A atuação do PIBID na preparação de alunos para participação em Olimpíadas Escolares

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EIXO TEMÁTICO 2: ESTRATÉGIAS, MATERIAIS E RECURSOS DIDÁTICOS NA EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E BIOLOGIA MODALIDADE: COMUNICAÇÃO ORAL – CO.111

A ATUAÇÃO DO PIBID NA PREPARAÇÃO DE ALUNOS PARA PARTICIPAÇÃO EM OLIMPÍADAS ESCOLARES

Dominique Guimarães de Souza, E. M. Escola Viva (PIBID), [email protected] Carlos André Coleta Santos, E. M. Escola Viva (PIBID), [email protected] Jean Carlos Miranda, UFF (PIBID), [email protected] Fonte de Financiamento: PIBID/CAPES

RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo apresentar resultados referentes à atuação dos bolsistas de iniciação à docência do Subprojeto PIBID Ciências Naturais-Pádua na preparação de alunos do ensino fundamental para participação em olimpíadas escolares (OBA, MOBFOG e OBFEP). Para tal, foram realizados trabalhos direcionados a esse fim: produção e aplicação de jogos didáticos, produção de paródias, testes digitais, produção de textos, maquetes, projeções de vídeos e filmes, atividades práticas e teóricas, orientação de projetos para construção de foguetes e a aplicação/correção de provas de anos anteriores. Além das premiações obtidas nas olimpíadas escolares, destacamos como pontos positivos do trabalho desenvolvido, o aumento do interesse dos alunos pela disciplina Ciências e a diminuição das notas baixas. Palavras-chave: PIBID, Olimpíadas Escolares, Astronomia, Física. INTRODUÇÃO Infelizmente, em muitos casos, o ensino de Ciências ainda é baseado na memorização do conteúdo, na passividade dos alunos diante dos temas expostos e na centralização do conhecimento na figura do professor. Contudo, para que o processo de ensino-aprendizagem ocorra de forma satisfatória, é fundamental a existência dos suportes necessários para o melhor aprofundamento das aulas (CASAS e AZEVEDO, 2011). É recorrente na literatura a recomendação para a realização de trabalhos diversificados, com a utilização de novas

ferramentas e metodologias. Entretanto, conforme destacam Francisco Júnior e Lauthartte (2012), trabalhar de maneira diversificada exige que o professor reflita e reconstrua sua prática pedagógica, o que nem sempre é algo trivial. Somam-se a isso questões como a excessiva jornada de trabalho, a baixa remuneração e as condições precárias para o desenvolvimento das atividades docentes, que tornam mais difícil uma mudança nesse quadro. Sobretudo, em um momento em que a educação brasileira enfrenta o desafio de melhorar a qualidade o processo ensino-aprendizagem (CARMO et al., 2011). Com vistas à valorização do magistério e uma melhor formação docente, de forma a contribuir para a elevação da qualidade da educação básica no Brasil, foi criado o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). O PIBID promove uma articulação entre a universidade e a escola, cumprindo o papel de formação do discente e exercendo contribuição na formação continuada do professor da educação básica, fomentando o processo de construção de novas metodologias para o ensino e aprendizagem, por meio das construções dos projetos de ensino, e consequentemente uma nova práxis pedagógica desse professor. (SOUZA et al., 2013, p. 2). O Subprojeto PIBID Ciências Naturais-Pádua é desenvolvido com o objetivo de inserir o licenciando no cotidiano escolar e busca, através de aplicação de metodologias e ferramentas diferenciadas, contribuir para a melhoria da qualidade da educação em escolas públicas do noroeste do Estado do Rio de Janeiro. O presente trabalho tem por objetivo apresentar ações desenvolvidas no âmbito do Subprojeto PIBID Ciências Naturais-Pádua na preparação de alunos de uma escola pública do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro para participação em olimpíadas escolares.

