A APRENDIZAGEM COOPERATIVA (AC) COMO POSSIBILIDADE METODOLÓGICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA PARA O TRABALHO COM TURMAS HETEROGÊNEAS

June 4, 2017 | Autor: V. Fialho Capellini | Categoria: Cooperatives, Basic Education, Metodologias, Educação básica
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A APRENDIZAGEM COOPERATIVA (AC) COMO POSSIBILIDADE METODOLÓGICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA PARA O TRABALHO COM TURMAS HETEROGÊNEAS Article · January 2015

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A APRENDIZAGEM COOPERATIVA (AC) COMO POSSIBILIDADE METODOLÓGICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA PARA O TRABALHO COM TURMAS HETEROGÊNEAS Márcia Miranda Silveira Bello – UNESP – [email protected] Vera Lúcia Messias Fialho Capellini – UNESP – [email protected]

1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas inúmeras políticas públicas educacionais e assistenciais foram criadas com o objetivo de ampliar o acesso à educação a todas as crianças em idade escolar e garantir a permanência dos alunos na escola. Essas políticas têm alterado significativamente a composição das salas de aula nas escolas brasileiras colocando ao professor o desafio de ensinar para turmas cada vez mais heterogêneas. Segundo Díaz-Aguado (2000) esse contexto heterogêneo no qual precisamos aprender a nos relacionar faz parte de uma gama de mudanças de grande amplitude que a sociedade atual apresenta e que necessitam de inovações educativas de magnitude semelhante. É notório, porém, que de maneira geral nas instituições escolares de nosso país ainda predominam metodologias tradicionais que objetivam o ensino de maneira homogênea, considerando os alunos iguais em sua forma de aprender. Essas

metodologias

vigentes,

normalmente

pautadas

em

práticas

competitivas ou individualistas, além de proporcionar a exclusão escolar de muitos alunos, não desenvolvem nos mesmos as habilidades necessárias para aprender a conviver em ambientes heterogêneos. Já há algum tempo em outros países trabalha-se com uma perspectiva metodológica denominada Aprendizagem Cooperativa (AC) que permite ao professor oferecer maior autonomia intelectual e iguais oportunidades de aprendizagem a todos os alunos (LOPES; SILVA, 2009). Slavin (1999) acredita que a AC oferece alguns benefícios com relação às metodologias vigentes, entre elas o aumento do sucesso acadêmico dos alunos, a melhora de suas relações interpessoais e de sua autoestima, e uma melhor aceitação de alunos com dificuldades de aprendizagem pelo restante da turma. Estudos apontados por Johnson, Johnson e Smith (2000) comprovam a eficácia dessa perspectiva metodológica em diversos contextos, demonstrando que essa metodologia pode ser uma ferramenta importante para que o professor contemple as demandas da educação atual.

A AC se baseia no uso sistemático do trabalho em equipe dentro da sala de aula com o objetivo de articular os membros de um grupo heterogêneo para atingirem uma meta comum, de forma que essa meta não possa ser alcançada sem que haja a participação efetiva de todos (JOHNSON; JOHNSON; SMITH, 2000; LOPES; SILVA, 2009). Assim, a turma de alunos é dividida em equipes heterogêneas menores, que são preferencialmente organizados pelo professor, onde cada aluno é responsável não apenas pela sua aprendizagem, mas pela aprendizagem de todos os membros. Embora o trabalho em grupo não seja nenhuma novidade para os professores, o diferencial da AC é o fato de, por meio de um planejamento de ações e controle de variáveis, ser possível proporcionar uma experiência de interação capaz de desenvolver habilidades sociais inerentes ao trabalho cooperativo, como a responsabilidade individual e a cooperação. Alguns autores, como afirmam Lopes e Silva (2009), consideram que existem perspectivas teóricas que podem explicar a eficácia obtida pelo uso da AC em sala de aula. São elas: 1) a perspectiva motivacional, que defende que os alunos se sentem motivados a se esforçar para aprender e para ajudar os demais membros do grupo, já que o sucesso do grupo depende da aprendizagem de todos; 2) a perspectiva da coesão social, que defende que o grupo se une em torno de um objetivo comum, 3) as perspectivas cognitivas, de desenvolvimento e de elaboração, que defendem que os alunos aprendem mais em interações uns com os outros por razões relacionadas a seus processos mentais (LOPES; SILVA, 2009). Além disso, essa metodologia altera significativamente o papel do professor em sala de aula, que deixa de controlar sozinho os alunos e todo o processo de ensino-aprendizagem e passa a partilhar com eles o controle da aula, dando lhes mais autonomia e protagonismo. Ao partilhar com os alunos o controle da aula, a aprendizagem cooperativa permite e exige que o professor realize novas atividades, além das que habitualmente aplica em outras formas de aprendizagem (explicar, perguntar e avaliar) que, por si mesmas, melhoram sua interação com os alunos e a qualidade pedagógica, tornando-se imprescindíveis em contextos heterogêneos [...] (DÍAZAGUADO, 2000, p. 143).

