A canção italiana, na cidade de São Paulo: memória e nomadismo

July 17, 2017 | Autor: H. de Araújo Duar... | Categoria: Musicology, Paisagem Sonora, SEMIOTICA MUSICAL, Musica Italiana
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XXII Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música – João Pessoa – 2012

A canção italiana, na cidade de São Paulo: memória e nomadismo Heloísa de Araújo Duarte Valente CMU/ECA-USP; UMC; CCSA; MusiMid [email protected] Resumo: Esse texto descreve a metodologia adotada no desenrolar das investigações sobre canções de origem tradicional e suas relações com a mídia desenvolvidas pelo MusiMid. No presente caso, a canção de origem italiana, na capital paulista, sua presença junto à comunidade ítalo-descendente e suas repercussões na paisagem sonora local Tendo como base inicial um repertório audiovisual, e bibliográfico, além de depoimentos pessoais, analisam-se relações entre audiência e memória, identidade, pertencimento, permanência de repertório e artistas na paisagem sonora local. Palavras-chave: mídia, canção italiana, São Paulo (cidade). Title of the paper in English: The Italian song in Sao Paulo city: memory and nomadism Abstract: This paper describes the methodology adopted in the course of the investigation of traditional and original songs of their relations with the media developed by MusiMid. In the present case the song of Italian origin, in Sao Paulo, its presence in the community Italian descent and their impact on the local soundscape Based on an original audiovisual repertoire, and bibliography, as well as personal testimonies, we analyze relationships between the hearing and memory, identity, belonging, permanence of repertoire and soundscape artists in the local

Keywords: media, Italian song, Sao Paulo (city).

1. A canção ítalo-brasileira, na capital paulista: Este texto descreve um projeto de pesquisa, em desenvolvimento, que dá continuidade a um estudo de longa duração, dedicado ao processo de memória e esquecimento da canção tradicional, especialmente aquela trazida pelos imigrantes, em terras brasileiras. Para tanto, conta com a colaboração de especialistas atuantes em diversas áreas do conhecimento. Compõe-se de um documentário e sete subprojetos1. O problema da pesquisa visa responder a questões recorrentes a outros projetos já concluídos e outras específicas, tais como: De que maneira essas canções fixaram raízes na cultura brasileira? Como o mecanismo de apropriação se deu, em momentos subsequentes? Por que processos tradutórios as obras

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O documentário intitula-se: O sole mio! Memória da canção ítalo-brasileira na terra da garoa, a cargo de Thomas Miguez, Heloísa Valente. Os subprojetos são os seguintes: A música italiana na memória coletiva da imigração paulistana: Valéria Barbosa de Magalhães; Al di lá del mare più profondo, Una musica dolce suonava soltanto per me - memória e nomadismo na canção ítalo-brasileira: Heloísa de A. Duarte Valente; Rádio que parla d´amore: memórias do amor romântico e de um país imaginário: Mônica Rebecca F. Nunes; Una musica dolce suonava...: A música (de) italiana(s) e seus percursos na mídia: Ricardo Santhiago; Arriverdi Roma! Memória musical nos programas de rádio: Marta de Oliveira Fonterrada; Con te partirò paesi che non ho mai veduto adesso sì li vedrò... Mundialização e territorialização da canção italiana, pela colônia ítalopaulistana: Márcia Regina Tosta Dias; Una você poco fa...Retrato dos cantores líricos da Rádio Gazeta de São Paulo:Juliana Marília Coli

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originais passaram, de modo a criar suas versões nômades2? Que outros gêneros teriam surgido, a partir delas? Para tanto, cercamo-nos de referências audiovisuais (sobretudo fonográficas) em acervos públicos e pessoais, depoimentos de músicos, ouvintes, produtores de programas e rádio e televisão, além de memorialistas. Esse amplo espectro de fontes permite-nos interpretar elementos constituintes do imaginário, não apenas da usual análise das letras, mas também no aspecto musical, em componentes como instrumentação, andamento, marcação rítmica etc. Não menos importante, para esse estudo, é uma taxonomia da performance vocal (aqui entendida na acepção concebida por Zumthor, 19973), levando em consideração a emissão, gestualidade, uso da tecnologia, dentre outros. A equipe se vale dos mesmos procedimentos metodológicos adotados, uma vez tendo-se demonstrado eficazes para o estudo do fado, na cidade de Santos (VALENTE, 2008). Permito-me apresentar algumas orientações gerais.

