A ATUALIDADE DA PARRHESIA ontologia do presente, estética da existência e os gregos

July 22, 2017 | Autor: Rodrigo Pennesi | Categoria: Michel Foucault, Parrhesia, Digital Parrhesia
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A ATUALIDADE DA PARRHESIA ontologia do presente, estética da existência e os gregos RODRIGO PENNESI*

RESUMO: O objetivo desse trabalho é delinear um esboço em estado embrionário, que lhe confere um caráter nitidamente exploratório, de um estudo que vise analisar as relações entre a prática da parrhesia no geral, e a parrhesia política democrática em específico, com as técnicas de desassujeitamento do presente, isto é, do Ocidente moderno. Nosso objetivo consistirá em investigar o estatuto atual da atitude parrhesiástica a partir do projeto ético-político de transfigurar a heteronomia da governamentalidade pastoral, na autonomia autopoiética da estética da existência.

ABSTRACT: The aim of this paper is to outline a sketch, which gives it a distinctly exploratory character, of a study aimed at analyzing the relationship between the practice of parrhesia in general, and the democratic political parrhesia in particular, with the techniques of desubjection of the present, i.e. the modern West. Our goal will be to investigate the current status of parrhesiastic attitude from the ethical-political project of transfiguring the heteronomy of pastoral governmentality in autopoietic autonomy of the aesthetic of existence.

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Rodrigo Pennesi é doutorando no Laboratório de Filosofia Contemporânea da UFRJ

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Nos últimos anos de sua vida Foucault desenvolve um trabalho que ao primeiro olhar parece duplo e desconexo, ao mesmo que vai aos gregos estudar os fundamentos do princípios éticos do ocidente, desenvolve continuamente um trabalho de diagnóstico do presente, e de ontologia de nós mesmos. Na realidade vemos uma intricada conexão entre os dois campos de pesquisa do filósofo, pois o retorno aos gregos não é uma aventura histórica sem conexão ou validade para o nosso presente, ao estudar as bases da moral e da ética grega Foucault está buscando as raízes que ainda hoje afetam nossa subjetividade, ou melhor nossos modos de assujeitamento. O objetivo desse trabalho é delinear um esboço em estado embrionário, que lhe confere um caráter nitidamente exploratório, de um estudo que vise analisar as relações entre a prática da parrhesia no geral, e a parrhesia política democrática em específico, com as técnicas de desassujeitamento do presente, isto é, do Ocidente moderno. Nosso objetivo consistirá em investigar o estatuto atual da atitude parrhesiástica a partir do projeto éticopolítico de transfigurar a heteronomia da governamentalidade pastoral, na autonomia autopoiética da estética da existência. Algumas precisões conceituais se fazem necessárias, a etimologia do termo sugere que ele significava num primeiro momento "a possibilidade de dizer tudo", do grego antigo παρρvησία (“falar tudo”) (de πᾶν, “tudo”, e ῥῆσις, “discurso”). Há no entanto, uma inegável dimensão política, a παρρησία representa o ideal democrático dos atenienses, e trata do privilégio de cidadãos atenienses de poder falar na Assembleia. O termo caracteriza a franqueza da palavra, face aos arabescos de lisonja e sutilezas retóricas. Palavra certeira e direta, que não é nem uma demonstração da estratégia, ou uma arte da persuasão, nem uma

3 pedagogia. O conceito de Ocidente utilizado por Foucault é bastante restritivo sendo definido como “uma espécie de região geográfica que se situa entre o Vístula[, na Polônia,] e Gibraltar[, na Espanha], entre a costa norte da Escócia e a ponta da Itália”(FOUCAULT, 2001b, p.370). Esta definição geográfica exclui até mesmo Portugal e outras regiões do Primeiro Mundo, porém segundo o próprio Foucault “é preciso que digamos que, os esquemas de pensar, as formas política, os mecanismos econômicos fundamentais que eram aqueles do Ocidente se tornaram universais, por meio da violência da colonização”(FOUCAULT, 2001b, p.370). Portanto devido à colonização, e mais recentemente ao processo de globalização, podemos falar de nós mesmos na América Latina como ocidentais e modernos. Modernidade por sua vez é um conceito bastante particular em Foucault. Para ele a modernidade se inicia não em Descartes, mas sim em Kant com um opúsculo obscuro e muitas vezes esquecido intitulado: Beantwortung der frage: Was ist Aufklärung?(em português: Resposta à Pergunta: Que é “Esclarecimento”?) de 1784, publicado no Berlinische Monatsschrift, jornal de opinião da época do pensador alemão. Kant defini a modernidade como “Sapere Audi! Ter coragem de fazer uso de seu próprio entendimento, tal é o lema do Aufklärung”(KANT, 1985, p.100). Temos portanto um conceito de modernidade que não é uma era, ou um época no mundo, mas uma atitude que se toma, uma arte de não se deixar governar. Na conclusão de suas 6 conferências na Universidade da Califórnia em Berkeley em 1983, sobre o tema específico da Parrhesia, Foucault afirma categoricamente que com a Parrhesia “nós temos as raízes daquilo que podemos chamar a tradição crítica no Ocidente. E aqui vocês podem reconhecer um dos meus objetivos com esse seminário, nominalmente, construir uma genealogia da atitude crítica na filosofia ocidental”(FOUCAULT, 2001a, p.170171). É portanto a partir desses breve apontamentos que desenvolveremos nesse texto um

