A BIBLIOTECA ESCOLAR NO CONTEXTO DO PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

June 13, 2017 | Autor: Judson Oliveira | Categoria: Políticas Públicas, CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, Educação, Biblioteconomia, Bibliotecas Escolares
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Grupo Temático: Política e Economia da Informação.  A BIBLIOTECA ESCOLAR NO CONTEXTO DO PLANO NACIONAL DE  EDUCAÇÃO    Judson Daniel Oliveira da Silva ­ Discente do Curso de Biblioteconomia ­ UFRN  e­mail: [email protected]    Jacqueline de Araújo Cunha ­ Docente do Depto. de Ciência da Informação ­ UFRN.  e­mail: [email protected]        RESUMO    Objetivou­se observar  como  se  insere a biblioteca  escolar e o bibliotecário no Plano  Nacional  de  Educação, promulgado  em junho de 2014. Divulga o papel educativo da  biblioteca  e   sua  contribuição  para  atuações  pedagógicas.  Utilizou­se  como  metodologia  a  revisão  bibliográfica  e  a  análise  documental,  através  de  artigos  de  periódicos,  livros,  legislações,  dentre  outros  documentos.  Observou­se  a  necessidade  da  atuação  cooperativa  de  profissionais  da  educação  e  bibliotecários  para  que  a  biblioteca  cumpra  de  forma  efetiva  com  o  seu  papel  educativo  e  de  formação  de  leitores.   Concluiu­se  que  a  aplicação  do  Plano Nacional  de  Educação  reflete  a  necessidade  da  biblioteca  escolar  nas  instituições  de  ensino  e  que  os  parâmetros  para  bibliotecas  escolares  arrolados  no  documento  “Biblioteca  escolar  como  espaço de  produção  do  conhecimento: parâmetros para bibliotecas escolares”  devem ser considerados neste processo.     Palavras­chave: Plano Nacional de Educação. Biblioteca escolar. Bibliotecário.    1 INTRODUÇÃO    Em  junho  de  2014  foi  publicado  o Plano Nacional  de Educação  (PNE) na  lei  Nº  13.055, o qual visa cumprir o Art.  214 da Constituição Federal de 1988. O referido  artigo  constitucional  prevê  a  criação  de  Lei  que  “estabelecerá  o  plano  nacional  de  educação,  de  duração  decenal,  com  o  objetivo  de  articular  o  sistema  nacional  de  educação  em  regime  de  colaboração  e  definir  diretrizes,  objetivos,  metas  e  estratégias de implementação”. (BRASIL, 1988)  Nesta perspectiva, e entendendo a biblioteca escolar como importante espaço 

de  apoio  pedagógico  e  de  formação  de  leitores,  objetivou­se  observar  como  o  referido  PNE  aborda essa questão. Do mesmo modo, tentou­se perceber também se  o  documento  refere­se  em  algum  momento  aos  profissionais  que  deverão  atuar  nesses  espaços.  Tais  objetivos  se  justificam  pelo  fato  de  reconhecermos  a  importância  da   leitura  no  processo  de  aprendizado  escolar,  e  por  conseguinte  a  importância  da   biblioteca  neste  processo.  Além  disso  a  necessidade  de  haver  profissionais  com  competências  e  habilidades  pertinentes  para  atuação  neste  espaço.   Como  forma  de  empreender  este  estudo,  buscou­se  na  literatura  científica  o  aporte  teórico,  a  luz  do  qual  observaremos  os   aspectos  relativos  a  biblioteca  e  ao  bibliotecário  presentes  no  PNE,  como  forma  de  esclarecer  o  que  se  entende  por  biblioteca escolar  e  quais  as competências necessárias ao bibliotecário  para exercer  sua função nesse processo.    2 A BIBLIOTECA ESCOLAR SEGUNDO A LITERATURA DA ÁREA    A  biblioteca  escolar é um  ambiente que  agrega  num  espaço  físico  adequado  as  necessidades  dos  usuários,  recursos  humanos  e  materiais.  Compreendeu­se   biblioteca escolar  segundo documento “Biblioteca escolar como espaço de produção  do conhecimento: parâmetros para bibliotecas escolares” que esclarece que    [...]  o  termo   “biblioteca  escolar”  designa  um  dispositivo  informacional  que:  conta  com  espaço  físico  exclusivo,  suficiente  para  acomodar:  o  acervo;  os  ambientes  para  serviços  e  atividades  para  usuários;  os  serviços  técnicos  e  administrativos.  possui  materiais  informacionais  variados,  que  atendam  aos  interesses  e  necessidades  dos  usuários;  tem  acervo  organizado  de  acordo com  normas  bibliográficas  padronizadas,  permitindo  que  os  materiais   sejam  encontrados  com  facilidade  e  rapidez;  fornece  acesso   a  informações  digitais  (internet);  ​ funciona  como  espaço  de  aprendizagem​ ;  é  administrada  por  bibliotecário  qualificado,  apoiado  por  equipe  adequada  em  quantidade  e  qualificação  para   fornecer  serviços  à  comunidade  escolar.  (grifo  nosso)  (CAMPELLO, 2010a, p. 9) 

