A acção do Renascimento na defesa do Património Cultural de Mangualde: O caso da classificação da Igreja Matriz de Mangualde em 1934/5

June 16, 2017 | Autor: Pedro Pina Nóbrega | Categoria: Patrimonio Cultural, Mangualde
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A acção do Renascimento na defesa do Património Cultural de Mangualde: O caso da classificação da Igreja Matriz de Mangualde em 1934/5

A acção do Renascimento na defesa do Património Cultural de Mangualde: O caso da classificação da Igreja Matriz de Mangualde em 1934/5

Em 1934 corriam obras na Igreja Matriz de Mangualde que colocaram a descoberto a cachorrada da fachada lateral, notando-se assim, ainda mais, a sua medievalidade. Tendo a D. Beatriz Pais visitado Mangualde enquanto decorria as obras e vendo a cachorrada comentou o assunto com quem estava “à frente” do Renascimento. Logo este jornal solicitou um artigo de fundo sobre a Igreja Matriz ao Dr. Valentim da Silva, que já antes aqui tinha escrito sobre a história local. Entretanto a D.ª Beatriz Pais levou o original do artigo e fotografias que mostrou ao D. José Pessanha, membro do Conselho Superior de Belas Artes, que logo decidiu propor a classificação da Igreja como Monumento Nacional. Assim, na sessão de 11 de Outubro foi presente a referida proposta que foi aprovada por unanimidade na sessão de 19 de Novembro 1934, e depois homologada a 4 de Dezembro pelo Subsecretário de Estado. Nesta proposta era invocado como motivo de classificação o facto de ainda "conservar interessantíssimos trechos de primitiva edificação, de estilo românico." No processo que se encontra hoje no Arquivo Histórico do Ministério da Educação encontra-se a minuta do decreto de classificação que terá sido assinado em fins de 1934 ou inícios de 1935, mas que por qualquer motivo nunca foi publicado. Todo este processo contou com o apoio do Renascimento. O artigo de fundo do Dr. Valentim da Silva ocupou toda a 1ª página da edição de 1 de Setembro de 1934. No mesmo jornal dava conta que a D.ª Beatriz Pais já tinha falado com o D. José Pessanha, transcrevendo parte de uma carta deste ilustre arqueólogo. Na edição de 1 de Novembro aparecia logo na 1ª página o título "Igreja Matriz vai ser classificada como monumento nacional". Por fim, na edição do primeiro dia do ano de 1935, dava conta, também na 1ª página, que o D. José Pessanha havia telefonado ao Dr. Valentim da Silva comunicando-lhe que o Decreto de classificação tinha sido assinado e deveria ser publicado em breve. Na última notícia publicada sobre este assunto, a 15 de Janeiro, o Renascimento agradecia o empenho e interesse da D.ª Beatriz Pais e informava que a notícia da assinatura do Decreto de Classificação "não entusiasmou de mais a gente da nossa terra, em especial o meio católico, receoso d'algumas modificações que possas prejudicar o culto no mesmo templo. Estamos informados que as regalias dos fiéis não sofrem dano e a igreja beneficiará muitíssimo no seu aspecto geral. Alguém

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A acção do Renascimento na defesa do Património Cultural de Mangualde: O caso da classificação da Igreja Matriz de Mangualde em 1934/5 trabalha para que seja concedido um subsidio, o maior possível, de forma a que as obras se façam rapidamente, mas dentro dum plano criteriosamente estudado." Como o decreto nunca foi publicado, esta classificação nunca teve eficácia. Sendo apenas classificada em 1983 como Imóvel de Interesse Público, pelo Decreto do Governo n.º 31/83, de 9 de Maio, no seguimento de outro processo. Ao longo de todos estes anos de edição o Renascimento foi abraçando causas, algumas delas relativas ao Património Cultural. Aqui apresentámos apenas um caso. No futuro apresentaremos outros casos, que estamos a analisar no âmbito da nossa dissertação de mestrado em Estudos do Património.

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