A AFETIVIDADE E SEU PAPEL DE FACILITADORA NO ENSINO- APRENDIZAGEM

Share Embed


Descrição do Produto

UNIVERSIDADE NOVE JULHO – UNINOVE

DIRETORIA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA





JHONATAS DA SILVA









A AFETIVIDADE E SEU PAPEL DE FACILITADORA NO ENSINO-APRENDIZAGEM



ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PROCESSOS COGNITIVOS, DE APRENDIZAGEM E INTERAÇÃO
SOCIAL























São Paulo

2015


JHONATAS DA SILVA













A AFETIVIDADE E SEU PAPEL DE FACILITADORA NO ENSINO-APRENDIZAGEM



ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PROCESSOS COGNITIVOS, DE APRENDIZAGEM E INTERAÇÃO
SOCIAL



Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Universidade Nove de Julho - UNINOVE, como
requisito parcial para obtenção do título de
Psicólogo. Orientação:

Prof.ª Dra. Maria Aurora Dias Gaspar

















São Paulo

2015






























" "
"Silva, Jhonatas. "
"A afetividade e seu papel de facilitadora no "
"ensino-aprendizagem./ Jhonatas da Silva. 2015. "
"36 f. "
"Monografia. "
"Orientadora: Dra. Maia Aurora Dias Gaspar. "
"1. Formação de professores. I. Psicologia. II. "
"Educação. "

































































Dedico este trabalho a meu pai (no coração),
minha família, amigos que me apoiaram nessa
jornada, à minha orientadora e a todos aqueles
que afetivamente transformam vidas.


AGRADECIMENTOS

Agradeço imensamente ao primeiro mediador significativo, a professora
Nerli, de geografia da oitava série que me ensinou que "a vida é uma
aventura da qual nunca sairemos vivos" e por ter insistido em que eu me
percebesse águia, e não galinha, muito obrigado por ter acreditado e
plantado em mim a esperança e a consciência.

Agradeço imensamente à professora Dra. Lúcia Soares da Silva, por ser
a faísca que incendiou uma alma e uma consciência para o saber, para o amor
ao senso crítico e libertário, muito obrigado por abrir meus olhos e me
apresentar à universidade enquanto espaço de construção do pensar e
exercício do conhecimento e mais além, espaço de transformação.

À Professora Ms. Ana Edina de Melo Sampaio, que me ensinou a ver
muito "além do biológico", meu muito obrigado.

À Shirley Camargo, amiga, professora dedicada e mãe, obrigado por sua
leitura e contribuição.

Ao queridíssimo Fabricio Aparecido Izabel, por "alimentar" os
primeiros anos de um percurso de desafios, eu descobri um irmão ao fazer um
amigo.

Agradeço muito a Valéria Collier, por me ajudar em um momento muito
importante, obrigado pela paciência, cafés e por tudo mais.

À Professora Dra. Liliana Pereira Lima Azevedo por me encantar e por
ser um exemplo de profissional.

À Professora Ms. Carla Anauate, por permitir ser possível o que era
incerto.

Agradeço de modo muito especial aos professores Adalberto Botarelli,
Arilton Martins Fonseca, Cibele Pejan, professora Elvira e a professora
Monalisa, foram muitos risos, discussões e aprendizagem ao longo desses
anos de graduação, dos quais sempre irei me lembrar.

Agradeço de coração e muito afetivamente a minha orientadora, a
Professora Dra. Maria Aurora Dias Gaspar, por ser paciente e amável até
mesmo quando eu


não sabia para onde ir, muito obrigado por facilitar e orientar uma etapa
importante na minha formação profissional e de aprendizado.

Agradeço de modo muito caloroso e parcialmente nostálgico aos amigos
de curso ao longo da graduação. Marcio, Guadalupe, Verônica, Milena, Aline,
Adriana, Neide, Anderson, Andrelania, Cintia e Valéria, por serem
resilientes e motivadores num período de intenso esforço e muita
comemoração, muito obrigado pela aventura!

Por fim agradeço a todos aqueles que direta ou indiretamente
contribuíram para que este trabalho fosse possível, muito obrigado.












































A Qualidade da mediação determina toda a história futura da relação que se
estabelece entre o aluno e um determinado conteúdo ou prática desenvolvida
na escola. (Marilúcia Ricieri)


RESUMO

O Presente trabalho se propôs analisar a posição do professor e o papel
exercido pela afetividade nessa relação, partindo da hipótese de que
afetividade atua numa dimensão facilitadora na relação de ensino-
aprendizagem do aluno, a partir do papel essencial que o Outro, o
professor, exerce sobre o Eu, o aluno, no seu desenvolvimento e na formação
de sua personalidade. A partir de autores estudiosos do tema e diferentes
referenciais teóricos da psicologia, verificou-se que as decisões, o modo
como o professor se coloca e se relaciona com os alunos, tendo como
facilitador a afetividade, aproxima e permite uma experiência positiva na
relação de ensino-aprendizagem.



Palavras-chave: Afetividade, relação professor-aluno, formação de
professores.














ABSTRACT

The present study proposes to analyse the professor position upon the
students and the role affectivity assume on this relationship, starting
from the hypothetic that affectivity act in a facilitate dimension on the
teaching learning relation of the student, from the essential role the
Other, the professor, assume upon Me, the student, upon his development and
personality. From the relevant authors and studies in psychology, it was
found that the decisions, how the professor stands and relates to students,
having affectivity as a facilitator, allows a positive experience on the
learning-teaching relation.



Keywords: Affectivity, student-professor relationship, teachers training.


