A CASA DO ARO - book

September 2, 2017 | Autor: Fernando Brito | Categoria: Genealogia
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A CASA DO ARO EM AROUCA

A Casa do Aro, Aro em Arouca De quem era o brasão? Quem mandou fazer e colocar o brasão?

F. ABRUNHOSA DE BRITO 2003-2006

A Casa do Aro, Aro em Arouca

FONTES MANUSCRITAS

ARQUIVO DISTRITAL DE AVEIRO (ADA), Notariais de Arouca, Tab. Teixeira Lopes, L.º 1338-20, 5.02.1920 ADA, Registos Paroquiais da Freguesia de S. Bartolomeu, Arouca, L.º 2 B 1605-1640 L.º 3 B 1651-1685 L.º 4 B 1685-1703 L.º 5 B 1703-1721 L.º 6 B 1721-1737 L.º 7 B 1737-1747 L.º 8 B 1747-1760 L.º 9 B 1760-1771 L.º 10 B 1771-1782 L.º 11 B 1782-1792 L.º 12 B 1792-1803 L.º 13 B 1803-1809 L.º 14 B 1812-1824 L.º 16 C 1619-1670 L.º 17 C 1676-1737 L.º 18 C 1738-1777 L.º 19 C 1778-1834 L.º 20 O 1613-1690 L.º 21 O 1690-1710 L.º 22 O 1710-1749 L.º 23 O 1749-1780 L.º 24 O 1780-1802 L.º 25 O 1802-1831

ADA, Registos Paroquiais da Freguesia de S. Nicolau da Vila da Feira, Vila da Feira, L.º 6 B 1741-1759 ARQUIVO DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA (AUC), Mosteiro de Santa Maria de Arouca (MSMA), Universidade de Coimbra, IV-1ªD-1-1-50, fls 39, Actos e Graos, Formatura de André Pereira Lopes AUC, Universidade de Coimbra, Matrículas [Ficheiro], António Bernardo de Sousa; idem, André Pereira Lopes AUC, MSMA, L.º de Cobrança..., fl. 21, III-1.ªD-13-1-7 [antigo n.º Ordem 7], José Manuel de Sousa Lobo [A mesma nota menciona Baltazar de Castro Lobo] AUC, MSMA, L.º de Cobrança..., fl. 88-89, III-1.ªD-13-3-7, fls 88-91 [antigo n.º Ordem 7] , Manuel Pereira de Vasconcelos AUC, MSMA, L.º com o n.º 8..., fl. 69v, III-1ªD-13-2-5 [antigo n.º Ordem 131], António de Almeida.

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A CASA DO ARO EM AROUCA

AUC, MSMA, Livro Indice Geral dos Prazos, III-1.ªD-13-3-11 [antigo n.º Ordem 232]. Malarezes. Prazo a Jorge de Almeida do cazal do Aro, e do Cortinhal nesta villa e hum cazal cito em Malarezes, menciona o L.º 23 [desaparecido], fls 58, Jorge de Almeida; e L.º 47, fls 104, III-1.ªD-13-2-39 [antigo n.º Ordem 167], Jorge de Almeida. AUC, MSMA, Livro Indice Geral dos Prazos, cit. Aro. Prazo de hum quarto do cazal do Aro e de outro quarto do cazal de Malarezes. L.º 21 [desaparecido], fls 93, Francisco de Almeida Barbosa, 22.01.1633. AUC, MSMA, L.º com o n.º 20... traslado de escrituras..., fls 58, III-1-13-2-18 [antigo n.º Ordem 144], Francisco de Almeida Barbosa, 19.12.1631. AUC, MSMA, L.º com o n.º 20... traslado de escrituras..., fls 58, III-1-13-2-18 [antigo n.º Ordem 144], Luís de Almeida Barbosa,19.12.1631. AUC, MSMA, L.º com o n.º 20... traslado de escrituras..., fls. 94, III-1-13-2-18 [antigo n.º Ordem 144], João Barbosa de Almeida, 22.08.1631. AUC, MSMA; L.º com o n.º 47... traslado de escrituras..., fls. 104, III-1-13-2-39 [antigo n.º Ordem 167], Francisco de Almeida Barbosa e Luís de Almeida Barbosa, 19.12.1631. AUC, MSMA; L.º com o n.º 11 – tombo da freg. da Vila, fls. 88, III-1.ªD-13-3-34 [antigo Tombo ii], Manuel Pereira de Vasconcelos; fls 204v e fls 210, Maria Pereira de Vasconcelos; fls 215, P.e Constantino Coelho de Pina (A mesma nota menciona o Prazo a sua mãe Mariana da Trindade Pereira [de Vasconcelos] e um irmão desta, Manuel Reimão de Vasconcelos, feito a 29.05.1668); fls 220 e fls 226, Serafina de S. Paio. ARQUIVO DISTRITAL DE BRAGA, Ordenações, Inquirições de Genere, Pasta 1005, Proc. 22338, Justificação de Fraternidade, 27.11.1767, João Carlos de Almeida e Sousa. ARQUIVO DISTRITAL DO PORTO, Registos Paroquiais da Freguesia de S. Salvador de Galegos, Penafiel, Bobine 284, M L.º 1 1572-1686, fls 145, C. de Jasinto Prejra, e Souza com Dona Catherina. Bobine 283, B L.º 1 1656-1717, respectivamente fls. 20, 22, 34-34v, 40, 51, 56 e 75, filhos de Jacinto e D. Catarina: Diogo, 5.10.1670; Joana, 26.06.1672; Mariana, 6.06(?).1680; Manuel, 28.10.1682; Bernardo, 1.09.1687; José, 29.06.1690; Rosa Maria, 30.05.1694. ARQUIVO DISTRITAL DE VISEU, Registos Paroquiais da Freguesia de N.S. da Assunção de Boaldeia, Viseu. B dos filhos de D. Casimira Osório Saraiva: Maço 3-dupl., fl 4, N.º 39, Maria Alice da Assumpção; Maço 3-dupl., fl 16, N.º 41, Maria da Gloria; Maço 3-A, fl 2, N.º 87, C D. Casimira Osório Saraiva; Maço 3-B, fl 56v-57, N.º 13, B Casimira [Osório Saraiva]; Maço 3-B, fl 143v-144, N.º 13, B António [Pereira Saraiva]; B dos filhos de D. Maria José Osório: Maço 16-B, fls 132v-133, N.º 19, João; Maço 16-B, fls 145, N.º 13, Maria [Leopoldina]; Maço 16-B, fls 156, N.º 13, Augusto.

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A CASA DO ARO EM AROUCA ABREVIATURAS

Af.ª/ Af.ª Af.º

afilhada/ afilhado

B/ BB

baptismo ou Livro de Assentos de Baptismo/ baptismos

b.

baptizada(o)

C

casamento ou Livro de Assentos de Casamentos

Cav. Fid.

cavaleiro fidalgo

c.c.

casou com

F.ª/ F.ª F.º

filha/ filho

FSO

Familiar do Santo Ofício

fl./ fls.

folha/ folhas

L.º/ L.º Lºs.

Livro/ Livros

L.do

licenciado

m.er

mulher

mat.

materna/o

n.º

número

nat.

natural

O

óbito ou Livro de Assentos de Óbitos

p./ p. pp.

página/ páginas

P.e

padre

pat.

paterna/o

Rev.

reverendo

SO

Santo Ofício

solt.ª/ solt.º

solteira/ solteiro

Tab.

tabelião

v

verso

vol.

Volume

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A CASA DO ARO EM AROUCA

Em Arouca, A Casa do Aro ou A Casa da Rua de Santo António? António A Família teve um comportamento atípico. O brasão engana porque se assemelha a outro. Duas grandes Casas – a do Enxido e a do Aro – usam o sobrenome de Sousa. Os apelidos diferem das representações no escudo do brasão. À Cruz do Aro, na Rua dos Currais, na Rua do Aro, na Rua de Santo António, a Santo António, são determinativos equivalentes, mas ... nem sempre. A família do Aro possuía três casas do Aro? Duas famílias Pereira-de-Vasconcelos, vizinhos paredes-meias. A mobilidade constante ora saindo de Arouca ora voltando a Arouca vai-se ver. Vai-se ver Mariana Pereira de Vasconcelos a casar em 1713, e seu irmão em 1750, seja um desfasamento de 37 anos, uma geração. O desajuste dos anos na Misericórdia entre D. Ana Margarida e seu irmão José Manuel de Sousa Lobo, é de 37 anos e até, entre datas extremas, é de 61 anos! D. Bernarda Rosa seria avó aos 40 anos (se viva fosse), casada aos 17 e seu filho aos 22. Andava perdido o assento de baptismo da personagem principal. Vai-se ter a família ausente por um século, quase sempre ausente entre o casamento de D. Maria José, 1828, e o ano da venda da Casa, 1926.

E mais, muito mais.

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Porém, o percurso é interessante... Vamos ver?

A Casa do Aro I – primeiras tentativas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

a Cruz do Aro uma escritura de um Arquivo Particular lugar de trânsito no limite da Vila o brasão em pedra como chegar os brasões de Arouca o proprietário da Casa o enigma, os quartéis do escudo do brasão o Livro Antigo de Matrizes Prediais da Freguesia de Arouca e os Saraiva as fichas do cartório Teixeira Lopes, de Arouca, e os Notariais de Aveiro o Arquivo Distrital de Viseu e a primeira reconstituição genealógica dos Pereira Saraiva o rol dos Irmãos e Provedores da Santa Casa da Misericórdia de Arouca o primeiro quartel do escudo do brasão uma pequena volta pelos Paroquiais e a Casa do Enxido (esq. 1) segunda consulta ao Arquivo Distrital de Viseu os Livros de Cobrança do Mosteiro ainda a Conservatória do Registo Predial terceira consulta ao Arquivo Distrital de Viseu o assento de casamento de D. Maria José o resultado da última consulta ao Arquivo Distrital de Viseu: Os filhos de D. Maria José, Pais e Sogros

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A CASA DO ARO EM AROUCA

-A-

-B-C-D-E-

-F-

___________________________________________________ A Casa do Aro II – últimas revelações Quem são os Castros... esquema Lobo de Sousa, do Aro, e Pereira de Vasconcelos, do Aro esquema Pereira de Vasconcelos, e Pereira de Castro Por que estão os Matos Godinho... esquema a Casa da Rua de Santo António (esquema 2) O que tinha a ver D. Mariana Rosa Pereira de Vasconcelos... esquema Sousa Lobo, e Pereira de Castro O que vinha a ser D. Bernarda Rosa a D. Mariana Rosa... D. Catarina de Almeida da Cruz do Aro... esquema os primeiros possuidores do Aro, os Almeidas esquema Casa do Aro e Casa do Enxido De quem era filho provável José Manuel de Sousa Lobo? esquema duas posições possíveis para José Manuel de Sousa... esquema D. Constantina. -

_____________________________________________________ A Casa do Aro III – o transcurso do Aro esquema As Sucessões do Aro de 1500 a 1800 carta topográfica Rios e Trilhos de Arouca

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índice remissivo

I – primeiras tentativas António Pereira Saraiva e Maria da Glória Osório Saraiva

§ 09

D. Maria Leopoldina de Lemos Osório Saraiva e D. Maria Alice Osório Saraiva

§ 10

D. Casimira Alice Osório Saraiva

§ 11

o rol da Santa Casa da Misericórdia

§ 12

o primeiro quartel do escudo do brasão

& 13

um assento na Misericórdia, uma volta pelos Paroquiais e a Casa do Enxido

§ 14

D. Maria José Osório e a árvore dos Osório e dos Saraiva

§ 15

alguns Prazos nos Livros de Cobrança os Pereira de Vasconcelos, da Rua de S.to António, da Casa do Bairro (Moldes) e da Quinta do Outeira § 16 1926, a venda da Casa; 1903, o arrendamento da Casa por D. Maria Leopoldina de Lemos Osório Saraiva 1874, a hipoteca da Casa a um dos Pinto de Magalhães § 17 um caminho para os senhores do brasão do Aro

§ 18

o assento de casamento de D. Maria José Osório

§ 19

a árvore de D. Maria José Osório Coutinho e Vasconcelos

§ 20

II – últimas revelações Lobo de Sousa, do Aro, e Pereira de Vasconcelos, do Aro Pereira de Vasconcelos, e Pereira de Castro a Casa da Rua de Santo António os Almeidas Sousa Lobo, e Pereira de Castro, da Rua de Santo António os homónimos António Lobo de Sousa o achado do registo de baptismo de Baltazar, 1768 III – o transcurso do Aro as Sucessões do Aro de 1500 a 1800 o Perímetro do Aro e os Caminhos da Vila

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A CASA DO ARO EM AROUCA

Jornal “PÚBLICO”, 93-04-19

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A Casa do Aro I – primeiras tentativas

a Cruz do Aro 1____________________________________________________________

O coração de Arouca é um anel (ou pouco mais). O anel passa por três pontos que são: o Aro, a Sul; a Lavandeira, a Norte; o adro do mosteiro, a Poente. Este anel – que é tangente ao lado Nascente do mosteiro do Arouca – tem um diâmetro de alguns 150 metros e tem um comprimento, quando rectificado, de meio quilómetro. É formado por três arcos de círculo, que são outras tantas três ruas: Um dos arcos do anel, chamemoslhe o primeiro segmento, é a Rua da Lavandeira (Rua Dr. Teixeira de Brito) que chega ao ponto do mesmo nome partindo do Aro; o segundo segmento do anel é a Ribeira (Rua Dr. Coelho da Rocha) ou margem esquerda do rio da vila (neste ponto, o Marialva); o terceiro e último segmento do anel é a Rua dos Currais (Rua Alexandre Herculano, prolongada pela Rua de Santo António). Verifica-se pendente acentuada entre ambos os pontos: O Aro, ou Aro da Vila, fica no ponto mais alto deste percurso anelar e a Lavandeira no ponto mais baixo do mesmo. Uma espécie de força centrífuga aplicada em cada um destes três pontos rasgou outras tantas saídas da vila: no Aro, para as serras, pela estrada para Moldes; na Lavandeira, a Rua d´Arca, em prolongamento natural da vila para lá do rio em direcção ao Calvário, também chamada a estrada para Lamego; no adro do Mosteiro (Praça Brandão de Vasconcelos), pela estrada para Poente, a saída para o Burgo e para o vale de Arouca. Numa planta da vila – seja o feliz desenho do eng. e arq. António Barbosa de Abreu, propriedade do arquivo da Câmara e aqui, com a devida vénia, parcialmente reproduzido – se apagássemos “o diâmetro” criado pela “Avenida”, poderíamos visualizar perfeitamente o anel constituído pelos

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A CASA DO ARO EM AROUCA

três velhos arruamentos e assinalar (na planta, página seguinte) os três pontos, ou seja, o Aro, a Lavandeira e o adro do Mosteiro. O caminho para o Aro da Vila era a Rua dos Currais (Os Teixeiras, uma da primeiras famílias de Arouca, viviam ao cimo da rua dos currais), ou Rua do Aro, ou Rua de Santo António, artéria mais tarde designada por qualquer um dos nomes. Todavia, em Oitocentos volta a fazer-se distinção (veremos) entre Rua dos Currais e Rua de Santo António.

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LAVANDEIRA

ADRO

ARO

uma escritura de um Arquivo Particular 2___________________________________________________________ Entrando numa escritura guardada no Arquivo da “Associação de Defesa do Património Arouquense”1, estamos na segunda metade de Quinhentos. Em 1566, Manuel de Almeida detinha a Quinta e Casal do Aro. Havia outros possuidores por perto (alguns, ao lado do próprio Aro, como Sebastião Teixeira no seu Casal de São Pedro) que possuíam fazendas arrendados 1

Proveniente do espólio do Dr. Simões Júnior doado pela Família Sobrinho Simões àquela Associação.

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A CASA DO ARO EM AROUCA

(pois os caseiros de Sebastião Teixeira e a caseira de António de Escobar, assenhoreavam-se da água de mantimento, ou de mantença, que ia para o Aro); pouco depois, em 1576, perante o Juiz Gaspar Homem da Costa, o mesmo Manuel de Almeida, com o chamamento de Fidalgo Cavaleiro e morador na sua Quinta do Carqueijal, queixava-se da devassa que lhe faziam na sua Quintam do Aro os moradores do lugar de São Pedro, entre eles, certo João Pires de São Pedro e certo Rodrigo Velho de São Pedro (gente que, um dia destes, vou apresentar). Em 1592, ainda, o Senhor Manuel de Almeida da Quinta do Carqueijal e proprietário da Quintã e Cazal do Aro, volta a queixar-se de desvio da água de mantimento, desta feita, contra outros: Jácome de Barros [filho daquele António de Escobar, acima] e contra António Cardoso [filho de Duarte Mendes de Vasconcelos, dos Mendes de Vasconcelos de Arouca], ambos presentes em audiência; bem como contra Luís Teixeira, que não comparecera [provavelmente o mesmo, a falecer em 1620, filho do Escudeiro Fidalgo Gonçalo Teixeira, dos Teixeiras moradores ao cimo da rua dos currais2]; e, ainda, contra mais um, que igualmente faltou, João de Barros [outro filho, segundo parece, daquele António de Escobar ou Escobar de Barros3]. Quinta do Carqueijal 4 Diz Jozé M.el de Souza Lobo desta villa / que p.a Reqrm.tos que tem precisa que qu / alq.r tabaliam a q.m os documentos juntos / se aprezentarem lhos ponha em forma p.ca / porem como sam letras m.to antigas e / deficeis de ler, so o pode fazer Joze Alber / to da motta antiquiario pratico nas ditas letras, e como elle he atualm.te escr.ao / dos tombos do exmo Sr Bispo de Vizeu / com nomiaçom Regia, quer que este na pré / sensa de hum tabeliam deste comº as copi / em, asinem, e concertem. Como pede

S.abmd.o Senhor Juiz sachaua

Seqra [Sequeira]

asim mandar [assinatura ilegível] Aos Senhores que//

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BRITO, F. Abrunhosa de - As Doze Portas de Gerações de Arouca. As suas Casas de 1500 a 1800. CASA DA PORTA. Introdução aos Teixeira de Arouca. Porto: Trabalho, então, policopiado. IDEM. Ibidem. QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobar de Barros. Porto Classificação errónea acrescentada ao documento. Em lugar de Quinta do Carqueijal devia ter sido aposto: Quintã do Aro.

