A Águia e a Baleia: uma abordagem comparativa entre as perspectivas societárias da Escola de Bielefeld e da Escola Inglesa aplicada à História das Relações Internacionais

June 7, 2017 | Autor: Leonardo Bandarra | Categoria: International Relations Theory, Historiography
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INTELLECTOR Ano XI

Volume XII

Nº 23

Julho/Dezembro 2015

Rio de Janeiro

ISSN 1807-1260

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A Águia e a Baleia: uma abordagem comparativa entre as perspectivas societárias da Escola de Bielefeld e da Escola Inglesa aplicada à História das Relações Internacionais Leonardo Carvalho L. A. Bandarra1

Resumo O presente artigo analisa, sob perspectiva comparada, as abordagens historiográficas desenvolvidas pela Escola de Bielefeld e pela Escola Inglesa. Para os fins aqui propostos, enfatizar-se-á as maneiras como os historiadores anglófonos e os alemães conceberam as forças que movem as relações internacionais contemporâneas. Isso implica ênfase especial no instrumental analítico desenvolvido por esses historiadores no sentido de compreender os movimentos dos diferentes Estados-nação em âmbito global. Dentre os elementos que compõem esses instrumentos, focar-se-á nos distintos entendimentos relativos à análise societária das relações internacionais. Palavras-Chave: Sociedade internacional; Escola de Bielefeld; Escola Inglesa; Historiografia das Relações Internacionais.

Abstract This paper analyses, under a comparative perspective, the approaches to historiography developed by the School of Bielefeld and by the English School. For the purposes of this article, it will be emphasised the ways under which English-speaking historians and his German counterparts regarded the forces, which conduce contemporary international relations. This implies a special emphasis on the analytical tools developed by these two groups of historians, in order to understand the movements of National States globally. Among the elements that constitute these instruments, we will focus on the sundry understandings about the social character of international relations. Keywords: International society; Schoolof Bielefeld; English School; International Relations Historiography.

Mestrando em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília, com concentração em História das Relações Internacionais. Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) ([email protected]). 1

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Introdução

P

ara obter-se entendimento completo das nuances que marcam a realidade internacional, faz-se necessária incursão na empiria histórica. Com esse objetivo, desenvolveram-se, no campo da História das Relações Internacionais, diversas escolas de pensamento historiográfico regionalmente constituído, as quais oferecem perspectivas metodológicas e analíticas capazes de sistematizar o funcionamento da comunidade internacional. Dentre essas escolas, destacam-se, tanto por sua riqueza conceitual quanto por seu pioneirismo no que concerne à formação da disciplina das Relações Internacionais, aquelas desenvolvidas na Europa, em especial em países como Inglaterra, França, Itália, Suíça e,perifericamente, Alemanha, Bélgica, Espanha, Portugal2. Levando-se em consideração a complexidade das historiografias desenvolvidas na Europa e a relevância de seu estudo para a formação de pensamento autóctone em outras regiões do globo, o presente artigo tem como objetivo analisar, comparativamente, as diferentes perspectivas desenvolvidas na Inglaterra e na Alemanha, respectivamente pela Escola Inglesa, cujo centro de estudos é a London School of Economics and Political Sciences(LSE)3, e pela Escola de Bielefeld, centrada na Universidade de Bielefeld4. Essa diferença de nomenclatura deve-se ao não desenvolvimento de tradição histográfica nacionalmente coerente e articulada em território alemão no campo da história das relações internacionais, o que contribuiu para a periferização dos estudos da disciplina desenvolvidos no país germânico5. Para a comparação aqui proposta, enfatizar-se-á as diferenças e as semelhanças analíticas entre as duas Escolas no que serefere ao funcionamento dos Estados em meio à sociedade internacional, termo cunhado por autores icônicos do pensamento historiográfico inglês, em especial Martin Wight, Hedley Bull e Adam Watson. Para melhor atender a esse desígnio, utilizar-se-á como guia a seguinte pergunta: Quais as contribuições e as diferenças conceituais desenvolvidas entre a Escola Inglesa e a Escola de Bielefeld no que concerne ao desenvolvimento de abordagem societária para o estudo da história das relações internacionais? Como forma de melhor atender aos desígnios propostos, o presente artigo estrutura-se em quatro partes, além desta introdução. A primeira parte consistirá de breve descrição das grandes linhas analíticas e temáticas estudadas por ambas as escolas, além de expor a contribuição de cada uma das escolas para o campo da história das relações internacionais. A segunda parte debruçar-se-á, especificamente, nas perspectivas conceituais inglesa e alemã relativas à sociedade internacional. Com relação à abordagem inglesa, enfocar-se-á nas diferentes abordagens da construção do conceito de sociedade internacional, desenvolvidas por Hedley Bull (2002) e por Adam Watson (1992), enquanto, no que concerne à perspectiva alemã, enfocar-se-á na análise societária de Hans-UlrichWehler (1998) e de Fritz Fischer (1961). A terceira e última parte constará de breve conclusão.

