A BIBLIOTECA FÉNIX DOS TRÓPICOS, 1811-1818

May 23, 2017 | Autor: Fabiano Cataldo | Categoria: Bibliotecas públicas, Historia Das Bibliotecas, Biblioteca Pública da Bahia
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FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL PROGRAMA NACIONAL DE APOIO À PESQUISA

RELATÓRIO FINAL DO PROJETO DE PESQUISA

BIBLIOTECA PÚBLICA DA BAHIA: A BIBLIOTECA FÉNIX DOS TRÓPICOS, 1811-1818

Responsável: Fabiano Cataldo de Azevedo

Período de vigência da bolsa: julho de 2010 a julho de 2011

Rio de Janeiro Julho de 2011

2

SUMÁRIO 1

INTRODUÇÃO .......................................................................................................

3

1.1

OBJETIVOS...............................................................................................................

7

1.2

PROCEDIMENTOS METÓDICOS .........................................................................

9

2 2.1 2.1.1 2.1.2 2.1.3

PESQUISA DE CAMPO ......................................................................................... IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES ........................................................................... Divisão de Manuscritos ............................................................................................. Divisão de Obras Raras ............................................................................................. Divisão de Obras Gerais ...........................................................................................

11 11 12 20 34

3

RESULTADOS ........................................................................................................ 35

3.1

ANÁLISE DO PLANO PARA O ESTABELECIMENTO DE UMA BIBLIOTHECA PÚBLICA NA CIDADE DE SALVADOR, OFERECIDO A APROVAÇÃO DO SR. CONDE DOS ARCOS, CAPITÃO GENERAL DAQUELA CAPITANIA ......................................................................................... 35

3.2

ESTUDO COMPARATIVO E AVALIAR AS POSSÍVEIS CONEXÕES ENTRE O CATALOGO DOS LIVROS QUE SE ACHAM NA LIVRARIA PÚBLICA DA CIDADE DA BAHIA EM MAIO DE 1818 E O CATALOGO DOS LIVROS QUE SE ACHÃO NA BIBLIOTHECA PUBLICA DA CIDADE DA BAHIA..... 39

3.3

CATÁLOGOS CONSOLIDADOS...........................................................................

4

BREVE ENSAIO SOBRE O HISTÓRICO DA FORMAÇÃO DO ACERVO DA BPB..................................................................................................................... 75

5

CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................

75

REFERÊNCIAS.....................................................................................................

76

ANEXO A - A Livraria Pública da Bahia: uma biblioteca fênix e a circulação de livros na Salvador no século XIX

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3

1 INTRODUÇÃO1

A pesquisa retrospectiva em Biblioteconomia ainda é um campo pouco explorado pelos bibliotecários brasileiros. História dos livros e das bibliotecas têm sido uma seara freqüentemente trilhada por historiadores – com mestria, é verdade. Em nosso campo científico o que se percebe é uma busca por estudos tecnológicos, disputas epistemológicas e toda sorte de análises que priorizam a discussão a luz da bibliografia contemporânea, sem recorrer a estudos e práticas do passado. Em alguns casos, a falta de voltar o olhar para trás resulta em estudos com pouca consistência, pois se poderiam identificar em práticas antigas soluções para o presente, ou ainda, entender certos deslocamentos. As Bibliotecas Públicas no Brasil passam por um momento tenso, percebem-se problemas no entendimento de sua missão, função e objetivos. Pouco se discuti a formação de suas coleções. Muito mais confusos são os caminhos que perpassam pelo estudo de usuários. Quando empreendemos um estudo histórico acerca do perfil desse tipo de biblioteca o que vemos é claramente uma falta de compreensão da linha cronológica dos deslocamentos de significados que foi sofrendo. Percebe-se que, sobretudo no século XIX positivista e ainda impregnado de idéias iluministas a missão que hodiernamente se busca para esse tipo de biblioteca estava claro nos coetâneos, qual seja, “um local de informação, tornando prontamente acessíveis aos seus utilizadores o conhecimento e a informação de todos os gêneros”2. Nosso interesse no tema “História das Bibliotecas” e “Práticas Biblioteconômicas” no século XIX advém das pesquisas que temos desenvolvido já há alguns anos. A ideia para o projeto de pesquisa que apresentamos nasceu há mais de cinco anos, porém, na ocasião não dispúnhamos de meios metodológicos e maturidade de pesquisa para levá-lo a termo. Foi a partir das pesquisas sobre a história da formação do acervo do Real Gabinete Português de Leitura (RGPL) que pudemos consolidar métodos, sob o prisma da biblioteconomia, para estudar esse tipo de acervo3.

1

Para redação desse relatório utilizamos como modelo o relatório da líder do grupo de pesquisa do qual faço parte. A Profa. Dra. Simone da Rocha Weiztel também recebeu bolsa da FBN no período de 2007-2009. 2 IFLA.UNESCO. Manifesto da IFLA/UNESCO sobre Bibliotecas Públicas. 1994. Disponível: http://archive.ifla.org/VII/s8/unesco/port.htm. Em absoluto é nosso interesse aqui fazer qualquer estudo comparativo sobre a Biblioteca Pública hoje e no passado. 3 Esse percurso está exaustivamente descrito no projeto de pesquisa apresentado no processo de seleção.

4

O foco deste relatório será apresentar o processo de investigação que empreendemos com seus percalços, sucessos, e insucessos – muito embora esses chamados “insucessos” nos conduziram a outros caminhos que trouxeram boas descobertas. Em linhas gerais, na primeira parte recuperaremos os objetivos e justificativa da pesquisa; a seguir apresentaremos alguns documentos que foram localizados com suas especificidades e na seqüência um breve histórico da fundação para biblioteca. Apesar de a pesquisa lidar com o tema “Biblioteca Pública” não concentramos nossa atenção em pesquisa bibliográfica sobre esse assunto, até porque – em função do que foi dito anteriormente – poucos são estudos biblioteconômicos que se detiveram nos estudos históricos. Desse modo, nosso foco concentrou-se no levantamento de fontes no acervo FBN e estudo de seus conteúdos. A Biblioteca Pública da Bahia, criada “graças ao espírito associativo da elite baiana” 4, foi inaugurada numa sala que pertenceu ao antigo Colégio dos Jesuítas, na cidade de Salvador a 4 de agosto de 1811. Sua importância para estudos nas áreas de biblioteconomia, história e letras é muito grande. Entretanto, essa relevância contrasta com a escassez quase absoluta de pesquisas sobre esta Biblioteca, cujo acervo – há quem o afirmou – não sofreu censura5 e foi criada sob influência do espírito iluminista. Em todos esses anos, as pesquisas mais importantes sobre o tema foram apresentadas pela historiadora luso-brasileira Maria Beatriz Nizza da Silva no artigo A Livraria Pública da Bahia em 1818: obras de história, publicado pela Revista de História em 1971. Nesse trabalho, a pesquisadora analisou o catálogo manuscrito, cotejando os livros de história. Num foco mais detalhado, Rubens Borba de Morais em Livros e Bibliotecas no Brasil Colonial (1979; 2006) dedicou um capítulo inteiro revelando informações crucias. Além desses estudos, a BPB só apareceu citada em alguns parágrafos ou páginas de trabalhos acadêmicos 6 e poucos livros. Pelas razões expostas, igualmente, concentramos nossa atenção na busca de documentos que permitissem historiar alguns fatos referente à fundação e formação do acervo dessa biblioteca.

4

SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Entrevista. Revista Acervo, Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, v. 21, jan./jun., 2008, p. 6 5 Cf. MORAES, Rubens Borba de. Livros e Bibliotecas no Brasil Colonial. Brasília: Briquet de Lemos, 2006. 6 Em MARTINS, Wilson. A palavra escrita: história do livro, da imprensa e da biblioteca. São Paulo: Ática, 2001, recebeu um pequeno destaque no capítulo sobre bibliotecas brasileiras.

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Ainda recuperando informações que foram escritas em nosso projeto de pesquisa, lembramos que Na realidade, os modelos conhecidos de bibliotecas públicas não eram muitos, e dificilmente poderiam se aclimatar ao meio social brasileiro. Os referenciais franceses, que tanto estimulavam a imaginação de nossos intelectuais, estavam longe de satisfazer plenamente as classes dominantes. De fato, a idéia de se fazerem públicas as bibliotecas, em oposição aos acervos principescos e eclesiásticos, característicos do Antigo Regime, teve suas origens no Século das Luzes, mas era associada à Revolução de 1789, em sua fase mais radical7.

De fato, lendo a documentação compulsada acerca da Biblioteca Pública da Bahia a partir de uma visão da Análise de Discurso8 notamos vários referenciais associados às idéias iluministas de instrução geral. Mesmo que nossa linha mestra e medológica seja a Biblioteconomia a medida que íamos lendo a documentação optamos por incluir, além da abordagem histórica, outra sob o prisma dos estudos da Memória Social. Os resultados desta pesquisa, apesar de satisfatórios, demonstraram que é preciso analisar sobre outras facetas a formação dessa Biblioteca e avançar para as décadas que não estavam em nosso recorte cronológico, analisando seus catálogos e perscrutando os periódicos da época a fim de mapear os fatos históricos referentes à coleção. Outra contribuição de relevância desta pesquisa se refere a formação de um corpus documental sobre a Biblioteca Pública da Bahia. Ao compulsar todos os números do Idade d’Ouro do Brazil e mapear as notícias sobre a biblioteca recuperamos informações até então não trabalhadas. As notícias compiladas desse periódico soteropolitano contribuíram para perceber o cenário de circulação de livros entre particulares. Para os estudos acerca das bibliotecas públicas, talvez uma contribuição seja demonstrar que se pensava em Formação e Desenvolvimento de Coleções para esse tipo de biblioteca e havia uma série de práticas biblioteconômicas previstas para essa prática. Uma vez que esse projeto esteve vinculado ao grupo de pesquisa que fazemos parte na UNIRIO estabelecemos diálogos com outros colegas que pesquisam bibliotecas públicas. Essas discussões estão gerando possibilidades de gerar outras investigações. 7

DEAECTO, Marisa Midore. No império das letras: circulação e consumo de livros na São Paulo oitocentista. 2005. 387f. Tese (Doutorado em História Econômica) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005, p. 36. Nessa tese há também um ótimo estudo sobre a fundação da primeira biblioteca pública do estado de São Paulo. 8 Seguimos a perspectiva francesa de Análise de Discurso. Temos como base metodológica os trabalhos de Michel Pêcheux e Eni Orlandi. No decorrer desse relatório trataremos em mais detalhes dessas perspectivas.

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Por fim, cabe esclarecer que essa pesquisa teve um caráter exploratório e escopo quantitativo. Diante de todo conjunto de informações que recuperamos nas Divisões de Obras Raras e Manuscritos da FBN caminharíamos para conclusões precipitadas e fadadas a erros se expandíssemos o escopo proposto da pesquisa e empreendêssemos qualquer tipo de análise mais acurada – o que ficará para outro momento.

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1.1 OBJETIVOS

Como dissemos, além dos estudos de Maria Beatriz Nizza da Silva e Rubens Borba de Moraes, poucos foram os pesquisadores que se debruçaram sobre os catálogos manuscritos e impressos produzidos pela Biblioteca, mormente houve quem tratasse da formação do acervo e sua história a partir da recuperação de fontes primárias. Partindo dessas considerações, chegamos aos objetivos para esse projeto. Deste modo, propusemos como objetivo geral dessa pesquisa delinear o histórico da formação do acervo e estrutura organizacional da Biblioteca Pública da Bahia com o recorte cronológico de 1811 a 1818.

Pretendíamos como objetivos específicos:

1. Localizar documentação impressa e manuscrita referente à Biblioteca Pública da Bahia no acervo da FBN, além dos catálogos manuscrito e impresso de 1818, a fim de organizar as fontes de pesquisa e estabelecer um corpus.

2. Analisar o Plano para o estabelecimento de uma bibliotheca pública na cidade de Salvador, oferecido a aprovação do Sr. Conde dos Arcos, capitão general daquela capitania.

3. Elaborar estudo comparativo e avaliar as possíveis conexões entre o Catalogo dos livros que se acham na Livraria Pública da cidade da Bahia em maio de 1818 e o Catalogo dos livros que se achão na Bibliotheca publica da cidade da Bahia, de 1811.

4. Consolidar e arrolar os dados compilados dos catálogos impresso e manuscrito com objetivo de recuperar e reconstituir a memória do acervo original da Primeira Biblioteca Pública do Brasil.

8

Os que se dedicam a pesquisa científica sabem que inexoravelmente os objetivos apresentados inicialmente nunca são atendidos de forma estrita. Felizmente conseguimos grande parte do que foi proposto e ainda tivemos a ventura de alargar um pouco mais nossa proposta, pois pretendemos nos dedicar a outras facetas desse tema. Cada um desses objetivos será abordado ao longo desse relatório. Em todos encontramos certas dificuldades – o que é bastante comum – entretanto, os tópicos 1 e 4 foram o que demandaram maior tempo. Apesar de atender a proposta, planejamos aprofundar as pesquisas para o primeiro tópico nos acervos na própria cidade de Salvador e a respeito do tópico 4 proporemos uma nova abordagem em outra pesquisa, pois entendemos a importância que ambos têm para uma compreensão mais ampla da história da formação do acervo da Biblioteca Pública da Bahia.

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1.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta pesquisa se insere na linha de pesquisa do Departamento de Estudos e Processos Biblioteconômicos (DEPB) Biblioteconomia, Cultura e Sociedade e foi desenvolvida com apoio financeiro da Fundação Biblioteca Nacional no período de junho de 2010 a junho de 2011. Havia um grupo de documentos previamente identificados e a necessidade de localizar outros. Assim a pesquisa envolveu levantamento bibliográfico, com ênfase nas fontes primárias. Seguindo a linha dos objetivos, havíamos proposto que o Plano para o estabelecimento de uma bibliotheca pública na cidade de Salvador, oferecido a aprovação do Sr. Conde dos Arcos, capitão general daquela capitania seria analisado à luz da Biblioteconomia de Livros Raros, tendo como subsídio teórico a Organização e Administração de Bibliotecas (OAB) e Formação e Desenvolvimento de Coleções (FDC) aplicada a acervos retrospectivos. No entanto, localizamos mais detalhes que atendiam o campo de FDC. Tendo em vista que afirmação de Moraes (1979; 2006) de que os catálogos manuscrito e impresso não são idênticos, foi proposto nos objetivos específicos um estudo comparativo entre os catálogos manuscrito de 1818 e um impresso com data atribuída no mesmo ano. Realizamos a transcrição integral de ambos os documentos, o primeiro a partir do microfilme da Divisão de Manuscritos e o segundo – em função da má qualidade do microfilme – a partir do original, sob a guarda da Divisão de Obras Raras. Pretendíamos estabelecer padrões com assuntos, mas isso não foi feito, pois optamos por dar mais atenção a coleta de dados sobre a formação do acervo. Percebemos também que nesse primeiro momento, com uma pesquisa quantitativa, esse tipo de abordagem não seria pertinente, apesar de importante. Após a transcrição de ambos os documentos, utilizando uma tabela consolidamos ambos. E a seguir, a partir de um trabalho cedido pela professora Lúcia Bastos Pereira das Neves, consolidados igualmente os livros da biblioteca de Francisco Agostinho Gomes doados a Biblioteca Pública no ano de sua fundação. Os detalhes acerca desses documentos virão a seguir nesse relatório.

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Além dessas fontes, realizamos o cotejamento de informações sobre a BPB no periódico Idade d’Ouro do Brazil (microfilmado) devido a sua forte circulação na capital soteropolitana. Essa atividade produzirou resultados além do esperado. O cronograma original da pesquisa previu doze meses para empreender oito etapas estabelecidas.

Atividades Levantamento documental de fontes sobre BPB Cotejamento de notícias sobre a BPB no Idade d’Ouro no Brazil Relatório para Comissão de Pesquisa Análise do Plano para o estabelecimento de uma bibliotheca… Estudo comparativo dos Catálogos impresso e manuscrito Consolidação e arrolamento com compilação dos dados Apresentação de resultado parcial da pesquisa Apresentação do trabalho final

Mês 1

Mês 2

Mês 3

Mês 4

Mês 5

Mês 6

Mês 7

Mês 8

Mês 9

Mês 10

Mês 11

Mês 12

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2 PESQUISA DE CAMPO

Eco (2005) considera que um dos momentos importantes de uma pesquisa é o que chama de “investigação bibliográfica”9 e pondera que em alguns casos ao investigador cabe fazer uma bibliografia, ou seja, quando não há fontes já organizadas. As fontes localizadas que dispúnhamos no inicio da pesquisa foram identificadas a partir dos trabalhos de Silva (1971) e Borba de Morais (1979; 2009), quais sejam10: 

Catalogo dos livros que se acham na Livraria Pública da cidade da Bahia em maio de 1818 Original Manuscrito, sob a guarda da Divisão de Manuscritos. Localizações: 01, 1, 026 (original) e MS-562(2) (microfilme).



Catalogo dos livros que se achão na Bibliotheca publica da cidade da Bahia. Único exemplar conhecido no Brasil. Impresso sobre a guarda da Divisão de Obras Raras. Localizações: Cofre 02,15 (original) e OR 00099 (microfilme).



Plano para o estabelecimento de uma bibliotheca pública na cidade de Salvador, oferecido a aprovação do Sr. Conde dos Arcos, capitão general daquela capitania. Localizações: I-32,13,001 n. 001-003

2.1 IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES

Essa atividade foi desenvolvida no âmbito das divisões de Manuscritos, Obras Raras e Obras Gerais. Demos prioridade a consulta nos catálogos internos. A leitura dos documentos priorizou microfilmes e só em casos específicos recorremos ao original. Todo esse processo, apesar de suas dificuldades inerentes ao trato com fonte primária, foi extramente fluido em razão da colaboração e atenção de todos os servidores, tercerizados e estagiários das divisões citadas.

9

ECO, Umberto. Como se faz uma tese em ciências humanas. Lisboa: Editorial Presença, 2005. Há na FBN a edição brasieira , de 1996. Localização: IV-53,6,3. 10 Pela importância, esses documentos virão comentados em outra seção.

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2.1.1 Divisão de Manuscritos

Iniciamos nossa identificação com buscas no catálogo interno, em MicroIsis, da Divisão de Manuscrito da FBN, no qual localizamos os seguintes documentos: 

Bibliotheca Pública da Bahia Loc. Ms: I 32, 13.1 n. 1. Documento manuscrito em uma folha e parte da coleção Carvalho. Segue a transcrição11:

Bibliotheca Publica da Bahia

A idéia da fundação de huma Bibliotheca Publica na cidade da Bahia he devida ao prestante Bahiano Coronel Pedro Gomes Ferrão e foi mandada por em execução pelo Exmo Conde dos Arcos, então Governador da Provincia. O Coronel Pedro Gomes Ferrão nomeado Director da nascente Bibliotheca, tendo-lhe feito doação da sua livraria, deu lhe hum adequado regulamento, e foi ella franqueada ao Publico no dia 4 de Agosto de 1811, possuindo logo trez mil volumes de diversas obras devidos á generosidade de alguns cidadãos amantes das letras, figurando á [testa ?] delles aquelle Benemerito Governador. Por fallecimento do Coronel Ferrão foi nomeado para substituir o Pedro Francisco Agostinho Gomes, e posteriormente forão Bibliothecarios Lucio Jozé de Mattos, o Rev. do Conego Vicente Ferreira de Oliveira Vigario da Freguesia da rua do Paço, o Dr. Joaquim Baptista Rodrigues Villas Boas, o Commendador Antonio Joaquim Alves do Amaral, e ultimamente o Commendador Gaspar Jozé Lisboa que exerce este emprego desde 21 de Maio de 1853. A Bibliotheca Publica da Bahia acha se estabelecida no segundo pavimento do edificio dos antigos jesuitas no Terreiro de Jesus do lado do mar para onde tem hum excellente golpe de vista, esta aberta em todos os dias uteis desde as 8 horas da manham até as 3 da tarde, sendo franqueada á todas as Pessoas decentes que desejão consultar os seus livros; tem por Empregados alem do Bibliothecario hum 1º Official, hum dito 2º, dous Guardas dos quaes hum serve de Porteiro, e hum Continuo. Este interessante estabelecimento que foi fundado por subscriçoens de Particulares e producto de loterias, passou depois a ser sustentado á expensas da Provincia cuja Assembléa legislativa na sua lei [?] do Orçamento annualmente consigna huma certa somma para o pagamento dos Empregados, acquisições de livros novos, encadernações, e assignaturas de Revistas e Jornaes tanto nacionaes como estrangeiros. Nestes ultimos annos a Bibliotheca Publica da Bahia tem feito acquisições de muitas obras scientificas e litterarias mandadas vir pelo Governo da Provincia de Lisboa, Pariz e Rio de Janeiro, e conta actualmente dezeseis mil volumes. Alem dos jornaes da mesma Provincia e da Côrte, recebe tambem regularmente pelos Paquêtes da Europa Revistas e periodicos estrangeiros para os quaes subscreve. Bahia 8 de Setembro de 1862.

_____________________

Como é possível perceber o autor do texto historiciza a fundação da Biblioteca Pública da Bahia e as motivações. Alguns dados sobre o funcionamento aparecem no próprio Plano e 11

Nessa seção as transcrições virão em itálico.

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em Catálogo publicado em 1878. No último parágrafo há destaque para aquisição de obras e periódicos, informações que são já confirmadas por notícias compiladas no Idade d’Ouro do Brazil de 1818. A respeito da evolução administrativa da BPB esse documento relata que a instituição passou a receber verba governamental, sem mencionar a partir de qual período. Sob a perspectiva da Análise do Discurso, encontramos aqui nesse texto o termo: “cidadãos amantes das letras”. Essa imagem marca a posição discursiva iluminista muito recorrente em outros documentos analisados. _____________________ 

Apontamentos que podem interessar á publicação da Corographia Historica Localização: Ms: I 32, 13.1 n. 2. Documento manuscrito em uma folha e parte da coleção Carvalho. Segue a transcrição: Apontamentos que podem interessar á publicação da Corographia Historica.

1º sobre a estada do Principe Regente na Bahia; Tratão deste assumptos as Memorias Historicas e politicas da Provincia da Bahia por Ignacio Accioli de Cerqueira e Silva no volume 1º Pag. 294 e seguntes. 2º Dº sobre o que se fez e os discurso que se pregarao por occassião da morte da Rainha D. Maria 1ª, Idade de Ouro da Bahia nnos. 71 e 72 de 3 e 6 de setembro de 1816. 3º Dº O que houve de importante sobre os acontecimentos de 1817; Idade de Ouro da Bahia, n. 25 e seguintes de Abril de 1817, Memorias historicas e politicas de Accioli, vol. 1º pag. 326 e seg. Synopsis ou dedução chronologica pelo General Abreu de Lima, pag. 309. 4º Dº O que houve sobre a revolução da Madeira; Idade de Ouro da Bahia de 1821 e 1822, Memorias historicas da Bahia, por Inacio Accioly, vol. 2º pag. 8 e seguintes, Synopisis do General Abreu e Lima, pag. 327 e 328. 5º Dº sobre a morte do Coronel Felisberto Gomes Caldeira; Memorias historicas de Inacio Accioli, vol. 6, pag. 24 e seg. Synopsis do General Abreu e Lima, pag. 338 e 339. 6º Dº Sobre o que se passou em 1831; Aurora da Bahia, digo, Gazeta commercial da Bahia, Memorias historicas de Accioli, vol. 6, pag. 118 e seguintes. 7º Dº Sobre os acontecimentos de 1837; Aurora da Bahia de Abril 1838, Synopsis do General Abreu Lima, pag. 372 e 373, Gazeta commercial da Bahia de Abril de 1838. N.B. Durante a sedição em 1837 a Bibliotheca Publica esteve fechada. Ainda não me foi possivel achar os discursos que se recitarao por occasião das exequias de S. M. a Rainha D. Maria 1ª.

_____________________

Esse documento não está datado, porém os dados arrolados nele permitem-nos inferir ser do final do século XIX. Possui a mesma letra e tipo de papel do Ms: I 32, 13.1 n. 1. _____________________

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Plano para o Estabelecimento de uma Bibliotheca publica na Cidade de S. Salvador da Bahia de todos os Santos, offerecido á Approvação do Ilmo. e Exmo. Senhor Conde dos Arcos, Governador, e Capitão General desta Capitania. Localização: Ms.: I-32-13-1, n. 3 Documento manuscrito em quatro folhas e parte da coleção Carvalho. A descrição desse documento virá na seção 5, assim como uma análise parcial.

Desconhecíamos essa “versão” manuscrita do Plano. Foi uma grata surpresa sua localização. Fizemos a comparação com a “versão” impressa que está sob a guarda da Divisão de Obras Raras e verificamos que o manuscrito é mais curto faltando apenas a parte final que trata dos subscritores. A respeito desse documento trataremos com maiores detalhes ao transcrevermos o impresso. _____________________



José de Oliveira Campos, Ofício ao diretor da Biblioteca Nacional, João de Saldanha da Gama, solicitando o boletim das aquisições feitas pela Biblioteca e que foram publicadas, e agradecendo catálogo enviado. 1887 Localização: 65,3,005 nº027

Documento não apresenta relação com os acontecimentos do corte cronológico da pesquisa. _____________________ 2.1.2 Divisão de Obras Raras

Na Divisão de Obras Raras a pesquisa também se deu na base de dados interna. Localizamos os seguintes documentos: 

Catalogo geral das obras de sciencias e litteratura que contem a Bibliotheca Publica da provincia da Bahia organizado pelo seo bibliothecario Antonio Ferrão Muniz. Bahia,, Typ. Constitucional,, 1878-80. Localização: 8, 4, 11 n.1-2

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Esse documento com ex libris da Coll. D. Thereza Christina Maria, com encardernação imperial e marca de circulação no verso da guarda indicando “G. Leuzinger & Filhos”. Possui dois volumes, primeiro está dividido em duas partes, a primeira parte intitulada “Classificação methodica e encyclopedia dos conhecimentos humanos”12 (p. 1540). A seguir, na segunda parte chamada pelo organizador de “Memoria Historica” cuja transcrição, pela importância a pesquisa, segue:

Esta memoria sobre a Bibliotheca Publica d´esta Provincia foi composta pelo Dr. Antonio Muniz Sodré de Aragão; com os documentos que existiam na mesma bibliotheca. A ella ajuntamos, o discurso de Pedro Gomes Ferrão, de que falla a memoria, e que foi depois achado, e o publicamos em sua seguida. (p. 3) (p. 5) Meu Pai, Conhecendo o zelo, o interesse e a dedicação com que Vosmecê se tem empenhado na rude tarefa de desenvolver e engrandecer a Bibliotheca Publica, offereço-lhe esta pequena Memoria, que a respeito della escrevi. Talvez mereça alguma importância áquelles que desejam conhecer a origem das nossas instituições e sua história. Sei que hão de offender á sua modestia as expressões com que fiz a justiça devida ao modo porque Vosmecê tem exercido o cargo de Bibliothecario. Peço-lhe que m'as perdoe: não foram dictadas pelo amor de filho, senão pela obrigação que me impuz de manter inteira fidelidade n'um trabalho que só póde recommendar-se pela sua exacção. Acceite-os pois como tal e deite a benção no Filho muito Amigo

A. Muniz Bahia, 7 de Novembro de 1871. (p. 7)

MEMORIA // SOBRE A // BIBLIOTHECA PUBLICA // DA PROVINCIA DA BAHIA // PELO // BACHAREL // ANTONIO MUNIZ SODRÉ DE ARAGÃO // O.D.C // A SEU PAI O COMMENDADOR // ANTONIO FERRÃO MUNIZ DE ARAGÃO // [vinheta] // BAHIA // TYPOGRAPHIA – CONSTITUICIONAL // 1878. (p.9) Memoria sobre a Bibliotheca Publica da Provincia da Bahia

A instituição das Bibliothecas Publicas é uma das mais importantes que o progresso humanitário tem realisado, com o fim de promover o desenvolvimento da intelligencia, facilitanto os

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Documento interessantíssimo para estudos sobre organização do conhecimento.

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meios de instrucção as populações, que n´ellas vão encontrar todos os instrumentos de que carecem para o seu aperfeiçoamento intellectual. Como todas as grandes ideias, que, desenvolvidas pelo progresso, tem servido de guia à humanidade no seu caminhar indefinito pela estrada immensa da civilisação, a da creação das Bibliothecas teve sua origem na terra sacrosanta, em que o povo Hebreo censervava [conservava] as tradições eternas que se deviam per-//(p.10)petuar no mundo, purificadas no sangue vertido pelo Deus Martyr em supplicio cruento. As Taboas do Testamento feitas e escriptas pela mão de Deus, e os livros sagrados que perpetuavam a inspiração dos Prophetas, eram guardadas no Sanctuario; mas cada Synagoga tinha s sua Bibliotheca, porque Moysés havia prescripto a leitura desdes grandes archivos da sabedoria divina ao povo escolhido para a conservação delles. Entretanto foi no Egypto, n´esse paiz mystico e monumental que se fundaram as mais notaveis Bibliothecas, de que nos legou memoria a antiguidade: ao famoso cantor de Achilles imputam á subtração da Illiada e da Odysséa daquella que em Memphis se achava estabelecida no templo de Vulcano, e a da Alexandria consummida pelas chammas que, ateadas por Julio Cesas, devoravam os quatro centos mil de que compunha, reconstruinda ao depois reuniu tantos, que chegaram para que o Kalifa Omar podesse durante seis mezes aquecer com elles os banhos publicos da desditosa Cidade. Pisistrastes, o nobre rico, valoroso e eloquente politico, que suffocava as liberdades de Athenas, ao mesmo tempo que se empenhava em favorecer e animar o desenvolvimento artistitco e litterario de sua patria, foi o primeiro que estabeleceo na Grecia uma Bibliotheca; depois desta ergueram-se outras, entre as quaes avultaram a de Thebas e a da Coryntho. // (p. 11) Em Roma foi o illustre vencedor de Pydna que fundou a mais antiga; mas Lucullus, o faustoso Romano, que em diversos recontros havia batido Almicar e Mithridates, foi o primeiro que, na Cidade Sagrada, estabeleceo uma Bibliotheca Publica, transportando para lá a rica livraria que Eumenes havia fundado em Pergamo, para a accomodação da qual construio, ás suas expensas, um vasto edificio, ornado de porticos e galerias, cuja ádito estava sempre aberto ás investigações dos sabios e philosophos. Tambem os primeiros Christãos tiveram em cada Egreja sua modesta Bibliotheca e Constantino o Grande, depois de ter arvorado o labarum, fundou a de Constantinopla com 120 mil volumes. A onde desvastadora dos barbaros que se arremessaram do septentrião, destruindo tudo que a civilisação antiga havia creado, anniquilou tambem as Bibliothecas, que conservavão, as memorias do passado. Durante os dez seculos que decorreram até a epocha que se appellida da renascença, apenas os monjes, dedicados á instrucção publica, conservaram nos seus conventos as obras da antiguidade, de que ainda hoje temos conhecimento. Mas então uma nova convulsão agitou o mundo: desabou o Imperio que se erguia sobre um pedestal de vinte trez seculos; uma nova era assignalou-se na historia do progresso humanitario. Os barbaros arremessados pela Asia sobre a Euro-//(p. 12)pa, expelliam para o Occidente os restos da civilisação antiga, que, attacada pelos barbaros despejados do septentrião, havia se refugiado no Oriente; e a aurora de uma epocha de inteira reorganização social, começa a assignalar-se no horisonte do progresso humanitario. Importantes descubrimentos deram um grande impulso ao desenvolvimento artistico e litterario; a imprensa derramou pelas populações os thesouros de sciencia que se escondiam na instrucção monopolisada, e para facilitar o aperfeiçoamento da intelligencia de novo se erigiram vastas Bibliothecas. Em França Carlos V. Estabeleceo no Louvre a Bibliotheque du Roi, a mais numerosa hoje entre outras notaveis que lá existem; emquanto Nicolao V. Fundava em Roma a do Vaticano; Cosme de Medicis o Antigo creava em Florença a que denominou Laurentiana; o Imperador Carlos V. inaugurou a do Escurial; Maximilliano, a de Veneza; Christina a de Stochkolm, onde se admira ainda uma das primeiras copias do Al-Koran e a par destas se ergueram as de Copenhague, d´Upsal, de Goettingue, de S. Petersburgo, de Berlim, de Oxford e da Sociedade Real de Londres. Com as reformas proclamadas pelo seculo passado, reconhecida a liberdade do pensamento em suas manifestações, mais vasto campo desdobrou-se perante a intelligencia humana, e como todos os outros meios // (p. 13) de aperfeiçoamento intellectual, a creação de Bibliothecas Publicas mereceo

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especial attenção tanto do governo das nações civilisadas, como das sociedades fundadas para promover a prosperidade das lettras. Estas ideias de progresso e desenvolvimento intellectual transvoavam o Atlantico e já nos Estados-Unidos, tinham sido erigidas as Bibliothecas de Nova York, Baltimore e Philadelphia, quando na cidade da Bahia se inaugurou a primeira Bibliotheca que abrio as suas portas aos habitantes da America do Sul. Ainda hoje é uma das mais modestas; porém a sua inauguração assignala uma epocha de tanta importancia no desenvolvimento scientifico e litterario da terra de Santa Cruz, que não podemos refugir da obrigação de esboçar a sua historia, remontando-nos as causas principaes do impulso progressivo que foi tranmettido então a esta grande parte do Novo Mundo. O Brazil vivia ainda empregado nos vicios resultantes da má administração estabelecida pelo regimen colonial que o governava havia tres seculos. Napoelão Bonaparte dominava a Europa inteira e destruia o prestigio dos thronos, arrancando aos descendentes das dinastias antigas, as corôas herdadas, para com ellas adornar a fronte altiva dos soldados valorosos, que, na frente dos seos esquadrões, proclamavam com ferro e fogo os direitos conquis-// (p.14) tados pela geração plebeia, sobre os erros e preoccupações preteritas. Portugal era governado pelo principe D. João, que, desde que assumira a regencia, manifestara decidida tendencia em opposição ao systhema adoptadoa respeito dos negocios internacionaes, por sua Mãe, que resistira sempre ás insinuações reiteradas, para que fizesse tambem parte da grandiosa coalisão, que a sagacidade de politica de Pitt organizava contra o génio atrevido do conquistador moderno. Assim pois, apesar do patriotismo do Duque de Lafões e dos exforços de Seabra, romperam em 1801 as hostilidades entre a Hespanha e Portugal, que a troco de pezados sacrificios objteve a paz estipulada nos tractados de Badajoz e de Madrid, que relativamente a certos pontos foram modificados pelo de Amiens em 25 de Março de 1802. Pouco mais de um anno havia decorrido, quando, aberta a guerra de novo, empenhou-se a Republica Franceza com o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda em luctas prolongadas, que produziram dificuldades serias para Portugal, que, regeitando as propostas de Lord Rosslyn, só poude obter a neutralidade a custa de 7 milhões de cruzados. De então atá o anno de 1807 o Governo Portuguez, sollicitamente empenhado na prosperidade nacional, aproveitando das vantagens que resultavam da paz, não se deslembrando dos interessess das colo-// (p. 15), onde promoveu como proficuidade o desenvolvimento das industrias e do commercio, que especialmente no Brazil progrediu muito. Entretanto Napoleão havia anniquilado a quarta coalisão; vencido na Russia, a Austria e a Prussia; subjugado toda a Alemanha; realisado os tractados de Pilsitt; decretado a annexaxão de varios paizes livres ao seu magestoso Imperio, e assignado em Fontainebleau um tractado secreto com a Hespanha, para o fim de occupar e devidir o territorio de Portugal entre as duas partes contractantes. O Exercito Imperial acampava em Abrantes no dia 26 de Novembro, e nem D. Francisco de Lima que representava o governo de Portugal em Pariz, nem o Conde de Ega acreditado da mesma forma perante a corte de Hespanha, tiveram conhecimento desses factos, cuja noticia transmettida de Gilbraltar, pelo Almirante de Esquadra Ingleza, determinou a tranladação da séde da Monarchia Portugueza para o Novo Mundo. No dia 30 de Novembro as forças de Junot occuparam Lisboa, no anterior havia desferido do Tejo a frota que no dia 22 de Janeiro do anno seguinte achorou no magestoso porto da Cidade de S. Salvador da Bahia de Todos os Santos, conduzindo a seu bordo o primeiro homem que sobre um throno cingiu corôa nas terras Americanas, o único que nellas se appellidou-Rei. // (p. 16) Este facto novo, no novo mundo, que não tinha ainda admirado os factos da realeza antiga, assignalou uma epocha muito notavel na historia da civilisação e do progresso da terra de Santa Cruz, muito especialmente na da Bahia, Capitania que era então governada pelo Conde da Ponte, D. João de Saldanha da Gama de Mello Torres, que na sua energica e difficultosa administração revelou inteira sollicitude pelo interesses publicos, até que em 24 de Maio de 1809 o seu corpo, acompanhado pela população reconhecida e grata, foi conduzido ao jazigo que lhe erigiram para dormir o somno eterno na Egreja do Hospicio da Piedade.