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[fl 1] Aos Senhores que a prezente Certidão / virem / Antonio de Souza Leitão tabelião do pu / blico judicial e notas nesta Villa de Arouca, e / Villa meam do Burgo, e seus termos e no Juizo / da Ouvidoria dellas, e Joze Alberto da Motta Es= /crivão actual do Tombo dos bens e rendas perten / centes a excelentissima Mitra do Bispado de / Vizeu tudo por Sua Magestade Fidelissima que / Deos goarde certificamos que pelo Suplicante / Joze Manoel de Souza Lobo nos forão aprezenta / dos dous documentos escritos em letra antiga / que ocupão sete e mejas folhas de papel com al- / guns claros, e separaçoes, com partes laceradas, / e a letra sumida, em cujos lugares se pozerão / similhantes pontos . . . . . e o que dos mesmos / documéntos se pode ler seu theor he o seguinte / Aos dous dias do mes dagosto do anno de mil e / quinhentos e sessenta e seis annos nesta Villa / darouca nas pouzadas do Licenciado Thome Alva / res Corregedor desta Comarca de Lamego prantele / em audiencia que fazia pareceo Manoel dalmej / da morador na dita Villa e dice que a sua petiçom / herom citados Bastião Peres e sua mulher Catri / na, cazeyros de Bastião Teyxeyra e Anna // [fl 2] Anna cazeyra de Antonio de Escovar / por que lhe tomavão hua agoa de manti- / mento que elle tem e de que esta em posse / para a sua Quintã e Cazal do Aro de cincoenta / cento, duzentos annos a esta parte por si e / seus antecessores, e que, os ditos cazeiros ora / novamente lha tomavão para ortas e ..../ ...............................e com isso lhe davam mui / ta.....................requeria a elle Corregedor man / dasse por seu mandado com pena de quinhentos / reis por cada ves que á chase tornada a cada / pessoa que a tornase tornada, ou o dono das pro- / priedades e que a dita agoa fosse achada, o / que visto pelo dito Corregedor por dar fe Jorge / Gonçalves porteiro desta Villa que citara aos / sobreditos os mandou apregoar e o forã, por Jo / ão Gonçalves Porteiro desta Correyção que os / apregoou, e nom parecerom, e o Corregedor / a sua revelia os ouve por citados para todos / os termos e autos judiciaes para esta cauza / e mandou que fizesse sua petiçã e com ella / se lhe fizesse este termo concluzo para mandar / o que fosse justiça. João dalmeyda o Escrevi / Em os nove dias do mes dagosto anno de mil / e quinhentos e sessenta e seis annos na Vil / la darouca e nas pouzadas de mim Escrivão / por Manoel dalmejda Autor conteudo no / termo atras me foi dado esta petiçã seguinte // [fl 3] seguinte requerendome lhe fizesse concluzo este / termo com a dita petição e eu escrivão aqui / a ajuntey que he a seguinte João dalmeyda a Es / crevi / Dis Manoel de Almeyda morador nesta Villa / de Arouca que elle tem hua Quintãa que se / chama o Aro junto desta Villa, que se chama o / Aro digo Villa a qual Quintãa e suas proprie / dades estão em posse muito antiga de cincoenta, /cento, e duzentos annos e de que a memoria não / he em contrairo de terem a agoa de mantimento / que vem dasfontes da Espiga e da Branja que / . . . . . . . desta . . . Quintã e Caza / es della, sem lha . . . . . nem perturbarem / e sempre e continuadamente vir por hum rego / que vem por hum Cazal de Antonio de Escobar / e por outro de Bastião Teyxeyra, e ora nova / mente os cazeyros dos ditos Cazais de Bastião / Teyxeyra e Antonio d Escobar lhe tomão a dita / augoa e lhe quebram o rego e tomão a augoa / para ortas que novamente fazem nos ditos / casaes aonde, nunca estiverão e lhe dão muita / perda em não ter a augoa de mantemento pa / a dita Quintã e Cazaes, como sempre teve /os quais cazeyros foram já notificados por / mandado de Vossamerce para a audiencia de / ontem pela dita augoa, e nã alegarã couza //

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A CASA DO ARO EM AROUCA

[fl 4] couza algua pelo que. Pede a Vossa Merce / lhe mande passar mandado com pena de mil reiz / por cada ves que asy elles, como outras quaisquer / pessoas . . . . . . . . . . . . / .............. Faça o Autor certo o conteudo em sua petição / e aucção em termo de des dias, visto como os / reos forã citados, e nom quizerom contestar / a dita aucção e petiçom que por . . . . . . . . . / e força se deve proceder sumariamente // Thome Alvres E logo no dito dia nove dias do mes dagosto de mil / e quinhentos e sessenta e seis annos nesta Villa / darouca nas pouzadas do Licenciado Thome Alva / res, Corregedor por elle foi probricado o despacho / assima escrito, e o dito Manoel dalmeyda dice / que faria certo por testemunhas, e logo deu / duas testemunhas, e o Corregedor lho deu o ju /ramento dos Santos Evangelhos, e os perguntou / sumariamente pelo conteudo na petiçom e di / ceram era . . . . / Fernão Peres e . . . . Anes moradores nal / dya de São Pedro deste termo parguntados / pelo conteudo na petiçã de Manoel dalmeyda / dicerã ambos e cada hum por si que elles / são homens velhos e de hidade de setenta // [fl 5] de setenta annos cada hum, e que sempre saberem / e ouvirõ dizer que o Cazal delle Manoel dalmey / da que chamã do Aro esteve em posse dagoa / da fonte da Branja, e que era de mantimento do di / to Cazal e sempre isto ouvirão do tempo que / se acordão, e al nom dicerom e do custume nada / e asinarão aqui João dalmeyda o escrevi

Fernã / Peres Tem outro sinal de crus e o nome se / não

pode ler / E perguntadas as ditas testemunhas como dito / he em seus ditos torney a fazer esta petiçom / conduza ao Corregedor para sentenciar o que / for justo. Eu João dalmeyda que o escrevi / Mostrase o Autor Manoel dalmeyda estar / em posse de regar as terras da Quinta e Cazal / do Aro co a agoa . . . . . . . .. . . . . . . . . nome / da contenda, e aque . . . . . . . . . . . ditos Reos / lha tomão, o que visto mando que seyão os reos / notificados com pena de mil reis para cativos / e a curador que . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . / na posse da dita agoa de tempo que não ha me / moria Thome Alvres / Aos desasete dias do mes de Novembro // [fl 6] de Novembro desta era de mil e quinhentos e no / venta e dous annos em esta Villa darouca e / quassas do Concelho da mesma Villa estando / ahy João Rodrigues Carvalho Juis [pai do Padre João Pinto, instituidores da Capela de Santo António, S.ta Eulália] que as par / tes fazia publica audiencia parante elle /pareceo o Senhor Manoel dalmeyda morador / na sua Quinta do Carqueijal e natural desta / mesma Villa e dice que a sua petiçom erão / citados a saber Jacome de Barros e Antonio / Cardozo, e Luis Teyxeyra todos moradores em / esta dita Villa darouca porque decessem se ti / nhão alguns embargos a agoa de mantimento / conteuda nesta sentença e se della esta em / posse o dito Manoel dalmeyda para hua sua / quinta e quassal do Aro de cincoenta . . . . . / . . . . . . por sy e seus antecessores, e logo hy / pareceo Jacome de Barros e Sebastião Teyxeyra / e Antonio Cardosso e dicerõ que elles nom / tinhõ nenhuns embargos a dita agoa de man / timento hyr por onde ella vay e he obrigada / a hyr de mantimento para o dito Manoel de // Almeyda e seu quassal e de tudo dezistião / de algum direito que nella pedião ter e ti / nhão. E logo ahy pareceu Manoel Simoes / Meyrinho e dice que elle apetiçom do dito / Manuel dalmeyda citara aos ditos Jacome / de Barrros, Antonio Cardosso e Sebastião / Teyxeyra que prezentes estavão e a Joham de / [fl 7]

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de Barros e Luis Teixeyra auzentes, e que / elles responderão tambem que nenhuns em / bargos tinhão a dita . . . . . E tambem dezestião / de algum direito que nessa parte podião alegar / e a sua revelia o dito Juis os mandava apregoar /e o forão por Juzarte Pires Pregoeyro destas au / diencias em presença dos ditos Jacome de Bar / ros, Antonio Cardosso e Sebastião Teyxeyra / e a revelia de João de Barros e Luis Teyxeyra / que forom citados e nom parecerom, mandou / o dito Juis que eu tabalião fizesse este termo / de como elles assim dezestião de qualquer couza / que a isso podesem dizer . . . . dita agoa de / mantença E eu Martim Vas do Amaral / tabalião que o escrevi [Martim Vaz do Amaral que vai ser o progenitor dos Amarais de Minhãos]. E ouvera assi tambem / os ditos Jacome de Barros e Sebastião Tey / xeyra e Antonio Cardozo e Luis Teyxeyra / . . . . . . . . . . . . . . dicerão que . . . . . . . . . / . . . . . . . . . . . . . . caminho . . . . . . . . . . /. . . . . . . . . . . . . . . . . portanto o dito Juis / lhe pos pena e aos auzentes e todos os mais / que por hy passarem . . . . . . . . . . . . . . porquã / to estavão já mandados na sentença . . . . / . . . . . . . . de des tostois e assim lhe dobrou / a pena o dito Juis que aqui asinou . . . . . . / E eu Martim Vas do Amaral que o escrevi / Carvalho Tem cumprase de varios Ju / Izes q´ se não copiarão por parecer desne / [fl 8] desnecessário / Saibam quantos esta sentença virem que / no anno do Nascimento de Nosso Senhor / Jezus Christo de mil e quinhentos e setenta / e seis annos aos seis dias do mes de Novembro / do dito anno na Villa darouca no Paço do Com / celho da dita Villa estando hy Gaspar Homem / da Costa [o conhecido morador na Quinta de Ronde] Juis ordinario na dita Villa que / fazia audiencia as partesprante elle Juis / em presença de mim Tabalião abayxo no / miado pereceo Manoel dalmeyda Cavalleyro / Fidalgo morador na sua Quinta do Carqueijal / e natural da dita Villa darouca e por elle foi / dito ao dito Juis que elle possuhia nesta Villa / darouca a sua Quintam do Aro digo do Aro / pelo circuito donde se chama o Aro e lhe fa / zião dous outres caminhos hum pela parte / do Caminho de Lama e outro pelo meyo do / Aro [provavelmente o caminho para a casa do Aro, que ainda existe, anotado no mapa “Rios e Trilhos de Arouca”] e outro por junto das Casas onde ora / vive João Rodrigues alfaate, e dahy as cor / tes da dita Quintam e o Carrado da Redonda / de Gonçalo Teyxeyra Tabelião que esta fes não / sendo nenhum dos ditos caminhos de . . . . / nem de . . . . doutra couza nenhuma e os ditos /caminhos lhe faziao os moradores de São Pedro / do arrabalde desta Villa, e outras pessoas de // [fl 9] De que não he sabedor e por elles recebia muita / perda na dita sua quinta em pam em vinho / fruita e tapumes, e por cauza dos ditos cami / nhos tem mandado citar a João Pires de São / Pedro e a sua mulher e a Sebastião Teyxeyra e sua / mulher e a Gonçalo Gonçalves e a sua mulher / e a Manuel Gonçalves e a Domingos Gonçalves / e a suas mulheres, e a Rodrigo velho e a sua mu / lher e a João Anes da Boqua da Villa, e a sua / mulher todos moradores na dita Villa por rezão / dos ditos caminhos que lhe fazerã digo fazem / por o dito seu çarrado e quintam do Aro / para dizerem se tem embargos alguns para / deixarem de fazer o dito caminho de pee por / o dito çarrado do Aro, e requereo a elle Juiz / que com hua certa pena mande lançar pre / gão na dita audiencia que nenhua pessoa /das sodreditas, nem outras nenhuas nom / passem de pee por si nem por seus fami / liares por o dito seu çarrado do Aro e elle / Juis visto seu requerimento fes pergunta / e erão citados por a dita rezom os assima / nomiados, e por Jorge Gonçalves Porteyro na / dita Villa foi dado sua fe que elle apeti / çom do dito Manuel dalmeyda para a dita / audiencia citara por rezom do dito cami / nho do Aro a João Peres de São Pedro e a sua / mulher, e a Bastiam Teyxeyra e a sua // [fl 10] e a sua mulher e a Gonçalo Gonçalves e a sua / mulher e a Manoel Gonçalves e a sua mulher e / a Domingos Gonçalves e a sua mulher e a Rodri / go Velho e a sua mulher e a Gonçalo Fernandes / de

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A CASA DO ARO EM AROUCA

Simo de Villa e a sua mulher e a João Anes / da Boqua da Villa e a sua mulher os quais todos / juntos diceram e cada hum persi que passavão / por os ditos caminhos do Aro sem serem de / foro, e elle Juis vista a fee do dito Porteyro / mandou apregoar aos sobreditos e forão apre / goados por elle dito Jorge Gonçalves pregoeyro / e não apareceo nenhum dos sobreditos e elle / Juis tomou informação por pessoas que esta / vão na dita audiencia, aquem deu juramento / dos Santos Evangelhos em que suas maos po / zerom que são vizinhos desta dita Villa esta o Ça / rrado da dita Quintam do Aro por os quaiz / achou que os ditos caminhos de pee feitos por / o dito çarrado do Aro nom eram de foro, e elle / Juis visto todo por sua sentença julgou / que os sobreditos moradores de São Pedro atraz / nomeados, nem seus socessores nom passem / de pee nem doutra maneira nem elles, nem / os familliares de sua Caza por o dito Çarrado do / Aro de dia nem de noite sopena por cada ves que / passarem por elles pagarem duzentos reis e de / serem prezos e da cadeya os pagarem e sera / ovido o dito Manoel dalmeyda por seu juram.to // [fl 11] juramento, ou pessoa de sua Caza, ou com dito / de hua testemunha digna de fe e logo no dito / Paço do Concelho elle Juis mandou lançar pre / gão por elle dito Jorge Gonçalves Pregoeyro em / que no pregão mandou que os sobreditos mo / radores de São Pedro, nem outra nenhua pessoa / da dita Villa darouca e de seu termo nem de fora / delle passasse doje em diante de que nem dou / tra maneyra por o dito carrado do Aro nem / fosse visto nelle de dia nem de noite sem cau / za licita sopena de pagar por cada ves os ditos / duzentos reis a metade para o curador e a outra / ametade para o concelho e cativos pagos da ca / dea e tendo contra alguns embargos a esta / sentença os viessem alegar parante elle juiz / em termo de des dias permeyros seguintes / e sobre elles fara justiças sopena de se dar esta / sentença a execuçom, hoje para sempre / e elle Manoel dalmeyda de todo pedio para / sua goarda esta sentença e elle juis lhamandou / dar. Testemunhas que forom prezentes Jorge / Barboza [o tabelião que figura no esquema de “Os Almeidas”] e Pedro Alvres e Jacome de Barros / distribuidor e outros muitos, os quais teste / munhas são todas moradores na dita Villa da / rouca e eu Gonçalo Teyxeyra tabalião pobrico / e judicial por el Rey nosso Senhor na dita Villa / darouaca e delle dito Juis escrevi e aqui de meu / pubrico sinal asiney que tal he Lugar do si / [fl 12] do sinal publico

Cumprase como se nella / contem. Bras Mendes dabreu [dos Mendes de

Vasconcelos, de Arouca]

Cumprase como se nella contem Gaspar Apariço [outro dos notáveis,

presente na árvore de Os Velhos Reimões] / Cumprase como nella se comtem Luis Fernandes Cumprase esta sentença como / nella se contem Paulo Mendes de Carvalho / E não se continha mais nos ditos documen / tos que eu sobredito Joze Alberto da Motta / li e aqui copiey bem e fielmente, excepto alguas / palavras, por estarem laceradas, e outras extin / tas por cauza do tempo, em seu lugar pus / os ditos pontos . . . . e com os proprios esta / conferi e concertei, com o dito Tabalião An / tonio de Souza Leitão, que aqui asinou de seus / sinais publico e Razo, e eu tambem em razo, e o / Suplicante de como os tornou a receber. Passa / na verdade. Arouca dezasete de Julho de mil / setecentos e noventa annos. Sobre Joze Al- / berto da Motta que o escrevi e eu

Joze Alberto da Motta [fl 13] Cdº por mim Escrivão

Joze Alberto da Motta E comigo tabalião

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A CASA DO ARO EM AROUCA

Vêem-se os pontos com que substituíram as partes do texto danificadas

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A CASA DO ARO EM AROUCA

lugar de trânsito no limite da Vila

3____________________________________________________________ Duas daquelas três escrituras, a primeira (1566) e a última (1592), estão agrupadas porque ambas tratam do mesmo assunto: a agoa de mantimento do Aro que os vizinhos desviavam; a escritura do meio (1576) ocupa-se do próprio cerrado, o Aro, que os mesmos vizinhos maltratavam com sucessivos atravessamentos, danificando tapumes e prejudicando pão, vinho e fruta. O Aro de Arouca estava junto desta vila e, mais acima, seguiase o lugar de São Pedro, no arrabalde desta vila. Assim, a posição vitimava o Aro. Os vizinhos cortavam a água que para lá corria e abriam passagem pelo cerrado... São estas as questões que podemos saber, ocorridas ao tempo dos Almeidas, nos anos de 1566, 1576 e de 1592. Manuel de Almeida, ou o senhor Manuel de

aliás, lhe será concedido em 1568, depois

Almeida, ou Manuel de Almeida Cavaleiro

chamada Quinta de São Pedro com o portão

Fidalgo

adiante],

armoriado de Teixeiras e Quadros] e o casal de

morador na sua Quinta do Carqueijal e dono da

[Almeidas

António de Escobar [Escobar de Barros, o

Quintã e cazal do Aro, tentava solver os abusos.

Velho, Cavaleiro Fidalgo, dos Escobares de

Os desvios da água seriam multados (500 rs,

Romariz, outra das primeiras famílias de Arouca

logo

passados

que

os

quinhentista; aliás, Escobares e Barros tinham

atravessamentos dariam prisão e 200 rs de

recebido casais em São Pedro, em 1540 e

pena. A primeira escritura passou-se nas

1543: neste último ano, um Gonçalo de Barros,

pousadas de João de Almeida, o próprio

talvez irmão de António de Escobar, filhos de

escrivão [que bem podia ser irmão ou tio de

Pedro Escobar de Barros e de Isabel de Barros].

Manuel de Almeida]; a segunda (1572) e a

Em 1572, envolvidos na questão dos caminhos,

terceira

dois

vem Sebastião Teixeira [que vimos atrás no seu

(1592)

julgamentos

1000

escrituras

e

relatam

Concelho,

casal de São Pedro] e Rodrigo Velho, também de São Pedro [filho de Cristóvão Dias e de

da Costa e João Rodrigues Carvalho [aquele, o

Inácia Varela, esta a falecer em 1614, no

da Quinta de Ronde, freg. de S.ta Eulália; este,

mesmo Casal]; e, na qualidade de testemunhas,

o fundador da capela brasonada de Santo

Jorge Barbosa [que conhecemos tabelião, e

António junto ao Burgo, individualidades que um

casado com Milícia de Almeida e Vasconcelos,

dia

de

sogros do FSO Manuel Teixeira Homem] e

tabeliães Gonçalo Teixeira em 1572 [dos

Jácome [filho do acima António Escobar de

Teixeiras de Arouca, uma das principais famílias

Barros]. Em 1592, voltará a aparecer o mesmo

de Quinhentos] e Martim Vaz do Amaral em

Jácome de Barros, desta feita entre os réus, por

1592 [antes do 2.º casamento que fará com uma

motivo da água do Aro, e António Cardoso [um

Barros, dando origem aos Amarais da Quinta de

dos Mendes de Vasconcelos, mais uma das

Minhãos]. Também entre os citados encontram-

famílias de Arouca] e de novo Sebastião

se pessoas e propriedades bem conhecidas.

Teixeira [por sinal, logo falecido no ano

Em 1566 é mencionado o casal de Sebastião

seguinte], todos presentes na audiência, e,

Teixeira [o P.zo do casal de São Pedro que,

ainda, entre os faltosos

vou

Paços

rs)

respectivamente com os juízes Gaspar Homem

destes

nos

para

veremos

do

apresentar].

Serviam

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João de Barros e Luís Teixeira [ambos, atrás mencionados]. Os principais de Arouca, estavam todos envolvidos aqui: Teixeiras, Escobares e Mendes de Vasconcelos. 1 4

Sebastião Teixeira 2 Pedro Escobar de Madureira; Gonçalo de Barros Maria Varela

3

Cristóvão Dias

o brasão em pedra

4______________________________________________________ 4______________________________________________________ Para já..., vejamos hoje. Em pleno Aro (hoje, Largo de Santo António) levanta-se uma casa – defronte da capelinha erguida pelos finais de Seiscentos sob a invocação de Santo António – casa de boa fábrica oitocentista, de desempenadas esquadrias e paramentos, com o cunhal das duas fachadas, virado a Noroeste, bem aprumado... e valorizado, o referido cunhal, por um brasão. A pedra tem a parte posterior cravada no cunhal, dele fazendo parte, e a parte anterior ostenta o dito brasão, bem repuxado. Granito. Escudo de fantasia (simétrico, ondulado, terminado em ponta como o escudo “francês”); campo esquartelado; escudo acompanhado de ornatos constituídos por um enfiamento de corolas campaniformes que percorrem o perímetro de ambos os lados e terminam, em ponta e numa roseta, com 2 pingentes dos mesmos elementos. Por timbre, um coronel de nobreza (anel bem vazado como que cravado no cunhal, uma virola superior e outra inferior lisas, e uma intermédia com representação de pedrarias) rematado possivelmente por 10 florões (dos quais o cunhal oculta 1) alternados por hastes menores. (O anel está partido, sendo de admitir que, se inteiro, tivesse maior desenvoltura.) Pedra erudita, bem concebida, esculpida e elegante, tudo parecendo datar do século dezanove: Ou seja, trezentos anos volvidos, ou quase passados, sobre as datas postas acima.

