A atividade económica em Leiria em 1864

May 26, 2017 | Autor: R. Charters-d'Aze... | Categoria: History, Historia, Historia Económica, História das profissões, Historia Economica, Leiria
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Cadernos de Estudos Leirienses – 11 * Dezembro 2016

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LEIRIA DEZEMBRO DE 2016

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Cadernos de Estudos Leirienses – 11 * Dezembro 2016

Título: CADERNOS DE ESTUDOS LEIRIENSES – 11 Editor: Carlos Fernandes Coordenador Científico: Saul António Gomes (Professor Associado com Agregação do Departamento de História, Arqueologia e Artes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra)

Conselho Consultivo: Isabel Xavier, J. Pedro Tavares, Luciano Coelho Cristino, Mário Rui Simões Rodrigues, Miguel Portela, Pedro Redol e Ricardo Charters d’Azevedo Concepção e arranjo da capa: Gonçalo Fernandes Colecção: CADERNOS – 11 ©Textiverso Rua António Augusto da Costa, 4 Leiria Gare 2415-398 LEIRIA - PORTUGAL E-mail: [email protected] Site: www.textiverso.com Revisão e coordenação editorial: Textiverso Montagem e concepção gráfica: Textiverso Impressão: Artipol 1.ª edição: Dezembro 2016 Edição 1185/16 Depósito Legal: 384489/14 ISSN 2183-4350 Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor.

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A atividade económica em Leiria em 1864 Ricardo Charters d'Azevedo

Introdução Em 1865, a Imprensa Nacional editou um conjunto de informações sobre Estatística Industrial, publicado pela Repartição de Pesos e Medidas referentes, nomeadamente, a Leiria. Indagou-se, nos estabelecimentos comerciais e fabris, o número, qualidade e estado dos pesos, das medidas e dos instrumentos de pesar e medir. Este trabalho levou também ao recenseamento das profissões, à listagem dos “obreiros” e à classificação dos estabelecimentos. Esta coletânea de dados sobre Leiria baseia-se na recolha de dados em 1861 e no subsequente relatório publicado em 1862 por Fernando Luiz Mouzinho de Albuquerque e Gregório Magalhães Colaço, melhorado durante 1864 e dada à estampa pela Imprensa Nacional no ano seguinte. O Tenente coronel Fernando Luís Mouzinho de Albuquerque nasceu no Fundão em 1817 e vem a falecer em 1890. Filho de Luís da Silva Mouzinho de Albuquerque e de sua mulher Ana Mascarenhas de Ataíde, que é filha do desembargador José Diogo Mascarenhas Neto (já referido por nós quando da publicação, em 2011, pela Textiverso, de “A Estrada de Rio Maior a Leiria em 1791”), e de sua mulher Maria Luísa Maraver Silva Ataíde. Foi casado três vezes, e de Mafalda de Miranda de Seabra teve a conhecida poetisa leiriense Mécia Mouzinho de Albuquerque. O Coronel de Infantaria Gregório Magalhães Colaço (1817-1882) casou com Olímpia de la Lippe Chalbert (1824 -1907), neta de Olímpia Patronella Ernestina de Schaumburg-Lippe (1764-1822) que era filha natural do conde Schaumburg-Lippe. O conde Friedrich Wilhem Ernst zu Schaumburg-Lippe “por amores a uma freira” teve Olímpia que foi batizada a 24 de julho de 1764 na igreja matriz de Campo Maior, como filha de pais incógnitos, mas mais tarde reconhecida, como refiro no mesmo livro mencionado acima. Fernando Luís Mouzinho de Albuquerque era, em 1863, o chefe de repartição de pesos e medidas do distrito de Leiria, e no seu relatório que agora 453

ESTATÍSTICA

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resumidamente apresentamos menciona o delegado do tesouro em Leiria, João António Ribeiro de Andrade (1816- ?), o administrador do concelho, Dr. António Avelino Serrão Coelho de Sampaio (1826-1901), juiz de direito que se casa em Regueira de Pontes, em 1861, com Ana Emília da Silva Crespo, filha do tenente coronel das Milícias de Leiria em 1828, Manuel António da Silva Crespo, vereador da Câmara Municipal de Leiria, de Regueira de Pontes, e o escrivão de fazenda do concelho de Leiria, Joaquim Ferreira de Sousa, como elementos imprescindíveis na obtenção dos dados que permitiram a elaboração do seu relatório. Quadros de profissões e ofícios Começamos por reproduzir os quadros com a indicação das profissões e ofícios existentes no distrito por concelho, seguindo-se os referentes às indústrias e profissões.

