801-601 Almada Portugal Tel. / Fax | 212 766 975 E-mail | [email protected] Internet | www.almadan.publ.pt Registo de imprensa | 108998 ISSN | 2182-7265 Periodicidade | Semestral Distribuição | http://issuu.com/almadan Patrocínio | Câmara M. de Almada Parceria | ArqueoHoje - Conservação e Restauro do Património Monumental, Ld.ª Apoio | Neoépica, Ld.ª Director | Jorge Raposo ([email protected]) Publicidade | Elisabete Gonçalves ([email protected]) Conselho Científico | Amílcar Guerra, António Nabais, Luís Raposo, Carlos Marques da Silva e Carlos Tavares da Silva Redacção | Vanessa Dias, Ana Luísa Duarte, Elisabete Gonçalves e Francisco Silva Resumos | Jorge Raposo (português), Luisa Pinho (inglês) e Maria Isabel dos Santos (francês)

Jorge Raposo Modelo gráfico, tratamento de imagem e paginação electrónica | Jorge Raposo Revisão | Vanessa Dias, Fernanda Lourenço e Sónia Tchissole Colaboram neste número | Rafael Alfenim, Ticiano Alves, Maria João Ângelo, André Bargão, Piero Berni, André Carneiro, António Rafael Carvalho, Ana Cruz,

Mariana Diniz, Sara Ferreira, José Paulo Francisco, Agnès Genevey, Rámon Járrega, Sara Leitão, Ana Marina Lourenço, Vasco Mantas, Andrea Martins, Vítor Matos, César Neves, Franklin Pereira, Vitor Pereira, Xavier Pita, Eduardo Porfírio, Tiago Ramos, Sara Henriques dos Reis, Artur J. Ferreira Rocha, Ana Rosa, Sandra Rosa,

Miguel Serra, Luciana Sianto, Pedro F. Silva, Rodrigo Banha da Silva e Ana Vale Por opção, os conteúdos editoriais da Al-Madan não seguem o Acordo Ortográfico de 1990. No entanto, a revista respeita a vontade dos autores, incluindo nas suas páginas tanto artigos que partilham a opção do editor como aqueles que aplicam o dito Acordo.

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ÍNDICE EDITORIAL

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OPINIÃO ESTUDOS

A Arqueologia e as Coisas: a disciplina e as correntes pós-humanistas | Ana Vale...41

A Faiança da Antiga Vila do Jarmelo (Guarda): contributos para o seu conhecimento | Tiago Ramos e Vitor Pereira...6

Arqueologia Marítima, Naval, Náutica e Subaquática: uma proposta conceitual | Ticiano Alves e Vasco Mantas...50

De Sevilha para Lisboa: pratos com decoração em “corda-seca” de final dos séculos XV-XVI de dois contextos na Ribeira ocidental | André Bargão, Sara Ferreira e Rodrigo Banha da Silva...21

Arqueologia, Património e Desenvolvimento Territorial no Vale do Côa | José Paulo Francisco...56

ARQUEOLOGIA Breve Abordagem Acerca da Aplicação das Técnicas Computacionais à Representação da Cerâmica Arqueológica | Ana Rosa e Sandra Rosa...28

ARQUEOCIÊNCIAS Uma Análise da Epigrafia Votiva de Olisipo: contributo para um estudo das interacções culturais no municipium | Sara Henriques dos Reis...34

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Arqueomagnetismo em Portugal: aplicações em Arqueologia | Maria João Ângelo, Agnès Genevey, Rafael Alfenim e Pedro F. Silva...64

Elementos para a História da Extinta Igreja de Nossa Senhora da Consolação de Alcácer do Sal nos Séculos XV a XVII | António Rafael Carvalho...91

PATRIMÓNIO O Moinho de Maré de Corroios: ilustração do Património pré-industrial | Xavier Pita...76

O Couro Repuxado na Linhagem Feminina: a arte de Maria José Viegas | Franklin Pereira...99

NOTÍCIAS Um Novo Achado do Bronze do Sudoeste: a estela do Monte do Ulmo (Santa Vitória, Beja) | Miguel Serra e Eduardo Porfírio...108 EVENTOS Colóquio O Neolítico em Portugal, Antes do Horizonte 2020: perspectivas em debate | Mariana Diniz, César Neves e Andrea Martins...112 Seminário Internacional Augusta Emerita y la Antiguëdad Tardía | André Carneiro...114 Congreso Amphorae ex Hispania: paisajes de producción y consumo | Ramón Járrega y Piero Berni...116