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O principe Regente havia declarado que transmutando-se para o Brazil fixava a sua residencia na Cidade do Rio de Janeiro13; esta consideração e o receio de uma expedição contra a Cidade da Bahia, cuja barra immensa não offerecia meios para organisação de uma defeza actuaram sobre o seu espirito de modo a determina-lo a não acceder as reiteradas instancias dos seus habitantes para que ahi estabelecesse a Corte. Antes porem de continuar a sua derrota o Principe Regente assignalou por uma facto de summa importancia na historia da civilisação da Terra de Santa Cruz, a sua estada nesta Cidade, decretando a abertu-// (p. 17) ra da linda e pittoresca Bahia deTodos os Santos, assim como dos outros portos do litoral ao commercio estrangeiro, pela Carta Regia de 28 de Janeiro de 1808, a respeito do qual o illustrado Viconde de Cayrú diz o seguinte na sua importante obra institulada Memorias dos beneficios politicos do Rei D. João VI. “Parece que a divina beneficencia havia conservado esta gloria a um soberano, que fosse real adorador de Deos, em espirito e verdade, não se oppondo as suas leis e obras. O Snr. D. João resolveu fazer tanto bem, sem esperar pelos conselheiros que se tinham desvairado em rumo, pela dispersão da tempestada na costa de Portugal. É pois inteiramente obra sua, a Carta Regia, foral novo do Brazil, muito superior á magna carta do Reio João de Inglaterra, de que os Inglezes tanto derivam a felicidade nacional, ainda que extorquida pela arrogancia dos Barões.” Começou então a prosperidade da Bahia; logo depois foi creada no hospital uma Cadeira de cirurgia, anatomia e obstreticia de conformidade com o plano apresentado pelo Dr. José Correia Pincaço14, estabeleceu-se uma fabrica de vidro, organisaram-se as companhias de seguro denominadas Commercio Maritimo Boa-fé e Conceito Publico e foram lançados os fundamentos do Theatro de S. João.// (p. 18) Muitos outros melhoramentos tinham sido iniciados não só durante o energico governo do Conde da Ponte, como durante a administração prudente da Commessão que lhe succedeu debaixo da presidencia do illustrado Arcebispo D. Fr. José de Santa Escholastica. Mas no dia 30 de Outubro de 1810 tomou posse do cargo de Capitão General da Provincia da Bahia o Conde dos Arcos, D. Marcos de Noranha e Brito, varão illustre que já tinha revelado á Terra de Santa Cruz as suas grandes habilitações administrativas no empenho com que sempre se dedicou ao melhoramento dos negocios publicos, quer como Capitão General da Provincia de Santa Maria de Belem do Grão-Pará, quer no exercicio do cargo de Vice-Rei do Rio de Janeiro, donde vinha para a Bahia deixar perpetuada na memoria da posteridade, em monumentos erguidos para o desenvolvimento das sciencias e das artes, das industrias e do commercio, a parte mais gloriosa dessa vida activa e vigorosa que entre amarguaras e dissabores se lhe acabou tão desgraçadamente. O seu genio emprehendedor e vasto manifestou-se logo na direcção que deu á administração dos negocios publicos, promovendo importantes melhoramentos materiaes e sobre tudo dando um grande impulso ao progresso das sciencias, da litteratura e das artes, que raro eram, então, cultivadas, na ausencia comple-// (p. 19) ta de meios de instrucção e de estabelecimentos proprios para o desenvolvimento intellectual. Quando o illustre e dedicado Capitão General deixou o governo da Bahia para exercer o cargo de Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Marinha e Ultramar15, uma commissão composta dos mais distinctos e conceituados negociantes dessa praça pediram e obtivera permissão do Governo16 para constituirem, em beneficio delle e de seus herdeiros, um vinculo perpetuo de cem contos de reis em acções do Banco do Brasil em signal de gratidão da grande prudencia, doçura e exemplar justiça de sua administração na Bahia. Merecia-o, de feito, e muito mais ainda; porque durante os sete annos de adminstração deste intelligente varão a Bahia so-ergueu-se do estado em que a tinha deixado prostado trez seculos de governação despotica e descuidada, para elevar-se áquelle que pouco tem sido melhorado durante cincoenta annos de governo proprio. Os factos que commemora a epocha da gloriosa administração do Conde dos Arcos são em numero innumeravel, durante esse brilhante periodo a imprensa foi introduzida no Brazil e concedida 13

Decr. de 27 de Novembro de 1807. Aviso de 18 de Fevereiro de 1808. 15 Decreto de 6 de Outubro de 1817. 16 Decreto de 23 de Junho de 1817. 14

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a permissão para o estabelecimento da pirmeira typographia que na Bahia começou a publicação da Idade // (p. 20) de Ouro que em seu nome symbolisava a nova era aberta pelo progresso às aspirações progressivas que agitava o paiz17; inaugurou-se a Bibliotheca publica; derramaram-se pelo serão da Provincia grande numero de cadeiras de instrucção primaria e muitas de lingua latina foram estabelecidas em differentes Cidades e Villas do litoral e do centro; creou-se uma Cadeira de Agricultura, que foi confiado á direação do illustrado Dr. Domingos Borges de Barros, o movioso poeta das Brasilheiras, que, distincto pelos seus talentos e virtudes, falleceu Visconde de Pedra Branca e Senador do Imperio18, abriu-se o cuaso [curso] completo de cirurgia19; estabeleceu-se uma cadeira de Chimica20, outra de Muzica21; e da Pharmacia22; procedeu-se a abertura da Aula do Commercio23; contruiu-se uma fundição militar; inaugurou-se o Theatro de S. João no dia do aniversário natalicio do Monarcha24; realisaram os reparos das fortificações, a edificação do reducto da Jequitaia, a estrada do Rio Vermelho e a communicação com a Provincia do Maranhão por meio de um correio // (p. 21) terrestre; emprehenderam-se os trabalhos necessarios para a navegação do rio Jequitinhonha, que mais de cinquenta annos depois, mereceram serios estudos do Sr. Conselheiro Dantas que, na Presidencia da Provincia, exforçou-se para realisar a ideia, que iniciada pelo illustre Capital Geral, ainda não foi effetuada; diversas estradas foram abertas para communicar esta Provincia com a de Minas-Geraes; e fumulou-se o gigantesco projecto de trasmutar a cidade para as praias de Itapagipe; contruir-se o Passeio Publico e no dia 23 de Janeiro de 1815 lançaram-se os fundamentos da magestosa pyramide que nelle se ergue ainda commemorando o desembarque da Família Real; as machinas a vapor foram introduzidos nos estabelecimentos de fabricação de assucar; principiou-se a abertura do importante canal de Jequitaia25; e no dia 1º de Janeiro de 1817 começaram as operações da Caixa Filial do Branco do Brazil26; no dia 28 teve logar a abertura solemne da nova Praça do Commercio, cujos fundamentos tinham sido commerado por um esplandido baile dado em 17 de Dezembro de 1814, pela corporação dos Negociantes, que então offerecera ao illustre General na salla o seu retracto em corpo inteiro que ainda ahi se ostenta: “ a Bahia – diz o Padre Luiz // (p. 22) Gonçalves, Memorias do Brazil – teve a gloria de ser a primeira cidade do Brazil, que levantou uma praça do commercio, mas a Bahia reconhece que era obrigada a isso, por ser a primeira cidade de que se glorificou com a benefica presença do soberano e por se o ditoso logar onde se lavrou a Carta Regia da franqueza dos portos. E o Conde dos Arcos, depois de haver assim indicado a população que governava a estrada traçada pelo progresso para condizi-la á prosperidade, lá se foi, deixando mágoas e saudades nunca extinctas, encetar a vida de desalentos para a qual só póde encontrar o linitivo que n´uma morte antecipada lhe offereceu a desemperança. Mas a Bahia conservou estampada na memoria dos seus habitantes a lembrança dos serviços cuja ennumeração acabamos de fazer, prestados á civilisação e ao progresso pelo illustre e dedicado Capitão General, entre os quaes avulta o interesse, a protecção, digamo-lo, com que favoreceu ao negociante Manoel Antonio da Silva Serra[sic!], facilitando-lhe os meios para a creação de um estabelecimento typographico. Em quanto Portugal, na phrase do seu famoso cantou, ia ao mundo amostrando novos mundos; a Allemanha abria um mundo mais vasto á intelligencia humana, perpetuando a sciencia por meio desses caracteres moveis com que Guttemberg proclamava (p. 23) liberdade do pensamento, destruindo o monopolio da instrucção, conservada na escholas cathedraticas, parochiaes e conventuaes. Entretanto a importante descuberta, que pouco tinha precedido ao descobrimento do Brazil, só, trez seculos passados, pôde ter ingresso no seu territorio, para inaugurar a Idade de Ouro, que 17

Carta Regia de 5 de Janeiro de 1811. 13 de Maio de 1812. 19 Tinha sido creada por Alv. de 15 de Julho de 1809. 20 Carta Regia de 9 de Novembro de 1819. 21 Carta Regia de 30 de Março de 1818. 22 Carta Regia de 28 de Janeiro de 1814. 23 Creado por Carta Regia de 29 de Dezembro de 1815. 24 Carta Regia de 25 de Junho de 1812. 25 Creada por lei de 16 de Fevereiro de 1816. 26 Outubro de 1817. 18

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assignalava o começo da nova era que se lhe abria pelo derramamento da instrucção no gremio da população, que prestes revelava aspirações completas á emanicipação política. Havia então na Bahia uma pleiade illustrada de litteratos, que antecipando a sua epocha, tinham elevado inspirações ousadas de conquistar sciencias e liberdades, nas lições que foram beber no outro continenti, n´aquellas que de lá recebiam ávidos; distinguia-se, entre elles, o Coronel Pedro Gomes Ferrão Castelbranco, proprietario abastado e oriundo de uma das mais distinctas familias da Provincia, que em repetidas viagens à Europa havia adquerido conhecimentos sufficientes para que podesse empenhar-se na grande contenção da intelligencia contra as preoccupações passadas; acompanhava-o seu primo Alexandre Gomes Ferrão Castelbranco, que foi depois um dos representantes do Brazil nas Cortes Geraes, Extraordinarias e Constituintes da Nação Portugueza, apartando-se desta vida tão de prestes, que nem poude deixar memoria dos desejos que nutria pelo (p. 24) desenvolvimento da prosperidade nacional; avultava o Padre Francisco Agostinho Gomes, representante tambem da Bahia nas Cortes de Lisboa, onde se distinguio pelo patriotismo com que recusou jurar a Constituição de 1822; sobresahia o Dr. Domingos Borges de Barros, que foi também deputado ás Côrtes e depois Senador do Imperio e Visconde da Pedra Branca; e a par delles erguiase o vulto do intrepido e ousado Inspector das tropas de Felisberto Caldeira Branta Pontes, depois Marquez de Barbacena, Mineiro por nascimento, Bahiano de coração que tanto se illustrou no dia 10 de Fevereiro, antecipando as ideias que deviam conquistar para sua patria um lugar distincto entre as nações livres e independentes: alem de muitos outros, cuja vida e aspirações não tinham sido limitadas pelo horisonte acanhado da colonia, em que ainda se não tinha desenvolvido as grandes luctas do progresso. A permissão para o estabelecimento de uma typographia que, por meio da imprensa, estabelecia a communicação dos pensamentos, derramando pela população as ideias de civilisação alimentados pelos essiritos mais progressivos, animou as aspirações d´aquelles que se dedicavam ao progresso do desenvolvimento scientifico e litterario da terra natal, e no dia 26 de Abril do mesmo anno Pedro Gomes apresentou ao Capitão General um plano para a creação de uma Bibliotheca Publica; porque – dizia (p. 25) elle: “Padece o Brazil e particularmente esta Capitania a mais absoluta falta de meios para entrarmos em relação de ideias com os escriptores da Europa e para se nos patentearem os thesouros do saber, espalhados nas suas obras, sem as quaes nem se poderão conservar as ideias adquiridas e muito menos promovê-las a beneficio da sociedade.” Este plano foi approvado no dia 30 do mesmo mez e, de conformidade com o artigo delle que determinava que fosse escolhido d´entre os censores da typographia o director do novo estabelecimento, foi o seu auctor encarregado: não só da execução de todas as medidas mencionadas n´aquelle plano mas tambem da direcção de todos os objectos e trabalhos intermediarios até à perfeição d´aquelle excellente estabelecimento.27 Por Aviso de 25 de Junho do mesmo anno foi a deliberação do Capitão General approvada pelo Governo Geral, que mandou louvar, pela ideia de tão interessante instituição, o seu author, que n'uma carta particular de 4 de Novembro, que ainda existe trasladada nos archivos da Bibliotheca, a este respeito se exprimiu assim: “S. A. R. houve por bem approvar este estabelecimento e pela sua Real Grandeza ordenou ao nosso Governador, que (p. 26) me louvasse em seu Real Nome pelo pouco que para elle tenho concorrido. Esta Mercê e o ardente desejo que tenho de ser util á minha Patria farão certamente com que eu não cesse de applicar todos os meios para o promover.” De feito, é aos esforços deste illustre varão, coadjuvado pelo infatigavel Conde dos Arcos, que a Bahia deve o estabelecimento de uma Bibliotheca Publica, cuja abertura teve logar no dia 4 de Agosto de 181128. O author do plano para a creação da Bibliotheca tinha offerecido, conjunctamente com elle, toda a sua livraria, que não era escassa; assim como cincoenta mil réis para o fundo do estabelecimento, alem da subscripção annual; e pois, quando se procedeu a sua abertura possuia já ella quasi 4,000 volumes e 3,261$000 rs, em dinheiro. Foi um acto solemne a sessão da abertura da Bibliotheca Publica da Bahia, ao qual assistiram o Conde dos Arcos como subscriptor, e quasi todas as pessoas gradas e distinctas da 27

Officio do Conde dos Arcos de 30 de Abril de 1811. O Sr. Ignacio Accioli, nas Memorias Historicas e Politicas da Provincia da Bahia, diz que foi no dia 13 de Maio, preferimos porem a data que designamos, porque é a que indica a carta de Pedro Gomes, que citamos. 28

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provincia, que tambem o eram; mas n'aquella magestosa reunião da população (p. 27) que se agglomerava para assistir á inauguração de um estabelecimento de tão grande utilidade, para o desenvolvimento da instrucção publica, derramou-se uma nuvem de desagrado, quando vazios ficaram os logares destinados aos Dezembargadores que propositalmente deixaram de comparecer a este acto de tanta magnitude. Dera logar a esta circunstancia a preferencia estabilitada, pelo governador, no cortejo de 25 de Abril, dos officiaes militares sobre os membros da Relação e da Camara da cidade; a ausencia porem dessa illustre corporação, em occasião de tanto regosijo, não só foi estranhada pela população, como tambem asperamente censurada pelo governo29. Sentimos profundamente a impossibilidade de transcrever aqui o discurso com que, entre numerosos applausos, o fundador da Bibliotheca Publica da Bahia abria a sessão inaugural. Deprehende-se das suas cartas de 4 e 23 de novembro, conservadas por copia nos archivos da Bibliotheca, que este discurso foi publicado no Investigador Portuguez, e no Correio Brasiliense, naturalmente o devia ter sido na Idade de Ouro; mas na collecção que aqui existe d'esses periodicos faltam justamente os numeros em que se poderia encontral-o. (p. 28) Como já dissemos, Pedro Gomes, que tinha vivificado a ideia e apresentado o plano para a creação do primeiro estabelecimento deste genero que se erguia na terra de Santa Cruz, foi o primeiro director da Bibliotheca publica da Bahia, foi secretario della, o erudito padre Agostinho Gomes, que o tinha acompanhado nesse importante empenho, e thesoureiro o dedicado negociante Manoel José de Mello. Creada pela influição de tão bellos auspicios, animada pelos espiritos progressivos, que se revelavam então, animados pela acceitação com que eram recebidas pelo governo as grandes ideias, que resultavam da continua contenção para o aperfeiçoamento das populações, a nova instituição desenvolveu-se e progrediu até o anno de 1814, em que o seu illustre fundador, amargurado pelas molestias que o perseguiam obteve a sua exoneração do cargo de Adminstrador, para o qual foi nomeado o padre Agostinho Gomes, que accumulou a este aquelle que então exercia. Este illustre bahiano já tinha-se recommendado à gratidão dos seos comprovincianos pelos serviços prestados ao aperfeiçoamento da industria agricola, e acceitando o cargo para que o designavam acompanhou o seu antecessor no empenho que ambos haviam contrahido na fundação da Bibliotheca. Com a ausencia, porem, de Pedro Gomes da administração do estabelecimento, começou a manifestar-se falta de recursos para a sua sustenta-(p. 29)ção; reclamações foram, então, dirigidas ao Governo Geral para auxiliar a sua subsistencia, e por Carta Regia de 20 de Setembro de 1814, subscripta pelo Marquez de Aguiar, foi autorisada a extracção de uma loteria por anno, durante trez, no valor de deseis a oito mil crusados, para que o seo rendimento fosse applicado à manutenção da nova instituição. Em sessão publica dos subscriptores da Bibliotheca, presidida pelo Conde dos Arcos, no dia 6 de Dezembro desse anno, estabeleceu-se o modo porque deviam ser extrahidas as loterias concedidas, e resolveu-se que para melhor regimento do estabelecimento se addissem ao plano da sua creação quatro artigos, cuja approvação tinha sido proposta pelo dedicado Capitão General. Entretanto com a morte de Pedro Gomes na começo do anno de 1815, com a retirada do Conde dos Arcos do Governo da Bahia, nos fins de 1817, principiou a decrescer o interesse que pela sua conservação haviam manifestado os subscriptores da Bibliotheca, que continou a ser mantida a custa dos esforços empregados pelo Padre Agostinho Gomes, que accumulava ainda os logares de Director e Secretario, pelo seu Thesoureiro e pela dedicação do Dr. Borges de Barros e do general Felisberto. Mas, então, no horisonte brilhante da Terra de Santa Cruz, surgiu a aurora da independencia e todos setes [estes] espiritos ousados se arrojaram freneticamente na vo-(p. 30)ragem política, deputados ás cortes para no continente antigo defender os direitos da Patria. Desde então até 1829 a Bibliotheca Publica da Bahia conservou-se desconhecida, amparada somente no zelo do seu thesoureiro, para quem reverteram tambem as funcções de director e secretario; nesse anno, porem, por indicação do Visconde de Camamú, que era então o Presidente da Provincia, foi expedido o Aviso de 30 de Maio, dando uma nova organização á Bibliotheca pelo 29

Aviso de 12 de Outubro de 1811.

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Regulamento que o acompanhou, extinguiram-se os logares de Director, de Administradores, de Secretario e Thesoureiro, e a direcção do estabelecimento foi confiada a uma Bibliothecario que vencia a gratificação de quatro centos mil reis. Foi nomeado pelo Governo Geral para este cargo o Vigario Vicente Ferreira de Oliveira, a quem no dia 27 de Agosto de 1829 os antigos Adminstradores Padre Francisco Agostinho Gomes e Manoel José de Mello fizeram entrega da Bibliotheca, com todos os livros enumerados em catalogo que já não existe, como tudo consta de um auto que assignado por elles se acha lavrado no livro da Correspondencia official da Bibliotheca. Comtudo esta reforma pouco beneficio produziu para a instituição, que continou no mesmo estado de abandono, de modo que quando em 1834 o patriotico Presidente da Provincia José Joaquim Pinheiro de Vasconcellos, hoje Barão de Montserrate, deter-(p. 31)minou a organização de um catalogo, contava ella apenas 7,957 volumes, não possuindo, portanto, ainda apoz vinte e trez annos de existencia o duplo do numero de livros com que foi inaugurada. A reforma da Constituição foi promulgada em 12 de Agosto de 1834 e de conformidade com o disposto no art. 10, § 2º do Acto Addicional ficou competindo ás Assembleas Legislativas Provinciais legislar sobre a instrucção publica e os estabelecimentos proprios a promovê-la. Apezar disso a Bibliotheca continuou a merecer pouca importancia dos Presidentes da Provincia, como a diversos e por diversas vezes lhes fez sentir em officios que se acham ainda no seu archivo o Vigario Vicente Ferreira de Oliveira, que, desanimado a final, pediu a exoneração que lhe foi concedida em 14 de janeiro de 1836, pelo Vice-Presidente Joaquim Marcellino de Britto, que por Acto da mesma data nomeou o Bacharel Joaquim Baptista Rodrigues Villas Boas para exercer o cargo de Bibliothecario. Alem de uma pequena reforma do seu regimento em 20 de Dezembro de 1829, nada occorreu digno de menção na historia da Bibliotheca, até o anno de 1846, em que pela Lei Provincial de 8 Junho foi o Presidente da Provincia authorisado a reformar a Bibliotheca em quanto ao pessoal e seu regymen afim de tirá-la do mau estado em que se acha e ser zelada a sua conservação. (p. 32) Em consequencia d'essa auctorisação o Conselheiro Antonio Ignacio de Azevedo, por acto de 21 de Novembro de 1846 nomeou uma commissão composta do antigo Bibliothecario o Vigario Vicente Ferreira de Oliveira e dos Drs. Jonathas Abbot e Molaquias Alvares dos Santos, afim de procederem a um exame no estado desse Estabelecimento. Novo regulamento foi então dado á Bibliotheca e diversos melhoramentos effetuados na sala, em que ella se acha estabelecida. Do Relatorio apresentado pelo Bibliothecario ao presidente da Provincia em 23 de novembro de 1846, vê-se que durante os doze annos que se seguiram áquelle em que o Sr. Barão de Montserrate, havia mandado organizar o primeiro catalogo, não teve a Bibliotheca augmento consideravel de livros, por quanto esse documento demonstra que ella possuia então 11,575 volumes, além de 736 pertencentes ao Visconde de Pedra Branca, que nella se achava em deposito desde 1834, em que offerecera ao Governo Provincial a compra da sua livraria particular; assim como 156 volumes e 303 folhetos pertencentes á extincta sociedade Litteraria, que o Presidente Paulo José de Mello de Azevedo e Britto tinha mandado por officio de 26 de Fevereiro de 1841, que fossem recebidos para ter em guarda na dita Bibliotheca. Entretanto não foi ainda sufficiente esta reforma para tirar a Bibliotheca do estado de decadencia em (p. 33) que tinha sido precipitada, e na falla com que no dia 4 de Julho de 1849 o Sr. Dez. Franscinco Gonçalves Martins, hoje Barão de S. Lourenço, abriu a sessão da Assembléia Legislativa Provincial, reclamou a sua attenção muito especialmente para este importante estabelecimento, em virtude do que foi auctorisado a reformal-o dando-lhe uma nova organização, pelo artigo 4º das disposições geraes da Lei Provincial de 12 de Novembro. Um regulamento provisorio foi dado á Bibliotheca em 27 de Fevereiro de 1850, e por acto da mesma data nomeado Bibliothecario o cidadão Antonio Joaquim Alvares do Amaral, com a gratificação de um conto de reis, ficando dispensado – diz o acto – deste logar o Dr. Joaquim Baptista Rodrigues Villasboas, que todavia, com a gratificação que já percebe [sic!] continuará a servir naquelle estabelecimento na qualidade de Bibliothecario Ajudante, com as obrigações que lhe são marcadas do mesmo Regulamento e o de abrir, na forma do seu offerecimento, um curso de ensino mutuo das linguas Portuguezas, Hespanhola, Franceza, Italiana, Ingleza e Alleman, segundo as grammathicas e estylos dos classicos de cada uma das referidas linguas.

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Durante a administração intelligente deste dedicado Bibliothecario, a instituição tomou um aspecto esperançoso, publicou-se o regulamento de 30 de (p. 34) Janeiro de 1851, realisaram-se obras importantes de que tinha urgente necessidade a sala e as estantes da Bibliotheca, que tambem augmentou consideravelmente com a acquisição de muitos volumes alem dos que lhe foram offerecidos em 17 de novembro d'esse anno pelo Visconde de Pedra Branca. Parece, comtudo, que durante os annos que precederam immediatamente a esta reforma da Bibliotheca, soffreu ella grande extravio de livros, porquanto tendo sido, como já vimos, no Relatorio do Bibliothecario de 26 de Novembro de 1846, computado em 11,575 o numero de volumes, que existiam na Bibliotheca, alem dos que perteciam ao Visconde de Pedra Branca; do Relatorio apresentado pelo novo Bibliothecario em 31 de Janeiro de 1851, consta que ella então so possuia 10,715 volumes e no anno seguinte depois de realisada a doação de que já fallamos 11,886. Em consequencia da molestia, de que falleceu ao depois, o Bibliothecario Antonio Joaquim Alvares do Amaral deixou o exercicio do cargo no dia 12 de Março de 1853, em cuja data foi nomeado pelo Presindente Dr. João Mauricio Wanderley, hoje Barão de Cotegipe, para exercel-o inteinamente o Dr. Justiniano da Silva Gomes, que com a morte do effectivo pediu a sua exoneração, sendo nomeado para o logar, pelo Vice-presidente Dr. Alvaro Tiberio de Moncorvo e Lima, o Conselheiro Gaspar José Lisboa, por acto de 19 de Maio de 1853. (p. 35) Durante a prudente administração deste Bibliothecario, continuou a Bibliotheca a erguer-se da decadencia em que tinha sido prostada por tantos annos, logo no seguinte elle noticia em seo Relatorio a importante doação que lhe foi feita pelo Dr. A. J. de Mello Moraes de 506 volumes, e no seo officio de 24 de novembro de 1863 diz que póde-se computar em 15 mil volumes todos os livros que possue a Bibliotheca Publica da Bahia, tendo sido algumas obras destruidas pelo cupim e pela traça. No dia 29 de maio de 1865, por impedimento do Bibliothecario effectivo, assumuiu o exercicio desse cargo o Sr. Joaquim de Mattos Telles de Menezes, que por acto de 11 de Junho de 1850 tinha sido nomeado Ajudante do Bibliothecario logar que ainda serve, com reconhecida aptidão e sincera dedicação que lhe teem captado sempre justos e merecidos elogios. Fallecendo o Conselheiro Gaspar José Lisboa, foi nomeado Bibliothecario o Commendador Antonio Ferrão Moniz de Aragão, por acto de 13 de Julho de 1865 pelo Vice-presidente Dr. Balthasar de Araujo Bulcão. Dotado de instrucção profunda em diversos ramos de sciencia, gozando na sua terra natal de bem merecida reputação de homem das letras; auctor de algumas obras entre as quaes sobre-sahe os – Elementos de Arithmetica; - tendo viajado grande parte da Europa, d´onde trouxe a mais numerosa livraria particular que nesta provincia existe, e (p. 36) conservando em seo nome a lembrança do distincto fundador da Bibliotheca, de avô de quem é bisneto; o commendador Ferrão Moniz reune as qualidades essenciaes para o exercicio do cargo de Bibliothecario a que se tem dedicado inteiramente, revelando pelo desenvolvimento da instituição o mesmo empenho e solicitude que o seo illustre antecessor empregara para a sua creação. O obscuro actor desta modesta memoria é o filho do Commendador Ferrão Moniz e tomando sobre si o empenho de escrever a Historia da Bibliotheca pubica da Bahia intendeu que não devia, ostentando uma fingida modestia, esquecer os esforços que seo pai tem feito para o engrandecimento deste instituição, assim como aquelles que forem empregados por um os seos mais illustres antepassados para a sua inaguração. Logo no anno seguinte á sua nomeação havia um accrescimo de 533 volumes na Bibliotheca que contava então 16,848 volumes, hoje este numero está elevado a 18,285. Entretanto esta instituição não tem merecido ao Governo da Provincia o interesse necessário para que possa sustentar-se e desenvolver-se; as verbas votadas nas Leis do Orçamento para a sua manutenção tem sido quasi sempre insufficientes e as accomodações lhe faltam para que posso engrandecer-se. Durante a presidencia do Sr. Conselheiro Dantas, (p. 37) que queria conquistar o futuro, convencido de que a desseminação de instrucção na população é o mais seguro meio defirmar a liberdade e independencia dos povos, o Bibliothecario teve faculdade para realisar muitos melhoramentos na Bibliotheca e engrandecel-a com a acquisição de livros importantes em grande numero; o Sr. Barão de S. Lourenço, assim como da primeira vez, na sua segunda presidencia não se deslembrou tambem da Bibliotheca Publica.

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Ella inteirou este anno sessenta de existencia e durante elles não tem tido o desenvolvimento, que lhe augurava o enthusiasmo com que foi creada; tem sido, porem, administrada sempre por homens intelligentes e dedicados, que só careciam da coadjuvação do Governo, para realisar grandes aperfeiçoamentos. Está estabelecida no salão em que outr´ora tiveram a sua rica livraria os Padres da Companhia de Jesus, que tantas e tão importantes memorias deixaram relembradas nos beneficioos prestados á Terra de SantaCruz. Este salão tem 111 palmos de compridos e 43 de lagura; é extenso portanto, é arejado tambem; e debaixo de suas janellas se desdobra o panorama immenso da magestosa e pittoresca bahia de Todos os Santos. Comprehende mais uma sala de 31, ½ palmos de comprimento com 19 de largura, e outra que ao comprido tem 12 e de largo dez palmos. (p. 38) De certo este espaço não é sufficiente para o estabelecimento de uma Bibliotheca, quando, melhor comprehendidas, entre nós, as necessidades publicas, a instrucção desenvolvida se derramar por toda a população. Ao actual Bibliothecario não faltam desejos de realisar importantes melhoramentos no estabelecimento, cuja direcção lhe foi confiada, e conhecimento lhe sobejam para levar ao cabo esta empreza com felicidade; falta-lhe, porém, a animação e sobretudo que o Governo, a quem nesta terra incumbe sempre a iniciativa em todos os negocios e interesses do paiz, lance um olhar de protecção para a instituição, que tão esperançosa se ergueu, e amparada por elle pode prestar grandes e valiosos serviços à causa publica, facilitando os meios de desenvolvimento da instrucção publica. Repetiremos aquilo que na Assaemblea Legislativa Provincial já dissemos “tendo instrucção, podendo comprehender os seus direitos e os seus deveres, todos os cidadãos aptos para concorrerem á gerencia dos negocios publicos constituirão esse grande poder que nos estados livres se manifesta pela opinião publica, verdadeira representante da soberania nacional”30 (p. 39) DOCUMENTOS

Ilm. Sr. Dizendo-me V. S. que na Bibliotheca Publica d'esta Capital não existia nem authographo e nem copia do discurso recitado pelo principal Instituidor Pedro Gomes Ferrão Castello Branco no dia d'abertura 4 de Agosto de 1811, tenho o prazer de remetter a V. S. o Investigador do mez de Março de 1812, que se imprimia em Londres, e n'elle achará V. S. o dito discurso que muito honra a esse illustrado e conspicuo Bahiano, tio de V. S. Foi a sescente annos, e sob os auspicios do Benemerito Conde dos Arcos, Governador então d'esta Provincia, que o decidido Patriota Pedro Gomes Ferrão e outros dignos Bahianos crearão o estabelecimento que hoje possuimos, e que tanto tem concorrido para o progresso das lettas e da civilisação, sendo agora tão dignamente dirigido por V. S. Tenho a honra, pois, d'offerecer-lhe o dito volume. Ilm. Sr. Bibliothecario, Commendador Antonio Ferrão Moniz. Bahia 2 de Maio de 1872. Manuel Maria do Amaral.

(p. 41) CORRESPONDENCIA DO INVESTIGADOR PORTUGUEZ DO MEZ DE MARÇO DE 1812 30

Discurso proferido na sessão do dia 2 de Julho de 1869.

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Se já tivemos o gosto de annunciar em nosso Jornal o plano para o estabelecimento de huma Bibliotheca Publica na Cidade da Bahia, temos hoje o redobrado prazer de publicar, que hum Estabelecimento tão util, e que tanta honra faz ao zelo, actividade, e patriotismo do Governador, e Capitão General daquella Capitania o Exm. Conde dos Arcos, a todos os habitantes da Bahia em geral, e em particular o zeloso, e esclarecido redactor daquelle Plano – o sr. Pedro Gomes Ferrão Castello; hum Estabelecimento tão util, dizemos nós, se acha já em pratica desde o dia 4 de Agosto proximo passado. O Despota ama a ignorancia, e o erro; persegue, e detesta as luzes; um Principe Legitimo, Justo e que (p. 42) só faz consistir sua gloria na felicidade de seos vassallos, detesta a ignorancia, e o erro; ama, e protege as luzes, porque sabe que sem ellas não pode haver civilisação, nem prosperidade, nem verdadeira moral, nem costumes. Não era pois possivel que S. A. R. deixasse de approvar tão util Instituição: approvou-a: não se contentou com preciosos, e animadores elogios: deo o Collegio que foi dos jezuitas, o qual tem a necessaria capacidade, e precisas commodidades para hum vasto Estabelecimento desta natureza. No dia 4 de Agosto se fez a abertura da Caza com o Discurso que vamos transcrever, e que achamos mui digno, e appropriado ao assumpto, e occazião; e naquelle mesmo dia se declarou Publica, a Bibliotheca, que já conta acima dos quatro mil volumes, e começou a ser franqueada pelas Pessoas amigas da Literatura, e Sciencias.