SÚMARIO

INTRODUÇÃO 11
HIPÓTESE 13
JUSTIFICATIVA 14
OBJETIVOS: 15
Objetivos Gerais: 15
Objetivos Específicos: 15
MÉTODO 16
CAPITULO 1 17
O PAPEL DO PROFESSOR NO COTIDIANO ESCOLAR 17
CAPITULO 2 22
AFETIVIDADE COMO FACILITADORA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM 22
2.1 - A afetividade no processo ensino-aprendizagem 25
CAPITULO 3 28
CRUZANDO-SE OS CAMINHOS, OS ENCONTROS 28
CONSIDERAÇÕES FINAIS 32
REFERÊNCIAS 34





















INTRODUÇÃO



O interesse pelo presente tema de estudo surgiu no decorrer da
graduação em psicologia, a partir de lembranças de professores com os quais
tive contato no decorrer de minha escolarização no ensino fundamental,
médio e com significativa intensidade na graduação em psicologia. Tais
lembranças projetaram o meu olhar para essa relação professor-aluno, mais
especificamente, para a afetividade nessa relação, como uma facilitadora
entre o aprender e o lidar com o erro por parte do aluno.

Ao longo da graduação, percebi que a relação professor-aluno, de modo
afetivo, mas não "romântico" (RIOS, 2003), produzia em mim uma motivação
para superar os equívocos com relação às ideias de autores da psicologia e
do papel do psicólogo escolar para o meu aprendizado.

A experiência vivida em sala de aula se refere desde as relações
interpessoais estabelecidas entre aluno-aluno, professor-aluno no processo
de aprendizagem, que despertam emoções que aí vão se entrecruzar com os
sucessos e desafios encontrados no processo de aprender, em que um papel
importante é ocupado pelo professor, sendo uma figura marcante em nossas
lembranças, como bem destaca o autor citado abaixo:

[…] por nos transformarem como pessoas, por colaborarem na
aprendizagem de cada um; na memória, guardamos afirmações
importantes e exemplos decisivos desses educadores,
expressos em atitudes, sorrisos, palavras de censura ou
conselhos que repercutem em nossa vida adulta. […] (GASPAR,
2014, p. 213).

Este estudo busca compreender o processo aprendizagem priorizando as
relações estabelecidas nesse processo com um aspecto prioritário na
aprendizagem pelo aluno.

Nesse sentido, se propõe pensar a afetividade na formação do
professor, que permeia a relação de ensino e aprendizagem na construção do
saber, como bem descreve Rosa (2002, p.26): "educar é um ato de intenção em
que ser humano e profissional se fundem […] trata-se de uma relação humana
na qual entram com compromisso e afetividade e da qual não saem idênticos
ao que eram antes".

Dessa forma, compreende-se a visão acerca do que entendemos por
educar, referindo-se a um ato em que não há espaço para neutralidades, mas
escolhas, compromissos e intencionalidades, educar como coloca Freire
(2014) é uma "ação compromissada", uma relação na qual o professor
influência de modo significativo a vida dos escolares.

Partindo do tema afetividade, os autores e os estudos escolhidos para
sustentarem a discussão desse trabalho permitiram compreender que a
afetividade está relacionada às decisões pedagógicas (LEITE, 2012),
relações interpessoais entre os alunos, aluno e professor e o aluno e a
escola. Os estudos de Almeida (2010; 2014), serviram de ponto de partida,
por destacar o papel do outro, aqui tomado como o professor, com papel
fundamental no desenvolvimento do Eu, que é o aluno no contexto escolar a
partir do referencial teórico da psicologia de Henri Wallon.




























HIPÓTESE



Partimos do pressuposto de que a afetividade, no processo ensino-
aprendizagem é uma dimensão facilitadora que pode facilitar ou dificultar a
aprendizagem dependendo de como se estabelecem as relações entre professor-
aluno, aluno-conhecimento e aluno-aluno.






































JUSTIFICATIVA



O presente estudo apresenta relevância por se propor a contribuir com
pesquisas acerca da importância do papel da afetividade na formação,
capacitação de professores, relação professor-aluno e na relação ensino-
aprendizagem, que possibilitem intervir em situações que afetam diretamente
os alunos.

Por compreender que o professor é um outro importante na construção da
personalidade do aluno, este estudo contribui com estudos acerca da
formação de professores por refletir sobre a importância de seu papel no
contexto educacional, visando contribuir com uma formação mais humana.
































OBJETIVOS:





Objetivos Gerais:



Este trabalho se propõe a compreender de que forma a afetividade contribui
como dimensão facilitadora no processo de aprendizagem.




Objetivos Específicos:



Compreender como a afetividade interfere na relação professor-aluno
sendo um aspecto facilitador ou dificultador da aprendizagem.






























MÉTODO




Levando- sem consideração os objetivos descritos, realizou-se uma
pesquisa qualitativa de caráter descritivo nas bases de dados Scielo e
Google Acadêmico usando os seguintes descritores: afetividade, formação de
professores, ensino-aprendizagem.

Também foram utilizados artigos e estudos publicados em livros e
periódicos científicos de autores da psicologia e da área da educação
referência nos temas abordados, que fornecessem subsídios para refletir,
problematizar e alimentar a discussão do presente trabalho.



































CAPITULO 1


O PAPEL DO PROFESSOR NO COTIDIANO ESCOLAR



"O Professor é o representante do legado do
passado, como mediador entre o aluno e o
conhecimento, o aluno é o representante do
futuro, é a humanidade no vir-a-ser."

Laurinda Ramalho de Almeida.

O presente estudo parte inicialmente da reflexão acerca da posição em
que se encontra o professor da educação básica no seu fazer diário. Imerso
numa realidade que envolve inúmeras variáveis, oriundas de aspectos
internas a escola (espaço físico, materiais de trabalho, gestão) e externas
(bairro em que está situada, o envolvimento das famílias, subsídios do
governo, alimentação dos alunos, valorização de seu trabalho) estes
aspectos somados as questões da afetividade estabelecida pelo professor nas
relações professor – aluno, que vão refletir diretamente no seu trabalho e
na sua forma de atuar nesse espaço.

Cumpre observar que o enfoque deste trabalho é a afetividade como uma
dimensão no processo de aprendizagem; porem para compreender o cenário
cotidiano do processo ensino-aprendizagem vários fatores interferem nas
relações estabelecidas pelo professor.