SARAIVA, 2010, p. 9-10 SARAIVA, 2010, p. 16 4 FLETCHER, 1984, p. 452-3 5 SARAIVA, 2010, p. 27; FRANK, 2012, p. 28-29 2 3

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Da história diplomática à história internacional: o desenvolvimento da Escola Inglesa e da Escola de Bielefeld. Conforme lembram Karl Schweizer e Matt Schumann (2008, p. 150-153), o estudo das relações internacionais em história começou, de forma sistematizada, ainda em fins da alta idade média, a partir dos desenvolvimentos iniciais da história diplomática, a qual derivou da prática de organização dasdiplomata, ou seja, da classificação de documentos segundo sua forma, formato físico, caligrafia, e outras formas de autenticação. Essa prática levou estudiosos da história e da política, a partir da era do Iluminismo, em países como Itália, França, Espanha e Alemanha, a debruçarem-se sobre os documentos por eles organizados de modo a procurar padrões de comportamento dos líderes estatais6. No século XIX, a história diplomática atingiu alto grau de refinamento metodológico. Isso ocorreu devido aos esforços de Leopold Von Ranke, o qual, ao deter-se sobre temas de política externa, propugnou que o estudo da história deveria ser baseado na busca de verdade objetiva, a ser descoberta por meio de sistemático e meticuloso estudo de fontes primárias, em especial documentos estatais. Para von Ranke, apenas o estudo dessas fontes poderia levar o historiador a encontrar justificativas objetivas para os processos históricos ocorridos em nível social. Em fins do século XIX e início do século XX, o pensamento rankerianoencontrou terreno fértil para desenvolvimento historiográfico na Universidade de Hannover, onde o estudo das fontes primárias foi associado ao estudo da personalidade e da iniciativa individual de agentes da política, de modo a obter-se contextualização mais ampla da forma pela qual eram solucionadas determinas crises internacionais7. Essa ampliação do pensamento rankerianoocorreu devido ao contato dos historiadores alemães com contribuições do historiador inglês John-DalbergActon, ou lordActon, para quem a compreensão da agência humana e da personalidade dos líderes era essencial para o entendimento dos grandes processos históricos. Por meio da unificação das contribuições de LeopoldvonRanke e de LordActon, fundou-se, então, a grandtraditionda história diplomática8, a qual terá, a partir da década de 1940, posterior refinamento, em especial, por meio dos trabalhos dos historiadores ingleses de história internacional, como Edward Carr e Herbert Butterfield. Será, portanto, na Inglaterra, em especial na Universidade de Cambridge, na LSE e, após 1964, nas reuniões do British Comittee9, onde a história diplomática atingirá novo estágio de sofisticação metodológica e conceitual, com os trabalhos dos autores da Escola Inglesa. Na Alemanha, país onde os desenvolvimentos iniciais da história diplomática foram os mais profícuos, o estudo do internacional pelos historiadores passou por progressivo obscurecimento e fragmentação metodológico-conceitual, em especial após o desenvolvimento da ciência política10. Dessa forma, o pensamento historiográfico anglo-alemão em história internacional, surgido na

SCHWEIZER; SCHUMANN, 2008, p. 154 SCHWEIZER; SCHUMANN, 2008, p. 158 8 SCHWEIZER; SCHUMANN, 2008, p. 162 9 DUNNE, 1998, p. 16 10 HABER; KENNEDY; KRASNER, 1997, p. 40 6 7

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síntese entre as perspectivas de von Ranke e de LordActon, trilhou, no século XX, caminhos divergentes na Alemanha e na Inglaterra.