2. A canção italiana e a paisagem sonora da cidade de São Paulo, trazida pela

Existe um grande número de estudos acerca da imigração italiana no Brasil, a maioria deles abordando o trabalho agrícola (nas fazendas de café do interior paulista e no sul do país) e fabril, dando origem a bairros industriais (Brás, Bexiga, Mooca). Em relação à música destes imigrantes, poucos estudos se conhecem, sendo as publicações do historiador José Geraldo Vinci de Moraes as mais substantivas (1995; 2000). Dedica-se o autor, à música popular praticada na cidade de São Paulo, entre o final do século XX até a década de 1930. Outros estudos de maior impacto são de autoria do caudaloso José Ramos Tinhorão (1997a; 1997b; 1998; 2001). Afora isso, restam as biografias de compositores e intérpretes. Uma peculiaridade da música trazida pelos italianos é o fato de que a convencional bipolarização entre erudito e popular é inconcebível, dado que uma grande parcela da música praticada, normalmente enquadrada como clássica, ou erudita era (e, em

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O conceito de nomadismo (ZUMTHOR, 2005) diz respeito aos processos de recodificação, transmissão, ressignificação de uma obra poética, de modo a garantir sua presença na cultura. Minha pesquisa vem se dedicando a esse mecanismo, no cerne da canção, tais como o fado, tango, bolero, dentre outros (VALENTE, 2003; 2008). 3 Para o erudito estudo das poéticas da oralidade, o conceito de performance engloba não apenas a interpretação da obra poética, como também a relação entre a audiência, levando em consideração as condições de transmissão da mensagem poética, como gestualidade, espaço físico, uso ou não de aparatos tecnológicos etc. (ZUMTHOR, 1997).

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grande medida, ainda é) extremamente popular4: árias de ópera, canções napolitanas gozavam da mesma receptividade que a denominada canção popular urbana, ou canção das mídias (VALENTE, 2003)5- para utilizar uma nomenclatura mais precisa. Os italianos têm presença marcante na paisagem sonora nacional e, em especial, na capital paulista, em todas as esferas de atuação musical (e artística). É preciso estudar quais as razões que determinam essa hegemonia. Partimos da premissa de que desde a tradição cultural, fomentada pelo meio - a educação musical doméstica, ainda que amadorística - tem papel preponderante na formação estética e profissional. A investigação parte de um grupo de canções presentes nas mídias (rádio, televisão, cinema), somadas ao estudo de histórias de vida, a história da imigração com a intenção de entender: 1) a constituição da paisagem sonora de uma das maiores metrópoles do planeta, durante o século XX; 2) que papel a música exerce no seio das comunidades urbanas contemporâneas; 3) em que medida se formam repertórios de preferências (hit parade) e que fatos contribuem para a formação desse elenco desse elenco de predileções. Responder a questões como estas permitirá conhecer melhor como um grupo de pessoas, compartilhando, inicialmente, as mesmas características culturais, tende a mantê-las quando no exílio, no país de adoção; ou, inversamente, em que medida se preservam semelhanças e traços em comum entre ambos. Ao fim e ao cabo, pode-se entender melhor, o que diferencia e aproxima países geograficamente distantes, como Brasil e Itália, sobretudo em sua história mais recente.

3. Canção das mídias: uma pauta para muitos temas...

Como já mencionei no início, este projeto dá sequência a uma série de estudos sobre o gênero canção e suas variantes; esta canção é aquela que vive (ou surgiu) no meio urbano, tendo as mídias audiovisuais como meio de divulgação, daí, a denominação canção das mídias (VALENTE, 2003)6. A canção das mídias tende a passar por sucessivos processos