O professor, ao se deparar com a realidade e a dinâmica institucional
escolar, que muitas vezes é frustrante e impõem certos entraves ao seu
trabalho, percebe-se de mãos atadas, vendo-se sem apoio ou a quem recorrer
muitas vezes negligenciado pela própria gestão da escola ou colegas de
trabalho, ficando submetido ao seu funcionamento e sua vontade de ensinar,
como garantia de obtenção de sua renda.

Tais situações acabam por tornar um desafio diário sua tarefa de
ensino, gerando estresse e desmotivação, fazendo com que o professor acabe
por assumir uma posição de indiferença, em algumas escolas, tendo que
enfrentar precárias condições de ensino, como um dos fatores que operam
contra seu trabalho e o aprendizado do aluno, são desafios estes impostos
por questões estruturais e que são muitas vezes confundidas como fracassos
pessoais pelos alunos como aponta Barretto (2004) mas que também se aplicam
ao professor.

Nessas condições incipientes pode ocorrer de o professor
indiretamente atuar de modo a relegar aos alunos as suas dificuldades,
trazendo a ideia de "cada um com o seu problema".

O que se assemelha com a descrição de Patto.

Os educadores e demais profissionais da escola tendem a
enfrentar as dificuldades que lhe são impostas por uma
política educacional perversa com atitudes, valores,
estereótipos e preconceitos que agridem e humilham os
usuários da escola" (PATTO, 2005, p. 35).




Tal excerto traz à discussão a posição que o professor e a equipe
escolar ocupam ao se sentirem impotentes diante das políticas públicas as
quais não se podem desacatar estigmatizando o principal usuário da escola
que é o aluno, atribuindo a ele o desafio de obter sucesso ou falhar em seu
aprendizado.

Muitas vezes o professor se coloca perante suas salas de aula, única
e exclusivamente baseado nos conhecimentos aprendidos na sua formação, seja
magistério ou graduação em licenciaturas, "que sempre deram certo", sem uma
devida articulação com o contexto e as dinâmicas vivenciais dos seus
alunos, que, diga-se de passagem, são vividas de modos muito distintos e
muitas vezes conflitantes, ignoram aspectos de desenvolvimento, por falha
de sua formação, atribuem-lhe rótulos, culpam o aluno pelo seu fracasso, se
colocam em posições autoritárias, sem questionarem a sua didática,
atribuindo sempre ao aluno a culpa pelo insucesso.

A realidade das escolas públicas no Brasil compreende salas cheias de
alunos, contando com 35 alunos ou mais para apenas um professor, o que
requer uma habilidade para lidar com os desafios que tal situação produz,
muitas vezes estando relacionados com questões de representações de cuidado
na figura do professor, pelo papel que a escola representa principalmente
como um canal institucional, o qual muitas famílias de camadas populares e
menor acesso a bens sociais básicos veem nela um contato mais próximo com
o que chamam de cultura (BARRETTO, 2010).

Os alunos trazem consigo suas emoções, suas necessidades e encontram
no espaço escolar, onde vão conviver com tantos outros, um todo pronto que
os aguarda, as atividades que lhes são esperadas aprenderem, as avaliações
que ocorrerão ao longo do período letivo e toda uma programação pedagógica
que vão determinar seu percurso escolar e sua trajetória enquanto
aprendizes, com destaque para o professor que administrará as atividades
previstas, que muitas vezes são pensadas sem que haja uma ideia sobre o
aluno para o qual os conhecimentos serão transmitidos.

Muitos professores caem no equívoco de confundir entre cumprir um
cronograma sem, no entanto, propor uma devida articulação acerca dos
conhecimentos que são ensinados, com a realidade, os alunos nesse sentido,
vão acumulando conteúdos que são percebidos como descolados da realidade e
sem sentido, como visto na fala Mercedes (DUARTE, 2004), o que muitos
alunos se utilizam de frases do tipo "nunca vou usar isso na vida" (sic) ou
"que aula insuportável" (sic) que serão esquecidas e que muito provável
julgarão como perda de tempo, muitas vezes se distraindo em conversas com
os colegas de sala, enquanto a aula não termina.

Almeida (2010, p.80) descreve muito bem a função que compete ao
professor para com o seu grupo de alunos, "seu objetivo não é só trazer um
conhecimento novo, mas ver como o processo de aprendizagem se desenvolve no
grupo", o que se refere a discutir os conteúdos por meio de debates,
atividades em grupos, ao mesmo tempo em que vai percebendo as facilidades e
os desafios de cada aluno para com os temas propostos, relações
interpessoais e desenvoltura.

Nesse sentido, cabe analisar o modo como cada aluno aprende, o que
recai em ter respeito por seu aluno, levando em conta o desempenho do grupo
num todo, mas direcionando seu olhar para as particularidades de cada
educando, "sem esquecer que a criança traz para a escola as características
de seu ser biológico, psicológico, além das condições materiais e sociais
de sua existência" (Op cit, p. 85).

Considerando os desafios diários que o professor tem que enfrentar,
cumpre observar indo ao encontro de Freire (2014, p.64): "se a opção do
trabalhador social é pela antimudança (sic), sua ação e seus métodos se
orientarão no sentido de frear as transformações".

O professor entende que não é somente dele a responsabilidade, mas do
sistema de ensino, que precisa mudar, e sente-se impotente nas suas ações
cotidianas do espaço escolar.

Assumir o compromisso com a mudança é uma ação que exigirá do
professor, um repensar a sua forma de atuação, sua forma de lidar com o
planejamento dos conteúdos escolares, com o que compreende ser
significativo para a vida dos seus alunos, para o seu aprendizado.

Nesse sentido Cortella (2012, p.114) traz uma noção importante acerca
do papel do professor, nos seus dizeres, "o educador é alguém que tem um
papel político/pedagógico, ou seja, nossa atividade não é neutra nem
circunscrita", explicitando o que ele chama de "autonomia relativa", que
compreende a burocracia institucional a qual o professor deve se submeter,
mas deve atuar numa via de mão dupla, em que não é simplesmente a escola
por si só que mudará a sociedade, caracterizada com uma "missão salvífica",
ou com um caráter de reprodutora, um espaço de dominação e reprodução das
injustiças da sociedade.