Do pioneirismo à periferia: a historiografia alemã das relações internacionais O pensamento historiográfico alemão desenvolveu-se, inicialmente, entre as década de 1820 e de 1880, a partir das concepções de von Ranke, ilustradas, no que se refere à história diplomática – ou história universal, nos termos do historiador germânico –, pela obra Weltgeschichte: Die Römische Republicundihre Weltherrschaft (História Mundial: A República Romana e sua dominação mundial), por ele publicada em 1886. Desde o centros de estudo da Universidade de Leipzig e, posteriormente, da Universidade de Berlim, von Rankedifundiu pela Alemanha, em processo de unificação, pensamento o qual buscava nos fatos históricoscompreensão universal sobre a história humana, por meio de leitura neutra de documentação oficial11. Com a unificação alemã e com políticas desenvolvidas pelo I Reich com o objetivo de dar coerência ao sistema de ensino dos diferentes estados alemães, os historiadores foram incentivados a ter maior contato com as obras desenvolvidas por seus pares em outros centros acadêmicos. Esse contato ensejou quase imediato confronto entre a chamada Escola de Baden e a Escola de Marburg. Enquanto a primeira seguia perspectiva antes aperfeiçoada em Hannover e baseada na lógica metodológica proposta por von Ranke e por lord Acton; a escola de Marburg moveu-se na direção do ahistoricismo e da filosofia. Em Baden, desenvolveu-se pensamento humanista e historicista, o qual foi denominado de humanidades (Geisteswissenshaft), enquanto em Marburg desenvolveu-se abordagem de modelos generalistas e universalistas a qual culminaria, com a escola de Frankfurt, na década de 1960, na criação da ciência política12. Também na década de 1960, um grupo de historiadores liderados por Hans-UlrichWehler, Jürgen Kocka e ReinhartKoselleckbuscou, na Universidade de Bielefeld, consolidar nova historiografia, a qual retomasse a ênfase no rigor analítico de fontes primárias enfatizado por von Ranke e por Actone a qual, simultaneamente, se apropriasse do embasamento filosófico e das ambições generalistas desenvolvidas em Marburg e em Frankfurt. Essa síntese das contribuições historiográficas e metodológicas desenvolvidas em solo alemão seria a marca da escola de Bielefeld, que, revigorou o estudo da história no país da águia. Foi em Bielefeld que, conforme lembra Robert Frank (2012, p.30), formou-se uma verdadeira escola histórica alemã moderna, a qual, segundo Roger Fletcher (1984, p. 452), acordou o pensamento historiogr|fico alemão “de seu sono de beleza”.

A escola de Bielefeld e a Ciência Social Histórica Embora buscassem retomar o rigor das fontes primárias, os pensadores da Escola de Bielefeld criticavam, fortemente, o modos operandi e a busca de história universal por meio do 11 12

