A Aplicação do Design Instrucional na Educação Corporativa: uma Proposta para o Exército Brasileiro

June 15, 2017 | Autor: Ana Paula Figueiredo | Categoria: Instructional Design
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XII - Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Salvador/BA, 31.08.2015 – 03.09.2015 UNIREDE

A Aplicação do Design Instrucional na Educação Corporativa: uma Proposta para o Exército Brasileiro Alfredo de Oliveira Júnior1, Ana Paula Silva Figueiredo2 1

Exercito Brasileiro, [email protected]

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Universidade Federal de Itajubá/IRN/NEaD, [email protected]

Resumo – O planejamento de cursos para a educação a distância se vale dos recursos que o designer instrucional dispõe para a sua realização. Na educação corporativa esta modalidade alcança espaços significativos suplantando as dificuldades de treinamento e formação decorrentes das distâncias onde estão as unidades da corporação, o que acontece com o Exército Brasileiro. Para a capacitação dos militares que estarão à frente das Delegacias de Serviço Militar o uso da EaD (Educação a distância) permite uniformizar as instruções criando agilidade nas atividades destes órgãos que estão espalhados por muitos municípios brasileiros. Este trabalho apresenta as ferramentas de planejamento do Estágio Básico de Serviço Militar que deverá ser oferecido no âmbito do Exército Brasileiro. Palavras-chave: Design instrucional; educação corporativa; Educação a distância; Serviço Militar; Exército Brasileiro.

1. Introdução A criação de cursos virtuais eficazes requer uma nova forma de planejar aulas e conteúdos. Não se trata tão somente em transpor o modelo presencial encontrado nas escolas modernas para ambientes informatizados de mediação. A Educação a Distância (EaD) exige nova postura dos professores, deixando de ser transmissores do saber e figura central do processo para assumir um papel de facilitador da aprendizagem do aluno. A linguagem adotada nas mídias é repensada, trazendo uma nova forma de diálogo entre o material e seu usuário. Estes aspectos e muitos outros são conseguidos com a adoção de um design instrucional eficiente, conduzido por uma gama de profissionais de diversas áreas do conhecimento. A atuação sinergética dos membros da equipe multidisciplinar possibilita a elaboração de projetos didáticos consistentes, capazes de implementar cursos que promovam a autonomia, a colaboração na construção do conhecimento individual e a motivação. Com estas ideias em mente, o presente artigo se propõe a demonstrar, por meio do relato de uma experiência, a aplicabilidade do design instrucional no planejamento e implementação de um estágio de treinamento institucional no âmbito do Exército Brasileiro. O texto inicia-se com algumas considerações sobre a EaD e as 1

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características do design instrucional como metodologia para a concepção de cursos on line. O objetivo é fazer a ambientação do leitor com o tema em estudo. A seguir será apresentado o projeto do Estágio Básico de Serviço Militar, iniciativa criada para a capacitação de militares no exercício do controle e fiscalização das atividades de alistamento e mobilização de recursos humanos nos municípios do território nacional. As fases do planejamento e as justificativas para as decisões de projeto tomadas serão abordadas clara e objetivamente. A sessão seguinte explanará sobre os recursos instrucionais usados para viabilizar o curso, centrados no Mapa de Atividades e no Storyboard. Exemplos da implementação destas ferramentas, retirados do design instrucional do Estágio Básico de Serviço Militar, ilustrarão as ideias apresentadas. 2.

O design instrucional aplicado em cursos de educação a distância – algumas considerações

A definição de EaD depende do enfoque com que pesquisadores abordaram a questão. Apesar da maioria fazer referência ao uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC) e à separação espaço-temporal entre os agentes do processo ensino aprendizagem, uma em especial encontra-se alinhada com os propósitos da presente obra. “Educação a distância é um método de transmitir conhecimento, competência e atitudes que é racionalizado pela aplicação de princípios organizacionais e de divisão do trabalho, bem como o uso intensivo de meios técnicos, especialmente com o objetivo de reproduzir material de ensino de alta qualidade, o que torna possível instruir o maior número possível de estudantes, ao mesmo tempo, onde quer que eles vivam”. (PETERS, 1983 apud BELLONI, 2003, p. 27, grifo nosso).