É preciso que o professor, enquanto profissional, saiba fazer bem, com
competência, por ter o saber e por saber fazer (RIOS, 2003) e não atuar com
a ilusão de que ser bonzinho e simpático com seus alunos é o sinônimo de
ser um bom professor com a garantia de que eles aprendam.

Tal atitude denúncia uma atitude ingênua, na qual, por não saber fazer
bem, faz de um "jeito legal", para que os alunos gostem, menosprezando
assim suas capacidades de intelecto, discriminação e inteligência,
menosprezando todo o seu potencial.

O professor é alguém que fez uma escolha, e essa escolha determinará
significativamente o seu modo de atuar, não se distanciando de quem ele é,
portanto, cabe a ele a reflexão acerca do seu papel na vida do outro, que é
o aluno.

Tal ideia nos remete a levantar questões acerca do tipo de formação
recebida e como ele se relaciona com seu objeto de conhecimento, visto que
os professores trazem marcas de seus ex-professores no modo como leciona
(DUARTE, 2004) o que poderá influenciar de modo significativo o aprendizado
pelos alunos, um professor que não sabe ensinar traz em consequência a
possibilidade de alunos que não aprenderão, produzindo frustrações e
desconfortos na trajetória escolar, sendo precisa nesse sentido Ricieri
(2012, p. 120) quando aponta que "a qualidade da mediação determina toda a
história futura da relação que se estabelece entre o aluno e um determinado
conteúdo ou prática desenvolvida na escola.", denunciando o papel crucial
do professor na trajetória de seus alunos, como aquela boa ou má
recordação.













































CAPITULO 2


AFETIVIDADE COMO FACILITADORA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM



Entre indivíduos, são o acordo ou a
reciprocidade das atitudes os primeiros a
poder realizar uma espécie de contato e de
entendimento mútuos.

Henri Wallon.

O professor em seu ato de ensinar se coloca como um componente
intermediário entre os alunos e os conhecimentos que serão transmitidos, em
uma posição que denuncia seu papel de facilitador importante para a
assimilação e aprendizagem dos conteúdos curriculares, problematização de
temas, organizar os conteúdos a serem trabalhados e solucionar as dúvidas
dos alunos, ajudando-os na construção do seu conhecimento e na sua
escolarização, que podem interferir também na sua construção de
personalidade, história acadêmica e na sua relação com o ensino a
posteriori.

Como enfatiza Almeida (2014, p.604) ao se referir a relação
interpessoal com o aluno, o professor ocupa a posição de um outro
importante, por seu "papel essencial ao processo de desenvolvimento", e
fortalecimento da personalidade, deste eu que é o aluno, ressaltando a
importância de sua função não apenas no ensino dos conhecimentos escolares,
mas por sua importância na formação da personalidade, sendo muitas vezes um
alvo de admiração por parte os alunos, com os quais convive diariamente,
sendo também um modelo de admiração com o qual os alunos podem se
identificar dadas as relações que são vivenciadas.

[…]a sala de aula tem de ser uma oficina de convivência, e
o professor, um profissional das relações...além disso,
ele, queira ou não, é um modelo para o aluno e como tal
será imitado em suas atividades, em suas convicções, em
seus entusiasmos. " (ALMEIDA, 2010, p. 85)

Nesse sentido, a sala de aula, por ser uma oficina de convivência, se
torna o palco onde as emoções, frustrações e desafios para aluno e para o
professor estão presentes e atuantes. "Por ser um lugar de relações
afetivas, a sala de aula é espaço para confrontos, conflitos, rejeições,
antipatias, paixões, adesões, medos e sabores" (CORTELLA, 2012, p.101), em
que cada aluno vivência e atribui um sentido pessoal, a sala de aula é um
espaço em que as vivências são arquivadas na memória com marcas de
sentimentos e que serão lembradas a posteriori, sendo destacada a figura do
professor, como encontrado em Gaspar (2014).

Uma reflexão importante se encontra em Duarte (2004), ao destacar
atitudes facilitadoras do professor, uma atitude de ser congruente, sendo
autentico em relação as suas emoções que as situações numa sala de aula
podem lhe suscitar, frustração, tristeza, dor e alegria, com a consequência
de que o aluno o perceba outro humano, que também erra, o ser, autentico.

Almeida (2014) em suas pesquisas aponta o papel do professor como um
Outro, que tem importância na construção da personalidade do aluno, o
professor transmite ao aluno atitudes de autenticidade, as quais podem
levar o aluno a modificar assumindo também uma autenticidade, que é
conferida no outro.

Uma outra atitude facilitadora refere-se a que o professor deve exercer
a sua autoridade tendo o cuidado com a ponderação, na posição que exerce
sobre os alunos, com o cuidado de não se posicionar de maneira autoritária,
podendo assumir acordos com os alunos, de modo a assumirem o seu
comprometimento (DUARTE, 2004).

Atuar nesse espaço requer um olhar mais acolhedor por parte do
professor, cativando o aluno para o processo do aprender, sem que seu olhar
seja inquisitivo ou autoritário, mas terno e acolhedor, aspecto que muitas
vezes é crucial no estabelecimento de uma relação de compromisso com o
aluno e com sua aprendizagem e que pode ser sentido por ele, por meio do
olhar recebido, pelo tom de voz emitido pelo professor, que o aluno percebe
e internaliza, considerando que as emoções são parte das nossas
experiências com o outro e com o mundo, estando envolvidas também na
relação de aprendizagem, afetando o aluno, a partir de um processo interno,
sincronicidade (PLACCO, 2004) que evolvem dimensões políticas, técnicas e
humanas na pessoa do professor.