4 esboço da Parrhesia na atualidade, partindo de uma clara definição da mesma no seio da democracia ateniense, e de seu momento de crise. O surgimento de novas formas de Parrhesia, para passarmos ao conceito geral foucaultiano de estética da existência, buscando entender o papel contemporâneo da filosofia para Foucault. Por fim analisaremos alguns exemplos de Parrhesia na atualidade respaldados em alguns trabalhos acadêmicos que pudemos fazer o levantamento. Buscamos assim fazer uma caracterização inicial da Parrhesia na atualidade, seus métodos sua função e sua aplicabilidade política no atual contexto ontológico e político.

PARRHESIA ATENIENSE

A Parrhesia tem por significado literal: “tudo-dizer”. Algumas traduções utilizadas por Foucault são “fala-franca”, “liberdade de palavra, “dizer-verdadeiro”, e variações como “franqueza”, “dizer-a-verdade”, entre outras. A prática da Parrhesia tem de ser entendida em seu contexto original, isto é, na Ágora. O lugar aonde se dá a Parrhesia é a Ágora, essa atividade verbal se dirige à uma plateia ou à um governante, é uma relação agonística, uma relação de poder. A Parrhesia sempre se dá no campo da agonística, o discurso está dentro de um campo de batalha. Nesse campo de investigação, Foucault começa por nos apresentar cinco características básicas da Parrhesia grega, segundo suas próprias investigações históricas. Primeiro temos a questão da franqueza, ou seja, aquele que fala é ele mesmo o sujeito da opinião que anuncia. É em relação com a verdade que a franqueza se dá, e também em uma relação de oposição com a persuasão. Na prática da parrhesia não há possibilidade de representatividade ou delegação, é preciso que se apresente sua própria verdade, a relação

5 agonística em que a parrhesia se insere deve ser encarada diretamente pelos envolvidos, de forma franca. A segunda característica é a verdade propriamente dita, em oposição à falsidade. É preciso ressaltar que existem na literatura clássica duas acepções da parrhesia, por um lado temos uma parrhesia positiva ou crítica, que é justamente o conceito que nos interessa desvendar; porém também encontramos, e numa frequência muito maior, o conceito negativo de parrhesia, pejorativo, nessa acepção a parrhesia é associada à arrogância ou tagarelice, falar sem conhecimento. Outro ponto importante acerca da verdade, é que precisamos fazer algumas ressalvas históricas, isto é, não é da verdade cartesiana que estamos falando, a verdade cartesiana se diferencia da verdade parrhesiasta. Em Descartes é partindo da dúvida que se chega a verdade, o parrhesiasta nunca duvida de que ele tem a verdade, e é dela que ela parte para enunciar seu discurso. Não se trata da verdade como evidência mental, mas sim da verdade como uma atividade verbal. A problematização acerca de se o que o parrhesiasta diz é verdade não concerne aos gregos, essa é uma questão que não era levantada, se alguém era parrhesiasta era porque aquilo que dizia era verdadeiro. “O 'jogo parrhesiástico' pressupõe que o parrhesiastes seja alguém que tenha as qualidades morais que são requeridas, primeiro saber a verdade, e segundo, transmitir esta verdade à outros”(FOUCAULT, 2001a, p.15, tradução nossa) A terceira característica é relativa ao fato de que a atividade parrhesíastica sempre representa um perigo para quem enuncia o discurso. Um perigo de morte que se coloca em oposição em à vida e a segurança. O parrhesiasta aceita o risco da morte ao invés de repousar na segurança de uma vida de verdades mudas, ou ser falso consigo mesmo. Uma atividade verbal deve se dar de baixo para cima para se caracterizar como Parrhesia, isto é, é sempre o mais fraco que pratica a Parrhesia contra o mais forte, e o perigo vem da raiva do interlocutor mais forte. Seja a ira da assembleia na Ágora que tem o poder de morte ou do solipsismo, ou a

