A Busca da Luz. Cerimônias e Celebrações à Luz e Glória de Deus

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A Busca da Luz. Cerimônias e Celebrações à Luz e Glória de Deus.

ANA LUIZA PASOTTI DAMASCENO

São Paulo 2015

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A Busca da Luz. Cerimônia e Celebrações à Luz e Glória de Deus. Ana Luiza Pasotti Damasceno 1 Resumo: Este artigo tem como objetivo mostrar a permanência das celebrações da busca da Luz, manifestações em diversas culturas desde sua fundação, sob um novo paradigma, baseado em seus ritos iniciais e na construção de uma religiosidade cristã e autônoma, assimilando características fundamentais de cerimônias de diversos povos. Exemplo dessa permanência de devoção à luz, temos na existência, até os dias atuais, de um mosteiro feminino totalmente voltado ao culto de Nossa Senhora da Luz desde a sua fundação no século XVII.

Palavras chave:– Cerimônias, Comemorações, Festivais, Luz, Devoção, Nossa Senhora da Luz, Arquitetura, Cidade, Arte. Introdução No caminhar pela história os homens sempre buscaram o conhecimento do seu mundo interior; consequentemente, vários povos em diferentes épocas celebravam cerimônias com o propósito de alcançar “a luz e a glória de Deus”. Se retornarmos ao passado, aos tempos imemoriais, esta busca do autoconhecimento esta presente em todos os momentos da trajetória e de todos os povos conhecidos. Podemos encontrar estes símbolos nas populações europeias, como, por exemplo, na Inglaterra e na Escócia, em suas tradições mais antigas das festas e festivais, que atravessam o tempo desde o período neolítico. Estas tradições, seu folclore e ritos demarcam e norteiam os fluxos dos plantios e das colheitas, assim como os marcos astrológicos e astronômicos da natureza, tão sensíveis para aquele momento. Para essas celebrações foram criados sítios e locais especiais e específicos, para celebrar eventos do semear flores, plantar as sementes, colher os alimentos para sua subsistência, comungando com os próprios fenômenos e movimentos de Equinócios e Solstícios da Terra. Este movimento de busca interior dos homens, pouco a pouco se encaminhou para tradições e festivais de grupos e povos que, por estarem tão arraigados, a própria humanidade não tem conhecimento do princípio e da fonte que originaram. Segue apenas o impulso da busca e percorrendo os vestígios dos caminhos trilhados anteriormente. Esta procura não é potente, marcante ou distorcida, é uma chama que impulsiona de seu interior para o seu exterior em convívio social. Observamos nas diferentes tradições, festivais e ritos que se mantém até os dias de hoje, como que uma chama orientadora, sempre no sentido de impulsionar do interno para o externo uma permanência desses ritos. Vamos explorar estas festas?

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Decoradora de Interiores, Comunicação Visual, Pós-graduação Restauro de Arquitetura. [email protected]

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Comemorações e Festivais Chegam a nós comemorações dos Festivais Celtas ou Roda do Ano (As oito faces da deusa) simbolizando a concepção de tempo circular e cíclico dos povos pagãos e celtas, utilizando o ciclo solar e lunar, bem diferente da atual. Dando importância às duas divindades: Deusa Mãe ou “Deusa”, que simboliza a Terra e Deus. Os oito festivais: 1. Imbolc ou aka Candlemass (01 ou 02 de Fevereiro) Princípio da Primavera; 2. Ostara (21/22 de Março) Equinócio da Primavera; 3. Beltaine ou aka May Eve (30 de Abril ou 1º de Maio) Pleno florescimento da Primavera; 4. Litha (21/ 22 de Junho) Solstício de Verão; 5. Lughnasadhaka ou Lammas (festa agrícola 1º/02 de Agosto) A colheita de grãos; 6. Mabon ou aka Modron (21/22 de Setembro) Equinócio de Outono, Colheita de frutas; 7. Samhain ou aka Halloween (31 de Outubro) Morte e ancestrais e 8. Yule ou Yuletide (21/22 de Dezembro) Solstício de Inverno. Festival Gaélico ou Festa de Santa Brígida, chamado Imbolc, Imbolg ou Oilmec, comemorado na Irlanda, Escócia e Ilha de Man; é comparável à Festa Romana da Lupercalia. *As datas correspondem ao hemisfério norte. (Fonte: pt.wikipedia.org/wiki/Imbolc) (Figuras 1 e 2).