Cabe ao professor ir ao encontro do aluno como um outro disponível
para ele, com respeito e afeto, tornando o contato possível, criando uma
cumplicidade com seu aluno, com aceitação de empatia (Op. Cit, 2004),
Wallon (2007, p.122) aponta que "o contato entre eles [aluno e professor]
se estabelece por mimetismo ou contraste afetivos. É assim que se instaura
um primeiro modo concreto e pragmático de compreensão, ou melhor,
participacionismo mútuo".

O professor deve ser aquilo que espera que seu aluno seja, assumindo o
papel de exemplo, o aluno é num certo sentido um reflexo da forma como o
professor atua, se o professor se coloca de um modo distante e hostil os
alunos o percebem como tal e reagem de acordo, com o mesmo contraste
percebido, o que gera um desencontro e um distanciamento, assim formam-se
ilhas.

Nesse sentido convém situar o que chamamos por afetividade no presente
trabalho, a afetividade como coloca Moraes et al. (2009, p. 412) "é a
capacidade de afetar e ser afetado, pelo mundo interno e externo", o
professor afeta os seus alunos e também é afetado por estes, possibilitando
criar pontes ou abismos entre ambos, nesse sentido assumindo um papel
importante no cenário escolar.

Para corroborar tal ideia, encontramos em Mattos (2012) A
sustentação para o papel que ocupa a afetividade na sala de aula,
despertando no aluno, uma motivação para o aprender, facilitado pela figura
do professor, que atuando com o cuidado sobre as diferenças como
características de cada aluno, sem que isso seja algo para afastá-las, mas
algo que irá aproximá-los, por meio do respeito, valorizando-se as
diferenças entre eles, promovendo um relacionamento interpessoal saudável,
que promove a socialização e despertam a solidariedade.

Mattos coloca que a afetividade atua como "mediadora entre a
aprendizagem e os relacionamentos desenvolvidos em sala de aula" (Op. Cit,
2012, p. 226), traduzindo-se em sentimentos de autoconfiança e autoestima,
que são propiciadores de envolvimento e melhores desempenhos por parte dos
alunos, que sentem confiança entre o grupo.

Ao referirmos a uma posição mais acolhedora por parte do professor não
queremos dizer maior disponibilidade emocional em um sentido paternalista
ou meramente "romântico", como ilustra Rios (2003), na qual "faz o bem",
quando se deveria "fazer bem", tornando o aprender como algo remediado, com
um conteúdo simplista e adaptado, numa linguagem mais fácil, que não os
desafie, porque são alunos "queridos" e seu professor compreende que não
conseguiriam de outro modo.

É preciso ir além, o que requer uma competência para o ato de educar,
que se faz possível por meio de uma atitude crítica e de uma postura
coerente com o papel político de sua atividade, trazendo para a sala de
aula, temas que despertem a curiosidade e que permitam assimilações por
seus alunos.

Almeida (2010, p. 86) ao referir-se à formação do professor, aponta
que somos pessoas completas, somos dotados de afetos e de uma cognição e
também de um movimento e nos relacionamos com um aluno que também o é, uma
pessoa completa. "Somos componentes privilegiados do meio de nosso aluno.
Torná-lo mais propicio ao desenvolvimento é nossa responsabilidade".

O que se aproxima do que Leite (2012) aponta como decisões
afetivamente planejadas e pensadas de acordo com cada aluno, compreendendo
que aproximar os conteúdos escolares não implica apenas em facilita-los no
seu modo de ensinar, mas tendo-se o cuidado de como o aluno pode aprender,
inovando a sua prática, o que recai numa reflexão sobre a sua atividade,
evitando-se práticas engessadas e desmotivadoras, mas enriquecidas a partir
dos conhecimentos de suas vivências práticas e diárias em sala de aula,
percebendo o que pode promover e auxiliar cada aluno e aquilo, pois
pensadas para eles, e excluindo aquilo que pode comprometer e inviabilizar
o aprender por cada aluno, devendo assim ser deixado descartado.




2.1 - A afetividade no processo ensino-aprendizagem




Muitos estudos na área da afetividade têm sido realizados, e os
resultados vão ao encontro da hipótese deste trabalho: de que a afetividade
interfere facilitando ou dificultando o processo de aprendizagem, como
estamos discutindo.

No programa de mestrado de educação: psicologia da educação, da
PUC/SP, foi realizada uma pesquisa para identificar os trabalhos de
mestrado que foram desenvolvidos de 2004 a 2006, com a temática da
afetividade.

Esta pesquisa teve por proposta identificar a relevância do tema e o
significado da afetividade no contexto atual das políticas públicas. A
pesquisa realizada pela PUC/SP intitulou-se "Sentimentos e Emoções no
Processo Ensino-Aprendizagem".

Almeida et al. (2009) demonstra que os sentimentos de bem-estar e mal-
estar aparecem não apenas em jovens, mas também em adultos de cursos
supletivos e de ensino superior, em relação interpessoal entre os alunos e
entre o aluno e o professor. Nesse sentido, conclui que identificar os
sentimentos expressos em sala de aula pelos alunos possibilita ao professor
repensar sua atividade, promover relações de qualidade e perceber-se como o
ponto central, a partir do qual as experiências do aluno em relação à
escola e ao aprender podem se desenvolver e ser determinantes.

É importante que o olhar do professor esteja voltado para a promoção
de todos os alunos, o que requer uma capacidade e uma disponibilidade para
a empatia, colocar-se no lugar do aluno, do desafio de superar o que se
apresenta de difícil resolução, mas que possa ser superado por meio do
auxílio do professor e do próprio aluno, que a partir da confiança
investida nele, o motiva a ir além.

Na sala de aula, é preciso que o professor tenha um equilíbrio
emocional, seus sentimentos tem um grande potencial de afetar também os
alunos, produzindo estados emocionais positivos ou negativos, dado que a
emoção possui também uma característica de contagiosidade, em que o estado
emocional do professor, percebido e contagiado pelo aluno pode ter um
desfecho positivo ou negativo produzindo uma segurança e uma aproximação do
aluno com o conteúdo ou uma cristalização de uma incapacidade.