HOBSON; LAWSON, 2008, p. 427 SCHWEIZER; SCHUMANN, 2008, p. 162 101

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entendimento do sistema mundial de Estados (Weltstaatensystem)13 propostos por von Ranke. Para os estudiosos de Bielefeld, oestudo de, tão somente, documentos diplomáticos não poderia levar ao completo entendimento das forças que moviam os países no ambiente internacional14, bem como não seria possível desenvolver, independentemente da metodologia utilizada, pensamento historiográfico neutro, porquanto o próprio historiador seria imbuído de perspectiva própria de mundo15. Outro ponto de divergência entre os pensadores de Bielefeld e a perspectiva da história diplomática tratou-se da questão do primado da política exterior sobre a interna. Diferentemente dos pesquisadores da história diplomática, para quem as movimentações internacionais de unidades políticas a nível sistêmico definiam a política externa de um país, os historiadores de Bielefeld entendiam que era a política interna, entendida como as forças internas de uma unidade política, que definiriam a política externa 16. Dessa forma, no constante debate historiográfico alemão entre o primado dos fatores internacionais e o dos fatores internos na definição da política externa de determinado país 17, os historiadores de Bielefeld optaram pelo primado dos fatores internos18. Isso significa que para esses pensadores, em especial para Wehler e para Kosellec, eram os desenvolvimentos internos ocorridos em um país que definiram os rumos que os dirigentes deste tomariam em questões referentes à política externa. Propunha-se, então, entender as relações internacionais por meio do estudo das forças internas que moviam as políticas externas dos Estados-nação, considerando-se assim a unicidade de cada unidade política e das sociedades que as habitavam. Essa forma de estudar história proposta na Universidade de Bielefeld baseava-se na ideia de mesclar as buscas de fatos empíricos com perspectiva eclética informada pelos princípios do discurso conceitual e da teoria pluralista 19, a qual se desenvolvia nos departamentos de ciência política e de filosofia. Essa mescla caracterizou o que Kosellec e Wehler denominaram “ciência social histórica”, ou seja, o reconhecimento de que a historiadores deveriam fazer uso de teoria política para comparar os tipos ideais desenvolvidos pela teoria, como, por exemplo, o construto da burocracia weberiana, com os tipos reais encontrados na história empírica, como, por exemplo, a burocracia prussiana desenvolvida por Otto von Bismarck. Dessa forma, os historiadores deveriam, de acordo com o tema por eles estudado, tomar emprestado das ciências sociais, de maneira ad hoc e seletiva, modelos teóricos generalistas e utilizá-los para ajudar a compreender os construtos sociais desenvolvidos pela prática humana 20. Esse constante diálogo inter-disciplinar ajudaria o pesquisador a deixar claro sua perspectiva de mundo, porquanto historiografia valorativamente neutra não existiria. Dentre as temáticas que marcariam os estudos da ciência social histórica de Bielefeld estava o retorno ao estudo da política externa e do internacional, o qual teria sido eclipsado na SARAIVA, 2010, p. 28 SCHULZ, 2004, p. 2 15 FLETCHER, 1984, p. 459 16 FRANK, 2012, p. 30 17 SARAIVA, 2010, p. 27 18 FRANK, 2012, p. 30 19 FLETCHER, 1984, p. 456 20 FLETCHER, 1984, p. 458 13 14

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Alemanha desde a República de Weimar até o início da Guerra Fria, salvo por algumas obras icônicas, como Griffnach der Weltmacht (Os objetivos da Alemanha na Primeira Guerra Mundial), publicada em 1961 por Fritz Fischer – que é considerado para autores como Fletcher, 1984, um dos percursores da escola de Bielefeld. Como Fischer, os historiadores de Bielefeld buscaram mostrar como as forças internas na Alemanha influíam na formação da política externa do país, de modo a ter, consequentemente, relevância internacional. Dentre as forças internas analisadas, destacam-se as forças sociais e políticas, sobre as quais debruçaram-se Koseleck, Wehler e Kocka. Talvez um dos conceitos que mais tenha ganhado destaque nessa análise tenha sido o de sonderweg (excepcionalismo; caminho especial) alemão, termo criado no século XIX pelos conservadores no Reichstag21. Esse termo, estudado por JügenKocka e por Hans-UlrichWehler, designa a especificidade alemã face aos seus vizinhos europeus, devido à formação de cultura própria e unificação econômica previamente à formação de Estado nacional. Isso teria levado o país a formar uma forma, quando da unificação, uma forma de gestão governamental única, uma monarquia constitucional a qual ficaria no meio termo entre os extremos constitucional revolucionário francês e o absolutismo tzarista russo22. Formara-se um império com características sociais também únicas, que mesclava capitalistas industriais exitosos e modernização sócio-econômica com a manutenção de estruturas précapitalistas campesinas e normas tradicionais que invocaria elementos autoritários no que se refere ao trato pelas autoridades públicas com as classes médias e proletária 23. Desse quadro único, ter-se-ia desenvolvido uma forma de política externa ufanista, a qual enfatizava a superioridade da cultura germânica (Kultur) sobre as demais civilizações europeias24. Essa perspectiva de sonderweg, segundo Wehler (2001, p. 83), teria ocasionado em um sentimento de missão (sendungsbewussten) alemã, pelo qual a nação do coração da Europa, constantemente ameaçada, deveria levar a modernidade para o mundo. Era uma forma de nacionalismo guerreiro (Kriegsnationalismus) o qual teria emergido em 191425, em meio ao início da Primeira Guerra Mundial, e atingindo novos contornos nos anos 1920 e 1930, com a ascensão do nazi-fascismo, quando se teria transformado em nacionalismo radical (Ratikalnationalismus)26. Percebe-se, nas análises de Kocka e de Wehler, um esforço de concatenar em uma análise historiográfica acontecimentos empíricos (e.g. a ascensão do nacionalismo) com tipos conceituais ideais analisados sob uma base epistemológica da teoria política (e.g. os conceitos de sonderweg e de nacionalismo, em suas diversas roupagens). Além disso, percebe-se a constante transposição entre as forças internas (e.g. os grupos políticos que assumiram o poder; a composição social da aristocracia junker) e internacionais (e.g. a guerra e a ameaça de outros Estados europeus) na formação da política externa.