1

2

3

4

AUC, MSMA, Livro Indice Geral dos Prazos, III-1.ª D-13-3-11 [antigo n.º Ordem 232] que cita L.º 11, fl 345 e L.º 12, fl 105, Um cazal chamado S. Pedro e um sarrado cito a S. Sebastião, 22.12.1568. AUC, MSMA, Livro Indice Geral dos Prazos que cita L.º 9, fl 222, 1540, e L.º 6 fl 102, 1543. AUC, MSMA, Livro Indice Geral dos Prazos que cita L.º 32, fl 405, 1578 [Propriedades em S. Pedro]. AUC, MSMA, Livro Indice Geral dos Prazos que cita L.º 16, fl 53, 1614 [Propriedades em S. Pedro].

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A CASA DO ARO EM AROUCA

Casa, Cunhal e Brasão

como chegar

5____________________________________________________________ O Aro, a capela e a casa brasonada, fazem do lugar um dos trechos bonitos da vila de Arouca. Pode aceder-se pela antiga Rua dos Currais ou Rua de Santo António acima; pode aceder-se de Nascente para Poente, voltando as costas aos Paços do Concelho; e pode aceder-se pelo Norte, por degraus encravados numa espécie de fenda, pitoresca passagem ao longo do flanco do adro da Capela. Por sinal, esta última fruição colhe o cunhal

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brasonado, exactamente de frente, precisamente no enfiamento da pequena passagem. (Infelizmente, instalaram um candeeiro público numa das faces do cunhal do edifício, mesmo abaixo do brasão: Ao que pode chegar a distracção dos homens!) o candeeiro!

De quem era o brasão? Quem mandou fazer e colocar o brasão?

Eis o problema...

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A CASA DO ARO EM AROUCA

os brasões de Arouca Arouca

6____________________________________________________________ O pouco que foi dito do brasão vem em “Arouca (subsídios para uma monografia)” inserido no trabalho de Virgílio Correia, “O Cancioneiro de Arouca”, 1959, constituindo uma pequena rubrica: “Casas Brasonadas”5. Estão inventariados 9 brasões, sem contar o do Mosteiro (que junta; mas exclui, porém, o dos Pintos, da Capela de Santo António, ao Burgo), brasões em pedra, “casas brasonadas”, e não todos os brasões, pois faltam os dos tectos pintados, bem como um outro brasão (aliás, bem dissimulado), representado em baixo relevo na base do cruzeiro de São Miguel de Urro: um significativo partido de Tavares e Teixeiras (aquela, como a dos Teixeiras, uma das primeiras famílias de Arouca). As pedras notadas são as da Casa de Eiriz (esquartelado: Tavares, Teixeiras, Cabrais, Castelo Brancos), Casa do Burgo (esquartelado: Barbosas, Teixeiras, Pintos, Fonsecas), Casa Grande dos Malafaias (esquartelado: Malafaias, Pereiras, Mascarenhas, Castros), Casa de Santo António (que nos vai ocupar), Casa de S. Pedro (partido: na primeira pala Mirandas e na segunda, cortada, Teixeiras e Pintos; este brasão foi levado para a Quinta d´Além, Oliveira do Conde, Carregal do Sal, propriedade de Fernando Vaz Pinto, já falecido), Quinta de S. Pedro (partido: Teixeiras, Quadros), Casa de Sela (esquartelado: Moreiras, Almeidas, Magalhães, Pintos), Casa do Castelo (em Fermedo, donde veio uma das suas pedras para a Casa do Picôto, Arouca; partido: Araújos, Sousas) e Quinta de Romariz (apeado aquando do alargamento da Estrada, e guardado numa adega da casa; pleno: talvez uma alusão aos Silvas, dos Teles da Silva ou Teles de Meneses). O brasão da Casa da Rua de Santo António (ou da Casa do Aro, na Rua de Santo António) ostenta, segundo o autor das notas, as representações de Mascarenhas, Tavares, Pereiras e

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SIMÕES JÚNIOR, Manuel Rodrigues - Arouca (Subsídios para a sua Monografia) «Cancioneiro de Arouca» da autoria de Vergílio Pereira, ed. Junta da Província do Douro Litoral, 1959. GONÇALVES, A. NOGUEIRA - Inventário Artístico de Portugal. Aveiro, Zona Nordeste; Lisboa, 1991, p. 71.

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Castros. (Nogueira Gonçalves, no seu Inventário Artístico6, também sustenta: I MASCARENHAS e II TAVARES). Na última linha de um pequeno texto – “Situação”, “Material”, “Época”, “Conjunto” e “Composição” – o mencionado trabalho acrescenta que: “Pertence [1949] a D. Catarina da Costa Dias”.

o proprietário da Casa

7____________________________________________________________ Nos nossos dias, o que é que se sabe da Casa? Que pertence a D. Adélia da Costa Dias, filha de D. Catarina da Costa Dias. Para além disto... Ah!, também me disseram que a casa fora comprada por António Dias Costa, marido de D. Catarina da Costa Dias, num qualquer ano em que estava para o Brasil e que, na compra, se fizera representar pelo P.e João Baptista (seu irmão); contaram-me, ainda, que a escritura teria sido feita entre 1910 e 1920 (Convenhamos: Muito pouco e vago). É obvio que o brasão nada tem a ver com António Dias Costa. Quem lhe teria vendido a casa do Aro?

o enigma, os quartéis do escudo do brasão

8____________________________________________________________ Informam as ditas notas monográficas que o 2.º quartel é de Tavares. Mas por quê “Tavares”? As cinco estrelas em sautor estão também na Casa do Burgo, mas por Fonsecas. É certo que Tavares é uma boa probabilidade por ser um dos mais antigos e espalhados apelidos de Arouca, figurado, p.e., no brasão da Casa de Eiriz. E, no 1.º quartel, porquê “Mascarenhas”? Com efeito, o brasão parece-se muito, por motivo da inclusão de Pereiras e de Castros, com o brasão de Malafaias Mascarenhas

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A CASA DO ARO EM AROUCA

da Casa Grande dos Malafaias, na Rua d´Arca, implantada para lá do rio, logo a seguir à aludida Lavandeira. As reproduções que se seguem documentam a semelhança.

O que teria a ver o Pereira de Castro dos Malafaias com o Pereira de Castro do Aro? Eu próprio aceitava o primeiro quartel como sendo de Mascarenhas, dos Mascarenhas da Casa Grande dos Malafaias: como que uma espécie de diferença de qualquer ramo segundo, advindo de um dos muitos filhos de D. Ana de Portugal (mulher do Malafaia Mascarenhas), aquela que trouxera de fora os Castros Pereiras para às armas de um de seus filhos (José Bernardo Malafaia Mascarenhas de Castro Pereira7); para mais me convencer, sabia que a mãe daquele Malafaia era precisamente uma Tavares Teixeira (dos Tavares Teixeira, de Roças, e posteriormente de toda a região), o que oferecia um bom pretexto para Tavares numa das áreas do brasão do Aro. Por seu lado, o autor das notas monográficas afiançou noutra altura (que 7

BRITO, F. Abrunhosa de - As Doze Portas de Gerações de Arouca. Algumas das suas Casas de 1500 a 1800, CASA GRANDE DOS MALAFAIAS. Porto: Trabalho, então, policopiado.

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não posso precisar, embora publicada recentemente no semanário “Defesa de Arouca”) que a casa tinha pertencido ao Dr. Caetano Tavares, de São Pedro8, que a vendera a António Dias Costa. Qual Dr. Caetano?: O Dr. Caetano, que fora homem de 1790?! (casara em 1785, já tarde, pois nascera em 1737, e faleceu em 18049), ou o Caetano filho, b. em 1788: que também não se presta, porque contaria 122 anos em 1910 e, por certo, já não podia vender a casa!, e, aliás, para que não restassem mais dúvidas, ficou registado que logo falecera em 1822; e, um meio-irmão, ainda homónimo, tinha já falecido em 1790...; então, o vendedor da casa teria sido algum neto do Dr. Caetano? Mesmo que assim, não se via mesmo nada donde proviriam os Mascarenhas do 1.º quartel, nem os Pereiras igualmente figurados no brasão. Alto!, um dos irmãos, José Tavares da Silva e Quadros, fora herdeiro, efectivamente, de um Prazo da Rua dos Currais, que pertencera a seu pai o nomeado Dr. Caetano (Por que razão, efectivamente, o Dr. Caetano possuía um Prazo na Rua dos Currais?: Lá chegaremos!); outros irmãos houve; irmãos que assinaram de Quadros Tavares Coutinho (repescado o Coutinho dos Tavares de Sever do Vouga, donde também provinham as últimas gerações de São Pedro), Coutinho que se ajustava ao 2.º quartel do Aro; acresce que, um daqueles outros filhos do Dr. Caetano (Francisco Tavares da Silva Quadros Cirne Coutinho) casara em 1825 com uma filha de um Pereira de Vasconcelos, de Ares, Bemviver (Pereira de Vasconcelos, ou Vasconcelos Pereira: família com muitas propriedades próximas do Aro)... e podiam ter tido algum filho que cultivasse o Tavares ou o Coutinho do 2.º quartel e também o Pereira do 3.º quartel... Afiguravase-me, porém, tal casamento, demasiado tardio, para dar cabeça, tronco e membros a um Tavares (ou Tavares Coutinho, ou Pereira de Vasconcelos...), e para conduzir a um hipotético bisneto, dono da casa e da pedra de armas, nunca antes dos últimos anos do séc. XIX... (E tudo isto deixava de fora, ainda, os inquietantes Castros...): mas não houve tempo de explorar esta

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IDEM, ibidem, CASA DE SÃO PEDRO.

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A CASA DO ARO EM AROUCA

hipótese, que teria eventualmente ficado por Ares..., pois segui outros ventos. Caminho andado, e tendo tido oportunidade de estudar os Malafaias, verifiquei a improbabilidade de aqui, no Aro, se ter perpetuado alguma vergôntea destes, até porque, os da Casa Grande, estavam extintos em Arouca! E, se porventura a ela voltassem, não deixariam de trazer com eles o chamamento de Malafaia, em lugar de aparecerem... vestidos de Mascarenhas, e logo no 1.º quartel! Por isso, abandonei a leitura de Mascarenhas... e, até, a própria leitura de Tavares me parecia comprometida. Francamente: não havia hipótese a construir com gente de Arouca que quadrasse com o brasão da Casa do Aro!

o Livro Antigo de Matrizes Matrizes Prediais de Arouca, e os Saraiva

9____________________________________________________________ Quem vendera a Casa a António Dias Costa? Em que data António Dias Costa comprara a Casa? Como se iria saber?! Faziam a compra entre 1910 e 1920, data que, logo se revelou completamente desajustada. Ora, 1927 é o ano do averbamento nas Finanças! É que me tinha lembrado de recorrer aos registos nas Finanças, ao averbamento em António Dias Costa, e eventualmente de outros anteriores à compra da Casa, para o que me foi preciosa, e sempre encorajadora, a ajuda do meu amigo (amigo e parente, como é hábito dizer-se entre genealogistas...), Alberto Teixeira de Pinho Gonçalves, da “Associação de Defesa do Património Arouquense”. O prédio fora averbado em nome de António Dias Costa no ano de 1927; antes deste ano, a primeira tributação às Finanças coubera a um tal de António Pereira Saraiva, Saraiva e, pouco depois, em 1921, a uma tal de Maria da Glória Osório Saraiva, Saraiva ambos de Boaldeia, Viseu: Qualquer deles, até à data, nada me diziam com respeito a Arouca! Nem diriam a mais ninguém.

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Vide FONTES MANUSCRITAS: As datas não reportadas a qualquer fonte

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Casa de habitação e quintal, com videiras e fruteiras a partir do nascente com a estrada, norte com o largo, poente com o prédio seguinte. Efectivamente era esta; mas ia andando, de mal a pior. Sem o arrimo do Dr. Caetano de São Pedro, para que serviam os Osórios e os Saraivas? O que tinham Osórios e Saraivas a ver com qualquer dos quartéis do Aro? Pois: mesmo nada!

as fichas do cartório Teixeira Lopes, de Arouca, e os Notariais de Aveiro

10___________________________________________________________ 10___________________________________________________________

A menos que..., na origem de um dos seus costados... Sentia-me desanimado, mas não vencido! Julgava eu que, encontrada a escritura de compra e venda, se havia de perceber o que significava, o vendedor, para a Rua de Santo António da vila de Arouca... Era preciso, pois, achar o vendedor, ou seja, a escritura. Optei por deixar-me guiar pelas fichas do notário Teixeira Lopes (preciosas fichas ainda à guarda do edifício novo do Tribunal de Arouca) que me localizaram e me levaram a ler, no Arquivo Distrital de Aveiro, dezenas de “Notariais de Arouca”, quer de António Dias Costa da “Rua de Santo António” ou do “Rio de Janeiro”, como lá constava, quer de António Pereira Saraiva de “Boaldeia”. Da mais interessante das escrituras, direi adiante... Trabalho medonho, como se se tratasse de achar agulha em palheiro! E sem grande êxito, valha a verdade!, ou de pouco interesse. Para mais, assaltavame a dúvida clássica: E se a escritura de compra e venda não foi feita em Arouca?! E se o comprador ou seu representante tivesse ido a Boaldeia, a casa de D. Maria da Glória? Encontrei, porém, uma escritura que parecia particularmente interessante, uma Rescisão de Arrendamento, aos 5 de Fev.º de 1920 [ADA, Notariais de Arouca, Livro 1338-20]: O 2.º outorgante, António Pereira Saraiva, viúvo, morador em Boaldeia, acidentalmente nesta vila [de Arouca] (o António Pereira Saraiva que já encontrara, acima, nas devidamente identificada, entendem-se tiradas dos Registos Paroquiais.

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A CASA DO ARO EM AROUCA

Finanças em data anterior à do averbamento da mesma casa em nome de D. Maria da Glória) referia várias propriedades que pertenceram às filhas menores deste, Maria, Glória e Amélia, no inventário orfanológico de Dona Maria Leopondina de Lemos Osório Saraiva. (Quem seria tal D. Maria Leopoldina de Lemos Osório Saraiva? Saraiva A mulher de António Pereira Saraiva?). Além disto, de outra vez, entre os papéis folheados, chegou-me uma escritura de venda (15.09.1922) de duas propriedades bem perto do Aro: As Quintãs e um terço do bravio sito no Outeiral. O vendedor era uma Osório Saraiva! D. Maria Alice Osório Saraiva, Saraiva provavelmente, uma irmã de D. Maria da Glória... E vejam só: Um dos confrontantes das Quintãs (lado Sul) era, de novo, o António Pereira Saraiva!; e um dos confrontantes do bravio (do mesmo lado Sul) era, nem mais, D. Maria da Glória Osório Saraiva! Não restava dúvida que esta gente de Boaldeia possuía bens por aqui. Em Arouca! Donde lhes teriam chegado? Sendo gente de fora de Arouca, não era crível que os tivessem vindo adquirir a Arouca, para mais em grupo: mas sim, muito provavelmente, ter-lhes-iam chegado por via de qualquer costado. Impunha-se, portanto, reconstituir a genealogia destes Osórios Saraivas... E logo se encontraria o Aro! Devíamos estar por perto!

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ANTÓNIO PEREIRA SARAIVA, de Boaldeia, Viseu 24.08.1916

Venda de água

25.08.1916

Venda de água

13.10.1916

Venda rectificação e ratificação

27.01.1920

Arrendamento

05.02.1920

Rescisão de arrendamento

01.02.1920

Mútuo

05.02.1920

Renúncia de mandato

16.02.1921

Quitação

06.05.1935

Venda

ANTÓNIO DIAS COSTA 26.06.1929

Venda, mor. em S.to António, Arouca

27.06.1929

Venda, mor. em S.to António, Arouca

01.09.1931

Mútuo, mor. no Rio de Janeiro

21.11.1933

Troca, mor. em S.to António, Arouca

21.12.1933

Venda, mor. em Arouca

27.01.1934

Venda, mor. em S.to António, Arouca

21.06.1934

Cessão, mor. em S.to António, Arouca

21.08.1934

Venda, mor. em S.to António, Arouca

Vê-se que António Pereira Saraiva morava em Boaldeia entre 1916 e 1935; António Dias Costa morava em Santo António entre 1929 e 1934 excepto em 1931 que estava no Rio de Janeiro. Teria sido a Casa adquirida só em 1931, tão tarde? Não, porque o averbamento fora de 1927. Teria sido comprada entre 1910 e 1920, tão cedo? Ou já teria estado no Brasil (e daí a comprara ou mandara comprar) antes de 1929?

o Arquivo Distrital de Viseu e a primeira reconstituição genealógica genealógica dos Pereira Saraiva

11___________________________________________________________

Recorri aos préstimos do Arquivo Distrital de Viseu (que mais tarde havia de reputar de excelentes) na esperança de uma genealogia com qualquer gancho em Arouca. Chegaram-me as primeiras reconstituições dos Osórios Saraivas e Pereiras Saraivas. Ora bem: Tinha havido duas irmãs, Maria Alice da Assunção (sem dúvida, a D. Maria Alice Osório Saraiva, acima), nascida em 1900 (26 de Fev.º), e Maria da Glória (a nossa já bem

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A CASA DO ARO EM AROUCA

conhecida), nascida em 1902 (4 de Nov.º) do matrimónio de António Pereira Saraiva com D. Casimira Alice Osório Saraiva, Saraiva dispensados do 2.º e 3.º grau de consanguinidade, naturais e moradores em Boaldeia. A primeira, afilhada do pároco Henrique Osório Saraiva (um tio?) e de D. Maria da Luz Osório Saraiva, solteira, tia materna; a segunda (Maria da Glória segunda do nome), afilhada de seu avô paterno e de Maria da Glória Osório Saraiva, solteira10. Avós paternos, Francisco Pereira da Costa Saraiva e Margarida Delfina; avós maternos, Inácio Rodrigues da Costa Saraiva e D. Maria Leopoldina Osório. (Cá estava a D. Maria Leopoldina, acima). O que se depreende daqui? Antes de mais, permite-nos compreender a relação de António Pereira Saraiva (averbado nas Finanças) com D. Maria da Glória (nas mesmas Finanças, em 1921): Eram, nada menos, pai e filha, esta sucessora daquele no Casa do Aro. Depois, o que sobressai na árvore é o apelido Costa Saraiva Saraiva de ambos os avós, paterno e materno. Assim sendo, a árvore genealógica estreitava-se e empobreciam as probabilidades de se achar costado de Arouca! E mais em evidência ficava, então e apenas, D. Maria Leopoldina Osório. Uma vez mais, as personagens nada nos contavam do brasão do Aro. Nada de gente de Arouca! O único reparo interessante, resumia-se a essa avó materna, a quem davam o tratamento de dona, D. Maria Leopoldina Osório, ou D. Maria Leopoldina de Lemos Osório Saraiva, como já ficara acima. E nada mais: Muito pouco, ou mesmo nada, que me levasse a prosseguir, interessado, com os registos de Viseu! Esta gente, de nada valia para o Aro! O que fazer então?!

o rol dos Irmãos e Provedores da Santa Casa da Misericórdia de Arouca

12___________________________________________________________ 12___________________________________________________________ Entretanto, fui ver na Misericórdia. Deixem-me voltar a mencionar o precioso achado, a escritura que nos conduziu a mais uma das grandes famílias da Vila: Sousa Lobo, ou Lobo de Sousa (propriamente, a de José

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Vide FONTES MANUSCRITAS, ARQUIVO DISTRITAL DE VISEU.

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Manuel de Sousa Lobo) e nos informou dos possuidores do Aro (os Almeidas) e dos vizinhos do mesmo Aro, em Quinhentos. No Livro da Misericórdia, José Manuel de Sousa Lobo vem expressamente referenciado à “Caza e Quinta do Aro”, em 1775, e volta a estar referenciado à mesma em 1799. Como ia contando, recorri a uma fonte inestimável que é o assento dos Irmãos da Santa Casa da Misericórdia de Arouca – livro “novo” feito pelo Rev. Dr. José dos Santos Reis, ou Aranha, da Quinta de Valdasna, Provedor de Misericórdia, aquele que deixou o nome e uma data no caixotão por cima da porta de entrada do belo tecto desta igreja – ESTA OBRA DE PINTVRA / SEMANDOV FAZER EMOANO / 1773 SENDO PROVEDOR O Dr jOZE / DOS S.tos TEIXEIRA TELLES11 – O rol é devido, em primeira-mão, ao Dr. Simões Júnior e está inserido num conjunto de notas esparsas oferecidas à Associação pelos seus descendentes (a família Sobrinho Simões). Dos Irmãos e Provedores pode retirar-se um grupo de personagens relacionadas com o Aro. Ou porque se referenciavam directamente à “Caza e Quinta do Aro”, ou porque usavam os apelidos Pereira de Vasconcelos ou Lobo de Sousa (Manuel e José Manuel, respectivamente: dois proprietários da Casa do Aro). O rol junto inclui já, por antecipação (e adiante darei o motivo!) Baltazar de Castro Pereira, Pereira morador na Lavandeira, Provedor em 1804.