Figura 1: Roda do Ano. Fonte: pt.wikepedia.org/wiki/Imbolc

Figura 2: Festivais do ano (Museu Cornualha, Reino Unido) Fonte: pt.wikepedia.org/wiki/Imbolc

Festa Dia da marmota, Groundhog Day (02 de Fevereiro), Estados Unidos e Canadá, tradição em que as pessoas observam uma toca do animal chamado marmota, e se ela sair da toca pelo dia estar nublado, isso significa que o inverno terminará mais cedo, porém, se pelo contrário, o sol estiver a brilhando e o animal se assustar com a sua sombra e voltar para a toca, então o inverno durará mais seis semanas. (Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/) Festival judaico das luzes ou Inauguração, Chanukah, Chanucá, Hanuka (25º dia de Kislêv), com duração de 08 dias, tem este nome em comemoração de 24 de dezembro até 03 de fevereiro, ao fato histórico de que os macabeus "chanu" descansaram das batalhas no "cá" 25º dia. (Fonte: www.pt.chabad.org/library/article) (Figura 4)

4 Festival religioso Hindu, Diwali, Deepavali – comemorado pelos: Hinduísmo, Budismo, Jainismo, Sikihismo. É o festival das luzes que, desde século XVI, marca a última colheita do ano. Inicia-se no 1º dia do mês lunar chamado pelos indianos de Kartika, (outubro e novembro). Tem como simbolismo “a vitória do bem sobre o mal dentro dos seres humanos”, do período cultuado quando a Índia era uma sociedade agrícola e buscava bênçãos de Lakshmi, a deusa da riqueza. (Fonte: www.hoya.com.br/blog/diwali-o-incrivel-festival-de-lu zes-da-india) (Figura 5)

Figura 4: Chanukah, judeus.

Figura 5: lâmpadas diya, Índia

Festas das Iluminações, Sede des Lumières, desde a Idade Média venera-se a Santa Mãe de Deus, data religiosa cristã que homenageia o seu nascimento (quatro dias próximos ao dia 08 de dezembro) manifestação colocando velas coloridas na janela, soltam fogos de artifício e fogos de Bengala, nas montanhas de Lion, França. (Fonte: pt.wikipedia.org/wiki/Festival_das_Luzes_Lyon) (Figura 6) Festival das luzes, Berlim (19 de fevereiro a 19 de março, iniciou em 2004) montam velas com arte e iluminam com luzes coloridas o Portão de Brandemburgo. Festival das lanternas e Luzes, Yi Peng e Loi Krathong, Tailândia (05 a 25 de fevereiro) luzes dentro de flores de lótus em oferta à Longevidade, realização dos desejos e libertação dos pecados e homenagem a Buda. Yi Peng na cidade de Chiang Mai e ilhas do país, quando as pessoas soltam lanternas com velas, e cada lanterna significa um desejo. A data deste festival é anunciada com apenas algumas semanas de antecedência. (Fonte: www.hypeness.com.br/2014/10/os -magicos-festivais-de-lanternas-da-tailandia) (Figura 7)

Figura 6. Lumignons na janela, Lion.

Figura 7. Festival-Chiang-Mai, Tailândia

Estas são algumas festas, festivais e cerimônias de manifestações populares que chegaram aos nossos dias e nos apresentam variados ritos religiosos, revelando cada um ao seu modo, esta força que impulsiona os homens à Luz.

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Cerimônia de Candlemanss Aqui chegamos ao nosso ponto de interesse, que assume diversos nomes: as festividades de Candlemanss, ou Festa da Candelária – Festa da Iluminação, "Festa de Purificação da Virgem Maria", Mariä Lichtmess (alemão); Dia de la Virgen de la Candelaria (espanhol); Candelaria (inglês), Apresentação de Cristo no templo (Encontro do Senhor); Présentation de Jésus au Temple (francês). É uma das cerimônias menos conhecidas na religião cristã, já nas igrejas evangélicas não colocam muita atenção a este respeito, enquanto igrejas anglicanas, católicas e ortodoxas gregas as colocam em alta estima, porque possui um embasamento muito interessante que nos leva às análises ainda mais diversificadas. Candlemass, que deriva das cerimônias celtas, ritual do fogo, das velas e da luz, é a prova das tradições, ritos e saberes antigos que permaneceram entre os povos europeus no decorrer dos tempos. Adicionando a etimologia da palavra indo-europeia nos indica a palavra Kand- Brilhar, Emitir Luz; o mesmo em Sânscrito Cand; Kandaros- em grego, Carvão, já que ele emite luz e calor quando aceso; Candere- em latim, Ser brilhante, branco, queimar; Candeia ou Candela em espanhol- vela, tocha. (Fonte: http://origemdapalavra.com.br/site/artigo/velas -candidatos-inocencia/).