A definição apresentada traz em evidência dois aspectos fundamentais aplicáveis à EaD. O primeiro diz respeito à necessidade da aplicação de princípios de planejamento e gestão na elaboração de cursos virtuais. A adoção de esquemas e modelos usados em sala de aula presencial, neste contexto, não surte o efeito necessário em termos de efetivação da aprendizagem. O aluno tem a liberdade de escolher o momento destinado ao seu estudo, significando que em certas ocasiões ele poderá estar sozinho no ambiente. A comunicação assíncrona assume papel de relevância na manutenção do diálogo e do senso de pertencimento ao grupo. As mídias empregadas devem “conversar” com o indivíduo, suprindo a palestra do professor nas aulas presenciais, e com linguagem acessível de modo a permitir a compreensão dos conteúdos ensinados. A portabilidade dos recursos pedagógicos entre as duas modalidades de ensino somente será possível com a utilização de métodos e procedimentos sistematizados e bem definidos. O design instrucional surge como uma proposta de estruturação do processo elaborativo de cursos virtuais. Filatro (2008, p. 3) o define como sendo a ação 2

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sistemática e intencional de ensino, que envolve o planejamento e aplicação de métodos, técnicas e recursos diversos para a promoção da aprendizagem humana. Fundamenta-se em três áreas principais do conhecimento: no campo das ciências humanas, nas psicologias do comportamento, desenvolvimento humano, social e cognitiva; no campo das ciências da informação, nas técnicas de comunicação, mídias audiovisuais, gestão da informação e ciência da computação; e no campo das ciências da administração, na abordagem sistêmica, gestão de projetos e engenharia de produção. Ainda sob a concepção de Filatro (2008, p. 25), o design instrucional corresponde a um processo desenvolvido de acordo com o modelo ADDIE, reconhecido e aceito mundialmente. O anagrama ADDIE representa as fases de Análise, Desenvolvimento, Projeto, Implementação e Avaliação (na língua inglesa: Analysis, Design, Development, Implementation e Evaluation). As atividades de design instrucional são realizadas em cinco etapas distintas, separando-se a concepção da execução. Na fase de concepção do curso tem-se a etapa de Análise, que busca o entendimento do problema educacional a ser tratado. Conforme Filatro (2007, p. 119), o estudo do contexto abrange a identificação das necessidades de aprendizagem, a definição dos objetivos instrucionais, a caracterização dos alunos e o levantamento de restrições. A etapa de Design, por sua vez, corresponde ao planejamento e desenho da situação didática propriamente dita. São procedimentos realizados na etapa o: “[…] mapeamento e sequenciamento dos conteúdos a serem trabalhados, a definição das estratégias e atividades de aprendizagem para alcançar os objetivos traçados, a seleção de mídias e ferramentas mais apropriadas e a descrição dos materiais que deverão ser produzidos para a utilização por alunos e educadores”. (FILATRO, 2008, p. 26).

A etapa de Desenvolvimento encerra a fase de concepção do projeto e se caracteriza efetivamente pela produção dos recursos e mídias planejados. Nesta oportunidade ainda é procedida a configuração e montagem do ambiente do curso no AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem) e a preparação dos suportes didático, tecnológico e administrativo. A fase de execução engloba as duas últimas etapas do modelo ADDIE. Na Implementação os meios didáticos e pedagógicos são postos em movimento pelos atores do processo pedagógico. É onde a aprendizagem ocorre propriamente, por meio da interação entre alunos e educadores, com a mediação da tecnologia. Conforme cita Filatro (2007, p. 128), “[...] o envolvimento das pessoas com o design instrucional é que dá vida ao processo de ensino-aprendizagem. De nada adiantam planos excelentes ou materiais instrucionais de alta qualidade se as pessoas […] não estão auto direcionadas para ensinar e para aprender”.