6 ira de um monarca ou tirano, o parrhesiasta sempre se arrisca para enunciar a verdade. A quarta característica é o criticismo, uma relação seja consigo mesmo, seja com os outros, que se encontra em oposição direta à bajulação. O criticismo parrhesiástico segue sempre o caminho debaixo pra cima, como já explicitamos, é sempre alguém em posição inferior que crítica alguém numa posição superior, por esse motivo não podemos afirmar que o pai pratique a parrhesia com o filho, ou o professor com o aluno, ou o monarca com um súdito. A última das características é o dever, o dever moral que o parrhesiasta tem de falar a verdade, dever esse oposto ao seu interesse próprio e também a apatia moral. O parrhesiasta é livre para ficar calado, para manter sua segurança de vida, ninguém o força a falar, não há tortura ou coação. O parrhesiasta se sente impelido a falar a verdade, há uma intricada conexão entre o dever moral e a liberdade, pois apenas em liberdade o parrhesiasta pode ser impelido pelo dever moral, apenas na ausência de outras forças. Para resumir o que foi dito, parrhesia é um tipo de atividade verbal onde aquele que fala tem uma relação específica com a verdade pela franqueza, uma certa relação com sua própria vida pelo perigo, um certo tipo de relação consigo mesmo ou com outros pelo criticismo (auto-crítica ou crítica de outros), e uma relação específica com a lei moral pela liberdade e pelo dever. Mais precisamente, parrhesia é uma atividade verbal em que aquele que fala expressa sua relação pessoal com a verdade, e arrisca sua vida pois reconhece o falar-verdadeiro como um dever para melhorar ou ajudar outras pessoas (ou a si mesmo). (FOUCAULT, 2001a, p.19, tradução nossa)

Essa caracterização da Parrhesia é bastante geral e não leva em conta as particularidades que essa assumi em cada um dos campos em que se desenrola. Na Grécia antiga a Parrhesia pode ter surgido na Ágora, mas sua funcionalidade se alastrava por diversos campos da vida e mesmo da Paidéia. Podemos destacar especificidades da Parrhesia

7 ao menos em três campos relativamente distintos, a Retórica, a Política e a Filosofia. A relação da parrhesia com a retórica era no princípio uma relação de clara e fortíssima oposição, enquanto a retórica de utiliza de longos e belos discursos para persuadir, a parrhesia opta pelo uso prioritário do diálogo para chegar à verdade. No Império romano e posteriormente com a escolástica o que temos é a apropriação da parrhesia enquanto um mero recurso retórico. Em sua relação com a Filosofia propriamente dita a parrhesia se encontra associada ao tema da epimeleia heautou, e consequentemente ligada ao campo ético e até certo ponto pedagógico. Posteriormente a parrhesia passa a ser tomada como uma téchne tou biou, ou seja, uma técnica para a educação da alma. Na relação política é que vemos surgir a Ágora como o lugar de aparecimento da parrhesia. O conceito de parrhesia era um dos conceitos fundacionais da democracia ateniense e um nódulo tão importante dessa instituição que no momento de crise política e principalmente contra esse conceito que os inimigos da democracia vão se virar. A democracia ateniense era definida muito explicitamente como uma constituição (politéia) em que as pessoas desfrutavam de demokratia, isegoria (igualdade no direito a fala), isonomia (igualdade de participação de todos os cidadãos no exercício do poder), e parrhesia. Parrhesia, que é um requisito para o discurso público, toma lugar entre os cidadãos enquanto indivíduos, e também entre os cidadãos constituídos como uma Assembleia. (FOUCAULT, 2001a, p.22, tradução nossa)

Por conta de toda uma conjuntura histórica que não cabe aqui esmiuçarmos a Democracia Ateniense começa a sofrer fortíssimos ataques após a guerra do Peloponeso. Uma série de críticas são feitas às Instituições democráticas, porém o foco principal dos ataques é o direito a parrhesia. Na opinião dos detratores da democracia temos dois problemas relativos à função da parrhesia. O primeiro problema é entre a relação entre nomos e aletheia, ou seja,

8 um problema relativo a como dar forma legal à relação com a verdade, não existiam leis que determinassem quem era capaz de dizer a verdade. O segundo problema levantado era a relação entre parrhesia e mathesis, ou seja, a relação com o conhecimento e a educação, a relação do parrhesiasta com a verdade não pode mais ser estabelecida somente pela coragem e pela franqueza, é preciso que passe pela educação ou alguma forma de treinamento pessoal. Vemos surgir toda uma problematização relativa a quem pode falar a verdade, quais as qualidades que habilitam alguém a falar a verdade. A definição tradicional de parrhesia não apresenta uma forma de distinção clara do valor moral dos indivíduos, podendo assim servir de subterfúgio para a defesa da tagarelice ignorante. Essa parrhesia praticada pelos piores cidadãos pode ser prejudicial para a democracia e mesmo para a cidade como um todo. Há uma nova problematização das relações entre atividade verbal, educação, liberdade, poder, e as Instituições políticas existentes que marca uma crise no modo que a liberdade de expressão é entendida em Atenas. E essa problematização demanda um novo modo de tomar conta e questionar acerca dessas relações. (FOUCAULT, 2001a, p.73-74, tradução nossa)

