2784) Academia.edu: uma plataforma de informação e colaboração entre acadêmicos (2014)

September 27, 2017 | Autor: P. de Almeida | Categoria: Academic Social Networking, Academia.edu
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Academia.edu: uma plataforma de informação e colaboração entre acadêmicos Comentários a questões colocadas por jornalista Paulo Roberto de Almeida (Perfil no Academia.edu: https://uniceub.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida) Notas em resposta a questões colocadas por Jornalista da Folha de São Paulo em 18/12/2014 1) Como você conheceu o Academia.edu? Há quanto tempo utiliza a plataforma? PRA: Conheci por referência de colegas acadêmicos e por ter lido a respeito na própria internet. Já conhecia, e era membro, como ainda sou, do Researchgate.net (https://www.researchgate.net/profile/Paulo_Almeida2), uma outra plataforma, que possui objetivos relativamente similares, isto é, conectar acadêmicos e facilitar a disseminação de material de pesquisa e publicações de todas as áreas científicas, ainda que por mecanismos e ferramentas ligeiramente diferentes. No formato atual do Academia.edu, mantenho arquivo de publicações e intercâmbio desde dezembro de 2013, mas antes já estava afiliado, embora com outra identidade, mas sempre através de minha vinculação como professor do Centro Universitário de Brasília (Uniceub), nos programas de mestrado e doutorado em Direito. Neste ano completo, pude carregar boa parte da minha produção acadêmica, à qual tiveram acesso centenas, se não milhares, de pesquisadores de todo o mundo, como também outros “curiosos” não exatamente identificados (o que pode ser visto no Analytics).

2) Antes de se cadastrar no site, como compartilhava seus trabalhos? PRA: Desde o início da era da internet (estamos falando do início dos anos 1990) eu procurei utilizar as possibilidades de comunicação e de informação que começavam a se tornar disponíveis por meio das versões “primitivas” da www, então baseada unicamente na linguagem html, sem muitas outras ferramentas sofisticadas. Sempre trabalhando a partir da plataforma Apple-Mac (meu primeiro foi um MacIntosh Plus, ainda sem disco rígido, tudo a partir de uma simples disquete 3,5 de 720Kb), eu subscrevi o serviço Compuserve, a partir de modem telefônico muito lento. Com o passar dos anos tecnologias e plataformas foram evoluindo e eu procurei acompanhar a progressão, ainda utilizando ferramentas livremente disponíveis na internet. Meu primeiro site foi baseado em Geocities, com navegador Netscape, então dominante. Fiz 1

um pequeno site, bastante limitado, com os mesmos objetivos e finalidades que caracterizam atualmente meu domínio pessoal (www.pralmeida.org), este existente desde o final dos anos 1990, concentrando o essencial de minha produção em todas as áreas de atuação acadêmica e profissional. As versões anteriores, tanto quanto o domínio pessoal, exclusivo, servem essencialmente a postar a produção própria, uma vez que sempre fui muito solicitado, por alunos, colegas professores e pesquisadores de origens diversas, a oferecer informações e aconselhamento sobre os temas que são objeto de minhas publicações mais frequentes, que coincidem, em larga medida, tanto com minhas atividades profissionais na diplomacia brasileira (da qual sou funcionário de carreira), quanto com o exercício da profissão docente (que mantenho em caráter paralelo e complementar à profissão no serviço público federal). O site www.pralmeida.org é basicamente passivo, ou seja, fica à disposição de quem o acessa – diretamente ou por ferramentas de busca – uma vez que nele vou colocando trabalhos publicados, vários inéditos, listas de trabalhos, informações sobre todos os meus livros – próprios, editados, capítulos em livros coletivos, teses, livros e publicações diversas – e outras seções adicionais, mas ele também comporta uma janela de contato, através da qual recebo consultas, perguntas, pedidos dos mais diversos interlocutores, geralmente para ajuda dos mais jovens em algum trabalho universitário. Ou seja, também podia compartilhar meus trabalhos de modo direto, enviando textos, publicados ou inéditos, por e-mail, assim como colaborava com publicações diversas, acadêmicas e não acadêmicas, geralmente digitais, das quais era colaborador eventual, ocasional, ou regular. Fui e sou colaborador regular de inúmeros periódicos de minhas áreas de pesquisa e reflexões acadêmicas, assim como sou editor adjunto da mais antiga revista de relações internacionais do Brasil, a Revista Brasileira de Política Internacional (1958 a 1992, no Rio de Janeiro, com a qual colaborei a partir de meados dos anos 1980, e desde 1993 em Brasília, processo que conduzi pessoalmente). Meu site contém algumas informações sobre essas colaborações regulares (outras deixaram de existir dado o caráter efêmero de muitas iniciativas de grupos acadêmicos, ou eu mesmo deixei de colaborar). Também sou consultor editorial, ou membro dos respectivos conselhos editoriais de diversas revistas de minha área, nacionais e estrangeiras. Estas são, portanto, as formas mais comuns de disseminação de meus materiais acadêmicos, em formato impresso ou digital. Cabe, igualmente, referir-se à plataforma Lattes, que é obrigatória para todo e qualquer trabalhador acadêmico e pesquisador do Brasil. 2