Na etapa de Avaliação o projeto instrucional é medido quanto à sua efetividade, tanto em termos de solução pedagógica quanto em relação aos 3

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resultados alcançados pelos discentes. Fornece elementos para o planejamento de novas estratégias a serem adotadas, ou ratificação das que estão em uso. O segundo aspecto da EaD presente na definição adotada para este trabalho evidencia a necessidade da participação de uma equipe multidisciplinar no processo de planejamento. Construir objetos educacionais, formatar textos preexistentes para impressos com linguagem dialógica, roteirizar e dirigir a elaboração de recursos audiovisuais, dentre outras tarefas requeridas, exigem profissionais especializados em diversas áreas do conhecimento. Dentre os membros desta equipe, o designer instrucional (DI) assume papel de destaque. De acordo com Filatro (2007, p. 135), este profissional é aquele responsável por planejar, desenvolver e aplicar métodos, técnicas e atividades de ensino a fim de facilitar a aprendizagem. Ainda segundo a autora, ele ainda se responsabiliza pela análise de necessidades, pelo design e desenvolvimento, e pela validação das propostas de DI, apoiado por especialistas em tecnologia e administração. Depreende-se que o designer instrucional assuma um papel de coordenação e liderança no âmbito da equipe. Os demais integrantes são listados por Gorgulho Júnior (2012, p. 13), onde destaca o conteudista como o responsável por fornecer o conhecimento que os alunos irão aprender. Professores formadores, tutores, revisores, fotógrafos, designers gráficos, web designers, animadores e profissionais de vídeo e som formam o conjunto dos demais especialistas responsáveis pela condução dos projetos. Com base no que foi exposto, a comunicação entre os integrantes da equipe multidisciplinar, fundamental para que o projeto de desenvolva sem atrasos e contratempos, deve ser clara e objetiva. O uso de documentos de apoio formatados de modo a conter todas as informações requeridas para os trabalhos de design ganha importância no contexto do planejamento, e devem ser intensamente utilizados. Assim se espera do DI o pleno domínio de tais recursos instrucionais.

3. Aplicação do design instrucional no Estágio Básico de Serviço Militar 3.1. Considerações sobre a proposta e desdobramento da elaboração do curso A Lei Federal nº 4.375, de 17 de agosto de 1964, conhecida como a Lei do Serviço Militar, estabelece em seu artigo 2º que todos os brasileiros são obrigados ao serviço militar, exceção feita às mulheres de acordo com o parágrafo 2 do mesmo artigo. Com base neste dispositivo, anualmente os jovens do sexo masculino, no ano em que completam 18 anos, são obrigados a se alistarem nas Forças Armadas, em todo o território nacional. Uma estrutura composta pelos órgãos de serviço militar do Exército Brasileiro foi estabelecida para esta finalidade, de acordo com o artigo 9º da mesma legislação. Dentre estes elementos figura a Junta de Serviço Militar, um órgão estabelecido pelas prefeituras municipais, utilizando servidores nomeados para a 4

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sua devida operacionalização. São nas juntas de serviço militar que o jovem cidadão comparece para realizar seu alistamento. Outro órgão de grande relevância no sistema é a Delegacia de Serviço Militar. Sua função é coordenar e fiscalizar os trabalhos relativos ao alistamento e a mobilização de recursos humanos, atuando diretamente sobre as juntas de serviço militar. Anualmente são procedidas nomeações para o cargo de Delegado de Serviço Militar mediante rigoroso critério de seleção estabelecido pelo Comando do Exército. As publicações que listam os nomes dos militares nomeados se tornam conhecidas em meados de junho e julho de cada ano, sendo que a posse do cargo ocorre nos meses de dezembro a fevereiro, salvo casos excepcionais. O processo não segue critérios de regionalidade onde o militar nomeado se encontra servindo. Por exemplo, um tenente que trabalha em um batalhão de infantaria de selva, na Região Amazônica, pode ser nomeado delegado de serviço militar de um município localizado a serra gaúcha. Uma grande dificuldade encontrada por estes militares reside na falta de conhecimento prévio sobre o Serviço Militar em sua plenitude. Conforme observouse, sua execução se dá nos municípios e não nas unidades do corpo de tropa das Forças Armadas. Os futuros delegados de serviço militar, ao longo de sua carreira profissional, travaram contato apenas com o produto final do processo, ou seja, o jovem incorporado nos quarteis para o período de serviço militar obrigatório de um ano, como soldados incorporados. Ao assumirem o cargo se deparam com uma situação totalmente nova e desconhecida, despendendo assim tempo para aprender as novas rotinas de trabalho, com as mesmas em andamento. Muitas vezes ocorrem erros e atrasos nos procedimentos, ocasionando prejuízos ao cidadão. Com base no contexto exposto, e levando-se em conta a impraticabilidade da promoção de cursos presenciais de capacitação e as potencialidades oferecidas pela EaD, foi concebido o projeto do Estágio Básico de Serviço Militar. A proposta do Estágio é fornecer os subsídios teóricos a respeito do Serviço Militar aos delegados nomeados antes que assumam efetivamente o cargo. O planejamento prevê a exposição de conteúdos gerais sobre o tema, permitindo ao aluno, neste caso o militar, adquirir conhecimento sobre os principais fundamentos, termos e conceitos pertinentes. Concluída esta etapa, novos conteúdos serão apresentados, estes voltados para as rotinas encontras no âmbito das delegacias de serviço militar. Por fim os alunos serão contextualizados nas demais atribuições que o cargo demanda. A primeira fase do projeto instrucional para o Estágio foi a elaboração de um Checklist visando levantar os principais dados requeridos para o planejamento. Dentre os aspectos pesquisados estão a caracterização do público-alvo, as questões administrativas e de recursos materiais, as dimensões do projeto pedagógico, a forma como será programada a disponibilização do Estágio e os mecanismos de avaliação a serem adotados.