Estudo Paleoparasitológico de Sedimentos Associados a Enterramentos Humanos da Necrópole da Igreja de São Julião, Lisboa | Luciana Sianto, Sara Leitão, Vítor Matos, Ana Marina Lourenço e Artur Jorge Ferreira Rocha...110

I Fórum sobre Museus, Empresas e Associações de Arqueologia: dinâmicas e problemáticas sociais na gestão da Arqueologia em Portugal | Ana Cruz...118

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EVENTOS colóquio

O Neolítico em Portugal, Antes do Horizonte 2020 perspectivas em debate Mariana Diniz, César Neves e Andrea Martins [UNIARQ - Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa; Associação dos Arqueólogos Portugueses; Fundação para a Ciência e a Tecnologia; [email protected]; [email protected]; [email protected]]

o passado dia 21 de Fevereiro de 2015, a Associação dos Arqueólogos Portugueses (AAP), através da sua Secção de Pré-História, organizou o Colóquio “O Neolítico em Portugal, antes do Horizonte 2020: perspectivas em debate”, que teve lugar no Auditório da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. Esta acção deu continuidade à actividade desenvolvida, nos últimos anos, pela AAP na programação de Colóquios, Conferências e Workshops, num esforço conjunto entre a Direcção e as suas Secções que teve expoente máximo na realização do I Congresso da Associação dos Arqueólogos Portugueses, em 2013. Num desafio lançado a diversos arqueólogos, que têm dedicado a sua investigação ao estudo do Neolítico ou a tópicos afins, este colóquio tinha como principal objectivo permitir uma reflexão conjunta acerca dos trabalhos desenvolvidos, nas últimas décadas, sobre o Neolítico em Portugal, nas suas múltiplas vertentes, bem como perspectivar futuras linhas de investigação, definindo os principais tópicos de uma agenda em aberto, que os programas a desenvolver, no âmbito do Horizonte 2020, poderão incorporar. Cada conferencista dispôs de 25 minutos para expor elementos considerados centrais no seu trabalho, dando origem a apresentações construídas a partir de uma diversidade considerável de perspectivas teórico-metodológicas que traduzem o dinamismo da investigação em torno do Neolítico, em Portugal. Na primeira comunicação, Ana Cristina Martins abordou a temática a partir de uma visão historiográfica. Seguindo uma linha de trabalho que a caracteriza, a autora, em “Estudos Neolíticos em Transição (1958-1977)”, reporta a um período concreto da História da Arqueologia portuguesa,

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onde se assistiu, para a Arqueologia em geral e para o estudo do Neolítico em particular, a uma fase de “…inovação teórica, metodológica e prática…”, por parte de uma nova geração de arqueólogos que procuravam distanciar-se das leituras HistóricoCulturalistas em vigor, em prol das abordagens processuais propostas pela Nova Arqueologia. Para se compreender o cenário com que os primeiros grupos neolíticos se depararam aquando da sua “chegada” (não se pretendendo, aqui, discutir os distintos mecanismos de introdução do Neolítico, ainda em debate), Ana Cristina Araújo, em “Antes do Afagar a Terra: quando o território era então Mesolítico”, trouxe à discussão os antecedentes do processo de Neolitização, analisando os comportamentos sociais e económicos dos grupos de caçadores-recolectores do Mesolítico, grupos que se apresentavam claramente condicionados pelas novas condições ambientais instaladas no Pós-glaciar. Após estas duas conferências introdutórias, deu-se início a um conjunto de apresentações focadas sobre territórios de análise específicos, que reflectiram de forma evidente o percurso pessoal dos seus autores. Nas duas comunicações subsequentes, João Carlos de Senna-Martinez, através de “Sociedades