Nesse momento de crise política e descrença nas Instituições democráticas, vemos uma total inversão na compreensão do termo parrhesia, de ideal democrático dos atenienses, e privilégio dos cidadãos de poder falar na Assembleia; temos uma nova compreensão que chega em última instância a afirmar a impossibilidade de existência da parrhesia real, no seu sentido positivo e crítico, aonde existe democracia. A parrhesia passa a ser tratada como um caráter negativo da isonomia. A Assembleia não quer o incomodo do parrhesiasta, prefere a bajulação dos retóricos com seus belos discursos floreados, voltando-se ao elitismo oligárquico. Nesse sentido temos um duplo movimento aonde, por um lado cada vez mais a parrhesia se torna uma virtude, liberdade na escolha da bios, do que um direito institucional

9 propriamente dito. Liberdade de lógos se torna liberdade de bios. Num segundo movimento concomitante o que temos é uma transição formal da parrhesia democrática para uma parrhesia monárquica, em que o papel do parrhesiasta é o de conselheiro que prática a atividade verbal de liberdade de discurso face ao rei. O parrhesiasta não se direciona mais ao demos, à assembleia pública, mas estabeece uma relação interpessoal, cara a cara e em certo sentido a portas fechadas. Com a reação aristocrática à democracia, a parresia se alojou nas proximidades dos governantes até chegar com o cristianismo a se transformar em conduta guiada a Deus, por alguém a quem se confessava. No âmbito da filosofia foi a atitude parresiasta que a instituiu, pretendendo apartar a verdade verdadeira e desinteressada da verdade do governante. E foi assim que a verdade passou a funcionar como saber-poder de uma era e que mais tarde se transmutou em saberpoder cristão. (PASSETTI, 2008, p.26)

ESTÉTICA DA EXISTÊNCIA

Em ambos os movimentos o que vemos é uma mudança também no sujeito da parrhesia.“Vemos nesses movimentos transicionais um deslocamento sucessivo do papel parrhesiástico desde o ateniense bem nascido e o lider político – que possuiam o papel anteriormente - para o filósofo”(FOUCAULT, 2001a, p.105, tradução nossa). Nessa nova forma temos uma nova série de características gerais que vão nos possibilitar traçar um paralelo entre a parrhesia antiga e a proposta atual de uma estética da existência enquanto ethôs filosófico. Primeiramente temos o fato de que a parrhesia agora é filosófica, o que vai envolver três tipos de atividades propriamente ditas.

10 (1) Na medida em que o filosófo teve de descobrir e ensinar certas verdades sobre o mundo, a natureza, etc, ele assumiu um papel epistêmico (2) Tomando um posicionamento em relação à cidade, às leis, às Instituições políticas, exigiu, além disso, um papel político. (3) E a atividade parrhesiástica também se esforçou para elaborar sobre a natureza das relações entre verdade e o estilo de vida de alguém, ou a verdade e uma ética e estética de si. Parrhesia como aparece no campo da atividade filosófica na cultura greco-romana não é primariamente um conceito ou tema, mas uma prática que tenta moldar as relações específicas que os indivíduos têm cosigo mesmos. E eu acho que a nossa própria subjetividade moral está enraizada, pelo menos em parte, nestas práticas. Mais precisamente, eu acho que o critério decisivo que identifica os parrhesiastas não é para ser encontrada em seu nascimento, nem na sua cidadania, nem em sua competência intelectual, mas na harmonia que existe entre seus logos e seus bios. (FOUCAULT, 2001a, p.106, tradução nossa)

Temos claro nesse primeiro destaque que o surgimento dessa nova forma de parrhesia filosófica, não é algo arcaico, descolado de nossa atualidade e de nossa constituição subjetiva. Há um arraigamento profundo da nossa subjetividade moral em relação a essa problemática. A proposta filosófica de Foucault de diagnóstico e ontologia do presente possui paralelos notáveis com essa caracterização da prática grega, como vemos na passagem a seguir: Foucault concebe seu trabalho filosófico como uma ontologia do presente ou uma ontologia histórica de nós mesmos. Ela tem três domínios de trabalho: a ontologia histórica de nós mesmos em nossa relação com a verdade (que nos permitem constiruir-nos em sujeitos de conhecimento), a ontologia histórica de nós mesmos em nossas relações a respeito do campo do poder (que nos constituem como sujeitos capazes de atuar sobre os outros) e a ontologia histórica de nós mesmos em relação à moral (que nos constitui em sujeitos éticos). (CASTRO, 2009, p.312)