  Através  desses  parâmetros,  nota­se  que  a  biblioteca  escolar  pode  ser  vista  como  uma fonte de inúmeros suportes informacionais para os usuários, cabendo aos 

bibliotecários  utilizar desses suportes para empreender serviços informacionais para  professores  e  alunos.  Para  que  isso  ocorra,  o  profissional  deve  estar  apoiado  por  uma  equipe  adequada,  para  evitar  “a  disponibilidade  de  um  mesmo   sujeito  que  distribui  sua  organização  de tempo em todas as funções demandadas pela dinâmica  exigida por uma biblioteca escolar”. (SILVA, MORAES, 2014, p. 20)  Para  Campello  (2010b,  p.  190)  “a  ampliação  do  papel  educativo  do  bibliotecário  pressupõe  colaboração  constante com os professores”,  de  forma que o  esteja  atento  não  apenas  as  necessidades  do  usuário,  mas  também  “participar  do  projeto pedagógico atuando  junto  a  professores,  alunos, funcionários e familiares de  alunos” (BICHERI, ALMEIDA JÚNIOR, 2013, p. 44)  Contudo,  ​ com  o  advento de novas tecnologias de comunicação  o bibliotecário  tem  suas  competências  demandadas  por  um  mercado  cada  vez  mais  amplo,  de   forma  que  nem  todos  os  egressos  dos  cursos  de  biblioteconomia  vão  exercer  atividades  nos tradicionais espaços de biblioteca. Esse deficit de profissionais reflete  diretamente nas bibliotecas e    No  caso  das  bibliotecas  escolares  [...]  na  falta  de  bibliotecários  especializados,  atuam  neste  setor  professores  em  desvio  de   função,  ou  até  mesmo  outros profissionais  sem nenhuma formação  para  o  desenvolvimento  das  atividades  requeridas   para  complementar a educação infantil e juvenil. (RUSSO, 2012, p. 67 ) 

  Nota­se  com  isso  que  nem  sempre  são  bibliotecários  capacitados,  com  competências  informacionais,  que  atuam  nas  bibliotecas  escolares.  O  que  põe  em  risco a qualidade dos serviços oferecidos pela biblioteca à comunidade escolar.  Diante  do  exposto,  se  faz  necessário  reafirmar  competências  naturais  do  profissional  bibliotecário  que  corroboram  com  as  diretrizes  impostas  pelo  Plano  Nacional  de  Educação,  para  isso,  se  buscou  na  literatura  da  área  práticas  de  bibliotecários em ambientes educacionais, como forma de ilustrar essa atuação.  Em  2013 foi  realizado  um estudo na Universidade Federal de Minas Gerais, o  qual  buscou  “identificar:  As  categorias  de  assuntos  pesquisados  dentro  do  tema  biblioteca  escolar;  O  embasamento  teórico­conceitual  das  pesquisas;  As  metodologias  e  técnicas  utilizadas;  Os  resultados  e  as  conclusões  dos  estudos.”  (CAMPELLO  et.  al.,  2013,  p.127).  O  referido  estudo  tomou  por  base  relatos   de 