Para tanto, já nas festas religiosas cristãs, a homenagem à purificação da Virgem Maria com velas ou tochas, nos remete ao final do século V como uma homenagem a Luz da glória de Deus, que se revelou em Cristo, Jesus. Os mais antigos testemunhos conhecidos na Igreja são do ano 496 DC, com o Papa Gelásio I, (49º papa de 492 a 496), que instituiu o código (Migne, Missale Gothicum, 691) formatando funções e ritos das igrejas, e para suprimir os exageros da festa da Lupercalia, citada anteriormente. Em 542 DC o Imperador Justiniano ordenou que a Igreja Oriental (Bizantina) passasse a comemorar o Festival Hypapante, a Reunião, até então realizada após dia 25 de janeiro, data da conversão de São Paulo, antes do dia 22 de fevereiro, a festa do trono de São Paulo, sinalizando o término da Epifania. (Fonte: www.newadvent.org/cathen/03245b.htm ) Nos textos bíblicos encontramos as leis mosaicas em: Levítico 12: 1 a 4 – “A Purificação depois do parto – E o Senhor falou a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel, e lhes dirás: Se uma mulher tendo concebido, der à luz um menino, será impura sete dias, como nos dias de separação menstrua. E no oitavo dia, será o menino circuncidado: ela, porém, permanecerá trinta e três dias a purificar-se do seu sangue. Não tocará coisa alguma santa, nem entrará no santuário, até se completarem os dias da sua purificação”. 12:8“Se ela, porém, não tiver com que possa oferecer um cordeiro, tomará duas rolas ou dois pombinhos, um para holocausto, outro pelo pecado; e o sacerdote orará por ela, e assim será purificada”.

Nestes parágrafos das leis e diretrizes do velho testamento esclarece, onde Maria como mãe, por quarenta dias se recolhia e se purificava para depois entrar no templo no dia da Celebração da Apresentação de Jesus menino e no trecho seguinte a oferenda do holocausto dos pombos para sua purificação. Nas consagrações latinas da igreja Católica, A Apresentação de Jesus no Templo é o quarto Mistério Gozoso do Rosário, e com o Concílio Vaticano II, esta festa passa a ser a “Apresentação do Senhor”. Nos textos bíblicos em: Lucas 2:22-40 - Circuncisão e apresentação no templo – 22

“E, depois de que foram concluídos os dias da purificação de Maria, segundo as leis de Moisés levaram-no a Jerusalém para apresentarem ao Senhor, 23 segundo o que esta escrito na lei do Senhor: Todo o varão primogênito será consagrado ao Senhor; 24 e para oferecerem em sacrifício, conforme o que (também) está escrito na lei do Senhor, um par de rol as ou dois pombinhos. 25 Ora havia então em Jerusalém um homem chamado Simeão, e este homem justo e temente e esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava nele. 26 E tinha-lhe sido revelado pelo Espírito Santo que não veria a morte, sem ver primeiro o Cristo (ungido) do Senhor. 27 E foi ao templo (conduzido) pelo Espírito. E, levando os pais

6 o Menino Jesus, para cumprirem segundo o costume da lei a seu respeito, 28 ele também o tomou em seus braços, e louvou a Deus, dizendo: 29 Agora, Senhor, deixas partir o teu servo em paz, segundo a tua palavra; 30 porque os seus olhos viram a tua salvação, 31 a qual preparaste ante a face de todos os povos, 32 luz para iluminar as nações, e glória de Israel, teu povo... 36 Havia também uma profetisa Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser; estava em idade muito avançada, ... e viúva de oitenta e quatro anos; e não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia com jejuns e orações. Ela também, sobrevindo nesta mesma ocasião, louvava o Senhor, e falava do menino a todos os que esperavam a redenção de Israel”.