11 Como já salientamos o interesse de Foucault ao estudar os gregos “não reside na 'imitação' de uma era grandiosa […] Apesar de o passado lhe servir de referência, ressaltamos que sua relevância esta ancorada na possibilidade de repensarmos o presente”(PINHO, 2012, p.117). O Interesse nos gregos, portanto, se deve ao fato de que estes não erigiam princípios morais constritivos de caráter universal, mas o indivíduo exercia sobre si um governo de forma voluntária e singular. Proposta esta diametralmente oposta aquela imposta posteriormente com o advento do cristianismo. O que está em jogo é a possibilidade de constituir-se a si mesmo como sujeito tendo como objetivo maior se autotransformar, modelar a si mesmo. Não há nesse movimento o fortalecimento de uma conduta individualista, mas um movimento de intensificação da relação consigo, uma estética da existência que não assume um caráter normativo. O projeto não é imitar uma grande era, mas está diretamente associado à ontologia do presente, com destaque claro ao imperativo de examinarmos a nós mesmos, a como nos constituímos e somos constituídos, quais as forças que nos perpassam. Um ethôs filosófico, não relativo a uma filosofia que se dá como tarefa a construção de uma linguagem técnica reservada aos especialistas, mas relativo a filosofia entendida como arte de viver, que escape a todo padrão universal de comportamento.

PARRHESIA NA ATUALIDADE

Em uma entrevista intitulada “Une esthétique de l'existence” de 1984 publicada no jornal Le Monde, Foucault ao ser questionado acerca da atualidade da distinção entre a esquerda e a direita no cenário geopolítico da guerra fria, aponta que não se pode aceitar a situação geopolítica/estratégica, nem o imperialismo, nem o bolchevismo. Partindo dessa

12 afirmação, que visa excluir toda ambiguidade, é preciso pensar o que se pode fazer: Certamente, não podemos exigir de um governo que ele diga a verdade, toda a verdade e só a verdade. Em contrapartida, é possível exigir dos governantes uma certa verdade quanto aos projetos finais, às escolhas gerais de sua tática,à um certo número de pontos particulares de seu programa: é a parrhesia do governado, que pode, que deve interpelar o governo sobre o que ele faz, sobre o sentido de sua ação, sobre as decisões que ele toma, em nome do saber, da experiência que ele tem, do fato de que ele seja um cidadão. É preciso, contudo, evitar as armadilhas nas quais os governantes querem fazer tombar os intelectuais e nas quais estes frequentemente caem: "Coloquem-se em nosso lugar e digam o que fariam." Esta não é uma questão à qual se tenha de responder. Tomar uma decisão sobre um assunto qualquer implica um conhecimento das evidências que nos é negado, uma análise da situação que não se tem a possibilidade de fazer. (FOUCAULT, 2004, p.76)

Ao buscar aquilo que urge ser feito em sua atualidade política, Foucault resgata o conceito de parrhesia, completamente deslocado de seu momento de irrupção e associado claramente a atualidade política e a possibilidade real de mudança de nossas vidas individuais e sociais. É preciso que façamos aqui uma breve explicação acerca das particularidades do Estado moderno, para que possamos ter mais clareza ao realizarmos esse salto histórico. O surgimento da episteme moderna, instaura um novo paradigma, que traz por um lado o surgimento da busca pelos princípios fundamentais da natureza e por outro uma série de questionamentos acerca da razão própria ao governo. “Uma natureza – que não pode ser compreendida se supusermos um seu governo, que só pode ser compreendida, portanto, se a alijamos de um governo pastoral e se lhe reconhecemos para regê-la, a soberania de alguns princípios fundamentais”(FOUCAULT, 2008, p.319). Com a crise do pastorado clássico, começa um processo crescente de governamentalização do Estado, e proliferação da pastoral por instituições estatais e privadas. Percebe-se que seria inexato deduzir o Estado moderno de uma secularização

13 continua do regimen cristão, como se o primeiro tivesse simplesmente herdado as funções do segundo. A evolução de um ao outro, re-situada na contingência de processos históricos complexos, deve ser descrita em termos de resistência, deslocamento, mistura, ruptura, inovação. Heterogeneidade, portanto, das figuras do “governo”, através da aparente continuidade do vocabulário parenético. (SENELLART, 2006, p.299)