A partir de meados dos anos 2000, depois de bastante relutância, passei a usar as possibilidades de postagens mais rápidas no formato de blog, no mais comum deles: Blogspot (http://diplomatizzando.blogspot.com/, mas ele é apenas o sucessor de vários outros anteriores, ou de outros especializados). Também resisti muito a aderir a outras ferramentas, como Twitter ou Facebook, tanto por timidez e reserva naturais, quanto pela percepção, acertada, que me tomaria o precioso tempo de que disponho para ler, refletir, escrever e publicar, justamente. Acabei aceitando e aderindo, mas as uso de maneira bastante limitada, evitando muitas interações que me tomariam esse tempo precioso justamente. Por fim, participo ou animo alguns grupos – aliás desde os tempos dos hoje ultrapassados BBS, bullettin board system) – em áreas que são as minhas: Mercosul, relações internacionais, diplomacia brasileira, estudos de política externa. Por último, mas não menos importante, a atividade docente sempre foi um meio de subsidiar alunos e colegas com trabalhos próprios e outros materiais de estudos, o que faço de maneira regular vinculado a grupos de pesquisa. Durante muitos anos, dirigi um grupo de pesquisa sobre direito econômico internacional, no quadro de minhas atividades como professor na pós-graduação do Uniceub. Não preciso mencionar aqui os livros próprios, os artigos publicados e as colaborações a obras coletivas, pois esta é a forma clássica, e secular, de disseminação de trabalhos acadêmicos.

3) Você acredita que a criação de um perfil no Academia.edu aumentou a visibilidade da sua produção? PRA: Sem hesitação, eu digo enormemente. Como me referi anteriormente, meu site é passivo, ou seja, os interessados em “pescar” materiais precisam ir até ele, seja diretamente, seja pelos instrumentos de busca mais comuns (tipo Google), mas o site não vai a ninguém. Não mantenho, nunca mantive, o costume de muitos colegas de enviar a seus parceiros, ou a listas inteiras, pessoais ou coletivas, meus trabalhos, publicados ou inéditos, o que fiz muito raramente. Considero que não tenho o direito de invadir a caixa de entrada de ninguém, estimando que a minha já é bastante atulhada de materiais diversos, e muito junk mail; tampouco mantenho uma atitude narcisista, imaginando que colegas tenham grande curiosidade pelo que escrevo, e me abstenho, portanto, de enviar qualquer produção pessoal. O site, nesse sentido, é uma espécie de arquivo, ou repositório da produção própria, como se fosse um terminal bancário ao 3

qual é preciso aceder para buscar o que se procura (e ele tem uma janela de busca por palavras chave, que na verdade percorre todo o meu site). A concepção da plataforma Academia.edu veio potencializar tremendamente a disseminação de meus materiais, uma vez que ela se baseia na indexação múltipla de cada trabalho ou arquivo inserido, o que suponho passa a ser do conhecimento não apenas daqueles outros membros que me seguem, quanto de outros pesquisadores que fazem buscas nessa plataforma. Minhas palavras mais comuns são Brazilian Foreign Policy, Brazilian History, Brazilian Political Economy e Brazilian Politics, além de algumas outras em número e diversidade mais limitada. Estes são meus campos de atuação, e cada uma dessas entradas podem ter algumas dezenas ou mais de um milhar de “assinantes”, e se supõe que o volume aumente constantemente com a adesão de mais e mais pesquisadores no Academia.edu. Isso deixa supor um alcance que eu nunca teria apenas com o meu site, mesmo inscrito nos instrumentos de busca mais comuns. Por meio dela, portanto, meus “seguidores” ficam sabendo de tudo o que eu posto – e os materiais são em volume significativo – assim como acompanho o que produzem, e disseminam no Academia.edu os acadêmicos que sigo. Por vezes, também recebo pedidos para encaminhamento de algum trabalho postado apenas parcialmente, ou referido nessa plataforma, o que vai ampliando o escopo e a abrangência da divulgação.

