A Bola da Vez: Mudança de Paradigma no Adventismo da America do Sul

August 10, 2017 | Autor: Silvano Barbosa | Categoria: Global South, Missions, World Missions, Igreja Adventista do Sétimo Dia
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PRINCÍPIOS DE MOBILIZAÇÃO

Silvano Barbosa

A

Vez Mudança de Paradigma no Adventismo da América do Sul

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bola

da

Por Silvano Barbosa

A

expressão “a bola da vez” surgiu numa modalidade do jogo de sinuca em que as bolas têm uma sequência definida para serem encaçapadas. A próxima bola, aquela que recebe a atenção de todos, é a bola da vez. Com o passar dos anos, o conceito se popularizou e hoje é empregado nos esportes, nos negócios, na política e no meio empresarial. O objetivo é sempre se referir ao próximo fato que está para acontecer, ao lugar onde as melhores oportunidades se encontram, ou à personalidade do momento. Por exemplo, a revista Exame publicou recentemente que a bola da vez do crescimento econômico do país é o mercado imobiliário, já que os preços no Brasil subiram 15,2% nos últimos 12 meses, a maior alta global.1 No cenário mundial “o mercado brasileiro é tido por grupos estrangeiros como a bola da vez”2. Recentemente, a empresa de consultoria PricewaterhouseCoopers divulgou um estudo que aponta o Brasil

como o terceiro mais importante mercado do mundo, perdendo apenas para a China e os Estados Unidos.3 Nos esportes, os preparativos para realização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos também estão fazendo do Brasil a bola da vez. E no Adventismo mundial, quem é a bola da vez? Seria bom se pudéssemos responder a esta pergunta apresentando uma resposta simples, apenas um nome. Mas a bola da vez no contexto adventista não é uma única pessoa, é o próprio Adventismo da América do Sul. É a somatória de tudo aquilo que a Igreja se tornou e representa hoje. Sorria! A bola da vez agora é você! Mudança de Polaridade no Centro do Cristianismo Durante centenas de anos, o Cristianismo foi visto como uma religião do Ocidente (Europa Ocidental, América do Norte e Oceania)4. Os cristãos desses países sempre se viram como os guardiões da Mensagem, responsáveis pela defesa e expansão do Cristianismo. Durante o alto período imperial, os Britânicos acreditavam terem sido escolhidos por Deus para trazer paz e justiça a todo o planeta. O relatório da Conferência Missionária Centenária de 1888 deixa essa ideia bem clara quando enfatiza “a grande extensão na qual o trabalho da evangelização mundial é lançado sobre a raça anglo-saxônica”, em outras palavras, os britânicos e os americanos, com a assistência

dos “nossos nobres companheiros anglo-saxões da Alemanha” e nossos “nobres primos de sangue escandinavo”5. A África, a América Latina e o Oriente Médio eram vistos apenas como lembretes da difícil tarefa missionária que ainda estava pela frente. Esse conceito ficou ainda mais evidente na conferência missionária de Edinburgh em 1910, um dos mais importantes eventos na história do movimento missionário mundial. Dos 1215 oficiais, 500 delegados vieram da Inglaterra, 500 dos Estados Unidos, 170 da Europa continental e 26 das “coloniais” (população branca da Austrália, Nova Zelândia e África do Sul). Vieram apenas 19 do mundo oriental, os quais, na prática, eram conversos do movimento missionário que estavam ali para representar as chamadas “igrejas jovens” da Ásia6. Nenhum africano nativo foi convidado para Edinburgh e as fontes sugerem que ninguém fez um comentário crítico do fato. Na verdade, ninguém pareceu notar isso7. A América Latina também foi silenciosamente ignorada. Entretanto, desde o final do século XIV essa tendência já estava mudando. Em 1882 as igrejas da Ásia e da África já estavam crescendo mais que as igrejas nos Estados Unidos. Nem mesmo uma única igreja americana se aproximava da taxa de crescimento da Igreja Presbiteriana de Laos. Somente quatorze congregações em todo o país superava a taxa de crescimento da Igreja Presbiteriana de Trípoli, na Síria.