experiência  publicados  ou  divulgados  pelos  diversos  meios  de  comunicação  científica, a  fim de verificar práticas educativas  de  bibliotecários  brasileiros  atuantes  em  escolas  de  ensino  básico.  Este  estudo  objetivou  ainda  perceber   o  nível  de  desenvolvimento das pesquisas em biblioteca escolar até então realizadas.   Os  pesquisadores,  através  da  base  de  dados  Literatura  Brasileira  em  Biblioteca  Escolar (LIBES),  levantaram  setenta relatos de experiência, essa amostra   abrangeu  um  longo  período  temporal,  pois  os  estudos  selecionados  foram  publicados entre os anos de 1975 e 2011.  Com  a  análise  dos  documentos,  os  pesquisadores  categorizaram  os  relatos  em  seis  temáticas:  “biblioteca  escolar  como  espaço  de  aprendizagem”; “integração  professor/bibliotecário”;  “estudos de  usos e usuários”; “coleção”; “leitura” e “pesquisa  escolar”.  Os  pesquisadores   concluíram  que  esses  documentos  (dissertações  de  mestrado,  teses  de  doutorado,  trabalhos   em  eventos  e  artigos  de  periódicos)  mostraram  que  é  consenso  entre  os  pesquisadores  da  área  que  existe  a  necessidade  de  garantir  o  espaço  da  biblioteca  na  escola  uma  vez  que  ela  é  essencial no processo de aprendizagem. E levantaram que    O tradicional envolvimento da biblioteca escolar com a  leitura reflete  na  quantidade  de  estudos  desta  categoria  que é  a  mais  numerosa  (17  relatos).  Por  outro  lado,  a  preocupação  em  entender  melhor  a  questão  da  pesquisa  escolar,  categoria  que  vem  em  segundo lugar  em  número  de  relatos  (15)  demonstra  que  a  área  está  buscando  conhecimento  para  embasar  sua  ação  educativa  que  se  amplia  para  além   da  questão  da  leitura,  e  incorpora  questões  ligadas  à  competência  informacional.  Observa­se  que  o  último  estudo  sobre  leitura  é  de  2007,  enquanto  que  o  último  sobre  pesquisa  escolar  é  de  2011,  podendo  ser  isso  um  sinal  de   mudança  de  foco  dos  pesquisadores. (​ CAMPELLO et. al.​ , p. 146) 

  Com  o  exposto,  notou­se  que  a  biblioteca  escolar  e  suas  temáticas  estão   tomando  cada  vez  maior  espaço  no  cenário  da  Biblioteconomia  e  da  Ciência  da  Informação no Brasil e que é um objeto de estudo em constante evolução.  Uma  outra  pesquisa  selecionada  para  ser  relatada,  versa  sobre  as  competências de  bibliotecários para com  usuários com necessidades especiais  em  bibliotecas  escolares.  Este  foi  realizado  por  Marcolino  e Castro Filho (2014, p.  11), 

no qual os autores concluem que o bibliotecário “além de atender todos os alunos da  escola,  também  terá  a  missão  de  contribuir  com  a  inclusão  dos usuários  especiais  na  biblioteca  escolar  e auxiliar no  incentivo  à  socialização de  todos”.  O bibliotecário  deve  além  de  preparar  um  ambiente  acessível  as  necessidades  de  seus  usuários  propiciar  atividades  integradoras,  incentivando  a  socialização  dos  usuários  com  necessidades especiais com os demais.  Para  os  autores  a  biblioteca  escolar  necessita  mais   do  que  materiais  informacionais em suportes adequados as necessidades dos usuários, para eles    é  possível  dar  os  primeiros  passos  para  promover  um  ambiente  para  todos,  através  da  realização  de  atividades  interativas  com  os  usuários,  [...].  E  para  isso,  cabe  aos  profissionais  da   informação  trabalhar  para  modificar  a  maneira  de  pensar  e  agir   diante  da  inclusão,  e   se  aprimorar,  conscientes  de  que  o  empenho   e  os  primeiros  passos  são  fundamentais  para  garantir  o  sucesso  da  implantação  de  uma  biblioteca  escolar  inclusiva.  (MARCOLINO,  CASTRO FILHO, 2014, p. 11) 