(p. 43) DISCURSO // RECITADO // NA // SESSÃO DA ABERTURA // DA // LIVRARIA PUBLICA // DA BAHIA // NO DIA 4 DE AGOSTO DE 1811 // POR SEU AUTOR // P.G.F.C. // BAHIA // NA TYPOGRAFIA DE MANOEL DA ANTONIO DA SILVA SERVA // COM AS LICENÇAS NECESSARIAS31

[p. 53] Biographia Francisco Agostinho Gomes Este illustre Brasileiro nasceo a 4 de julho de 1769, foram seus progenitores o negociante Agostinho Gomes, fidalgo cavalleiro da casa real, cavalleiro da ordem de Christo e descendente da distincta família dos Fantouras e Carneiros; e D. Isabel Maria Maciel Teixeira. Destinando por seu pai ao estado ecclesiastico, applicou-se aos necessarios estudos e chegou a tomar ordens de diacono: mas sentindo-se pouco inclinado a essa profissão, por morte de seu pai, que lhe deixou consideravel fortuna, desamparou-a e volveu-se para à philosophia, a economia politica, e a litteratura; e com aturado affinco ao trato e conversação dos nossos classicos da língua, na qual era peritissimo, como mostra os seus escriptos, onde a par da mais solida e profunda doutrina brilham a pureza e a louçania da linguagem. Foi igualmente versado no idioma inglez, que fallava; no italiano, no francez, e no latino, de que com summa facilidade e muita elegancia traduzia. Em fim não era novel em sciencias naturaes. Com o erudito Bahiano Pedro Gomes Ferrão concorreo para o estabelecimento da livraria publica da Bahia em 1811, a qual deo e vendeo grande porção da sua; e foi seu 1º secretario, sendo seu 1º director o mesmo Ferrão, por cujo impedimento e depois morto, passou a exercer as funcções de ambos os cargos. Entrou no numero dos deputados que mandou a Bahia às côrtes por-[p. 54]tuguezes: seu saber ahi teve occasiões de se manifestar em primorosos, que por vezes rogado por companheiros seus fizera para por elles serem recitados, e para os quaes nunca a mais intima e instante amizade pode arrancar de sua motesdio hum explicito e claro reconhecimento de filhos, e só nas parecidas feições do estylo delles com as do de outro escriptos seus, e nas próprias confissões dos mesmos seus collegas encontrava a certeza da irmandade daquelles com estes. Seu patriotismo honbreou com o de outros illustres campeões da liberdade patria, na heroica recusação 31

Além de figurar transcrito na íntegra nesse Catálogo a Divisão de Obras Raras possui um exemplar microfilmado e uma fotocópia. Para melhor abordá-lo a transcrição constará a seguir.

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que com elles fez de jurar a constituição portugueza em 1822; o que obrigou a emigrar para Inglaterra, onde recebeo o diplima de membro correspondente que lhe enviou a sociedade dos Estudiosos da Natureza de Edimburgo, com a qual continuou a corresponder-se ainda depois que se partio desse reino, e frequentes remessas lhe fazia de preciosas collecções de objectos importantes ao fim da mesma associação. Da Inglaterra passou-se a Pernambuco, e ahi redigio o periodico Escudo da Li-[p. 55] berdade. Regressado à Bahia foi por esse eleito para fazer parte de sua deputação à assembleia constituinte; mas rejeitou essa commissão. Foi o primeiro introductor, na provincia da Bahia, da raça tourina e de muitas plantas e hortaliça europeas, assim como trouxe consigo, quando da Europa voltou, differentes instrumentos agrarios, carros de transporte para enormes pesos, e peças para hum laboratorio de productos naturaes, para o qual elle próprio com admiravel habilidade e perfeição os preparavam. A sua livraria afóra o frequente cerco de amigos, que avidos da sua proveitosa e embevedora pratica, sequiosas de seus assisados conselhos, e careados de suas modestas e agradaveis maneiras, nunca desertavam-lhe a cabeceira do leito, era o seu consolo desde 1832 o prostava na cama, e contra qual a longo combateo sempre armado de resignação e da mais austera temperança, foi riquissima em quantidade e qualidade de obras apesar de achar-se já redusida a menos da 4ª parte por continuos desfalques procedidos de ou de dadivas, ou de desvios e roubos, ainda constava de 4 mil volumes, e se podia com segurança dizer que era no Brasil a Bibiotheca particular mais bem escolhida. Da jazeda mesma, em que e pertinez gota o detinha, elle não cessava de tornar proficuo ao seu paiz o vasto cabedal de seus conhecimentos; nas crises mais perigosas, que sobrevinha à sua terra, era sua penna hum caduceo de paz, que revocava os espiritos da efferverscencia das paixões para a moderação e reflexão da razão; era hum pomo de concordia lançado entre os desmandos e desregramento dos partidos; era hum fanal que alumiava o horror do abysmo a [p.56] que guiam as revoluções e ao mesmo tempo esclarecia a florida estrada da tranquilidade e união. Na Gazeta Commercial, e em alguns outros periódicos da Bahia appareciam sem excellentes artigos seus, com que costumava solemnisar os anniversarios das nossas epochas , apresentando considerações ultissimas e muito ajustadas a occasião; redactor do jornal da sociedade Bahiana de agricultura, commercio, e industria a qual tambem pertencia, inserio nelle reflexões suas, muito adequadas ao nosso estado. Em 1838 escreveo e publicou huma memoria apologetica do Tratado do Brasil com Portugal; composição essa mui bem concertada de luminosas ideias e de aprofundadas noções da sciencia economica. A sociedade da Bibliotheca classica portuguesa, que o contava entre seus membros, offereceu elle em 1841 huma bem trabalhada dissertação, desenvolvendo o programma da mesma sociedade sobre a origem e estudo da língua portugueza. Tratava de dar a luz a traducção, que fizera e commentara, das primeiras linhas de philosophia moral de Dugald Stewart; e quando buscava prestar ao Brasil o mesmo serviço que a França deve aos Jouffroy, e Cousin, que nella naturalizaram o systema philosophico da moderna e afamada escola escossesa, sobresaltou-o huma irratação de intestinos, que lhe causou a morte em 19 de fevereiro de 1842. Foi enterrado no convento de S. Francisco. Biographia escrita na cidade da Bahia em Abril de 1842 por Francisco Primo de Souza Aguiar.

_____________________ Seria necessário um estudo só sobre esses documentos se quiséssemos entender amiúde seus conteúdos. No entanto na seção sobre a história da Biblioteca buscaremos algumas informações neles.

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A segunda parte desse Catálogo representa documento/monumento seguindo o conceito32 de Le Goff (1990) porque é fonte histórica e também um local de memória de acordo com sentido apontado por Nora33 (1993) uma vez que abriga com suas transcrições um arquivo virtual que recupera a memória social da Biblioteca Pública da Bahia. E ainda, a memória que recupera para além de ser a memória social é a uma memória coletiva de um momento que não existe mais, por isso a importância desse relato. Enfim, pode-se, por tudo, isso aquilatar a importância desse documento para qualquer estudo acerca da Biblioteca Pública da Bahia. As transcrições dos documentos feitos por Antonio Muniz Sodré de Aragão são de grande valia histórica, de certo arderam com o fogo em 1911, sendo essas os únicos registros que se mantiveram. Procurarmos também no Arquivo Nacional cópia dos ofícios citados, porém nada foi localizado.

_______________________ 

Catalogo geral das obras de sciencias e litteratura que contem a Bt. Publ. da Bahia organizado pelo seu bibliotecario Antonio Ferrão Muniz. Bahia: Typ. Constitucional,, 1883. Localização: 99, 2, 1 Não há nele nenhuma informação que reflete ao histórico do período da nossa

pesquisa. ______________________ 

Aguiar, Francisco Primo de Sousa,, 1818-1868. Memoria sobre a Bibliotheca Publica da Provincia da Bahia. Bahia:, Typ. "Constitucional", H.O. da França Guerra,, [1842]. Localização: 90, 2, 5

Documento aparentemente incompleto, sem página de rosto. Apesar de a descrição catalográfica aponta a data provável de 1842, a única indicação para isso é a informação no final do texto biográfico de Francisco Agostinho Gomes no qual se lê: “Biographia escrita na cidade de Bahia em abril de 1842 por Francisco Primo de Souza Aguiar”.

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Le Goff, em “Documento/Monumento” considera que alguns materiais “podem apresentar-se duas formas principais: os monumentos, herança do passado, e os documentos, escolha do historiador”. Nesse catálogo temos uma recolha de outros documentos que sedimentam e legitima o passado da Biblioteca Pública da Bahia. 33 Temos em Nora (1993, p. 13) a seguinte idéia “os lugares de memória nascem e vivem do sentimento que não há mais memória espontânea, que é preciso criar arquivos, que é preciso manter aniversários [...]”.

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Ao final do texto há três tabelas desdobráveis sob o título “Classificação das Sciencias”. Comparamos esse documento com a segunda parte do catálogo de 1878 e notamos que possui idêntica paginação e seqüência de assinaturas idênticas. Faltam ao catálogo apenas os desdobráveis. O documento analisado não possui nas duas folhas preliminares a página de rosto com a informação de Antonio Muniz Sodré de Aragão indicando as razões pela qual organizou a “Memória sobre a Bibliotheca da Bahia”.

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Castelo Branco, Pedro Gomes Ferrão. Discurso recitado na sessão de abertura da Livraria Publica da Bahia no dia 4 de agosto de 1811 / por seu autor P.G.F.C. Bahia: Na Typographia de Manoel Antonio da Silva Serva, [1811]. Fotocópia do original impresso, gentilmente cedido pelo Dr. Marco C. de Mendonça. Localização: 060,003,004A Microfilme: OR-00049 (01)

DISCURSO RECITADO NA SESSÃO DA ABERTURA DA LIVRARIA PUBLICA DA BAHIA NO DIA 4 DE AGOSTO DE 1811 POR SEO AUTHOR PEDRO GOMES FERRÃO CASTELLO BRANCO

A Illustre Graça que S. A. R. concedeo a esta Cidade de poder usar da Typographia, já felizmente estabelecida na Corte do Rio de Janeiro concorrendo com diversas circunstancias tambem favoraveis á Instrucção dos Habitantes do Brazil, fez com que mais vivamente se sentisse a necessidade de huma Bibliotheca Publica, onde as Pessoas dadas ao Estudo das Sciencias por Curiosidade, ou Profissão podessem achar os Monumentos da Literatura Antiga, e Moderna. Este o motivo porque o nosso Actual Governador o Illustrissimo, e Excellentissimo Senhor Conde dos Arcos, sempre attento aos Interesses do Estado, e particularmente á felicidade dos Povos d'esta Capitania, desejando ampliar os Beneficos effeitos d'aquella Magnifica, e Liberal Mercê, tomou a si dar principio ao Estabelecimento da Bibliotheca, cujo Plano, se fez já publico, por meio da Imprensa, depois de ter sido approvado por Sua Excellencia, e aproximadamente por S. A. R. o Principe Regente Nosso Senhor.

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Sem este socorro, seria impossivel, não digo só, fazerem-se progressos, até darem-se com segurança os primeiros passos em qualquer dos immensos ramos das Artes, e Sciencias, e muito particularmente no Estudo das Sciencias Naturaes, a Physica experimental, a Chimica, a Botanica, a Historia Natural, que ainda estão por nascer, e apenas são conhecidas do nome do Paiz, que a cada passo offerece as maiores riquezas á aquelles, que as souber em conhecer, e aproveitar. Huma Nação privada de Luzes, sem o menor conhecimento destas Sciencias tão agradaveis, como necessarias, entregue só a huma rotina cega, e imperita não pode ter Commercio, nem Fabricas, nem Agricultura: ella merece antes o nome de hum Ajuntamento de Barbaros, que de Povo Civilisado: ella sera a Preza da miseria, e de todos os vicios, que a acompanharão, assim como do primeiro Ambicioso, que a quizer conquistar. A maneira do Viajante em Paiz estranho os seus passos são incertos, e o seu espirito tão perplexo em difficuldades que para ella são perdidos os Thesouros, que a Natureza lhe apresenta. Felizmente, que por meio da Estampa, e da Typographia, as Descobertas, Invenções, e Melhoramentos no vasto Mappa do saber Humano, podem facilmente reunir-se em Bibliothecas, d'onde como de pura Fonte saião a fertilisar os nossos Campos, a polir os nossos costumes, e a promover todas as virtudes, que constituem o Cidadão honrado, Benemerito do Soberano, e da Patria. He por esta razão, que desde a mais remota Antiguidade os Grandes Principaes se tem empenhado em formarem ricas Bibliothecas. A dos Ptolemeos em Alexandria chegou a conter o extraordinario numero de setecentos mil volumes, cujo preço era então exorbitante. As obras de Aristoteles compradas a Neléo; a Bibliotheca traduzida em Grego pelo 72 Interpretes, mandados por Eleasar, custarão sommas immensas: tudo achavão pouco aquelles Principes para a Grandeza dos seus Reinos, e Instrucção dos Povos. Trajano, Constantino, Carlos Magno, nomes para sempre respeitaveis, todos derao grandes desvellos ao Estabelecimento de Bibliothecas, em diversas partes dos seus vastos Imperios. Colbert na França, activo sempre em tudo quanto elle julgava conducente á riqueza, e explenor do Reino de Luiz, XIV, estabeleceu Correspondencias por toda a Europa, para este fim, e fez vir do Levante os melhores Manuscriptos nas Lingoas, Grega, Arabe, e Persa. Os Senhores Reis de Portugal, Illustre Predecessores de S. A. R. o Principe Regente N. Senhor, não tem poupado despezas para as erigerem distinguindo-se entre todos Sua Augusta Mãi a Senhora D. Maria I, e na Fundação da Bibliotheca Publica da Cidade de Lisboa. Paizes não menos novos, e incultos, que o nosso, devem talvez ao Estabelecimento de Bibliothecas publicas os rapidos progressos, que tem feito na Civilização, e riquezas. A America Ingleza, onde huma grande parte dos Habitantes inteiramente attenta a objectos d'interese immediato, mal podia lembrar-se de applicações literarias, e o pequeno numero d'aquelles, que tinhão inclinação aos estudos, não podião satisfazer, por falta de Livrarias, em cercunstancias bem analogas às nossas, considerou como hum successo summamente importante, e util o Estabelecimento da sua primeira Bibliotheca publica. Pelos annos de 1731, Franklin lançou os primeiros Fundamento que presentemente existe com o nome de Campanhia da Livraria de Philadelfia, a qual havendo começado com o pequeno numero de 50 subscriptores, continha já no anno de 1806 oito mil volumes sobre todas as materias, hum Apparato Filosofico, e huma Collecção bem escolhida de Curio sidades naturaes, e articiaes, possuindo para sua conservação, e augmento consideraveis Bens de raiz que lhe tem diso doâdos. Esta Instituição generosamente animada pelos Amigos da Litteratura na America, e na GramBretanha, tem sido geralmente approvada, e o seo exemplo sequido com a mais benefica influencia sobre aquelles povos. Pouco importa a Censura d'aquelles, que concentrados em um desgraçado Egoismo, tem por estranho o bem da Humanidade, ou que doendo-se da própria ignorancia contão por contrários os que promovem as Sciencias, por inuteis os Bens, que se não podem afferrolhar em Cofres. Esses mesmos gozarão da felicidade, que se lhes prepara nestas Regiões agrestes. Talvez alguns, em cujas veias corre ainda o sangue dos Detractores de Collombo, tenhão achado a liberdade, a paz, e as riquezas n'aquelle mesmo Mundo, que os seus Avós consideravão chimerico. A Posteridade dos que hoje mofão dos nossos esforços, gozara também de fructo d'elles. Sigamos pois o exemplo dos Póvos illuminados, que por toda a parte tem estabelecido Biblbiothecas publicas; he nellas, que ao lado das Descobertas dos Modernos, se vem as producções dos Genios de todas as Nações, e de todos os Seculos, a Sabedoria, a experiencia dos Póvos. Nellas

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he que existem, como Contemporaneos os Lycurgos, os Socrates, os Ciceros, os Ozorios, os Camões, à maneira de outros tantos Luzeiros, a patentearem os Caminhos, que só podem conduzir os homens a viverem na Posteridade. Os Arcanos que a natureza só revelou aos grandes homens, aos grandes esforços, e ás meditações mais profundas, e aturadas dos Newtons, dos Copernicos, e de outros Genios Immortaes, se patenteão à menor applicação dos novos Litteratos, por meio dos seus escriptos, reunidos nas grandes Livrarias. Tudo quanto tem enriquecido as Nações Civilisadas, os Instrumentos das mais altas Sciencias, e das Artes mais humildes, os seus usos, e applicações, tudo nelles se encontra. Junto aos Thelescopoios de Herschel, e à prodigiosa Maquina Filatoria de Arkwright se achão as descripções da Charrúa e do Fuso. Ellas offerecem hum ponto de reunião aos Amadores das Artes, e Sciencias: conferindo em comum sobre as suas duvidas, communicando os seus pensamentos, elles fazem progressos, que jamais se poderião ter conseguido na reclusão dos Gabinete, e privação de taes socorros. As ideias adquiridas com a Leitura, e com a Sociedade são o germen de quasi todas as descobertas, são como o ar, que se respira, sem pensarmos, e a que devemos a vida. He verdade que as Artes tem sido praticadas, e até melhoradas por pessoas inteiramente ignorantes dos Principios, de que ellas dependem: com tudo as suas descobertas tem sido accidentaes, e as suas operações vagarosas, e embaraçadas. Os mais experimentados devem confessar a incerteza com que procedem, as difficuldades, que a cada passo encontrarão, para calcularem com segurança os resultado dellas. Esta incerteza he perfeitamente removida quando se sabem os Principios da Artes. O conhecimento delles he para os artistas o mesmo que a Moeda para o Mundo Commercial; da-lhes força, confiança, e hum firme apoio; e faz com que possão consideravelmente estender a Esphera da sua utilidade, e os seus progressos. Longe de nós a ideia de que as Sciencias são inuteis a pratica das virtudes, e os commodos da vida. Ella he só digna do Barbaro, que sobre as chammas da Livraria de Constantinopla fez lançar, por assim dizer, as liberdades, a industria, e as virtudes dos infelices Gregos. Aquelle Povo, cujos Sabios são ainda hoje os Orcaulos do Universo, cujos Herões são o Modello de virtudes Civis, e Sociaes, não offerece agora aos olhos do Viajante afflicto, senão as Cadeas que arrastão, a mizeria que os anniquilla, e a estupidez que até os faz insensivieis à sua própria desgraça. Mas ah, que a Grecia não he mais o Assento das Sciencias, o Paiz da Livrarias! E como sem o estudo delles se darão a conhecer aos Povos dos Principios da Moral, e da Religião, os Deveres do Cidadão para com o Principe e com a Patria, os do Pai e do Filho, e dos Esposos? Remonte-mos neste próprio Paiz ao tempo da sua Descoberta: que digo eu? Examinemos agora mesmo os costumes das Nações Barbaras, que ainda o habitão: nós não acharemos de certo entre elles, nem Filosofos, nem Livrarias, mas veremos o homem, que devora o seu semelhante, veremos o Filho, que por um atroz Principio de Piedade dá morte ao desgraçado, que o gerou, veremos guerras intermináveis, huma vida miseravel, huma nudez immunda, e a crapula mais nojosa. Se as producções da Asia vem augmentar os commodos da vida aos habitantes da America, é ao sábio que inventou o Astrolabio, que o devemos; Se ao abrigo das nossas casas, zombamos das inclemencias do tempo, nos o devemos aos principios da architectura que as edifica e aos da Chimica, que tem sabido combinar materias para dar, forma transparencia ao vidro: se das entranhas da terra extrahimos os metaes, sem que não dariam passo a riqueza, e civilização dos povos, é também às operações chimicas, que o devemos. Em uma palavra a naturesa está por toda a parte trabalhando pela arte. Desappareção os trabalhos dos Sabios, e o homem não será mais, que hum Authomato, semelhante aos Brutos. Graças ao Soberano, que nos Rege, e ao Seculo em que vivemos; não temos a temer tão desgraçada sorte. Os principios de Commercio, os mais liberaes, que brilhão na nova Legislação do Brazi; a Natureza indagada por toda a parte; as Fabricas, que se leventão; as Escolas que se fundão, e os Sabios animados nos fazem esperar os tempos mais felices, Nelles ver-se-hão os habitantes desde bella porção do Universo na posse do que presentemente só do Estrangeiro podem esperar; as suas bellezas serão gozadas, as suas preciosidades justamente appreciadas. O amor das sciencias, a gloria de tudo quanto é util, farão desapparecer as disposições lethargicas, em que o Brazil tem sido sepultado. Animados de nobres sentimentos os seos habitantes se juntarão ao redor do Templo da Fama: elles se esforçarão por serem tambem contados na linha dos grandes genios, que tem honrado a naturesa. A verdade, e a utilidade serão os fortes vínculos,

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que os unirão, e talvez, que em pouco tempo vejamos ser o grito universal, que o caminho, que conduz a sciencia é o caminho da felicidade. O presente estabelecimento de uma Bibliotheca, que appropriada parece a estare lisongeiras esperanças, tem o seo nascimento debaixo dos melhros auspicios, havendo já concorrido para elle o nosso Excellentissimo General não só com a sua approvação, mas também com generosa subscripção de dinheiro e livros, e com todas as providencias, e auxilios necessarios. O nosso Excellentissimo Prelado, cujas luzes, e virtudes tanto resplandecem com geral proveito dos que tem a fortuna de constituirem o seo Rebanho, é também um dos nossos subscriptores, assim como um grande numero das pessoas mais conspicuas, liberaes, e intelligentes desta cidade, quaes todas devem ser consideradas, como outros tantos Bem-feitores da Humanidade, e desse Paiz. O objecto desta Sessão é emendar-se o Plano, aprovar-se o Regimento, e nomearem-se os officiaes da Casa, o que tudo pertence aos Senhores subscriptores na forma declarada no mesmo Plano. Disse.

_____________________ Não obstante não ser nosso objetivo analisar esse documento amiúde, não há como nos furtar de tecer alguns comentários, muito embora na seção sobre a história da fundação da Biblioteca iremos tratar do conteúdo dele. Nesse discursopossível percebe-se o que significavam as permissões para o funcionamento da Typographia Silva Serva e para Livraria Pública da Bahia. Ao se referir a mercê já concedida aos cidadãos da corte do Rio de Janeiro, Ferrão diz que “circunstancias tambem favoraveis á Instrucção dos Habitantes do Brazil”. Do terceiro ao quinto parágrafo ele deixa absolutamente claro sua posição acerca da relação “Luzes/Tipografia/Biblioteca”. Abstendo-se de comparar o Brasil com a Europa, traça um paralelo com os feitos para instrução que estava em andamento nos Estados Unidos, que para ele faz parte do rol de “paizes não menos novos, e incultos como o nosso”. E destaca os sucessos que a criação de uma Biblioteca Pública trouxe àquele país. Finalizando esse raciocínio, conclama: “Sigamos pois o exemplo dos Póvos illuminados. Sem nos alongar mais nessa digressão, cremos que a frase “o amor das sciencias, a gloria de tudo quanto é util, farão desapparecer as disposições lethargicas, em que o Brazil tem sido sepultado” é um exemplo do sentimento de que estavam de fato numa Idade d’Ouro.

_________________________ A pesquisa no periódico Idade d’Ouro do Brazil estava entre nossos percursos metodológicos. Porém, a principio não aquilatávamos nem superficialmente o volume de informações praticamente inéditas às pesquisas sobre a Biblioteca Pública da Bahia que localizaríamos. Não obstante terem obtido autorização para funcionar no mesmo período,

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percebemos pela leitura dos números que houve uma relação estreita não apenas entre Silva Serva e BPB, mas também entre a Idade d’Ouro. O ponto de partida para o mapeamento foram os números digitalizados na BN Digital34. Porém, em alguns casos – em função de falta de legibilidade ou problemas no portal – recorremos ao microfilme, que possui mais números que a digital. Assim, perquirimos as seguintes edições: 14 maio 1811-dez.1814; jan,mar-maio,jul-dez.1815; jan.1816-dez.1817; jan,mar-dez.1818. As transcrições constarão ao tratarmos na história da BPB. A estrutura e a história desse período já foram exaustivamente tratados por outros pesquisadores, como Cybelle e Marcello de Ipanema35 e Maria Beatriz Nizza da Silva36. No que concerne a BPB, de acordo com o padrão observado no números compulsados, verificamos que as notícias apareciam numa área destinada a Bahia, normalmente entre a página 3 e 4, ou seja, no final do períodico. Em uma segunda etapa da pesquisa pretendemos voltar ao periódico e consultar os anos de 1819 a 1823. Abaixo seguem as referências dos números com notícias da BPB:

1811 Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 13 de Agosto de 1811, p. 3-4, n. 27. Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 16 de Agosto de 1811, p. 3, n. 28. Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 20 de Agosto de 1811, p. 4, n. 29.

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Disponível em: http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/idadedouro/idadedouro.htm. IPANEMA, Marcello de; IPANEMA, Cybelle de. História da Comunicação: notas. Brasília, DF: Editora da Universidade de Brasília, 1967. (Série Comunicação Coletiva). Acervo FBN: II-45,6,43. Recomenda-se também: IPANEMA, Marcello de; IPANEMA, Cybelle de. A tipografia na Bahia: documentos sobre suas origens e o empresário Silva Serva. 2. Edição. Salvador: EDUFBA, 2010. Acervo FBN: IV-250,5,31. 36 SILVA, Maria Beatriz Nizza da. A primeira Gazeta da Bahia: Idade d’Ouro do Brazil. Salvador: EDUFBA, 2011. A primeira edição desse livro saiu pelo INL em 1978 (acervo FBN: VI-226,4,55) e a segunda também pela EDUFBA em 2005 (acervo FBN: VI-388,5,60). Além do livro, há: SILVA, Maria Beatriz Nizza da. A imprensa periódica na época joanina. In: NEVES, Lúcia Maria Bastos P. das. Livros e impressos: retratos do setecentos e do oitocentos. Rio de Janeiro: EdUerj, 2009, p. 15-29. Acervo FBN: I-116,7,17. 35

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Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 27 de Agosto de 1811, p. 3-4, n. 31. Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 30 de Agosto de 1811, p. 4, n. 32. Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 3 de setembro de 1811, p. 3-4, n. 33. Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 10 de setembro de 1811, p. 3-4, n. 35. Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 8 de novembro de 1811, p. 3-4, n. 52.

1812 Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 8 de janeiro de 1812, Supplemento Extraordinário. Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, de 29 de fevereiro de 1812, Supplemento Extraordinário. Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, de 6 de março de 1812, n. 19. Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 10 de abril de 1812, p. 4, n. 46. Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 29 de maio de 1812, p. 4, n. 43. Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 16 de junho de 1812, p. 3, n. 48. Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 10 de agosto de 1812, p. 3, n. 62. Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 30 de outubro de 1812, p. 3, n. 87 Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 3 de novembro de 1812, p. 3-4, n. 88 Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 10 de novembro de 1812, p. 4, n. 90. 1813 Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 2 de fevereiro de 1813, p. 4, n. 10.

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1814 Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 16 de dezembro de 1814, n. 100. _____________________ 2.1.3 Divisão de Obras Gerais

A pesquisa de campo foi essencialmente nas duas Divisões supracitadas, entretanto utilizamos também o acervo da Divisão de Obras Gerais a fim de pesquisar a dissertação AUGEL, Moema Parente. Visitantes estrangeiros na Bahia oitocentista. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal da Bahia. Salvador, 1975. Localização VI-391, 1,20. Esse trabalho possui relevante contribuição para a pesquisa, pois a autora – na mesma década que Borba de Moraes e Maria Beatriz Nizza da Silva igualmente trataram do tema – descreve, através do relato de viajantes aspectos variados da Biblioteca. Essas informações revelam a evolução do acervo e a importância que ele foi tomando na época, como se nota:

James Prior, que a visitou dois anos depois de sua fundação, calcula em 5.000 o número de obras, acrescentando lá ter visto jornais em diferentes línguas e panfletos da Inglaterra. Em 1815, Wied Neuwied lhe dá 7.000 volumes, revelando ali se possuirem “até várias obras novas sobre todos os ramos do conhecimento”. Ferdinand Denis, em 1817, avalia em 8.000 os livros existentes, assinalando a ausência de obras em línguas orientais e se propondo a compilar alguns elementos da língua turca, língua que conhecia bem, para presentear o pequeno trabalho, decorado com vinhetas de um amigo seu aquela instituição pública. Tollenare, em 1817, é talvez mais realista que seu jovem conterrâneo, reduzindo a cifra para 4.000, ressaltando serem, porém, todas obras bem escolhidas e das quais pelo menos 3.000 são em francês, confirmando Prior quanto aos jornais e gazetas francesas e inglesas que ali havia, “mas atrasadas e incompletas”. Na mesma época, Martius calcula o acervo em 12. volumes, não se tendo condições para apurar a quantidade exata. Domingos Rebello, em 1829, dá a cifra de 6.600 volumes37.

_________________________

A seguir, os demais documentos serão apresentados relacionando-os com os objetivos propostos para essa pesquisa. 37

AUGEL, Moema Parente. Visitantes estrangeiros na Bahia oitocentista. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal da Bahia. Salvador, 1975, p. 89.

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3 RESULTADOS

Nessa seção relacionaremos os objetivos propostos no projeto com os resultados obtidos. Não entrará aqui o primeiro deles, ou seja, aquele referente a estabelecer um corpus porque será consolidado na bibliografia.

3.1 ANÁLISE DO PLANO PARA O ESTABELECIMENTO DE UMA BIBLIOTHECA PÚBLICA NA CIDADE DE SALVADOR, OFERECIDO A APROVAÇÃO DO SR. CONDE DOS ARCOS, CAPITÃO GENERAL DAQUELA CAPITANIA

Na seção 4 referimos a uma “versão” manuscrita desse documento. O documento impresso e cópia microfilmada estão sob a guarda da Divisão de Obras Raras. Consultamos ambos. CASTELO BRANCO, Pedro Gomes Ferrão. Plano para o estabelecimento de huma bibliotheca publica na cidade de S. Salvador, Bahia de Todos os Santos, offerecido á approvação do illustrissimo e excellentissimo senhor conde dos Arcos, Governador, e Capitão General desta Capitania. [Bahia :, Na Typographia de Manoel Antonio da Silva Serva,, 1811]. Localização 008,003b (microfilme); 059,008,003B (original)

Esse folheto com quatro páginas também foi analisado por Borba de Moraes (2006) no capítulo “A Fundação da Biblioteca Pública da Bahia”, no livro “Livros e Bibliotecas no Brasil Colonial”. Portanto, procuraremos aqui uma abordagem biblioteconômica. Para evitar repetições, a transcrição será feita aqui e na seção sobre a história da BPB. Em um trabalho precedente38 analisamos a formação do acervo do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro, fundado em 1837. Na ocasião, chamaram-nos a atenção os critérios de seleção do acervo que foram estabelecidos pelo grupo que fundou a Instituição. Houve uma preocupação e um rígido controle para que o critério de aquisição de livros portugueses não fosse esquecido. No que concerne à BPB o processo não foi tão diferente, muito embora não houvesse um critério estabelecido de forma tão clara – até porque as razões para cada uma dessas 38

AZEVEDO, Fabiano Cataldo de. A política de seleção do Real Gabinete Português de Leitura: identificação a partir da compilação de Atas e Relatórios do período de 1837-1847. 2007. 117f. Monografia (Graduação em Biblioteconomia). Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. 2007. Disponível em: http://eprints.rclis.org/13909/

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fundações são bastante diversas – porém, é possível depreender do texto do Plano práticas semelhantes. Os primeiros três parágrafos trazem um discurso laudatório a D. João VI e comenta-se a falta de local para instrução geral na cidade de Salvador. Relaciona a permissão para imprimir e para o funcionamento da Biblioteca como meios do povo sair da ignorância. As Beneficas Instenções de Sua Alteza Real para com todos os Vassallos deste novo Imperio, para sua felicidade, augmento e esplendor manisfestantes Leis, e Providencias, tão saudaveis, como liberaes, de q dividamente o objecto, e testemunhas, acabão de patentear-se-nos na especial Mercê de conceder a esta Capitania pela Carta Regia de 5 de Fevereiro, annuindo a Paternal representação e supplica do Actual Governador e Capitão General, o Ilmo. Exmo. Senhor Conde dos Arcos, o uso da Typographia, e authorizando-o para a escolha, e nomeação de pessoas de probidade, e litteratura, para Censores dos Escriptos, q se derem ao Prelo. Conhece o nosso Augusto Soberano, q o maior bem q pode fazer aos seus vassallos, aquelle q nunca se tem recebido senão das Mãos Beneficas dos Princepes justos, e Virtuosos, facilitar-lhes, e promover todos os meios da publica, e particular instrucção, he se talvez á ignorancia dos Povos q devem imputar as desgraças q os opprimem he obsecando-os, q os crimes se arraigão, e q os Tyrannos se enthronizão, he por meio das luzes, e da verdade, q a Virtude se firma, e q os Direitos dos Princepes adquirem por bases a Benção do Ceo, o maior dos Povos, e o respeito da Posteridade . E q meio mais efficaz para a diffusão das luzes q a immortal invenção da Imprensa cujo uso acaba de ser-nos concedido! Com tudo, para q elle nos seja util no actual estado desde Paiz, são indispensaveis e muitos urgentes outras providencias. Padece o Brazil, e particularmente essa Capital, a mais absoluta falta d´meios para entrarmos em relação de idéias com os Escriptos da Europa, e para se nos patentearem os thesouros do saber espalhados nas suas obras, sem as quaes nem se poderão conservar as ideias adquiridas, e muito menos promovidas a beneficio da sociedade.

A seguir, além de exaltar as qualidades do Conde dos Arcos, então governador da Bahia, passa apresentar o Plano, deixando claro que o formato administrativo poderá ser alterado para melhor se adequar aos sucessos do projeto. Inferimos que Ferrão deixa essa brecha para os próprios avaliadores do documento. Animado porem pelo actuall, mais q nosso Governador, nosso Amigo; he q me attrevo a offerecer ao Publico o seguinte Plano dirigido a remover-se o primeiro, e maior obstaculo q se offerece á Instituição publica, o qual consiste na falta d´livros, e noticias do Estado das Artes, e Sciencias na Europa. Se este Plano tiver a furtuna de agradar no seu objecto, Elle pela sua propria constituição he suscetível de qualquer melhoramento, e por isso mesmo parece q vem poderá adoptar.