2. METODOLOGIA

O presente trabalho é fruto da intervenção pedagógica que está sendo realizada durante o curso de Mestrado Profissional pelo Programa de Pós-graduação em Docência para Educação Básica da Universidade Estadual Paulista



Unesp/Bauru. A intervenção tem como objetivo geral constatar se o uso da AC em uma sala de aula de Ensino Fundamental I acarreta melhoria na aprendizagem dos alunos independente de suas diferenças. Nessa perspectiva colocaram-se como objetivos específicos: 1) implementar a AC em uma sala de aula de uma Escola Municipal de Ensino Fundamental I; 2) constatar e discutir os limites e possibilidades do uso da AC na realidade educacional alvo da intervenção; 3) elaborar um material técnico onde se disponha, para o professor de Educação básica, orientações e direcionamentos sobre o uso da AC em sala de aula. Foi escolhida uma turma de 4º ano de uma Escola Municipal de Ensino Fundamental I na cidade de Pederneiras/SP para público alvo dessa intervenção por conveniência do local de trabalho da pesquisadora. Inicialmente está se realizando uma pesquisa-observação com a turma, onde, por meio de itens previamente estabelecidos, estão sendo observadas e levantadas as características da turma e as necessidades individuais dos alunos. Paralelamente está sendo feita uma pesquisa qualitativa do tipo bibliográfica em obras e publicações científicas sobre AC na literatura estrangeira e nacional, além de um estudo sobre as diferentes técnicas usadas para se implantar a AC. Esses dados serão confrontados para selecionar quais técnicas podem ser mais adequadas para a intervenção. Será escolhida a seguir uma disciplina de acordo com as prévias observações feitas sobre a turma, onde as intervenções com AC serão realizadas semanalmente. Todas as intervenções serão planejadas em Planos de aula seguidos do registro de todas as atividades desenvolvidas e das observações realizadas. Esse material, juntamente com planilhas/tabelas avaliativas que permitam mensurar a melhoria da aprendizagem dos alunos, serão a base para analisar os limites e as possibilidades do uso da AC na sala de aula. Para tal serão utilizadas planilhas e tabelas sugeridas por Maset (2003), entre outras elaboradas ao longo da pesquisa. Definidos esses limites e respondida a questão de pesquisa, far-se-á fundamental compartilhar com outros professores as descobertas realizadas por esse trabalho. Para tanto, será elaborado um material técnico que contenha orientações para o uso da AC na Educação básica.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O projeto de intervenção encontra-se em sua fase inicial de aplicação, sendo os dados parciais ainda de pouca abrangência. Entretanto já é possível perceber que os alunos apresentam as mais variadas características de aprendizagem, como diferentes níveis de leitura e compreensão de texto, diferentes níveis de compreensão e domínio do sistema convencional de escrita, diferentes níveis de compreensão e domínio do sistema numérico decimal, diferentes habilidades artísticas, lógico-matemáticas, de relações interpessoais entre outras. Foi possível observar também que o trabalho em equipe pautado na AC se apresenta como um recurso a mais para atender a diversidade dentro da sala de aula, pois tem como princípio a inclusão de todos, considerando a singularidade de cada um. Nas poucas vezes em que foram trabalhadas atividades baseadas no princípio da AC para observar e avaliar os alunos pôde-se perceber o quanto os mesmos se sentem mais motivados e mais valorizados nesses momentos, visto que cada um pode contribuir com aquilo que tem maior domínio ou facilidade para o sucesso do trabalho do grupo. Ademais na revisão de literatura os dados apontam que esta estratégia favorece as práticas pedagógicas que acolhem a diversidade humana, pois tem como filosofia a inclusão escolar de todos os alunos (MASET, 2003; DÍAZ-AGUADO, 2000; SLAVIN, 1999).

CONSIDERAÇÕES FINAIS A inclusão, ou seja, o princípio de igualdade presente em várias políticas públicas em todo o mundo, passou por vários estágios até chegar à sala de aula. No Brasil, no entanto, ainda está distante de sua concretização. A escola regular, que deveria se adaptar aos novos alunos que estão chegando com o movimento da inclusão, muitas vezes encontra-se despreparada para essa demanda. O fato é que alunos que fogem ao padrão de aluno ideal proposto pela escola ainda acabam sendo vistos como um empecilho a quem pretende ensinar usando os métodos vigentes de ensino em massa. Á vista disso, mais uma vez pode-se reafirmar que as metodologias vigentes não estão contemplando a aprendizagem de todos e ainda, estão produzindo a exclusão daqueles ditos inclusos por políticas educacionais.

O estudo teórico já realizado nessa pesquisa demonstra que, em outros países, a AC tem sido uma importante ferramenta metodológica que permite ao professor oportunizar a tão sonhada ‘educação para todos’. Contudo, no levantamento bibliográfico inicial foi possível constatar o quanto essa metodologia ainda é pouco conhecida e utilizada no Brasil, evidenciando assim, a necessidade do desenvolvimento de trabalhos como esse, que permitem que a AC seja implantada na realidade educacional de nosso país e sirva como exemplo e perspectiva aos professores da Educação básica que buscam uma ferramenta de melhoria da qualidade da educação.

REFERÊNCIAS

DÍAZ-AGUADO, M.J. Educação intercultural e aprendizagem cooperativa. Porto (Portugal), Porto Editora, 2000.

JOHNSON, David W.; JOHNSON, Roger T.; SMITH, Karl A. A Aprendizagem Cooperativa retorna às Faculdades. Qual é a evidência de que funciona? In: FREED, Shirley.

Pensar,

Dialogar

a

Aprender,

2000.

Disponível

em:

http://www.crede02.seduc.ce.gov.br/index.php/downloads/category/34documentos?download=577:aprendizagem-colaborativa. Acesso em: 21 jan. 2014. LOPES, J; SILVA, H.S. A aprendizagem cooperativa na sala de aula: um guia prático para o professor. Lisboa (Portugal): Lidel, 2009.

MASET, P.P. (2003). El Aprendizaje Cooperativo: Algunas Ideas Prácticas. Disponível

em:

http://www.deciencias.net/convivir/1.documentacion/D.cooperativo/AC_Algunasideaspr acticas_Pujolas_21p.pdf. Acesso em: 22 de junho de 2014. SLAVIN, Robert E. Aprendizaje cooperativo: teoria, investigacíon y prática. Buenos Aires (Argentina): Aique, 1999.

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