4) Você recebe retorno e comentários de seguidores sobre os trabalhos publicados no site? Poderia citar algum caso? PRA: Raramente, mas ocasionalmente chega algum pedido para um trabalho específico. Pelas estatísticas que recebo regularmente, computadas sob diversas formas no Analytics, fico sabendo não da identidade, mas do local de onde partiram as buscas por trabalhos meus. Existe também uma grande quantidade de “desconhecidos”, ou de “não identificados”, o que supõe instrumentos de busca, ou serviços de informação que desejam permanecer incógnitos. Os alertas sobre “pesquisadores” que buscaram trabalhos meus, ou que acessaram meu perfil são diários, assim como são frequentes os alertas sobre algum trabalho mais buscado e descarregado, geralmente os mais recentes ou de título mais atraente. Trabalhos em inglês ou francês, que também publico, recebem visitas mais frequentes, embora o volume maior seja obviamente em português, que concentra o essencial de minha produção, de resto dirigida basicamente 4

a um público universitário e de pesquisadores situado no próprio Brasil. Uma vez por mês, ou um pouco mais, visito o Analytics para ter uma ideia do que andam buscando com maior intensidade, e publico os resultados mais frequentes em meu blog, com uma ou outra observação sobre as visitas e carregamentos.

5) Você considera o Academia.edu uma boa fonte de pesquisa e informação? Como você compara o site a outras plataformas, como revistas especializadas? Você já citou, na sua produção, artigos que tomou conhecimento per meio do site? PRA: Certamente, ainda que não possa ser equiparado às bases de dados mais usadas no meio acadêmico, que são feitas de modo profissional, com indexação de base científica e de uso obrigatório nos centros universitários e laboratórios mais sérios e produtivos de todo o mundo. O Academia.edu é um bom instrumento, mas de uso pessoal, flexível o bastante para servir a pesquisas rápidas e divulgação facilitada, mas não pode, ainda substituir as bases de dados profissionais. Embora sua tendência seja, provavelmente a de crescer nessa direção, mas o modo de funcionamento terá de, provavelmente, mudar em consequência. Revistas especializadas são caras, de acesso mais restrito, porque ou se assina – e pode custar caro – ou se tem de ir numa biblioteca. Atualmente, e desde muitos anos, os pesquisadores usam veículos digitais onde estão revistas eletrônicas e impressas – tipo JSTOR, por exemplo – e as impressas apresentam o problema do seu arquivamento e conservação. Estou soterrado, por exemplo, com algumas revistas que assino desde vários anos, e o Academia.edu pode representar certo alívio nessa necessidade de acesso a certas fontes, mas não de forma perfeita. Ele só existe pelo que nele disponibilizam voluntariamente os pesquisadores que não precisam prestar contas a editores – uma vez que o copyright da grandes revistas impede tal tipo de disseminação – e isso representa apenas uma pequena parte da produção de valor. Já descarreguei vários trabalhos do Academia.edu, em temas de minhas pesquisas, e devo ter citado um ou outro em trabalhos recentes, mas minha utilização dessa plataforma ainda é relativamente recente. Por outro lado, tenho feito uso dela, mais para carregar meus próprios textos – uma espécie de backup livre e disponível – do que para engajar pesquisas propriamente, mas é provável que cada vez mais venha a recorrer a ela para trabalhos futuros. Ele pode ser comparado ao Researchgate.net, que também possui concepção relativamente similar, embora com dispositivos algo diferentes, e sem 5

a capacidade de indexação – e portanto de disseminação direta – do Academia.edu, e que parece constituir sua vantagem comparativa por excelência.