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Concluída a etapa, chegou-se a determinação de que o Estágio fará uso da estrutura física e de pessoal pertencente ao Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx). Este órgão é responsável pela criação, implementação e hospedagem de cursos virtuais, contando com infraestrutura tecnológica e equipe de profissionais capacitados em dar todo o suporte ao projeto. O AVA institucional EBAula, criado sobre a plataforma Moodle e gerenciado pelo Departamento, será utilizado para viabilização do Estágio, o que facilitará a ambientação dos alunos. Terminada a fase de análise das informações colhidas, começou-se a confecção dos instrumentos necessários para a coordenação de ações dentro da equipe multidisciplinar. Dentre os recursos instrucionais elaborados cita-se o Mapa de Atividades, onde a estruturação das aulas e unidades didáticas tomou forma. A confecção de um Storyobard para roterização e divulgação de informações também foi necessário, visando auxiliar na montagem de objetos de aprendizagem. 3.2. A formação continuada no contexto do curso O Estágio Básico de Serviço Militar foi projetado com carga horária total de 50 horas, dividido em 5 unidades didáticas e com duração de 25 dias úteis. É requerido ao aluno a disponibilidade o mínimo de 2 horas diárias para seu estudo. Não estão previstos encontros presenciais. A primeira aula trata dos principais conceitos e características do Serviço Militar, trazendo fundamentação aos demais conteúdos do curso. A aula 2 apresenta a estruturação do Serviço Militar no âmbito do Exército Brasileiro. A aula 3 discorre sobre as peculiaridades do Alistamento Militar, atividade que os militares exercerão plenamente no exercício do cargo de Delegado de Serviço Militar. A operação do sistema corporativo de Serviço Militar (SERMIL) é a proposta da aula 4. Finalizando o Estágio, a aula 5 abordará em detalhes a estrutura e funcionamento das circunscrições, delegacias e juntas de serviço militar. Muito embora haja a predominância do uso de materiais impressos, outras mídias foram planejadas para atender aos diversos estilos de aprendizagem dos alunos do curso. Vídeos, objetos de aprendizagem interativos e jogos educacionais são exemplos desta prática.

4. Recursos de design 4.1. Mapa de Atividades O mapa de atividades é um recurso de planejamento do designer instrucional. Ele é apresentado em forma de tabela, e em suas linhas detalha o planejamento de cada aula enquanto que nas colunas permite visualizar o planejamento total do curso. Os mecanismos de acompanhamento do aluno por parte dos professores e tutores para a análise do seu desempenho, a estrutura das avaliações, com as notas e respectivos pesos, bem como informações relevantes aos conteudistas, também estão presentes neste instrumento. É uma tabela de dupla entrada, onde as linhas 6