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O conceito de popular e, sobretudo música popular é extremamente controverso. Não me estenderei em explanações, aqui; sinalizo já escrevi vários textos sobre o assunto. Nesta situação, em particular, popular deve ser entendido como de grande aceitação, por um público indiferenciado socioeconomicamente. 5 O conceito de canção das mídias (VALENTE, 2003) refere-se a toda canção que, se não foi concebida para as mídias (disco, rádio, cinema, microfones etc.), pelo menos, adaptou-se às tecnologias eletroeletrônicas. 6 Adoto, aqui, o conceito de cultur” pela semiótica:“(...) o trabalho com textos da cultura, complexos pela variedade e multiplicidade de vínculos que os constituem, não pode considerar suas unidades ou componentes apenas como signos, portadores de uma informação ou significado. Deverá sempre considerar a diversidade e a multiplicidade das relações de significação, os múltiplos diálogos e vínculos constituintes de uma rede em permanente transformação. Um texto da cultura troca informações com seu entorno e com sua história. Assim,

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de transformação, o que lhe garante a longevidade, na paisagem sonora (SCHAFER, 2001). No decorrer desses movimentos de transmutação contínua, ou nomadismo (ZUMTHOR, 1997), a canção expressa, informa, corrobora, apresenta traços da cultura da qual faz referência e à qual se vincula. Ocorre que sua performance, seus aspectos sociais, estéticos e tecnológicos, seus traços de hibridismo cultural; conexões que se estabelecem entre escuta de gêneros musicais e suas imbricações com memória, mídias, recepção; as relações entre culturas locais e globais e os hibridismos culturais daí decorrentes não foram, ainda, alvo de apreciações mais aprofundadas, dedicando-se a biografias de intérpretes, reprodução de letras. Tendo-se em conta o atual panorama da mundialização, em contraposição a antigas dicotomias como tradição/modernidade, local/global, próprio/estrangeiro, um estudo interdisciplinar faz-se urgente. As canções populares urbanas (e até outros gêneros, como ópera), na mídia (disco e rádio, prioritariamente) revelam-se como elemento privilegiado de análise permitindo estudar aspectos particulares, tais como: 1) as relações entre audiência e memória, a partir do repertório executado nos programas radiofônicos; 2) o impacto da permanência de artistas estrangeiros, no Brasil e a criação/ incorporação de uma versão local, por parte dos estrangeiros; 3) as canções tradicionais, de origem estrangeira (italiana, no presente estudo) como elemento constituinte das histórias de vida e do cotidiano imigrante no Brasil; 4) o repertório da música italiana incorporado à paisagem sonora paulistana, paulista e em outras regiões, por intermédio do rádio e, posteriormente, do cinema e da televisão. A seguir, apresento o meu subprojeto.

4. Al di lá del mare più profondo, Una musica dolce suonava soltanto per me memória e nomadismo na canção ítalo-brasileira”

Os italianos emigraram para vários países, em todo o mundo, particularmente nos períodos de guerra. Onde se fixaram, deixaram suas fortes marcas, dentre as quais se destacam a culinária e a música. O que foi e o que é a música italiana no Brasil e o que são os italianos do Brasil, com sua música composta e performatizada em terras descobertas por Cabral? Busco estudar o processo de movência7 nas canções de origem italiana, ou composta

ele se constrói a partir da rede de informações que tece a seu respeito, a partir da somatória de elementos da sua própria história” (BAITELLO apud VALENTE, 2002:9) 7 Por movência designa-se a capacidade que o signo poético tem de se desdobrar em vários processos tradutórios, apropriações etc.. A movência permite, em grande medida, uma maior longevidade ao signo – aqui no caso, a canção (ZUMTHOR, 1997; VALENTE, 2008).

