A atitude patrimonial de Ernesto Korrodi, com base na análise de um documento de 1903

June 1, 2017 | Autor: C. Henriques Pereira | Categoria: Leiria, Castelo de Leiria
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A atitude patrimonial de Ernesto Korrodi com base na análise de um documento de 1903

Transcrição do documento: ANTT, PT-ANBA-ANBA-B-001-00008-m0118-m0125 1903 JANEIRO, 12 – Carta de Ernesto Korrodi ao Sr. Presidente da Comissão Executiva do Conselho Superior dos Monumentos Nacionais, na qual relata o estado dos monumentos de valor histórico-artístico da localidade de Leiria, frisando o Castelo de Leiria. Leiria castello [p.1] Ill.mo e Ex. mo Senhor. Tenho a honra de accusar a recepção da circular de V. Ex.a assim como do «Decreto Organico» do que com especial satisfacção tomei conhecimento pelos salutares effeitos que delle ha a esperar para bem da historia da arte nacional. Correspondendo ao apello de V. Ex.a me apresso de enviar as seguintas notas com referencia aos monumentos desta localidade de valor historico-artistico. Em primeiro logar citarei o castello incluindo nelle não so a formosa ruina do palacio real, torre de meagem e capella da N. Sra. da Pena, mas sim toda a area circundada pelas muralhas deste como da cidadella e cujo centro se encontra a intressante capella de S. Pedro notavel monumento de estylo romanico [p.2]. Este ultimo ja hoje e considerado monumento nacional depois de ter sido ha annos por nossa intrevenção retirado da venda publica. Está a capella incravado entre propriedades do Ministerio da Guerra de um lado e a cerca do paço episcopal do outro dando a sua fachada principal sobre a via publica. Do castello propriamente dito está de posse o Ministerio da Guerra estando encarregado da guarda das ruinas dois veteranos. Embora hoje defficilmente se conceba este dependencia do Ministerio da Guerra de um monumento de valor puramente historico afigura-se nos de vantagem deixar as coisas como estão, reservando-se o Conselho de Monumentos intervir sempre que haja a salvaguardar os intresses da arte. Sobre a capella de S. pedro tenciono brevemente apresentar a V. Ex.a [p.3] um plano de adaptação para museu municipal, obra que espero poder levar a effeito com o concurso da actual vereação do municipio, caso o Conselho possa destinar tambem alguma verba para os indispensaveis restauros. Heis desnecessario fallar mais largamente sobre a importancia do castello e dependencias como monumento nacional, pois disso me inhibe o meu livro ha annos publicado sobre o assumpto, livro de que existe um exemplar na bibliotheca do Conselho. Um outro monumento ha em Leiria de pequenas proporções bem digno de figurar entre os primeros no seu genero e que, para o garantir de um provavel desaparecimento em virtude da sua situação condennada pelo constante açoriamento do rio merece as attenções de V. Ex.a. Refiro-me a principal fonte [p.4] publica situada junto ao rio Liz chamada a «Fonte Grande», em conjuncto de architectura dos mais graciosos e de uma disposição de plano tão harmonico como racional. Oportunamente enviarei a V. Ex.a uma planta e perspectiva desta pequena obra de arte que jamais deve desaparecer ainda que as circunstancias um dia exijam a sua transferencia para outro ponto mais elevado, o que pela natureza do seu material de construcção seria empreza relativamente facil. Este monumento e propriedade municipal. Outros edeficios ha de contrucção mais moderna ou

de typos menos caracteristicos tanto aqui na cidade como nos seus arredores, edeficios que embora de somenos valos não deixam de despertar a attenção de [p.5] artistas e quando nescessitados de restauro precisam de [ser] tractados com criterio. Não será porem o Conselho dos Monumentos que possa estender a sua mão protectora a quanto trecho de architectura a quanto fragmento de pintura ou fayança [que] por ahi anda disperso, por isso me limito a citar apenas os já referidos edeficios como dignos de figurar no inventario sob a designação de monumentos nacionaes, os outros de relativo valor confiamol-os ao cuidado dos intressados e ao criterio dos directamente encarregados da sua restauração. Entretanto firmes no nosso posto não só como agente do conselho superior dos monumentos mas sobre tudo como artista - amante quanto se pode ser [de] antiguidades pode V. Ex.a enquanto nos conservarmos [p.6] nesta localidade confiar plenamente na nossa activa vigilancia. Deus guarda a V. Ex.a Leiria, 12 de Janeiro de 1903 Ill.mo e Ex.mo Senhor Presidente da Commissão Executiva do Conselho Superior dos Monumentos Nacionaes. O vogal correspondente por Leiria (Assinatura) Ernesto Korrodi [p.7]

