A cantiga do trovador Golparro: \"Mal faç\' eu, velida, que ora nom vou\" (edição digital) [2004]

July 4, 2017 | Autor: J. Montero Santalha | Categoria: Poesia trovadoresca galego-portuguesa
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A cantiga do trovador Golparro: «Mal faç’ eu, velida, que ora nom vou» Golparro [= Tav 58]: Biografia. O nome Golparro, sob cuja autoria colocam os cancioneiros uma única composição, deve de ser uma alcunha: um derivado despectivo de golpe s. m. ‘raposo’; golpe (procedente do lat. VULPEM) é ainda hoje a denominação habitual deste animal em parte da Galiza. O facto de o trovador ser designado com uma alcunha, sem sequer nome de pia, e sem patronímico ou outro apelido, sugere que devia de ser de condição humilde, e a inclusão da sua cantiga na zona dos cancioneiros que se tem chamado «Cancioneiro de jograis galegos» confirma que, com efeito, devia de ser um jogral. Dado que a sua cantiga faz referência a “Sam Treeçom”, um santo venerado popularmente em Tui e na vizinha área das duas bandas do rio Minho, podemos supor que o trovador procedia dessa zona. Quanto à época em que viveu, não dispomos doutros dados que a conjectura geral que se pode aplicar a todos os trovadores incluídos no hipotético «Cancioneiro de jograis galegos»: um período cronológico algo indeterminado, que vai de meados do século XIII aos inícios do XIV. Obra poética: 1 cantiga, de amigo (cant. 1283): 1) «Mal faç’ eu, velida, que ora nom vou» (Ba 1266, V [872]) irR [= Tav 58,1]: cant. 1283.

Golparro 1 [= 1283 = Tav 58,1] «Mal faç’ eu, velida, que ora nom vou» (Ba 1266, V [872]) [Cantiga de amigo; de refrão. Dirigindo-se à mãe, a rapariga manifesta o desejo de ir a São Treeçom, como lhe indicara o seu amigo]. I

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II

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Mal faç’ eu, velida, que ora nom vou veer meu amigo, pois que me mandou que foss’ eu com el[e] ena sagraçom fazer oraçom a Sam Treeçom. D’ ir hei coraçom a Sam Treeçom! E nom me devedes, mià madr’, a guardar, ca, se lá nom for, morrerei com pesar, ca, u s’ el ia, disse-m’ esta razom: [que foss’, u al nom há, esta sazom]. D’ ir hei coraçom a Sam Treeçom!

Nota O texto dos versos 11-12 é conjectural, como se vê, pois falta em ambos os cancioneiros. Ofereço uma leitura hipotética, sem grande convencimento do seu acerto. É possível que, na realidade, esses dois versos façam já parte do refrão da cantiga, e, portanto, sejam iguais aos correspondentes da primeira estrofe (vv. 4-5): "fazer oraçom / a Sam Treeçom".

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