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No parágrafo seguinte estabelece como será formado o fundo para a formação do acervo. O Plano prioriza aquisição de periódicos, a aquisição de livros fica em segunda prioridade. O texto descreve os procedimentos para a circulação desse item do acervo, assim como o modo de gerenciamento. Far-se-ha um Fundo por subscripção, para se mandarem vir de Londres, e de quaesquer outros Paizes q tiverem relação com esta Cidade, os Periodicos de melhor reputação litteraria, de mais ampla instrucção. Estes virão remettidos a qualquer dos Censores da Typographia desta Cidade, que a rogo dos Subscriptores quizer servir a Publico, com ausencia aos outros, e por elle abertos, e comunicados ao Governador donde passarão á casa para em fim destinada, e nella estarão patentes, por espaço de tres dias a exame e leitura q qualquer dos assignantes quizer nelles fazer, e passados este termo poderão pedir, e ver-lhes-ha confiado um dos ditos Periodicos, ou Folhas por tempo de vinte e quatro horas prefixas, deixando recibo á pessoa encarregada da sua guarda, e conservação, e depois de vistas, serão recolhidas em uma Estante fechada, e não se darão a ler, senão aos assignantes, e na mesma casa, quando por estes forem pedidos.

O fato de tratar da aquisição de livros após normatizar os periódicos não significa somenos. De certo que o processo de compra de livros devia requerer uma atenção e cuidado especiais, afinal, apesar das liberalidades advindas desse período de “Idade d‟Ouro”, ainda estávamos sob o julgo da censura. Pela leitura do texto abaixo, e a partir do que encontrarmos nas Actas da Directoria do Gabinete Portuguez de Leitura, cremos poder inferir que os livros seriam franqueados ao público apenas quando houvesse um volume que julgassem suficiente para esse fim. De maneira semelhante agiu a Instituição portuguesa39. O excedente da Subscripção, depois de deduzidas as despezas necessarias á conservação deste Estabelecimento será applicado á compras de livros e Mappas, q tambem serão conservados debaixo da mesma guarda, e condições dos Periodicos, até q a abundancia delle, e os fundos da Sociedade sejão taes, q se possa constituir em uma Bibliotheca publica, para a qual se formarão estatutos.

No âmbito do gerenciamento de uma biblioteca, o processo de formação e desenvolvimento do acervo constitui uma atividade delicada. Diante disso, alguns teóricos de Formação e Desenvolvimento de Coleções como Vergueiro40; Figueiredo41; Evans42 ponderam acerca da necessidade do estabelecimento de uma Comissão de Seleção43.

39 40

AZEVEDO, op. cit. Cf. VERGUEIRO, Waldomiro. Seleção de Materiais de Informação. 2.ed. Brasília, DF : Briquet de Lemos, 1997. Acervo FBN: I-145,5,46.

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De acordo com Plano de Gomes Ferrão, pelo menos nos primeiros anos a BPB funcionou sem uma comissão previamente estabelecida mais formada por subscritores que eram convocados a cada três meses. Essa convocatória poderia ser feita pelo Idade d’Ouro, como esse de 10 de novembro de 1812, a guisa de exemplo: Aviso Participa-se aos Senhores Subscriptores da Livraria Pública desta Cidade, que no dia 11 do corrente pelas 11 horas da manha se há de fazer a Secção do costume, e roga-se queirão concorrer á ella.

Os livros deveriam vir da Europa porque naquela primeira década do século XIX não havia meios de compra na cidade de Salvador. Observa-se também do trecho abaixo que a forma prevista para o funcionamento era muito próxima dos modelos associativos

Para escolha dos Livros, q se devem mandar vir da Europa, haverá de trez em trez mezes uma Sessão dos Subscriptores q se acharem presentes, a qual será presidida pelo Censor, e cada um delles poderá lembrar os livros que bem lhe parecer dando a razão da sua escolha, e depois de ouvidos, e tomados os apontamentos necessarios nomear-se-hão dois Socios, com os quaes o Censor fará a lista das encommendas á proporção dos Fundos do Estabelecimento44.

Após tratar da formação do acervo, Gomes Ferrão trata de aspectos administrativos, porém não discutiremos aqui essas informações. Algumas delas estão bem relatadas por Borba de Moraes (2006) e outras serão abordadas na seção sobre a história da BPB.

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Cf. FIGUEIREDO, Nice Menezes de. Desenvolvimento e avaliação de coleções. Brasília, DF: Thesaurus, 1998. 42 EVANS, G. Edward. Developing library and information center collections. 4. ed. Englewood, Colorado : Libraries Unlimited, 2000. 43 Identificamos a formação de uma Comissão também no RGPL e mapeamos alguns bibliógrafos do século XIX, como Costantin Cousin, ponderando sobre o assunto. Para mais informações a esse respeito sugermos a consulta em AZEVEDO, Fabiano Cataldo de. A política de seleção do Real Gabinete Português de Leitura: identificação a partir da compilação de Atas e Relatórios do período de 1837-1847. 2007. 117f. Monografia (Graduação em Biblioteconomia). Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. 2007. Disponível em: http://eprints.rclis.org/13909/ 44 Fugirimos do escopo desse relatório, mas seria perfeitamente possível traçar um paralelo com aas medidas adotadas pelos RGPL em 1837.

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3.2 ESTUDO COMPARATIVO E AVALIAR AS POSSÍVEIS CONEXÕES ENTRE O CATALOGO DOS LIVROS QUE SE ACHAM NA LIVRARIA PÚBLICA DA CIDADE DA BAHIA EM MAIO DE 1818 E O CATALOGO DOS LIVROS QUE SE ACHÃO NA BIBLIOTHECA PUBLICA DA CIDADE DA BAHIA.

Tendo em vista que afirmação de Moraes (1979; 2006) de que os catálogos manuscrito e impresso não são idênticos, foi proposto nos objetivos específicos um estudo comparativo do Catalogo dos livros que se acham na Livraria Pública da cidade da Bahia em maio de 1818 e o Catalogo dos livros que se achão na Bibliotheca publica da cidade da Bahia, com data atribuída a 1818. Pretendia-se inicialmente compilar os dados de ambos e em seguida confrontar os títulos e verificar a possibilidade de estabelecer padrões com os assuntos, a exemplo do que fez Maria Beatriz Nizza da Silva com os livros de história. Antes mesmo de finalizar o período previsto para esse projeto já havíamos percebido que não seria possível estabelecer uma análise qualitativa do conteúdo de ambos os catálogos. Como é comum em qualquer projeto de investigação, há pontos do planejamento que serão francamente atendidos e outros que – não obstante terem sido estipulados – diante do panorama só percebido em sua totalidade durante o processo, não serão resolvidos. E ainda aspectos não percebidos na fase de redação do projeto foram descobertos durante a pesquisa, como no caso dos dados localizados no Idade d’Ouro do Brazil. Pretendíamos também realizar um cotejamento na lista de 350 livros que vieram de Lisboa para Francisco Agostinho Gomes, um dos primeiros doadores de livros para a BPB. O manuscrito original encontra-se no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, assim utilizei uma lista compilada e cordialmente cedida pela Profª Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves (UERJ). O trabalho de cotejamento não foi necessário, pois já havia sido feito pela professora citada. O que fizemos, por fim, foi consolidar a versão final da lista com os catálogos. Se a importância do estudo sobre ambos os catálogos já havia sido apontada em nosso projeto de pesquisa, ficou ainda mais evidente diante dos dados localizados sobre os livros comprados e doados compilados a partir das notícias no Idade d’Ouro do Brazil. O primeiro estudo sobre o catálogo manuscrito de 1818 foi pela historiadora lusobrasileira Maria Beatriz Nizza da Silva no artigo A Livraria Pública da Bahia em 1818: obras de história, publicado pela Revista de História em 1971. Nesse trabalho, a pesquisadora analisou o catálogo manuscrito, cotejando os livros de história, ela relatou o arranjo do documento

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O catálogo consta de 96 páginas não numeradas e foi elaborado por ordem alfabética simultaneamente de autores e títulos. Jamais são indicados o local e a data de edição. Quer os nomes de autores quer os títulos são escritos resumidamente, e por vezes com erros. Estes inconvenientes tornam por vezes impossível a identificação da obra […] (SILVA, 1971, p. 226).

Borba de Moraes (2006) está correto ao afirmar que a primeira notícia sobre ambos os catálogos aparecem no Catalogo da Exposição de História do Brazil, 188145, pois não localizamos outra fonte anterior. No segundo tomo dessa publicação encontra-se a seguinte descrição: 12721. - Catálogo dos Livros, que se achão na Livraria Publica da Cidade da Bahia, em Maio de 1818. (B. N.) E' um indice remissivo. Cod. V I I (4-9), 48 ff. inn. 18X11Original. Imprimiu-se. Vide o n. que se-segue. A Bibiotheca da Bahia possuia nesse tempo 5,361 vols. de obras completas e 426 truncadas. 12722. - Catalogo dos livros que se achão na Bibliotheca Publica da cidade da Bahia. S. I. n. d. (Bahia, Typ. de M. A. da Silva Serva, 1818\ in-8. de 54 pp. (B. N.) Foi o primeiro Catalogo de livros de bibliotheca que se-imprimiu no Brazil. O original vai descripto no n. precedente.

Como Borba de Moraes (2006) já havia notado, o redator considera que o primeiro é apenas uma copia manuscrita do segundo, equívoco igualmente desfeito pelo autor.

A

respeito do impresso, é o único exemplar conhecido e a imprenta é atribuída a Silva Serva por inferência. O catálogo impresso possui 54 páginas, um total de 745 obras, descritas em ordem alfabética pelos títulos e autores. Da mesma maneira que no manuscrito, nunca é descrito imprenta. Há algumas anotações a lápis que complementam informações sobre alguns itens arrolados. Esse documento não possui página de rosto e em razão da má qualidade do microfilme foi necessário consultar o exemplar original que se encontra no cofre da Divisão de Obras raras. Como consta na transcrição do verbete acima, é fato inquestionável a importância desse catálogo para a Biblioteconomia no Brasil, pois se trata do primeiro catálogo impresso do gênero no país. Além de Borba de Moraes (2006) não recuperamos outro autor que tenha trabalhado com esse catálogo. Como ele mesmo menciona, a publicação é infinitamente inferior em descrição em relação ao manuscrito. 45

Disponivel na BN Digital: http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_obrasgerais/drg583139.pdf

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O mesmo autor, em razão do impresso não ter página de rosto, levanta dúvida se realmente fora impresso em 1818. De fato, não há como saber, pois nem mesmo no Idade d’Ouro do Brazil Silva Serva informou sua publicação – como fazia com outros impressos que saiam de seus prelos. Supomos que a razão disso seja porque o catálogo tenha sido impresso, por demanda, apenas para os subscritores e que o exemplar que pertenceu a Real Bibliotheca tenha vindo nessa leva. Como foi descrito no Plano, Gomes Ferrão planejava um crescimento do acervo bibliográfico antes da abertura da Biblbioteca. O documento data de abril de 1811 e a Biblioteca abre suas portas em agosto do mesmo ano. Acredita-se que a maior doação em livros veio por meio de Francisco Agostinho Gomes, que devem ter chegado a Instituição um pouco antes de 20 de agosto de 1811, data de notícia no Idade d’Ouro. De acordo Neves (2005) a Biblioteca de Agostinho Gomes possuía um total de 350 volumes 46. Ao comparar a listagem feita pela pesquisadora com o catálogo impresso – como se verá a seguir – notamos que nem cinquenta porcento dos livros do ilustre cidadão soteropolitano entrou na BPB. Enfim, esses são os fatos, não há como concluir, talvez com mais investigação. Quando realizamos a consolidação de ambos os catálogos notamos que o manuscrito possuia mais obras que o impresso, o que nos conduz a supor que segundo é anterior ao primeiro. Para a transcrição do catálogo impresso que se segue não nos preocupamos em fixar os erros de paginação e as grafias dúbias. Nosso objetivo aqui foi recuperar o registro, porém, na continuidade dessa pesquisa, pretendemos voltar a esses pontos. Segue abaixo a transcrição do Catalogos dos livros que se achaõ na Bibliotheca Publica da cidade da Bahia:

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NEVES, Lúcia Maria Bastos P. Luzes nas Bibliotecas de Francisco Agostinho Gomes e Daniel Pedro Muller: dois intelectuais luso-brasileiros. CONGRESSO INTERNACIONAL ESPAÇO ATLÂNTICO DE ANTIGO REGIME: PODERES E SOCIEDADES., 2005, Lisboa. Anais. Disponível em: http://cvc.institutocamoes.pt/eaar/coloquio/comunicacoes/lucia_maria_bastos_neves.pdf. Informação também em NEVES, Lúcia Maria Bastos Pereria das; NEVES, Guilherme Pereira das. A Biblioteca de Francisco Agostinho Gomes: a permanência da ilustração luso-brasileira entre Portugal e o Brasil. Rev. IHGB, Rio de Janeiro, n. 425, out./dez. 2004

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A Abercrombrie Gardening Abregée de l‟Histoire Ecclesiastica Abreo. De Parochis Acres des Martyrs Adami Conineson Politicorum p. 2 Administration des Finances, de Necker Administration of the Sacraments Agiologio Lusitano, de Cardoso Alciati opera omnia Almeida. Feliz Independente ____. Recreação Philosophica Ami de la France, de Mirabeau Amusements d‟um Philosophe Anarcharsis Travels, de Barthelemi. Analyse Chimique, de Mr. Sage Anatomia de Sabatier Annalles de la vertu Année Chretienne, de Croiset Annual Register Annuncioações Evangelicas, de Fr. Manoel da Anunciação Anti-Lucretius, de Polignac Anti-Theatro Crítico, de Feijó. p. 3 Arithmetica, de Rego Arithmetical Collection, de John Birks Arithmetician‟s Guide, de John Eadon Aristotelis Stagiritae Opera Ars cogitandi, seu Logica Art des experienses, de Nollet Arts, & Metiers Artes da Lingoa Brasilica Arte da pintura, de Jeronymo de Barros Ferreira Astronomie de la Lande Atlas for winter botham‟s, History of America Atlas Martinii Blaeu Atlas Enciclopedique, de Mr. Bonne, e Desmarest Augustini Valerii Opera Augustinus Sanctus. De Civitate Dei p. 4 Avis au prince Aviso ao povo sobre a sua saude, de Tissot

Aurore Boreale Ausonii Opera poética Authorité du Clergé Azevedo. De purgatório -BBauini Index Beddoes, on consumptions Bedae Opera Bell, on the venereal. Benedicto XIII. Sermoni sopra il purgatorio Bersani. De compensationibus. Berti. De theologicis disciplinis p. 5 Berti Disertationes historicae Bezout. Cursus Mathematicus Biblia sacra, de Du Hamel. Bibliorum sacrorum libri Bibliotheca Lusitana, de Diogo Barbosa Machado _____ Historica de Portugal, de D. João Maria José ____ Theologica, de Fr. Domingos da Santissima Trindade ____ Sacra Sanctorum Patrum. Bielfeld. Institutions politiques. Bonacina. Bonapartiana, de Mr. d‟Aval Boneti. Polyalthes, sive Thesaurus Medico Practicus Book of rates, de Mr. Burrow Bossuet Opera. p.7 Cassini Prediche Catalogo das Rainhas de Portugal Cato, et Varro. De re rústica Catullus Tibullus ____, Tibullus, et Propertius Cellarii Geographia Censorinus. De die natali. Cerco de Dio; poema de Farinha Ceremonial Serafico, de Fr. Manoel da Conceição Chales. Mundus Mathematicus Chamberlaine‟s Presents States of Great Britain. Chef d‟oeuvres Chronicas dos Reis de Portugal, de Miguel Lopes Ferreira Chronicas de Portugal, de Duarte Nunes de Leão

p. 6 Brados do Pastor as suas Ovelhas British Poets Brixiae Philosophia Burgundia. Mundi lapis Lydius Butler‟s Hudibras. -CCaius Suetonius Tranquillus Caesaris de bello Gallico Caevallos Speculum Aureum Opinionum Calculo das pensões vitalícias, de Saint Cyran Caldas. De nominatione emphiteuticã ____. De emptione, et Venditione Capycii decisiones ____ Consultationes Carena. De officio Inquisitionis. Cartas de Ganganelli p. 9 Commentaire du Code Criminel, de Coyer. Commentarios do grande Albuquerque Commerce opposé au Trafic ____, et gouvernement, de Condillac Commercial Treaty Commercio franco (de onde?) Compedio de Resolução praticas para o uso dos Oratorios ___ de agricultura, de Ignacio Paulino de Moraes Compendio de Botanica, de Brotero ___ das Minas, de José Antonio da Rosa. Compendio Historico do Reino de Portugal,de Lamago Compere Mathieu p. 7 Cassini Prediche. Catalogo das Rainhas de Portugal Cato, et Varro. De re rústica Catullus Tibullus ___, Tibullus, et Propertius Cellarii Geographia Censorinus. De die natali Cerco de Dio; poema de Farinha

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Ceremonial Serafico, de Fr. Manoel da Conceição Chales. Mundus Mathematicus Chamberlaine‟s Presents States of great Britain. Chef d‟oeuvres Chronicas dos Reis de Portugal, de Miguel Lopes Ferreira p. 8 Chronicas da Companhia do Estado do Brazil, por Simão de Vasconcellos Ciceron. De la Vieillesse, et de l‟amitié Ciceronis epistolae ___ Opera. Cintra. Poema de Collares (Qual delles he?) Claudiani Opera Clavius. In sphaeram Claus Specilegium Concionatorium (Que he isto?) Colleção de pensamentos Collection complete de tous les ouvrage á Necker Colloquia Vivis (O Aut falou aos Vivos) Columella. De re rústica Comediae Publii Terentii, com notas de Farnabio Commedies de Plaute p. 11 de S. Santidade com os Generaes Francezes. Corsini philosophia Cours d‟agriculture, de Rozier Course of lectures, de Sheridan Couto Decadas da Asia Cujaci Opera Cullen‟s Sinopsis Curiosityes natural, and artificial Curso de Mathematica, de Mr. De la Caille ___ de Bezout Curso de Fizica de Pará -DD. João I, de José Soares da Silva D. Sebastian, de Anna Maria Porter Decadas de Barros p. 10 Compilação Sistematica, de Vicente José Ferreira Cardoso

Complete Treatise of fractieal Navegation, de Patoun Concinae Theologia Conet Theologia Conimbricense Collegium. De anima. ___ Collegium. In physicam Aristotelis (He outro?) Considerations sur le gouvernement Pologne, de Rousseuau Constituirions de l‟Angleterre, par Mr. Lolme Contes moraux de Marmontel ___ Persans, de Petit de la Croix Coote‟s England (Por quem?) Cornelius Tacitus, ad usum Delphihum Correspondencia autentica dos Ministros p. 13 Diccionario das Ellipses, de Manoel Rodrigues Maia. ___ Diccionario Francez Portuguez, de Pedegache ____ Alemão Francez ____ Portuguez, de Moraes Dictionnaire de la fable ___ Geographique, de Mr. Vosgien ___ des Sciences, de Diderot, e D‟Alembert ___ universal des Synonyme s François, de Robaud ___ des moeurs ___ d‟histoire naturelle, por Valmont ___ Historique ___ Historique Portatif ___ Royal, de Pomey p. 12 Deducção chronologica, e analítica, de José Seabra Delpho Theatrum Terrae Sanctae Demhouderius Praxis Criminalium Rerum Demonstrations d‟el Theatro Critico de Feijó Depons Travels through the Spanish men Descobrimento dos Portuguezes Descripção Corografica de Portugal, por Antonio Oliveira Freire

Descripção, e uso dos instrumentos de Reflexão, por Francisco Antonio Cabral Desing Compendium eruditionis Devoirs du Prince, de Moreau Diccionario das moedas ____ dos termos technicos da historia natural, de Vandelli p. 14 Diccionario dos Directores, por Fr. Francisco Ferreira Discours de Fleury ___ de Machiavel Discurso apologético, e Critico, de Silva Leal ___ Sobre os edifícios Ruraes, por José Feliciano Fernandes Pinheiro Discussions du Code Civil, de Jouneau, e Solon Dissertazione de Giussepe Saverio Dissertação a favor da Monarquia Divi Hieronimi epistolae Domestic Anecdotes Douze Cesars Droit publique, de Mably Du Hamel Philosophia. p. 15 -EEcole du monde, de Mr. le Noble, Economie politique, de Mr. Stenzel Edymburg Dispensatory Edward‟s History of Westinddies Ellegies de Tibulle, traduites par Mirabeau Elemens de Musique, de D. Alembert ___ de l‟histoire de France, de Milot Elemens de Phisique, de De la Fond. ___ d‟Euclide. Elements of Mineralogy, por Kirvan Elementos da Historia, de Valemont ____ de Mathematica de Monteiro Enciclopedie, d‟Alembert, e Diderot ___ Methodique

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p. 16 Enciclopedia Britanica England‟s Treasure, de Thomas Mun. Ensaio econômico, de José Joaquim da Silva E mais sobre a extensão dos limites da beneficenci, de Berchtoló Ephemerides Manfredii Epitome Historico ___ das Historias Portuguezas, de Manoel de Faria e Sousa Epitre de l‟Evangile Epoques de nature, de Bouffon Erasmus. De Verborum copiã Escola do mundo, de Mr. le Noble Esprit du gouvernement economique, de Mr. de L‟Orme ___ de loix ___ du Chevalier Follard. p. 17 Essays de Montagne Essay de jurisprudence Criminelle, de Dentand ___ Sur la poesie epique, de Voltaire ___ on the nature, and principles of publie credit Etudes de la nature, de Mr. Saint Pierre Eva, e Ave, de Macedo Europe illustre, de Mr. du Radier Europa e Asia Portugueza ___ Caesarieniis Opera Exame de Bombeiros, de José Fernandes Pinto Swell‟s Discurses Evbel Juris Ecclesiastici p. 18 -FFables de la Fontaine [comido] Mundos aspectabilis Familiar Letters, de Priestlei Fasciolati Orationis Fasciculus ex Selectioribus, auctoribus ___ Sententiarum, de Villas Boas Federicus Delphinus. Defluxu, et Refluxu aquae maris Feijó Illustration apologetique Ferguson‟s Civil Society Festus, et Flaccus. Deverborum Significatione, notis Dacerii. Fingal, de Trumbull.

Florus, illustratus á Graevio. Fool of quality (De que?) Forfaits de la Revolution p. 19 Fundamentos Botanicos, de Carlos Líneo

-GGaspar Barlaeus. In Brazilium Gassendi Philosophia Genie du Christianisme, de Chateau Briand Genuense. Logica, e Metafisica, em vulgar Genuensis Elementa Metaphisica Geographie Parisienne ___moderne, de Mr. de la Croix ___ de Busching Gibbon‟s Rome abriged. (Por quem?) Gmellin. (Que obra he?) Gorter. De Respiratione insesibili ___ Medicina Hipocratica ___ Praxes Medicae. p. 20 ___. Materies Medica Gotti Theologia Goudin Philosophia Gra[…] Romains. (Por quem?) Grauesson Historia Ecclesiastica Gregory‟s Conspectus Guerinois. Philosophia Guerras dos Judeos, de Arnault Andilez Guthrie Geographie universselle --- H --Hayharth, on the Sinall [i.e. small] pox Haebraicum, et Cyro Chaldhaicum Dictionnarium Heinetii fundamenta ___ Opera juris Civilis ___ Philosophia Ractionalis Henriade de Voltaire. p. 21 Herodiani Historiae Historia Genealogica da Casa Real Portugueza, por D. Antonio Caetano.

___ de Portugal, de José Soares Silva ___ de Portugal, de Damião Antonio de Lemos (inteira?) ___ de Portugal, de Antonio de Moraes Silva ___ de Portugal, de Mr. de La Clede (inteira?) ___ panegirica da Vida de Diniz de Mello, de Julio de Mello ___ Romana, de Goldsmith ___ universal de Fr. Manoel dos Anjos ___ do apparecimento de Nossa Senhora da Luz, pelo Padre Soveral. p. 22 Historia dos Judeos, de Arnault d‟Andilly ___ de Santarem, do Padre Ignacio da Piedade ___ da Ordem de Christo, de Fr. Bernardo da Costa ___ da acclamação d‟El Rei D. João IV ___ nova, e completa da America, por José Feliciano Fernandes Pinheiro ___ de las guerras civilis de Francia, de Davila. ___ de la Provincia da Companhia de Jesus, do novo Reino de Granada, de Cassani Histoires de Puffendoff ___ philosophiques de Rainal. p. 23 Histoire Philosophique, et Atlas , de Rainal ___ des Indes Occidentaux, de Brian Edward ___ de l‟Amerique, de Mr. Touron ___ de l‟Amerique, de Mr. Roberston ___ de l‟Italie, de Mr. Servan Histoires du Perou, de Zarate Histoire de Naples, de Gi[comido]nome ___ du Bas empire, de Mr. Le Beau ___ du moderne, de Marcy ___ de France, de Henault ___ des desastres de Saint Domingue ___ de l‟Angleterre, de Mr. D‟Hume, e augmentée par Towers

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___ des decouveres, de Barrow. p. 24 __ des conjurations, de Mr. Du port de Terre __ des Voyages, de Prevost ___des aucteurs Sacré, de D. Remy de Cellier ___ du genre humain, de Virey ___ de la Russie, de Voltaire ___ d‟Ecosse, de Roberston ___ de Charles V, de ROberston ___ de l‟Eglise, de Mr. Du Pin __ Romaine, de Rollin __ navale de l‟Angleterre Histoire de Sallustre History of Roman Republic, de Ferguson ___de Gibbon __ and general Policy, de Priestlei __ of the French Revolution p. 25 __ of Mexico __ of Chili, de Molina ___ of England, de Mr. Tendal Histoirae Ecclesiasticae, ex varii auctoribus Homme d‟etat, de Donato __ universel, de Courbeville Homme‟s Clinical Experiments Homeri Opera Hontalba. De jure supervement in Omni judicio Hume‟s History of England Human mind, de Condorcet Huxhmani Opera --I -Jardins. Poeme de l‟Abbé de Lille Idilles champetres, de Mr. Huber p. 26 Jefferson‟s Notes Index librorum prohibitoru Inde en rapport avec l‟Europe India, and China, de Mr. Renaudor Ineditos de Historia Portugueza Institutiones júris Civilis Lusitani, de Pascoal José de Mello Institutions politiques de Bielfeld Instructions sur les Sacrements

___ pour le Code Civil de la Russie Instrucções de Infantaria, de Mr. Gaudi Interets des Nations Introducção ao Codigo, de José Veríssimo Alz. da Silva Introductio ad Ephemerides Zanotti __ in jus Publicum, de Boehmeri Jonstonus Historia naturalis de arboribus p. 27 Irma, ou as desgraças de huma joven Orfãa Jurii Caesaris Commentaria Justini Opera Juvenalis Satirae -LLacretelle Dissertation sur le ministere public Lakes, de Huthchinson por Grozin Lafitau. Sermones Laurentius Valla. Eloquentiae Linguae Latinae Leake. Ondiscas of Women Leblano. In psalmos Legislation du divorce. Leibnitii Tentamina. p. 28 Leonis Pontificis epistolae Letins Theologia Lettres du Cardinal D‟Ossat ___ choisies des autcurs François Lettere del Aunibal Caro Lettres physiques, et morales, de Mr. de Luc ___ Americaines, de Carli __ d‟une Peruvienne __ d‟Eloise, et d‟Abeillard __de Ciceron Letters on the English Nation, de Voltaire Lexicon antiquitatum Romanarum, de Petisco Lima. Jus Canonicum Lind, on the scurvy Linney. Sistema naturae. p. 29 Lipsi Opera omnia Lipsius, in Senecam. Loix civiles. ___ penales, de Mr. de Pastoret London Chronicle, de Wilkie

Lorena perseguida, e exaltada, de Alexandre Caetano Lowth‟s Grammar Lucanus, Comentado por Burmani Lucrece. Lucretius. De natura rerum, com notas de Creek Lusiadas de Camoens -MMachenzie. Voyages Maison de Steuart, de Mr. Hume Malthus, on populacion. p. 30 Maniere d‟enseigner, et etudier les belles letters, de Rollin Manifesto Canonico, e apologetic, de Vergolino Manilius Faliscus Nemesianus Manuele Qualificatorum Sanctae Inquisiotinis, de Alberghini Manuel geographie ___ of devotions Mappa da Lusitania, do Padre Francisco do Nascimento Maranta. De ordine judiciorum Marca. De concordiã Marine Theatries Marta. De Jurisdictione inter judicem saecularem, et ecclesiasticum Martialis epigramata Martinez. Philosophia Sceptica p. 31 Martinnus Bonacina Massius. In Logicam Aristotelis Mathiolus. In Dioscorirdis Medicinam. Mauro. De Aristotelis Operibus Mease‟s united States Medical Commentaries, de Ducan Melli. Juris Civilis Institutiones Memoires du General Demoriez ___ de Rethz ___ de Gui Joli ___ sur la guerre, de Pouchot ___ sur la Mineralogie du Dauphiné; de Guettard __ des Sciences, de Guettard __ de Langallery Memoirs Medical

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Memorias de la guerra do Brazil, de Duarte de Alburque Coelho. p. 32 ___ da Historia d‟ElRei D. Sebastião __ da Literatura Portugueza Memoria 2ª Hidrografica das Ilhas de Cabo Verde, de Francisco Antonio Cabral Menochii Concilia Mer du Sud, de Mr. Frizier Methode de preacher ___ Methode pour etudier l‟histoire, de Lenglet Methode de Geographie, de Lenglet Methodus epistolarum conficiendarum de Brunsvigate Mickle‟s Poems Mirabeau Letters Missal Romano Molina. De Justitia, de Jure. p. 33 Mon bonnet de nuit, de Mercier Monacelli Formularium Legale Monarquia Lusitana, de Francisco Brandão Monte Negro. Parocho de Indios Monthly Review, or Litterary Journal Morgagne. De Sedibus, et Caussis morborum Morse‟s Universal Geography Morton. Opera Medica Mynsingeri. Ad Instituta Mythologie de Bannier

-NNapoleon, and the French people. Natalis Alexandri. Historia Ecclesiastica Necker. Du pouvoir executive New Annual Register. p. 34 New Picture of Paris, de Mercler Nisseno. Vida de Abrahão Nobiliario de D. Pedro, de Savãna Noltenii Lexicon Note antichritiche, de Eudosso Filenio

Nova Lusitania. Historia da Guerra Brazilica, de Francisco de Brito Numismata Pontificum Romanorum -OObras de Quitta ---poeticas de Caminha --- de Stockler Observations de l‟agriculture Oeuvres de Mr. de la Februre, art d‟attaquer, e defendre les places __ d‟Aguesseau __ de Bossuet p. 35 Oeuvres de Condillac __ de Frederic 2º __ de Piron __ de Moliere __ d‟Helvetius __ de Racine __ de Bouffon __ de Mably __ de Mr. D‟Hume __de Rabel __ de diverses d‟um ancien Magistrat __ de Voltaire __ de Russeau __ de Corneille __ de Cochim __ de Virgile Offices de Ciceron Ollalla. Missa Cantada. p. 36 Ontropologia de Rant Ordre Social, de Mr. Le Trosne. Oriente Conquistado, do Padre Francisco de Souza Origenis Opera Ortelli. Theatrum orbis terrarum Osorius. De rebus Emanuelis Ossian. The Works Ovidii Opera, com notas de Nicoláo Heincio -PPalladius. De re rústica Pallavicini. Historia Concilli Panegirico de Barros Papon. De la peste. Paradis perdu de Milton, avec Remarques d‟Addisson. p. 37 Paradise lost of Milton

Parisius, de Resignatione beneficiorum Parker‟s Laws of Shipping Paschalius Virtutes, et Vitia Pascucius. Ad Pignatelli Commentaria. Patinus. Numisemata Pontificum ROmanorum Pauli Zacchiae Quaestiones Medico Legales Payne‟s Geography. ___ Epitome of history Peraldum. Exempla Virtutum, vitiorumque. Percival‟s Essays Perfectus Canonicus, á Josepho Caetano Lopes Persii Flacii Satirae Petra Sancta. De symbolis heroicis p. 38 Petronii Sariricon ___ naturalis de Sacrosancto Corpore Christi Phisique de Nollet Picture of New York Pinkerston‟s Geography Platonis Opera Plauti Comediae Plinii Historia naturalis __ Secundi Historiae __ epistolae Plutharcus Poemas de Osorio ___ de Curvo Poesias de Horacio, em latim, e francez ___ de Paulino Cabral. p. 39 Political Magazine Politicon de Canillac Politique de Bielfeld Polyanthea de Langio Popma. De differentiis Verborum Portugal Restaurado, de D. Luiz de Menezes Praedicationis apologeticae, a Queiroz Praedium Rusticum, de Jacob Vanieri Pratica de Curas, e Confessores, de Remigio Principes du Calcul, de Pará ___ de l‟administration politique ___ d‟agriculture. Principia philosophiae Cartesii

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Progrés du Commerce Prosodia de Bento Pereira Prosodia Francezam, e Castelhana.

p. 40 Prospecto político do estado actual d‟Europa, de Zimmerman Provas da Deduccação Providencias do terremoto de Lisboa Puffendoff. De jure naturae -QQuaresimale Del Padre Anton Francesco Billati Quintiliani. Opera Quintilianus. De Caperronerio Quintus Curtius -RRaderi. In Martialis epigrama Ramsay‟s Washington Recherches sur la population de France, de Mr. Moheau. p. 41 Recherches des Nations, de Smith Recreation de Phisique, de Guyot Reflections on the revolution de France, de Burke Reflexões do direito Patrio, de Sampaio. Relação panegírica das honras funerais d‟ElRei D. João V, de Barros Repertory of arts Republique des incredules, de Mr. Marin Resumo de Castramentação, de Coitinho Rethorica de Colonia ___ de Mayans Retiro espiritual Revolução de França. Revolução des arts, de Mr. de Mehegan Revolution Romaines, de Vertot Ricciollo, De Astronomia p. 42 Richesses des Nations Smith Rieger. Instituones juris prudentiae escolasticae Rimas de Thomáz Antonio

Roberston‟s India __ America __ History of Charles V Rodrigues. Quaestiones Regulares Rollin. La maniere d‟etudier les belles letters. Rollo, on Diabettes Rousseau Rutherford‟s View of ancient history -SSá, e Miranda Salviani Opera Saint Bible, de Mr. de Sacy p. 43 Sancti Joannis Damasceni Opera S. Isidori epistolae S. Augustini Scripta S. Hieronimi Opera S. Bernardi Opera S. Bernardi Senensis Opera S. Gregorii Opera omnia S. Francisci Assisiani, et S. Antonii Paduani Opera S. Cirilli Alexandrini Opera ___, Archiepiscopi Hierosolimorum cathecheses S. Cipriani Opera S. Justini Opera S. Ireneus, adversus haereses S. Gregori Nisseni Opera ___ Nazianzeni Opera. p. 44 S. Epiphanii Opera S. Hilarii Opera S. Chrysostomus. In evangelia S. Cyrillus Alenxandrinus. In adorationis S. Anselmus. In epistolas Pauli S. Fulgentii Opera S. Dionisii Opuscula spiritus S. Macarii Homilae S. Pedri Chrisologi Homiliae Satires de Perse Saury Scaeccia. De sentencia, et re judiciatã Skerevelli Lexicon Scienza de la legislazione, de Filangieri Seneca Sermões do Padre Antonio Vieira Sermons de la Boissiere ___ de Latourdupin

p. 45 Sermons de Massillon Sextus Aurelius. Victoriae Romanae Siecle de Louis XIV, de Voltaire Silius Italicus, em francez Sistema de Cirurgia, de Benjamin Bell __ Sistema dos Regimentos, de José Roberto Monteiro de Campos Smith, and Beddoes Sotto. De justitiã, et jure Spectacle de la nature, de Mr. Prush Spirit of laws, de Condorcet Statius Latino Italicus Staunton´s Embassy Sterne Stillingflects Works Summa Theologica S. Thomae Aquinatis Summario da Bibliotheca Lusitana Supplement au Voyage de Bougain Ville p. 46 Swieten. Constituiones epidermicae ___ In aphorismis Synonimes Françoises, de Girald, et augmentés par Beauzée, et D´Olivier ---T--Tabernaculum Bernardi Lamy Telemaco, em verso portuguez, de Joaquim José Caetano Theatre de Racine __ de Voltaire __ de Corneille Theatro Heroino, de Damião Froes Perim Theatrum Vitae humanie, de Beyerlink ___ Terrae Sanctae, de Cristiano Adricomio Theodoreti Opera. p. 47 Theophilatus. In epistolas Pauli Theologia. Patris Alexandri Thesaurus Medicus Thesaurus Linguae Latinae, de Roberto Estevão Thesouro de prudentes, de Gaspar Cardoso

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___ da língua Italiana, de Michele. Titus Livius Torti. Terapeutice Specialis Tractatus, de Jure, et privilegio honestatis, de Bento Egidio Tracts de Harrington Traduction de Tacite Traite des estudes, de Rollin ___ de legislation, de Bentham Trank p. 48 Transactions philosophiques, traduites par Bremond Tratado de Trigonometria plana, de D. João Sanches ___ histórico das Ordens Monasticas de S. Jeronimo, de Fr. Francisco de S. Miguel __ dos limites das Conquistas d‟ElRei D. João V. Trials of adultery Triomphy de l‟evangile Tranka. Febris hectic Tritter‟s Medicina Nautica Turri Panegirici sacri Turselinus. Historia mundi p. 49 -VVan Swietten Varenius. Geography Vegetius. De re rusticã Velasco Curso de Cirurgia Verne Philosophia Vertu du peuple Vetus Testamentum Viagem da patria, de José Antonio de Sá Viagens de Antenor, de Lentier Viajante Universal Vida de D. Fr. Bartholomeu dos Martyres, de Fr. Luis Cacegas ___ e Virtudes da Imperatriz Leonor, D. João Leopoldo p. 50 Vida do Padre Antonio Vieira, do Padre André de Barros ___, e morte trágica de Maria Stuart, Rainha de França e Escocia ___ do Principe Eugenio ___ des Saints, de Baillet ___ de Robinson ___ de Voltaire ___des hommes illustres, de Plutarco, traduzido por Dacier

___ du Duc de Penthievre, de Mme Guenard ___ de Frederic II, Roi de Prusse, de Treutel ___ du Pape Clement XIV Vira[comido] In Institutiones imperiales Virgiln Opera Vita. D. Nounii Alvaresii Pereriae p. 51 Vloa‟s South America Ultimus acções do Duque D. Nuno, de D. Jaime Universal History Vocabulario Italiano e Hespanhol ___ de Bluteau Voltaire. Correspondence du Roi de Prusse Voltaire Philosophy ___ Huron ___ Thoughts ___ James Voussius. De artis poeticae naturã ___. De [comido] sermonis Voyage autour du monde ___ a la Louisiane. Voyages du jeune Anacharsis ___ de Bougain Ville p. 52 Voyages des decouvertes de Vancouver, de Mr. Henry ___ de Spallanzani Walchii Historia Critica Walerius. De origine mundi Walker‟s, on the Small pox Watson‟s Philips, 2º and 3º Wesley, Hampson Wilkes, on the Dropsy Windham‟s Travels Wolfii Mathematica

-ZZadig, de Voltaire Zannoto. Ephemerides Zeluco Zimmermam Experiences p. 53 Supplemento Bemerfungen Boehineri. Principia juris Canonici Candidus, de Voltaire Chrisostoni Index amplissimus

Contenson. Theologia Conversação familiar, do Padre Severino de S. Modesto Descripção da Cidade do Porto Dianae Opera Electa ex Ovidio, et Tibullo Emanuellis Lusitaniae Regis de rebus gestis p. 54 Filosofia Racional de Pedro Simon Grotius. De jure belli, ac pacis Paradis perdus de Milton, traduit de l‟Anglois par Racine Profani, et Veteres Sacri ritus, a Casalio Problema de architectura Civil, de Manoel Ignacio Ramos Prones de Billot Schmalz. Jus Canonicum. Sylva. Locorum, qui frequenter in Concionibus occurunt Vallensis. Paratilla júris Canonici Voix du Pasteur à sés Paroissiens, de Reguy.

