A beleza e o senso estético (Revista H&C)

BELEZA & ESTÉTICA Por Christiane Wagner

Muito se tem escrito sobre a complexidade do fenômeno estética, associando ao que esse termo sugere de mais atraente: a noção de beleza. Portanto, como complemento da beleza, a moda. Estética e moda. Em princípio, é importante a distinção entre esses dois termos, que em nossos dias coexistem em uma relação tão estreita, que ao mesmo tempo, enriquecem e confundem os sentidos relacionados ao gosto refinado, à elegância e ao que possa ser considerado belo, perfeito e adequado entre tantos efeitos que as maquiagens e os trajes podem causar. Efeitos que geram equívocos entre o ponto de vista estético e o ponto de vista convencionalmente social. O termo estética em relação à moda participa na maneira dos homens e das mulheres se vestirem ou se maquiarem conforme épocas e culturas. Mesmo que, sobretudo, o vestuário e a maquiagem estejam condicionados aos modelos em voga, sempre existe a possibilidade de adaptação individual, na qual o sentido estético participa pela escolha subjetiva de cada pessoa. É nesse sentido que o senso estético participa fortemente da vida cotidiana, seguidamente às artes. Do ponto de vista do fenômeno da moda em geral, se impõe uma consideração que vai além dos estilos e gostos pessoais, que é o consenso coletivo. Uma moda é uma maneira de ser ou de fazer algo ser adotado e valorizado pela maioria de forma efêmera. A moda, portanto, é um fenômeno que está estritamente relacionado com as aparências. As imagens veiculadas transmitem os valores da fantasia como simulacros, no sentido das análi40

ses do pensador Jean Baudrillard, criando o estímulo para o consumo e a estética da contemporaneidade. A influência da produção cultural pela inovação é a forma de configuração de imagens. A comunicação visual é a imagem, a moda, o ambiente, o indivíduo e, enfim, a imagem contemporânea em face da polissemia dos sentidos. A criatividade e a técnica são os meios para realização da moda, ao acreditar na imagem, designando o percurso por meio da simulação e dos simulacros como artifícios para comunicação. E, a experiência já nos mostrou como melhor encontrar a forma perfeita: pela observação da repetição até encontrar as formas expressivas que convêm expressar as ideias aos expectadores. Segundo Jacques Derrida, não é uma questão de imitação, da reprodução do real, mas a arte de exprimir o que os outros não podem ver, isto é, pelo olhar dos artistas, dos criativos, nesse caso, dos especialistas do mercado de moda, nós teremos outra forma de ver além da que conhecemos. Em todas as épocas, o universo de produções formam classes distintas na sociedade, levando a uma diferença de valores estéticos ou não estéticos e a uma visão hostil pela realização artística, independentemente do grau de civilidade e de culturas. Agora, se por um lado compararmos a tecnologia de épocas antecessoras às atuais, verificamos que todos os nossos sentidos se adaptaram à outra tecnologia. A percepção também se modificou. Mas, de todo modo, na medida da evolução e do progresso técnico, sempre o indivíduo buscou, por meio de realizações a imitação como uma técnica predominante. Se temos a capacidade

Arquivo pessoal

A beleza e o senso estético

Christiane Wagner é Doutora pela Université Paris 1 (Panthéon-Sorbonne) em Arts Plastiques, Esthétique et Sciences de l’Art e doutora pela Universidade de São Paulo, FAU - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Entre artigos e ensaios sobre artes aplicadas e estética é autora dos livros: In Art - invenção e artifício, Blucher, 2009 Esthétique : l´image contemporaine : l´analyse du concept de l´innovation, Blick, 2013

de discernimento do que é representado ou não, então, resta apenas avaliar o grau da capacidade da imitação pela imagem em sua inovação técnica, seja ela no universo da moda, pelas técnicas de comunicação ou de forma geral, hoje, no mundo do consumo. Referências bibliográficas BAUDRILLARD, Jean. Illusion, désillusion esthétiques. Paris: Sens & Tonka, 1997. Simulacres et Simulation. Paris: Galilée, 1981. DEBORD, Guy. La société du spectacle. Paris: Gallimard, 1992. DERRIDA, Jacques. La vérité en peinture. Paris: Flammarion, 1978.