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correspondem à descrição das aulas, e as colunas representam os elementos estruturantes do curso. “Cada linha refere-se a uma aula ou módulo, dividida em 6 colunas: […] Na primeira, segunda e terceira colunas temos informações referentes ao cronograma, carga horária e unidade a que se refere a aula. Já a quarta coluna estabelece os objetivos específicos da aula e devem ser redigidos de modo que ao final da mesma o professor possa verificar se o aluno atingiu ou não aquele objetivo, deste modo, mostra que os objetivos devem estar centrados no aluno. As colunas finais (5 e 6) são muito importantes, pois na coluna 5 estão estabelecidas em ordem as atividades ditas teóricas, ou seja, aquelas que fornecerão subsídios de conteúdo aos alunos; e na última estão planejadas as atividades práticas, durante as quais os alunos irão desempenhar alguma atividade, de modo ativo”. (MATTA; FIGUEIREDO, 2012, p. 8).

O Quadro 1 a seguir foi tirado do Mapa de Atividades do Estágio Básico de Serviço Militar, retratando a terceira aula do curso. Este quadro representa a quarta aula e é um extrato do curso virtual denominado Estágio Básico de Serviço Militar. Ao chegarem nesta aula os alunos militares já terão percorrido 30 horas do curso. Aqui os cursistas desenvolvem operações no SERMIL e as registra em um arquivo para posterior avaliação. Este registro mostra ao avaliador se o aluno conseguiu efetuar as averbações e consultas de forma correta neste sistema. Note-se que em termos de objetivos específicos as atividades estão no nível do conhecimento e compreensão. Segundo Spindler (2015) o nível conhecimento pode ser subdividido em conhecimento fatual, conceitual, procedural e metacognitivo. Esta classificação faz parte de uma revisão da Taxonomia de Bloom apresentada pelo autor. Enquanto os objetivos específicos a, b e c do quadro 1 são de conhecimento procedural, o objetivo específico d se eleva na escala cognitiva da classificação pela Taxonomia de Bloom, o nível compreensão, na qual o aluno constrói o significado de seu conhecimento. Neste caso o cursista interpretará os relatórios emitidos pelo SERMIL

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Quadro 1 – Aula 4 do Estágio Básico de Serviço Militar Aula/ Semana

Aula 04

Atividades teóricas e mídias/ferramenta s de EaD

Unidade Sub-unidades Objetivos (Tema (Sub-temas) Específicos Principal)

IV – Operação 10 do horas SERMIL. 05 dias

Atividades práticas e mídias/ferramentas de EaD

Atividade 19: Discussão sobre o tema “Vantagens e desvantagens do alistamento militar na Internet”. a. Executar a Atividade 17: inclusão de Apresentação sobre Ferramenta: Fórum. Avaliativa: Sim 1. dados dos o SERMIL. (FORMATIVA). Peculiaridades alistados; Ferramenta: Valor: 10 – Peso: 1. do sistema; b. Executar a Página. Duração: 5 dias. 2. Cadastro de alteração dos Mídia: alistados. dados dos Apresentação 3. Consulta alistados; (PPT). Atividade 20: Com base aos dados dos c. Executar a nas informações alistados. consulta a Atividade 18: apresentadas, o aluno 4. Alteração dados dos Leitura do Manual deverá proceder as devidas de dados de alistados; do Usuário do averbações e consultas no alistados. d. Interpretar SERMIL. sistema (modo de 5. Relatórios. os relatórios Ferramenta: treinamento) emitidos pelo Página. Ferramenta: Tarefa. sistema. Mídia: Arquivo PDF. Mídia: Arquivo PDF. Avaliativa: Sim (SOMATIVA). Valor: 10 – Peso: 4. Duração: 5 dias.

O Projeto foi desenvolvido sob a perspectiva da teoria sócio-interacionista de Vygotsky, que demonstra a importância da interação social no desenvolvimento humano. Neste caso os alunos são convidados a participar do fórum de discussão onde poderão compartilhar seus saberes adquiridos após as operações no SERMIL. De acordo com Moreira (2014, p. 107), Vygotsky busca explicar o desenvolvimento cognitivo do indivíduo fazendo referência ao contexto social e cultural onde ele ocorre. A interação com o meio em que vive o aluno é, portanto, o veículo fundamental para a transmissão dinâmica do conhecimento. A base desta concepção pedagógica reside na constante interação entre os atores do processo de aprendizagem para que ocorra a efetiva aquisição de conhecimento. O processo de avaliação se dará em três momentos distintos ao longo do curso. Ao início de algumas das aulas previstas será procedida uma avaliação diagnóstica, com a finalidade de identificar os conhecimentos prévios dos alunos e lacunas existentes nos mesmos. Com o andamento das atividades, avaliações formativas são incorporadas para a averiguação gradativa da aprendizagem. Na aula 4 os alunos fazem duas avaliações, com caráter somativo e formativo. As avaliações somativas são utilizadas para determinar se a aprendizagem efetivamente ocorreu, em cumprimentos dos objetivos educacionais propostos para 8

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o curso, como a correta averbação e análise dos relatórios apresentados desta aula.