  Dessa  forma,  vê­se  que   para  concretizar  seu  papel educativo  e  social  numa  biblioteca escolar o bibliotecário deve estar apto a interagir com um público que pode  apresentar  indivíduos  com  as  mais  variadas  necessidades  informacionais  e  que   necessita de um mediador do processo de letramento informacional ativo.  A´partir  do  exposto, iremos buscar no plano nacional de educação  referências  ao profissional bibliotecário, sobre o que discorremos a seguir.    3 O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO E A BIBLIOTECA ESCOLAR    O  Plano  Nacional de  Educação é  um ato  legislativo, previsto na  Constituição  Federal, de  duração  decenal  (2014­2024).  O  PNE  surgiu da necessidade de regular  o  sistema  nacional  de  educação  de  acordo  com  a  realidade  social,  ​ instaurando  metas e estratégias para a melhoria da qualidade do sistema educacional brasileiro.  Para  o  alcance  dessas  diretrizes,  o  mesmo  documento  decreta a realização  de  20  (vinte)  mestas  a   serem  cumpridas  pelos  diversos  órgãos  da  administração  pública,  sendo que  cada  meta possui  de 6 a 36 “estratégias” a serem adotadas para  o  alcance  das  respectivas.  Pelo  fato do PNE ser amplo  e  abranger  vários  aspectos 

da educação, requerendo assim vários estudos que possam abranger sua totalidade,  optou­se  no  presente estudo limitar a pesquisa as metas e estratégias que envolvam  direta  ou  indiretamente  a  biblioteca  e  o  bibliotecário, os quais  entendemos  estarem  inseridos  nos  sistemas  de  ensino  e  no  próprio  Plano.  Para  fins  de  melhor  visualização,  foi   elaborado  um  quadro  (QUADRO  1)   no  qual  foram  dispostas  as  metas e suas estratégias.    QUADRO 1​ : Metas e estratégias do Plano Nacional de Educação (Lei Federal  Nº13.005/2004) que envolvem direta ou indiretamente a biblioteca e o bibliotecário.  METAS 

ESTRATÉGIAS 

      6:   oferecer   educação  em  tempo  integral  em,  no  mínimo, 50% (cinquenta por cento)  das  escolas  públicas,  de  forma  a atender,  pelo  menos,  25% (vinte  e cinco por cento)  dos (as) alunos (as) da educação básica.   

      ● Institucionalizar e manter, em  regime de colaboração,  programa nacional de ampliação  e reestruturação das escolas  públicas, por meio da instalação  de​  quadras poliesportivas,  laboratórios, inclusive de  informática, espaços para  atividades culturais, ​ bibliotecas​ ,  auditórios, cozinhas, refeitórios,  banheiros e outros equipamentos,  bem como da produção de material  didático e da formação de recursos  humanos para a educação em  tempo integral;    ● Fomentar a ​ articulação da escola  com​  os diferentes espaços  educativos, culturais e esportivos e  com equipamentos públicos, como  centros comunitários, ​ bibliotecas,  praças, parques, museus, teatros,  cinemas e planetários; 

      7:   fomentar  a  qualidade  da  educação  básica  em todas as etapas e modalidades,  com  melhoria  do   fluxo  escolar  e  da  aprendizagem  de  modo  a  atingir  as  seguintes médias nacionais para o IDEB:   

● Prover equipamentos e recursos  tecnológicos digitais para a  utilização pedagógica no ambiente  escolar a todas as escolas públicas  da educação básica, criando,  inclusive, mecanismos para  implementação das condições  necessárias para a 

universalização das bibliotecas  nas instituições educacionais,  com acesso a redes digitais de  computadores, inclusive a internet;    ● Promover​ , com especial ênfase,  em consonância com as diretrizes  do Plano Nacional do Livro e da  Leitura, a formação de leitores e  leitoras e a​  capacitação de  professores e professoras,  bibliotecários e bibliotecárias​  e  agentes da comunidade para atuar  como mediadores e mediadoras da  leitura, de acordo com a  especificidade das diferentes  etapas do desenvolvimento e da  aprendizagem;  Fonte: Quadro elaborado pelos autores  Dados: Plano Nacional de Educação (BRASIL, 2014) 