Casa e Quinta do Aro

Quinta do Aro

Casa e Quinta do Aro

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D. Maria Baptista do Aro

28 Fev.º

1686

António Lobo de Sousa

02 Março

1703

Maria Antónia, viúva

02 Out.º

1707

António Lobo de Sousa D. Mariana Rosa de Vasconcelos

19 Nov.º 19 Nov.º

1713 1713

Manuel de Matos Godinho

20 Junho

1717

Manuel Bernardo de Sousa, Prov. Irmãos

02 Julho

1734

António Bernardo de Sousa

02 Julho

1735

António Bernardo de Sousa f.º de M.el Bernardo de Sousa

27 Abril

1738

BRITO, cit., QUINTA DE VALDASNA. Porto.

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A CASA DO ARO EM AROUCA

D. Ana Margarida m.er do Dr. António Bernardo

31 Out.º

1751 1752

António Bernardo de Sousa, Prov. Casa e Quinta do Aro

Manuel Pereira de Vasconcelos

27 Nov.º

1763

Lavandeira

D. Antónia Joana Lobo

24 Junho

1772

Casa e Quinta do Aro

José Manuel de Sousa [Lobo]

8 Jan.º

1775

D. Bernarda Rosa

22 Julho

1784 1786

Dr. António Bernardo de Sousa, Prov. Vila

Rev. António Lobo de Sousa

Quinta do Aro

José Manuel de Sousa Lobo, Prov.

Lavandeira

Baltazar de Castro Pereira, Prov.

02 Jan.º

1791 1799

15 Jan.º

1804

António Lobo de Sousa, Irmão em1791

1807

Vila

António Lobo, sobrinho

1807

Rua d´Arca

António Lobo de Souza, Prov.

1811

Rua d´Arca

Tomaz Lobo de Souza

6 Fev.º(?) 1837

Urge encontrar a relação parental de toda esta gente! Vê-se, pela Misericórdia, que a “Caza e Quinta do Aro” foi de um Pereira de Vasconcelos e foi de um Sousa Lobo, simultaneamente! Simultaneamente?, outra trapalhada?!

o primeiro quartel do escudo do brasão

13___________________________________________________________ 13___________________________________________________________

Em tão longo percurso – interrompido umas vezes por desânimo, outras vezes porque o período, os séculos XIX e XX, estava fora das balizas que me impusera (Boa desculpa!) – já não me lembro quando... uma vez, uma vez mais olhando para a fotografia do brasão da Casa, entendi uma coisa surpreendente: As faixas do primeiro quartel, havidas por Mascarenhas, estavam mordiscadas ao longo de um dos bordos... (Seria de ver melhor, no local, se a luz ajudasse. Efectivamente, assim aconteceu, depois de algumas tentativas de horas do dia, pelas 3, ou mais perto das 4 horas da tarde, de um dia de meio sol:) As faixas, tão toscamente representadas – contrastando aliás com a geral perfeição e invulgar bom

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gosto da pedra – significavam... Vasconcelos! Os bordos superiores estavam dentados: Eram veiros!!! E, então, com os Pereiras do quartel imediatamente abaixo, podia passar a ler-se Vasconcelos Pereira!... Ou Pereira de Vasconcelos, a família que tantas vezes tinha visto referenciada à Rua dos Currais, e mais acima, ao Outeiral, ou Quinta do Outeiral (de Frei Simão, liberal e inimigo das freiras de Arouca). Quem havia de esperar que três pentes pudessem ser três faixas veiradas? A partir daí, com novo ânimo, foi uma corrida! Havia que rever e equacionar os achados anteriores, e que pareciam conduzir, precisamente, a Vasconcelos Pereira ou Pereira de Vasconcelos, e também a Sousa Lobo ou Lobo de Sousa.

uma pequena volta pelos Paroquiais e a Casa do Enxido

14___________________________________________________________ Conviria vasculhar os paroquiais do século dezanove, na certeza de, a pedra, vir de recente data, buscando alguém que se afigurasse responsável por ela. Quem morava na Rua de Currais ou na Rua de Santo António? Parecia-me fácil. Até porque eu já não me pedia uma resposta definitiva!, mas apenas uma hipótese credível que me deixasse arrumar o assunto na prateleira, sem grande inquietação! [RESQUES]ANT ANT IN PACE, PACE como diz um lintel da Rua Mourisca... Dessa viagem pelos registos da vila – bem fora do âmbito dos meus trabalhos de GERAÇÕES DE AROUCA que estão balizados entre 1500 e 1800 – fui encontrando alguns notáveis, e entre eles, os Lobo de Sousa ou Sousa Lobo e os Vasconcelos Pereira ou Pereira de Vasconcelos. Em 1806 nasceu Luís filho de António Lobo de Sousa da Quinta de Nossa Senhora da Ouvida (hoje, “Quinta do Lobo” que está na saída da vila pela estrada para Alvarenga), neto pat. do Dr. António Bernardo de Sousa e de D. Rosa Margarida [Lobo de Sousa] da Praça. No assento, figura sua tia D. Constança Casimira

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[esta em 1807, 20 de Julho, na Misericórdia], uma de quatro irmãs de António Lobo de Sousa, vindas com D. Benta Joaquina, mulher deste mesmo António Lobo de Sousa e mãe do Luís acima, seguidas de “António Lobo, sobrinho”: curioso apontamento que é o seguinte:

Anno de 1807 Provedor: Revº Bernardo Fernandes de Pinho Irmãos António Lobo de Souza [Rev. António Lobo de Sousa] – Irm em 1791 era Provedor o Cap. Beça Villa D. Ana Delfina 20 de junho D. Constança Casemira “ D. Benta Beatriz “ D. Benta Joaquina “ D. Marianna Delfina “ Villa António Lobo, sobrinho 15 de novº

Vejamos num esquema a família do L.do António Bernardo de Sousa e de sua mulher D. Ana Margarida (que também aparece sob o nome de D. Rosa Margarida), moradores no Enxido (ou Enxídio ou ainda Incidio) ou moradores na Praça.

esquema 1: Casa do Enxido

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Repare-se! Estão aqui muitas das personalidades figuradas na Misericórdia: Manuel Bernardo de Sousa; seu filho o L.do António Bernardo de Sousa; a mulher deste, D. Ana Margarida; dois do nome António Lobo de Sousa (a ver de quem se tratava); e Tomaz Lobo de Sousa.

O P.e António Lobo de Sousa, filho de António Lobo de Sousa, não pode ter nascido do casamento com Benta Joaquina que se efectivou só em 1804. Com efeito, consta o P.e António Lobo de Sousa no estado de clérigo in minoribus no ano de 1791 (não parecendo que se possa confundir com o Rev. seu homónimo). O Luís, 1806, virá a ser Luís Lobo de Sousa e fará dois casamentos. Na ordem dos nascimentos, foi precedido de Constança, 1803, que teria morrido, pois outra Constança foi baptizada em 1810; entretanto nascera Tomás, 1808; depois de Constança, seguiu-se Benta, falecida em 1819; Ana e Libânia; mais adiante, ainda Maria, 1828, outra irmã, afilhada de António Pinto de Vasconcelos, da Quinta do Outeiral, filho de José Bernardo de Vasconcelos [Pereira] que representava D. Margarida Angélica da QUINTA DO BOCO. Daquele António Pinto de Vasconcelos da Quinta do Outeiral e de sua mulher (uma Vaz Pinto da Casa do Burgo, inimigos figadais em 1832 por força da detenção de Frei Simão!), nasceram filhos, entre 1836

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A CASA DO ARO EM AROUCA

e 40, na Rua dos Currais, provavelmente pouco abaixo do Aro. Pelos padrinhos, tios e tias, podem reconstituir-se as famílias, e outros apadrinhamentos proporcionam várias pistas. Uma das tias, que vem com o nome de D. Antónia (no assento de Amália, 1838) se verá, depois, casada com Joaquim Maria Pereira de Vasconcelos [seu próximo parente], filho de Fradique ou Frederico António Pereira de Vasconcelos, do Bairro12, que vão ser pais de outro Frederico, 1842, afilhado do tio paterno Dom José do Cenáculo de Vasconcelos Pereira (outro filho de Frederico António Pereira de Vasconcelos), e de D. Maria Albina Pereira de Vasconcelos, tia materna. Na Rua de Santo António, em 1852, também vivia o Dr. Delegado José Luciano Freire Temudo (dos destes apelidos, de Estarreja).

Era só? Enfim, como se vê, nada, mesmo nada, na Rua de Santo António, da graça de D. Maria Leopoldina Osório. (Pois, se estava em Boaldeia, por 1860!), nem de sua filha D. Casimira Osório Saraiva (Pois, se estava em Boaldeia, por 1890!)... E quanto aos Vasconcelos Pereira e aos Sousa Lobo, do Aro, estanciados no Aro pelos meados de Oitocentos..., nada! O próprio brasão continuava hermético: O que estavam por lá a fazer os dinheiros ou botões dos Castros?, perguntava para os meus...

segunda consulta ao Arquivo Distrital de Viseu

15___________________________________________________________ Talvez o assento de casamento de D. Casimira Alice Osório Saraiva nos pudesse trazer algo de novo que respeitasse aos Osórios. Já sabíamos dos pais, que figuram nos baptismos de D. Maria Alice e de D. Maria da Glória. Do Arquivo, veio então o assento de C; vieram também os assentos de B de António (Pereira Saraiva) e de D. Casimira (Osório Saraiva); por esta, recuámos até aos avós: A avó materna chamava-se D. Maria José Osório e o

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Vide, adiante, Pereira de Vasconcelos, da Rua de Santo António, da Casa do Bairro (Moldes) e da Quinta do Outeiral.

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avô materno está lá, apenas, como... João António, imaginem! Mais uma decepção: Salvo D. Maria José Osório, o seu marido, tão só João António, não servia para nada. E, mais uma vez, a árvore dos Osórios Saraiva (ou melhor: a dos Costa Saraiva e a dos Osórios) com nada contribuíam para o esclarecimento da brasão do Aro!!! Mas vamos lá ver: Guarde-se (vira a ser útil?) o que ficou apurado desde D. Maria da Glória, proprietária do Aro em 1921, até sua bisavó D. Maria José Osório, residente em S. Pedro do Sul:

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Trepando pela árvore, desde D. Maria da Glória até à bisavó D. Maria José Osório, perguntava-me, de novo: O que vinham os Osórios aos quartéis do Aro?

Antonio Pereira Saraiva Casimira Alice Ozorio Saraiva Maria da Gloria [tia]

os Livros de Cobrança do Mosteiro

16___________________________________________________________ 16_______________________________________________________ Em simultâneo, fui explorando os Livros de Foros do Mosteiro, trabalho muito facilitado pela colectânea de fotocópias da mencionada acima “Associação de Defesa do Património Arouquense”. A título de exemplo, transcrevo dois achados referentes à Rua de Santo António ou Rua dos Currais.

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A CASA DO ARO EM AROUCA

87 Rua dos Currais Manuel Pr.a de Vasc.os e sua m.er por Prazo em q. elle hé 3.ª v.ª feito a 20 de Fev.º de 1737 Tom. f 96 L.º V.º das Cob f 83v

Pg. a Luct. do Rv. J.e Ignacio

Renovouse ao d.º M.el Pr.ª, e mer D. Luiza Franca Barretto em 1.ª e 2.ª v.as aos 30 de Agto de 1757 nota f 75 Agora o P.e Joze Ignacio

Agora

D. M.ª Ozorio Emphyteuta Francisco Ferreira, de Santo António N.º 177 Renda N.º 176 Dnr.º ...........................................240 Luctª mº arr. el de Cera Domº de 10

[leitura] fl. 87 / Rua dos Currais / Manuel Pereira de Vasconcelos e sua m.er por / Prazo em que ele é 3.ª vida feito a 20 de / Fev.º de 1737 Tombo f 96 Livro Velho das / Cobranças f 83v / Renovou-se ao dito Manuel Pereira, e mer D. Luiza / Francisca Barretto em 1.ª e 2.ª vidas aos 30 de / Agosto de 1757 nota f75 / Agora o P.e Joze Ignacio / Pagou a Luctuosa do Rev. / José Ignacio /Agora / D. Maria Ozorio / Emphyteuta / Francisco Ferreira, de Santo António / N.º 177 / Renda N.º 176 / Dinheiro 240 / Luctuosa meio arratel de cera Domínio de 10 O Prazo de 1737, que passara em 3.ª vida a Manuel Pereira de Vasconcelos, foi-lhe renovado em 1757 e a sua m.er D. Luísa Francisca Barreto; passou de seguida ao P.e José Inácio; passou depois a D. Maria Osório. Que significa isto? De quem fora o Prazo de 1737? E por que lho renovaram em 1757? Não tenho resposta, por ora. Em outro Livro [L.º 67 de Prazos, III-1.ª D-13-3-7, fls. 88 a 91] lê-se o mesmo apon tamento:

M.el Pr.ª de Vas.os e sua m.er por prazo em que elle he 3.ª v.ª feito a 20 de Fev.º de 1737 Tom. fl.96 e hero... de S.ta Marinha Renovou-se ao d.º M.el Pr.ª de Vas.os e sua m.er D. Francisca Luiza Barretto de Castro em pr.º e seg.ª v.as aos 30 de Ag.º de 1757 Agora o P.e Joze Ignacio

Com a diferença de, aqui, não constar ainda o averbamento em D. Maria Osório e... Alto!: de o nome de D. Luísa Francisca vir mais completo, Barreto de Castro, não me podendo escapar a primeira menção que encontrava ao apelido Castro!... Em outro lançamento de um Prazo da Rua dos Currais [III-1ª-13-1-7, num prazo precisamente intitulado Aro], vem Baltuzardo Castro Lobo [Baltazar de Castro Lobo] por sucessor de José Manuel de Sousa Lobo ... Em outro Prazo, deste mesmo último Livro, fls. 84v, vê-se:

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Rua dos Currais O L.do André Pr.ª Lopes por prazo em que foi 3.ª vida o P.e Constantino Coelho de Pina feito a 29 de Mayo de 1668 Renovado a Fradique António Pr.ª de Vas.os do Bairro de Moldes e m.er D. Margarida de Serra Chucre em 8 de Março 1798 Agora D. Joana do Bairro

Ao lado, a nota de Extinto.

Ainda, no Livro cota 34 [III-1.ªD -13-3-34], antigo Tomo ii, encontram-se três menções à Rua dos Currais: Uma, Maria Pereira de Vasconcelos 1.ª vida a 9 de Jan.º de 1712; outra a mesma Maria Pereira de Vasconcelos 3.ª vida do prazo em 29 de Out.º de 1673; outra ainda a o P.e Constantino Coelho de Pina 3.ª vida do prazo de 20 de Maio de 1668, respectivamente a fls. 204v, 210 e 215. O trabalho recente publicado sob o nome de “Arouca D´Ontem”, da autoria do Dr. Filomeno Silva (Arouca: Associação para a Defesa da Cultura Arouquense, 1993, p. 28) também menciona estes prazos, utilizando-os para discutir as designações de Rua do Aro e de Rua de Santo António: Nos dois últimos documentos, constam residentes, em 27 de Junho de 1712, na Rua do Aro, e no primeiro, figuram a donzela Maria Pereira de Vasconcelos e o P.e Constantino Coelho de Pina mor.s na Rua de Santo António, agora em 18 de Julho. Convém dizer, resumidamente, o que sei destes Pereira de Vasconcelos onde se inscreve o P.e Constantino Coelho de Pina. Porque é mais cómodo para o efeito, apresento-os em forma de árvore:

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A CASA DO ARO EM AROUCA

Pereira de Vasconcelos, da Rua de Santo António, da Casa do Bairro (Moldes) e da Quinta do Outeiral ____________________________________________________________________ L.do António Coelho de Pina c.c. Mariana da Trindade Manuel Reimão de Vasconcelos João Reimão de Vasconcelos de Macieira de Cambra Pereira de Vasconcelos, P.zo a ambos de 29.05.1668 _________________________________________________________________________________________________________ I I I I I I D. Maria Eufrazia Frei João P.e Constantino L.do André P.ra Frei Jaime, Carmelita Calçado Serafina de S. Payo P.ra de Vasc.os Carmelita Coelho de Pina Lopes Godinho 1.11.1677 c.c. Descalço Cura da Vila do Lugar de Bairro Cânones em Coimbra 1693-99 H. do Outeiral Jerónimo Teles de Outeiro Meão Bach. 1699, Formatura 1701 2.ª vida P.zo 1682 de Meneses, c.c. Maria Quaresma c.c. M.el de Pinho da QUINTA DO BOCO F.ª de Alexandre Quaresma e M.ª Gomes, de Moldes de Alm.ª Cabral _________________________________________________________________________________ mor.s em Cesar I I I I I I I Jaime Manuel D. Ana Maria José Fradique Fradique António Rev. Dr. Jer.º José José Bernardo 1716 Inocêncio P.ra de Vasc.os P.ra Lopes P.ra de Vasc.os P.ra de Vasc.os Pereira de Vasc.os de Vasc. P.ra na Miser. em do Bairro,1724 b. 1726, + 5.10.1800 do Bairro, 1730 c.c. D. Ana Margarida de 1718 1779, com seus pad. de José, 1796. c.c. D. Joana Marg. .Prov. Mis. Almeida Cabral + 4.09.1784 irmãos Dr. Jer.º, Frederico e Manuel em 1787 de Serra Chucre, em 1787 Quinta do Outeiral b. 6.03.1721 b. 29.10.1724 do Bairro + 22.11.1818 mor.s em Cesar (1788) + solt.ª 13.04.1780 + 10.12.1814 _________________________________________________________ ______________________________________ I I I I I I I I I I José Mariana D. Ana D. Margarida P.e M.el Joaq. Maria c.c D. An.ta Augusta An.to Pinto Outros Frei Simão, 1796 1785 1787 Cândida Joaquim P,ra de Vasc.os de Vasconcelos P.ra de Vasc.os preso Af.º de + 1786 +1790 P.ra de Vasc. + Bairro do lugar do Bairro Pereira c.c. D. An.ta Amália em 1832 D. José do Cenáculo I 1821 I de Mag. e Vasc.os de Vasc.os P.ra José, 1825 Frederico, 1842, moradora na Af.º de seu tio R. dos Currais, D. José do F.ª da Casa do Burgo Cenáculo I Amélia, 1838

ainda a Conservatória do Registo Predial

17__________________________________________________________ Lembrei-me, então – ajudado uma vez mais pela incrível disponibilidade de meu amigo Alberto Gonçalves – tentar nova incursão pela Conservatória do Registo Predial, onde encontrei funcionário competente e muito disponível que me proporcionou uma boa lição sobre utilidade desses arquivos. Infelizmente, as menções que respeitam aos Osórios Saraiva não permitiram avançar muito... Apurei o que passo a expor. Aos 9 de Outubro de 1927 alguns prédios em Arouca (incluída a casa do largo de Santo António) foram inscritos a favor de António Dias Costa, então ausente no Brasil, prédios que haviam sido comprados a D. Maria da Glória Pereira Saraiva e seu marido, residentes na cidade da Guarda, bem assim a [seu pai] António Pereira Saraiva, viúvo, de Boaldeia, por escritura que se fizera em Viseu a 28 de Setembro de 1926. 1926 (E tinha eu andado a procurá-lo em Arouca!). Em 1918 consta o arrendamento ao secretário da câmara de Arouca, José da Silva Gouveia, da metade poente da casa de habitação,

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assim como da parte rústica, arrendamento por sete anos (1.03.1918 a 28.02.1923) feito por António Pereira Saraiva, viúvo, de Boaldeia. Mas, já em 1906 se regista um sub-arrendamento ao mesmo arrendatário que tinha feito Augusto Nazareth Osório Saraiva, solteiro, de Boaldeia, também por sete anos a contar do início de Outubro de 1903, 1903 declarando-se, ao tempo, que o prédio arrendado é pertencente a Dona Maria Leopoldina de Lemos Osório Saraiva, de Boaldeia. Efectivamente, em data anterior, mas deste mesmo ano de 1903, verifica-se o arrendamento de um bom número de fazendas, ainda por sete anos, a Augusto Nazareth Osório Saraiva por sua mãe Dona Maria Leopoldina de Lemos Osório Saraiva, casada, mas separada judicialmente de seu marido, e actualmente moradora nesta vila de Arouca. Os escassos dados genealógicos corroboram o que sabíamos dos Osório Saraiva. É certo que a família deteve a Casa do Aro:

Uma morada de cazas de habitação. Telhadas e sobradadas, com suas pertenças e quintal pegado, com arvores de vinho e fruta e agua de rega, situada no largo de Santo António, freguezia d´esta villa d´Arouca. Confronta do nascente e norte com a estrada real, poente e sul com prédio de Viriato Pinto Leite.