A consagração do primogênito, ou seja, a apresentação de Jesus no templo elucida um fato muito interessante, porque neste momento Maria é consagrada como a Mãe do Cristo Jesus e com o testemunho de Simeão e Ana as escrituras são corroboradas. Na profecia Simeão declarou que Jesus veio para ser a salvação do Senhor e "uma luz para iluminar as nações e glória do povo Israel". Esta passagem continua a ser o foco da festa. Durante a Candelária, as velas são abençoadas, iluminando a procissão em comemoração a Jesus que é a luz do mundo. (Fonte: www.sharefaith.com/guide/Christian-Holidays/candlemass.html).

. Nunc dimittis

Cântico de Simeão

La ti m (Vulgata)

Nunc dimittis servum tuum, Domine, secundum verbum tuum in pace: Quia viderunt oculi mei salutare tuum Quod parasti ante faciem omnium populorum: Lumen ad revelationem gentium, et gloriam plebis tuae Israel. Português (Tradução) Agora tu, Senhor, despedes em paz o teu servo Segundo a tua palavra; Porque os meus olhos já vi ram a tua s alva ção, A qua l preparaste ante a face de todos os povos: Luz pa ra revelação aos gentios, E glória do teu povo de Israel.

Figura 8. Antífona de “Nuc dimiiitis”, nas Très Riches Heures du Duc de Berry, Musée Condé, Chantilly. (Fonte: pt.wikipedia.org)

No período de 634 a 638 DC, Sophronius, Patriarca de Jerusalém e teólogo proeminente, propagou o valor da celebração em seu sermão, afirmando: "Nossas velas brilhantes são um sinal de esplendor divino de quem vem para expulsar as sombras escuras do mal e para fazer todo o Universo radiante com o brilho de sua luz eterna. Nossas velas também mostram o quão brilhante nossas almas devem ser, quando vamos ao encontro de Cristo". As velas são consideradas “a representação da luz interior de Cristo, que ele trouxe para distribuir com os homens”. No Catolicismo romano os aspectos mais demonstrados das cerimônias de Candlemass são os rituais da purificação de Saint Mary the Virgin, sendo que a Festa das Esposas é celebrada nas igrejas anglicanas, momento especial para as mulheres confraternizarem e festejarem. (Fonte: www.sharefaith.com/guide/Christian-Holidays/candlemass.html)

Outro ponto importante, que ressaltamos, é que a Festa da Candelária, (Festa Imbolc, em 02 de fevereiro ), no ponto médio entre o Solstício de Inverno e o Equinócio da Primavera; e nos ritos religiosos católicos são precisamente quarenta dias após o Natal e se estendem até o Domingo de Páscoa. Coincide a data com o Dia da Marmota, tradição americana já descrita. Candelária é o dia de Luz e Esperança até hoje; neste momento os homens são convocados para reverenciar o Senhor como “Luz do Mundo” e para recordarmos também da nossa “Luz Interior”.

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Benção das Velas, procissão e adereços O Papa Sérgio (687-701) foi quem introduziu a procissão no dia 02 de fevereiro. Por convenção no Missal Romano o celebrante, depois do Terço, vestindo uma estola de cor roxa que está na epístola ao lado do altar, abençoa as velas, que devem ser de cera de abelha. Tendo cantado ou recitado as cinco orações prescritas, ele borrifa e incensa as velas. Então, distribui as para os clérigos e leigos, enquanto o coro canta o cântico de Simeão, "Nunc dimittis". Estas velas que são acesas durante a Candelária simboliza “Jesus como a Luz do Mundo”. A procissão é mantida em 02 de fevereiro, mesmo quando a missa da festa é transferida para 03 de Fevereiro. Antes da reforma do Concílio Vaticano II, a liturgia era celebrada em Latim; e a procissão, durante a Idade Média era diferente, o clero saia da igreja e visitava o entorno e o cemitério da igreja. Atualmente a procissão é feita dentro da igreja. (Fonte: www.sharefaith.com/guide/Christian-Holidays/candlemass.html.)

Figura 9. Flores: Snowdrops, galanthas nivalis.