6) Que característica você destaca no site? O que ele trouxe de inovador? PRA: Primeiro sua própria existência, seu caráter gratuito, sua capacidade que é aparentemente ilimitada, e sua flexibilidade de uso, uma vez que é possível criar quantas categorias desejamos para ir acomodando todos os tipos de trabalhos (inclusive vários de terceiras partes e de fontes diversas). Eu organizei minha arquitetura no Academia.edu de forma algo similar a que existe em meu site: livros próprios, aqueles que eu editei, os que eu colaborei com capítulos, os artigos publicados em periódicos com revisão incógnita (peer-reviewed), os simples papers e artigos publicados em formato digital, e diversas listas de trabalhos, para justamente facilitar a busca de algum curioso em determinada área (tipo integração, política externa do Brasil, trabalhos em inglês ou francês, etc.). A ferramenta mais importante, obviamente, é a sua definição de interesses, que podem ser tanto palavras-chaves (que na verdade representam pesquisadores reunidos sob a aquela rubrica, digamos “international relations”, ou “Brazilian Foreign Policy”) quanto definições que qualquer pessoa decide criar. Existem conceitos com apenas um seguidor, e qualquer um pode criar um “index” com o seu próprio nome, de forma bem narcisista, e ter o seu grupo de seguidores fieis. O mais comum, porém, é encontrar itens que reproduzem palavras-chave (key words) encontráveis em quaisquer revistas sérias. Não é algo absolutamente inovador, mas o fato de definir seus campos de “depósito”, ou de “arquivamento” e a capacidade de se criar novas palavras-chave, em determinada área de interesse que pode atrair outros pesquisadores – que por acaso digitem um novo conceito e encontrem outros na mesma área – representa, ao meu ver, um tremendo suporte à ampliação da cooperação entre acadêmicos de todos os lugares do planeta.

7) O que você considera a principal falha do site? PRA: Não pensei muito nisso ainda, mas talvez possa ser alguma ferramenta do tipo citação dos seus próprios trabalhos por outros pesquisadores, o que existe, por exemplo, no Google Scholar. O meu, nesse instrumento do Google, responde no link: http://scholar.google.com/citations?user=OhRky2MAAAAJ e pode oferecer boas 6

surpresas para saber se, quando e como outros pesquisadores estão fazendo uso de nossas pesquisas e publicações. Talvez o Academia.edu já tenha algum recurso desse tipo, e eu não saiba usá-lo, mas o Google Scholar “entrega” ao pesquisador o trabalho exato que citou uma publicação sua. O Academia.edu apenas relaciona quantas vezes alguém – pode até ser um navegante enganado – acessou seu perfil ou um trabalho seu em um determinado país (por vezes nem isso). Em todo caso, sou um utilizador muito especial do Academia.edu para me deter em refinamentos técnicos ou possibilidades de utilização; como disse, por enquanto estou usando a plataforma apenas como backup, e repositório fácil – já que acessível de qualquer lugar – de meus próprios trabalhos.

8) Você acredita que o Academia.edu seja uma ameaça aos journals tradicionais? PRA: De forma alguma, pois os objetivos e os mecanismos de utilização e de compartilhamento são bastante diferentes (por enquanto, pelo menos). Os journals são em princípio proprietários, ou seja, exclusivos e excludentes, baseando-se no trabalho coletivo de um comitê editorial que decide quem merece ser publicado ou não. Eles são, ainda, o principal repositório do conhecimento científico e da pesquisa especializada. Em contrapartida, o Academia.edu é uma espécie de feira livre, e de free lunch, já que todos podem postar o que desejarem, sob qualquer critério, o que poderia abrigar, inclusive e hipoteticamente, fraudes e plágios. O Researchgate.net, nesse particular, é mais restrito, já que em princípio pede para identificar a publicação e os dados editoriais (o que o Academia.edu, também faz, mas de modo mais livre, e talvez arbitrário). Estamos falando, portanto, de dois animais completamente diferentes, ainda que pertencendo à grande família dos “papers acadêmicos”, mas de classes diferentes e, sobretudo, de espécies completamente distintas, por enquanto não solúveis uma na outra (e creio que devem permanecer assim). Existe alguma osmose entre elas, mas esta é puramente voluntária, e provavelmente não aceita pelos journals mais respeitados. Como, no entanto, os journals estão ficando muito “caros” para os pesquisadores individuais, e extremamente disputados pelos que necessitam publicar para não serem completamente ignorados – segundo o famoso, e por vezes vicioso, moto “publish or perish” –, pode ser que plataformas desse tipo venham a preencher alguns papeis de revistas da área científica. Ainda assim, seria preciso algum controle para preservar a qualidade, e a veracidade e fiabilidade, do que se publica e divulga, para não 7

comprometer a respeitabilidade dos meios acadêmicos. As fraudes e plágios já existem em grande número em condições normais, e ferramentas como o Academia.edu podem potencializar ainda mais a possibilidade de usos indevidos dos materiais ali depositados.