AS OLIMPÍADAS ESCOLARES A Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) e a Mostra Brasileira de Foguetes (MOBFOG) ocorrem desde 1998 e 2012, respectivamente, e tem como público-alvo alunos de escolas públicas e privadas do ensino fundamental e médio. A OBA e a MOBFOG têm apenas uma fase, onde a prova é realizada nas escolas, durante o ano letivo. Ao final, são concedidos a todos os alunos certificados de participação e aos alunos que alcançaram nota superior a cota estabelecida anualmente pela organização dos eventos, são concedidas

medalhas. Os professores, diretores e escolas também recebem certificados. A OBA e a MOBFOG têm por objetivos estimular e ampliar o interesse dos jovens pela Astronomia, Astronáutica e Ciências (VILLAS DA ROCHA et al., 2003), bem como promover a difusão dos conhecimentos básicos de forma dinâmica e cooperativa. Os professores são estimulados a se capacitarem através de cursos e encontros oferecidos pelo Encontro Regional de Ensino de Astronomia (EREA) e as escolas recebem dos organizadores dos eventos lunetas, livros, planisférios, revistas, entre outros materiais, que comporão o acervo de materiais didáticos da escola. Esses materiais são importantes, pois são ferramentas que auxiliam o professor não só na preparação dos alunos para os eventos, mas também para as atividades cotidianas. A Olimpíada Brasileira de Física das Escolas Públicas (OBFEP) é destinada aos estudantes do último ano do ensino fundamental e de todo o ensino médio. A OBFEP tem como objetivos despertar e estimular o interesse pela Física, melhorar seu ensino e incentivar os estudantes a seguirem carreiras científico-tecnológicas. A OBFEP não tem a intenção de “classificar” e nem de fazer uma análise comparativa dos alunos. A olimpíada é realizada em duas fases: A primeira fase (realizada nas escolas, no mês de agosto) onde as questões da prova teórica são objetivas (total de 15 questões). A segunda fase ocorre no mês de outubro e dela participam os estudantes que alcançarem a nota mínima definida pela Comissão da Olimpíada Brasileira de Física (COBF). A prova é discursiva e nessa etapa há a realização de experimentos.

A ESCOLA Com capacidade para atender a 1.200 alunos (Educação Infantil e Ensino Fundamental), a Escola Municipal Escola Viva é a maior escola da rede municipal de Santo Antônio de Pádua (RJ) e também a que apresenta maior valor de IDEB (5,9). Desde 2012, alunos da Escola Municipal Escola Viva participam da OBA e da OBFEP, e da MOBFOG, desde 2013. No planejamento anual dos professores é determinado o período de preparação para as Olimpíadas, denominado “Projeto Olimpíadas”, onde são trabalhados conteúdos específicos e atividades referentes aos temas, bem como a realização de provas anteriores como testes de aprendizagem. O “Projeto Olimpíadas” tem como objetivo secundário, a preparação dos alunos do segundo segmento do ensino fundamental

para os processos seletivos do Instituto Federal Fluminense (IFF), enfocando temas de Biologia, Física e Química. A partir de março de 2014, a escola passou a contar com a parceira do Subprojeto PIBID Ciências Naturais-Pádua, que objetiva aplicar práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar buscando a superação de problemas identificados no processo de ensinoaprendizagem, além da inserção de licenciandos no ambiente escolar.

A ATUAÇÃO DO PIBID O Subprojeto PIBID Ciências Naturais-Pádua tem como foco de ação a criação de um campo de atuação de educadores em formação envolvendo a prática educacional e vivência do cotidiano escolar, bem como o desenvolvimento de estratégias metodológicas inovadoras na área de Ciências Naturais (SOUZA & MIRANDA, 2014). O subprojeto é desenvolvido na Escola Municipal Escola Viva e atende, desde março de 2014, a 402 alunos de 15 turmas de 6º a 9º ano do Ensino Fundamental. Na preparação dos alunos para a participação nas Olimpíadas, os professores de Ciências da E. M. Escola Viva contaram com o apoio da equipe do PIBID Ciências NaturaisPádua, que trabalhou de forma paralela a disciplina de Ciências com a produção e aplicação de jogos didáticos, produção de paródias, aplicação de testes digitais (Quiz - site da OBA), produção de textos, construção de maquetes, projeções de vídeos e filmes, atividades práticas e teóricas, orientação dos projetos para construção de foguetes e a aplicação/correção de provas da OBA e da OBFEP de anos anteriores, como testes de aprendizagem. Tais ações visaram o reforço do conteúdo, o estímulo à criatividade dos alunos e o desenvolvimento do trabalho em equipe. A seguir, apresentamos algumas das ferramentas utilizadas na preparação dos alunos para as olimpíadas escolares. Paródias Foi desenvolvida uma proposta didática, na qual foi trabalhado conceito de paródia. A partir da apresentação de duas paródias musicais criadas pelos bolsistas de iniciação à docência (“Show da Astronomia” e “Festa dos oito planetas”), foi proposto aos alunos que

criassem suas próprias paródias musicais. As turmas foram divididas em grupos e os alunos tiveram liberdade na escolha dos conteúdos dentro do tema central (Astronomia), e dos estilos musicais. Foram produzidas 57 paródias.