  Com  isso,  destacou­se  duas  metas,  a  sexta  e  a  sétima.  Como  podemos  observar  no  quadro acima,  a sexta  meta versa que se  pretende “oferecer educação  em  tempo integral  em, no mínimo, 50% (cinquenta  por  cento) das escolas públicas”  (BRASIL, 2014).  Dentre  as  estratégias  para  tal  meta estão:  a  criação de atividades  de  acompanhamento  pedagógico,  multidisciplinar  e  culturais;  a  instituição  de  programas  de  construção  de  escolas  com  padrões  arquitetônicos  adequados;  instalação  de espaços para atividades  culturais, dentre elas, ​ bibliotecas e auditórios  e articular a escola com diferentes espaços culturais e educativos.  A sétima meta visa incentivar a melhoria da aprendizagem escolar para atingir  objetivos  relativos  ao  Índice  de  Desenvolvimento  da  Educação  Básica  (BRASIL,  2014),  um  índice  que  é  medido  a  cada  dois  anos.  A  meta  imposta  busca,  num  período  de  oito  anos  (2013  a  2021),  um  crescimento  de  0,8  no  índice,  saindo  do  atual 5,2 para 6,0. Acreditamos que tal meta pode ser considerada modesta pelo fato  de  que  o  crescimento  relativo  aos  últimos  oito  anos  se  mostrou  maior,  as  informações  contidas  no  site  do  IDEB  mostra  que  saímos do índice  3,8  em 2005  e  alcançamos em 2013, que é o índice vigente, 5,2.​  Um crescimento de 1,4. (IDEB)  Dentre  as  estratégias  propostas  para  a  sétima   meta  destacaram­se  as  de 

prover  “equipamentos  e  recursos  tecnológicos  digitais  para  a  utilização pedagógica  no  ambiente  escolar  [...]  ​ criando,  inclusive,  mecanismos   para  implementação  das  condições  necessárias  para  a  universalização  das  bibliotecas  nas  instituições educacionais​ ” e  a  de  promover em  “consonância  com  as  diretrizes do  Plano  Nacional  do  Livro  e  da  Leitura,  a  formação  de  leitores  e  leitoras  e  a  capacitação  de  professores  e  professoras,  ​ bibliotecários  e  bibliotecárias  e  agentes  da  comunidade  para  atuar  como  mediadores  e  mediadoras  da  leitura”  (BRASIL, 2014) (grifo nosso)  Nessa  meta  percebemos  uma  relação  direta  entre  o  PNE  e  a  lei  da  universalização  das  bibliotecas  nas  instituições  de  ensino  do  país,  que  foi  promulgada  em 2010. Trata­se da lei Nº12.244, que estabelece um prazo máximo de  10 anos  para  a  criação  de bibliotecas  nas  instituições  de  ensino privadas e públicas  de  todos  os  sistemas  de  ensino,  a  qual   faz menção a necessidade  do  bibliotecário  nas bibliotecas  escolares,  em respeito a legislação nacional vigente que determina a  obrigatoriedade  desse profissional em  ambientes de bibliotecas (Leis ​ Nº4.084, de 30  de junho de 1962​ , e 9.674 de 25 de junho de 1998). (BRASIL, 2010)    4 CONSIDERAÇÕES FINAIS    Mesmo  reconhecendo que os resultados deste estudo são incipientes, dado o  curto tempo  de elaboração, ainda assim foi possível verificar que a biblioteca escolar  está  presente   na  agenda  de  pesquisa  na  área  de  Ciência   da  Informação,  com  destaque  para  o  Grupo  de  Estudos  em  Biblioteca  Escolar  (GEBE)  da  Escola  de  Ciência  da  Informação  da  Universidade  Federal de  Minas  Gerais. Mesmo não tendo  feito  parte dos  nossos  objetivos  verificar  as  fontes informacionais  especializadas  no  assunto,  destamos  o  LIBES  ­  Literatura  Brasileira em  Biblioteca  Escolar,  uma  base  de 

dados 

do 

GEBE 

com 

documentos 

sobre 

biblioteca 

escolar 

(​ http://libes.eci.ufmg.br/index.php​ ).   Verificamos  que  tanto  a  literatura  na  área  como  o  próprio  texto  do  PNE  corroboram  com  a  ideia  de  que  o  bibliotecário   deve  atuar  em  colaboração  com  professores  no  espaço  da  biblioteca  escolar,  e  para  tanto  faz­se  necessário 