9) Para você, qual o modo ideal de compartilhamento da produção científica? Por meio de periódicos especializados, que cobram pela leitura mas fazem peer review; por meio de periódicos que liberam o conteúdo mas cobram uma taxa dos autores, também por fazerem peer review; ou por meio de plataformas de acesso livre (como o Academia.edu) que não cobram nem leitores nem autores, mas não possuem um processo de revisão do que é postado? PRA: Não se pode determinar, a priori, um meio ou veículo ideal, mas é certo que existe uma filtragem natural dos meios com respeito aos fins, em função da qualidade e da relevância da produção acadêmica. Cientistas gostam, em geral, de revistas de grande divulgação, como Nature, ou Science, mas elas abrigam um número extremamente reduzido de aspirantes, e o mais frequente é o veículo especializado numa pequena área do conhecimento científico, e mais frequentemente em formato eletrônico ou digital. Os da área das humanidades aspiram também aos grandes veículos de prestígio, com grande número de assinantes e leitores online, mas aqui também o acesso é bem restrito. A academia vem conhecendo por uma multiplicação de veículos, alguns inclusive feitos ad hoc, e sem qualquer qualidade, apenas para responder a critérios quantitativos das entidades de fomento – você precisa ter tantos pontos por publicações para poder aspirar um suporte financeiro para um congresso ou projeto qualquer – e muitos desses sobrevivendo em perfeita promiscuidade – você me publica, que eu te publico – o que é um sinal de deterioração dos padrões acadêmicos, certamente. Porém, a maior parte dos journals é séria, e mantém padrões, mas são disputados acirradamente. Sobram as muitas revistas quase de departamento universitário, que são geralmente medíocres, mas tendem a melhorar com o tempo. A vantagem, talvez involuntária, de uma plataforma do tipo Academia.edu é a de facilitar o acesso a todo tipo de publicação, das boas, das más, e das feias, mas também de algumas peças de qualidade que não teriam chegado ao conhecimento de colegas e potenciais interessados sem esse recurso da “auto-publicação”, que é o que ela é, para todos os efeitos práticos. Com isso, alguns narcisistas podem ficar gratificados, e outros 8

embromadores serem devidamente identificados. Em todo caso, mais publicações, mais recursos disponíveis, maior diversidade de pesquisas, acesso facilitado e instrumentos de busca flexíveis sempre serão benéficos para o avanço das boas pesquisas e para um conhecimento mais amplo dos bons projetos de pesquisadores isolados. Creio que todos esses formatos de veículos de publicação e de divulgação são válidos, uma vez que eles são complementares nos seus objetivos e funções, e servem aos diferentes propósitos dos pesquisadores, como podem ser desde o desejo narcisista de serem conhecidos, até o trabalho cooperativo de alto nível. No meu caso, que sou um pesquisador e acadêmico em tempo parcial, e que leva um labor solitário nas horas vagas de lazer e de descanso, fora e em complemento ao trabalho profissional na diplomacia, e que não dispõe de grande recursos próprios ou institucionais para publicação ou divulgação, uma plataforma como o Academia.edu é um instrumento valiosíssimo de disseminação de textos possuidores de algum valor para outros acadêmicos da área. Acredito que foi uma grande “invenção” de acadêmicos, que talvez tenham alguma motivação comercial, mas que acredito animados de um desejo sincero de servir à comunidade a partir de uma ferramenta criativa e inovadora. Sou muito grato à equipe de Academia.edu, com quem interagi várias vezes para solucionar questões pontuais de meu “arquivamento” e de minha própria identidade, e sempre fui atendido em tempo extremamente rápido e de forma completamente satisfatória.

Paulo Roberto de Almeida Hartford, 19/12/2014

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