Toda uma nova problemática política se abre com o aparecimento de uma racionalidade específica a gestão do Estado. “A doutrina da razão de Estado tenta definir em que os princípios e os métodos do governo estatal diferem, por exemplo, da maneira como Deus governa o mundo, o pai sua família, ou um superior sua comunidade”(FOUCAULT, 2001b, p.969, tradução nossa). Nesses novos escritos sobre a razão de Estado, como racionalidade intrínseca da arte de governar, temos uma nova série de conhecimentos para o governante, seja o soberano ou não. Conhecimentos novos que não se centram mais no conhecimento das leis, mas que vão se centrar no conhecimento do Estado que se governa, isto é, “quem governa tem de conhecer os elementos que vão possibilitar a manutenção do Estado em sua força ou o desenvolvimento necessário da força do Estado, para que ele não seja dominado pelos outros”(FOUCAULT, 2008, p.365). Essa ciência do Estado é o que vai se chamar estatística. A palavra estatística só aparece em meados do século XVIII e é derivada do termo neolatino statisticum collegium ("conselho de Estado"). Estatística então é a ciência do Estado, segundo o dicionário de francês Petit Robert, o termo sem seu sentido arcaico designava o “estudo metódico dos fatos sociais, através de métodos numéricos, destinado a informar e auxiliar os governos”(PETIT ROBERT, 2010, p.2431, tradução nossa). Temos aqui uma mudança capital na forma de relação do governante com a verdade, “Não mais, portanto, corpus de leis ou habilidade em aplicá-las quando necessário, mas conjunto

de

conhecimentos

técnicos

que

caracterizam

a

realidade

do

próprio

14 Estado”(FOUCAULT, 2008, p.365). Além do desenvolvimento da estatística, a relação da razão de Estado com a verdade também pode ser descrita por outros elementos. Um desses elementos seria a relação dessa com o segredo, em especial os segredos de Estado. Os conhecimentos essenciais acerca das forças de um Estado, em especial os dados estatísticos, não poderiam cair em mãos inimigas, e por isso eram tratados como segredos de Estado, ou arcana imperii. Razão de Estado portanto, visa a manutenção do estado do Estado, porém esse estado não pode ser fixo, ele é sempre um estado de constante fortalecimento do Estado, caso contrário significaria sua derrocada e seu desaparecimento. A necessidade da constante manutenção das relações de forças levou às novas técnicas de tipo diplomático-militar. Essas novas técnica visavam estabelecer um sistema onde se restringisse ao máximo a mobilidade e as ambições dos outros Estados, sem que isso implicasse uma restrição ao desenvolvimento das forças de seu próprio Estado. Essas técnicas possuíam um objetivo e instrumentos específicos. O primeiro desses instrumentos é a possibilidade constante da guerra, a guerra como mantenedora da paz, é a partir de um volátil equilíbrio de alianças e ameaças que se estabelece uma paz armada. O estabelecimento dessa paz armada gera também a constituição de exércitos permanentes. Outro instrumento é a constituição de diplomacia permanente e com missões permanentes estabelecidas também, ou seja, delineia-se um dispositivo permanente que deve regular essa nova sociedade de Estados. Um quarto instrumento que poderíamos acrescentar a essa lista seria o surgimento de um aparelho de informação, isto é, mecanismos pelos quais se torna possível adquirir infirmações sigilosas acerca das forças reais de um Estado. Embora a prática da espionagem seja tão antiga quanto a guerra ou a diplomacia, temos novas características que emergem nesse período. Somente a partir do século XVI é que se começam a organizar mecanismos

15 permanentes e centralizados cujo objetivo será “conhecer suas próprias forças (e, aliás, ocultálas), conhecer a força dos outros, aliados, adversários, e ocultar que as conhece. (FOUCAULT, 2008, p.410 **). “O arcanum se arquiva: é conservado num cofre(arca) do qual somente alguns possuem a chave”(SENELLART, 2006, p.294). Num panorama político em que os Estados se enfrentam constantemente num campo relacional de forças, a arte de governar se desenvolve focada em dois mecanismos específicos. De um lado todo o aparato diplomático-político, de representações diplomáticas permanentes, exércitos e estruturas militares permanentes e um serviços de inteligência. Todos esses mecanismos são como uma estrutura de apoio, ou uma espécie de sustentação externa das forças do Estado e sozinhos não são o bastante para assegurar a prosperidade de um Estado. A arte de governar desenvolve portanto um mecanismo diferente que terá por função ser uma espécie de suporte interno para que as forças de um Estado possam aumentar, esse suporte interno ao Estado governamentalizado é o que vai se chamar polícia. A parrhesia surge em oposição aos segredos de Estado, segredos esses que não são uma especificidade da modernidade, mas que já estavam presentes na antiguidade, seja com os conceitos de sophismata e kruphia em Aristóteles, seja com o conceito de Arcana imperii em Tácito. A relação da parrhesia com os segredos de Estado é tão antiga quanto a própria prática parrhesiastica. Assim como a parrhesia colocava em risco a democracia ao permitir que ignorantes expusessem assuntos sensíveis da cidade; na parrhesia monárquica o parrhesiasta assume um papel de conselheiro, porém a possibilidade de que mesmo os conselheiros problematizassem os Arcana imperii era questionada por diversos monarcas e precisava ser restringido para se salvaguardar a própria fundamentação mísitca do poder do soberano.. É justamente nesse ponto, nos Arcana imperii que reside o próprio fundamento místico da soberania e da monarquia. Essa é, em resumo, a problemática que a “parrhesia do governado” deve enfrentar. É nesse panorama epistemológico que podemos “exigir dos governantes uma certa verdade quanto aos projetos finais, às escolhas gerais de sua tática,à um certo número de pontos particulares de seu programa”. Devemos questionar os arcana, é isso que podemos claramente apontar em alguns exemplos de nossa atualidade