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Apenas oito igrejas nas ricas cidades de Nova Iorque, Chicago e Filadélfia superavam a taxa de crescimento das igrejas de Shandong, na China8. A igreja estava crescendo mais rápido nesses continentes do que na América, de onde vinham os missionários. Nos anos posteriores, essa tendência se confirmou e hoje o centro de gravidade do Cristianismo mudou do ocidente para os países orientais, onde a maioria dos cristãos vive. Enquanto o modelo nacional-estatal de Cristianismo (como o luterano, anglicano e o holandês reformado) tem se enfraquecido no ocidente, as igrejas nativas africanas, as igrejas populares da América do Sul, as igrejas

secretas da China e as igrejas nas casas da Índia estão crescendo rapidamente.9 Em números gerais, atualmente há 757 milhões de cristãos na Europa e Estados Unidos, mas este número é praticamente o dobro na América Latina, África e Ásia, onde 1.431.000 de pessoas se declaram cristãs.10 Ao longo do último século, a Igreja Católica, por exemplo, teve a maior parte do seu crescimento fora do continente europeu e atualmente há 200 milhões de católicos a mais na América Latina do que na Europa.11 A tabela abaixo mostra a progressão no número de membros da Igreja Católica por continente em 1900 e em 2000:

Continente

População católica em 1900

População católica em 2000

América Latina

59 milhões

483 milhões

Europa

181 milhões

277 milhões

Ásia

11 milhões

137 milhões

África

2 milhões

177 milhões

América do Norte

13 milhões

85 milhões

Oceania

1 milhão

9 milhões

Com a escolha de Francisco, o primeiro Papa latino-americano, os cardiais enviaram a clara mensagem de que o futuro da Igreja se encontra no Sul Global (América Latina, África e Ásia). Esse pensamento foi confirmado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Ao comentar a escolha do novo Papa, ele afirmou que a nomeação “é uma indicação da força e vitalidade de uma região que está progressivamente dando forma ao nosso mundo”.12 O centro de gravidade do Cristianismo mudou e isto também está acontecendo dentro do Adventismo. Mudança de Polaridade no Centro do Adventismo Desde o seu primórdio, os Adventistas do Sétimo Dia sempre viram a si mesmos como um movimento profético de restauração da verdade (Ap. 10:11), levantados por Deus como o Remanescente no tempo do fim (Ap. 12:17), para proclamar o Evangelho eterno a todos os habitantes deste planeta (Ap. 14:6-12). Esse discernimento profético tem levado o movimento adventista até os recantos mais remotos da Terra e tem feito da Igreja Adventista do Sétimo Dia uma das organizações religiosas que mais cresce atualmente.13 Em seu período inicial, especialmente, a formação dessa autoimagem, que chama atenção para o papel único do movimento adventista na história do Cristia-

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nismo, foi de suprema importância para criar um clima espiritual propício ao trabalho missionário.14 Em 1853, Ellen White foi uma das primeiras a dizer que a missão adventista tinha relevância para o mundo quando se referiu a esta tarefa como “a última mensagem de misericórdia a ser dada a um mundo culpado”15. A partir de então, outros passaram a usar a mesma linguagem para se referir à mensagem a ser proclamada pelo Remanescente. Contudo, durante a década de 1850, o conceito de missão mundial dentro do Adventismo se referia apenas à América do Norte. Para eles, os Estados Unidos eram compostos de imigrantes de quase todas as nações, e quando os imigrantes Europeus começaram a aceitar a mensagem, alguns entenderam que a pregação do Evangelho eterno a todas as nações estava se cumprido dentro dos Estados Unidos. O passo seguinte foi a publicação de literatura em alemão, francês e em holandês para circular na América e ser levada por parentes para a Europa. Em 1859, S. E. Armstrong, da Irlanda, foi um dos primeiros a aceitar a mensagem adventista na Europa.16 Foi somente na década de 1870 que o texto de Apocalipse 10:11, “importa que profetizes outra vez a muitos povos, nações, línguas e reis”, passou a ser entendido como uma missão de extensão mundial. Em 1872, Tiago White declarou que “os Adventistas