KOCKA, 1988, p. 4 KOCKA, 1988, p. 3 23 KOCKA, 1988, p. 6 24 KOCKA, 1988, p. 5-6 25 WEHLER, 2001, p. 83-85 26 WEHLER, 2001, p. 87 21 22

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A sociedade internacional no centro da análise: a Escola Inglesa Enquanto na Alemanha desenvolvia-se corrente de pensamento historiográfico difuso e fragmentado, salvo pelo surgimento localizado de escolas de pensamento em alguns poucos centros de excelência, como a Universidade de Bielefeld, na Inglaterra verificou-se criação de verdadeira escola de pensamento coesa em história internacional27. Sob a liderança da LSE e do British Committee, diferentes historiadores, como Martin Wight, HebertButterfield, Hedley Bull, Adam Watson, desenvolveram pensamento relativamente coeso sobre os desenvolvimentos do sistema internacional, porquanto suas abordagens completaram-se mutuamente. Diferentemente da abordagem teórica americana, com a qual a inglesa é, de forma constante, comparada28, o modus operandi da Escola Inglesa possui clara matriz histórica29, o que a diferencia de abordagens que se pretendem generalistas e atemporais, como o realismo teórico de Kenneth Waltz30. Dessa forma, a Escola Inglesa formou-se por meio da adesão de historiadores anglófonos à proposta de entender as relações internacionais por meio de abordagem que fosse, ao mesmo, sistêmica, societária, multilateralista 31, sem deixar de avaliar as diversas possibilidades de relacionamento inter-estatal e as complexas realidades das crises e guerras inter- e transnacionais32. Percebe-se que a abordagem inglesa difere-se das propostas bielefeldianas, porquanto primam por considerar como unidades de análise os Estados westfaliano e suas formações prévias, como o faz Adam Watson no que se refere ao estudo das sociedades internacionais da antiguidade. Para os ingleses, o que determinaria a atuação das unidades estatais seria sua inter-relação com demais unidades políticas no sistema internacional anárquico, a qual poderia evoluir para uma sociedade internacional propriamente dita, definida por Hedley Bull (2002, p. 14) como “quando um grupo de estados (sic), conscientes de certos valores e interesses comuns, formam uma sociedade, no sentido de se considerarem ligados, no seu relacionamento, por um conjunto comum de regras, e participam de instituições comuns”. Dessa forma, elementos como a ênfase no papel dos Estados, a ênfase no papel poder nas relações internacionais, o papel de destaque dos interesses nacionais, a função reguladora das instituições internacionais33 (e.g. normas e regras compartilhadas, estruturas de integração europeia), a possibilidade de classificar as unidades políticas de acordo com seu poderio material34 são algumas das opções analíticas escolhidas pela Escola Inglesa e que marcam sua diferenciação tanto com relação à abordagem alemã aqui enfatizada quanto com relação à abordagem americana com a qual os ingleses são, erroneamente, mesclados.

FRANK, 2012, p. 31-32 COCKER, 2009, p. 67-69; DUNNE, 1998, p. 2-3 29 COCKER, 2009, p. 71 30 DUNNE, 1998, p. 5-6 31 COCKER, 2009, p. 72 32 DUNNE, 1998, p. 26 33 SARAIVA, 2010, p. 19 34 WIGHT, 2002, p.5-6 27 28