Ao analisarmos esta breve minuta de Korrodi, dirigida ao Sr. Presidente da Comissão Executiva do Conselho Superior dos Monumentos Nacionais, apercebemo-nos da preocupação e valorização patrimoniais que o arquitecto dirige a diversos vestígios histórico-artísticos da cidade leiriense. Porém, dos monumentos enumerados, somente o castelo de Leiria e a igreja de São Pedro foram classificados como Monumentos Nacionais, mais precisamente em 1910. O castelo de Leiria é um dos raros exemplares de castelos mandados construir por D. Afonso Henriques e data de 1135. Segundo Gustavo M. de Sequeira, «constitui o mais notável monumento leiriense, pelas suas curiosidades arquitecturais, pelo seu poder de evocação e pelo seu prestígio de padrão da história regional» (SEQUEIRA, Gustavo Matos de - Inventário Artístico de Portugal. Lisboa: Academia Nacional de Belas Artes, 1955, p. 57). O castelo sofreu diversas alterações, especialmente com D. Sancho I que completou o aproveitamento da atalaia muçulmana feito pelo seu pai, a partir da construção de uma cerca. Posteriormente, D. Dinis robusteceu o castelo com a criação da Torre de Menagem (que alberga hoje uma exposição de armamento medieval, e num piso inferior, achados arqueológicos), que sofre igualmente melhoramentos e reparos no reinado de D. João I. Será, igualmente, no reinado joanino que se construirão os Paços novos. Este imponente palácio possui uma grandiosa galeria cortesã aberta sobre a paisagem urbana de Leiria. Um dos elementos que permitem a associação deste espaço a D. João I é o brasão que se encontra colocado no alçado nordeste do palácio (GOMES, Saul – Introdução à História do Castelo de Leiria. Leiria: Câmara Municipal, 2ª Edição, 2004, p. 125).

Já nos inícios do séc. XX, o arquitecto Ernesto Korrodi levou a cabo o difícil empreendimento da reconstrução do castelo de Leiria. Nas obras empreendidas por Korrodi, procedeu-se ao reparo de toda a parte militar do castelo que se encontrava em ruínas. Como refere Gustavo M. de Sequeira, «na obra intentada e efectuada, houve que recorrer a materiais modernos de construção, e as plantas de cimento tiveram de intervir, com a sua frieza e o seu desacordo com a obra dos alvenéis e dos canteiros do quatrocentismo, onde se imiscuíam, então, o moiro e o hebreu» (SEQUEIRA, Gustavo Matos de – ob. cit, p. 59). Ao falarmos do castelo, é imprescindível referir quer os seus paços reais como as igrejas de Santa Maria da Pena e de São Pedro. Estes dois espaços religiosos coabitam com o castelo, praticamente, desde a construção do mesmo. A igreja de Nossa Senhora da Pena foi a primeira a ser fundada em Leiria. Segundo Saul Gomes, «existia já no início da década de 1140, sendo a responsabilidade da iniciativa da construção atribuída ao prior da Sé de Coimbra, D. João Anaia (1144-1147), mais tarde prelado desta Diocese» (GOMES, Saul – ob. cit, p. 151). Esta igreja é um exemplar gótico de beleza imensa e foi a igreja matriz do priorado de Leiria, administrado pelos cónegos de Santa Cruz, até 1545. Do exemplar românico do séc. XIII pouco ou nada resta, uma vez que, a igreja foi profundamente reformada nos finais do séc. XIV e inícios do século seguinte. Terá sido, inclusive, em finais de Quinhentos que a capela se adaptou a capela palaciana pelos monarcas de Avis. A ruína do castelo e do Paço contagiou esta igreja, por volta do séc. XVIII. Em Oitocentos, terá ficado definitivamente ao abandono. Somente, a partir das obras de solidariedade efectuadas pela Liga dos Amigos de Leiria, se procederam a alguns reparos levados a cabo pela Direcção dos Monumentos Nacionais. As diversas minutas e preocupações de Korrodi, surtiram os seus efeitos. Relativamente à igreja de São Pedro sabe-se que foi o segundo templo construído em Leiria. Esta é uma igreja em estilo românico datada do final do séc. XII e encontra-se situada dentro das muralhas da velha vila acastelada. Edificado em calcário e alvenaria, este templo chegou a ser a segunda catedral de Leiria (c. 1548-1574). Porém, em 1574 o Cabido muda-se para a nova Catedral (Sé de Leiria), que é Monumento Nacional desde 23 de Outubro de 2014. No séc. XIX, a igreja de São Pedro foi um celeiro, chegou a ser um teatro até 1880 e, ainda, serviu de depósito de madeiras, trapos, acabando em ervaçal. A Direcção dos Monumentos Nacionais, assim a encontrou, tendo apostado em obras para a sua reintegração de 1933 a 1937. A partir de 1940, passou a estar aberta ao culto, porém, actualmente, encontra-se encerrada. Todos estes espaços se encontram, ainda hoje, como parte activa e integrante da urbe leiriense. Aliás, no que respeita ao castelo de Leiria muitas são as actividades dinamizadas. Desde as iniciativas de carácter histórico-memorialístico, como o é o Mercado Medieval (anual) às iniciativas musicais, no caso do Festival Gótico Entremuralhas. Ambas as organizações são, a nosso ver, alvíssaras constantes para o panorama cultural da cidade. Leiria muito tem que agradecer ao homem vanguardista que foi Korrodi. No entanto, e na senda deste homem, continua a ter que reconhecer e congratular todos aqueles que, modernamente, prosseguem o seu legado! www.noticiasdecolmeias.com

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