Por outro lado, Moraes et al. (2009) traz uma valiosa contribuição à
nossa discussão, em pesquisa realizada na PUC-SP, a autora chama atenção
para as sensações de mal-estar e bem-estar na relação entre o professor e o
aluno, causadas por desencontros nas demandas desta relação, seja a
exigência do professor ou o interesse do aluno que não era levado em
consideração por seu professor, aponta que estabilidade emocional favorece
melhor desempenho acadêmico e relacionamento interpessoal, nesse sentido o
uso de arte-educação pelo professor pode servir como instrumento de grande
valia, a questão teoria e pratica para o aluno, explicitando-se o sentido
do que se está aprendendo. A autora demonstra que mesmo em cursos a
distância, a mediação pela tecnologia também permite perceber sentimentos
na relação professor e aluno.

Mahoney et al. (2009) descreve que o professor muitas vezes lida com
os desafios em sala de aula a partir de seus próprios sentimentos visando a
resolução dos problemas a partir de sua própria interação com as condições
de trabalho, relações com a direção e os professores da escola. A motivação
e empenho de professores em sala de aula mesmo mediatizada por tecnologias,
como é o caso de cursos de ensino a distância são fortalecidas a partir do
reconhecimento dos outros se levando em conta o respeito por sua trajetória
profissional.

A autora conclui que se faz importante uma reflexão sobre os
sentimentos e as emoções no ensino-aprendizado em cursos de formação
profissional, e que estas reflexões constituam sua prática, o que favorece
e possibilita que o professor volte um olhar para o seu fazer docente e
assim possa rever sua atuação profissional.




























CAPITULO 3


CRUZANDO-SE OS CAMINHOS, OS ENCONTROS



A realidade não é só a realidade deste momento,
mas também a realidade do que é possível.

Sara Pain.

A partir dos dados obtidos, revisão da literatura e dados de um
projeto realizado na PUC/SP, verifica-se que a afetividade assume um
importante papel na relação ensino-aprendizagem entre professor e aluno e
na relação aluno e aprendizado, assumindo a afetividade um papel de
facilitadora do processo, como o que impulsiona e motiva o aluno, aproxima
e facilita uma aprendizagem dos conteúdos, refutando o que pode se perceber
em outros estudos como um papel de facilitadora da aprendizagem (MATTOS,
2012; RICIERI, 2012), corroborando ser a mesma a principal meta na posição
não circunscrita e intencional do professor (CORTELLA, 2011).

Se por um lado às condições e as contradições que envolvem o fazer do
professor o afetam, trazendo empecilhos e desmotivação, em contrapartida o
aluno acaba por ser afetado pelo modo como o professor se posiciona e atua
perante suas aulas (MORAES et. al., 2009), assim configurando um ciclo de
reprodução que evidência que numa relação afetiva há consensos e
contradições, e na maioria das vezes diante a contradição, sempre o aluno
será eleito como o responsável pela situação.

O professor ocupa um lugar privilegiado na vida dos alunos (ALMEIDA,
2010) pois os mesmos passam grande parte do seu tempo em sua presença, a
escola é um importante espaço de convivência, e por ser social o indivíduo
interage atribuindo sentidos e significados as suas relações e as marcas
que elas produzem em sua subjetividade.

Assim, espera-se que o professor compreenda a importância dos
conhecimentos acerca de desenvolvimento humano, sentimentos e emoções pois
o palco no qual elas atuam não dispõe de um roteiro, são aleatórias, mas
com potencial para um contágio a partir do que o outro sinaliza, como nos
ensina Wallon (2007, p.122) ao se perceberem os contrastes afetivos, o que
então pode conduzir ao "participacionismo (sic) mútuo", um contágio,
favorecendo acordos entre ambos, aluno e professor, numa relação de
cumplicidade visando sempre o aprendizado de todos envolvidos, que pode ser
pensada como uma resposta a uma frase muito conhecida de que a primeira
impressão é a que fica, se pensarmos nesse sentido a apresentação
autoritária de um professor em seu primeiro dia de aula pode suscitar
muitas ideias e expectativas nos alunos, permitindo justamente o contrário
no espaço escolar.

Placco (2004) nesse sentido coloca que há uma troca na relação
pedagógica entre o professor e o aluno e aluno-aluno, ao se transformarem
enquanto constroem relações, ocorrendo uma alternância e simultaneidade
entre a cognição e o afeto, numa dialética, em que o afetivo influi no
cognitivo e o cognitivo que influi sobre o interno, afetivo, numa
dialética, ocorrendo ai um aprendizado de habilidade interpessoal que é
possível a partir do viver junto, dessa relação interpessoal, propiciando
nesse sentido um desenvolvimento pessoal tanto do aluno como do professor
oriundo de suas relações, principalmente por se tratar de relações
interpessoais, na qual os atores envolvidos desse cenário escolar são o
palco para a afetividade, no sentido de o professor afetar o aluno, através
de olhares e respeito, apelando as suas emoções visando estabelecer um
relacionamento harmonioso, condição básica para qualquer acordo entre
professor e aluno.

Recorrer a cursos de aprimoramento e extensão se apresentam como
alternativas para que o professor não engesse a sua prática, uma vez que se
faz importante um aperfeiçoamento continuo, os tempos já não são mais os
mesmos, vivemos numa cultura marcada pela tecnologia, em que a internet se
tornou uma apostila globalizada (DEMO, 2011) e principalmente por referir-
se à formação de pessoas.

É importante pensar que o professor ocupa uma figura que precisa ser
exemplo para seus alunos, estimulando o aprendizado, a solidariedade e a
empatia, tornando a sua ação em práxis, pois os alunos como destacou
Almeida (2014) podem tomá-lo como um modelo para suas vidas, com o qual
irão se identificar.