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Quadros com os estabelecimentos, fábricas e oficinas Nos dois quadros seguintes indicam-se os estabelecimentos, as fábricas e oficinas, por concelho.

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Quadros com os estabelecimentos fabris no concelho de Leiria Seguem-se alguns quadros com a indicação de diversos estabelecimentos, moinhos, destilarias/alambiques e lagares de azeite, no concelho de Leiria por freguesia

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No capítulo dos estabelecimentos “fabris”, o relatório dá informação sobre a fábrica de cremor tártaro no lugar da Passagem, da freguesia da Vieira, da mina de gesso no lugar de Pernelhas, da freguesia de Azoia, da mina de cimento romano no lugar de S. Pedro de Muel, na freguesia da Marinha Grande, da fábrica de produtos resinosos e a de vidros, ambas da Marinha Grande, bem como das fábricas de curtumes existentes no concelho de Leiria.

Sobre Vieira de Leiria, diz-nos que em 1862 foram ao todo setenta e cinco navios e barcos (Iates, Bateiras, Rascas, Escunas, Barco varino, Patachos, Palhabote, Faluchos, Goletas, Bergantins) que carregaram na costa da Vieira, correspondendo a 35.000 mil réis o valor da madeira exportada. Refere ainda o problema do assoreamento da barra do Lis, pois o embarque de madeiras faz-se em jangadas rebocadas por barcos para os navios que ficam ao largo, sendo uma operação incerta e perigosa, “porque assim que se levanta tempo grosso os navios tem de levantar ferro e fazer-se ao mar sem esperar pela carga, e muitas vezes os próprios barcos de reboque abandonam as jangadas perdendo-se a madeira”. Ainda em 1838, afirma-se no relatório, a barra estava bem melhor, e a três quilómetros da foz existia o estaleiro do construtor Manuel dos Santos onde se construíram navios de grande porte (como foram as escunas da companhia das pescarias). Os navios eram lançados ao rio na praia-mar e desciam pelo rio abaixo até ao oceano. E o relatório termina estas referências ao rio Lis, afirmando que em 1862 uma pequena lancha de fundo raso, mesmo sem carga, não pode fazer aquele trajeto sem tocar no fundo várias vezes. Assim, as poucas construções navais, que ainda se faziam naquele ano 462

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na Vieira, eram feitas na praia, correndo as embarcações um risco eminente no ato de serem lançadas ao rio. Quadros indústrias e artífices na freguesia da Sé Por último, apresentam-se dois quadros com a distribuição de indústrias e estabelecimentos, bem como de artífices e operários, na freguesia da Sé ou de Leiria.

(a) Não costumam trabalhar à jorna, mas sim por peças ou tarefas. (a’) Trabalham por tarefas, sendo o preço ordinário 30 réis por metro corrente de tecido de linho da largura de 0,60 a 0,66 m. (b) Exercem o seu oficio nas suas lojas e também vão ás casas dos particulares, ajustando o seu serviço por um tanto cada mês ou cada ano. (f) Trabalham por tarefa a rasão de 4 réis por cada quilograma de “linho assedado”

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O relatório apresenta a mesma informação por freguesia do concelho de Leiria. Desta informação retemos, por exemplo, que mulheres de Azoia, Barosa, Barreira, Caranguejeira, Colmeias, Maceira, Monte Real, Parceiros e Pousos vendiam pão em Leiria, mas da Barosa, Caranguejeira e Pousos vinham vender azeite e dos Milagres e do Souto da Carpalhosa vinham vender sal. Existem Inquéritos Industriais, publicados pela Imprensa Nacional e igualmente da responsabilidade da Repartição de Pesos e Medidas, referentes a Leiria e cobrindo os anos de 1881 e 1882, o que permitirá vir a traçar a evolução do desenvolvimento económico do concelho em finais do século XIX. O anexo VIII do livro da minha autoria, publicado em 2014 (Textiverso) “William Charters um oficial inglês em Leiria no seculo XIX”, com o titulo “Nótulas sobre a indústria e a atividade mineira em Leiria no século XIX” permitirá complementar alguns dos aspetos que aqueles inquéritos não cobrem. 464

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