No que concerne ao catálogo manuscrito, não há elementos que nos permitam concordar com a suposição de Borba de Moraes de que “seria o mesmo que veio da Bahia e serviu para doação de duplicatas de que trata Joaquim dos Santos Marrocos na sua carta de 11 de julho […]”47. Ou ainda, se esse catálogo manuscrito teria sido feito depois da doação. O conteúdo da carta referida é o que segue:

(...) que S.A.R. mande estabelecer uma biblioteca pública na Cidade da Bahia com grande porção de livros dobrados da biblioteca da Coroa. Resultam daqui três utilidades muito grandes, além de outras menores: a primeira, conservarem-se na Bahia os livros, o que aqui é impossível, porque, não cabendo na biblioteca, por força hão de existir perpetuamentenos caixotes e nos armazéns do Real Tesouro, que estão todos minados do bicho cupim, achando-se por isso em pó imensas tapeçarias e assim com o sobredito destino sempre se conservarão limpos pelo cuidado dos empregados. A segunda, a utilidade e aproveitamento do público, porque, havendo na Bahia magníficos estabelecimentos públicos de toda a qualidade, e entre eles bons colégios e estudos, por efeitos do excelente governador conde dos Arcos, falta ali uma biblioteca pública que sirva para mestres e discípulos e para todos os curiosos de aplicação, para a qual biblioteca, por ser nascente, é mui suficiente esta porção de livros. A terceira é uma generosa gratificação de S.A.R.. ao bom agasalho e alegria dos baienses na chegada de S.A.R. àquele porto (...)48

Por esse conteúdo não há muito a concluir acerca da questão suscitada anteriormente, todavia na carta de 11 de julho de 1818, consta que

veio a verificar-se o meu projeto, lembrado a princípio, pois Sua Majestade ordenou que, dos livros dobrados da sua Real Biblioteca, se fizesse fornecimento de um exemplar de cada obra para a biblioteca pública da Bahia, combinando-se estes com os do catálogo que dali veio, de sorte que não viessem a duplicar-se, porém consistindo a remessa dos que ali não houvessem. Já para lá foram 20 caixotes que somente compreendem o ramo de teologia, e vai-se continuando49

Não deixa de ser curioso o dado de que no manuscrito com o rol dos livros consta como cabeçalho: “Catálogo dos livros, que se achaõ na Livraria Pública da cidade da Bahia, em maio de 1818”, ou seja, dois meses antes da carta de Marrocos. De fato, ao analisarmos o documento, sua estrutura fica muito mais próximo de uma espécie de relatório do que uma espécie de catalogo. Antes, porém, de passarmos ao manuscrito, nota-se ainda na carta de 8 de 47

Op. cit. MORAES, 2006, p. 159. Acervo BN Digital: http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/memorias%20do%20rio%20de%20janeiro.pdf 49 Ibidem. 48

setembro de 1818 do bibliotecário de D. João VI que seguiram para Salvador “37 caixões de livros”50 As 95 páginas arrolam 1235 obras que entram na relação sem indicação completa e em alguns casos sem autor, o que tem dificultado a identificação – problema já apontado pela historiadora Maria Beatriz Nizza da Silva. Não iremos transcrever o catálogo aqui a fim de evitar repetição, pois seu conteúdo virá na seção seguinte, ao apresentarmos uma versão consolitada. No entanto, completando a ponderação precedente acerca da hipótese de que esse documento constitui uma lista indicando o “ponto de situação” do acervo, após o rol dos livros consta: Nota Esta Relação hé unicamente dos volumes completes da Bibliotheca q. montão ao N. de____________ 5# 361 Os truncados montão a ________ #426 ________ 5#587 Alem dos sobred.os volumes a pouco chegou a Havre de Grace hum grande caixote de livros, q ainda se achão por ora em poder da Administração o Pe. Francisco Agostinho e por isso não vão incluídos neste Cathálogo.

Havíamos previsto no âmbito metodológico da pesquisa estabelecer padrões de assunto e idioma com esses catálogos. Todavia – como é bastante comum em qualquer pesquisa – no decorrer do processo percebemos que essa atividade tomaria um tempo muito grande que de certo causaria atraso em outras etapas do projeto. Ademais, o próprio Borba de Morais (2006) fez algo semelhante e Silva (1971). Como foi apontado por ambos, a maior dificuldade está em identificar a grafia, no caso do manuscrito e em identificar a obra, pois a maneira que a descrição fora feita omite uma série de informações, como imprenta, autor e até título comercial, ou seja, descrevem – em alguns casos – pela forma como o livro é conhecido. Durante o trabalho de campo, dado as especificidades assinaladas, percebemos que uma pesquisa que estabelecesse e recuperesse informações completas das obras arroladas prescinde o trabalho de consolidação por assunto. Chegamos a conclusão também que isso praticamente representa outra pesquisa.

50

Op. cit.

A metodologia aplicada para transcrever os dois catálogos priorizou recuperar o registro, não nos detivemos nesse primeiro momento a aplicarmos em corrigir os erros de transcrição.

3.3 CATÁLOGOS CONSOLIDADOS

Nessa subseção apresentaremos a consolidação dos catálogos manuscrito e impreso. Faremos também a interpolação com os dados já compilados da Biblioteca de Francisco Agostinho Gomes, feitos pela professora Lúcia Bastos. Metodologicamente priorizamos a forma de descrição das obras que se encontram no catálogo manuscrito. O resultado desse trabalho apontou para um total de 1235 títulos (manuscrito e impresso). Desses, 600 títulos foram encontrados em ambos os catálogos. Da Biblioteca de Francisco Agostinho Gomes encontramos 42 títulos no catálogo manuscrito e 41 títulos ocorrendo em ambos, fazendo um total de 83 títulos identificados. Essa etapa da consolidação tomou tempo considerável, porém foi de extrema importância, pois revelou que de fato o catálogo manuscrito é posterior ao impresso, cuja data é presumida em 1818. Lembramos que não foi nosso critério no momento estabelecer a correção e completação dos títulos. Ao agruparmos ambos os catálogos percebemos que entre um e outro houve um acréscimo em especial de livros de história e da área médica. Percebemos uma presença considerável de livros científicos no campo da botânica e astronomia, assim como de filosofia. Observamos também títulos que sofreram censura para Real Mesa Censória51, como Catulus, Tibulus e propertius; Condillac Cours d'Etudes; Oeuvres de J. B. Rousseau; Vozes saudozas da eloquência de Vieira. Dado que corrobora com a afirmação de Borba de Moares (2006) de que a BPB não sofreu censura.

51

Identificado pela Profa. Lucia Bastos.

CATÁLOGO CONSOLIDADO

Legenda: Vermelho: Presença do título no catálogo mansucrito e impresso. Preto: Presença do título apenas no catálogo manuscrito. Roxo: Presença do título apenas no catálogo impresso. Verde: Presença do título no catálogo manuscrito, impresso e da biblioteca de Francisco Agostinho Gomes. *: Presença do título no catálogo manuscrito e na biblioteca de Francisco Agostinho Gomes. Abercrombrie Gardening Abregée de l‟histoire ecclesiastique Abregée des commentaires de Folard, - sur l‟histoire de Polybe Abreo de Parochii Actes des Martyrs Adagios e anixius [Adagios, proverbios, rifãos e anexias], tirados dos melhores autores nacionais e recopilados por ordem alfabética.* Adami Contneson Politicorum Adminstration des Finaces de Mr. Necker. Adminstrations du Marques de Pombal Administration of the Sacraments Affonço Africano, Poema de Quevedo * Africa Portuguesa, por Manoel de Faria Sousa Agiologio Lusitano, de Cardoso Agricultor instruido, por João Antonio Garrido Alciati opera omnia Alibert Therapeutique Almeida. Feliz Independente Almeida. Recreação filosófica Alografia dos alkalis (?) fixos, vegetais ou potasso, por Fr. Jozé Mariano. A Kemps. Opera Theologica Ami de la France, par Mr. Mirabeau Amours de la Pshiché, et cupidon, par Mr. De la Fontaine Amusements d‟un Philosophe Anarcharsis Travels, by Barthelemi Analyse chimique de Mr. Sage Analyse de philosophie du Chancelier – Bacon Analyse raisonnée de la discussion du Code Civil, par Mr. Malle Ville Anatomia de Sabatier Anderson. Origin of comerse of Britysh Empire Aneclets. Iuris Canononicum Annalles de la vertu Annalles d‟Espagne et Portugal, par Mr. Colmenar Annalles de Chimie* Annalles du Museum, et de l‟ecole moderne Annais historicos do Estado do Maranhão, por Bernardo Pereira de Berredo. Année Chretienne, de Croiset Annual Register Annunciaçoens Evangelicas, por Fr. Manoel da Annunciação Antiguidades de Évora, por Amador Patrício Anti-Lucretius, de Polignac Anti-Theatro Crítico, de Feijó. Antonnelli. Tractatus de juribus et oneribus clericorum Apologia a favor do PE. Antonio Vieira Architetura di Andrea Palladio

Arithmetica de Rego Arithmetical Collection, de John Birks Arithmetician‟s Guide, de John Eadon Aristotelis Stagirita Opera Ars cogitandi, seu Logica Art des experiences de Nollet Art des lettres de change Art de verifies les dattes, des faits historiques. Arte de fazer a colla forte, por Fr. Jozé Marianno Arte da lingoa Brasílica dos Gentios Arts, & Metiers Arte da lingoa Brasílica de Anxieta [sic!] Arte de pintura, de Jerônimo de Barros Arte da lingoa Grega, por Fr. Custodio de Faria Architeture civil de Mr. Dubut Arouca. Allegationes juris Astronomie de La Lande Athlas for winther Botham‟s History of America Athlas Martinii Blaeu Athlas Enciclopedique de Mr. Bonne, et Desmarest Athalia. Tragédia de Racine traduzª por Candido Lusitano Augustini Valerii Opera Augustinis Barbosa. Collectanea in Codicem Justiniani Augustinis Sanctus de Civitate Dei Aventures de Telemaque, par Mr. Venelon* Avis au Prince Aviso ao povo sobre a sua saúde, p. Tissot Aurore Boreale Ausonii (?) Opera poética Authorité du Clergé… Azevedo. De Purgatório Baitly Histoire de l‟astronomie ancien Ballança intelectual, por Francisco de Pinna e Mello Barther. Science de l‟homme Banini. Índex. In Theophrasti, Dios coridis, Plinii, et aliorum Botanicorum opera Beddoe‟s. Essay on the causes, early signy and prevention of pulmonary compumption Beddoe‟s Contribuitions to physical and medical knowledge Bedda Opera in Evangelia Bell. Treatise on gonorrhea virulenta and lney (??) venerea Benedicto 13º Sermoni sopra il purgatorio Bersanni. De compensationibus Berti. De Theologicis discipliniis Berti. Dissertationes historicus Besout. Cursus Mathematicus Besout. Cours de Mathematiques, conteniant la trigonometrie rectiline et spherique Besout. Traité de navigation Besout. Traité de l‟arithimique á l‟usage de la Marine Biblia Sacra, de Du Hamel Bibliorum sacrorum libri Bibliotheca Lusitana, por Diogo Barbosa Machado Bibliotheca Hystorica de Portugal, por D. João Maria Bibliotheca Theologica, por Fr. Domingos da Santíssima Trindade. Bibliotheca Sacra Sanctorum Patrum por la Bigne Bibliotheca Medico-practica, Pharmaceutica, Medica, Anatômica e Chimica, à Mangeto Bíblia Sacra, Edição de Vitre* Bichat. Anotomie generalle appliquée – à la phisiologie, et à a la medicine. Bichat. Traité de l‟Anatomie descriptive Bielfeld. Instituions politiques

Blumenbach. De l‟unité du genre humain Bochmerius. Allegationes juris Bonacino (?) Opera Bonapartiana, ou Recueil des Reponses, actions, et faits memorables de Bonaparte, par Mr. D. Aval Boneti. Polyalthey, sive Thesaurus Medico praticus. Books of rates, by Mr. Burrow Bouffon. Edition de Sonnini, avec des plances colorés Bonymard. Essay general de Fortification. Boyer. Traité complet d‟Anatomie Brados do Pastor à suas ovelhas Britsh Poety Brixiae Philosophia Burgundia. Mundi lapis Lydius Butler’s Hudibras Bossuet Opera Bullarim Romanum Benedicti 14º Cesais. De bello Gallico Cavallos… speculum aureum opinionum – communium contra communis Caius Snetonius Franquillus Calculo das pensoens vitalícias, de Saint Cyran Caldas. de Iure emphiteutico Caldas. de Nominatione emphiteutica Caldas. de emptione, et venditione Callepini. Dictionarium* Canonisação de S. Luis Gonzaga, (??) Estanislao Kostka. Canticum Mariannum Capycii Deciones Capycii Consustatationes Caramuru… Poema sobre o Brasil* Carena (?). De Officio Inquisitionis Calos reduzido, Inglaterra illustrada, poema de Pedro de Azevº. Tojal Cartas de Ganganeli Cartas Marruécas (?) do Coronel D. José Cadaba(?)o Cassii Dionis Historia Romana Cassini Prediche Catálogo das Rainhas de Portugal, p. Jozé Barbosa Castrioto Lusitano, por Fr. Rafael de Jesus Catástrofe de Portugal, na deposição d El rei D. Affonso 6º, por Leandro Doria Cathecismos de Montpelier Cato, et Varro. De re rústica Catullus, et Tibullus Catullus, Tibullus, et Propertius Cellarii Geographia Censorinus. De die natali Cerco de Dio. Poema de Bento José de Sousa Farinha Ceremonial Seráfico, P. Fr. Manoel da Conceição Ceremonies Religieuses* Chalés. Mundus Mathematicus Chamberlaine‟s Presents statey of great Britain. Chef d‟oeuvres. Chef d‟oeuvres de Mr. Corneille Chirurgie de Mr. Boyer Chronica d. El Rei D. Manoel, por Damião de Goes Chronica d‟El Rei D. João 1º, por Fernão Lopes* Chronica d‟Elrei D. Sebastião, por Miguel Lopes Ferreira Chronica d‟El Rei D. João 3º por Francisco de Andrada* Chronica d‟Elrei D. Pedro 1º, pelo Padre Jozé Pereira Baião* Chronica d‟ElRei D. João 2º, por Garcia de Resende*

Chronica de Palmerim de Inglaterra, por Francisco de Moraes Chronicas dos Reis de Portugal, por Miguel Lopes Ferreira Chronicas de Portugal, de Duarte Nunes de Leão Chronicas da Compª do Estado do Brasil, por Simão de Vasconcellos Ciceron de la vieillesse Ciceronis epistolis Ciceronis Opera. Editio Oliveti* Cintra. Poema de Collarez Cirurgia de Guido Canliáco Cirurgia universal, por João Fragoso Cirurgia Medico-pharmaceutica, por Jozé Ferreira Claivaut. Elemens d‟Algebre Claibois. Traité elementaire de la construction des batimens de mier (?) Claudiani Opera Clavii in Sphoram Ionnis de Sacro – Bosco Commentarius Claus Specialegium Cancionatorium Clypeus Theologia Uhomistica (?) Code diplomatique Code Napoleon Code d‟instruction militaire Code de Commerce Code penal Code Napoleon, decreté par le Corpus Legislatis Code des droits de Timbre Colleccão de pensamento Colleccão das obras Portuguesas do Bispo D. Antonio Pinheiro, por Bento José de Sousa Collecção das poesias inéditas dos melhores authores Portugueses Collection complette de tous les ouvrages à Necker Collecção de memorias sobre a Guassia [ou Luassia] amarga (?), e Simaruba (?), por Fr. Jozé Marianno. Collecção de livros inéditos da Historia Portugueza, por Jozé Correa da Serra Collecção de memórias Inglezas sobres a cultura do linho cânamo, por Fr. Jozé Marianno. Collection des planches, de George Washigton Colloquia Vivis Columella. De re rústica Comediae Publii Terentii, com notas de Farnabio Comedies de Plaute Commentaire du Code Criminel, de Coyer. Commentario do grande Albuquerque Commerce opposé au Trafic Commercio franco (de onde?) Commerce et gouvernement, de Condillac Commercial treats Compendio das obras de Adam Smith – por Bento da Silva Lxª Compendio de doutrina Christãa, nas lingoas Portuguesa e Brasílica, pelo P. João Filipe Betendorf Compendio de resoluçõens praticas para o uso dos oratórios Compendio de agricultura de Ignacion Paulo de Moraes Compendio de Botânica, por Brotero Compendio das Minas, de Jozé Antonio da Rosa Compendio histórico Reino de Portugal por Lamago Compere Mathieu Compilação sistemática, por Vicente Joze´Ferreira Cardoso Complete Treatise of practical navigation, by Mr. Patoun. Concina (?) theological Concioli Allegationes Forensy Conduite des confesseurs Conet Theologica Conimbricense Collegium In tres libros - de anima Aristorelis Stagirita Conimbricence Collegium. In phisicam – Aistotelis Stagirita

Congratulação de Portugal aos [...] jeor primeroz heroes pela nova liberdade Conjurations des hespanhois contra la Republique de Venise, par Saint Royal. Conference du Code Civil Confessions de Saint Augustin Considerations sur le gouvernement Pologne, de Rousseuau Connoissance des temps, á l‟usage des astronomes, et des navigateus Conquistas dos Portugueses no novo mundo Consideraçoens cândidas e imparceais sobre a natureza do Commercio do açúcar, por Fr. Jozé Mariano Constituions des principaux etats de l‟Europe, par Mr. de la Croix. Constituions de l‟Angleterre, par Mr. Delome Construção e Analyse de proposiçoens geometricas, tranduzidca por Antonio Pirey da Silva Pontes Controversias phiolosphicas et medicas, ab Emannuee dos Reis Tavares Contes moraux de Marmontel Contes persans, de Mr. Pedti de la Croix Conversação familiar e exame critico do Pe. Severino de Sa. Modesto Coote‟s History of England Copia de huã carta sobre a nitreira (?) artificial estabelecida na Villa de Santos, por João Manso Cornelius Nepos* Cornelius Tacitus, ad usum Delphinium Cornelius Tacitus, notii Iusti Lypsii, et Vellei Paterculi Corografia Portuguesa, e Descripção topográfica do Reino de Portugal pelo P. Antonio Carvalho da Costa* Corpus Iuris Civilis, a Sotofredo (?)* Correspondência authentica e completa dos Ministros de S. Santidade com os Agentes e Generais Franceses Corsini (?) philosophia Cous d‟instruction d‟un jourd-muent (?) de naissance, par Mr. Sicard Cours d‟agriculture, de Mr. Rozier Course of lectures, by Mr. Theridam Cujaci Opera Culllen. Sinopyis Nosologia Methodicus Cultura da Granza, ou Ruiva dos Tintureiros Cultura Americana das Colônias Britânicas do Norte da America e Índias Occidentais, por Jozé Feliciano Fernandes Pinheiro Curiosities natural and artificial of the Island and Great Britain Curso de Mathematica, de Mr. de LaCaille Curso de Bezout Curso de Fisica do Alm. Pará Cursus philophicus à Ludovido de Loussada. D. João 1º (Memórias d‟El Rei) por Jozé Soares da Silva D. Sebastian, on the house of Bragansa, by Miss Porter De Luca. Index rerum notabilium De Luca. Tractatus de officius venalibus Cúria Romana De Vignolles. Chronologie de l‟histoire Sainte De Laynex. Illustrationes ad varias revolutions forenjes Décadas de Barros Décadas da Ásia, de Barros, revistas por João Baptista Lavanha* Decades philophiques, literaires Deducção chronologica, e analítica, de José Seabra Definiçoens Moraes recopiladas das obras de Christovão de Aguirre Delpho Theatrum Terrae Sanctae Demhonderius (?). Práxis criminalium rerum Demonstracion del Theatro de Feijoo Depons travels through the spanish main of South America Descobrimento dos Portuguezes Descripção do Reino de Portugal, p. Antonio de Oliveira Freire Descripção Corografica do dito Descripção topográfica e histórica da cidade do Porto, p. Agostº Rabello Descripção da Arvore assucareira, por Hipólito Joze da Costa Descripção, e uso dos instrumentos de Reflexão, por Francisco Antonio Cabral

Description des plantes de l‟Amerique par Mr. Plussier Description of the Plan of Troy by Mr. Chevalier, with notes by Andress Dalzel Desengano da fortuna, por D. Sutierre Desing Compendium eruditionis Devoirs du Prince, de Moreau Dernier efforts de la politique de Bonaparte Desposorior d‟ElRei D. Jozé 1º e da Rainha D. Maria 1ª, por Fr. Jozé da Natividade.* Devoirs du Prince, ou discours sur la justice, par Moreau Diálogos dos Reis de Portugal, por Pedro de Mariz Diálogos dos Reis de Portugal, pelo dº acrescentados até D. João 5º, por Fr. Francisco Xavier dos Serafins Diccionario Francez e Portuguez por Joaquim da Costa Sá Diccionario Italiano e Portuguez Dº Portuguez, Francez e Latino Dº Latino e Portuguez, P. Fonceca [sic!] Dº Portuguez e Inglez, p. Vieira Dº Inglez e Portuguez, p. Vieira Dº Alemão e Francez Diccionario das moedas Dº Portuguez de Moraes Dº dos termos technicos de historia natural, por Vandeli D. das Ellipses, por Manoel Rodrigues Maia Dº Portuguez e Latino, por Wolgmam Dictionnaire de la fable ___ Geographique, de Mr. Vosgien ___ Diccionario Francez Portuguez, de Pedegache ____ Alemão Francez Dictionnaire des Sciences, par M. Diderot e Alembert Dº Universel des Synonimus François, par Mrs. Robaus et Girard Dº des moens de Tous les peuples du monde Dº d’histoire naturelle, par Mr. Valmont Bonnare. Dº hystorique de tous les homes celebres Dº hystorique portative Dº François et latin, par Mr. Pomey Dº Universel du Commerce, de Savary* Dº François et anglois de Boyer Dº raisoné et universel des animaux Dº de l‟Academie Françoise. 5ª Edit. Dº de Chimie, par Mr. Klaproth, et Wolf.* Dº universel de Botanique, par Mr. Philibert Dº François et latin, par Mr. le Brun Dº François, latin et Italien Dictionnaire portatif des conciles Dº apostolique, par Mr. Monatargon. Dº historico, de Moreri Dº d‟agriculture theologique et pratique Diana. Revolutiones morales Diretorio dos directores para o governo das almas, pelo Pe. Francisco Ferreira Discours de Fleury, sur l‟histoire ecclesiastique Discours de Machiavel, sur l‟etat de la paix et de la guerre Discurso apologético, e Critico, de Silva Leal ___ Sobre os edifícios Ruraes, por José Feliciano Fernandes Pinheiro Discurso pratico acerca da cultura, maceração e preparação do cánamo, por Fr. Jozé Mariano Discurso preliminar á Mathematica, por Franco de Mello Vasconcellos Discurssions du code civil, par Mr. Jonneau et Sólon Disertação a favor da Monarquia, pelo Marques de Penalva Dissertazione de Guissepe Saverio Divi Hieronime epistola Domestic anecdotes on the French nation

Donker. De febri petichiali Donjat. Prenotiones canonicas Douze Cesars de Iuntore (?), avec des notes de Mr. La Harpe Droit publique de l‟Europe, par l‟Abbé Mably DuHamel. Philosophia vetus et nova Eco das vozes saudosas do Pe. Antonio Vieira, publicado por Fr. José Franeico Ecole du monde, de Mr. le Noble, Economie politique, de Mr. Stenzel Edimbourg Dispensatory Edward. History Civil and Commercial of British Colonies in West Indies Éclair cissernens historique sur les causes de la revocation de l‟edit de Nantes Elegiada de Luis Pereira Ellegies de Tibulle, traduites par Mirabeau Elemens de musique, de D‟Alembert Elemens de l‟histoire de France, de Milot Elemens de phisique, de Mr. De la Fond Elemens d‟Euclide, augmentes par Mr. Audierne Elemens d‟architecture navale, par Mr. Du Hamel de Monceau Elemens de Geometrie d‟Euclide avec notes de Mr. Peyrard Elemens de l‟histoire generale, de Millot Elemens de Phisiologie Elemens of Mineralogy, by Kirvan Elementos da historia universal de Vallemont, tradurª p. Pedro de Szª Castello Br co Elementos de mathematica, pelo PE. Ignácio Monteiro Elogio fúnebre do Marques de la Romana Elogio fúnebre e hystorico d‟El Rei D. Joam 5º, p. Francisco Xavier da Silva Elogio fúnebre d‟El Rei D. João 5º, por Fr. Antonio da Graç Elogios dos Reis de Portugal, ordenados por Fr. Bernardo de Britto* Elogios dos Reis de Portugal, em Latim e Português, p. Antonio Perª de Figdº Eloquence du corps dans le ministere de la choire, par Mr. Denouart Eloquencia Hespanhola, p. Artiga Elucidario Portuguez, por Fr. Joaquim de Santa Rosa de Viterbo Enciclopedie, d‟Alembert, e Diderot Enciclopedie methodique Enciclopedia Britanica Eneida de Virgilio, traduzº por João Franco Barreto Engenheiro Portuguez, por Manoel de Azevedo Fortes England treasure by foreign trade, by Thomaz Mum. Ensaio economico sobre o comercio de Portugal, e suas colonias, por José Joaquim da Cunha Azevedo Ensaio econômico, de José Joaquim da Silva Ensaio sobre a extensão dos limites da beneficência a respeito dos homens, animais, por Berchtolo Ephemerides Eustachii Manfredi Ensaio sobre o estado actual da administração da fazenda, e riqueza nacional da Grã Bretanha, por M. Gentz Ephemerides des mouvemens celestes, par Mr. de la Lande Epilogo jurídico, por Antonio Vangues de Carvalho Epítome histórico-chronologiea Patriarcharum, Regum, et Pontificum populi Hebraici, a Bartholomeo Gaio. Epítome das historias Portuguesas, p. Manoel de Faria e Sousa. Epitres et les Evangiles Epodos das Sentenças úteis a todos os homens Epoques de la nature, de Bouffon, par Mr. le Comte Erasmus. De verborum copiã Escobar. De rationcinii administratorium juris Escola do mundo, de M. Le Noble Escrutínio febrilogio, por D. Manoel Pellan Escritos de Jozé Maria Dantas Perª Espelho de Lusitanos, por Antonio Velloso de Silva Esprit du gouvernement economique, par Mr. de l‟Orne

Esprit des loix, de Montesquieu Esprit du Chevalier Folard Essai sur la mineralogie, et metarlugie, par Mr. de Luchet Essai historique et experimental sur le Galvanisme, par Jean Aldimi Essai sur la poesie epique, de Voltaire Essay on the nature, and principles of public credit Essais de Montagne avec notes de M. Coste Essay de jurisprudence Criminelle, de Dentand ___ Sur la poesie epique, de Voltaire ___ on the nature, and principles of publie credit Etats unis de l‟Angleterre Etudes de la nature, par M. Saint Pierre Eva e Ave, por Macedo Eufrosina, Comedia de Jorge Ferreira* Europe illustre, de Mr. du Radier Europa e Ásia Portuguesa, por Manoel de Faria Eusebii Cesariensis Opera, annotationis by Dadrgi Exame de antiguidades, por Diogo de Paiva de Andrade Examen de 1º Office divin, par Mr. Collet Exercicio mercantile de arithmetica em geral, por José Glv. Ramires Extracto sobre os engenhos de assuçar do Brasil, por Fr. José Marianno Extracto sobre o methodo de fazer nitrato de potassa [sic!], por Mr. Chaptal Essell‟s Discourses economical, and philosophical Esbel (ou Eybel??) Iuris ecclesiastici Fables de la Fontaine, commentes par Mr. Coste Fables de la Fontaine, edm stefiótipia Fabrichè i disigni di Andrea Palladio Fabricii Philosophia entomologica Faeciolati. Lexicon totius antiquitatis Falck. Mundus aspectabilis, philosophice consideratus Familiar letters, of Priestlei Facciolati Orationes Fasciculus ex selectioribus auctoribus Latinis ___ Sententiarum, de Villas Boas Federicus Delphinus. Defluxu, et Refluxu aquae maris Feijó Illustration apologetique Fênix renascida, poema de Mathias Pereira da Silva Fergusson‟s Essay on the civil society Ferraris Bibliotheca Canonica Festus et Flaccus. De verborum significatione Filosofia química de Fourcroy, augmentada por Paiva Fingal. Modern epic põem, by John Trumbult First and second raport of the board of health Flores de Hespanha, Excellencias de Portugal, por Antonio da Sª de Macedo* Floris illustratus à Grovia (??) Foderé. Traité de medicine legale Fontes dês Mines, des fonderies, par Mr. Schlutter Fool of quatity or the Hystory of Henri, Earl of Moreland, by Brooke Forfaits de la revolution, par un official de cavallerie Formulaire du Code de procedure civile, par Mr. De la Porte Fazendeiro do Brasil, por Fr. José Marianno Fundação de Lysboa, por Manoel Antonio Monteiro de Campos Fundamenta matéria medica, à Frederico carteuse Fundamentos Botânicos de Carlos Linneo, traduzidos do latim, augmentado, e illustrados por Manoel Joaqm Henriques de Paiva Galerie de Rubens Gall. Recherches sur Le systeme nerveux