Não se vê, todavia, a relação dos apelidos com as figurações do brasão. Dizem mais os mesmos Registos que Inácio Rodrigues da Costa Saraiva e mulher Dona Maria Leopoldina de Lemos Osório, de Boaldeia [sogros de António Pereira Saraiva e avós de D. Maria da Glória] hipotecaram alguns prédios de Arouca (um deles, precisamente a Casa) nos princípios de 1874, 1874 a Bernardo António Pinto de Magalhães, viúvo, morador em São Pedro. Este veio a falecer pouco depois (4.10.1874) com testamento de 1871 a favor de seu filho Dionísio António Pinto de Magalhães, ausente no Brasil e por isso representado pelo seu tutor António Augusto Pinto de Magalhães, o administrador do concelho. Um dos prédios era a

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A CASA DO ARO EM AROUCA

Propriedade situada a Santo António d´esta villa d´Arouca, freguezia de São Bartholomeu. Compõem-se de uma morada de cazas, com seu quintal que tem fruteiras e arvores de vinho. Confina do nascente com a estrada publica; norte com o adro de Santo Antonio; poente com as cazas de Viriato Pinto Leite; e do sul com o quintal do mesmo Viriato Pinto Leite.

É pouco? Ficámos todavia a saber que D. Maria Leopoldina de Lemos Osório Saraiva e seu marido Inácio Rodrigues da Costa Saraiva, moradores em Boaldeia, hipotecaram a Casa e outros bens em 1874. Mais à frente, em 1903, D. Maria Leopoldina – que ainda possuía a Casa mas estava separada judicialmente de seu marido e residia em Arouca, provavelmente na Casa, ou em parte dela (como veremos) – arrendou-a com outras propriedades a um filho, solteiro, de Boaldeia. Este irá subalugá-la. O mesmo inquilino, em 1918, virá a tomar por sete anos (término no último de Fev.º de 1923) a António Pereira Saraiva, viúvo, de Boaldeia, a metade poente da Casa (a parte que ostenta o brasão). Por fim, em 1926, a Casa foi vendida a António Dias Costa por D. Maria da Glória Pereira Saraiva e por seu pai António Pereira Saraiva. Ao fim e ao cabo, entre os achados, sobressai – e apenas – o nome de D. Leopoldina de Lemos que, de novo, se afigura a chave do enigma do brasão da Casa do Aro.

terceira consulta ao Arquivo Distrital de Viseu

18__________________________________________________________ Voltei a recorrer aos serviços do Arquivo de Viseu (e volto a louvar a competência e a rapidez com que me serviram). Agora, estava convencido de que um eventual irmão de D. Maria Leopoldina teria sido o responsável pela feitura do brasão da Casa do Aro! ... Não quero dizer que só pudesse ter havido um caminho para os senhores do brasão da Casa do Aro... Apenas, vou contando o meu próprio caminho! E, em “caixas”, fui deixando os principais achados:

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Um mapa de Arouca; os quartéis do brasão da Casa do Aro; a escritura da “Quinta do Carqueijal” (aliás, da Quintã do Aro), de um Arquivo Particular; o rol dos Irmãos e dos Provedores da Misericórdia de Arouca, relacionados com o Aro; a árvore dos Osório Saraiva; algumas Cobranças de Foros do Mosteiro; os Pereira de Vasconcelos, do Aro, de Moldes, e do Outeiral; as vicissitudes da Casa entre 1874 e 1926. Posto isto, ressalvar-me-ão o escrúpulo de não revelar, com maior clareza, algumas fontes que reputo de confidenciais (Uma das razões por que as minhas GERAÇÕES DE AROUCA se atêm a 1800!...).

o assento de casamento de D. Maria José

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Enquanto aguardava resposta de Viseu (questão de um dia!)... E por fim, e de novo, o meu amigo Alberto Gonçalves transmitiu-me um achado que acabara de fazer nos livros de Arouca: Um registo de casamento a Santo António, em 1828, de uma tal D. Maria José Osório Coutinho e Vasconcelos, filha de mulher solteira de Bouceguedim (Moldes, Arouca) e de pai incógnito.

S. Bartolomeu de Arouca, L.º 19 de C., fls. 129 Aos quatorze de Abril de mil oitocentos e vinte e oito nesta Igreja Parochial de S. Bartholomeu da Villa d Arouca Bp.do de Lamego na presença do P.e João de Carvalho q então era Parocho desta freg.ª e das tt.as abaixo nomeados no fim deste assignadas se receberão com palavras de prezente em q. mostravão seus mútuos consentimentos João António de Lemos Castelo Branco Maldonado f.º legitimo de João de Lemos Castelo Branco Maldonado ja defunto e de D. Maria Candida da Silveira Rosado do logar de Oliveira freg.a de S.to Adrião de Sul Bp.do de Viseo. Com D. Maria José Osorio Coutinho e Vazconcellos f.ª natural de Bernarda Gomes solteira já defunta do logar de Bouceguedim freg.ª de S. Bartolomeo da Villa de Arouca Foram tt.as o R.do António Lobo de Sousa, e Joaquim Antonio Teixeira desta Villa. Fiz este ascento aos dez de Maio de mil oito centos e vinte e nove por despacho do I.mo e R.mo Sr D.or Vigário Capitular G.or deste Bp.do o qual despacho se acha incerto no seg.te appenso no fim do L.º de Baptizados desta Ig.a como fica declarado a fl cento e vinte deste Livro Par.o M.el de Almeida

João Lemos Castelo Branco Maldonado c.c. D. Maria Cândida da Silveira Rosado Bernarda Gomes, solteira, de S. Pedro do Sul de Bouceguedim I I João António de Lemos Castelo Branco Maldonado c. 14.04.1828 c. D. Maria José Osório Coutinho e Vasconcelos

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Pois, foi o achado decisivo: E – curioso! – Alberto Gonçalves ainda não sabia que eu já conhecia a existência de D. Maria José na árvore dos Osórios Saraivas e a tinha por bisavó garantida de D. Maria da Glória! Contou-me Alberto Gonçalves que, ao achar o assento, lhe parecera, apenas, poder interessar-me por se tratar da Rua de Santo António e por trazer uma senhora do apelido Osório com raízes em Arouca..., além de me ter já ouvido falar na representação de Vasconcelos no 1.º quartel do brasão e de me ter ouvido também falar de uma possível representação de Coutinhos no 2.º quartel... O achado concedia mais dois apelidos a D. Maria José Osório – Coutinho e Vasconcelos (por fim!, Coutinho!, o Coutinho do 2.º quartel do Aro!]; mostrava os apelidos de seu marido (que nada tinham com o Aro); e, mais interessante ainda: dava-a por filha de uma mulher de Arouca!!! Depois, com a diferença de apenas um dia, tinha nas mãos o resultado da terceira e última consulta ao Arquivo de Viseu: com duas espantosas surpresas! A primeira, D. Maria da Glória (Osório Saraiva) fora terceira-neta do P.e José Inácio [dos Vasconcelos Pereiras, da Casa do Aro]... A Segunda, os apelidos de João António, marido de D. Maria José Osório, afastavam de vez a hipótese acima colocada, ou seja, a de ter sido um dos seus filhos o autor do brasão: Pois não era crível que qualquer dos filhos de D. Maria José pudesse ter concebido o brasão do Aro... (por mais elevado conceito em que tivesse a ascendência do P.e José Inácio), sem nele ter figurado qualquer um dos sonantes apelidos de seu pai João António de Lemos Castelo Branco Maldonado! Quer isto dizer: A Casa do Aro, embora pudesse ter pertencido a D. Maria José Osório, filha do P.e José Inácio, bem pode ser que igualmente tivesse pertencido a um dos seus tios, ou qualquer um dos seus primos co-irmãos, um pouco antes dela (ou em co-propriedade), e este parente lá tivesse instalado o seu brasão de Vasconcelos, Coutinhos, Pereiras e Castros... (Recordemos que D. Maria José, à data do casamento,

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passara já 34 primaveras...). Ou o autor do brasão teria sido seu próprio pai, o Padre José Inácio?

De quem era o brasão? Quem mandou mandou fazer e colocar o brasão? o resultado da última consulta ao AD de Viseu

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O resultado da consulta a Viseu revelou dois irmãos de D. Maria Leopoldina (os tais de quem eu atribuíra, hipotética mas erradamente, a proeza do brasão). O mesmo resultado e demais dados que já possuíamos podem traduzir-se pelo esquema: P.e José Inácio e

Bernarda Gomes, solteira João Lemos Castelo Branco c.c. D. Maria Cândida Escolástica de Fuste, Arouca, F.ª de Maldonado, da Silveira Rosado, M.el Gomes e M.ª Gomes de Oliveira, S.to Adrião de Sul de Nelas, I do lugar de Bouceguedim S. Pedro do Sul S. Pedro do Sul I ________________________________________________________________________ I I I I D. Maria José Osório c. 14.04.1828 c. João António de Lemos Castelo Branco Maldonado D. Maria Máxima D. Maria José Coutinho e Vasc.os, em S.to An.to de Oliveira, S.to Adrião de Sul, c.c. Joaquim Manuel de Lemos de Fuste, Arouca, 4.10.1793 S. Pedro do Sul de Loureiro, de Viseu _______________________________________________________________________________________________ I I I João Maria Leopoldina Augusto 5.12.1830 17.02.1832 26.03.1833 Af.º de Alexandre Azevedo Coutinho e Faro* Af.ª de Lourenço Homem Teles Af.º de José Gomes da Silva e Lima da Soenga, S. Martinho de Mouros, e o da Quinta da Quebrada de Besteiros da cid. de Viseu Ab. José António da Costa com procuração de D. Maria Máxima e o baptizante com procuração de e sua F.ª D. Isabel Maria, tia do B. m.er de Joaquim Manuel de Loureiro, da cid. de Viseu, tia pat. do B. D. Maria José de Lemos, tia da B.

D. Maria Joze Ozorio teve, de seu marido João António de Lemos, 3 filhos: João, Maria [Leopoldina] e Augusto, nascidos e b. em Sul, S. Pedro do Sul. João, b. 17(?) 12.1830; n. 5.12.1830, F.º de João António de Lemos, nat. lugar de Oliveira e D. Maria Joze Ozorio, nat. de Bouseguadim, Neto pat. de João de Lemos nat. de Oliveira desta freg. e de D. Maria Candida Escolastica nat. do lugar de Nellas freg. d´aí, Neto mat. do P.e Joze Ignacio e de Bernarda Gomes solteira do lugar de Bousegadim freg. de Arouca. Pad.s Alexandre Azevedo Coutinho e Faro nat. da Soenga freg. de S. Martinho de Mouros e por sua procuração o dito abb.e Joze Antonio da Costa, D. Maria Maxima m.er de Joaquim Manuel de Loureiro da cidade de Vizeu thia paterna do Baptizado. Maria [Leopoldina], b. 4.03.1832, n. 17.02.1832, F.ª de João António de Lemos, nat. lugar de Oliveira e D. Maria Joze Ozorio, nat. de Bouseguadim, Arouca, neta pat. de de João de Lemos nat. de Oliveira e de D. Maria Candida Escolastica nat. do lugar de Nellas freg. d´aí, e mat. do P.e Joze Ignacio e de Bernarda Gomes solteira do lugar de Bouseguadim freg. de Arouca. Pad.s Lourenço Homem Telles da Quinta da Quebrada de Besteiros e por sua procuração toquei eu baptizante Madrinha D. Maria José de Lemos thia da baptizada.

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Augusto, b. 15.04.1833, n. 26.03.1833, F.º de João António de Lemos, nat. de Oliveira e D. Maria Joze Ozorio, nat. de Bousegadim, Arouca Neto pat. de João António de Lemos, nat. lugar de Oliveira e D. Maria Escolastica nat. do lugar e freg. de Nellas e mat. do P.e Joze Ignacio e de Bernarda solteira do lugar de Bouseguadim freg. de Arouca. Pad.s José Gomes da Silva e Lima da cidade de Vizeu e sua F.ª D. Izabel Maria thia pat. do baptizado.

Ora, sempre me fascinara a ascendência materna-materma-materna de D. Maria da Glória (neta de D. Maria Leopoldina). Obtivera uma linha ascendente desde D. Maria da Glória – bisneta – a D. Maria José – bisavó – linha que sempre me parecera significativa. A dificuldade residiu em identificar, por fim, aquela D. Maria José Osório! Chegados aqui, sabido que era filha do P.e José Inácio – dos Pereiras de Vasconcelos do Aro – também se entende, agora, o que estavam a fazer os Castros no brasão da Casa do Aro!!! Pois: os Castros da mãe do P.e José Inácio!!!

Fim.

Por que não?!

...mas ficaríamos sem saber muita coisa (coisas capazes de preencher outras tantas páginas?)...E porque me atrevo a pensar que o benévolo leitor não se importa de prosseguir a caminhada, pergunto: Quem nasceu em casa do Pereira de Vasconcelos da Rua de Santo António?

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A Casa do Aro II – últimas revelações

E MUITO FICOU POR ESCLARECER!

-A- QUAIS SÃO OS CASTROS QUE ESTÃO NO BRASÃO DO ARO? POR QUE É QUE MANUEL PEREIRA DE VASCONCELOS E JOSÉ MANUEL DE SOUSA LOBO SE DIZEM AMBOS DA CASA E QUINTA DO ARO?.

-B- POR QUE ESTÃO OS MATOS GODINHO NO ARO E QUEM DELES DESCENDE? A MULHER DE MANUEL PEREIRA DE VASCONCELOS, DA RUA DE SANTO ANTÓNIO, ERA FILHA DAQUELES DO ARO? MAS A CASA DE MANUEL PEREIRA DE VASCONCELOS NÃO VEIO POR AÍ MAS ADVINHA DE UM CUNHADO DESTE, ANTÓNIO LOBO DE SOUSA, CASADO COM SUA IRMÃ MARIANA, MORADORES NA RUA DE SANTO ANTÓNIO...

-C- O QUE TINHA A VER ESTA PEREIRA DE VASCONCELOS DA RUA DE SANTO ANTÓNIO – D. MARIANA ROSA – COM OS PEREIRA DE VASCONCELOS DA RUA DE SANTO ANTÓNIO? OU SEJA, COMO É QUE A CASA DA RUA DE SANTO ANTÓNIO VAI DOS PEREIRA DE VASCONCELOS DE MARIA, DO PADRE CONSTANTINO E DA MÃE DELES, MARIANA, PARA OS PEREIRA DE VASCONCELOS DE MARIANA E MANUEL PEREIRA DE VASCONCELOS DA RUA DE SANTO ANTÓNIO? OU NÃO VAI? QUANTAS CASAS ERAM AS CASAS DO ARO E QUANTAS CASAS ERAM AS CASAS DA RUA DE SANTO ANTÓNIO?

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-D- O QUE VINHA A SER D. BERNARDA ROSA A D. MARIANA ROSA DA RUA DOS CURRAIS (OU RUA DE SANTO ANTÓNIO)? E JOSÉ MANUEL DE SOUSA LOBO A MANUEL PEREIRA DE VASCONCELOS? CONHECIDO O TRAJECTO QUE TIVERAM OS PEREIRA DE VASCONCELOS PARA A RUA DE SANTO ANTÓNIO, QUE TRAJECTO TIVERAM OS MESMOS PARA A CASA E QUINTA DO ARO?

-E- D. CATARINA DE ALMEIDA DA CRUZ DO ANO PROVIRIA AOS ALMEIDAS DA QUINTA DO ARO? O ARO, OU PARTE DA QUINTA, TERIA PASSADO A SEU FILHO ANTÓNIO LOBO DE SOUSA MORADOR NA RUA DOS CURRAIS (OU RUA DE SANTO ANTÓNIO) E, POSTERIORMENTE, TRASITADO – UM E OUTRO DOS AROS – A SEU CUNHADO MANUEL PEREIRA DE VASCONCELOS?

-F- DE QUEM ERA FILHO PROVÁVEL JOSÉ MANUEL DE SOUSA LOBO? COMO É QUE O CLERIGO IN MINORIBUS ANTÓNIO LOBO DE SOUSA PODE SER FILHO DE OUTRO ANTÓNIO LOBO DE SOUSA DA MESMA IDADE? ONDE PÁRA O REGISTO DE B DE BALTAZAR PEREIRA DE CASTRO, FIGURA PRINCIPAL QUE COLMATARIA, EM SIMULTÂNEO, A AUSÊNCIA DE JOSÉ MANUEL DE SOUSA LOBO?

TAIS SÃO OS QUESITOS!

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Um painel “de anjos” enquadrados por uma cruz. São 8 anjos dispostos em 3 conjuntos, em Monsaraz, Alentejo: Um par de anjos, no topo superior da composição, desdobra, realçando a inscrição IRNI, um listel feito das asas dos anjos principais!; dois pares de anjos, um de cada lado do corpo da cruz, sobre nuvens que são trechos de asas alheias!; e mais dois anjos ajoelhados. Pois..., é nestes dois últimos anjos que reside o grande escândalo dos painéis!

Assim esteve 300 anos...

e, agora, reposto...

Painel de azulejos numa das parede da “Casa da Inquisição” recentemente reposto na sua lógica. Jornal PÚBLICO, de 03.11.02

A composição que o assentador dos azulejos nos deixou há 300 anos, é... delirante! Assim: os rostos dos anjos principais, os que estariam ajoelhados, subiram, acompanhados de parte das asas, e postaram-se no topo; e os daí desceram, pairando algures, meio perdidos! Os grupos centrais – que não diferem muito – foram sublinhados com os extremos das asas dos anjos principais! E, no grupo do lado direito, deu para figurar uma mitra feita à custa dos decotes das albas dos anjos ajoelhados! Por fim, além de outras fantasias, o pé da cruz recebeu uma espécie de coração, feito com os cotovelos dos anjos principais, que descansa numa almofada de tecido das albas dos mesmos anjos! Descobriu-se agora que os azulejos, assim trocados, estavam porém marcados no tardoz por linhas e colunas – quão perfeito modo de aplicar – oferecendo-se deste modo à reposição da verdade... Valeu a pena? Convenhamos que a composição errada, abstracta, e bem-humorada..., é verdadeiramente delirante! Pena foi que a tivessem apeado. Será que a “correcção” a vai merecer?

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-A(os Castros, do brasão) (Manuel Pereira de Vasconcelos e José Manuel de Sousa Lobo, ambos da Casa e Quinta do Aro) (os Pereira de Castro, de Sernadelo)

QUAIS SÃO OS CASTROS QUE ESTÃO NO BRASÃO DO ARO? POR QUE É QUE MANUEL PEREIRA DE VASCONCELOS E JOSÉ MANUEL DE SOUSA LOBO SE DIZEM AMBOS DA CASA E QUINTA DO ARO? O PAINEL DO ARO – DOS PEREIRA DE VASCONCELOS E DOS SOUSA LOBO – É CONFUSO. NÃO SE ESCLARECEU BEM O PORQUÊ DOS CASTROS NO BRASÃO; NÃO SE EXPLICOU O DESIGNATIVO DA CASA E QUINTA DO ARO DE MANUEL PEREIRA DE VASCONCELOS, MORADOR NA RUA DE SANTO ANTÓNIO; NEM SE EXPLICOU O DESIGNATIVO DA CASA E QUINTA DO ARO DE JOSÉ MANUEL SOUSA LOBO.