Jogos Didáticos “Sorte ou azar na Astronomia” (MELO et al., 2014) é um jogo de cartas baseado nas regras do jogo UNO® e constitui-se por: cartas de perguntas, cartas de “azar ou sorte” e um dado de 6 faces. O jogo foi avaliado pelos alunos através da aplicação de um questionário de verificação de opinião com nove questões objetivas: (i) As regras do jogo são claras? (ii) As perguntas são objetivas? (iii) O visual do jogo é agradável? (iv) O jogo estimula o aprendizado? (v) A aula ficou mais interessante com o jogo? (vi) O jogo foi de fácil compreensão? (vii) O tempo de jogo é satisfatório? (viii) As perguntas estão de acordo com o conteúdo estudado? (ix) O que você achou do jogo? Com base nas respostas obtidas com o questionário, consideramos que o jogo foi bem aceito pelos alunos e é adequado para ser empregado como ferramenta de apoio: 90% consideraram as regras claras; 97% consideraram as perguntas objetivas; 87% aprovaram a apresentação visual do jogo; para 100% o jogo estimula o aprendizado; 90% consideraram que a aula ficou mais interessante; 67% afirmaram que o jogo é de fácil compreensão; 47% consideraram o tempo de jogo satisfatório; 83% afirmaram que as perguntas estão de acordo com o conteúdo já estudado; 97% acharam o jogo bom/legal/divertido. “Tapete do Conhecimento” é um jogo composto de um tapete feito em EVA, com 10 casas e um dado. Em cada casa há um envelope com questões e “consequências” relacionadas aos erros e acertos das mesmas. Para jogá-lo, a turma deve ser dividida em grupos (de 3 a 6 componentes). Cada grupo escolherá um representante que percorrerá o tapete, retirará as perguntas dos envelopes e as responderá com a ajuda dos membros do grupo. Uma vez definida a ordem de participação dos grupos (pelo lançamento do dado), o representante do primeiro grupo, vai a casa número 1 do tapete e retira um cartão contendo uma pergunta. Após lê-la, ele pode consultar o seu grupo e, então, respondê-la. Ele deverá cumprir o que diz a carta em caso de erro ou acerto. Em caso de resposta errada, o cartão volta para o envelope e poderá ser retirado novamente. A jogada passa, então, para os grupos seguintes (seguindo a ordem definida no lançamento do dado), cujos representantes procederão às ações de retirada

do cartão do envelope, leitura da pergunta e cumprimento da consequência. Vence o jogo o grupo que primeiro cruzar a linha de chegada.

Aulas práticas com experimentações e demonstrações

Através de aulas práticas, com demonstrações e experimentos, foram abordados temas importantes nos contextos das olimpíadas escolares, com destaque para o funcionamento de foguetes. A experimentação no ensino de Ciências é algo complementar e necessário ao processo educacional (PACHECO, 1997). A realização das aulas práticas possibilita aos educandos enfrentar resultados imprevistos, oportunizando desafiar sua imaginação e raciocínio. Verificamos gande envolvimento e participação dos alunos, com aumento do interesse nas aulas subsequentes.

DESEMPENHO NAS OLIMPÍADAS A partir de 2013, a OBFEP passou a usar o sistema de cotas. Anteriormente o sistema de classificação para ingresso do estudante na segunda fase se dava através de porcentagem, (apenas 5% do total de estudantes de cada nível de cada escola eram classificados). Com essa mudança do regulamento, estudante precisa alcançar uma quantidade mínima de acertos estabelecida anualmente pela organização da olimpíada, para avançar à segunda fase. No ano de 2013 havia um total de 42 alunos no último ano do ensino fundamental na E. M. Escola Viva. Apenas sete alunos (17% do total de alunos do 9º ano) alcançaram a nota de corte estabelecida (6,0 pontos) para avançar à segunda etapa. Em 2014, já contando com a participação efetiva no projeto do PIBID de Ciências Naturais na preparação dos alunos, de um total de 68 alunos no 9º ano, 39 conseguiram uma nota igual ou superior a nota de corte do ano anterior. Contudo, com a mudança no valor da nota de corte de 6,0 para 8,0 pontos, apenas dezesseis alunos (24% do total de alunos do 9º ano) foram classificados para a etapa seguinte. Se a nota de corte fosse mantida em 6,0 pontos, o percentual de alunos classificados à etapa seguinte alcançaria 57% dos alunos matriculados no 9º ano.