Gall. Cronologie Gamma. Decisicies (?) Supremi Senatus Lusitânia Gaspar Barleus. Rerum per octeanium in Brasilia gentorum Gassendus. Animadversiones in decimum librum Diogenius Laertii Gebelin. Monde primitis Gebelin. Dictionnaire animologique de la langue grecque Gebellin. Dictionnaire etimologique de la langue françoise Gebellin. Grammaire unniverselle, et comparative Gebellin. Origine de la langage, et de l‟ecriture Gebellin. Monde primitif, et consideré Dans son genie allegorique Gebellin. Dictionnaire etimologique de la langue Latine Gebellin. Del´histoire civile, religieuse, et allegorique Gebellin.. Des divers objets Genne du christianisme, de Chateau Briand Gennenes. Logica e metafisica, traduzida por Miguel Cardoso. Gemmenis. Elementa Metaphisica Geographie Parisien, on le conducteur chronologique des rues de Paris Geographie moderne, de Mr. De la Croix Geographie de Busching Geografia moderna, por José Antonino da Silva Rego Geographical, historical, and political history of the Germanuy, Holland Georgii Baglivi (?) Opera medica practica, et anatomica Georgius Martinus. De similibus animalibus et animalium calore Gibbon. History on the decline and fall of Roman Empire Giammini. De la goutte, et du reumathisme Gmellin. Apparatus medieanninnum regnum minerale complectenis Gomerius. Ad legis tauri Commentarium Gomerius. Varias resolutions juris civilis Gordon‟s. History of the rise, progressi and establishement of the independence of the United States of America Goster. De peripiratione insensibili Goster. Medicina Hypocratica Goster. Praxis medica systema Goster. Materies medica Gotti. Theologia Scolasties-dogmatica Gouan. Histoire, ou description anotomique des poissons Goudin. Philophia Gran Teatrostorico . Historia universal sacra e profana. Grammatica lusitana, à Benedicto Pereira. Grammatica latina, de Manoel Rodrigues Maia. Grammatica Portuguesa, por Antonio José dos Reis Lobato Grandes de Portugal, por D. Antonio Caetano de Sousa Grandesas de Lisboa, por Fr. Nicolao de Oliveira Grandeurs des Romans et un Dialogue, de Sislla, et de Eurate Gravesson Historia Ecclesiastica Gregoreis Conspectus Medicus Theoricus Guerinois (?). Philophia Thomistica Guerra dos Judeos, de Arnault d‟Andillis, traduzida por José Roberto Monteiro Guerreiro. De munere judius orphanorum Guthrie. Nouvelle Geographie Universelle Grotius. De jure belli ac pacis Hayharth, on the Sinall [i.e. small] pox Haebraicum, et Cyro Chaldhaicum Dictionnarium Hambourg avant Davoist Hambourg et le Marechal Deavoist Hasgarth on the casual small por ? Great Britain Heinetii (?). Fundamenta stili cultioris, notis Gesneri Heinetii. Opera Iurisprudentia Heinetii. Philosophia rationalis et moralis elementa

Henriade de Voltaire Henriade de Voltaire, traduzida por Thomas de Aquino Bell Herodiani Historia. Greca et latina Historia Genelogica da Casa Real Portuguesa, por D. Antonio Caetano --- de Portugal, por José Soares de Sª --- de Portugal, por Damião Anº de Lemos --- de Portugal, por Antonio de Mores --- de Portugal, por Mr. De la Clede --- panegiria da Vida de Diniz de Mello, por Julio de Mello --- Romana, por Goldsmith --- Universal de Fr. Manoel dos Anjos --- do apparecimento de N. Senhora da Lus, pelo P e Soveral Historia dos Judeos, d‟Arnaud d‟Andilly --- de Santarém edificada, pelo Pe. Ignácio da Piedade Vasconcellos --- da Ordem de Christo, por Fr. Bernardo da Costa --- da acclamação d‟El Rei D. João 4º por Roque Ferreira Lobo --- nova e completa da America, por José Feliciano Fernandes Pinheiro --- de las guerras civiles de Francia, de Henrico Caterno Dávila ___ de la Provincia da Companhia de Jesus, do novo Reino de Granada, de Cassani --- do novo Reino de Granada ---- de Portugal, por Manoel de Faria Histoires de Puffendoff --- da Índia, do tempo de D. Luis de Ataíde, por Antº Pinto Perª --- da Índia, ou Diálogo de hum soldado antigo e velho da Índia ---- Injusna (?), das Ilhas sugeitas à Portugal no Oceano Occidental pelo Pe. Antº Cordeiro --- da Inquisição de Portugal, por Fr. Pedro Monteiro Historia ecclesiastica e chronologica da 1ª idade do mundo, por João Rodrigues Chaves, ---- do futuro, pelo Pe. Antº Vieira ---- do povo Romano, por Fr. Thomas de Aquino Barrados --- da la Índia Oriental --- general de las Índias, Hispania Victix, por Guilherme Milles --- de Hespanha pelo Padre João de Marianna --- antiga de Rollin, traduzª em Italiano, id est, Castelhº pelo Abbe de Saint Martin* --- geral da Ethiopia alta, pelo Pe. Balthazar Telles --- natural, á Ioanne Eusébio Historia ecclesiastica et varius auctoribus History of Brasil, by Robert Southey ___ philosophiques de Rainal. Histoire Philosophique, et Atlas , de Rainal ___ des Indes Occidentaux, de Brian Edward ___ de l‟Amerique, de Mr. Touron ___ de l‟Amerique, de Mr. Roberston ___ de l‟Italie, de Mr. Servan Histoires du Perou, de Zarate Histoire de Naples, de Gi[comido]nome ___ du Bas empire, de Mr. Le Beau ___ du moderne, de Marcy ___ de France, de Henault ___ des desastres de Saint Domingue ___ de l‟Angleterre, de Mr. D‟Hume, e augmentée par Towers ___ des decouveres, de Barrow. ___de Gibbon History of the military Fransactiony of the British Nation in Indostan (?), by Robert Orme ---- civil and commercial of the British Colonies in the West Indies, by Brian Edward --- of progress and termination of Roman Republic, by Fergusson --- of the French Revolution --- of Mexico --- of Chili, by Molina

--- of England, by Mr. De. Rapin (ilegível) ras, translated by Mr. Tendal --- Histoire naturelle des Singes --- des Ordes Religieuses, par Mr. Helloi --- Du Bresil, par Mr. Beauchamp --- de Medicina, par Mr. Daniel Le (ilegível) --- Philophique des progrés de la phisique --- des Indes Orientales, par Guison --- de Portugal, par Mr. de Guien de Neufvilles __ des conjurations, de Mr. Du port de Terre __ des Voyages, de Prevost ___des aucteurs Sacré, de D. Remy de Cellier ___ du genre humain, de Virey ___ de la Russie, de Voltaire ___ d‟Ecosse, de Roberston ___ de Charles V, de Roberston ___ de l‟Eglise, de Mr. Du Pin __ Romaine, de Rollin __ navale de l‟Angleterre Histoire de Sallustre History of Roman Republic, de Ferguson __ and general Policy, de Priestlei Histoirae Ecclesiasticae, ex varii auctoribus Histoire des infectes, par Mr. Charles de Geer. --- d‟Herodote, traduite du Grec --- de Thucidides, traduite du Grec, par. Mr. Pierre Charles Levesque ---- ecclesiastique, par Fleury* --- politique de Puttendor, augmenté par Mr. Bruzen de la Martiniere, et augmentée par Mr. De Grace --- des Indes occidentaux, par Mr. Bryand Edouard --- generalle de l‟Amerique, aprés sa decouvert, par Mr. Pouvon --- de l‟Amerique, par Mr. Roberstson --- des guerres des François en Italie, par Mr. Servan --- de la decourverte et conquite du Perou, par Mr. Lavate --- de Naples, par Pierre Giannont --- du Bas Empire, par Mr. de Beau --- moderne de Chinois, Japonois, Indiens, Persans, Árabes, Turkes, Grecs, Africains, Russiens, et Americains, par Mr. De Marcy Histoire de France, par Mr. Henaut --- des desastres de Saint Domingue, par un des ses Colony --- d‟Angleterre, par Mr. D‟Hume, augmentée par Mr. Dowers --- des Europeens, et ses decouvertes dans le Monde par Mr. Barrow, et traduite par Mr. Targe ---- des conjurations et revolutions anciennes et modernes par Mr. Du Port de Fertre* ---- des Voyages, par Mr. Prevort ---- des auteurs sacrés, et ecclesiastiques, par D. Remy Cellier ---- naturelle dugenre humain, par Mr. Vivers --- de la Russie, sous Pierre le Grand, par Mr. Voltaire --- d‟Ecosse, sous le Regne de Marie Stuart et de Jacques 6º par Mr. Robertson Histoire de l‟Empereus Charles 5º, par Mr. Robertson --- de l‟Eglise abregée, par Mr. Du Pin --- Romaine, par Mr. Rollin --- Lavalle de l‟Angleterre Histoire de Salluste, traduites par Mr. Beauzée Homme d‟etat, par Donato Homme universal, par Courbeville Homme‟s clinical experiements, and hisotories Homerii Opera Graeca et Latina Hontalba. De superveniente in omni judeio Horatii Flacci Carmina Horatius Fraccius Editio Stereotpica

Humme’s History of England Human mind, by Condorcet Hunter observations on the deseases of the army in Jamaica Huxhami Opera Phisico-medica, curante Giorgio Christiano Reichel Jardin Botanico, poema de Barro win Institutions politiques de Bielfeld Jardins. Poeme de l’Abbé de Lille Jardins. Ou arte de afermoens as paizagens, de Mr. De Lille, traduzidos em verso por Manoel Mª Bocage Irma, ou as desgraças de huma joven Orfãa Jurii Caesaris Commentaria Justini Opera Juvenalis Satirae Idilles Champetres de Gesner Jefferson‟s Notes on the State of Virginia Imperio de la China e Cultura evangelica en el, por Manoel de Faria Inde en rapport avec l‟Europe, par Mr. Duperron India and China, by Mr. Renaudof Index librorum prohibitorum á Benedicto 14º Imperium Solis ac luna in corpore humano Inéditos livros da historia Portuguea, por José Correa da Serra Institutiones ecclesiasticas Jurisprudentias, à Reges Institutiones canônicas, à Selvagio Informe de la Sociedad econômica al Supremo Consejo de Castilla, por Sovellanoy Institutiones Iuris Civilis Lusitani, de Pascoal José de Mello Instructions sur les Sacrements Instructiones pour le Code Civil de la Russie Instrucçoens de Infantaria de Mr. Gaudi, traduzidads por Luis Carlos de Claviere Instrucção sobre a Cultura das batatas Instruzione dei confessori, i dei penitenti, de Danniello Concina Interets des nations de l‟Europe Introducção ao Novo Código, por José Veríssimo Alz da Silva Introdutio ad Ephemerides Lammoti Intróductio in juis publicium universale, a Bohemerio Solo (?) Institutiones philosophicas Jonstonis Historia naturalis de arboribus Jornada de Africa, por Jeronimo de Mendonça Jornada do Arcebispo de Goa, recopilada por Fr. Antonio de Gouvêa Josephi Rodericii Mellii. De rebus rusticis Brasilicis Carmina Journal de Pierre Le Grand depuis l‟année 1698 jusqu‟á la conclusion de la paix de Neustadt Journal polithechinique Journal des Mines Journal de Physique, par l‟Abbé Rozier Iphigenia, tragedia de Racine, traduzida em verso Portuguez por D. Antonio José de Lima Leitam Julii Cosaius Commentarii, et Bibliotheca Sylvii Virissi (?) Justini Libri, notis Bernegeri, Bongarlis Justiniani. Institutiones Justinius. De historis Philiphicis, notis Cantel Invenatis et Persii Flacci Satiria, nos Juvencii Kyrvan‟ s Elements of Mineralogy Laeretelle. Dissertation sur le ministere publique, ou discours sur les previlegés des peines infamantes Lakes. An excursion in the year 1773 and 1774, by Hutchinson Larraga. Illustrado por Grozin Lafitan (ou seria Lasitau). Sermones traduzidos d‟el Francez por D. Francisco Jacinto de Nardia Laura de Anfrizo, poema de Manoel da Veiga La Place, Traité de mechanique celeste. Laurentius Valla. Elegantis língua latina Lauretus. Allegoria saero (?) Seripturo (?) La Place. Exposition du Systeme du monde

La Place. Theorie analythique des probabilites Leake. On diseases of Women Leblano. Psalmorum Davidicorum analysis Lefrevre. Oeuvres d‟Hypocrate Legislation du divorce Leibnitii, Tentamina Theologica (ou seria Theodicosa) Leitam. De jure Lusitano Leonis Pontifieis epistolas Letins. Theologia concionatoria Lettres du Cardinal d‟Osiat Lettres choisies des auteurs Français Lettere familiar d‟Anibal Cardº Letres phisiques et Morales sur l‟histoire de la terre, et de l‟homme, par Mr. De Lue Lettres Americaines, par le Comte Cardi (¿) Lettres d‟une Peruvienne, augmentée de celles, du Chevalier Deterville Lettres d‟Eloïse et Abeillard. Lettres de Ciceron, traduites par Mr. Mongaullt Letters on the English Nation, de Mr. Voltaire Lettere d‟Angenore á Filarco Letras symbolicas sybillipais (?), por Fr. Rafael da Purificação. Lettres sur l‟Egipte, par Mr. Savary Lettjon‟s Medical Memoris of the general Dispensaris in London. Lexicon antiquitatum Romanarum, a Samuel Petisco Lexicon Grego Latinnum Lexicon Chimico-pharmaceuticum, à Jung Ken Lima. Iuis Canonicum Lind. A treatise on the scurvy Lind. Maladies des Europeens Libes. Traité Complet et elementaire de physique Linney. Sytema naturae Lipsii Opera Ommia Lipsis. In Senecam Loix civiles, par Mr. de P. du T. Loix penalles, par Mr. de Pastoret London Chronicle, by Wilkie Lorena perseguida e exaltada, por Alexandre Caetano Lowt‟s English Grammar Lucanus, commentatis à Burmani Lueanus de bello Civili, notis Cornelli Schrevelii Lueani Pharsalia, notis Petri Burmani Lucrece. De la nature des choses Lucretius. De rerum natura, notis Thomas Creek Lusíadas de Camoens Lycée des arts, par Mr. Du Ruvier Manilius Faliscus Nemesianus Machenzie. Voyages from Mont-Royal on the river St. Laurence Maffoi. Historia Indica* Maison de Stwart (Histoire de la) sur le throne d‟Anglaterre, par Mr. D‟Hume Magie Blanche, devoitée par Mr. Decrensis* Magazin enciclopedique, par Mr. Millin, Noel et Warens Malthus. An essay on the principle of population Manejo Real da Cavalaria da brida, por José de Barros Paiva Maniere d‟enseigner et etudies lês belles lettres, par Mr. Rollin Manifesto canonico e apologetico de Vergolino Manilii Astronomicon Mannuale qualificatorum santos inquisitionis, de Alberghini Manuel Geographique, par Mr. Expilly Manuel of devotion

Manual de Mineralogia, ou esboço do Reino Mineral, de Mr. Forbern. Manuel de l‟Oculiste Mannuel du Pharmacien, par Mr. Bouillon la Grange Manual do Engenheiro de Mr. la Briche, traduzº do Francez por Lucio José de Mattos Malaca conquistada pelo grande Affonço de Albuquerque Mantica. Tractatus de Conjecturis Mappa da Lusitânia antiga, e Gallica Bracarense, por Francisco do Nascimenº Maranta. De Ordine Judiciorum Marca. De Concórdia sacerdotii et imperii Marine Theatries Jubiisting (?) between Great Britain Marta. De Jurisdictione inter judicem secularem (?) et ecclesiasticum Martialis epigramata, notis Vincentii Collegio. Marinez. Philosophia Sceptica Martinnus Bonacina Martini Bonaeino Opera Massius (?). In Porphirium et in universam. Aristotelis Logicam. Mappa de Portugal antigo e moderno, pelo Pe. João Baptista de Castro Marcardi. Conclusiones canônicas* Mathias Glandorpii Opera Ommia Mathiolus. In Dios coridis Medicinam Mauro. De Aristolelis Operibus Mease‟s Geological account of United States Medical Commentaries, by Mr. Duncan Meditationi Sopra la Vita de Gieju Medicine de Darwin, par Mr. Baeta Medicine, et matiere medicale, de Cullen Meditationis ecclesistiques Mellii. Iuris Civilis Lusitani Institutiones Memoires du General Demouriez Memoires du Cardinal de Retz Memoires de Gui Soli Memoires sur la cerniere guerre de l‟Amerique Septemtrionale entre la France, et l‟Angleterre, par Mr. Pouchot Memoires sur la Mineralogie du Danphiné, par Guettard Memoires sur diferentes parties des sciences, par Guettard Memoires du Marques de Langalery Memoires sur lês Isley Poncey, par Mr. Dolomieu Memoires de l‟Institut National des Sciences et des Arts Memoires sur les infectes, par Mr. Geer Memoires historiques sur la campagne du General Brune, en Batavie Memoirs of the Medical Society of London. Memorias de la Guerra do Brasil, por Duarte de Albuquerque Coelho. Memórias para a Historia d‟El Rei D. Sebastiam, por Diogo Barbosa Machado. Memórias da Literatura Portuguesa, pela Academia Real de Lisboa Memória 2ª hydrophica das Ilhas de Cabo Verde, por Francisco Antonio Cabral Memória sobre a plantação dos Algodoes, por José de Sá Bitencourt Memória sobre o Loureiro Cinamomo (?), ou Caneleira do Ceylão, por Manoel Jacinto Nogueira Memórias políticas sobre as verdadeiras bases das grandezas das naçoens, principalmente de Portugal, por Joaquim José Rovi de Brito Memória analítico-demonstrativa da maquina de dilatação, e contracção, por Luis Antonio de Oliveira Memória para a Historia da Capitª de S. Paulo, por Fr. Gaspar de Madre de Deos* Memória das Armas Castelhanas, q invadirão Portugal em 1580, por Fr. Manoel Homem Memória sobre hum projeto de Pasigrafia (?), por José Maria Dantas Perª Memória sobre os prejuisos causados pelas sepulturas dos cadáveres nos templos, por Fr. José Marianno. Memória sobre a Cultura e preparação do girofleiro aromático, por Fr. José Marianno. Memória sobre a Cultura da Vrumbeba (ou seria Jurumbeba), e Creação da Cochonilha, extrahida, de Bertholet, pr. Fr. Jose Marianno Memória sobre o methodo de transportar para Portugal as agoas ardentes do Brasil, por João Manso Perª Memória sobre os queijos de Roquefort, de Mr. Chaptal, pr. Fr. José Marianno.

Memórias e extractos sobre a pipereira negra, pr. Fr. José Marianno. Memoire Del Conte Majollino Memórias pr. a historia da cirurgia moderna, por Manoel Gomes de Lima Menochii Concilia Mer du Sud, au Coté du Chili, et du Perou, par Mr. Frizier Merat. Colique metalique Menina e moça, ou saudades, de Bernardim Ribeiro Mercador exacto nos seos livros de Contas, por João Baptista Benavie Mercúrio Britânico, por Mallet Metamorphoses de Ovídio, em verso português Methode de precher Methode pour etudier l‟histoire, de Lenglet Methodes epistolarum esficiendarum, por Brunisvigate Mickle‟s Poemy Mirabeau Enquiries concerning letters of cachet Missal Romano Mirallorius Tractatus de Fratibus Molina. De Justitia et Jure Tractatus Mon bonnet de nuit, par Mr. Mercier Monacelli. Formularium legale Monarquia Lusitana, por Francisco Brandão Monarquia Lusitana, por Fr. Bernardo de Britto Monarquia Indiana, por Torquemada Monte Negro – Paracho de Índios Monthly Review, or Litterary Journal Montesquieu edition sterotipe Morgane. De sedibus et causis morborum per Anatomem indagatis Morse‟s. Universal Geography Morton. Operia Medeia Moralis Christiana, a Jacob Bessombey Moyens de disinfectes l‟air Mynsingeri. Ad Instituta Mythologie de Mr. Bornier Napoleon, and the French people, under his empire Narrationis d‟Omar, insulaire de la mer du Sud Natalis Alexandri, Historia ecclesiastica. Naufragio de Sepulveda, poema de Jeronimo Corte Real* Necker. Du pouvoir executive New annual register New systeme, or analysis of ancient mythology, by Iacob Bryant New picture of Paris, by Mercier New Atlas of the British West Indies of 1806 Nisseno. Vida de Abrahão Nobiliario de D. Pedro, ordenado por João Baptista Lavanha Nobliarchia Portuguesa, por Antonio de Villas Boas. Nostemi Lexicon Língua Latina Note antichritiche, de Endono Filenio Nottez et additions and troy premieres sectionis du traité de navigation de Besout, par Mr. Rebout Noticias da Missão da Cochinchina Noticias de Portugal, por Manoel Severim de Faria* Nouveau Code des prises, par Mr. de Beau Nouveau Dictionnaire de phisique, par Mr. Libez Nouveau Suplement aux ceremonies religieuses Nova Lusitânia Historia da guerra Brasílica, por Francisco de Britto Novo Atlas geográfico, político, histórico da Rússia, por Bivan. Novus orbis, seu descriptio Índias Occidentalis, ab Antonio de Herrera Numismata Pontificium Romanorum, explicata á Bonanni Obras de Guitta

Obras poéticas de Antonio Lourenço Caminha --- de Stockler Obras de Francisco de Borja Garção Obras políticas de Duarte Ribeiro de Macedo Obras poéticas de José Francisco Cardoso em Latim, traduzidas em verso português por Bocage Obras de Albeiteria, por Martin Arredondo Observations sur divers moyens de Soutenir l‟agriculture Observations on the epidermical diseases in Minorca, by George Cheghom Observaçoens medico-doutrinais, por João Cuvo Semedo Observaçoens phisiologicas sobre a vida e morte, por Mr. Bichat, traduzª por Manoel José Estrella Odes Pindaricas posthumas de Elpino Nonacriense Ouvres de Mr. de la Februre, art d‟ataquee et defendre les places ----de Mr. le Chancelier d‟Aguesseau ----de Bossuet ----de Condillac ----de Frederie 2º Oeuvres de Piron ---de Moliere ---de Helvetius ---de Racine ---de Bouffon ---de Mably ---de Mr. D‟Hume ---de Rabelais ---diverses d‟un ancien Magistrat ---de Voltaire ---de Rousseau ---de Corneille ---de Cochin ---de Virgile ---d‟Isocrat, traduites par Mr. Auges ---de Demosthene et Eschine ---de Lysias ---de Boileau ---de Regnard ---de Gresset ---de Crebillon Oeuvres de La Chansiée ---de La Grande Chancel ---de Campistron ---de Clement Marot ---d‟Euclide, en Grec, Latin, et François, par Mr. Peyrard ---militaries de Mr. Guibert ---Officia de Ciceron, traduits par Mr. De Barreti Olalla nova ab Alexandro 7º Officez de Ciceron, traduits par Mr. De Barreti, Olalla. Ceremonial das missas cantadas Antropoloia de Rant, em Alemão Opere d‟el Padre Carl Ambrogio Opuscula theologico-moralia, a Dominico Vira (?) Oraisons fúnebres de Bousuet Oraisons fúnebres de Hechier Ordem, ou Construção literal das primeiras comedias de Terencio, por Leonel da Costa Ordre Social, par Mr. de Frozne Oriente conquistado a Jesus Christo, pelos Padres da Companhia de Jesus pelo Pe. Francisco de Souza Origenis Adamantii Opera Ortega. Siembras i plantios de arboles y de su cultivo Ortelius Theatrum orbis terrarum

Osorius. De rebus gestis Emannuelis Lusitânia Regis Osservazione sopra vair juinti d‟historia literária d‟Eusebio Eraniste Ossian. The worky, or the son of Fingal Ovidii Opera, com notas de Nicoláo Heincio Palladio Português Palestra pharmaceutica chimico-gallenica, por D. Felis Palácios Pallavicini Historia Vera Concilii Panegírico de João de Barros* Papon. De la peste Paradis perdii de Milton, traduit par Mr. Racine Paradis perdii de Milton, avec reimarques d‟Addisson Paradise lost of Milton Paraiso serafico, por Fr. João Baptista Parfait negociant, par Mr. Jacques Savary* Parisius. De resignatione beneficiorum Parke‟s Laws fo sphipping Parr. The London Medical Dictionnary Paráfrase dos proverbios de Salomão Parchalius. Virtutes et Vitia Pascucius. Ad. Pignatelli commentaria Pathologie generalle, par. Mr. Hugont Patinius. Numismata Pontificum Romanorum Pauli Zacchias Questiones medico legales Payne‟s Geography Payne‟s Epitome of History Pensée de Nicole du Port Royal Peraldium Exempla virtutum, vitiorumque Percival‟s Essays Medical Peregrinação de Fernão Mendes Pinto* Peregrino Atlante S. Francisco Xavier Perfectus Canonicus, á Josepho Caetano Lopes Perfídia d‟Allemania y Castilla en la jurison del Infante D. Duarte Persi Flacci Satiras Petra Sancta. De Symbolis Heroicis Petronii Satyricon Philosophia naturalis de Sacrosancto Corpore Christi Petit Careme de Massillon Pharmacopea Hispana Phoedre Fabulas Phisolosophi jensium mecania, a Brixia Philosohie Chimique, par Mr. Van Mones Phisique experimentale de Nollet Phisique de Mr. D. Hauii Picture of New York Pignastelli consultaiones canonicas Pignatelli. Mundus Symbolicus Pinel. Nonographie philosophique Pinkerston‟s Modern geography Planode organisação de huã escola Medico-cirurgica, por Vicente Navarro. Platonis Opera Plauti Comedias Plinii Concilii Secundi Epistolas Plinii Secudi Historia naturalis Plinii Secundi Historia Plutharcus de Romanorum Illustrium vita Poema, em traducção das Georgicas de Vigilio, por Osório Plans elevations, sections and views of the church of Batalha Poesias de Belchior Manoel Curvo

----de Nicolao Tolentino ----de Horacio, em Latim e Francez ----de Paulino Cabral Poesies de Mal Herbe Política Aristotelis Stagiritas Political Magazine Politique de Bielfeld Polyanthoa a Langio Poyanthoa (ou seria Polisanthola??) Eucharistica Poesias de Antonio Dinis da Cruz Popima.De differentis verborum Portal. Cours d‟anatomie medical Portal. Considerations sur la nature et traitment de quelques maladies hereditaires Portugal restaurado, de D. Luiz de Menezes Praedicationes apologéticos, à Queiroz. Pratica de Curas y confessores, por Benito Remigio Práxis Medica, à Jung Ken Prelecçoes filosóficas sobre a theoria do discurso, lingoagem, por Silvestre Pinheiro Ferreia Princípios geraes pª aprender o Frances Princípios da historia ecclesiastica, por Miguel Roiz Principes du Calcul, et de la Geometrie, par Mr. Pará Principes d‟administration politique Principes d‟agriculture, et d‟economie Principes de economie politique, par Mr. Cannard Principes organiques de l‟univers Principes de politique, de Mr. Constant Principia philosophica Renatti Descartes Princípios do direito mercantil, e leis da Marinha, por José da Silva Lisboa Problema de architetura civil, por Mathias Ayres Ramos Profani et saeri (?) veteres vitiis, a Casalio Progrès du Commerce Prosas portuguesas, recitadas em Congressos acadêmicos, por Bluteau Prosódia Latina de Bento Pereira Prosódia Francesa e Castelhana Pronis. Nouvelle architecture hidraulique Prospecto político do estado actual da Europa, por Zimmerman Provas da deducção chronologica, analítica, e petição de Lecurso (?) Providencias no terremoto de Lisboa Puffendof. De jure natura Quaresimale Del Padre Anton Francisco Billatti Quintiliani. Oratória Institutiones Quintilianus commentatis à Capenronerio (?) Quintis Curtius, notis Minelii Raderi. In Martialis epigramata Ramsay‟s The Life of George Washignton Ramalhete Juvenil, poema de Manoel Tavares Rapinus. De hortis histórica Recherches sur la population de France, par Mr. Moheau Recherches sur la nature, et les causes des richesses des nations, par Smith Recreations phisiques et mathematique, par Mr. Gayot Redolphinus Praxis lecentior tribunalium Romae Reflection on the revolution in France, by Mr. Burke Reflexões do direito Patrio, de Sampaio. Reflexoens sobre a vaidade dos homens, por Mathias Ayres Ramos* Reflexoens apologéticas a obra intitulada verdadeiro modo de estudar, por Nicolao Frances Sion Reflexão sobre a metafísica do Calculo infinitessimal, por Manoel Jacinto Reflexoens sobre a questão entre os Estados Unidos e a França, por Roberto Goedle Reflections sur l‟interet general de l‟Europe, par Mr. Bonald

Reimon. Observationes pratica forensiis Regimento da Alfândega do Porto Regence a Blois, ou les derniers momens du gouvernement imperial Relação panegírica das honras funerais d‟El Rei D. João 3º, por Barros Remissoens das leis novíssimas, e Decretos de D. José 1º, por D. Thomas de (?) Repertory of Arts and manufactories Repertorio das ordenaçoens e leis de Portugal Repertorio chronologico das leis, pragmáticas, alvaras * Rerum Lusitanarum Ephemerides Republique des incredulus, par Mr. Marim Resende. De antiquitate Lusitânia Resumo de Cartrametação (?) por Francisco Antonio Freire Rethorica, de Colônia Rethorica, de Mayany Retiro espiritual Retrato de Manoel de Fraria Sousa Rethorique de Mr. Gibert Retraite Spirituel de Croisset Revolução de França Revolutions des arts, par Mr. Mechegan Revolutions Romaines, de Vertot Ricciollo. De astronomia Richerand. Nosographie Cirurgicale Richerand. Nouveaux elemety de phisiologie Richesses des nationis, par Smith Richesse commerciale, par Mr. Simonde Rieger. Institutiones jurisprutencia ecclesiastica Rimas de Thomás Antonio Rimas de Manuel Mª du Bocage Robertson‟s. India. Robertson‟s. History of America Robertson‟s. History of Charles 5º Rodrigues. Questiones regulars Rollin. La maniere d‟etudier by belles lettres Rollo. Cases of the Diabetes Rosas do Japão, por Fr. Agostinho de Ssta Maria Rousse. Systeme phisique de la femme. Rutherford‟s view of ancient history Sá e Miranda (Obras poeticas de) Saint Bible, de Mr. DeSacy Sallustius. Edit Stereot* Salviani Opera Sancti Isidori Hispalenius Opera S. Joannis Damasceni Opera Sancti Isidori Epistolas S. Augustini Scripta S. Hyeronimi Opera S. Bernardi Opera S. Bernardi Scnensis Opera S. Francisci Assisiane, et Sancti Antonii Padnani Opera S. Anselmi Opera Omnia S. Cyrilli Alexandrini Opera S. Cyrilli Archiepiscopi Hierosolimorum Opera S. Cipriani Opera S. Iustini Opera S. Ireneus Adversus heresis S. Gregorii Hisseni Opera S. Gregorii Nasianzeni Opera

S. Epiphanni Opera S. Chrisortomy In Evangelia S. Hilarii Opera Sanctus Cyrillus Alexandrinus. In Adoratione S. Anselmus In Epistolas Pauli S. Fungentii Opera S. Dionisii Opuscula Spiritus S. Macarii. Holmilia S. Petri Chrysologi Homilia Sanxes. De matrimonio disputations Satires de Perse, traduites par Mr. Monnier, avec le latim au coté Saury. Cours de physique experimentales et theorique Scaccia. Tractatus de appellationibus ----De sentential et re judicata ----De Judiciis Sckrevelii Lexicon Graeco-latinum, et latino-graecum Science des Negocians et teneurs de livres, par Mr. Boucher Sciencia das sombras relativas ao desenro (?), por Fr. José Marianno Scienza de la Legislazione, de Filangieri Seneca Opera Schumalz Jus Canonicum Sêneca ad Lucilium epistolas* Sermoens do Pe. Antonio Vieira Sermoens do Pe. Antonio de Bitencourt Sermoens de Mr. de la Bosissiere Sermoens de Mr. de Latourdeipien Sermons de Massillon Sebastianistas, Obra de José Agoustinho de Macedo Sextus Aurelius Victoria Romano Siecle dfe Louis 14, de Voltaire Silius Italiens. Seconde guerre Punique, traduite par Mr. Lefebre Silveira. Poema heróico de Thomas Antonio dos Santos Sistema de cirurgia, de Benjamim Bell Sistema dos Regimentos Reais, por José Roberto Monteiro Smith. On the nitrory vapour Smith and Beddoes. The effect of the nitrory vapour in preventing contagion. Soares. Praxis ecclesiastica et secularii Sotto. De justitia et jure Spectacle de la nature, par Mr. Prish Spirit of Laws, by Mr. Condorcet Statius latino-italicus Stanley, ou les Deux freres Staunton‟s Embassy Sterne (of) The Works Stillingfleet‟s works Southey‟s Madoc Poem Summa Theologica S. Thomas Aquina Summario da Bibliotheca Lusitana Suplement au voyage de Bougain Ville Suplemento óvero offervazione de la historia literaria d‟Italia Swieten Constitutiones epidérmica Swieten Commentarii in Boehraase aphorismos Synomines Françoiz, par Mr. Girard Superstitionis Orientales Systeme continental sur les rapport avec Swede Synopsis universa Medicina practica, por Allen Sylveira commentaria in apocalipsis. S. Joannis Sylveira Opuscula varia

Tabernaculum foderis de Sancta Civitate Jerusalem, a Bernardo Lamis Tableau historique de la guerre de la revolution de France, avec um atlas militaire Tabula neurologica, à Scarpa Telemaco, em verso portugues, por Joaquim José Caetano Theatre de Racine Theatre de Voltaire Theatre de Corneille Theatre des grecs, par Mr. Brunnoy* Theatro Portugues Theatro heroico das mulheres illustres, p. Damião Froes Perim Theatrum vita humana, a Laurentio Beyerlunk Theatrum terra sacnta, a Christiano Adricomio Theodoreti Opera Omnia Theofilatus in epistolas Pauli Theologia Patris Alexandri Theologia moralis, a Carmoniano Theorie de la terre, par Mr. Autton Thesaurus medicus, ab Academia Firenzi Thesaurus lingua latina, à Roberto Stephano Thesouro de prudentes, por Gaspar Cardoro Thesouro da lingoa Italiana, por Michele Thomson-systeme de chimie, traduit de l. Anglois Thucidides Bellum Pellophonesiacum Thesouro de lavradores, por Alexandre Dias Ramos Titus Livius, illustratus à Crevier ---- cum Lutii Flori epítome ---- notii Ionnis Tissot. Maladies des gens au monde Tissot. Etudes de medicine Torti. Terapeutice specialis ad febres pernitiosas Tractatus de jure et privilegio honestatis, à Benedito Egidio Tractatus de morbis internis capitis Tractatus de manu regia Tractus of Harrington, Chemical Essays Traduction de sacite, par Mr. Doteville Traité des etudes, par Mr. Rollin ---- de Minaralogie, par Mr. D. Haury ---- des Fougeres de 1ª Amerique, par Mr. Plummier --- de Navigation, par Mr. Du Bourge --- elementaire de l‟art militaire, et de la fortification, par Mr. Guy de Vernon. --- des grandes operations militaires, par Mr. Joninni ---- des etats unis de l´Angleterre Transactions philosophiques de la Societe Royale de Londres, traduits par Bremond. Transactions of the American Philophical Society Tratado de trigonometria plana, por D. João Sanches Tratado histórico das Ordens Monasticas --- de S. Jeronimo, por Fr. Jacinto de S. Miguel --- dos limites das conquistas entre El Rei D. Jo]ao 5º, e D. Fernando 6º de Espanha ---- De agricultura, por João Antonio Garrido ---- De commercio e navegação entre El Rei de Portugal, e o de Inglaterra. ---- Geral da reducção os dinheiros de cambio ---- Dos descubrimentos antigos e modernos, por Antonio Galvão ---- Phisico-chimico-medico das agoas das Caldas da Rainha, por João Nunes ---- Sobre a cultura, uso, e utilidade das batatas, por Fr. Jozé Marianno. --- da forma dos libellos, por João Mnz. Trials of adulteris Triomphe de l‟Evangile Traka. Febris hostica historia