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por brasileiros, ao estilo idiomático italiano; também: os processos de assimilação e mutação da música brasileira, através da contribuição dos imigrantes italianos - e a música italiana, sabemos, ultrapassa as fronteiras da canção napolitana, as árias de ópera e o repertório de trattoria... Não obstante, em termos de imaginário construído com elementos musicais, o peso simbólico destas músicas sobre os seus representantes nativos é importante. De fato, como bem relata o historiador José Geraldo Vinci de Moraes (2000), instrumentistas e cantores, prontificaram-se a executar qualquer tipo de música que lhes fosse viável, sobretudo quando o rádio e a indústria fonográfica surgiram, no Brasil. A dificuldade na profissionalização, os baixos cachês levaram muitos dos artistas a residir no Rio de Janeiro ou a buscar o seu sustento por outros meios. A exceção bem conhecida é o cantor e violonista Paraguassu (nome artístico de Roque Ricciardi), músico pioneiro na mídia8. É fato que uma grande parcela da música composta no Brasil tem sobrenome italiano geralmente descendentes diretos dos imigrantes. Ao nos aproximarmos de sua carreira artística, revela sua versatilidade: Vicente Celestino transitou pela música ligeira e pelo teatro de revista, não desprezando a ópera e o tango, gênero que glorificou os galantes Arnaldo Pescuma e Antonio Rago no canto e violão, respectivamente; os pianistas das décadas de 1930-40, de acordo com Tinhorão, haviam ingressado na sublime arte da música por influência familiar: Léo Perachi, Lírio Panicali, Osvaldo Gogliano, o Vadico, dentre outros (TINHORÃO, 2005: 204). Na esfera da música ligeira, o maestro Armando Belardi, dentre outras empreitadas, conduziu bailes de salão, sob o olhar atravessado de Mário de Andrade (MORAES, 2000, p. 109). O histórico da vinda dos imigrantes italianos, em São Paulo, iniciou-se com o povoamento das zonas agrícolas no interior do estado, para o cultivo do café. Anos mais tarde, a comunidade desenraizada, longe de sua terra de origem, contribuiu para que se desenvolvesse aquilo que é denominado música caipira, algo iniciado, efetivamente por Cornélio Pires, na virada da década de 1930, através do rádio. Antes dele, entre 1910 e 1920, Marcelo Tupinambá (Fernando Lobo) divulgava a cultura sertaneja, incentivado por Mário de Andrade. Outro momento de destaque na música paulistana encontra-se na figura de João Rubinato, popularmente conhecido pelo personagem que criou, Adoniran Barbosa. Atuando em várias funções, no rádio, ganhou destaque pela década de 1950, com seus sambas cujas letras centravam-se na temática da cidade em transformação, o crescimento da metrópole. 8

De acordo com Tinhorão, seu primeiro registro sonoro data de 1911 (TINHORÃO, 1972, p. 249). O cantor participaria, ainda, de filmes, ainda na década de 1920.

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Anos mais tarde, as investiduras da indústria fonográfica iriam trazer à paisagem sonora brasileira aquilo que ficou convencionalmente denominado canção romântica, ao que parece, poucos anos após um arrefecimento da invasão do rock anglo-saxônico. A esta altura, o vínculo da população radicada no Brasil com a música de sua terra natal cessa de existir, assumindo o padrão da mídia (Sérgio Endrigo, Rita Pavone, Mina, Nico Fidenco etc.). Por essa época, desponta, igualmente, o cinema italiano, revelando astros e estrelas fulgurantes como Marcello Mastroianni, Claudia Cardinale, Sofia Loren.

5. O estudo da canção das mídias pede uma abordagem específica...

O estudo do nomadismo da música italiana parte de um levantamento na discografia 78rpm, selecionando peças musicais compostas, executadas por italianos, que tiveram grande repercussão no Brasil; também as adaptações ou traduções de canções italianas para o português e as composições à maneira de, tal como procedeu Roberto Carlos, com sua Canzona per te. Afirma o especialista francês Christian Marcadet (2007) que o estudo da canção é um complexo que envolve facetas múltiplas: a circulação de artistas, de repertórios criados e fixados em vários países. O estudo da canção das mídias aponta para questões de natureza diversa, que vão desde a qualidade técnica da gravação em estúdio, a logística da distribuição; por conseguinte, a maior ou menor aceitação popular, resultando numa perpetuação no catálogo dos standards do gênero. Enfatiza-se, pois a importante função do mercado fonográfico na criação e promoção do sucesso e na criação de padrões de gosto. Seguindo as diretrizes propostas por Marcadet, a análise requer, ainda, a consulta de materiais de outra natureza (capas de disco, notas de imprensa, programas de concertos e shows etc.), a partir de fichamentos específicos e detalhados. Também as capas de discos (quando estas passaram a existir, como projeto gráfico), têm papel relevante e serão analisadas; além destes, eventuais partituras e outros materiais (notas de imprensa, notas de programas televisivos ou radiofônicos, cartazes, publicidade etc.) são importantes fontes complementares. Os programas de rádio (e, posteriormente, também os televisivos) têm papel decisivo na fixação de gêneros e gostos, na composição de paisagens sonoras no cotidiano citadino. Por fim, acrescento a importância de uma análise da performance, propriamente dita que inclui vestimenta, penteado, adereços, maquiagem, assim como formas gestuais,

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palavras de ordem, uso de tecnologia, em cena; e, sobretudo, a análise da emissão vocal dos cantores. Para compreender melhor a fixação de canções estrangeiras, no Brasil, e a criação de versões nômades partirei, ainda, de informações paralelas (depoimentos de memorialistas, por exemplo), de maneira a conhecer a sua fixação na memória ou esquecimento (ZUMTHOR, 1997b).