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Além disso, a Escola Inglesa, em especial no que concerne ao seu mentor, Edward Carr, buscou afastar o pensamento insular britânico da dicotomia entre utópicos e realistas 35, entre a ênfase na utopia ou na imutabilidade da realidade, antes enfatizada pelos primeiros estudiosos das relações internacionais e que teria resultado em quadro analítico pouco útil quando do período prévio à Primeira Guerra Mundial. Carr buscou, por meio de análise e de críticas às abordagens realista e utópica, criar uma via media36entre ambas, de modo que se considerasse o dilema pelo qual “não podemos nem moralizar a política, nem retirar o poder da política””37. Essa busca de uma via media foi retomada por Martin Wight, o qual retomou a análise de Carr e, partindo dela, constituiu a via racionalista38, cuja proposta era intermediar o conflito entre utopismo e realismo por meio de analogia com três maneiras de conceber-se a natureza internacional – katianismo, o grocianismo, o maquiavelismo39. Dessa forma, como destaca Tim Dunne (1998, p. 34), Carre Wightteriam, em seu anseio de criar a referida via media, conformado quadro teórico que permitiu a criação de conceito de sociedade internacional próprio, pelo qual os Estados se comportariam de acordo com certos limites distintivamente construídos de forma social. Essa forma de pensar demonstra outra característica intrínseca do arcabouço conceitual da Escola Inglesa, que a aproxima da abordagem bielefeldiana e a separa da visão da história diplomática de von Ranke e de lordActon: o comprometimento em criar quadros analíticos de utilidade prática para explicar a realidade tangível, porém ressalvando-se o viés valorativo40 e moral41 do conhecimento histórico.Isso conforma crítica à neutralidade científica, o que é, especialmente, claro nas análises de Martin Wight42 e de Herbert Butterfield43, os quais basearam suas análises societárias das relações internacionais em clara opção pela noção de liberalismo e de moralismo enraizadas na perspectiva cristã-ocidental de mundo. Para os autores ingleses, cujas análises partiriam as premissas fundadoras da abordagem analítica de Carr, Wight e Butterfiled, a sociedade internacional europeia, a qual se expandiu globalmente nos séculos XIX e XX44, estaria imbuída da moral e da ética cristãs. Esse elemento, mais uma vez, distingue a Escola Inglesa da abordagem bielefeldiana, a qual, apesar de inserida em contexto ocidental cristianizado, não explicita suas preferências valorativas, de modo a tentar manter-se sob a aura do cientificismo, enquanto os ingleses veem-se mais como “contadores de histórias” do que como cientistas 45 e criticam metodologias racionalistas que primam pela busca racional de leis comportamentais e de ação 46. Outra característica marcante da escola inglesa seria o estudo das grandes personalidades, por meio de biografias dos homens de Estado47, como Wiston Churchill e Neville Chamberlain. CARR, 2001, p. 12-13 DUNNE, 1995, p. 56 37 CARR, 2001, p. 100, tradução nossa 38 DUNNE, 1998, p. 54 39 DUNNE, 1998, p. 58 40 DUNNE, 1998, p. 15-17 41 COCKER, 2009, p. 75 42 DUNNE, 1998, p. 59 43 DUNNE, 1998, p. 81-82; SCHWEIZER, SCHUMMAN, 2008, p. 160-161 44 WATSON, 1992, p. 265 45 COCKER, 2009, p. 75 46 DUNNE, 1998, p. 186 47 SARAIVA, 2010, p. 17 35 36

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A incursão em temas cotidianos e na vida dessas personalidades seria uma maneira de incorporar à análise histórica a necessária agência humana que conduz as unidades políticas, característica que ressoa as preocupações de lordActon sobre a multidimensionalidade dos atores internacionais. Essa análise seria, grandemente, facilitada pela abertura dos arquivos diplomáticos britânicos, nas décadas de 1940 e de 1950, que ampliou o acesso a fontes primárias48.