As flores Candelaria Bells, também conhecidas como Candelaria Sinos, simbolizam a Esperança, segundo a crença cristã. Acredita-se que quem colhe um ramo destas flores, que brotam no inicio do ano, e as coloca em sua casa até alguns momentos antes da data da Candelária, obterá uma “Purificação no ambiente”. Os cristãos veem as flores como representação de Jesus Cristo, Esperança para o mundo. (Fonte: www.canstockphoto.com.br)

História dos “Campos da Luz” na cidade de São Paulo Acompanhando os passos de nossos antepassados descobridores, sempre se movimentando e explorando nossa terra-brasilis, pelo caminho definiam e se defrontavam com as novas terras, espaços e rumos a percorrer, mas traziam consigo tradições arraigadas para este território virgem. No inicio da história da organização urbana da vila de São Paulo manteve-se ainda um arruamento e conservação de vias públicas estreitas, simples com pouquíssimos veículos e sem muita pavimentação. A principal via esboçada nesta época era a Rua São Bento e os outros dois caminhos de acesso, Rua do Rosário e Rua Direita, formando o reconhecido Triângulo central da primitiva vila. A Câmara compromete-se em 1571 a demarcar o rocio. Em 1598 amplia nova área de alcance de cinco tiros de besta ao donatário, fazendo concessões para que os residentes pudessem executar benfeitorias e quintais. Os requerentes afirmavam ter “ajudado na defesa da terra”, e os favorecidos pagavam pequenas quantias à Câmara. Nas primeiras construções foi fixado um código de obras, proibindo a execução de qualquer casa sem alicerces. E proibia também o corte de pinheiros sob grave multa. Já em 1590 a vila adota melhor aparência, com coberturas de sapé e telhas. O colégio jesuítico logo tomou um aspecto mais vultoso. Entre os novos moradores encontramos em 1594 Domingos Luís, o Carvoeiro, que levanta um alinhamento de casas de dois pisos em frente à matriz... Este mesmo senhor, que se supõe nascido

8 em Lisboa próximo à Ribeira de Cheleiros na Freguesia de Santa Maria da Carvoeira, casado com Ana Camacho, que nos traz suas tradições, fé, crenças e junto aos seus pertences a imagem de Nossa Senhora da Luz. Nas paragens do Ipiranga (Piranga) edifica uma ermida para esta preciosa imagem de barro cozido policromada. Em 1603 Domingos Luís e sua esposa se mudaram para os Campos do Guaré, local despovoado longe do centro e que se estendia ao norte até o rio Tietê e ao leste até o rio Tamanduateí, onde neste local se encontra até hoje inserida em seu retábulo a imagem tão venerada. Este local com o tempo passou a ser chamado de “Campos da Luz”. Retratada na aquarela do viajante inglês Edmund Pink (1823). Esta capela em ruínas tem, em 1765, pelo então Capitão-Geral Governador de São Paulo, Morgado de Mateus, decreta sua restauração para a festa de Nossa Senhora dos Prazeres, protetora da Casa dos Mateus. Em 1774 inaugura o novo instituto denominado, “Nossa Senhora dos Prazeres do Campo da Luz”. Neste momento o arquiteto, frei Antônio de San’Anna Galvão edifica o novo Convento da Luz (1788) e a Igreja da Luz é terminada em 1802. (TAUNAY, 1953) “E do Largo de São Bento para o norte havia apenas a Estrada do Guaré (rua Florêncio de Abreu). Mas o caminho para esse local da luz ou do Guaré era uma vereda bastante íngreme que só se pensou em suavizar em 1782. Dois anos depois, em 1784, queria o abade de São Bento abrir uma rua do canto da torre dos Beneditinos até o Convento da Luz, para o que já tinha licença da Câmara, só faltando que ela determinasse sua largura” (BRUNO, 1984, vol.1). A construção e reformulação do Convento e Igreja muda a posição das entradas e frontispícios, passando o retábulo original do altar-mor para a Sala Capitular, espaço interno do convento. O retábulo barroco policromado acondiciona no seu interior em cores suaves, a imagem altaneira e elegante da Nossa Senhora da Luz. Possui linhas arquitetônicas definidas com detalhes em ouro brunido. A imagem portuguesa está coroada, segurando o menino Jesus no braço direito e a vela, em cera de abelha, na mão esquerda. Olha para o visitante docemente. Suas vestes apresentam um panejamento todo trabalhado em desenhos pintados em cores e ouro. Observamos também na base da imagem seu nome delicadamente escrito em ouro.(TOLEDO,2007).