passaram a existir e foram levadas avante graças do Sétimo Dia estavam vários anos atrasados em reao trabalho incansável destes irmãos que, com lação às portas que a providência divina tinha aberdesprendimento, aceitaram erguer os fardos onde to”.17 Ellen White insistiu com veemência para que quer que fossem encontrados. publicações fossem impressas em outras línguas e Essa visão continua sendo transmitida de geraque os jovens se dedicassem aos estudos de línguas ção em geração. Na Andrews University, as crianças estrangeiras para que “Deus os usasse como instruque participam nas classes da Escola Sabatina são mentos para proclamar a salvação a outras nações”18. inspiradas todos os sábados a escolherem a vida A Conferência Geral de 1873 confirmou o inmissionária. Elas são chateresse na missão entre países madas à frente da classe e de fala não inglesa. A demanda “O Adventismo da América do são vestidas como médicos, por missionários cresceu e, para Sul tornou-se uma das melhodentistas, advogados, evanatendê-la, foi tomada a decisão res expressões do Adventismo gelistas, etc. Enquanto isso, de estabelecer uma escola demundial em sua manifestação as demais crianças cantam: nominacional em Battle Creek, teológica, pastoral, financeira “Missionary, go, go!” (Vá, vá, Estados Unidos.19 Em 1874, a e estrutural. Agora, a pergunmissão adventista continuou a missionário). Um missionário ta vital é: Por que Deus está expandir. Os relatórios indicam “de verdade” conta semanalfazendo isso”? que, como resultado da distribuimente a “história missionáção de literatura, pessoas do sul ria” enquanto mostra objetos dos EUA, Dinamarca, Suíça, Noe curiosidades sobre o local ruega, Suécia, Alemanha, Itália, França, Espanha, que está sendo apresentado. Programas acadêmicos Inglaterra, México e Austrália haviam começado a de várias áreas oferecem viagens missionárias de guardar o sábado. Além disso, pedidos de literatucurta duração como parte do currículo e assim eles ra continuavam chegando da Irlanda, China, Escóvão mantendo viva a visão. cia e Nova Zelândia. Contudo, o mesmo fenômeno observado no CrisFinalmente, em 15 de setembro de 1874, J. N. tianismo em geral está acontecendo dentro do AdAndrews foi enviado para a Europa como o primeiventismo. A Igreja Adventista do Sétimo Dia esta se ro missionário da organização. Nos anos seguintes, movendo do Ocidente para o Sul Global, onde a maiomissionários continuaram a ser enviados dos Esria absoluta dos seus membros vive. Apesar de ter a tados Unidos e Europa, e no início do século XX, a sua origem nos Estados Unidos, a Igreja cresce duas Igreja Adventista do Sétimo Dia já havia se tornado vezes mais rápido no exterior. Em 1915, o total de um movimento de extensão mundial. membros da Igreja era de 136.879 e 56% dos advenAssim como nas demais denominações cristãs, tistas vivia na Divisão Norte Americana. Atualmente, os adventistas do ocidente sempre viram a si mesa população adventista é de 17.479.890 e o percenmos como os responsáveis pela defesa e expansão tual de membros da Divisão Norte Americana é de da mensagem adventista. Ao longo de toda a histó6,5 %. O mapa na página seguinte apresenta uma ria do movimento, a teologia e a missão adventistas comparação entre o número de membros em 1915

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O Adventismo Mundial Moveu-se em Direção ao Sul Global ao Longo do Último Século Atualmente 87% da população Adventista vive na América Latina, Africa e Ásia e este número cresce a cada ano. Apesar de ter a sua origem nos Estados Unidos, hoje a Igreja cresce duas vezes mais rápido no exterior.