Camponesas na Plataforma do Mondego: Neolitização e Megalitismo”, e João Luís Cardoso, com a apresentação “Na Estremadura, do Neolítico Antigo ao Neolítico Final: um percurso pessoal”, debruçaram-se sobre os resultados obtidos ao longo de várias décadas de prática arqueológica, em contextos geográficos específicos – Beira Interior, Estremadura e Baixo Vale do Tejo –, para traçarem um perfil crono-estratigráfico do Neolítico regional, utilizando a informação disponível para estes territórios, com percursos de investigação distintos. Cronologia, caracterização dos lugares de povoamento e das estratégias de subsistência foram temáticas comuns das apresentações, sendo que a de J. C. Senna-Martinez, condicionada pela base empírica disponível, incidiu maioritariamente sobre os espaços simbólicos e funerários destas comunidades, já escavados em finais do século XX, e J. L. Cardoso apresentou dados provenientes fundamentalmente de contextos habitacionais intervencionados na última década, nomeadamente Carrascal, Moita da Ladra e Cortiçóis. Também sobre a Estremadura incidiu a comunicação de Teresa Simões e Simon Davis: “O Lapiás das Lameiras (Sintra): um sítio paradigmático para o conhecimento da Neolitização da fachada atlântica da Península Ibérica”. A descrição deste contexto arqueológico, com particular destaque para os dados faunísticos, sintetiza o objectivo principal da apresentação. Além da cronologia antiga – a ocupação do Neolítico parece remontar aos inícios da 2ª metade do VI milénio cal AC –, a excepcional preservação da matéria orgânica constitui um elemento de referência do sítio. Neste sentido, destaca-se a existência de animais domesticados, nomeadamente Ovis aries que, em conjunto

com outros elementos da cultura material, permite atestar a presença, no sítio, do “pacote neolítico” nas suas diferentes componentes. A partir do Alentejo Central, Leonor Rocha seguiu a linha programática do Colóquio. Na conferência “O Neolítico no Alentejo: novas perspectivas”, a investigadora sintetizou os resultados por si obtidos, nas últimas décadas, naquela região. Numa leitura integrada, e partindo essencialmente de dados provenientes de intervenções arqueológicas que coordenou – com destaque para a prospecção arqueológica –, analisou a génese e evolução das primeiras sociedades camponesas, referindo quer espaços de habitat quer necrópoles. Uma visão particular foi-nos transmitida por António Faustino de Carvalho, na apresentação “O Estudo do Neolítico em Portugal, 1992-2016: percursos e perceções pessoais”. O autor procurou, de forma crítica e partindo do seu trajecto profissional, fazer uma retrospectiva do estudo do Neolítico em Portugal, nos últimos 23 anos, projectando, ao mesmo tempo, o futuro imediato. Esta intervenção reflectiu as diferentes etapas da sua investigação – Estremadura, Foz Côa e Algarve –, marcada pela análise multidisciplinar, discutindo ainda opções metodológicas e questões de financiamento. O Colóquio integrou ainda apresentações relativas a metodologias de análise e campos disciplinares específicos, e nesta linha surgem os contributos de Ângela Ferreira e, em seguida, de Maria João Valente. A primeira, em “Palácio dos Lumiares e Encosta de Sant’Ana: análise traceológica”, referiu-se a um estudo traceológico dos conjuntos de pedra lascada em sílex, provenientes de dois contextos neolíticos concretos, localizados na actual cidade de Lisboa. Ficou mais uma vez patente o potencial informativo deste campo de análise funcional que, em conjunto com o estudo tecno-tipológico dos artefactos líticos, proporciona uma melhor caracterização das actividades económicas praticadas pelos grupos neolíticos, auxiliando na interpretação da natureza das ocupações. A apresentação de Maria João Valente, “Zooarqueologia do Neolítico no Sul de Portugal: actual estado dos conhecimentos”, constituiu-se como uma análise crítica aos dados zooarqueológicos disponíveis para o Neolítico do Sul de Portugal. Além do número reduzido de restos faunísticos, a autora refere que as faunas exumadas provêm de um número limitado de contextos – na Estremadura, Alentejo e Algarve –, o que dificulta a definição global das estratégias de subsistência dos grupos neolíticos. A generalização dos estudos faunísticos é uma necessidade efec-