Muitos alunos acabam por tornarem-se professores, escolha que está
permeada por explicações diversas, mas que traz a reflexão a ideia acima
discutida, por identificarem-se muitos optam por caminhos iguais, tornarem-
se professores carregando aí como aponta Duarte (2004, p.121) marcas de
seus ex-professores no modo como leciona, "a forma pela qual aprendemos
determina, em parte, o modo como ensinamos", abrindo-se espaço a partir
desta colocação para uma discussão que se coloca além do escopo do presente
estudo.

Uma pergunta, ou perguntas se apresentam, ao pesquisar a relação
professor-aluno-conhecimento, o que é um professor para o aluno, o que
seria um aluno para o professor e o que esses dois entendem por
conhecimento, ensino ou aprendizagem?

Tais perguntas trazem a discussão a colocação de Almeida (2010, p.81)
sobre o professor representar a cultura para o aluno, "O professor não só é
o mediador entre a cultura e o aluno, mas é o representante da cultura para
o aluno".

A cultura de que fala a autora (Op. cit., 2010) se refere a vida em
sociedade, contemporânea ao aluno, na qual ele vive e da qual irá exercer
uma função ativa após a sua formação escolar.

Os alunos em um certo sentido serão os "Escritores da Afetividade",
numa alusão ao filme Escritores da Liberdade (2007), que pode ser pensado
aqui como exemplo ilustrativo do tema que estamos abordando, cuja
professora Erin Gruwell, interpretada pela atriz Hilary Swank, ao lecionar
para um grupo de alunos, cuja escola havia desistido deles, assume uma
disputa com diferentes personagens do meio escolar, indo a órgãos de
hierarquia superior de sua gestão, comprometida com seus alunos, dando-
lhes voz, pode promover não apenas um resgate de suas identidades, mas
favorecer as potencialidades de vidas envoltas em diferentes desigualdades
raciais e sociais.

Pensar um professor assim pode parecer uma utopia, dado que este
envolto em desafios decorrentes de hierarquia ou gestão, como também de uma
diversidade de perfis e de subjetividades, presentes nos alunos. Cabe
ressaltar aqui que o professor não é um agente neutro, e por sua não
neutralidade é um ser compromissado (FREIRE, 2014), portanto situamos o
professor como o entende Demo (2011, p. 87) "o professor não é um
profissional do ensino, mas da aprendizagem".

O compromisso do professor nesse sentido é com as formas de
aprendizagem, podemos aprender de diferentes modos, vivemos em condições
materiais e econômicas diversas e as vezes precárias sendo determinantes
dessa aprendizagem.

Se faz relevante pensar com Demo (Op. cit, 88) de que "não se aprende
escutando alguém falar, tomando nota e fazendo prova". Aprende-se por
participação e pesquisa, tanto para o professor como o aluno, em conjunto.

Por ser um representante da cultura (ALMEIDA, 2010) o professor é a
esperança na construção de uma sociedade mais justa e igualitária, ele é um
elemento importante na transmissão de valores, respeito e solidariedade.

A afetividade se refere, portanto, a um olhar, um abraço, uma palavra
ou um simples ouvir, desde que moldados pela sinceridade e respeito,
transmitidos para aqueles com os quais se comprometeu, promovendo ambientes
participativos, sendo assim é preciso que o professor se desconstrua
pensando-se em termos práticos (DEMO, 2011, p. 76), o que se refere a
"descer de seu pedestal fictício e voltar a estudar como requisito da
vida".

Aprendendo bem, acreditamos que ele, o professor, poderá facilitar bem
a aprendizagem de seus alunos, colocando-se também no lugar daquele que
aprende, não apenas no de quem ensina, sendo justamente aquilo que espera
de seus alunos, num gesto de humildade e disponibilidade ao novo que se
pode aprender a cada dia.
















CONSIDERAÇÕES FINAIS



O presente estudo permitiu compreender a importância que a afetividade
exerce como facilitadora na relação de ensino-aprendizagem dos conteúdos
escolares no educando, estando diretamente relacionada a relação
estabelecida entre o aluno e o professor.

Pelo importante papel do professor, de ser uma referência na vida do
aluno e por representar o adulto da sociedade para o jovem que irá se
formar ou está no processo de formação, sua figura tem um impacto
significativo em como a relação de aprender será internalizada.

Os dados do presente trabalho apresentam relevância acerca da formação
de professores e educadores, ao pensar o lugar da dimensão da afetividade
no processo ensino-aprendizagem.

A Forma como o professor planeja e administra os conteúdos escolares
compreendem a sua forma de olhar para os seus alunos, como ele os percebe e
o interpreta, sendo importante pensar que a sua forma de ensinar é
determinante da forma de aprender, portanto ele precisa ser crítico, ter
didática e ter respeito por seu aluno.

Uma pergunta se faz oportuna e se coloca além do que fora proposto
neste trabalho, será que o professor compreende que sua mediação pode
surtir o efeito de "luz no fim do túnel", de esperança para um futuro
melhor e mais proveitoso por parte do aluno? Ele compreende que o aprender
não é algo linear, mas múltiplo e individual a cada aluno?

A dimensão da afetividade permite desenvolver a autoconfiança do
aluno, influindo diretamente no processo de aprendizagem. As interações
afetivas despertam sentimentos de acolhimento, simpatia, respeito e
apreciação sentimentos de compreensão, aceitação e valorização do outro.

Nesse sentido, pôde-se concluir que as experiências vividas em sala de
aula permitem trocas afetivas positivas que, não só marcam positivamente o
objeto de conhecimento, como também favorecem a autonomia e fortalecem a
confiança dos alunos em suas capacidades e decisões.

Vivemos numa sociedade pós-moderna, que cada vez mais refuta a
fragilidade dos laços, individualidades e desigualdades no mundo,
impactando as relações humanas no que se refere à característica mais
primitiva e natural ao ser humano, a de sermos gregários, precisamos do
outro para existir e precisamos conviver com o outro para subsistência, a
manutenção dos laços e de todas as relações está diretamente relacionada à
aprendizagem, aprendemos por meio de nossas convivências, portanto essas
convivências precisam ser fortalecedoras do respeito, da solidariedade e
interação, de outro modo estaremos nos condenando e condenando as próximas
gerações a um vazio e a uma desesperança.