16 política. O primeiro desses exemplos que gostaríamos de destacar é o emblemático caso do Wikileaks. Há já algum tempo o ciberespaço tem sido tratada como uma ágora (Rheingold 1993). É no movimento contínuo, geralmente movimentos aleatórios de pacotes de dados que a parrhesia faz sua aparição na ágora de mundos virtuais, os bens comuns da informação. Parrhesia Digital é o processo de construção de um espaço público global, uma ágora eletrônica através do ato social de compartilhamento informações e produção de conhecimento colaborativo / distribuído - e é isso que está em jogo na a batalha do WikiLeaks. Se a informação e o debate racional são fundamentais para a democratização do mundo (a democracia é muitas vezes "democracia deliberativa", com uma ênfase inerente em "deliberações" guiadas por informação), então a parrhesia digital é o espaço de deliberação onde a democracia pode emergir. (NAYAR, 2010, p.11, tradução nossa)

Se urge ao parrhesiasta interpelar o Estado por suas verdades ocultas, os métodos empregados para a publicização desse arcana arquivado podem ser os mais variados possíveis. Num cenário em que o imperialismo se recusa a abrir suas arcas/cofres, o parrhesiasta pode ser um opositor de consciência interno, um agente que prefere arriscar sua vida a continuar a exercer sua função pública calado, contrariado e eticamente ferido. É a coragem de pessoas como Chelsea Manning, Edward Snowden e também de Julian Assange, Aaron Swartz, Laura Poitras e Glenn Greenwald, que possibilita que a verdade circule livremente na rede. A livre circulação dos meandros e estratagemas do funcionamento interno do imperialismo deve ser assegurada por todos os meios necessários, o que nos leva ao nosso segundo exemplo. Malcolm X ao romper com o dogmatismo da Nação do Islã, reviu muitos de seus conceitos políticos e mudou seu foco de ataque da questão puramente racial, para uma problemática complexa que passa inerentemente pelo classismo. O risco da parrhesia cobrou seu preço de Malcolm, que serviu como exemplo dos perigos inerentes a opor seu discurso ao da maioria. Em um processo de constante evolução a parrhesia emergiu com o tempo em seus discursos, e pode nos servir de modelo. Foucault (2001) afirma "parrhesia em seu sentido positivo, crítico, não pode existir onde existe

17 democracia" porque "não é possível ser ouvido se não se papaguear as vontades e práticas do demos"(p.83). A retórica de Malcolm, se alcançou alguma coisa, foi servir para criticar as vontades e práticas do demos. [...] A retórica de Malcolm X ilustra que atuar como um agente parrhesiasta crítico é possível numa democracia se o orador se engajar nos cinco elementos do processo parrhesiástico. Assim, parrhesia não é só um conceito de falar-verdadeiro que se perdeu nas eras, mas um parâmetro vivo, e contextual pelo qual podemos julgar aqueles que entram do diálogo público. (NOVAK, 2006, p.40-41, tradução nossa)

Outro exemplo interessante que gostaríamos de destacar é referente a como na nossa atualidade a parrhesia pode surgir não apenas no campo mais intelectual, e teórico da política, mas também como irrompe do chão aonde se faz política pragmática de vida, com engajamento real. Falamos aqui, especificamente, da coragem das organizações campesinas colombianas de dizer a verdade na cara dos atores armados do conflito colombiano, ou a Parrhesía Campesina. A maioria das ações coletivas das associações campesinas na Colômbia foram regidas por esta lógica prática, basada em tomar uma posição própria, mediante o discurso, e frente àqueles que exercem o poder da violência e a dominação estratégica, frente a forças guerrilheiras e paramilitares, e frente a representantes burocráticos do Estado central; as associações campesinas utilizaram o diálogo e o dizer franco, arriscando a vida, porem dando à liberdade um significado concreto de valentia e soberania comunitária. A tomada de posição dos campesinos organizados teve todos os elementos dos que informa Foucault sobre o exercício da parrhesia. (PRADA, 2012, p.171, tradução nossa)

Um exemplo mais próximo de nossa realidade é a figura do professor Maurício Tragtenberg, que é apontado por Edson Passetti como um parrhesiasta. Passetti define a atualidade da atitude parrhesiástica da seguinte forma: Um parrhesiasta problematiza com coragem ao explicitar a fala e o que diz