Figura 10. Retábulo da Sala Capitular, Nossa Senhora (Fotos: da autora, 2014).

da Luz. Figura 11. Altar do retábulo da Nossa Senhora da Luz

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Considerações Finais Estes passos percorridos em busca de novas terras, e em busca de sua Luz interior, reflete e esparge por onde se move e passa. Nos faz buscar e interrogar pela Candelaria, pelo Candlemass ou por esta Luz que nunca se apaga. Pois é esta Luz que os devotos de todos os povos e etnias buscam em suas tradições e religiões através de sua manifestação espontânea. Luz que remete e bate em cada palavra, em cada som e canto, fazendo com que os sentimentos se expressem no seu caminho. Não temos respostas a estas interrogações, porque cada ser e cada propósito refletira sua intenção. Os povos correm aos templos, vão aos rios, acendem suas velas, soltam seus balões de intenções para imprimir materialmente o que acolhem em seu mais profundo íntimo, na fonte de todo o seu poder de divindade, seu templo sagrado, o seu coração. As tradições e os ensinamentos dos livros sagrados e de todos os conhecimentos reverberados desde tempos imemoriais, nos tocam e inspiram na busca da fonte de estudos para demarcar nossas trajetórias ao futuro. E essas marcas impelem ao caminho da Fé em direção à Luz. Por isso, os homens se manifestam de diversas formas por meio de pinturas, esculturas e das artes em geral. São maneiras de resgatar a fonte desta Sabedoria Interior, que nos move do mais interno a encontrar no simples ato de acender uma pequena chama de luz através de uma vela, deixar

“Brilhar e acender sua Luz e a Glória de Deus em seu coração”.

Figura 12: Detalhe de imagem de Nossa Senhora da Luz. (Foto:Myriam Salomão).

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Referências Bibliográficas BRUNO, Ernani. História e tradições da cidade de São Paulo. São Paulo, Martins, 1953. Volumes I e II. KINDERSLEY, Dorling. Bible lands, Eye Wintness Guides (Festivais). In association with The Britsh Museum. KING, Francis X.. The Encyclopedia of Fortune Telling. LEMOS, Carlos A. C. Alvenaria Burguesa. São Paulo, Nobel, 1989. LIMA DE TOLEDO, Benedito. São Paulo: três cidades em um século . São Paulo, Duas Cidades,1983. LIMA DE TOLEDO, Benedito. Frei Galvão Arquiteto. São Paulo, Ateliê Editorial, 2007. SANTA CASA DA MISERICÓRDIA. Mater Misericordiae. Secretaria-Geral, Museu de S. Roque, Lisboa, 1995. TAUNAY, Affonso de E. História da cidade de São Paulo. São Paulo, Melhoramentos, 1953.

Bibliográfica Complementar – Citações consultadas. APA citação Holweck, F. (1908). Candelária. Em A Enciclopédia Católica. New York: Robert Appleton Company. Retirado 11 de fevereiro de 2016 a partir de Nova Advento: http://www.newadvent.org/cathen/03245b.htm Encyclopædia Britannica. publicação em domínio público. 11ª edição. Fotos do retábulo e da imagem da Nossa Senhora da Luz, cedidos por Myriam Salomão e Autora. MLA citação. Holweck, Frederick. "Candelária". A Enciclopédia Católica.Vol. 3. New York: Robert Appleton Company, 1908. 11 de fevereiro de 2016 http://www.newadvent.org/cathen/03245b.htm

Bibliografia complementar – Sites consultados. . http://www.hoya.com.br/blog/diwali-o-incrivel-festival-de-luzes-da-india/ . http://www.hypeness.com.br/2014/10/os-magicos-festivais-de-lanternas-da-tailandia/ . http://www.newadvent.org/cathen/03245b.htm . http://www.origemdapalavra.com.br/site/artigo/velas-candidatos-inocencia/ . http://www.pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/660390/jewish/Luz-e-Sabedoria.htm. . http://www.pt.wikipedia.org/wiki/Festival_das_Luzes_(Lyon) . http://www.pt.wikipedia.org/wiki/Imbolc . http://www.pt.wikipedia.org/wiki/Sofr%C3%B4nio_de_Jerusal%C3%A9m#Obras . http://www.sharefaith.com/guide/Christian-Holidays/candlemass.html . http://www.iStockphoto.com / gaspr13

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