Houve um aumento significativo do número de alunos participantes da OBA. Em 2012 foram 303 alunos, 418 em 2013 e 708 em 2014. Esse aumento foi decorrente da atuação de bolsistas do PIBID Ciências Naturais que, através da aplicação de ferramentas não tradicionais na preparação dos alunos, despertou interesse dos alunos e professores em participar do projeto. A entrada de mais professores possibilitou ainda a inclusão de turmas do 4º e 5º ano do ensino fundamental. Foram conquistadas 21 medalhas (7 de prata e 14 de bronze). A primeira participação efetiva da escola na MOBFOG ocorreu em 2013 (apesar de inscrita para participar em 2012, a escola não tinha estrutura física para tal), 418 alunos (do 6º ao 9º ano) inscritos. Os foguetes eram construídos com materiais de baixo custo (garrafas pet, balões de encher, canos de PVC, entre outros) e o lançamento era feito através de uma bomba manual de encher pneus de bicicleta, tendo como “combustível” ar e água. Em 2014, houve uma expansão do campeonato, que abrangeu alunos do 4º ao 9º nono ano do ensino fundamental da escola, totalizando 708 inscritos. Foram conquistadas 5 medalhas (1 de prata e 4 de bronze).

CONSIDERAÇÕES FINAIS Os alunos têm interesse por Ciências e, quando são devidamente estimulados, o seu autoconhecimento, criatividade e habilidades são desenvolvidos e, consequentemente, os resultados são satisfatórios. Os dados aqui apresentados, associados aos relatos dos professores regentes acerca do maior interesse dos alunos pela disciplina Ciências e a diminuição das notas baixas são indicativos da importância das ações desenvolvidas no âmbito do Subprojeto PIBID Ciências Naturais-Pádua na complementação e fixação dos conteúdos abordados em sala de aula para construção de uma aprendizagem significativa, uma vez que trouxeram um olhar diferenciado sobre a abordagem do conteúdo, enfatizando a participação do aluno na construção do conhecimento. Os jogos didáticos, a criação de paródias e a participação na elaboração/execução de experimentos possibilitaram estabelecer uma correlação entre teoria e prática de forma a construir um conhecimento significativo, além de estimular a autonomia, a participação e a capacidade de resolver problemas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASAS, L. L.; AZEVEDO, R.O.M.

Contribuições do jogo didático no ensino de

embriologia. Revista Amazônica de Ensino de Ciências, v. 4, n. 6, 2011. CARMO, S. D.; FRAQUETTA, F. ; CALEGARI, S.

PIBID: Estímulo à formação dos

professores de Ciências. In: I ENCONTRO DE INICIAÇÃO A DOCÊNCIA / PIBID: ENSINO SUPERIOR, FORMAÇÃO DOCENTE E EDUCAÇÃO BÁSICA, 2011, Paranavaí. Anais... p. 402-410. MELO, P. G.; PEREIRA, P. E.; BARBOSA, J. F.; ASSIS, L. C.; SANTOS, C. A. C.; GONZAGA, G. R.; MIRANDA, J. C. Desenvolvimento e avaliação preliminar do jogo didático Sorte ou Azar na Astronomia como ferramenta no ensino de Astronomia no ensino fundamental regular. In: I Encontro Anual PIDIB-UFF, 2014, Niterói. Anais... p. 1. PACHECO, D. . Experimentação no Ensino de Ciências. Ciência & Ensino, v. 2, 1997. SOUZA, F.S.; PEREIRA, V.M.C.; MARQUES, Érik Sardela, LIMA, Patrícia Teixeira, LIMA, Thalita de L. Silva, A Implementação do PIBID de Matemática na UFF-INFES. In: ANAIS DO XI ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, Curitiba, 2013. Curitiba. Anais... p. 1-11. SOUZA, F. S.; MIRANDA, J. C. As concepções do PIBID de Matemática e Ciências Naturais no INFES-UFF. In: III COLÓQUIO BRASIL-COLÔMBIA: POLÍTICAS PÚBLICAS E DIREITO À EDUCAÇÃO, 2014, Niterói. Anais... p. 1-12. VILLAS DA ROCHA, J. F.; CANALLE, J. B. G.; MEDEIROS, J. R.; SOUZA, C. A. W.; SILVA, A. R.; LAVOURA, D. F.; MAIA, M. A. G.; POPPE, P. C. R.; MARTINS, R. V. V Olimpíada Brasileira de Astronomia. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 20, n.2, 2003.

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