18 sem usar da retórica. Ele não busca consenso, consentimentos e tampouco pretende usar sensacionismos. Pratica a verdade como atividade, pela fala direta e dizendo o que é perigoso para consigo. Ele sabe que quem fala está numa posição abaixo de quem ouve. Ele pretende criticar e não demonstrar a verdade. O parrhesiasta lida com hierarquias e suas respectivas retrações decorrentes de experimentações de liberdade. Reconhece que a verdade se produz pelo confronto entre forças. (PASSETTI, 2007, p.2-3)

Assim é que Tragtenberg é definido como um exemplo de parrhesia contemporânea: Como um parrhesiasta se afastou dos praticantes da retórica porque eles desejam comandar e dependem do amor dos obedientes. Como um parrhesiasta político bombardeou o Estado e seu princípio de necessidade, do melhor dos governos, da verdade desinteressada dos governantes. Como parrhesiasta histórico e libertário problematizou o marxismo e o anarquismo e não julgou ninguém, porque sabia, junto com os jovens anarcoterroristas que sob o governo de Estado e da propriedade ninguém é inocente! Nem ele, que nunca esteve disponível a ser São Isso ou São Aquilo. (PASSETTI, 2008, p.32)

Estes são apenas alguns exemplos de parrhesia na nossa atualidade que pudemos levantar, porém o importante que se coloca com isso, é a urgência atual de que a filosofia abandone seu caráter hermético de discurso para especialistas. É preciso um ontologia critica de nós mesmos, um ethos filosófico, e isso passa inevitavelmente pela coragem da verdade, e por uma transformação do sujeito. Num panorama em que “doravante, a segurança está acima da lei”(FOUCAULT, 2001b, p.366, tradução nossa), cabe ao parrhesiásta incomodar o cenário político, falando aquilo que se opõe à opinião pública gerada pelo aparato midiático. Com a hegemonia das tecnologias de segurança como racionalidade de gestão governamental e como dosadora das aplicações dos sistemas de soberania e disciplina, o que temos de certa forma é a substituição de um pacto de territorial, do modo como era assegurado pela soberania aonde o

19 soberano garantia mediante pagamentos e obediência, a segurança de suas terras, contra injustiças. Doravante o que temos é um pacto de segurança, onde o que se assegura é a própria segurança e a vida, se a biopolítica faz viver e deixa morrer, então esse caráter de fazer viver biopolítico é o que vai configurar a existência desse pacto de segurança como novo pacto social. O que acontece hoje portanto? A relação de um Estado com a população se dá essencialmente sob a forma do que se poderia chamar de “pacto de segurança”. Antigamente, o Estado podia dizer: “vou lhe dar um território” ou: “Garanto que vocês vão poder viver em paz em suas fronteiras”. Era o pacto territorial, e a garantia das fronteiras era a grande função do Estado. Hoje o problema das fronteiras não se coloca mais. O que o Estado propõe como pacto à população é: “você será garantido” Garantido contra todo tipo de incertezas, acidentes, danos, riscos. Você está doente? Temos a seguridade social! Você está desempregado? Temos o seguro desemprego! Há uma crise? Criaremos um fundo de solidariedade! Existem delinquentes? Asseguraremos a sua recuperação, uma boa cobertura policial! (FOUCAULT, 2001b, p.385, tradução nossa)

A parrhesia na atualidade aparece como a atitude crítica, não se deixar governar de nenhuma maneira, sem antes questionar. Se em Kant a atitude crítica deve estar restrita ao campo do debate entre intelectuais, devendo o bom funcionamento das engrenagens sociais serem preservados da intempestividade da diferença; precisamos hoje, reconhecer a urgência de que a atitude crítica irrompa nas malhas do poder, gerando heteropias, contra-condutas, e novas formas a liberdade que fujam a toda forma de universalismo. Hoje com o pacto de segurança, nossa politéia não há poder para o povo(demokratia), mas governo da população; não há isegoria, o poder de falar e ser ouvido se compra (e mais caro se for no horário nobre); não há isonomia, mas um sistema penal racista em suas estruturas mais fundacionais; resta-nos a parrhesia, como atitude crítica, como denúncia constante dos abusos, exceção, e heteronomias das estruturas hegemônicas de poder. E enquanto tal, também como uma transformação constante de nós mesmos, em um processo constante de desassujeitamento, de insubmissão, gérmens da sublevação. O parrhesiasta escancara o arbitrário dos Estados, tira os fascismos do armário, é perigoso à Razão de Estado, ameaça a segurança. As práticas estatais buscam encarcerar-nos em Defesa da Ordem Pública e

20 Social, mas aqueles que se constroem livres irrompem das rachaduras do pacto social e inscrevem suas liberdade no solo histórico-social da atualidade.

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