(os Castros, do brasão) (Manuel Pereira de Vasconcelos e José Manuel de Sousa Lobo, da Casa e Quinta do Aro) Enfim, chegara a hora de uma leitura mais orientada dos livros paroquiais. Inicialmente, o pouco proveito colhido resultou da ausência da família, longe de Arouca, por um século, imagine-se!; identificados agora os ascendentes, vai ser gratificante conhecer o século dezoito da Rua de Santo António da vila de Arouca. Dei-me em procurar o baptismo do P.e José Inácio. O P.e José Inácio, herdeiro do Prazo da Rua dos Currais de Manuel Pereira de Vasconcelos; o P.e José Inácio, pai de D. Maria José da Rua de Santo António em 1792. O P.e José Inácio teria nascido por 1750? O primeiro dos nados na Rua de Santo António em casa de Manuel Pereira de Vasconcelos, foi Bernarda em 1750, afilhada de D. Mariana viuva moradora nesta villa (madrinha cuja importância veremos adiante...). O segundo foi José, em 1753. A mãe vem sob o nome de D. Francisca Luísa Pereira de Castro. Ora, por fim!, Pereira de Castro, Castro precisamente a primeira leitura do 3.º e 4.º quartéis do brasão da Casa do Aro! Dizia-se, a senhora D. Francisca Luísa, natural de Sernadello freg. de Santo Adrião (de Sever), Penaguião, filha de um Matos Godinho e de sua mulher, uma Pereira de

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Castro do dito Sernadelo. Pela paterna, Bernarda, 1750, provinha de D. Catarina Isabel Osório de Vasconcelos, da cidade de Lamego, o que explica o Osório de D. Maria José e o Osório dos primeiros Osório Saraiva que venderam a casa (recordam-se?) a António Dias Costa! Seguem-se os irmãos de Bernarda, logo com José em 1753, como disse... São tantos – agora! – os ladrilhos que fazem sentido!... Já me havia perguntado, por exemplo, se Baltazar Pereira de Castro, teria sido filho de José Manuel de Sousa Lobo e de D. Bernarda Rosa Pereira de Castro da Rua de Santo António!... Por exemplo, se Manuel Pereira de Vasconcelos – senhor da Casa do Aro – não teria sido sogro de José Manuel de Sousa Lobo – senhor da Casa do Aro – ou seja, se D. Bernarda Rosa, mulher de José Manuel de Sousa Lobo, não teria sido filha de Manuel Pereira de Vasconcelos!...

(os Pereira de Castro, de Sernadelo) Em simultâneo, veio-me à ideia outra relação: Os Pereira de Castro, de Sernadelo, poderiam ser os mesmos de Manuel Pereira de Castro “morgado de Sernadelo” que já encontrara nos Rocha Tavares, de Ovar (casa do conhecido genealogista Salvador da Rocha Tavares, cunhado de Diogo Leite da CASA DE EIRIZ1, Arouca). O caminho natural para os achar seguiria pelo registo de casamento de Manuel Pereira de Vasconcelos em Santo Adrião de Sever, Penaguião. Estive para consultar o Arquivo Distrital de Vila Real, mas preferi ir à procura de Baltazar (de Castro Pereira ou Pereira de Castro), até porque os desta graça (Baltazar) seriam poucos, ou nada frequente, nos paroquiais. Para minha surpresa, não o encontrei: Filho de pai de Arouca (José Manuel de Sousa Lobo, dono da Casa do Aro) e de mãe de Arouca (D. Bernarda Pereira de Castro, filha do dono da Casa do Aro, Manuel Pereira de Vasconcelos)..., como não o achar? Em compensação, com igual surpresa, encontrei, aqui realizado, o matrimónio de Manuel Pereira de Vasconcelos com D. Francisca Luísa Barreto de Castro Falcão – de Castro

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BRITO, cit., CASA DE EIRIZ. Porto: Trabalho, então, policopiado.

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Falcão –, ela representada na celebração do matrimónio por seu irmão Luís José Pereira de Castro, filhos de Pedro de Matos Godinho e sua mulher D. Leonor de Castro Falcão. Era a primeira vez que encontrava menção aos Pereira de Castro Falcão, Falcão exactamente os apelidos do “morgado de Sernadelo” (como recordarei), moradores que foram na freguesia de S.to Adrião de Sever! Então, estes Pereira de Castro da Casa do Aro, eram os mesmos Pereira de Castro da Casa de Fijô na Vila da Feira: O enigma dos Castro do 4.º quartel estava estava decifrado. decifrado Abrindo um Livro de S. Nicolau da Vila da Feira, logo apareceu Francisco Joaquim da Rocha Tavares (um dos filhos do morgado Salvador da Rocha Tavares) e sua mulher D. Violante Luísa Pereira de Castro, Castro da vila de Ovar e assistentes na sua quinta de Fijô da vila da Feira, a baptizarem na capela da dita quinta, Ana, 1756, neta materna de Manuel Pereira de Castro Falcão (o mesmo apelido), nascida na freg. de Sever commarca de Sobre Tâmega (a mesma naturalidade).

Juntem-se, em dois esquemas: Pereira de Vasconcelos e Pereira de Castro:

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Lobo de Sousa, do Aro, e Pereira de Vasconcelos, do Aro D. Catarina de Alm.da c.c. Amador Ferreira Cap. Jacinto P.ra de Sousa c. 20.11.1669 c. D. Cat.na Isabel Osório de Vasc.os da Cruz do Aro, + 12.05.1709 moradores na quinta do lugar de Vermoim _______________________________ _________________________________ I I I I I I Fernão Lobo D. Ângela da Cunha António Lobo de Sousa2 2.º X em 1713 c. D. Mariana Rosa M.el P.ra de Vasc.os D. Francisca + 1686 c.c. João da Silva de Vasconcelos do Aro; nat. de Galegos de Abreu 5.06(?).1680 28.10.1682

Pereiras de Vasconcelos, e Pereira de Castro D. Catarina de Alm.da Jacinto P.ra de Sousa c.c. D. Cat.na Isabel Osório de Vasc.os Pedro de Matos Godinho da Cruz do Aro da cid. do Porto nat. da cid. de Lamego c.c. D. Leonor P.ra de Castro + 12.05.1709 mor.s em S. Salvador de Galegos, Penafiel mor.s Sernadelo, S.to Adrião de Sever ROMARIZ c.c. Amador Ferreira __________________________________ _____________________ I I I I I I I D. Jacinta c. 1698 c. An.to Lobo de Sousa c.1713 c. D. Mariana Rosa M.el P.ra de Vasc.os D. Francisca D. Francisca Luísa Luís José de Meneses 25.08 ou An.to Lobo do Aro de Vasconcelos nat. S. Salvador de mor. na Rua Barreto P.ra de Castro de ROMARIZ mor.s na Rua de S.to António Galegos, ant.º cº de de S.to An.to P.ra de Castro Falcão proc.or do + 13.02.1704 + em S. Salvador de Galegos + R. S.to An.to Aguiar de Sousa nat. de Sernadelo, cas.to de 14.11.1740 10.02.1753 test.º a sua irmã Fr.ca e a seus filhos Sever, Penaguião sua irmã H. sua m.er D. Mariana I I D. Fr.ca Luísa ____________c. 6.04.1750 c. ______ VER ESQUEMA SEGUINTE

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ADA, Registos Paroquiais da Freguesia de S. Salvador, Arouca. L.º 22 O 1710-1749: António Lobo de Sousa morador a S.to António (Arouca), faleceu a 14.11.1740 na freguesia de S. Salvador de Galegos (Penafiel). Foi herdeira sua mulher D. Mariana. ADP, Registos Paroquiais da Freguesia de S. Salvador de Galegos, Penafiel (Bobine 284): O registo de Galegos anotou que faleceu na sua quinta de Vermoin [que lhe pertenceria por sua mulher D. Mariana Pereira de Vasconcelos, da aldeia de Vermoin] e acrescentou que faleceu sem sacramentos posto o acharão morto na sua cama.

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VASCONCELOS

PEREIRA CASTRO Próximo do fim do presente estudo – embora os quartéis I e III possam continuar a ser lidos por Vasconcelos-Pereira (e esta leitura foi a primeira ideia que conduziu, aliás com bons frutos, a posteriores descobertas) – parece-me, agora, de ler, simplesmente, Vasconcelos no quartel I, e PereiraPereira-Castro nos quartéis III e IV. Aliás, os mesmos quartéis e pela mesma ordem estão figurados no brasão dos Castro da Rocha Tavares Corte Real (vide NOBREGA, Vaz-Ozório da - Pedras de Armas do Concelho de Lousada (Heráldica de Família). Porto: Edição da Junta da Província do Douro Litoral, 1959, p. 358, obra que transcreve a C.B.A. passada a João de Castro da Rocha Tavares Pereira Corte Real, de 2.04.1813, onde se lê, p. 360, “que elle [João de Castro, etc] he filho ligitimo do Sargento Mór Francisco Joaquim da Rocha Tavares Pereira Corte Real, Cavalleiro Profeço na Ordem de Christo e Juis dos Direitos Reaes que foi de propriedade no Condado da Feira, e de sua mulher Donna Violante Luiza Pereira de Castro a qual era filha legitima de Manoel Pereira de Castro, Senhor da dita Casa de Fijô e Morgado de Sernadello” [sublinhado meu], etc; e na pedra de armas da Casa de Ponte da Veiga, Lousada (vide NOBREGA, ob. cit., p. 358); mas já na pedra de armas da Casa de Fijô, Vila da Feira, brasão concedido em 1897 a outro membro desta família (Visconde e Conde de Fijô), os quartéis estão invertidos, ou seja, Castro-Pereira (vide BISMARCK-FERREIRA, Delfim - Casa e Capela de

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Santo António em Albergaria-a-Velha (Século XVIII). Porto: Universidade Moderna-Porto, Centro de Estudos de Genealogia, Heráldica e História da Família, 1999, p. 431).

-B(a Casa da Rua do Aro ou Rua de Santo António; esquema 2 ascendência e descendência da Casa da Rua de Santo António) POR QUE ESTÃO OS MATOS GODINHO NO ARO E QUEM DELES DESCENDE? A MULHER DE MANUEL PEREIRA DE VASCONCELOS, DA RUA DE SANTO ANTÓNIO, ERA FILHA DAQUELES DO ARO? MAS A CASA DE MANUEL PEREIRA DE VASCONCELOS NÃO VEIO POR AÍ MAS SIM DE UM CUNHADO DESTE, ANTÓNIO LOBO DE SOUSA, CASADO COM SUA IRMÃ MARIANA, MORADORES NA RUA DE SANTO ANTÓNIO... ENRIQUECENDO UM POUCO O ESQUEMA, COMEÇA A PERGUNTAR-SE: SERIA QUE D. FRANCISCA LUÍSA PEREIRA DE CASTRO, MULHER DE MANUEL PEREIRA DE VASCONCELOS, PROVINHA DOS MATOS GODINHO DA QUINTA DO ARO? PEDRO DE MATOS GODINHO DA QUINTA DO ARO TERIA FEITO UM SEGUNDO CASAMENTO EM SERNADELO, NOS PEREIRA DE CASTRO?

(a Casa da Rua do Aro ou Rua de Santo António; esquema 2 ascendência e descendência da Casa da Rua de Santo António)

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Recorde-se que Maria Pereira de Vasconcelos (que depois passará a chamar-se D. Maria Eufrázia Pereira de Vasconcelos, casada na QUINTA DO BOCO3), morou na Rua do Aro ou Rua de Santo António com seu irmão o P.e Constantino, filhos de Mariana Pereira de Vasconcelos e do L.do António Coelho de Pina. Maria Pereira de Vasconcelos possuía o P.zo da Rua dos Currais em 1712 que viera dos ditos seus pais (e, pela descrição da propriedade do Prazo, vemos que se tratava da Casa do Aro); seu irmão, com ela residente, possuía outro Prazo que viera de sua mãe Mariana Pereira de Vasconcelos e de um irmão desta, Manuel Reimão de Vasconcelos. A estes voltaremos. Note-se também a considerável diferença de idades dos netos de D. Bernarda Rosa para os netos do seu irmão o P.e José Inácio.

-C(a Casa e Quinta do Aro)

O QUE TINHA A VER ESTA PEREIRA DE VASCONCELOS DA RUA DE SANTO ANTÓNIO – D. MARIANA ROSA – COM OS PEREIRA DE VASCONCELOS DA RUA DE SANTO ANTÓNIO? OU SEJA, COMO É QUE A CASA DA RUA DE SANTO ANTÓNIO VAI DOS PEREIRA DE VASCONCELOS DE MARIA, DO PADRE CONSTANTINO E DA MÃE DELES, MARIANA, PARA OS PEREIRA DE VASCONCELOS DE MARIANA E MANUEL PEREIRA DE VASCONCELOS DA RUA DE SANTO ANTÓNIO? OU NÃO VAI? QUANTAS CASAS ERAM AS CASAS DO ARO E QUANTAS CASAS ERAM AS CASAS DA RUA DE SANTO ANTÓNIO? O PAINEL DESFOCA ESTES PEREIRA DE VASCONCELOS, SOBREPONDO-OS NO MESMO LADRILHO!

(a Casa e Quinta do Aro) O esquema atrás é o resultado sucinto de um conjunto de informações que foi possível articular. Por ele logo se vê a sucessão dos proprietários da Casa e Quinta do Aro. Com efeito, encontra-se menção à Quinta a partir de Manuel de Matos Godinho, com notícia na Misericórdia em 1717. No Quinhentos, a Quinta andara, como vimos, nos Almeidas, revelados pelas escrituras apresentadas por José Manuel de Sousa Lobo. Que a possuía, também: Já lá vamos! Dos Matos Godinho passou (aliás, não passou) aos Pereira de Castro e, aqui, começa a interessar-nos, por motivo dos 3.º e 4.º quartéis do brasão. Dos Pereira de Castro vem (aliás, não veio daqui) a Manuel Pereira de Vasconcelos, e de novo nos interessa por força dos 1.º e 3.º quartéis do escudo. Deste Manuel Pereira de Vasconcelos, senhor da “Caza e Quinta do Aro”, com notícia na Misericórdia em 1763, 3

BRITO, cit., QUINTA DO BOCO. Porto.

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passa então (e aqui já é bem assim) a José Manuel de Sousa Lobo, também da “Caza e Quinta do Aro” segundo idêntica notícia na Misericórdia em 1775 e de novo em 1799. Tudo isto, em palavras breves. Em caixa deixarei um percurso mais explícito e algumas hipóteses. De resto, o que o esquema apresenta, acrescenta e corrobora, dispensa comentário adicional.

O que já sabemos é que quatro famílias detiveram o Aro (e isto aconteceu muito antes da casa da Rua de Santo António chegar aos Osório Saraiva). Foram elas: Os Almeida; os Lobo de Sousa, por duas vezes; os Matos Godinho; e os Pereira de Vasconcelos, também por duas vezes. Não está a ser fácil entender como se relacionavam parentalmente. A primeira família foi a dos Almeidas. Encontro menção (embora o texto do Prazo pareça ter desaparecido, ou melhor, desapareceu todo o L.º 23 onde a escritura estava) a um Jorge de Almeida (morador? em Melareses), que obteve em 1532 o Prazo do Aro, do Cortinhal e um casal em Melareses4. Da mesma geração, ou da geração seguinte, podia ter sido um António de Almeida, cav. fidalgo d´El Rei, senhor de um Prazo de 15525 e, ainda, “Gaspar ou João de Almeida” que veremos adiante. À geração subsequente terá pertencido Manuel de Almeida que encontrámos no Carqueijal e no Aro nos anos de 1566, 1576 e 1592 (na tal escritura, lembram-se?); ainda, desta geração, Milícia de Almeida de Vasconcelos – que foi mulher do tabelião Jorge Barbosa (este, testemunhava em 1572, como vimos, mas apadrinhava já em 1565) – “filha de Gaspar ou João de Almeida” (segundo a familiatura de seu genro, o FSO Manuel Teixeira Homem6) e ainda, possivelmente, o próprio escrivão Almeida que achámos em 15667. Da geração seguinte, sabe-se de Manuel de Almeida Barbosa, senhor do Aro e Melareses. Deixou quatro

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Vide FONTES MANUSCRITAS, AUC,MSMA, Jorge de Almeida (se é que está certa esta data). Vide FONTES MANUSCRITAS, AUC,MSMA, António de Almeida. Arquivo do Distrito de Aveiro. Revista Trimestral para Publicação de Documentos e Estudos relativos ao Distrito. Aveiro: Ed. Francisco Ferreira Neves, 1935-1976, vol. XLI (1975), pp. 46 e 47. Anote-se, todavia, um João de Almeida filho de Martim Vaz do Amaral (obviamnete, filho do 1.º matrimónio com uma Almeida), com óbito em 1615.

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A CASA DO ARO EM AROUCA

filhos todos contemplados no Aro e em Melareses. (Na renovação a Francisco de Almeida Barbosa e seu irmão Luís de Almeida Barbosa8, se referem os quartos do casal do Aro, bem como a outro irmão João Barbosa de Almeida9). Voltaremos a eles, porque parece ser útil ao entendimento das gerações do Aro.

Manuel de Almeida Barbosa (o segundo na caixa acima), desaparecido em 1699, fora casado com Maria da Fonseca, falecida em 1690; sem filhos, passaram os bens a seus sobrinhos Damiana e Jerónimo de Miranda Pinto [filhos de João da Fonseca Pinto e Joana de Miranda] e será por isso que encontramos Jerónimo de Miranda Pinto com terras vizinhas do Aro, as Quintãs (gente que, um dia destes, encontraremos em CASA DE SÃO PEDRO10, Arouca). Outro Francisco Barbosa mostra-se casado com Isabel Ferreira, moradores no Outeiral de São Pedro (Prazo de 1662) e, igualmente sem geração, a Quinta do Outeiral vai para Serafina de São Paio (também filha de Mariana da Trindade Pereira de Vasconcelos), casada em Cesar com Manuel de Pinho de Almeida11 [Cabral], mãe dos Pereira de Vasconcelos da Quinta do Outeiral. Porque não se descortina a relação de D. Catarina de Almeida, da Cruz do Aro (ou de seu marido Amador Ferreira) com os Pereira de Vasconcelos do mesmo Aro, tentarei construir uma hipótese de trabalho: Antes de mais, vejamos a descrição das casas de morada de Maria Pereira de Vasconcelos, da Rua dos Currais ou Rua de Santo António. Duas casas sobradadas em que vive a requerente (Maria Pereira de Vasconcelos, solteira, 3.ª vida) citas detrás do Aro; confrontam do nascente com Lourenço Manuel de Lamego, do poente com Inácio de Almeida, do Sul com quintal deste prazo e da mesma requerente e do Norte com a rua pública. Acrescenta: mais o quintal que está por detrás, etc. Vê-se que a

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Vide FONTES MANUSCRITAS, AUC,MSMA, Francisco de Almeida Barbosa e Luís de Almeida Barbosa. Vide FONTES MANUSCRITAS, AUC,MSMA, João Barbosa de Almeida. BRITO, cit., QUINTA DE SÃO PEDRO, CASA DE SÃO PEDRO. Vide FONTES MANUSCRITAS, AUC, MSMA, Seraphina de S. Payo Pereira.