Um mesmo objeto, diferentes conceitos: a Sociedade Internacional inglesa e a perspectiva societária da ciência social histórica alemã Conforme destacado na seção anterior, as abordagens analíticas desenvolvidas pela Escola de Bielefeld e pela Escola Inglesa apresentam características semelhantes marcantes, em especial no que concerne à ênfase em aspectos sociais e na busca constante de uma releitura epistemológica daquilo proposto pela velha história diplomática. Nesse sentido, ganham destaque duas perspectivas: a abordagem societária alemã e a sociedade internacional inglesa. Essas duas perspectivas foram, amplamente, utilizadas por autores propugnadores de ambas as Escolas de pensamento, de modo a resultar em duas maneiras distintas de analisar o mesmo objeto de estudos, qual seja, o contexto internacional e as relações inter-estatais. No que concerne à abordagem societária bielefeldiana, deve-se destacar, em primeiro lugar, que ela se baseia na já ressaltada ênfase na prevalência das forças internas sob a conformação da política externa. Essa é uma visão social dos acontecimentos internacionais, pela qual as relações internacionais decorreriam das forças internas de cada unidade política refletidas no ambiente internacional por meio da política externa. Nesse sentido, como lembra a análise de Kocka (1988), as relações sociais desenvolvidas internamente ao território alemão seriam um dos elementos que teriam levado à conformação de um sonderweg germânico, o qual motivou a ênfase em características excepcionais da cultura (Kultur) alemã e na necessidade de expansão ensejada pelos formuladores da política externa daquele país desde primórdios da Primeira Guerra Mundial. Essa interação entre os âmbitos interno e internacional, com as relações no segundo sendo gestadas pelas forças que compõem o primeiro, é o cerne da Ciência Social histórica (historischersozialwissenschaft) proposta por Wehler como parte da História Social (Gesellshaftsgeschichte)49.A sociedade interna, logo, seria motora da sociedade internacional, perspectiva que se diferencia da inglesa, pela qual a sociedade internacional seria gestada e consolidada pelas interações entre unidades políticas na configuração internacional anárquica. Embora tenha recebido influência marxista50, a Escola de Bielefeld não promove abordagem societária transnacional, pela qual a luta de classes e das relações inter-indivíduos seriam mais relevantes que aquelas praticadas pelos Estado-nação burgueses, conforme deixaram claro Karl Marx e Friedrich Engels sem seu Manifesto do Partido Comunista. A abordagem SARAIVA, 2010, p. 18-19 WEHLER, 1974 50 FLETCHER, 1984, p. 455 48 49

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societária bielefeldiana é mais ampla e abarca considerações relevantes e consagradas no estudo das Relações Internacionais, como a importância de analisar o Estado e a política externa. Confome lembra Matthias Schulz (2004, p. 2), a análise de pensadores como Jügen Kocka destacam aos interesses nacionais que cada grupo social leva à dimensão internacional. Os Estados, nesse sentido, funcionariam como “espartilhos” (Korsett), os quais conteriam os diferentes grupos sociais e os quais lhes dariam coerência em meio à dimensão internacional. A essa abordagem, cabe lembrar que a base ontológica da Escola Bielefeldiana parte do pressuposto de que as instituições e as estruturas constituem-se mutuamente. Dessa forma, as forças sociais internas de uma nação estariam incorporadas em uma estrutura social mais ampla, cujas características se modificariam de forma intermitente e cronologicamente variável, de acordo com as relações com as outras atividades humanas, como as atividades produtivas51. Essas forças seriam multidimensionais e abarcariam elementos como a economia, o direito e as regras, as percepções sobre sucesso e fracasso político. Dessa forma, segundo a análise das inter-relações entre estrutura e forças sociais delineada por ReinhartKosellec (1979) e utilizada, implicitamente, por autores como Hans-UlrichWehler e JügenKocka, elementos como a tradição e comportamento de grupos sociais teriam influência sobre concepções de médio e de longo prazo acerca do outro. As “constelações amigo-inimigo”52, em cujos âmbitos estariam os fatores que levariam à guerra ou à paz, podem ser consideradas construções sociais internamente constituídas capazes de levar, na dimensão internacional, as unidades políticas à paz ou à guerra. Ressalta-se que essa constelação amigo-inimigo, bem como as ideias de sonderweg, e de nacionalismo radical, entre outros, representam tipos ideias construídos pela ciência social e dentre os quais se localizaria a realidade empírica. Essa maneira de analisar a história, bastante característica da Escola de Bielefeld, possui certa semelhança com algumas abordagens inglesas. Isso pode ser verificado pela criação do conceito de “spectrum impérioindependência” desenvolvido por Adam Watson (1992, p. 13-16) para explicar os diferentes graus de autonomia e de hegemonia que as unidades políticas dominantes poderiam apresentar nos diversos sistemas internacionais constituídos no decorrer da história. Como o fizeram Kosellec, Wehler e Kocka no que toca ao estudo da política externa alemã, Watson tratou de criar teoria embasada na construção de tipos ideais de relação, os quais deveriam balizar a análise dos construtos reais empiricamente conformados. Diferentemente da abordagem alemã, a inglesa baseou-se na análise da sociedade internacional nos termos definidos por Bull, pelo qual a ênfase recaia nas unidades políticas estatais e nas relações de interesse, poder, interdependência, e mútuo reconhecimento entre elas. A sociedade internacional relacionar-se-ia por meio do reconhecimento da mútua diferença e da busca por consenso em questões-chave no âmbito normativo53. Dessa forma, por meio da antropomorfização do Estado, o social referir-se-ia às interações entre unidades políticas, não entre grupos sociais. Haveria, portanto, uma divergência no que concerne às unidades de análise propostas pelos historiadores da Escola Inglesa e por aqueles da Escola de Bielefeld, não obstante semelhanças no que concerne ao reconhecimento da mútua agência que molda a relação entre KOSELLEC, 1979, p. 147 KOSELLEC, 1979, p. 147-148 53 DUNNE, 1998, p. 190 51 52