2010 EUA 1.060.499

Norte America 1.142.039

Europa 418.118 FRANÇA 62.956

MEXICO 674.755

RUSSIA 491.979

ALEMANHA 35.195 ITALIA 60.506

GUATEMALA 219.265

América Latina 5.579.841

COLOMBIA 285.229

Ásia 3.286.914 NIGERIA 285.660

REPUBLICA DOMINICANA 274.932

TANZANIA 415.250

VENEZUELA 233.297

BRASIL 1.267.738

CHILE 121.548

KENIA 680.257

Oceania 432.169

REP. DEM. DO CONGO 530.523

EQUADOR 40.942

PERU 433.131

ANGOLA 391.394

ARGENTINA 109.263

Leganda do mapa:

· O mapa apresenta uma comparação entre o número de adventistas por continente em 1915 e em 2010. · Países com maior representativide numa região são

ZAMBIA 718.759

Norte America 77.735

Europa 37.617 Ásia 5.204

América Latina 7.267 Fonte: General Conference World Church Statistic. Acesse http:// docs.adventistarchives.org//docs/ASR/ASR2010.pdf#view=fit

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ÁFRICA 6.539.168

1915

apresentados individualmente

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FILIPINAS 713.219

UCRANIA INDIA 61.404 1.524,870

SPAIN 15.801

HAITI 359.019

CHINA 393.280

ÁFRICA 13.084

Oceania 5.967

e em 2011 por continentes. Uma das características Mudança de Paradigma no Adventismo do Sul Global mais marcantes do Adventismo é a maneira como Thomas Kuhn, historiador da ciência, desena Igreja se estabelece numa nova localidade. Dife- volveu na década de 1960 a teoria da mudança de rentemente da maioria das denominações cristãs, paradigma. Para ele, a ciência não cresce cumulao Adventismo utiliza uma abordagem integral. Isso tivamente, mas mediante revoluções.21 Em outras significa que o nosso interesse não está em apenas palavras, o progresso da ciência não se deve ao uma área específica. Atualmente, as organizações acúmulo de informação e pesquisa, mas ao desenmissionárias das várias denominações colocam o seu volvimento de um novo modelo ou estrutura teórica, foco em uma das áreas a seguir: aliviar o sofrimento chamados por Kuhn de paradigma. humano; diminuir a diferença entre ricos e pobres; Ele define paradigma como o “conjunto de crenças, ajudar as pessoas a viverem mais e melhor, prover valores e técnicas, compartilhadas pelos membros de acesso à educação e pregar o Evangelho em locais de determinada comunidade”22. O processo de mudança difícil acesso. de paradigma acontece quando um grupo de pessoas O Adventismo não se limita a um segmento espe- começa a perceber a realidade de maneira diferente e cífico mas traz consigo o ideal de estabelecer além busca um novo modelo para solucionar as necessidade congregações, instituições de educação, saúde, des vigentes. publicações, mídia, alívio e desenvolvimento. Esse No Adventismo, qualquer mudança de paradigma tem sido o grande diferencial do Adventismo e é só pode acontecer com base no Evangelho eterno e exatamente por isso que essa é uma das melhores por causa dele23, pois proclamar o Evangelho eterno formas de avaliarmos a força e a vitalidade do Ad- (Ap. 14:6-12) no tempo do fim a cada habitante deste ventismo numa região. planeta é a própria razão da existência do movimenDentro do Sul Global, para onde o Adventismo está to.24 se movendo de maneira cada vez mais consistente a Até agora, o Adventismo do Ocidente tem assucada ano, a Divisão Sul Americana, especialmente o mido a responsabilidade de executar essa tarefa em Brasil, tem se destacado progressivamente. O último toda a sua extensão. Graças à coragem, esforço e relatório estatístico anual da investimento deles hoje a Igreja Conferência Geral mostrou adventista existe na América que o total de vendas da Casa Latina, África e Ásia. Ao mesmo “No Adventismo, qualquer Publicadora Brasileira é maior tempo, o paradigma vigente nesmudança de paradigma só tas regiões é que a responsabido que o de todas as publicapode acontecer com base no lidade de expandir o Adventismo doras dos Estados Unidos e Evangelho eterno e por causa e proclamar o Evangelho eterno da Europa juntas. A Universidele, pois proclamar o Evana cada habitante deste planeta dade Adventista de São Paulo gelho eterno (Ap. 14:6-12) no de fato pertence a eles. A nossa é a instituição educacional da tempo do fim a cada habitante responsabilidade é proclamarIgreja com o maior número de deste planeta é a própria razão mos o Evangelho eterno aqui alunos. da existência do movimento.” ande estamos. Com mais de 1,2 milhão Entretanto, 88% da população de membros, o Brasil é o país adventista vive no Sul Global e as com a segunda maior população adventista, ficando atrás apenas da Índia. Mais evidências confirmam que nesta área, nenhuma região de 200 pastores são incorporados à organização anu- possui a força e a vitalidade do Adventismo da América almente e, para atender a essa demanda, um novo do Sul, especialmente do Brasil. Por isso, chegou a hora Seminário de Teologia será aberto dentro de alguns de iniciarmos o processo de mudança de paradigma em meses no Sul do Brasil. A Rede Novo Tempo de Co- nossa prática da missão. Parece que a missão mundial não tem sido uma municação já ocupa uma posição de destaque no Adventismo mundial. A Divisão Sul-Americana possui a preocupação maior para nós, até aqui. Na maior parte segunda maior arrecadação de dízimos e o terceiro do tempo, parece que estamos ocupados demais com as nossas prioridades locais para enxergarmos toda maior número de hospitais e sanatórios.20 O Adventismo da América do Sul tornou-se uma a extensão do campo missionário. Chegou a hora de das melhores expressões do Adventismo mundial enxergarmos o mundo, objeto final do interesse de em sua manifestação teológica, pastoral, financeira Deus, como nossa responsabilidade. Chegou a hora de e estrutural. Agora, a pergunta vital é: Por que Deus pararmos de pensar naquilo que podemos receber do está fazendo isso? Ocidente para começarmos a pensar naquilo que po-