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propriedade não continha toda a frente actual, pois a Nascente estava outra casa: A casa de Lourenço Manuel de Lamego..., que vai constituir a solução! Na geração seguinte, teremos:

Sousa Lobo, e Pereira de Castro, da Rua de Santo António

O esquema coloca alinhados os Pereira de Vasconcelos da Rua de Santo António, sejam os de Mariana Rosa [Pereira] de Vasconcelos, nora de D. Catarina da Cruz do Aro, sejam os de Mariana da Trindade Pereira de Vasconcelos, mãe de Maria Pereira de Vasconcelos (ou D. Maria Eufrázia, do BOCO) e de seu irmão o P.e Constantino de um Prazo da Rua dos Currais, e moradores na Rua do Aro ou Rua de S.to António. Eis a solução de outro enigma: Duas famílias Pereira de Vasconcelos no mesmo Aro! Aro! Conhecemos alguns dos filhos de D. Catarina de Almeida e de seu marido Amador Ferreira. Alguns deles seguem o apelido Lobo ou Lobo de Sousa. Será que D. Angélica Rosa (mãe de uma Lobo de Sousa), casada na Lavandeira com João de Oliveira Seabra, representaria mais um ramo dos mesmos Lobo de Sousa? Não vai chegar, ainda desta vez, para entender! -D(os Pereira de Vasconcelos e os Pereira de Vasconcelos)

O QUE VINHA A SER D. BERNARDA ROSA A D. MARIANA ROSA DA RUA DOS CURRAIS (OU RUA DE SANTO ANTÓNIO)? JÁ VIMOS JOSÉ MANUEL DE SOUSA LOBO E MANUEL PEREIRA DE VASCONCELOS: CONHECIDO O TRAJECTO QUE TIVERAM OS PEREIRA DE VASCONCELOS PARA A RUA DE SANTO ANTÓNIO, QUE TRAJECTO TIVERAM OS MESMOS PARA A CASA E QUINTA DO ARO?

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A CASA DO ARO EM AROUCA

O ESQUEMA ANTERIOR MOSTRA QUE D. BERNARDA ROSA ERA SOBRINHA DE D. MARIANA ROSA DA RUA DE SANTO ANTÓNIO (AGORA SE PERCEBE A IDENTIDADE DE SUA MADRINHA, DITA D. MARIANA VIUVA MORADORA NESTA VILLA) E SOBRINHA-AFIM DE ANTÓNIO LOBO DE SOUSA DO ARO; MOSTRA TAMBÉM JOSÉ MANUEL DE SOUSA LOBO GENRO DE MANUEL PEREIRA DE VASCONCELOS, EXPLICANDO POIS A PRESENÇA DO SEGUNDO, QUER NA RUA DE SANTO ANTÓNIO, QUER CASA E QUINTA DO ARO.

(os Pereira de Vasconcelos e os Pereira de Vasconcelos) Prossigamos. Também conhecemos alguns filhos de D. Mariana Pereira de Vasconcelos e seu marido o L.do António Coelho de Pina, e sabemos igualmente que outros dois Pereira de Vasconcelos, D. Mariana Rosa (de novo o nome Rosa, que já não é mera coincidência!) e Manuel Pereira de Vasconcelos, eram filhos de Jacinto Pereira de Sousa da cidade do Porto. Desconheço como este se relaciona: Apenas se apura, em Galegos, Penafiel, que possuía, casado, uma Quinta no lugar de Vermoim onde teve, de sua mulher D. Catarina, seis ou sete filhos, neles incluídos Mariana em 1680 e Manuel em 168212. Os Pereira de Vasconcelos são, pois, a segunda família a deter o Aro. Mas, simultaneamente, estão no Aro os Lobo de Sousa, ou Sousa Lobo, António Lobo de Sousa, ou António Lobo do Aro (e seus irmãos, Fernão Lobo e D. Ângela da Cunha) filho de D. Catarina de Almeida da Cruz do Aro (esquema, atrás). António Lobo de Sousa fez um 2.º casamento com uma Pereira de Vasconcelos (D. Mariana), e, sem filhos, o Aro vai (de novo) para os (outros) Pereira de Vasconcelos, ou seja, para um irmão, Manuel Pereira de Vasconcelos; deste, que só casou em 1750 (68 anos de idade), passa a uma filha, D. Bernarda de Castro que foi mulher de José Manuel de Sousa Lobo. Assim, entrou o Aro, pela segunda vez, nos Sousa Lobo ou Lobo de Sousa. É filho destes últimos, Baltazar Pereira de Castro, da Rua de Santo António e da Rua da Lavandeira. Será bem assim? Simultaneamente, está a Casa e Quinta do Aro em Manuel de Matos Godinho (Misericórdia, 1717). Da mesma geração, ou subsequente, consta 12

Vide FONTES MANUSCRITAS, ARQUIVO DISTRITAL DO PORTO.

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Pedro de Matos Godinho e sua mulher D. Constantina que morre na Quinta do Aro em 1705, a mesma morada daquele Manuel de Matos. Em 1687, 1691 e 1698 tinham nascido três filhas de Manuel de Matos Godinho, Mariana, Sebastiana e Ângela. D. Ângela do Aro fenece em 1765 e sua irmã, D. Mariana do Aro, em 1767, ambas com a nota de muito pobrezinhas. Depois de Manuel de Matos Godinho, nem seu filho António, nem seus netos, estão referenciados ao Aro. De um Matos Godinho, Pedro de Matos Godinho da cidade do Porto, e de sua mulher D. Constantina – já mencionados e também moradores na Quinta do Aro – nasceram Angélica, 1700, e António, 1703. Um Pedro de Matos Godinho, da cidade do Porto (provavelmente, o mesmo, em segundo matrimónio) vai casar-se com uma Pereira de Castro, de Sever, Penaguião. Pois é esta senhora – D. Leonor Pereira de Castro – quem virá a falecer em casa de seu genro Manuel Pereira de Vasconcelos da Rua dos Currais, em 1761, precisamente o dono da Casa de Santo António, e acrescenta-se: fizera doação a sua filha D. Francisca (Luísa Barreto de Castro, mulher do dito Manuel Pereira de Vasconcelos). Todavia, os sogros de Manuel Pereira de Vasconcelos nada teriam recebido do Aro, não obstante ela ser filha de um Matos Godinho da Quinta do Aro. Este mesmo Aro chegou a Manuel Pereira de Vasconcelos por outra via: vindo de seu cunhado António Lobo de Sousa, sem filhos; e António Lobo de Sousa, ou António Lobo do Aro, por sua vez, o teria recebido de sua mãe D. Catarina de Almeida da Cruz do Aro, falecida em 1709. (Teria sido bem assim? O que tinha a ver a Quinta do Aro com a Cruz do Aro?. Havemos de entender...). Acha-se a renovação do Prazo da Rua dos Currais (Rua de Santo António) a Manuel Pereira de Vasconcelos (3.ª vida) e sua mulher D. Francisca Luísa Barreto de Castro, prazo que coubera em 1.ª e 2.ª vida, em 1682, ao cunhado daquele, António Lobo de Sousa (filho comprovado daquela D. Catarina) e a sua mulher D. Mariana Rosa de Vasconcelos.

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A CASA DO ARO EM AROUCA

Chegados aqui, poderá dizer-se que D. Mariana Pereira de Vasconcelos, viúva de António Lobo do Aro, teria vindo a pesar no casamento de seu irmão Manuel Pereira de Vasconcelos com uma Matos Godinho, da Quinta do Aro. Enfim, para lá de alguma coisa que ficou entendida, o leitor espera a completa clarificação do painel, espera a destrinça da restante trapalhada! A Casa do Aro seriam duas? A Nascente, a Quinta e seus casais?; a Poente, a Casa da Rua de Santo António? Separados entre si pelo caminho público, depois, estrada real? Haverá razões para a pergunta? Pelo menos, quando formulada em certas datas ou momentos? Obviamente que a distinção não se coloca ao tempo dos Almeidas, até porque a Casa da Rua de Santo António não existia: nem casa nem (nome de) rua; um século e pouco depois, começos de Setecentos, já no Prazo da Rua dos Currais estavam os Pereira de Vasconcelos moradores na Rua do Aro (22 e 27 de Junho de 1712) ou Rua de Santo António (12 de Julho de 1712), ou simplesmente a Santo António (1740, óbito de António Lobo de Sousa; 1760, óbito de Manuel Pereira de Vasconcelos). Por aquele tempo, 1709, morria D. Catarina de Almeida da Cruz do Aro, e seu filho António Lobo do Aro ou Lobo de Sousa, morador na Rua de Santo António, fará um segundo casamento em 1713 com uma Pereira de Vasconcelos. Simultaneamente, em 1705, morria D. Constantina, na Quinta do Aro ou na Quinta do Aro pegada a esta vila, casada com Pedro de Matos Godinho. Voltada a metade do século, os anos de 1765 e 1767 são os da morte de D. Ângela e de D. Mariana, ambas ditas do Aro, filhas de Manuel de Matos Godinho; e, praticamente na mesma data, 1763, Manuel Pereira de Vasconcelos dizia-se da “Caza e Quinta do Aro”, tal como seu genro, uma década adiante, também da “Caza e Quinta do Aro”. O Livro de Foros anotou que o Prazo do Aro passou de José Manuel de Sousa Lobo para Baltazar de Castro Pereira13.

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Vide FONTES MANUSCRITAS, ARQUIVO DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA, José Manuel de Sousa Lobo.

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Um dos filhos deste, José, 1797, nasceu a Santo António, de pais da Quinta do Aro. De tão grande trapalhada, é possível perceber, julgo, que Quinta do Aro e Casa da Rua de Santo António (se é que distintas) pertenciam à mesma família, não obstante separação física que entre elas existia e ainda existe hoje.

-E(os emprazamentos do Mosteiro: Os Pereira de Vasconcelos e António Lobo de Sousa, todos de Santo António) (as três casa dos Aro) (os primeiros possuidores do Aro, os Almeidas) (Baltazar Pereira de Castro) (os homónimos António Lobo de Sousa) (José Manuel de Sousa Lobo)

D. CATARINA DE ALMEIDA DA CRUZ DO ARO PROVIRIA DOS ALMEIDAS DA QUINTA DO ARO? O ARO, OU PARTE DA QUINTA, TERIA PASSADO A SEU FILHO ANTÓNIO LOBO DE SOUSA, MORADOR NA RUA DOS CURRAIS (OU RUA DE SANTO ANTÓNIO), E, POSTERIORMENTE, TRANSITADO – UM E OUTRO DOS AROS – PARA SEU CUNHADO MANUEL PEREIRA DE VASCONCELOS?

(os emprazamentos do Mosteiro: Os Pereira de Vasconcelos e António Lobo de Sousa, todos da Rua de Santo António) Com efeito, neste adiantado ponto do presente trabalho não se entende ainda muito bem por que razão a Casa da Rua do Aro ou Casa da Rua de Santo António, dos Pereira de Vasconcelos, era chamada de Quinta do Aro. Desta Quinta mais nada soubemos desde os Almeidas da Quinta do Carqueijal e Quintã do Aro. Os paroquiais não proporcionam outros avanços, pelo que teremos de recorrer ao Cartório do Mosteiro. A escritura de incontestável interesse é o reconhecimento do Prazo da Rua dos Currais a Manuel Pereira de Vasconcelos e sua mulher. Já a vimos. O esquema 2 anota duas famílias Pereira de Vasconcelos cujo parentesco desconheço (se é que o tinham!). Uns, vieram de Galegos, Penafiel: D.

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A CASA DO ARO EM AROUCA

Mariana Pereira de Vasconcelos, baptizada em Galegos em 1680, faleceu na Rua de Santo António em 1753, viúva de António Lobo de Sousa, tendo ambos aí vivido. Sem filhos, D. Mariana deixou a casa a seu irmão Manuel Pereira de Vasconcelos, nat. também de Galegos, nascido em 1682, e só casado em 1750 com uma Pereira de Castro natural de Sever, Penaguião, e (muito curioso!) com um costado de Arouca pois provinha da mesma Quinta do Aro. Donde teria chegado a casa da Rua de Santo António a António Lobo de Sousa, do Aro, filho de D. Catarina de Almeida da Cruz do Aro? Haverá alguma relação entre o apelido Almeida de D. Catarina e os velhos Almeidas senhores da Quintã do Aro? E, antes de mais, porquê a proximidade física dos Pereira de Vasconcelos da Rua do Aro ou Rua de Santo António (Maria Pereira de Vasconcelos e o P.e Constantino) e António Lobo de Sousa e sua mulher D. Mariana Pereira de Vasconcelos da Rua de Santo António? Pois, mais três enfiteuses do Cartório levarão ao entendimento das casas do Aro! Vejamos a primeira. Um dos prazos dos Currais (reconhecimento de 1712) estava em Maria Pereira de Vasconcelos, moradora na Rua do Aro ou Rua de Santo António, e com ela seu irmão o P.e Constantino Coelho de Pina – como já sabemos – casas que confrontavam do nascente, note-se, com Lourenço Manuel [de Vasconcelos] de Lamego. Com efeito, uma Pereira de Vasconcelos, Mariana Pereira de Vasconcelos, m.er do L.do António Coelho de Pina, moradores na vila de Cambra em 1682, detinham propriedades em Arouca (e tinham residido na Rua dos Currais), nomeadamente uma propriedade que fora dela, Mariana Pereira de Vasconcelos, e de seu irmão Manuel Reimão de Vasconcelos. (Destes apelidos, apenas sei que em 1671 morrera na vila de Arouca o P.e Manuel Reimão de Vasconcelos, sobrinho e herdeiro do P.e Manuel Reimão, falecido no Porto em 166814), e outras possessões que foram de seu marido o L.do António Coelho de Pina, como propriedades em São Pedro, concretamente o Prazo de Boca da Vila

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BRITO, cit., ABERTURA, II. nomes e sobrenomes, OS VELHOS REIMÕES.

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(primeiro a título subenfiteutico; depois, por compra a Joana de Almeida Cabral), que vão para seus filhos, dois deles, Maria Pereira de Vasconcelos e o P.e Constantino Coelho de Pina; do P.e Constantino passará a outro irmão, aos Pereira de Vasconcelos do Bairro de Moldes, bem como a uma outra filha de D. Mariana, Serafina de São Paio, ascendente dos Pereira de Vasconcelos do Outeiral [a Quinta do Outeiral de Frei Simão]. Uma segunda enfiteuse respeita a António Lobo de Sousa e sua mulher D. Mariana Pereira de Vasconcelos, em 1737. Compreendia duas casas com um quintal citas no citio da cappela de S.to Antonio que as houverão por titulo de compra a [precisamente] Lourenço Manuel de Vasconcellos Capp.am mor da cidade de Lamego15: Quer dizer, António Lobo de Sousa e sua m.er D. Mariana Pereira de Vasconcelos viviam paredes-meias com os primeiros Pereira de Vasconcelos. Era António Lobo de Sousa Escrivao da Camara e Almotaçaria enqueredor e contador e destribuidor desta villa. Vivia, então, do lado nascente, noutras casas, na mesma rua e local da Capela de Santo António, que tinham sido compradas (embora, à data, pertença ainda do Capitão-mor de Lamego Lourenço Manuel de Vasconcelos16, por ainda não ter vendido todas as mais propriedades a que a sobredita pertence17), casas do cimo da Rua dos Currais onde morava. Sabe-se também que a casa de António Lobo de Sousa tinha uma escada de pedra adoçada ao lado Poente, elemento portanto que a separava da casa contígua dos Pereira de Vasconcelos. Conjugando a informação pela qual D. Catarina de Almeida da Cruz do Aro faleceu a 12.05.1709, parece isto significar que estava com seu filho António Lobo de Sousa. Aliás, nesse ano, ainda viúvo de sua primeira mulher D. Jacinta de Meneses que morrera em 1704, só vindo a casar de novo (com D. Mariana Pereira de Vasconcelos) uns quatro anos depois, em 1713... Sendo assim, a expressão houverão por

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AUC, MSMA, III-1.ª D-13-2-54, fls 459. GONÇALVES DA COSTA, Manuel - História do Bispado e Cidade de Lamego. Braga: tip. Barbosa & Xavier, 1977-1992, vol. V (1986), pp., nomeadamente, 166, 407, 446, 543, 555, 635 e 661, menciona o Cap. Lourenço Manuel de Vasconcelos, na vila de Lalim, residente no lugar da Rede, fidalgo, vereador e juiz, casado com D. Teresa Serafina do Amaral. AUC, MSMA, III-1.ª D-13-2-54, fl. 459, Prazo a António Lobo de Souza, 1737.

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A CASA DO ARO EM AROUCA

titulo de compra, (apesar de ser um plural...), não significava a inclusão de D. Mariana, devendo nós supor, talvez, que António Lobo de Sousa ocupava já as casas como subenfiteuta naquele ano de 1709 (e até antes, pois consta em 1693, 16 de Nov.º, padrinho de uma criança da vila, António Lobo de Sousa do cimo da rua dos Currais ou Rua se Santo António). Vejamos a terceira enfiteuse prometida. Trata-se de uma espectacular escritura que envolve D. Ângela da Cunha, filha de D. Catarina de Almeida da quinta do aro, em 1683, que comprova a procedência desta e mostra toda uma linha ascendente dos Almeidas dos Casais do Aro desde o primeiro foreiro, Jorge de Almeida Cabral, em 151918. Ficava provada a filiação de D. Catarina de Almeida na Quinta do Aro (mais tarde, em 1709, declinada D. Catarina de Almeida da Cruz do Aro), filha de Manuel de Almeida Barbosa, neta de Manuel de Almeida [por certo, Manuel de Almeida da Quinta do Carqueijal e Quintã do Aro, longamente já visto...] e bisneta de Jorge de Almeida do Cazal do Aro, Melareses, etc, naquele de 1519.

[13-2-29, fl 94] Mariana da Trindade m.er do L.do Antonio Coelho [de Pina] desta vª mor.s C.º de Cambra procuração de 3.06.1682, vila de Cambra, escrivão João Soares de Almeida 3.ª vida Mariana da Trindade Pereira P.zo da Boca da Vila, Serrado de Souto da Branja com sua devesa e souto do forcado Subenfiteuse e depois por ter comprado a dita enfiteuse a Joana de Almeida Cabral [13-3-34, fl 220] Passou, assim parece, a sua filha Serafina de Sâo Paio m.er de Manuel de Pinho de Almeida, de Cesar. Rec. 28.06.1712 e 4.07.1721. Fazenda que veio do Casal do Outeiral e o Cerrado da Branja e o Olival da Branja, etc. [13-4-10, fl 72v, Rua dos Currais] [13-3-34, fl 210] Maria Pereira de Vasconcelos, Vasconcelos donzela Mor. Rua do Aro 22.06.1712 3.ª vida, por testamento P.zo de seus pais [29.10.1673] L.do António Coelho de Pina e Mariana Trindade Pereira

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AUC, MSMA, III-1.ª D-13-3-34, fls 454. Atrás, fora apontado, com reservas, Jorge de Almeida em 1532.

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2 casas sobradadas por detrás do Aro, onde vive. Confronta do nascente, Lourenço Manuel [de Vasconcelos], de Lamego poente, Inácio de Almeida Sul, quintal do mesmo P.zo Norte, caminho público. Vai passar a Joze Telles de Menezes, 3.ª vida P.zo Rua dos Currais filho de Jerónimo Telles de Menezes e Maria Pereira de Vasconcelos, 1.ª e 2.ª P.zo 9.01.1731 Rendimento a D. Joaquim Lourenço e m.er, 4.04.1797 Agora D. Margarida do Boco Agora Dr. Caetano Tavares da Silva e Quadros Agora seu filho Joze de Quadros.

[13-4-10, fl 73, Rua dos Currais] [13-3-34, fl 215] P.e Constantino Coelho de Pina Mor. Rua do Aro 27.06.1712 (c/ sua irmã Serafina de S. Paio e seu cunhado, de Cesar) P.zo de 1668 (29.05) Manuel Reimão de Vasconcelos e sua irmã Mariana Pereira de Vasconcelos 3.ª vida deste P.zo Cerrado da Branja e outras propriedades [13-3-7, fl 83v, Rua dos Currais, ao L.do André Pereira Lopes, 3.ª vida (irmão do P.e Constantino)] Renovado a Fradique Antonio Pereira de Vasconcelos do Bairro de Moldes e m.er D. Margarida da Serra Chucre, 8.03.1798 Agora D. Joana do Bairro [Ver esquema: Pereira de Vasconcelos..., da Casa do Bairro, Moldes] [13-4-10, fl 72, Rua dos Currais] [13-3-34, fl 204v] Maria Pereira de Vasconcelos, Vasconcelos donzela e seu irmão o P.e Constantino Coelho de Pina Mor. Rua de Santo António 12.07.1712 P.zo 1682 ao L.do António Coelho de Pina Propriedades em Romariz, em Moldes e na S.ra da Mó Viviam na Rua de Santo António, em casas pegadas, D. Mariana Pereira de Vasconcelos, de Galegos, Penafiel, por estar casada com António Lobo de Sousa, como disse. Chamemos-lhes Casa-de-Cima. E vivia Maria Pereira de Vasconcelos, filha de outra Mariana Pereira de Vasconcelos, como também disse. Chamemos-lhe Casa-de-Baixo. Não pára de intrigar a existência de duas Marianas Pereira de Vasconcelos, ambas da Rua do Aro, tal como o nome de Constantina (D. Constantina da Quinta do Aro) e de Constantino (o P.e Constantino Coelho de Pina) da Rua do Aro!