Por ser um ator presente desde muito cedo na vida das crianças que se
tornarão jovens, os professores precisam transmitir uma cultura de
humanidade e de esperança, sendo o Outro que será a referência, o outro que
irá contagiar com respeito, esperança e conhecimento, instrumentando os
representantes do futuro para um mundo em que os seres humanos serão mais
humanos.

Ao professor nessa missão, cabe a ele afetar de modo positivo os seus
alunos, movendo-os para um aprender a ser e um aprender para o conviver.




















REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Laurinda Ramalho de. AZEVEDO, Vera Lucia Antonio. FERRARI, Ana
Lucia Sant'Ana. VEREDA, Rita de Cassia. Sentimentos e Emoções no processo
de ensino-aprendizagem: a voz do aluno. In: CILENTO, Àngela Zamora;
INOCÊNCIO, Doralice; MASSON, Terezinha Jocelen. Licenciaturas em debate:
ciência, ensino e aprendizagem. São Paulo: Plêiade, 2009. v.2,. In: 2009.
p. 419-425.
______. Wallon e a Educação. In: MAHONEY, Abigail Alvarenga; ALMEIDA,
Laurinda Ramalho de (Org.). Henri Wallon – Psicologia e Educação. São
Paulo: Edições Loyola, 2010. p.71-87.
______. A questão do Eu e do Outro na psicogenética Walloniana. Estud.
Psicol. (Campinas), Campinas, vol. 31, n. 4, p. 595-640, dez. 2014.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v31n4/a13v31n4.pdf. Acesso
em: 03 set. 2015.
BARRETTO, Elsa Siqueira de Sá. Trabalho docente e modelos de formação:
velhos e novos embates e representações. Cadernos de Pesquisa. [online].
2012, vol.40, n.140, pp. 427-443. ISSN 0100-1574. Disponível
em: acesso em: 19 out.
2015.
CORTELLA, Mario Sergio. A Escola e o conhecimento: fundamentos
epistemológicos e políticos. 14. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio cientifico e educativo. In: DEMO, Pedro.
Praticar ciência: metodologias do conhecimento cientifico. São Paulo:
Editora Saraiva, 2011. p. 65-101.
DUARTE, Vera Cabrera. Relações interpessoais: professor e aluno em cena.
In: Psic. da Ed., São Paulo, 19, 2º sem. de 2004, pp. 119-142. Disponível
em:. Acesso em: 10 out.
2015.
ESCRITORES da liberdade. Direção: Richard Lagravenese. Produção: Danny
DeVito, Michael Shamberg e Stacey Sher. Intérpretes: Hilary Swank; Scott
Glenn; Imelda Staunton; Patrick Dempsey e outros. Roteiro: Richard
Lagravenese. Color. Hollywood: Paramount Pictures, c2007. 1 DVD (122 min).
Baseado no livro "The freedom writers diary" de The freedom writers com
Erin Gruwell.
FREIRE, Paulo. O compromisso do trabalhador com a sociedade. In: Educação e
Mudança. 34. Ed. São Paulo: Paz e Terra; 2014. p. 55-81.
GASPAR, Maria Aurora Dias. Relações interpessoais na visão humanista da
educação: condições facilitadoras da aprendizagem. In: DIAS, Elaine T. Dal
Mas; AZEVEDO, Liliana Pereira Lima (Orgs.). Psicologia Escolar e
Educacional: percursos, saberes e intervenções. Jundiaí: Paco Editorial,
2014. p. 213-240.
LEITE, Sérgio Antônio da Silva. Afetividade nas práticas pedagógicas. Temas
em Psicologia, Ribeirão Preto, v. 20, n. 2, dez. 2012. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/tp/v20n2/v20n2a06.pdf. Acesso em: 20 mar.
2015. p. 355-368.
MATTOS, Sandra Maria Nascimento de. Inclusão/exclusão escolar e
afetividade: repensando o fracasso escolar das crianças de classes
populares. Educ. rev., Curitiba, n. 44, p. 217-233, jun. 2012. Disponível
em: http://www.scielo.br/pdf/er/n44/n44a14.pdf. Acesso em: 04 set. 2015
MORAES, Regiane Rodrigues de; TELES, AMB; MORTARELLO, Luciana Cicutto;
GASPAR, Maria Aurora Dias; SUGAHARA, Leila Yuri. Sentimentos e emoções no
processo ensino-aprendizagem: a voz de professores e alunos. In: CILENTO,
Ângela Zamora; INOCÊNCIO, Doralice; MASSON, Terezinha Jocelen.
Licenciaturas em debate: ciência, ensino e aprendizagem. São Paulo:
Plêiade, 2009. v.2, p. 411-417.
PATTO, Maria Helena Souza. Exercícios de Indignação: escritos de educação e
psicologia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. 189 p.
PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza. Relações interpessoais em sala de aula e
desenvolvimento pessoal de aluno e professor. In: ALMEIDA, L.R., PLACCO,
V.M.N.S. (orgs.) As relações interpessoais na formação de professores.
2.ed. São Paulo: Edições Loyola, 2004. p.7-19.
RICIERI, M. A afetividade e a mediação na relação professor-aluno na
educação. In: SPERANDIO, ML (Org.). Psicologias e suas interfaces.
Londrina: Syntagma editores Ltda., 2012. V. 1 p. 115-125.
RIOS, Terezinha Azerêdo. As Dimensões da competência do educador. In: RIOS,
Terezinha Azerêdo. Ética e Competência. 14ª ed. São Paulo: Cortez, 2003. p.
45-67.
ROSA, Sanny Silva da. Mudar ou não mudar: eis a questão. In: ROSA, Sanny
Silva da. Construtivismo e mudança. 9º ed. São Paulo: Cortez, 2002. p. 21-
39.
WALLON, Henri. A afetividade. In: WALLON, Henri. A evolução psicológica da
criança. São Paulo: Martins Fontes, 2007. p. 118-126.
Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.