Trotter‟s Medicina nautical Turri. Hystoria ab origine mundi usque ad annun 1641. Valeroso Lucideno, triunfo da liberdade, por Manoel Callado Vallensis. Paratila juiris canonici Van Swieten. Commentaria in Boerrhave aphoris, de Cognoscendi morbis. Varennius. A compleat system of general geography Varones illustres del nuevo mundo, por D. Fernando Pizarra, i Orellana Vellasci Allegationes Vellaneo. Curso theorico-pratico de cirurgia. Vernei philosophia Verdade ultrajada e trimfante Vertot (oeuvres de) Vertus de peuple, anecties interessantes [sic!] Vetus testamentum Viagem da pátria, por Jozé Antonio de Sá Viagens de Antenor pela Grecia e Asia, por Mr. Lentier Viajante universal Vida de D. Fr. Barholomeo dos Martires Vida e virtudes da Imperatriz Leonor, por D. João Leopoldo Vida do Pe. Antonio Vieira, pelo Pe. André de Barros Vida e morte trágica de Maria Stuart, Rainha de França, Escossia. Vida do Principe Eugenio Vida do Infante D. Henrique, por Candido Lusitano Vida do Infante D. Duarte, por André de Resende* Vida do Infante D. Luiz, por. D. Jozé Miguel Vida do famoso Sevagi, por Comme da Guarda Vida de D. João de Castro* Vida d‟El Rei D. João 2º, por D. Agostinho Manoel de Vasconcellos Vida d‟El Rei D. Manoel, por Jeronimo Osorio Vie des Sants, par Mr. Baillet Vie et les aventures de Robinson Crusoé Vie de Voltaire Vie des hommes illustres de Plutarque, traduite par Mad. Dacier Vie du Duc de Penthievre, par Madame Guenard Vie de Frederic 2º, Roi de Prusse, par Mr. Treutel Vie du Pape Clement 14º Vie de George Washignton, by Marshall View of the Soil and Climate of the United Stats of America, by Volney Vinnius. In Institutiones Imperiales Vie des Peres du desert de l‟Orient. Vie Chretienne, par Mr. Colonne Virgilius notis Caroli Rougi* Virgilius, à Brummario recensitis Vita D. Nonnii Alvarensii Pereira Ulissipo, comedia de Jorge Ferreira Ulloa‟s. A Voyage to South America Ultimas acçoens do Duque D. Nuno, por D. João Jaime, seu estribeiro mor. Universal autors from the earliest account of time Vocabulario Italiano e Hespanhol Vocabulario Portuguez Latino, de Bluteau Voltaire. Correspondence du Roi de Prusse Vossins. De artis poetis natura Vossins. De Vitis sermonis Voix du Pasteur à sés paroissiens Voz da verdade sobre a vinda de S. Tiago à Hespanha, por Fr. Miguel de Sta. Maria Voz Sagrada, política, rethorica e métrica pelo Pe. Antonio Vieira Vozes saudosas da elouquencia de Pe. Antonio Vieira Voyage autour du monde

---- á la Lousianne en 1794 ---- du jeune Anarcharsis en Grece ---- des decouverts de Vancouver, a l‟Ocean Pacifique ---- dans les deux Siciles, par Spallanzani ---- à Canton, par Mr. Charpentier --- des Vaillant dans l‟interieur de l‟Afrique --- de Mr. de la Perouse autour du monde Vossins. De artis poetis natura Vossins. De Vitis sermonis Voix du Pasteur à sés paroissiens Voz da verdade sobre a vinda de S. Tiago à Hespanha, por Fr. Miguel de Sta. Maria Voz Sagrada, política, rethorica e métrica pelo Pe. Antonio Vieira Vozes saudosas da elouquencia de Pe. Antonio Vieira Voyage autour du monde Voyage de Pallas em diferents provinces de la Russie, et dans l‟Asie Septentrionale. ---- de Mr.-Thumberg au Japon ---- de mineralogique fait em Hongrie, et en Transilvanie, par Mr. de Born. --- dans l‟interieurs des Etats Unis, par Mr. Baiard --- en Arabie, par Mr. Niehbur --- on the South America […] Atlantic, by Mr. Colbrett --- on the East Indies, by John Sphilinter --- dans l‟Amerique Septemtrionalle, par le Marques de Chantelux Walchii. Historia critica línguas latinas. Walerius. De origine mundi Meditationes phisio-chimicas. Walker‟s Inquiris on the small […] Watson‟s. History of the Reign of Philip the second King of Spain Wylley‟s. Memoirs by John Hampson Wilkes. Historical Essay on the Dropls Windham‟s. Travels through Europe. Wolfin. Elementa mathematica universe Wildenow. Caroli à Linné. Species plantarum. Walchii. Historia critica línguas latinas. Walerius. De origine mundi Meditationes phisio-chimicas. Walker‟s Inquiris on the small […] Watson‟s. History of the Reign of Philip the second King of Spain Wylley‟s. Memoirs by John Hampson Zadias. On the book of Fate, by Mr. Voltaire. Zammoti Ephemerides Zeluco. Variors vieux of humana nature Zimmerman. Treatise on experience in Phisic Zoologie universelle, par. Mr. Ray

A seguir, atendendo ao que foi proposto como objetivo específico delinearemos o histórico da formação do acervo e estrutura organizacional da Biblioteca Pública da Bahia com o recorte cronológico de 1811 a 1818.

4 BREVE ENSAIO SOBRE O HISTÓRICO DA FORMAÇÃO DO ACERVO DA BPB

Nessa seção, atendendo ao que foi proposto como objetivo geral da pesquisa apresentaremos um ensaio sobre a formação do acervo da BPB. Para isso utilizaremos as fontes primárias localizadas, furtando-nos de qualquer tipo de abordagem essencialmente historiográfica. Por uma questão metodológica e de padronização o ensaio virá em ANEXO.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A respeito da temática já tecemos bastantes comentários que conduziram a conclusões no decorrer desse relatário. O que pretendemos aqui é apresentar em poucas linhas as nossas impressões do processo de investigação que realizamos ao longo de doze meses. Esse projeto nos trouxe como bolsista e pesquisador grandes benefícios no universo de conhecimento da história do livro e das bibliotecas – sobretudo no âmbito geográfico pouco visível para nós do sudeste. Ao estudarmos a história da circulação de impressos e das instituições legitimadas como de cultura livresca há uma tendência em circunscrever a análise no eixo RJ-SP-MG. Nossa investigação colaborou, de certo, para trazer mais informações acerca dessa temática fora desse eixo. A possibilidade de compulsar o acervo da FBN e ainda poder realizar nossas atividades em suas divisões constitui-se algo muito além de um simples “previlégio”, pois a serenditipidade é um momento único que só acomete pesquisadores que vão a campo. Encontrar algo de interesse sobre o qual não se sabia da existência enquanto se procurava algo que se conhecia. A vinculação desse projeto ao nosso grupo de pesquisa na UNIRIO permitiu estabelecer diálogos possíveis e outros pouco previstos – para alguns colegas que ainda não tinha atinado para a importância dos estudos hstóricos na nossa área. Tudo isso contribuiu e ainda o faz para o fortalecimento do grupo e para nossas abordagens futuras. Um projeto finalizado jamais será o mesmo que foi pensando no início integralmente. Além dos percalços naturais, há ainda as intercorrências medotológicas que surgem. Como foi detalhadamente apontado acima, apenas um aspecto do planejado não foi atendido. No

entanto, há que dizer que esse projeto gerará fruto para outro que pretendemos apresentar em nosso Departamento e ainda existe a possibilidade de que um recorte dele se torne tema de um trabalho de conclusão de curso de um aluno de Biblioteconomia da UNIRIO. Ponderamos, assim, que esses possam ser outros bons resultados dessa investigação. Enfim, por todos os elementos já apresentados ao longo desse relatório podemos afirmar que pesquisas como essa – na medida das possibilidades – deveriam estar em desenvolvimentos por outros bibliotecários. Essa pesquisa não se conclui aqui, mas sim uma etapa que poderá continuar a ser desenvolvida sobre outras direções e com objetivos mais expandidos.

REFERÊNCIAS Sobre circulação de impressos no Brasil ABREU, Márcia. Quem lia no Brasil Colonial? In: CONGRESSO BRASILEIRO DA COMUNICAÇÃO, 24., 2001, Campo Grande, MS. Anais... Campo Grande, MS: Intercom, 2001. ARAÚJO, Jorge de Souza. O perfil do leitor colonial. Revista de Cultura Vozes, v. 4, p. 448-450, Petrópolis, 1989. AUGUSTI, Valéria. Literatura prescritiva, público leitor e práticas de leitura em bibliotecas do Rio de Janeiro do século XIX. Leitura, teoria & prática, Campinas, n. 32, p. 12-20, dez. 1998. FERREIRA, Tânia Maria Tavares Bessone da Cruz. Palácio de destinos cruzados: homens e livros no Rio de Janeiro, 1870-1920. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1999. 240p. ______. Livros, bibliotecas e censores: os impedimentos para os leitores no Brasil do século XIX. In: ARQUIVO NACIONAL. Mundo Luso-brasileiro. 2005. Disponível em: . Acesso em: 02 fev. 2006. HALLEWELL, Lawrence. O livro no Brasil: sua história. São Paulo: EDUSP, 1982. _____. O livro no Brasil: sua história. São Paulo: EDUSP, 2005.

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Biblioteca Pública da Bahia Referências52

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Os livros consultados na FBN estão indicados no corpo do relatório e ensaio.

MORAES, Rubens Borba de. Livros e Bibliotecas no Brasil Colonial. Brasília: Briquet de Lemos, 2006. NEVES, Lúcia Maria Bastos P. Luzes nas Bibliotecas de Francisco Agostinho Gomes e Daniel Pedro Muller: dois intelectuais luso-brasileiros. CONGRESSO INTERNACIONAL ESPAÇO ATLÂNTICO DE ANTIGO REGIME: PODERES E SOCIEDADES., 2005, Lisboa. Anais. Disponível em: http://cvc.institutocamoes.pt/eaar/coloquio/comunicacoes/lucia_maria_bastos_neves.pdf _____. NEVES, Lúcia Maria Bastos Pereria das; NEVES, Guilherme Pereira das. A Biblioteca de Francisco Agostinho Gomes: a permanência da ilustração luso-brasileira entre Portugal e o Brasil. Rev. IHGB, Rio de Janeiro, n. 425, out./dez. 2004 PEIXOTO, Afrânio. Breviário da Bahia. Rio de Janeiro: Agir, 1946. SERAFIM LEITE. História da Companhia de Jesus no Brasil, t. V, Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1945. SILVA, Maria Beatriz Nizza da. A Livraria Pública da Bahia em 1818: obras de história. Revista de História, São Paulo, v. 43, n. 87, 1971, p. 225-239. ______. SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Entrevista. Revista Acervo, Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, v. 21, jan./jun., 2008, p. 3-7. _____. A primeira Gazeta da Bahia: Idade d’Ouro do Brazil. Salvador: EDUFBA, 2011. _____. A imprensa periódica na época joanina. In: NEVES, Lúcia Maria Bastos P. das. Livros e impressos: retratos do setecentos e do oitocentos. Rio de Janeiro: EdUerj, 2009, p. 15-29. Acervo FBN: I-116,7,17. SILVA, Luiz Antonio Gonçaves da. Bibliotecas brasileiras vistas pelos viajantes no século XIX. . Rev. Ci. Inf. , Brasília, v. 39, n. 1, p. 67-87, 2010. Disponível em: http://revista.ibict.br/index.php/ciinf/article/view/1773

Fontes manuscritas APONTAMENTOS que podem interessar a publicação da Corograhia Historica. Sl.; s.d. [documento manuscrito]. Ms: I 32, 13.1 n. 2. BIBLIOTECA Pública da Bahia. Sl.; s.d. [documento manuscrito]. Ms: I 32, 13.1 n. 1. CATALOGO dos livros que se acham na Livraria Pública da cidade da Bahia em maio de 1818. 01, 1, 026 CASTELO BRANCO, Pedro Gomes Ferrão. Plano para o estabelecimento de uma bibliotheca pública na cidade de Salvador, oferecido a aprovação do Sr. Conde dos Arcos, capitão general daquela capitania. S.l, s.d. : I-32,13,001 n. 001-003 Fontes impressas

CATALOGO dos livros que se achão na Bibliotheca publica da cidade da Bahia.[ Bahia: Na Typographia de Manoel Antonio da Silva Serva, 1818]. Cofre 02,15. CASTELO BRANCO, Pedro Gomes. Discurso recitado na sessão de abertura da Livraria Publica da Bahia no dia 4 de agosto de 1811 / por seu autor P.G.F.C. Bahia: Na Typographia de Manoel Antonio da Silva Serva, [1811]. 060,003,004A CASTELO BRANCO, Pedro Gomes Ferrão. Plano para o estabelecimento de huma bibliotheca publica na cidade de S. Salvador [...]. [Bahia :, Na Typographia de Manoel Antonio da Silva Serva,, 1811]. 059,008,003B IDADE d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, n. 28; 29; 31-33; 35; 52, 1811. _____. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 8 de janeiro de 1812, Supplemento Extraordinário. _____. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, de 29 de fevereiro de 1812, Supplemento Extraordinário. _____. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, n. 19; 43; 46; 48; 62; 87; 88; 90, 1812. _____. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, n. 10, 1813. _____. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, n. 100, 1814. MUNIZ, Antonio Ferrão (Org.). Catalogo geral das obras de sciencias e litteratura que contem a Bibliotheca Publica da provincia da Bahia [...]. Bahia: Typ. Constitucional, 1878, 8, 4, 11 n.1-2 _____. Catalogo geral das obras de sciencias e litteratura que contem a Bt. Publ. da Bahia organizado pelo seu bibliotecario Antonio Ferrão Muniz. Bahia: Typ. Constitucional, 1883. 99, 2, 1

ANEXO

A Livraria Pública da Bahia: uma biblioteca fênix e a circulação de livros na Salvador no século XIX

1 PREÂMBULO

A instituição das Bibliothecas Publicas é uma das mais importantes que o progresso humanitário tem realisado, com o fim de promover o desenvolvimento da intelligencia, facilitanto os meios de instrucção as populações, que n´ellas vão encontrar todos os instrumentos de que carecem para o seu aperfeiçoamento intellectual53

Certamente uma das mais freqüentes ponderações a cerca das bibliotecas é “como nascem?” ou “como foram formadas?”. A pergunta que não gostamos – nos amantes dos livros e dos seus repositórios físicos – é “como morre uma biblioteca?” ou “por quê?”. Assim, partindo do relato da “primeira morte” de uma biblioteca, esse artigo tem o objetivo de narrar alguns fatos sobre a formação da primeira biblioteca pública do Brasil e dar a conhecer o resultado de uma investigação54 de um ano sobre o tema que buscou reunir um guia de fontes e reconstituir parte dessa história. Nosso objeto é a Biblioteca Pública da Bahia (BPB) e a ambiência é a sociedade soteropolitana da primeira metade do século XIX, momento no qual se acreditava que o Brasil entrava numa Idade d’ouro. Não pretendemos aqui analisar em minúcias aspectos da história social desse período, essa seara deixaremos aos colegas historiadores, que com melhor competência poderão fazê-lo. O recorte cronológico da pesquisa situa-se primordialmente entre os anos de 1811 a 1818, ou seja, ano de fundação e data de um catálogo manuscrito da Instituição que se constitui num documento, no conceito de Le Goff (1996)55, mas igualmente um local de

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MUNIZ, Antonio Ferrão (Org.). Catalogo geral das obras de sciencias e litteratura que contem a Bibliotheca Publica da provincia da Bahia [...]. Bahia: Typ. Constitucional, 1878, p. 10. 54 Essa pesquisa contou com financiamento da Fundação Biblioteca Nacional dentro de seu programa anual de bolsas. 55 Le Goff, em “Documento/Monumento” considera que alguns materiais “podem apresentar-se duas formas principais: os monumentos, herança do passado, e os documentos, escolha do historiador”. Nesse catálogo temos uma recolha de outros documentos que sedimentam e legitima o passado da Biblioteca Pública da Bahia.

memória, seguindo Nora (1993)56. Pois o acervo original não existindo mais, o catálogo se torna o único instrumento de rememoração da coleção que foi tão exaltada pelos que tiveram a oportunidade de consultá-lo. As incursões que fizemos a outros anos e até ao século XX justificam-se apenas como meio de promover o entendimento de certos fatos que formam a história dessa Biblioteca. A Biblioteca Pública da Bahia foi criada “graças ao espírito associativo da elite baiana”57, sob influência do espírito iluminista. Sua importância para estudos nas áreas de história e letras contrasta com a escassez quase absoluta de pesquisas sobre esta Biblioteca, cujo acervo – há quem o afirmou – não sofreu censura58. Em todos esses anos, as pesquisas mais importantes sobre o tema foram apresentadas pela historiadora luso-brasileira Maria Beatriz Nizza da Silva no artigo A Livraria Pública da Bahia em 1818: obras de história, publicado pela Revista de História em 1971. Nesse trabalho, a pesquisadora analisou o catálogo manuscrito, cotejando os livros de história. Anos depois a pesquisadora Moema Parente Augel, em sua dissertação Visitante estrangeiros na Bahia oitocentista (1975), trouxe valiosas informações sobre o acervo da biblioteca nos primeiros anos de sua fundação. Num foco mais detalhado e narrativo, Rubens Borba de Morais em Livros e Bibliotecas no Brasil Colonial (1979; 2006) dedicou um capítulo inteiro revelando informações crucias. O profícuo Wilson Martins em A palavra escrita: história do livro, da imprensa e da biblioteca (2001) tratou da Livraria no capítulo sobre as bibliotecas brasileiras. Além desses estudos, a BPB só apareceu citada em alguns parágrafos ou páginas de trabalhos acadêmicos, como no recente artigo de Luiz Antonio Gonçalves da Silva, Bibliotecas brasileiras vistas pelos viajantes no século XIX (2010). Diante desta constatação é que propomos esse projeto no intuito de resgatar essa memória59. A ideia de “fénix” associada à Biblioteca Pública Bahia leva em consideração sua história. De fato, por duas vezes essa biblioteca passou por uma espécie de quase morte e ressurgiu como Instituição, como um marco de um projeto que refletiu os ideais iluministas da sociedade soteropolina do século XIX. O historiador Peter Burke pondera que “para se 56

Temos em Nora (1993, p. 13) a seguinte idéia “os lugares de memória nascem e vivem do sentimento que não há mais memória espontânea, que é preciso criar arquivos, que é preciso manter aniversários [...]”. 57 SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Entrevista. Revista Acervo, Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, v. 21, jan./jun., 2008, p. 6. 58 Cf. MORAES, Rubens Borba de. Livros e Bibliotecas no Brasil Colonial. Brasília: Briquet de Lemos, 2006. 59 DEAECTO, Marisa Midore. No império das letras: circulação e consumo de livros na São Paulo oitocentista. 2005. 387f. Tese (Doutorado em História Econômica)–Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. Nesse trabalho cita a Biblioteca Pública da Bahia referindo-se a sua estrutura semelhante aos Gabinetes de Leitura.

compreender a história é necessário saber mergulhar sob as ondas”60, mutatis mutandis é isso que esse artigo reflete.

2 O MORRER E RESSURGIR DA BIBLIOTECA PÚBLICA DA BAHIA

A 1 hora da tarde, exacta, o forte de S. Marcello, disparou dois tiros de canhão, pólvora secca, alarmante signal [...]. Logo os primeiros tiros que atingiram os edifícios do Palácio do Governo, Intendência e Theatro São João, produzindo-lhes estragos […]. Rapidamente o fogo se propagou, attingindo os compartimentos onde eram installados a diretoria de terras e minas, Biblioteca Pública e salão nobre […]. O Jornal de Notícias considera entre as conquencias deplorabilissimas do bombardeio a perda da nossa preciosa Biblioteca Pública […]. Tinha mais de trinta mil volumes, em cujo numero obras raríssimas pelo assumpto, pela data de publicação e pela qualidade da edição, colleções de jornaes os mais antigos do paiz e autographos e documentos do maior valor. É um verdadeiro desastre irreparável a sua perda […]61.

A longa e dramática (e necessária) citação ilustra o fim de um grande sonho de ilustração nos trópicos. O bombardeio autorizado pelo presidente Hermes da Fonseca, no dia 10 de janeiro de 1912, a cidade de Salvador, causou o que chamamos da primeira morte da primeira Biblioteca Pública do Brasil um ano após festejar seu centenário. Uma biblioteca cujo fundo de formação contou com doações de livros dos mais ilustres letrados da Bahia – muitos dos quais egressos da Universidade de Coimbra. A máxima usada por Mathew Battles para falar das perdas universais de grandes bibliotecas também pode ser transposta para nossa realidade, pois ele considera que “se o século XIX caracterizou-se pela construção de bibliotecas, o século XX ficou marcado por sua destruição”62. Todo o esforço de Pedro Gomes Ferrão Castelo Branco, Alexandre Gomes Ferrão e Francisco Agostinho Gomes para elaborar o plano da Biblioteca e guarnecê-la de bons livros viu-se arruinado em questão de duas horas.

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BURKE, Peter. A Escola dos Annales, 1929-1989: a revolução francesa da historiografia. São Paulo: EDUSP, 1997, p. 48 61 SÁ, Jorge, 1918 apud MOTTA e SILVA, Brandão. Cidade de Salvador: caminho e encantamento. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1958, p. 379. 62 BATTLES, Mathew. A conturbada história das bibliotecas. São Paulo: editora Planeta Brasil, 2003, p. 157.

Segundo relatos, na época o acervo contava com cerca de 60.000 volumes, além dos livros perderam-se todos os periódicos, dentre os quais o Idade d’Ouro do Brazil63. Segundo O que o fogo não lambeu, os saques que seguiram terminou o trabalho. Em 04 de dezembro de 1961 o prédio da Imprensa Oficial, na praça Municipal de Salvador, sofreu um incêndio e como ficava perto da BPB, essa também foi atingida tendo algumas coleções de periódicos e livros destruídos. De acordo com a documentação compulsada, não foi possível estabelecer o volume da perda do primeiro incêndio, sem dúvida o mais significativo. Todavia, não é uma investigação de todo impossível64. Seja como for, a Biblioteca Pública da Bahia mais uma vez ressurge nos anos de 1970 no prédio que até os dias atuais ocupa, no bairro dos Barris.

3 A LIVRARIA PÚBLICA DA BAHIA: BREVES APONTAMENTOS DA FUNDAÇÃO E HISTÓRICO

Un établissemet três remarquable à Bahia est celui d´une bibliothèque publique. Il est dû à l´active administration de Mr le comte dos Arcos. Ce n‟est encore qu‟une faible collection d‟environ 4000 volumes, mais tous les ouvrages sont assez bien choisis. On n‟y voit point de ces effrayants colosses d‟in-folios théologiques et mystiques qui forment les plus imposants soutiens des bibliothèques de couvent. Il est bien flatteur pour un Français de vérifier que 3000 volumes au moins son écrits dans sa langue. On y trouve presque tous nos bons classiques depuis le siècle de Louis XIV jusqu‟à ce jour. Une somme de [...] est consacrée chaque année à l‟accroissement de la collection, et le produit de quelques loteries. Je reprocherais aux directeurs d‟en avoir perdu quelquer parcelles dans l‟achat de mauvais ouvrages de pacotille, romans et écrivasseries de circonstance65.

Apesar de um estilo hiperbólico do viajante francês Tollenare, esta citação ilustra algumas características importantes do acervo da BPB destruído pelo fogo. A Biblioteca Pública da Bahia tem uma “pré-história” que precisa ser contextualizada a fim de compreender os meandros que evolvem a História do Livro na Bahia66. Particularmente relutamos em concordar com Hallewell quando afima que “os projetos de um

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MOTTA e SILVA, Op. cit., Pretendemos em outra pesquisa tratar desse tema. 65 TOLLENARE, 1817 apud MORAES, op. cit., p. 157. 66 Recomendamos a leitura: ARAÚJO, Jorge de Souza. O perfil do leitor colonial. Revista de Cultura Vozes, v. 4, p. 448-450, Petrópolis, 1989. 64

jornal e de uma biblioteca pública [em Salvador] eram ambos, claras tentativas de competir com o Rio de Janeiro”67. Salvador era a capital que convivia com livros, de certo, muito antes que o Rio de Janeiro. Foi na capital da Bahia que houve movimentos literários como a Academias dos Esquecidos (1729) e dos Renascidos (1759). E ainda, havia na cidade um grande número de ex-alunos de universidades portuguesas, principalmente Coimbra que tinha uma forte característica iluminista. Clado Ribeiro Lessa, no artigo As bibliotecas brasileiras dos tempos coloniais: apontamentos para um estudo histórico, publicado em 1946, afirma que “quanto a livrarias particulares na Baía temos conhecimento de diversas através dos autos de apreensão dos bens das pessoas comprometidas na conjuração de 1798”68. Além desses particulares, havia duas bibliotecas de grande valor, a do Mosteiro de São Bento e do Colégio dos Jesuítas. A respeito dessa última, sabe-se que era uma das mais importantes dos inacianos no Brasil69. Em 1759, a Companhia de Jesus foi expulsa de Portugal e dos seus reinos. Um pouco mais de dez anos depois, por volta de 1775, supõe-se que “os livros da Biblioteca do Colégio da Baía deveriam andar por 15.000”70. Todavia, infelizmente, segundo Afrânio Peixoto, esses livros estavam “entregues às traças pelo desmazelo, como a Igreja e o Colégio, quase arruinado, no fim do XVIII”71. Seguindo os relatos que localizamos, alguns informam que quando procuraram um local para nova Instituição a opção recaiu sobre o espaço onde no passado habitou a melhor das bibliotecas da cidade – que não deixa de ter um sentido fortemente simbólico. A despeito de algumas fontes deixarem a dúvida se o acervo a BPB incorporou a sua coleção volumes da antiga livraria dos jesuítas, nesse primeiro momento da pesquisa esse dado não foi possível apurar, apesar da factibilidade72. Borba de Moraes informa que mesmo um ano antes da fundação da BPB os estatutos da “Real Sociedade Baiense de Homens de Letras” previa uma biblioteca73. Por esse brevíssmo apanhado histórico, é possível perceber que os cidadãos soteropolitanos não eram

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HALLEWELL, Laurence. O livro no Brasil. São Paulo: EDUSP, 2005, p. 145. LESSA, Clado Ribeiro. As bibliotecas brasileiras dos tempos coloniais: apontamentos para um estudo histórico. Rev. IHGB, Rio de Janeiro, v. 191, abr./jun. 1946, p. 344. 69 SERAFIM LEITE. História da Companhia de Jesus no Brasil, t. V, Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1945, p. 92. 70 SERAFIM LEITE, op. cit. 71 PEIXOTO, Afrânio. Breviário da Bahia. Rio de Janeiro: Agir, 1946, p. 250. 72 Pretendemos tratar desse assunto em outra investigação. 73 BORBA DE MORAES, op. cit. 68

alheios aos livros. Havia, portanto, naquela capital uma ambiência que os permitiram pretender uma biblioteca.

3. 1 As motivações para a fundação A ideia de fundação da Biblioteca Pública da Bahia foi “devida ao prestante Bahiano Coronel Pedro Gomes Ferrão e foi mandada por em execução pelo Exmo Conde dos Arcos, então Governador da Provincia”74. O mesmo documento relata que o coronel foi o primeiro diretor da Biblioteca e responsável por uma avultada doação de três mil volumes de “diversas obras”. Após sua morte, assumiu o lugar, Francisco Agostinho Gomes75, um homem “riquíssimo e o espírito mais iluminado da cidade pelo saber, conhecedor do francês e do inglês, „ledor infatigável, e a par de todo o movimento científico do mundo”76. Na sequência da aprovação para o estabelecimento da tipografia de Manoel Antonio da Silva Serva, no dia 26 de abril de 1811, o coronel Pedro Gomes Ferrão Castelo Branco apresentou o Plano para o estabelecimento de uma bibliotheca pública na cidade de Salvador, oferecido a aprovação do Sr. Conde dos Arcos, capitão general daquela capitania77 para a criação de uma biblioteca em Salvador. A motivação para a criação da Biblioteca fica patente no inicio do texto:

Padece o Brazil, e particularmente essa Capital, a mais absoluta falta d'meios para entrarmos em relação de idéias com os Escriptos da Europa, e para se nos patentearem os thesouros do saber espalhados nas suas obras, sem as quaes nem se poderão conservar as ideias adquiridas, e muito menos promovidas a beneficio da sociedade.

Na citação destacam-se ideias iluministas que viam de promoção da instrução e acesso ao livro um meio de progresso. Não é estranho esse tipo de ideia circulando em Salvador, pois na capital baiana havia uma pleide de ex-alunos de Universidade de Coimbra reformada que formavam uma elite intelectual. 74

Bibliotheca Pública da Bahia. Acervo FBN: Ms: I 32, 13.1 n. 1. A respeito a biografia de Francisco Agostinho Gomes recomenda-se a leitura do artigo NEVES, Lúcia Maria Bastos P.; NEVES, Guilherme Pereira das. A biblioteca de Francisco Agostinho Gomes: a pernanência da ilustração luso-brasileira entre Portugal e Brasil. 76 LESSA, Clado Ribeiro. As bibliotecas brasileiras dos tempos coloniais: apontamentos para um estudo histórico. Rev. IHGB, Rio de Janeiro, v. 191, abr./jun. 1946, p. 339. 77 Esse documento consta reproduzido no Correio Brazilense, v. 7, n. 39, p. 219-233, ago. 1811. Disponível na FBN Digital: http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/correio_braziliense/volume07.pdf. Essa informação foi pela primeira vez citada por Borba de Moraes (2006). Pode-se ler o documento ainda no original e microfilme sob a guarda da Divisão de Obras Raras da FBN. 75

Como nos lembra a professora Lucia Bastos no seu trabalho Luzes nas Bibliotecas de Francisco Agostinho Gomes e Daniel Pedro Muller: dois Intelectuais Luso-Brasileiros as Luzes assumiram, assim, uma visão pragmática, enquanto o ideal reformador se limitava a propor uma transformação, muitas vezes, emanada do poder oficial, que conduzisse, em nome da utilidade comum e da felicidade pública, a uma melhoria nas condições de vida dos súditos, seja na agricultura, no comércio, nas manufaturas, nas comunicações e no ensino78.

Esse certamente é um dos substratos pelo qual podemos entender a relação da fundação da Typografia Silva Serva e abertura da BPB; uma perspectiva também visível no texto memorialístico de Antonio Muniz Sodré de Aragão, publicado num catálogo da Biblioteca de 1878: Os factos que commemora a epocha da gloriosa administração do Conde dos Arcos são em numero innumeravel, durante esse brilhante periodo a imprensa foi introduzida no Brazil e concedida a permissão para o estabelecimento da primeira typographia que na Bahia começou a publicação da Idade d’Ouro que em seu nome symbolisava a nova era aberta pelo progresso às aspirações progressivas que agitava o paiz; inaugurou-se a Bibliotheca publica; […] inaugurou-se o Theatro de S. João no dia do aniversário natalicio do Monarcha […].

Voltando ao Plano. No dia 30 do mesmo mês foi aprovado, no documento deliberouse que fosse escolhido dentre os censores da tipografia de Silva Serva o diretor na nova Instituição. Essa pessoa seria responsável por todas as medidas administrativas do plano “não só da execução de todas as medidas mencionadas n´aquelle plano, mas tambem da direcção de todos os objectos e trabalhos intermediarios até à perfeição d´aquelle excellente estabelecimento.79 Por um Aviso de 25 de junho ainda do mesmo ano o Governo Geral aprovou a deliberação de Conde dos Arcos e esse autorizou que o Plano fosse impresso a 8 de maio de 1811. Como seria esperado, saiu do prelo da tipografia servina em quatro páginas. A respeito o dia da inauguração, Borba de Moares é única fonte que cita a solenidade de 13 de maio. Segundo o autor: pensou-se em inaugurar a biblioteca no dia do aniversário do príncipe regente, na sala da antiga livraria dos jesuítas, no Terreiro de Jesus, mas isso não foi possível tal o estado de ruínas em que se encotrava. Resolveu-se 78

NEVES, Lúcia Maria Bastos P. Luzes nas Bibliotecas de Francisco Agostinho Gomes e Daniel Pedro Muller: dois intelectuais luso-brasileiros. CONGRESSO INTERNACIONAL ESPAÇO ATLÂNTICO DE ANTIGO REGIME: PODERES E SOCIEDADES., 2005, Lisboa. Anais. Disponível em: http://cvc.institutocamoes.pt/eaar/coloquio/comunicacoes/lucia_maria_bastos_neves.pdf 79

Officio do Conde dos Arcos de 30 de Abril de 1811. Documento transcrito no Catálogo de 1878. Acervo: FBN.

então utilizar a sala do dossel do palácio do governador para, na cerimônia habitua de 13 de maio, comemorar juntamente a fundação da tipografia, o aparecimento da gazeta Idade d’Ouro e a biblioteca […]80

Antonio Muniz Sodré de Aragão menciona que “o sr. Ignacio Accioli, nas Memorias Historicas e Politicas da Provincia da Bahia, diz que foi no dia 13 de Maio, preferimos porém a data que designamos, porque é a que indica a carta de Pedro Gomes” 81. Seja como for, o silêncio nos documentos que pesquisamos pode indicar que no natalício de D. João VI tenha ocorrido apenas um ato solene, mas não abertura de fato. No mesmo documento, Aragão relata que a BPB foi inaugurada com solenidade no dia 4 de agosto de 1811, no segundo pavimento do edifício que havia pertencido os jesuítas no Terreiro de Jesus, “ao lado do mar para onde tem hum excellente golpe de vista”. Na ocasião Francisco Gomes Ferrão Castelo Branco fez um discurso, cujo original se perdeu, mas foi impresso por Silva Serva e depois reproduzido no Investigador Portuguez de Março de 1812 e no Catalogo Geral das Obras de Sciencias e Litteratura que contem a Bibliotheca Publica da Provincia da Bahia, em 187882 . A BPB no início esteve aberta em todos dos dias úteis desde as 8 horas da manhã até às 3 horas da tarde, sendo franqueada “a todas as pessoas decentes que desejão consultar os seus livros”. O Investigador Português de março de 1812 noticiou a inauguração da Biblioteca nos seguintes termos se já tivemos o gosto de annunciar em nosso Jornal o plano para o estabelecimento de huma Bibliotheca Publica na Cidade da Bahia, temos hoje o redobrado prazer de publicar, que hum Estabelecimento tão util, e que tanta honra faz ao zelo, actividade, e patriotismo do Governador, e Capitão General daquella Capitania o Exm. Conde dos Arcos, a todos os habitantes da Bahia em geral, e em particular o zeloso, e esclarecido redactor daquelle Plano – o sr. Pedro Gomes Ferrão Castello; hum Estabelecimento tão util, dizemos nós, se acha já em pratica desde o dia 4 de Agosto proximo passado. O Despota ama a ignorancia, e o erro; persegue, e detesta as luzes; um Principe Legitimo, Justo e que só faz consistir sua gloria na felicidade de seos vassallos, detesta a ignorancia, e o erro; ama, e protege as luzes, porque sabe que sem ellas não pode haver civilisação, nem prosperidade, nem verdadeira moral, nem costumes. Não era, pois possivel que S. A. R. deixasse de approvar tão util Instituição: approvou-a: não se contentou com preciosos, e animadores elogios: deo o Collegio que foi dos jezuitas, o qual tem a necessaria capacidade, e precisas commodidades para hum vasto Estabelecimento desta natureza. No dia 4 de 80

BORBA DE MORAES, op. cit., p. 155. MUNIZ, Antonio Ferrão (Org.). Catalogo geral das obras de sciencias e litteratura que contem a Bibliotheca Publica da provincia da Bahia [...]. Bahia: Typ. Constitucional, 1878, p. 11. 82 MUNIZ, op. cit. A FBN possui exemplar do “Discurso”. Localização: 060,003,004ª. Microfilme: OR-00049 (01) 81

Agosto se fez a abertura da Caza com o Discurso que vamos transcrever, e que achamos mui digno, e appropriado ao assumpto, e occazião; e naquelle mesmo dia se declarou Publica, a Bibliotheca, que já conta acima dos quatro mil volumes, e começou a ser franqueada pelas Pessoas amigas da Literatura, e Sciencias83.