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demos dar. Dentro do Adventismo mundial, a igreja na América do Sul possui hoje as melhores condições para levar avante o papel único designado por Deus ao Remanescente. A Igreja nos Estados Unidos está enfrentando ultimamente o relativismo pós-moderno do lado de fora e uma compreensão “genérica” de si mesma do lado de dentro, e precisa do profundo compromisso com a teologia e a mensagem Adventista tão presentes na Igreja da América do Sul. A Igreja na Europa, em alguns lugares envelhecida e cansada, pode se beneficiar da explosão de vitalidade e criatividade da jovem Igreja Sul-Americana. O mundo mulçumano pode ver na prática o que significa ser cristão através do testemunho de nossos estudantes, médicos, engenheiros ou comerciantes vivendo entre eles. A Igreja da África pode fazer ainda mais e melhor para Deus utilizando a estrutura organizacional e administrativa bem estabelecida da América do Sul.

Conclusão Ao longo do século XX, o centro de gravidade do cristianismo mundial mudou do Ocidente para o Sul Global, onde atualmente a maioria da população cristã vive. O mesmo fato foi observado dentro do Adventismo do Sétimo Dia. Nesse mesmo período, a América do Norte progressivamente substituiu a Europa como a base do movimento missionário mundial a partir do Ocidente.25 Deus criou todas as circunstâncias necessárias para que o Adventismo da América do Sul se tornasse uma mas melhores expressões do Adventismo mundial em sua manifestação teológica, pastoral, financeira e estrutural. É exatamente por isso que esta região tem as melhores condições de substituir progressivamente a América do Norte como base do movimento missionário mundial dentro do Adventismo. O movimento adventista foi levantado por Deus para desempenhar um papel único na história do Cristianismo: proclamar, como o profeta Elias, a mensagem de completa restauração “dos princípios que são o fundamento do Reino de Deus”26; e, como João Batista, proclamar “no espírito e poder de Elias” a mensagem de advertência e esperança que vai preparar o mundo para a volta de Jesus. Isso não significa que os adventistas se consideram melhores que os demais cristãos. Significa apenas que eles foram chamados por Deus para desempenhar uma tarefa específica no tempo do fim. Como parte do povo Remanescente, você tem um papel a desempenhar na execução dessa tarefa. Deus espera que você esteja preparado e se coloque à disposição para ir onde Ele mandar. Como líder do povo Remanescente, você é chamado a trabalhar dentro do “divino princípio de cooperação”27, aproveitando as circunstâncias maiores que Ele tem providenciado e criando as circunstâncias menores dentro da sua esfera de ação para que esta missão seja levada avante até os confins da Terra. Vamos trabalhar?