capacitação  para  o  atendimento  do  seu  público com toda  sua diversidade,  inclusive  com as necessidades especiais.  Porém, as  bibliotecas  escolares são  espaços  negligenciados,  em  especial  na  escolas  públicas,  as  quais  muitas  vezes  são  geridas por profissionais da educação  em  fim  de  carreira  ou  com  problemas  de  saúde,  conforme  mostrou  o  estudo  de  Russo  (2012).  Todavia,  vislumbra­se  uma  mudança  desse  panorama  a  partir  da  aplicação  da  lei  ​ Nº12.244,  bem  como  com  a  mobilização  dos profissionais da área  para cobrar das instancias governamentais ações que a viabilizem.  Consideramos,  portanto,  que  a  formação  acadêmica  do  bibliotecário  já  o  capacita para exercer  sua função nas bibliotecas  escolares,  que se daria através de  uma  cultura  de  colaboração  permanente   entre  professores  e  bibliotecários  para  o  empreendimento  de  atividades  voltadas   para  o  aprendizado.  Tais  agentes  devem  apresentar  um  comportamento  profissional  com  ampla  comunicação,  para  que  se  respeite  o  papel  de  cada  um,  uma  vez  que os diferentes  papéis  (dos  bibliotecários,  dos  professores,  dos  coordenadores,  dos  diretores  e  dos  demais  profissionais  presentes nas escolas) se complementam.  Para  que  o  bibliotecário  seja  atuante   e  eficiente  dentro  do  plano  pedagógico  das  escolas  se  faz  necessário  observar  tanto  o  PNE  quanto  os  parâmetros  ditados   pelo  documento  “Biblioteca  escolar  como  espaço  de  produção  do conhecimento: parâmetros para bibliotecas escolares”, documento elaborado pelo  GEBE.  Este  aborda  e  incentiva  a  criação  de  uma  infraestrutura  que  permita   a  utilização  pedagógica  do  ambiente  da  biblioteca  escolar  e  para  que  o  bibliotecário  não sobrecarregue seu tempo com as variadas atividades da praxe profissional.    REFERÊNCIAS    BICHERI, Ana Lúcia Antunes de Oliveira; ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco.  Bibliotecário escolar: um mediador de leitura. ​ Biblioteca Escolar em Revista​ ,  Ribeirão Preto, v.2, n.1, p. 41­54, 2003. Disponível em:   Acesso em: 8 mar. 2015.    BRASIL. Lei Nº 13.005 de 25 de junho de 2014. Disponível em:   Acesso  em: 8 de nov. 2014.    BRASL. Lei Nº 12.244 de 24 de maio de 2010. Disponível em: 

 Acesso  em: 8 nov. 2014.    BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em   Acesso em 8:  nov. 2014.    CAMPELLO, Bernadete Santos et. al. Pesquisas sobre biblioteca escolar no Brasil:o  estado da arte. ​ Encontros Bibbli​ : revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da  informação, v. 18, n. 37, p. 123­156, mai./ago., 2013. Disponível em:    Acesso em: 8 mar. 2015.    CAMPELLO, Bernadete Santos et. al. ​ Biblioteca escolar como espaço de  produção do conhecimento​ : parâmetros para bibliotecas escolares. Belo  Horizonte: Autêntica, 2010. Disponível em   Acesso em: 8 nov. 2014.      CAMPELLO, Bernadete Santos. Perspectivas de letramento informacional no Brasil:  práticas educativas de bibliotecários em escolas de ensino básico. ​ Encontros Bibli​ :  revista eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação. Florianópolis, v. 15, n.  29, p. 184­208, 2010b. Disponível em:    Acesso em: 8 mar. 2015.    IDEB – RESULTADOS E METAS. Disponível em  Acesso  em: 9 nov. 2014.    MARCOLINO, Maria Antonieta Ribeiro. CASTRO FILHO, Cláudio Marcondes de. O  bibliotecário na biblioteca escolar e os usuários especiais: o desafio da inclusão.  Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação. São Paulo, v.10, ed. esp.,  2014. Disponível em:  Acesso em: 8  mar. 2015.    RUSSO, Mariza. O curso de biblioteconomia e gestão de unidades de informação da  universidade federal do rio de janeiro e sua experiência com a gestão de bibliotecas  escolares. In: FÓRUM DE PESQUISA EM BIBLIOTECA ESCOLAR, 1., Belo  Horizonte. ​ Anais...​  Belo Horizonte: UFMG, 2012. p. 54­74. Disponível em:   Acesso em: 8 mar. 2015.    SILVA, Eduardo Valadares da; MORAES, Fabiano de Oliveira. Biblioteca escolar  como espaço de reinvenções curriculares. ​ Biblioteca Escolar em Revista​ , Ribeirão  Preto, v. 2, n. 2, p. 17­26, 2014. Disponível em:   Acesso em: 8 mar. 2015. 

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