Igualmente exaltando a chegada as Luzes na cidade de Salvador e a importância para a cultura nacional e revelando a ambiência intelectual, o Idade d’Ouro do Brasil de 6 de agosto de 1811 relatou

Domingo 4 do corrente se fez a abertura solemne da Livraria desta Cidade na mesa casa, que foi Livraria do Collegio dos proscriptos Jesuitas. A presença do Excellentissimo Senhor Conde dos Arcos nosso amavel Governador deu o maior lustre a este acto brilhantissimo pela deliciosa situação da sala, que elevada na eminencia da Cidade, e do edificio do Collegio domina esta Bahia; pelo concurso de pessoas de todas as Ordens; e pelas doces esperanças de melhoramento, que prognostica a diffusão das luzes. Conhecimentos de todos os generos postos ao alcance de todos os curiosos hão de excitar os talentos até agora amorrecidos, e a Bahia no Zenith de sua gloria abençoara perpetuamente os dias verdadeiramente d‟ouro desta não pensada regeneração. Neste occasião recitou o Coronel Pedro Gomes Ferrão Castel-Branco huma elegantissima oração, em que se notava erudição escolhida, e a literatura vasta com profundas reflexões adequadas às circunstâncias, e actual situação politica do mundo. Todos os dias á execpção das Quartas feiras estará a Livraria patente a todas as pessoas de qualquer condição84.

Se fôssemos praticar uma análise do discurso desses textos apresentados o que fica muito evidente é a recorrência que aparecem palavras que representam o iluminismo e o positivismo e aos idéias civilizatórios comus a esse período. O próprio fundador do Idade d’Ouro do Brazil, o português Manuel Antonio da Silva Serva aliava-se a esses pensamentos. Essa elite intelectual baiana, reflexo das Luzes Luso-Brasileiras, estava preocupada com o desenvolvimento científico do Brasil. Havia neles um sentimento de grupo imbuído pelo o dever, dentro de um contexto civilizatório, de oferecer as luzes a toda a população85. Para eles era claro a relação entre os livros – apesar da censura – já autorizados a serem impressos e uma Biblioteca Pública.

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Acervo: FBN Fonte: Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 6 de Agosto de 1811, p. 3-4, n. 25. Acervo Biblioteca Digital Fundação Biblioteca Nacional. 85 Nossa leitura acerca dos conceitos de grupo e civizilação partem de Nobert Elias, sobretudo nas obras: ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. 2v. e ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994 84

Em seu discurso Pedro Gomes Ferrão Castelo Branco, como homem do seu tempo, evidencia essa questão. Para ele, a mercê – que ele chama de “socorro” – já concedida aos cidadãos da corte do Rio de Janeiro levaria a “circunstancias tambem favoraveis á Instrucção dos Habitantes do Brazil”. Sem a instituição de uma Biblioteca Pública e uma Tipografia, de acordo com sua ponderação “seria impossivel, não digo só, fazerem-se progressos, até daremse com segurança os primeiros passos em qualquer dos immensos ramos das Artes, e Sciencias”. O primeiro diretor da BPB deixa absolutamente claro que posição de que a Tipografia e Biblioteca estão associadas a qualquer ideal de “Luzes”. Pondera que

felizmente, que por meio da Estampa, e da Typographia, as Descobertas, Invenções, e Melhoramentos no vasto Mappa do saber Humano, podem facilmente reunir-se em Bibliothecas, d'onde como de pura Fonte saião a fertilisar os nossos Campos, a polir os nossos costumes, e a promover todas as virtudes, que constituem o Cidadão honrado, Benemerito do Soberano, e da Patria.

Ferrão prescindiu de comparar o Brasil com a Europa e traçou um paralelo com os feitos para instrução que estava em andamento nos Estados Unidos, que para ele faz parte do rol de “paizes não menos novos, e incultos como o nosso”. E destaca os sucessos que a criação de uma Biblioteca Pública trouxe àquele país: A America Ingleza, onde huma grande parte dos Habitantes inteiramente attenta a objectos d'interese immediato, mal podia lembrar-se de applicações literarias, e o pequeno numero d'aquelles, que tinhão inclinação aos estudos, não podião satisfazer, por falta de Livrarias, em cercunstancias bem analogas às nossas, considerou como hum successo summamente importante, e util o Estabelecimento da sua primeira Bibliotheca publica.

Seu discurso também revela a importância/missão de uma Biblioteca Pública naqueles primeiros anos do século XIX instituídas, em suas palavras, por “Póvos Illuminados”. Essas instituições representavam um “ponto de reunião aos Amadores das Artes, e Sciencias: conferindo em comum sobre as suas duvidas, communicando os seus pensamentos […]”. Era um espaço privilegiado de sociabilidade e de circulação de ideais onde seus frequentadores “elles fazem progressos, que jamais se poderião ter conseguido na reclusão dos Gabinete, e privação de taes socorros”. O produto dessas idéias imiscuídas com as leituras e com a socibilidade constituir-se-ão, segundo Castelo Branco, no “germen de quasi todas as descobertas, são como o ar, que se respira, sem pensarmos, e a que devemos a vida”.

Após tratamos das motivações para a criação da BPB a seguir apresentaremos um mapeamento da formação do acervo base da Instuição a partir dos dados que compulsamos no Idade d’Ouro do Brazil.

3. 2 Traços e percusos da formação do acervo da Biblioteca Pública da Bahia

A formarção do acervo foi perscrutada a partir do Plano. Pois é nele que Gomes Ferrão determinou as linhas que traçaram todo o modus operandi da Biblioteca em seus primeiros anos. O Plano priorizou aquisição de periódicos, ficando a aquisição de livros que segunda prioridade. O texto descreve os procedimentos para a circulação desse item do acervo, assim como o modo de gerenciamento. Far-se-ha um Fundo por subscripção, para se mandarem vir de Londres, e de quaesquer outros Paizes q tiverem relação com esta Cidade, os Periodicos de melhor reputação litteraria, de mais ampla instrucção. Estes virão remettidos a qualquer dos Censores da Typographia desta Cidade, que a rogo dos Subscriptores quizer servir a Publico, com ausencia aos outros, e por elle abertos, e comunicados ao Governador donde passarão á casa para em fim destinada, e nella estarão patentes, por espaço de tres dias a exame e leitura q qualquer dos assignantes quizer nelles fazer, e passados este termo poderão pedir, e ver-lhes-ha confiado um dos ditos Periodicos, ou Folhas por tempo de vinte e quatro horas prefixas, deixando recibo á pessoa encarregada da sua guarda, e conservação, e depois de vistas, serão recolhidas em uma Estante fechada, e não se darão a ler, senão aos assignantes, e na mesma casa, quando por estes forem pedidos.

O fato de tratar da aquisição de livros após normatizar os periódicos não significa somenos. De certo que o processo de compra de livros devia requerer uma atenção e cuidado especiais, afinal, apesar das liberalidades advindas desse período de “Idade d‟Ouro”, ainda estávamos sob o julgo da censura. De acordo com Plano de Gomes Ferrão, pelo menos nos primeiros anos a BPB, subscritores que eram convocados a cada três meses para realizar a seleção dos livros. Essa convocatória poderia ser feita pelo Idade d’Ouro, como esse de 10 de novembro de 1812, a guisa de exemplo: Aviso Participa-se aos Senhores Subscriptores da Livraria Pública desta Cidade, que no dia 11 do corrente pelas 11 horas da manha se há de fazer a Secção do costume, e roga-se queirão concorrer á ella.

Os livros deveriam vir da Europa porque naquela primeira década do século XIX não havia meios de compra na cidade de Salvador. Observa-se também do trecho abaixo que a forma prevista para o funcionamento era muito próxima dos modelos associativos

Para escolha dos Livros, q se devem mandar vir da Europa, haverá de trez em trez mezes uma Sessão dos Subscriptores q se acharem presentes, a qual será presidida pelo Censor, e cada um delles poderá lembrar os livros que bem lhe parecer dando a razão da sua escolha, e depois de ouvidos, e tomados os apontamentos necessarios nomear-se-hão dois Socios, com os quaes o Censor fará a lista das encommendas á proporção dos Fundos do Estabelecimento86.

No âmbito do histórico da formação do acervo da BPB, além de autorizar a abertura da bibloteca D. João VI ordenou o envio de livros da Real Bibliotheca, como relata a carta de Joaquim dos Santos Marrocos de 2 de dezembro de 1811

(...) que S.A.R. mande estabelecer uma biblioteca pública na Cidade da Bahia com grande porção de livros dobrados da biblioteca da Coroa. Resultam daqui três utilidades muito grandes, além de outras menores: a primeira, conservarem-se na Bahia os livros, o que aqui é impossível, porque, não cabendo na biblioteca, por força hão de existir perpetuamente nos caixotes e nos armazéns do Real Tesouro, que estão todos minados do bicho cupim, achando-se por isso em pó imensas tapeçarias e assim com o sobredito destino sempre se conservarão limpos pelo cuidado dos empregados. A segunda, a utilidade e aproveitamento do público, porque, havendo na Bahia magníficos estabelecimentos públicos de toda a qualidade, e entre eles bons colégios e estudos, por efeitos do excelente governador conde dos Arcos, falta ali uma biblioteca pública que sirva para mestres e discípulos e para todos os curiosos de aplicação, para a qual biblioteca, por ser nascente, é mui suficiente esta porção de livros. Aterceira é uma generosa gratificação de S.A.R.. ao bom agasalho e alegria dos baienses na chegada de S.A.R. àquele porto (...)

Nos anos seguintes o próprio Marrocos se responsabilizou pela manutenção dessa deliberação, conforme carta de 11 de julho de 1818.

Veio a verificar-se o meu projeto, lembrado a princípio, pois Sua Majestade ordenou que, dos livros dobrados da sua Real Biblioteca, se fizesse fornecimento de um exemplar de cada obra para a biblioteca pública da Bahia, combinando-se estes com os do catálogo que dali veio, de sorte que não viessem a duplicar-se, porém consistindo a remessa dos que ali não houvessem. Já para lá foram 20 caixotes que somente compreendem o ramo de teologia, e vai-se continuando. 86

Seria fugir do escopo desse relatório, mas seria perfeitamente possível traçar um paralelo com aas medidas adotadas pelos RGPL em 1837.

Voltando às suas cartas, o bibliotecário de D. João VI, informa na carta de 9 de setembro de 1818 – última que localizamos – o envio de “37 caixões de livros dobrados para a Livraria pública da Cidade da Bahia”. Foi o Idade d’Ouro do Brazil o meio de divulgação da BPB, no dia 13 de Agosto de 1811 informa que os subscritores que já acorriam ao acervo atendendo a anúncio anterior. O texto destaca a solicitação para inscrição de subscritores e para doação de livros. Não são somente os Indigenas, e os Nacionaes, que subscrevem para o fundo da Livraria com dinheiro, e offerecem os seus livros para a instrucção publica, são Estrangeiros em grande numero, que mostrão a mesma cordialidade para comnosco, e sacrificio voluntaries dinheiro, e livros, e até se impoem o ónus perpetuo d‟huma annuidade. Devia-se este testemunho público á sua beneficiencia, e a Idade de Ouro desempenha assim hum dos deveres, que annunciara no seu prospecto87.

De certo que a maneira de aquisição de livros em Salvador, assim como nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo nessa primeira década do século XIX não era fácil com a presença de livrarias. Por essa razão, a diretoria da Biblioteca solicitou a população de Salvador a disponibilização de livros novos ou em bom uso para compra a fim de aumentar ao acervo. Compulsamos alguns números do Idade d’Ouro e identificamos doações de livros e bibliotecas de particulares, assim como adesões de subscritores que aquiesceram ao projeto do estabelecimendo da Biblioteca Pública. Percemos algumas categorias de doações, como: “alguns livros”; “E todos os seus livros em doação perpetua”; “doação perpétua”; “Offerece todos os seus livros […] por todo o tempo do seu Governo; “offerece alguns volumes durante sua residencia nesta Cidade”; “E emprestará todos os livros, que puder se usar”; “Dará alguns livros dos poucos que tem”, dentre outras. A quantia em dinheiro para subscrição anual estabelecida pelo Plano era de 10$000. A lista a seguir mostra que já antes desse anúncio havia os que ocorreram a BPB para oferecer doações e aderir como subscritor. Nessa lista aparecem a doações de livros, que podiam ser de apenas um volume, como no caso do sr. Joaquim Joaquim da Silva Guimarães; “alguns livros”, como fez o sr. João Rodrigues de Brito.

Tabela 1. Subscripção para o estabelecimento da Livraria Publica Entrada 87

Subscripção

Fonte: Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 13 de Agosto de 1811, p. 3-4, n. 27. Acervo Biblioteca Digital Fundação Biblioteca Nacional.

annual O Illustrissimo, e Excellentissimo Senhor Conde 64$000 10$000 dos Arcos, Governador, e Capitão General. Offerece todos os seus livros de História, Poesia e materias amenas por todo o tempo do seu Governo. O Excellentissimo, e Reverendissimo Senhor 50$000 10$000 Arcebispo da Bahia A Excellentissima Condessa da Ponte 30$000 10$000 O Conselheiro Chanceller da Relação Antonio 50$000 10$000 Luiz Pereira da Cunha offerece alguns volumes durante sua residencia nesta Cidade Felisberto Caldeira Brant Pontes 50$000 10$000 Joaquim Ignacio de Sequeira Bulcão 30$000 10$000 João Rodrigues de Brito 30$000 10$000 E alguns livros Antonio Fructuoso de Menezes Dórea 32$000 10$000 João Joaquim da Silva Guimarães 30$000 10$000 Offerece huma edição de Historia Romana de Rolim Manoel Ignacio da Cunha e Menezes 32$000 10$000 Antonio Brandão Pereira Marinho Falcão 20$000 10$000 Bento de Araujo Lopes Villas-Boas 30$000 10$000 José Joaquim Muniz Barreto 32$000 10$000 Nicoláo Carneiro da Rocha e Menezes 30$000 10$000 Manoel de Lima Pereira 20$000 10$000 Antonio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque 32$000 10$000 Manoel Ferreira de Andrade 64$000 10$000 Dará alguns livros Fonte: Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 13 de Agosto de 1811, p. 3-4, n. 27. Acervo Biblioteca Digital Fundação Biblioteca Nacional.

Na edição de sexta-feira, dia 16, ficou registrado a doação de um dos maiores promotores da Instituição, Pedro Gomes Ferrão e a “doação perpétua” e feita pelo sr. Luiz Pereira Sodré:

Tabela 2. Subscripção para o estabelecimento da Livraria Publica Entrada

Subscripção annual 10$000 10$000 10$000

Antonio Pedro da Silva Guimarães 50$000 José Francisco Cardozo e Moraes 25$600 Luiz Pereira Sodré 32$000 E todos os seus livros em doação perpetua Pedro Gomes Ferrão 50$000 10$000 E todos os seus livros Fonte: Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 16 de Agosto de 1811, p. 3, n. 28. Acervo Biblioteca Digital Fundação Biblioteca Nacional.

Na mesma edição do jornal, seguindo o que estava prescrito pelo Plano, publicou-se outro anúncio solicitando subscritores para a Livraria,

Todas as pessoas, que por Patriotismo quizerem subscrever para a Livraria publica desta Cidade o poderão fazer na Casa da mesa livraria no Livro para esse fim destinado, do que tambem lhes resultara a vantagem do emprestimo de Livros, e da Leitura de todas as Gazetas, e Periódicos de melhor reputação. Quem quizer vender Livros novos, ou em bom uso falle ao Bibliothecario da mesma Livraria no Collegio desta Cidade88.

O resultado da pesquisa no Idade d’Ouro mostra que a população soteropolitana respondia favoravelmente. Na lista a seguir destaca-se a doação feita por Francisco Agostinho Gomes89, sucessor de Gomes Ferrão Castelo Branco.

Tabela 3. Subscripção para o estabelecimento da Livraria Publica Entrada

Subscripção annual 10$000

Joaquim Anselmo Alves Branco Muniz Barreto 32$000 E todos os seus livros durante a sua residencia nessa Cidade Francisco Gomes de Souza 32$000 10$000 José Agostinho de Sales 20$000 10$000 Francisco Agostinho Gomes 25$600 10$000 E emprestará todos os livros, que puder se usar Domingos José Antonio Rebello 40$000 10$000 Antonio José Gomes 64$000 10$000 Ignacio José Aprigio da Fonseca Galvão 25$600 10$000 Dará alguns livros dos poucos que tem. José Teixeira da Matta Bacellar 12$800 10$000 Antonio Manoel de Mello e Castro 20$000 10$000 Antonio José d‟Almeida 32$000 10$000 Fonte: Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 20 de Agosto de 1811, p. 3-4, n. 29. Acervo Biblioteca Digital Fundação Biblioteca Nacional.

É necessário pontuar que afora o possível “status” de contribuir publicamente para o desenvolvimento de uma instituição cultural, poderíamos inferir que o fato do sr. Ignacio José Aprigio da Fonseca Galvão estar disposto a dar “alguns livros dos poucos que tem” revelaria a adesão e esforço para o sucesso novo empreendimento.

88

Fonte: Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 16 de Agosto de 1811, p. 3-4, n. 28. Acervo Biblioteca Digital Fundação Biblioteca Nacional. 89 A respeito de Agostinho Gomes sugere-se as leituras de NEVES, Lúcia Maria Bastos Pereria das; NEVES, Guilherme Pereira das. A Biblioteca de Francisco Agostinho Gomes: a permanência da ilustração luso-brasileira entre Portugal e o Brasil. Rev. IHGB, Rio de Janeiro, n. 425, out./dez. 2004. .

Tabela 4. Subscripção para o estabelecimento da Livraria Publica Entrada

Subscripção annual 10$000 10$000 10$000 10$000 10$000

Luiz de Barros Teixeira Lobo 20$000 João de Mello Lene Cogominho de Lacerda 20$000 José Rodrigues de Figueiredo Junior 25$000 O Thesoureiro Mór José Félix de Menezes 32$600 Manoel José de Mello 25$600 Offerece por emprestimo os seus livros José Avellino Barbosa 12$800 10$000 João Lourenço Barbosa 32$800 10$000 Gonçalo Vicente Portella 20$800 10$000 José Venancio de Seixas 34$000 10$000 Henrique Hill 32$000 10$000 Offerece alguns Livros Inglezes, que tem, pelo tempo da residencia na Bahia O Physico Mór Delegado José Antonio Costa 16$000 10$000 Ferreira Pedro Alexandrino de Souza Portugal 20$000 10$000 Cypriano Dionysio da Silva Souza e Azevedo 12$000 10$000 Offerece alguns livros Fonte: Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 27 de Agosto de 1811, p. 3-4, n. 31. Acervo Biblioteca Digital Fundação Biblioteca Nacional.

O fluxo de estrangeiros em Salvador era muito grande, na lista anterior o sr. Henrique Hill, oferece seus livros de língua inglesa ao uso enquanto residir na cidade. A então capital do Império possuía constrastes sociais e culturais, como a maioria das demais do país, o citação abaixo destaca essa dicotomia: A maioria dos visitantes deixa escapar observações sobre o contraste entre das duas partes da cidade, manifestando uma impressão muito mais favorável, sentindo-se “recompensados” da decepção anterior, ao se despararem com Biblioteca Pública também é sempre notada pelos viajantes. Instalada pelo Conde dos Arcos, em 1811, em um salão sobre a sacristia do Colégio dos Jesuítas, com um acervo inicial de cerca de 3,000 volumes, foi vistada por muitos estrangeiros, movidos ora por simples impulso de curiosidade, ora para ali trabalhar.90”

Esse processo continuou para além no ano de fundação da Biblioteca, tanto assim que localizamos uma doação noticiada no Idade d’Ouro do Brazil de sexta-feira, 10 de abril de 1812 Clemente Ferreira França, Dezembargador da Supplicação do Brazil, e Ouvidor de Pernambuco, movido dos sentimentos patrioticos, que o distigue, pelo bem do Estado, e desejando concorrer para o desta 90

AUGEL, Moema Parente. Visitantes estrangeiros na Bahia oitocentista. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal da Bahia. Salvador, 1975.

Cidade, sua Patria, fez doação de 50$000 reis em dinheiro, e de 38 volumes de diversas obras de merecimento, a beneficio da Livraria pública desta, o que se dá a saber, em signal de gratidão, e em observancia dos Estatutos da mesma Livraria. Além das doações, seguindo o que estava estabelecido pelo Plano, a própria Biblioteca adquiria os livros a partir de encomendas que fazer na Europa, como se nota:

Relação dos Livros vindos ultimamente de Inglaterra para a Livraria Publica Historiae Indiarum, à Masseo Collecção dos Classicos Francezes, e Latinos, da edição de Didot Dictionnaire Historique, derniere ediction Thucydides. Edição de Glasgow A traducção do mesmo em Francez, por Pedro Carlos Levesque Erodotus. Edição de Glasgow. A traducção do mesmo em Francez, por Mr. Larcher Dion Cassius. Edição de Herman La Richesse Commarciale, par Simonde Principes d‟economie politiqu, par Mr. Cannard. Titus Livius. Edição de Crevier Obras de Demosthenes, e Eschino, em Francez Ditas de Isocrates Ditas de Lysias Cícero. Edição de Olivet. Dictonnaire de Boyer91. A relevância de identificar o apoio que os cidadãos da cidade do Salvador – como era chamada na época – subjaz na constatação de um desejo de ilustração que já vinha de longa data. O exemplo a seguir, publicado no Idade d’Ouro do Brazil de 8 de novembro de 1811, revela que até mesmo os baianos que não residiam na capital de alguma maneira buscaram dar seu apoio Entende-se mais depressa como hum acto de Justiça, do que de Gratidão publicar a maneira nobre, e graciosa, com que Manoel Ribeiro Guimarães natural desta Cidade, morador em Londres se encarregou da remessa dos Livros para essa Livraria pública da Bahia sem outro qualquer interesse, ou commissão, que o de ser comtemplado no numero dos Subscriptores, oferecendo-se de mais a mais para enviar promptamente todas as encommendas seja qual for seu importe, e para contribuir ainda a favor daquelle útil Estabelecimento com a somma, que for compatível com as suas possibilidades. Entre outros Periódicos, de que constou a primeira remessa, vierão: 91

Idade d‟Ouro do Brazil. Bahia: Na Typografia de Manoel da Silva Serva, 16 de junho de 1812, p. 3, n. 48. Acervo Biblioteca Digital Fundação Biblioteca Nacional.

The new annual register de 1806 a 1810 Repertory of arts, and manufactures, até Agosto de 1811 The times, até Agosto ditto. Morning Chronicle, até ditto. Weekly Messenger, até ditto. L‟Ambigu, ditto. Investigador Portuguez, junho e julho.

Ainda mais surpreendente foi generosidade do comerciante lisboeta José de Mello que se ofereceu para enviar livros para a Biblioteca, como podemos ler no Supplemento Extraordinário, de quarta-feira, 8 de janeiro de 1812 Seria huma falta de Justiça, e até de gratidão deixar, de publicar a nobre, e generosa Liberalidade com que José de Mello Negociante de Lisboa, se offerece a enviar da mesma Cidade todas as remessas de Livros que lhe forem pedidos para a Livraria pública da Bahia, sem que para o fazer queira receber qualquer interesse, ou Commissão alguma sendo os Livros que se mencionão parte da primeira encommenda que se lhe fez por se não poder apromptar a outra parte; cuja Receita veio conduzida pelo Navio Santo Estevão, de que também o seu Correspondente, debaixo das mesmas vistas, Manoel de Menezes, natural de Baçaum generosamente não quis frete algum; e são os seguintes a saber

África, e America, por Faria e Sousa Annaes históricos do Maranhão Candido Lusitano Castrioto Lusitano Catastrophe de Portugal, por Leandro Doria Chronica d‟El Rei D. Sebastião Chronica d‟El Rei D. João I Chronica d‟El Rei D. João II _______ d‟El Rei D. João III _______ d‟El Rei D. Manoel _______ revista por Lavanha _______ d‟El Rei D. Pedro I Collecção das Obras inéditas da Academia Real Corographia de Portugal Defensão da Monarquia Lusitana Descripção do Reino de Portugal Diálogos dos Reis de Portugal, por Mariz Diccionario Francez, e Portuguez _________ Inglez, e Portuguez, e Portuguez, e Inglez, por Vieira _________ Italiano, e Portuguez _________ Latino e Portuguez _________ Portuguez, e Latino Elogio dos Reis de Portugal _____ Fúnebre, e Histórico d‟El Rei D. João V Flores de Hespanha, por Macedo Grandezas de Lisboa Histoire Generale du Royaume de Portugal, por Le Quieu Neuville

______ Geral de Portugal, por Damião Antonio de Lemos Faria e Castro Historia do Reino de Portugal, por Faria. _______ por Osório _______ das descobertas, e conquistas dos Portuguezes no Novo Mundo Jornada de África, por Jerônimo de Mendonça Memórias para a Historia da Capitania de S. Paulo Monarquia Lusitana Nobiliarchia Portugueza. Noticias de Portugal, por Faria Obras Históricas, e Políticas de Macedo Os Grandes de Portugal Perfídia de Alemanha, e Castella na prizão do Infante D. Duarte Resende. De antiquitate Lusitanae Retrato de Faria Rerum Latinarum Ephemerides Vida do Infante D. Luiz, filho de ElRei D. Manoel ____ do Infante D. Duarte ____ de D. João de Castro ____ d‟El Rei D. João I ____ d‟El Rei D. João II ____ do Célebre

Analisamos exaustivamente os catálogos manuscrito e impresso de 1818 e notamos a presença de algumas obras arroladas na encomenda citada acima. Nessa lista ainda podemos perceber duas caractertística do acervo da BPB nos seus primeiros anos: o idioma português e o assunto “história”, especialmente “história de Portugal”. Algumas Instituições soteropolinas publicavam as prestações de conta no Idade. Prescrutanto o periódico localizamos dois ocasiões nas quais a Biblioteca prestou conta publicamente aos seus subscritores. A primeira na edição de sexta-feira de 6 de março de 1812, Conta apresentada pelo Thesoureiro da Livraria Pública Manoel José de Mello, approvada na Secção de 2 do corrente mez de março de 1812 Pelo que recebeo das entradas de Subscriptores, que constão da Conta, que apresentou na mesma Secção…………………… 2:882$750 Despezas Pelo que dispendeo com os Ordenados dos Officiaes da Casa………………… 250$000 Idem com compra de Livros, Periodicos, e Gazetas…………………………. 2:184$357 ---------------2:640$677 Balanço em dinheiro effectivo 242$073 2:882$750

Como foi estabelecido pelo Plano a BPB reservava uma grande quantia de verba a compra de itens para formação do acervo. Em 16 de dezembro de 1814, publicaram outra prestação de conta um pouco mais detalhada92

Em o dia 6 do corrente, celebrou-se na Livraria Pública a sessão do estillo, a que assistio o Excellentissimo Senhor Conde dos Arcos, e mais subscriptores que a ella concorrerão, e nella Manoel José de Mello Subscriptor, e Thesoureiro da dita Livraria apresentou a conta seguinte, que foi conferida, e approvada. Conta a apresentada pelo Thezoureiro da Livraria Publica desta Cidade Manoel José de Melo, desde 8 de novembro de 1812, até 5 de Dezembro do corrente anno de 1814. Pelo balanço da ultima conta a favor da Livraria 72$493 Idem que recebeo d‟entradas dos Subscriptores 92$400 Idem d‟annuaes 1:440$000 Balanço a favor do Thesoureiro 3$542 Pelo importe de compra de Livros 101$628 Idem de Jornaes, Gazetas, e Saque de letras para compra dos ditos, e Livros 625$522 Idem d‟ordenados aos empregados 781$095 Idem de despezas miúdas 100$190

1:608$435

1:608$435

O acervo da BPB e sua história seguiram seu percurso com os momentos promissores e outros menos, como qualquer outra instituição. As doações de livros também prosseguiram, Knauss (2001) é o único a mencionar que além de livros houve doações de quadros, como os 37 do colecionador Antonio José Alves, em 185893. Para concluir esse histórico da formação do acervo, a compilação de notícias dos estrangeiros feita por Augel (1975) é um bom panorama de como o acervo seguiu – com ou sem consistência histórica. James Prior, que a visitou dois anos depois de sua fundação, calcula em 5.000 o número de obras, acrescentando lá ter visto jornais em diferentes línguas e panfletos da Inglaterra. Em 1815, Wied Neuwied lhe dá 7.000 volumes, revelando ali se possuirem “até vária obras novas sobre todos os ramos do conhecimento”. Ferdinand Denis, em 1817, avalia em 8.000 os livros existentes, assinalando a ausência de obras em línguas orientais e se propondo a compilar alguns elementos da língua turca, língua que conhecia bem, para presentear o pequeno trabalho, decorado com vinhetas de um amigo seu, aquela instituição pública. Tollenare, em 1817, é talvez mais realista que seu jovem conterrâneo, reduzindo a cifra para 4.000, ressaltando serem, porém, todas obras bem escolhidas e das quais pelo menos 3.000 são em francês, confirmando Prior quanto aos jornais e gazetas francesas e inglesas que ali havia, “mas atrasadas e incompletas”. Na mesma época, Martius calcula o acervo em 12.000 volumes, não se tendo condições para 92

Para manter a clareza da tabela optamos por não realizar o recuo de 4 cm. KNAUSS, Paulo. O cavalete e a paleta: arte e prática de colecionar no Brasil. Anais do Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, v. 33, p. 25-44, 2001. Disponível em: http://www.historia.uff.br/labhoi/files/May07HQ6_MUcT_cavalete_paleta.pdf 93

apurar a quantidade exata. Domingos Rebello, em 1829, dá a cifra de 6.600 volumes. Ludwig Riedel, nos poucos dias passados na capital, antes de seguir para Ilhéus, observando na oportunidade ser a Biblioteca não „muito rica‟, ali faz “um extrato de uma Corografia do Brasil”. Wetherell nos faz uma descrição preciosa do local, informando ser o teto circular “ricamente adornado com pinturas alegóricas e motivos arquiteturais. Os livros são guardados em caixas de metal e parecem estar muito bem conservados, embora seja impossível evitar toda a ação destruidora dos insetos. E dá em seguida a razão dessa tão grande variabilidade das estimativas a respeito do acervo da biblioteca: “creio que existem ali uns doze mil volumes, mas não posso afirmá-lo pois nunca foram catalogados.” Em seu primeiro livro de viagens à América do Sul, Hadfield, que passou na ocasião apenas um dia na Bahia, em 1854, transcreve uma página de Sir. W Gore Ouseley, encarregado dos negócios ingleses na Corte, em que são registrados de 60 a 70 mil volumes na Biblioteca da Bahia. Dez anos mais tarde, o suíço Tschudi calcula o acervo da mesma biblioteca em 16.000 volumes94.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS95 No conceito de “lugares de memória” de Pierre Nora (1993) toda a documentação que localizamos na pesquisa na Biblioteca Nacional são “restos” de memória da primeira Biblioteca Pública do Brasil. O incêndio causado pelo bombardeio em 1912 causou perda do acervo bibliográfico, assim como, de uma grande quantidade de documentos – a partir do que relatam as fontes que perquirimos na investigação. Ao longo desse ensaio buscamos somente apresentar um panamora dos motivos da fundação da BPB e da formação do acervo. A pesquisa segue com o objetivo de analisar os livros que comporam a coleção. No âmbito da História do Livro e das Bibliotecas no Brasil perquirir às ações atinente a criação e formação dessa biblioteca justificam-se por recuperar e trazer a lume uma série de documentos que estavam silentes. Os dados referentes as doações foram reveladores porque confirmaram duas inferências constantemente feitas por alguns pesquisadores: havia livros circurlando entre soteropolitanos e uma forte influência iluminista permeava a elite intelectual da cidade. Essa pesquisa, com seus aspectos arqueológicos, além de mapear o processo de criação da BPB, pode igualmente constituir um corpus teórico que permitirá a outros pesquisadores seguirem em outros caminhos.

94

AUGEL, Moema Parente. Visitantes estrangeiros na Bahia oitocentista. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal da Bahia. Salvador, 1975, p. 56. Acervo: FBN 95 Considerações finais do artigo apenas.

Antes de concluir, gostaríamos de agradecer a Bibliotecária e professora Ana Virginia Pinheiro da Paz Pinheiro pela sugestão do tema e orientações; a Bibliotecária Célia Mattos da Divisão de Obras Raras da Biblioteca Pública do Estado da Bahia; a Bibliotecária Maria das Graças Cantalino, da Fundação Clemente Mariani (BA); a professora Simone da Rocha Weitzel e aos colegas do Departamento de Estudos e Processos Biblioteconômicos da UNIRIO, sobretudo os membros do grupo de pesquisa Espaços e Práticas Biblioteconômicas. Gostaríamos também de agradecer a equipe da Coordenadoria de Pesquisa, e nominalmente a Eliane Perez pela atenção e respeito ao nosso trabalho. Sem dúvida alguma cremos que se entendêssemos alguns deslocamentos do passado no presente poderíamos perceber como certos conceitos foram se perdendo. Atualmente percebemos que certas discussões acerca da missão da Biblioteca Pública no Brasil e todas as ponderações – que não caberiam aqui – seriam muito mais profícuas se, por uma compilação de conceitos buscassem.

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