A armadilha dos juros reais elevados

July 13, 2017 | Autor: S. Rodrigues | Categoria: Politica Economica
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A armadilha dos juros reais
Qual seria, hoje em dia, uma taxa interna média de retorno da economia brasileira?
A TIR real, descontada da inflação – seja ela corretiva preventiva ou de expectativa – assim como sem considerar qualquer alavancagem extra operacional, como as que são apropriadas quando se captam e usam recursos fundeados com custo de captação e operação bem abaixo daquelas prevalecentes quando se mobilizam fontes de poupanças livres?
Ou seja, qual é o ponto a partir do qual é a atratividade intrínseca do projeto (no caso, o projeto-país, medido pelo PIB), faz com que se desperte de fato o fetiche do propalado instinto animal dos que estão dispostos a correr riscos nos projetos apregoados em quaisquer uns desses road shows da vida?
Esta pergunta vale para alocar recursos em quaisquer economias: sejam aquelas eclipsadas por 50 tons de cinza (como a brasileira); ou as economias em estado de desesperate housewives (como as do tipo grego); ou por economias à beira de um ataque de nervos (como as que detêm os recursos que foram aplicados por bancos, gestores de ativos, hedge funds, todos eles certificados por agências de rating de altíssima credibilidade (?), nas duas primeiras tipologias (sic) de economia aqui identificadas, ou seja, tais como as economias brasileira e grega)?
Não seria demais esperar que a TIR de qualquer um desses países fosse próxima da produtividade média das suas economias.
Assim sendo, se a maior autoridade monetária dessas economias prometesse um retorno equivalente a uma taxa real de juros da ordem de 7% ao ano, você (a) investiria as suas economias nesse país; (b) deixaria seus recursos nas sábias mãos de quem aplicasse recursos (inclusive os seus) em títulos ou ativos desses países, fossem eles de origem pública ou privada e devidamente certificados pelas agências de risco reconhecidas (sic); ou (c), continuaria a ler tranquilamente o seu jornal, em cima do colchão aonde guarda as suas suadas economias?
Se, por outro lado, você fosse de uma dessas agências clarividentes de risco ou fosse um gestor de recursos de terceiros e estivesse analisando os balanços dos bancos que operam nesses países: em um caso ou noutro – no caso de gregos ou brasilianos –, se mesmo com a crise braba que está grassando em cada um deles; com o nível baixíssimo de produtividade (e de TIR) dos projetos que ainda conseguem realizar (ou que pensam em realizar), devido a custos tangíveis como os de infraestrutura ou os intangíveis como o clima de negócios reinante; e que mesmo assim, apresentam taxas de retornos sobre o patrimônio (deles, bancos, não o seu...) da ordem de 20% reais ou mais ao ano; com esses lautos lucros apesar de estar em economias ávidas por aumentar suas poupanças fiscais; ainda assim, você certificaria (assim como recomendaria) a compra de papéis dessas instituições financeiras?
Cara...se fosse você, buscaria rapidinho uma forma de ancorar meus papéis de dívida, pelo valor ao par, por ativos nesses mesmos países que possam vir a ser trocados por direitos emergentes de concessão, por participações em SPE de projetos que venham a ser licitados seja para financiar gargalos de infraestrutura onde exista demanda reprimida, seja para participar do capital de empresas públicas, privadas ou mistas que sejam criadas para fazer um reperfilamento do passivo previdenciário de países onde, ou se teve aumento da esperança de vida ao nascer, ou se precisa mudar a regra de benefício para os novos ingressantes da previdência social, para não sobre onerar demais (ou ainda mais) a carga fiscal dos países com população mais madura.
Ou que esses direitos de dívidas possam ser trocados por quaisquer outros direitos que deem aos seus possuidores, ainda que a muito longo prazo, alguma possibilidade de recebimento de retornos (ainda que sob a forma de isenções fiscais e tributárias) sobre a obtenção de ganhos em atividades que gerem lastro real (ou fluxo tangível) de retornos ao longo do tempo.
Porque é certo que não há saída indolor quando se cria um desequilíbrio tão grande na identidade fischeriana que busca o equilíbrio entre o agregado real e o agregado monetário (em todas as formas de moeda) existente em uma economia.
Ou seja, esperar que a massa de recursos monetários que gera retornos fixados apenas pelo voluntarismo da autoridade monetária seja capaz de levar ao equilíbrio de preços capaz de ajustar a oferta real de bens e serviços (PIB) que gera retorno equivalente a uma taxa de produtividade muito baixa dos recursos tangíveis aplicados na produção, é esforço que desorganiza ainda mais a produção a par de levar os recursos existentes a migrar em busca de aplicações mais seguras em qualquer outra parte do mundo.
Ainda que seja embaixo do colchão...ao invés do portfólio de bancos e de mega e clarividente investidores (do seu dinheiro) que já sabem o resultado final das aplicações que tanto recomendaram, ancorados pelas agências de risco: só não sabem quando, de fato, esses resultados (nefastos) irão ocorrer...
Ou melhor, até sabem: quando se rasgar de vez o tecido sócio político cada vez mais esgarçado, que sustenta as suas veleidades financeiras.


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