4.2.

Storyboard

O outro recurso de design que foi utilizado na produção do Estágio Básico de Serviço Militar é o Storyboard. O propósito para a adoção deste recurso consiste no apoio à produção de objetos de aprendizagem que envolvam animações e que permitam ao aluno o controle do fluxo de navegação para a exploração do conteúdo didático. Segundo Filatro (2008, p. 60) “quando um produto multimídia envolve muita interação e animação, a descrição textual pode ser insuficiente para representar a síntese dos vários elementos que precisam ser visualizados. Assim, na fase de préprodução, anterior ao desenvolvimento do produto propriamente dito, o storyboard (SB) funciona como uma série de esquetes (cenas) e anotações que mostram visualmente como a sequência de ações deve se desenrolar”. A Figura 1 mostra o SB de um AO que apresentará a Divisão Territorial da 11ª Circunscrição de Serviço Militar, atividade presente na aula 3. O campo superior do Storyboard contém informações relativas ao título do objeto, identificação do autor, número da tela e data de criação. Na sua parte central são dispostos os elementos de conteúdo, como texto, vídeos e imagens. Ícones de navegação também fazem parte do referido espaço. Na parte lateral da tela estarão as informações de produção para cada um dos membros da equipe multidisciplinar (ilustradores, conteudistas, programadores, dentre outros) responsáveis pelo recurso educacional, permitindo uma comunicação clara e eficiente do que se espera da versão final do objeto.

Figura 1 – Storyboard proposto do AO Divisão Territorial da 11ª CSM.

5. Considerações finais O presente artigo se propôs a demonstrar a aplicabilidade dos recursos de design instrucional no contexto do planejamento de um curso virtual corporativo. A EaD 9

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surge como importante instrumento para a promover a educação continuada para profissionais dispersos em todo o País, com redução significativa dos custos operacionais e prejuízos para as rotinas diárias de trabalho. Dentre os recursos disponíveis, o Mapa de Atividades e o Storyboard assumem papel de destaque. Estes instrumentos facilitam a comunicação interna dentro da equipe multidisciplinar responsável pelo projeto, comunicando a todos os participantes os propósitos e intenções do designer instrucional quanto à concepção do curso virtual.

Referências PETERS, O. Distance teaching and industrial production: a comparative interpretation in outline. Londres: Croomhelm, 1993. BELLONI, M.A. Educação a distância. Campinas: Editores Associados, 2003. 115 p. FILATRO, A. Design instrucional contextualizado: educação e tecnologia. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2007. 215 p. _____. Design instrucional na prática. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2008. 170 p. GORGULHO JÚNIOR, J.H.C. O designer instrucional e a equipe multidisciplinar. Itajubá: Editora Storbem, 2012. 126 p. BRASIL. Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964. Lei do Serviço Militar. Brasília. Diário Oficial da União, 1964. MATTA, C.E.; FIGUEIREDO, A.P.S. Planejamento de disciplinas virtuais utilizando recursos de design instrucional: uma aplicação na engenharia. Disponível em http://www.abenge.org.br/CobengeAnteriores/2012/artigos/103875.pdf. Acesso em 25 de junho de 2015. MOREIRA, M.A. Teorias de Aprendizagem. São Paulo: E.P.U., 2014. 246 p. RESENDE, R.L.S.M. Fundamentos teórico-pedagógicos para a EAD. Disponível em http://www.abed.org.br/congresso2005/por/pdf/055tcb5.pdf. Acesso em 25 de junho de 2015. SPINDLER, M. Collaborative Analysis and Revision of Learning Objectives. NACTA Journal, Junho 2015.

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