6. Parole, parole...

É inquestionável a forte presença da cultura italiana na brasileira, que ultrapassa de longe a culinária, o comportamento marcado pela emotividade pouco silenciosa, traços característicos da imigração de origem rural e pobre, geralmente apresentada de maneira melodramática e caricaturada, sobretudo na teledramaturgia. Mais recentemente, a Itália se transplanta no Brasil pelo seu viés sofisticado: do vestuário, do design de mobiliário e da arquitetura. No entanto, como já frisei, ainda são pouco numerosos os estudos relativos à música italiana e sua presença na paisagem sonora nacional e, em especial, na capital paulista. Faz-se importante recuperar a sua história e essa cultura, sobretudo do período circunscrito à II Guerra Mundial e posteriormente – enquanto ainda temos pessoas que nos possam conceder testemunhos pessoais e auditivos. A música italiana cruzou todo o planeta, deixando seus rastros em cada canto. As centenárias canções napolitanas, possivelmente comunicadas oralmente se mantêm nas animadas trattorias, ao passo que sucessos estrondosos como Parole, parole- que chegou pelos alto-falantes- já se converteu em hit retrô. Canções se preservam enquanto que outras parecem ter sido apagadas da paisagem sonora. Ocorre que obras esquecidas voltam a se cantar, tocar, escutar, mesmo que transfiguradas. É a memória cultural, pondo em movimento constante o nomadismo, o pêndulo que põe a canção a oscilar entre a vida e a morte... Referências bibliográficas: MARCADET, Christian. 2007. Fontes e recursos para a análise da canção e princípios metodológicos para a constituição de uma fonoteca de pesquisa.. In: VALENTE, Heloísa de A. D.(org.): Música e mídia: novas abordagens sobre a canção. São Paulo: Via Lettera; FAPESP. MORAES, José Geraldo V.. História e música: canção popular e conhecimento histórico. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 20, n. 39, p. 203-221, 2000. ________________ Sonoridades paulistanas: a música popular na cidade de São Paulo (fim do século XIX – início do XX). Rio de Janeiro: FUNARTE; São Paulo: Bienal, 1997.

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________________ Metrópole em sinfonia: história, cultura e música popular em São Paulo (anos 30). São Paulo: Estação Liberdade / FAPESP, 2000. TINHORÃO, José R. As origens da canção urbana. São Paulo: Editora 34, 1997a _______________ Música popular: um tema em debate. São Paulo: Editora 34, 1997b. _______________ História social da música brasileira. São Paulo: Editora 34, 1998. _______________ A vocação caipira de uma cidade cosmopolita. In: Cultura popular: temas e questões. São Paulo: Editora 34, 2001 VALENTE, Heloísa de A. D. O espírito do tempo, os tempos do espírito: nos (com)passos dos beats dos hits n: Revista Ghrebh_, nº 1, outubro 2002. Disponível em: http://revista.cisc.org.br/ghrebh1/artigos/01heloisa28092002.html. Acesso em 25 jan.2011 ________________________ As vozes da canção na mídia São Paulo: Via Lettera/ FAPESP, 2003. ________________________. Saudades de Portugal no Brasil, ou... Fado, uma canção viajante. In: Canção d’Além-Mar: o fado e a cidade de Santos. Santos: Realejo; CNPq, 2008. ZUMTHOR, Paul. Introdução à poesia oral. São Paulo: Hucitec; Educ, 1997 (a). _____________ Tradição e esquecimento. São Paulo: Hucitec, 1997 (b). _____________ Escritura e nomadismo: Entrevistas e ensaios. Cotia: Ateliê Editorial, 2005.

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