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sociedade internacional e atores estatais. Assim, ambas as escolas reconhecem o papel das estruturas e das instituições no que tange ao ato de moldar as estruturas sociais analisadas. Elas diferem-se, contudo, no que se refere à definição da unidade de análise por meio da abordagem utilizada para o “social”. Enquanto os ingleses acreditam que o social se refere {s relações entre diferentes Estados, tratados como indivíduos, os historiadores de Bielefeld estudam as diferentes forças sociais advindas de grupos de indivíduos delimitados, na estrutura da dimensão internacional, pelos limites do Estado-nação e de sua política externa. Em termos de metáfora, poder-se-ia dizer que os ingleses estudam “caixas pretas” 54 conformadas pelos Estados, ao passo que os historiadores de Bielefeld estudam forças sociais envoltas em “espartilhos”, as quais se relacionam mutuamente em meio { estrutura internacional.

Conclusão Apesar de possuírem origens similares na crítica e na adaptação da história diplomática de Leopold Von Ranke e de lord Acton aos novos desígnios dos séculos XX e XXI, as escolas inglesa e de Bielefeld desenvolveram abordagens distintas no que concerne o entendimento das relações sociais em âmbito internacional. Essa diferença analítica pode ser traçada desde as origens de ambas as escolas as quais foram, consideravelmente, diversas. Enquanto a Escola Inglesa formou-se em meio a certo continuísmo teórico e organizacional, porquanto se desenvolveu, na Grã-Bretanha, tradição acadêmica alastrada nos trabalhos de estudiosos da LSE e da Universidade de Cambridge, como Edward Carr e Martin Wight, e nos esforços de sistematização e renovação do conhecimento propugnadas pelo British Committee; na Alemanha unificada não se formou tradição acadêmica coesa. Formaram-se, pelo contrário, diversas escolas de pensamento histórico e metodológico pouco coerentes, como as escolas de Hanover, Baden, Marburg, Frankfurt, porém que dialogavam entre si. Desse diálogo, surgiu, na Universidade de Bielefeld, a tentativa de conformação de tradição historiográfica coerente, que abarcasse tanto o estudo de empiria histórica quanto de tipos ideais construídos pelas ciências sociais, em especial a ciência política. Em ambas as escolas, a Escola Inglesa e a Escola de Bielefeld, verificou-se surgimento de abordagem social para as relações internacionais, porém com diferença de ênfase e de unidade de análise. Ambas desenvolveram modo de pensamento pelo qual as estruturas internacionais influência a conformação de relação social entre os Estados, porém, enquanto a primeira entende os Estados como unidades autônomas, a segunda entende-os como conjunto de forças sociais pelo qual grupos internos explicitam suas preferências, interesses, formas de relação, entendimentos de mundo.

Metáfora utilizada por autores como Kenneth Waltz para descrever o sistema internacional. Embora, como já afirmado, a classificação da Escola inglesa como realista seja, demasiadamente, simplista e pouco coerente com a realidade da diversidade existente nessa Escola, a met|fora das “caixas pretas” parece ser ilustrativa para os propósitos comparativos aqui explorados. Deve-se lembrar, contudo, que, para Escola Inglesa, essa caixa é corriqueiramente aberta e estudada, por exemplo, quando dos estudos biográficos realizados pelos autores – o que não ocorre no que concerne aos teóricos realistas das relações internacionais. 54

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Buscou-se aqui apresentar, dessa forma, o surgimento de diferentes abordagens societárias para o estudo das relações internacionais. Não se quis enfatizar qualquer um dos dois, tampouco apresentar primazia de um pelo outro, mas demonstrar que percepções de mundo diferentes podem emergir em contextos distintos, no centro e na periferia acadêmica. Ambas as abordagens possuem relevância e podem iluminar distintas facetas do sistema internacional, a depender dos desígnios e objetivos perseguidos pelo pesquisador.

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