tiva, embora se reconheçam as limitações na obtenção de dados, resultantes de problemas tafonómicos e pós-deposicionais. Numa apresentação conjunta, Carlos Tavares da Silva e Joaquina Soares colocaram em discussão um tema que, em Portugal, não tem gerado particular interesse no debate científico: o Neolítico médio. A comunicação “Neolítico Médio Agro-Pastoril. Invisibilidade e crise (?)”, além de propor um modelo económico e social para os finais do V e inícios da 1ª metade do IV milénio AC, baseado num “semi-nomadismo agro-pastoril”, possibilitou a divulgação dos dados provenientes das escavações da Fábrica de Celulose e Pipas (Mourão-Monsaraz), aumentando, assim, a evidência empírica disponível acerca desta etapa média do Neolítico. “As Origens do Megalitismo no Século 21”, de Rui Boaventura, abriu o último painel. As práticas funerárias das populações do 4º e 3º milénios a.n.e. foram discutidas, partindo de uma revisão crítica de dados prévios, em conjunto com os entretanto obtidos pela “revolução empírica”, como o autor denominou a entrada em cena de informação obtida a partir de distintas análises arqueométricas. O trabalho desenvolvido por Boaventura tem possibilitado “…novas abordagens acerca das origens do Megalitismo [funerário], mas também do seu apogeu e declínio”. Destacou ainda a necessidade de promover o conhecimento científico, pela partilha de dados e valências entre investigadores, gerando verdadeiras equipas de investigação. Num encontro desta natureza era inevitável a presença de um trabalho sobre Recintos de Fossos, matéria que, nos últimos dez anos, veio transformar o discurso científico e obrigar a uma revisão de problemáticas relativas ao Neolítico final. Na intervenção “Os Fossos Enquanto Estruturas de Condução e Drenagem de Águas: o caso do sistema de fossos duplo do recinto do Porto Torrão”, Filipa Rodrigues propõe uma funcionalidade específica para o sistema de fossos duplo identificado no Porto Torrão (Ferreira do Alentejo). Para a autora, a construção deste sistema “…estaria relacionada com a condução e drenagem de águas, ou seja, com o controlo e manipulação de dois bens considerados fundamentais para as sociedades agro-pastoris: a terra e a água”. F. Rodrigues, partindo essencialmente de observações directas em Porto Torrão, sustenta o modelo teórico proposto na necessidade de crescimento da produtividade agrícola e do controlo da água. Seguidamente, António Valera, numa abordagem marcadamente teórica, em “Olhar o Neolítico do

Ocidente Peninsular Através das Suas Expressões Ideológicas no 4º Milénio a.n.e.”, procurou reflectir acerca do peso do subsistema ideológico no desenvolvimento social das comunidades neolíticas. O questionário, ainda em aberto, relativamente a temáticas como Megalitismo não funerário, os grandes recintos de fossos, o significado dos motivos decorativos (ou a ausência deles) na cerâmica, a arte rupestre, a arte móvel, foi abordado nesta comunicação. Por fim, a intervenção “Sociedades Neolíticas e Comunidades Científicas: questões aos trajectos da História”, apresentada por Mariana Diniz, César Neves e Andrea Martins, procurou enunciar alguns tópicos a debater acerca dos Mecanismos de Transição e Modelos Sociais Mesolítico / Neolítico, Territórios Culturais e Grupos Neolíticos e Ritmos Demográficos do Neolítico antigo ao Neolítico final, discutindo ainda os contextos sociais da produção contemporânea de inquéritos ao Passado. Para além dos 18 investigadores que apresentaram comunicações, o Colóquio contou com a participação de mais de 70 assistentes, na sua grande maioria estudantes universitários, seguidos de sócios da AAP e arqueólogos de distintas instituições e categorias profissionais. Todos os participantes tiveram espaço para, em dois momentos distintos do programa, puderem questionar e debater as temáticas abordadas, numa discussão profícua que valorizou e justificou, ainda mais, a realização deste Encontro. No claro reconhecimento da investigação desenvolvida, e em curso, sobre o Neolítico, na constatação da existência de novas linhas de investigação, e de agendas cada vez mais multidisciplinares e na, cada vez mais clara, consciência da fundamental transmissão de conhecimento científico a múltiplos públicos, consideram-se plenamente atingidos os objectivos propostos para este Encontro. O êxito verificado no Colóquio “O Neolítico em Portugal, Antes do Horizonte 2020: perspectivas em debate” resultou do empenho conjunto da comunidade científica, cuja vitalidade ficou amplamente demonstrada. É intenção da Secção de Pré-História e da Direcção da AAP editar um volume monográfico que inclua todas as comunicações apresentadas ao Encontro, adicionando também aquelas que não puderam ser apresentadas, até ao final do corrente ano, para que o seu conteúdo possa suscitar novas reflexões e debates. A construção do conhecimento científico acerca do Neolítico, em Portugal, antes do Horizonte 2020, também passa por aqui.

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