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1. http://exame.abril.com.br/economia/noticias/brasil-e-o-mercado-imobiliario-mais-efervescente-do-mundo 2 http://www.stussi-neves.com/portugues/noticias/ver_noticias.asp?id=115 3 http://www.pt.org.br/noticias/view/mercado_brasileiro_e_terceiro_mais_importante_do_mundo_afirma_empresariado 4 http://www.urbandictionary.com/define.php?term=western%20countries 5 WALLS, Andrew. The Cross-Cultural Process in Christian History. (MaryKnoll, T&T Clark, 2002), p. 57. 6 STANLEY, Brian. The World Missionary Conference, Edinburgh 1910. (Grand Rapids, Williams B. Eermdmans Publishing Company, 2009), p. 91. 7 Idem, p. 99. 8 WALLS, Andrew. The Cross-Cultural Process in Christian History. (MaryKnoll, T&T Clark, 2002), p. 52. 9 KIM, Elijah. The Rise of the Global South. (Eugene, WIPF & SOTCK, 2012), p. xxiv. 10 JENKINS, Philip. The Next Christendom. (New York, Oxford University Press, 2007), p. 2. 11 http://www.nytimes.com/interactive/2013/02/11/world/europe/the-catholic-church-shifted-southward-over-the-past-century.html 12 http://www.nytimes.com/2013/03/14/world/europe/cardinals-elect-new-pope.html?pagewanted=all&_r=0 13 http://usatoday30.usatoday.com/news/religion/2011-03-18-Adventists_17_ST_N.htm 14 DAMSTEEGT, Gerard. Foundations of the Seventh-Day Adventist Message and Mission. (Berrien Springs, Andrews University Press, 1997), p. 243. 15 WHITE, E. G. To The Saints Scattered Abroad. Review and Herald, 17 de fevereiro de 1853. Citado em Gerard Damsteegt, Foundations of the Seventh-Day Adventist Message and Mission, p. 280. 16 DAMSTEEGT, Gerard. Foundations of the Seventh-Day Adventist Message and Mission. (Berrien Springs, Andrews University Press, 1997), p. 282. 17 Idem, p. 243. 18 Idem, p. 289. 19 Esta escola foi mudada para Berrien Springs, MI, e foi chamada de Emmanuel Missionary College. Em 1958, recebeu o nome de Andrews University, uma referência a J. N. Andrews. 20 http://docs.adventistarchives.org//docs/ASR/ASR2010.pdf#view=fit 21 KUHN, Thomas. The Structure of Scientific Revolutions. (Chicago, The University of Chicago Press, 2012), pp. 1-9. 22 Idem, p. 175. 23 BOSCH, David. Missão Transformadora. (São Leopoldo, Editora Sinodal, 2007), p. 234. 24 Para Ellen White, “a mensagem dos três anjos de apocalipse 14:6-12 é a mensagem do evangelho para estes últimos dias”. Veja E. G. White, Testimonies, vol. VI, p. 241. 25 WALLS, Andrew. The Cross-Cultural Process in Christian History. (MaryKnoll, T&T Clark, 2002), p. 197. 26 WHITE, E. G. Profetas e Reis. (Tatuí, Casa Publicadora Brasileira, 1999), p. 678. 27 Idem, p. 478.

SILVANO BARBOSA

O pastor Silvano Barbosa é o editor da revista Foco na Pessoa. Graduou-se em Teologia no IAENE em 1998 e concluiu o mestrado em Teologia Pastoral no UNASP, em 2010. Atualmente está cursando o PhD em Missão e Ministério na Andrews University. Foi pastor distrital por cinco anos nas associações Paulista Leste e Mineira Sul. Também atuou no sul de Minas como Secretário Ministerial e departamental de Publicações por três anos. Em seguida, serviu por quatro anos como departamental de Ministério Pessoal e Escola Sabatina nas associações Norte Paranaense e Paulista Central. É casado com a enfermeira Lea Sampaio, com quem tem dois filhos, Davi e Liz.

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