(as três casas do Aro) Quem se mete nisto não vá desprevenido por qualquer vereda, dando por certas evidências apenas aparentes... Entendemos, agora, que as casas do Aro eram três:

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A CASA DO ARO EM AROUCA

a velha Quinta do Aro, que ainda vemos na filha de D. Catarina de Almeida, como nos descendentes de um tio, Francisco Barbosa de Almeida, e ainda vemos no determinativo do Aro aplicado a António Lobo, e nos determinativos da “Caza e Quinta do Aro” referentes aos Irmãos da Misericórdia Manuel Pereira de Vasconcelos e seu genro José Manuel de Sousa Lobo (que as possuíam, pelos vistos, ainda em meados de Setecentos); a Casa-de-Baixo da Rua do Aro ou Rua Santo António em Maria Pereira de Vasconcelos, solteira, depois casada no BOCO, que chegará depois à posse de seu filho José Teles de Meneses do BOCO, casa onde nasceu, 1757, D. Ana A Castelhana, filha de D. Sebastião de Ciais, cunhado de José Teles, e deste José Teles passando ao Dr. Caetano de Quadros (seu herdeiro temporário) e ao filho José de Quadros, e como disse aos Ciais do Romariz, que tinham o rendimento em 1797, talvez porque também descendiam de Maria Pereira de Vasconcelos casada no BOCO; a Casa-de-Cima da Rua do Aro ou Rua Santo António de António Lobo de Sousa do Aro, por compra, filho de D. Catarina de Almeida, casado em D. Mariana Pereira de Vasconcelos, de Galegos, que depois passou a seu cunhado e irmão Manuel Pereira de Vasconcelos (dito da “Caza e Quinta do Aro”), e ainda depois à filha deste, D. Bernarda Rosa Pereira de Castro e a seu marido José Manuel de Sousa Lobo, pelo que foi este dito igualmente da “Caza e Quinta do Aro” (aliás, descendia também da mesma Quinta); e, depois... (havemos de entender!), a seu filho Baltazar Pereira de Castro ou, então, a seu irmão e cunhado, o P.e José Inácio...

Por fim, ficou entendido. Os Pereira de Vasconcelos moradores na Rua do Aro ou Rua de Santo António foram senhores do antigo Prazo dos Currais [ao Aro] e foram senhores do antigo Prazo do Aro [Quinta do Aro]. As designações de Rua dos Currais (ou de Santo António) e Rua do Aro, que coincidiam no que concerne à Rua, induzem em erro se se trata do Prazo do Aro e do Prazo dos Currais, efectivamente distintos. Os Quintã e Cazal do Aro dos velhos Almeidas não coincidiam com a propriedade a que correspondia o designativo “da Caza e Quinta do Aro” de Manuel Pereira de Vasconcelos e de seu genro: a primeira expressão mencionava a Quinta do Aro e as suas pertenças; as segundas incluíam a Casa da Rua do Aro (ou Rua de Santo António) e a velha Quinta do Aro, vizinha de São Pedro. O Prazo os Currais (ou melhor: um dos prazos dos Currais, pois constam outros nos mesmos Currais) chegara por compra a António Lobo de Sousa; sua viúva deixou-o ao irmão Manuel Pereira de Vasconcelos e deste passou

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a seu filho o P.e José Inácio, e deste, por fim, a sua filha D. Maria José Osório; o Prazo do Aro (a Casa e Quinta do Aro), que vinha dos antigos Almeidas, chega a D. Catarina de Almeida e dela passa a seu filho António Lobo de Sousa, e toma o mesmo rumo do outro Prazo, vindo parar a seu cunhado Manuel Pereira de Vasconcelos; deste, a sua filha Bernarda Rosa e a seu neto Baltazar Pereira de Castro.

1. Casa de Sobrado e Latrina 2. Primeira Loja 3. Segunda Loja

escala em metros

legenda: CASA DA QUINTA DO ARO Lado Sul. Casa de Sobrado com Loja-Adega, adjacente Lado Nascente. Casa de Sobrado Lado Poente. As duas Lojas adjacentes

Lado Norte. Loja e Casa de Sobrado

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A CASA DO ARO EM AROUCA

A distinção dos Aro é importantíssima. O assentador do painel decapitara as duas figuras principais e transferira as carantonhas dos anjos grandes para os querubins do topo de cima... Deixei atrás dito: “os sogros de Manuel Pereira de Vasconcelos nada teriam recebido do Aro, não obstante ela ser filha de um Matos Godinho da Quinta do Aro.” E ainda acrescentei (o que é verdade): “Este mesmo Aro chegou a Manuel Pereira de Vasconcelos por outra via: vindo de seu cunhado António Lobo de Sousa, sem filhos”. Poderia admitir-se que Manuel Pereira de Vasconcelos – que recebera efectivamente a Casa da Rua de Santo António de sua irmã D. Mariana em 1753 (ano do seu falecimento; reconhecimento do prazo mais tarde em 1757), nela residente e já casado desde 1750 – tivesse herdado também, do lado de sua mulher, qualquer parte da Quinta do Aro, antes de 1763 (ano em que, na Misericórdia, o fazem da “Caza e Quinta do Aro”): objecto, se assim tivesse acontecido, do dote para casar (1750) mencionado no testamento de sua sogra D. Leonor. Em verdade, já era senhor da Casa da Rua de Santo António (desde 1753) e provavelmente da “Casa e Quinta do Aro” (anotado na Misericórdia em 1763), muito antes do falecimento de D. Ângela e D. Mariana, muito pobrezinhas em 1765 e 1767..., o que é significativo.

(os primeiros possuidores do Aro, os Almeidas) Finalmente, ficámos habilitados (dúvidas irão persistir sempre) a entender as casas do Aro. No Rol dos Prazos de São Salvador do Burgo figura um Jorge de Almeida em 1532 – data intrigante pois se situa entre outras muito posteriores, precisamente de um século depois – remetendo para o L.º de Prazos n.º 25 que não encontrei, sendo de admitir o seu extravio do

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Cartório19: Porém, a escritura de D. Ângela da Cunha veio colmatar o perdido e até antecipou a data do Prazo do Aro e Melareses para 1519 e, numa das suas partes, designa o foreiro por Jorge de Almeida Cabral. Já conhecia quatro personalidades deste apelido composto, talvez nascidas por 1500 ou 1510: Duarte de Almeida Cabral, Cristovão de Almeida (Cabral), Joana de Almeida e Manuel de Almeida, este, padrinho nos anos de 1565 a 156820. Teria sido Jorge de Almeida o pai destes? Muito possivelmente, assim foi, até porque o nome Jorge vai continuar na estirpe (Jorge de Almeida, prior de Macinhata da Seixa; Jorge de Almeida, da CASA DE SELA21). Seu filho Manuel de Almeida – tratado por cavaleiro fidalgo, residente na sua Quinta do Carqueijal e senhor da Quintã do Aro nos anos de 1566, 1576 e 1592 – foi pai, por sua vez, de Manuel de Almeida Barbosa que dividiu o Prazo do Aro por quatro filhos rapazes, dos quais terá ficado pouca descendência. Mas daquele primeiro Manuel de Almeida também ficou D. Catarina de Almeida da quinta do aro, que viria a falecer em 1709 dita da Cruz do Aro em casa de seu filho António Lobo de Sousa, antes do segundo casamento deste. Outra filha de D. Catarina de Almeida, D. Ângela da Cunha, casada em Coimbra, tenta reaver a posse da totalidade da Quinta do Aro, mas sem êxito. Embora exibindo um reconhecimento da quinta do aro em 1684 a sua mãe D. Catarina de Almeida, reconhece igualmente outros detentores da parte ou quinhão proveniente de Francisco de Almeida Barbosa.

os primeiros possuidores do Aro, os Almeidas

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AUC, MSMA, Livro Indice Geral dos Prazos, Freguesia de Sâo Salvador do Vale de Arouca, que menciona o L.º 23, fl 42, Mallarezes. Prazo feito a Jorge de Almeida do cazal do Aro, e do Cortinhal nesta villa, e de hum cazal cito em Mellarezes freguezia do Salvador a ii de Junho anno de 1532. BRITO, cit., ABERTURA, II. nomes e sobrenomes, Os ALMEIDAS. IDEM, QUINTA DE TERÇOSO, CASAS DE SELA.

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A CASA DO ARO EM AROUCA

Jorge de Almeida Cabral P.zo do Aro e Melareses, 1519 I Manuel de Almeida22 c.c. sr. Q.ta do Carqueijal e do Aro 1566 I Manuel de Almeida Barbosa sr. do Aro e Melareses

Gaspar ou João de Almeida” _____________ : I I : N... Barbosa Jorge Barbosa c.c. Milícia de Almeida António de Almeida João de Almeida tabelião de Vasconcelos Fid. Casa d´El Rei, Pzo 1552 escrivão,

_________________________________________________________________________ Domingos António Francisco Francisca de Almeida de Vasconcelos 1569 1571 1575 c. 1638 c. M.el Teix.ra Homem, F.S.O. ou Fr.co Barbosa o velho, em 1618 _________________________________________________________________________ I I I I I M.el de Almeida Fr.co de Almeida Luís de Almeida João Barbosa D. Catarina de Almeida, Barbosa Barbosa Barbosa de Almeida da Quinta do Aro, P.zo 1684, c.c. Mª da Fonseca P.zo ¼ Casal do um quinhão do e da Cruz do Aro + 1709 + 1690 Aro e ¼ Casal de casal do Aro e outra s.g. Melareses fazenda em Melareses + R. dos Currais 22.01.1633 22.08.1631 1699 L.º 21 fl.93 L.º 20 fl 94 c. 11.11.1625 c. Clara de Beça P.ra, + vª em S.to Estêvão, 1668 ___________________________ João , 1627 António, 1629 P.e João Berbosa

(Baltazar Pereira de Castro) Reatarei a volta pelos paroquiais, o nosso fio interrompido. Manuel Pereira de Vasconcelos, embora nascido em S. Salvador de Galegos (Penafiel), vive na Rua de Santo António da vila de Arouca, casado em 1750, e aqui morre em 1764. D. Francisca Luísa sobrevive-lhe longos anos, vindo a falecer em 1780 com dote a seu genro José Manuel. Com efeito José Manuel de Sousa Lobo estava casado com D. Bernarda de Castro, primeiro nado do matrimónio de Manuel Pereira de Vasconcelos da “Caza e Quinta do Aro”, e será dono também, como vimos, da “Caza e Quinta do Aro” (por sua mulher: Agora se entende a razão de residência na Casa e Quinta do Aro em 1755, já casado por certo com D. Bernarda, daí). D. Bernarda, sob o nome de D. Bernarda de Castro, morre em Santo António aos 34 anos, em 1784. Seu marido sobrevive. De seus próprios passados ter-lhe-ia chegado o Prazo da Rua da Lavandeira, onde falece em 1800 com dote a seu filho (Baltazar Pereira de Castro) que já aí estava. Antes, Baltazar mora em Santo António (onde terá nascido) – e virá a herdar o Aro (Prazo do Aro ou Casa e Quinta do Aro), pois o seu nome figura no Livro de Foros a seguir ao de seu pai José Manuel de Sousa Lobo – casado em data muito posterior à da morte de sua 22

É provável que este Manuel de Almeida (que conhecemos no Carqueijal e na Quintã do Aro) fosse casado com uma irmã do tabelião Jorge Barbosa, também matrimoniado com uma Almeida. A corroborar, além de Barbosa de Manuel de Almeida Barbosa, também se vê Mecia Barbosa, mad. 1593 F.ª de Manuel de Almeida desta villa.

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mãe. Em Santo António nascem-lhe quatro primeiros filhos, o primeiro em 1791, mas passa para a Lavandeira onde constam outros dois a partir de 1798. Teria sido Baltazar Pereira de Castro a erguer a actual Casa do Aro e a colocar o brasão? Mas por que motivo a casa vai parar a sua prima co-irmã D. Maria José, filha de seu tio o Padre José Inácio? Note-se que D. Maria José, nascida em 1793, era praticamente da idade das filhas de seu primo. Teria sido criada com elas? D. Maria José casou em 1828, com 34 anos. No assento de baptismo nenhuma presença de Pereira de Vasconcelos ou Sousa Lobo, mas no assento de casamento figura um Sousa Lobo, o P.e António Lobo de Sousa, filho de outro António Lobo de Sousa, este, irmão ou sobrinho, segundo parece (a entender, abaixo), de José Manuel de Sousa Lobo, tio de D. Maria José. José Manuel de Sousa Lobo, pai de Baltazar Pereira de Castro, tinha falecido ia para 28 anos! D. Maria José Osório Coutinho e Vasconcelos casou com gente de fora, mas realizou o casamento em Arouca (pois o registo anota à margem S.to Antonio, ou seja, residente na casa da Rua de Santo António)... E quanto a José Manuel de Sousa Lobo? Onde pára o assento de seu baptismo? Nada! Falta, falta..., fazem as duas principais figuras... do Painel!

(os homónimos António Lobo de Sousa) Entretanto, vamos acarear uma das situações mais intrincadas deste trabalho: Os homónimos António Lobo de Sousa, exercício que se irá revelar de grande proveito para as hipóteses de situação geracional de José Manuel de Sousa Lobo! Olhemos, de novo, para o apontamento da Misericórdia:

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Anno de 1807 António Lobo de Souza [Rev. António Lobo de Sousa] – Irm em 1791 era Provedor o Cap. Beça Villa D. Ana Delfina [irmã de António Lobo de Sousa] D. Constança Casemira [idem] D. Benta Beatriz [idem] D. Benta Joaquina [m.er de António Lobo de Sousa] D. Marianna Delfina [irmã de António Lobo de Sousa] Villa António Lobo, sobrinho [António Lobo de Sousa]

Quem seriam estas senhoras de 1807? Provavelmente, irmãs entre si. Irmãs, igualmente, de António Lobo de Sousa da S.ra da Ouvida e Rua d´Arca? Ou filhas do mesmo António Lobo de Sousa? Em primeiro lugar, deve repararse na nota que acompanha o nome de António Lobo de Sousa em 1807, que diz: Irmão em 1791. Procurado este ano, verifica-se que o apontamento se reporta ao Rev. António Lobo de Sousa. Então, António Lobo de Sousa não é o homónimo casado com D. Benta Joaquina (uma das quatro senhoras acima anotadas), mas um outro, que foi clérigo. Quanto às quatro senhoras inscritas em 1807 são, muito provavelmente, irmãs de António Lobo de Sousa e cunhadas de D. Benta Joaquina (Vide esquema 1 – Casa do Enxido). São elas, D. Ana, b. em 1758 e falecida em 1807 no Enxido; D. Constança Delfina que se diz madrinha de baptismo de seus sobrinhos Luís Lobo de Sousa, 1806, e de Tomás, 1808; D. Benta Beatriz que virá a falecer, solteira, em 1811; e D. Mariana, b. em 1754 e falecida solteira no final desse ano de 1807. Maria Leonor, 1756, e Luísa, 1759, teriam morrido, entretanto. Convém voltar a reparar no esquema da Casa do Enxido onde figura António Lobo de Sousa da Quinta da Sra. da Ouvida e também da Rua d´Arca... e também da Praça. Sabe-se que um dos Prazos da Rua da Lavandeira – o P.zo de 1717 a António de Almeida Brandão e sua mulher Teresa de Sousa – vai passar ao P.e Manuel Bernardo de Sousa (que foi Abade de Barbudo23) e, depois, a António Lobo de Sousa (o da Sra. da Ouvida e Rua d´Arca, segundo parece)

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Arquivo Distrital de Braga, Inquirições de Genere, Pasta 1005, Procº 22338, José Carlos Almeida Sousa, 1767.

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e... o Livro de Foros do Mosteiro acrescenta; agora seu filho o senhor Padre António Lobo de Sousa. Até aqui, nada de estranho: O Prazo da Lavandeira de 1717 coube a um neto, o P.e Manuel Bernardo, e depois a um bisneto, António Lobo de Sousa, e depois a um trineto, o senhor P.e António Lobo de Sousa. Só que, o P.e António Lobo de Sousa, filho do António Lobo de Sousa casado em 1804 (só em 1804!), não pode ser o Rev. António Lobo de Sousa Irm. em 1791... Obviamente. É verdade que àquelas mencionadas senhoras se segue, no apontamento, António Lobo, sobrinho, isto em 1807, não sendo possível, volto a afirmar, tratar-se de um filho de António Lobo de Sousa da Sra. da Ouvida e Rua d´Arca, casado em 1804! Parece simples: Deverá tratar-se de 3 homónimos (sem contar o velho António Lobo do Aro), dois sacerdotes e o próprio António Lobo de Sousa da Sra. da Ouvida e Rua d´Arca. Voltando a olhar para o apontamento, há que admitir que António Lobo, sobrinho, em 1807, era, nem mais, o António Lobo de Sousa da Sra. da Ouvida e Rua d´Arca, aliás já casado havia três anos com D. Benta Joaquina..., e as restantes quatro senhoras eram, como já dito, irmãs do mesmo António Lobo de Sousa. E daí? Há que reconhecer a importância da anotação da Misericórdia! Ela quer dizer que houve um homónimo, o Rev. António Lobo de Sousa, irmão em 1791 e de novo apontado em 1807, que trouxe para a Santa Casa quatro sobrinhas e seu sobrinho António Lobo de Sousa, designado por António Lobo, sobrinho. Está mesmo a ver-se o tio eclesiástico a levar, de uma assentada, os sobrinhos para Irmãos da Misericórdia!... Filhos de quem? Ora, de D. Ana Margarida Lobo de Sousa, do Enxido (também, dita da Praça, mãe de António Lobo de Sousa), já falecida (1805) viúva do L.do António Bernardo de Sousa (falecido em 1800). Fica encontrado o Rev. António Lobo de Sousa, bem como identificados os seis nomes do apontamento do Livro da Santa Casa. Um tão simples apontamento, o da Misericórdia, constitui

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uma notabilíssima relíquia, porque só ele nos permitiu compreender os Lobo de Sousa ou Sousa Lobo e nos vai possibilitar uma nova aproximação a José Manuel de Sousa Lobo, da Quinta e Casa do Aro. Todavia, não pude confirmar este quarto homónimo, o segundo P.e António Lobo de Sousa. (O primeiro do nome, recordo, foi António Lobo de Sousa do Aro; o segundo teria sido o Rev. António Lobo de Sousa; o terceiro foi António Lobo de Sousa da Sra. da Ouvida e Rua d´Arca; o quarto, seu filho o senhor P.e António Lobo de Sousa). Apenas apurei – e parece suficiente – que senhor P.e António Lobo de Sousa sucedeu no velho Prazo da Rua da Lavandeira, de 1717 (depois de ter passado pelo P.e Manuel Bernardo e por seu pai António de Sousa Lobo, como sabemos), vindo a suceder-lhe no mesmo Prazo [seu irmão] Luís Lobo de Sousa. A dedução leva-nos, em resumo, ao seguinte: António Lobo de Sousa da Quinta da Ouvida e Rua d´Arca teve um tio, o Rev. António de Sousa Lobo (o tal que levou os sobrinhos para a Misericórdia em 1807) e teve um filho o senhor P.e António Lobo de Sousa (o sucessor do Prazo da Lavandeira). Falta aventar que este último P.e António Lobo de Sousa seja o Rev.do António Lobo de Sousa que vai ser testemunha do casamento de D. Maria José Osório, em 1828. Mas ainda não vamos ficar compostos, pois o qualificativo de clerigo in minoribus dado em 1791 – a António Lobo de Sousa, testemunha de baptismo de Bernarda, filha de Baltazar Pereira de Castro Lobo – o clerigo in minoribus não pode ser o Senhor Padre Antonio Lobo de Sousa... visto que seu pai contava apenas 19 anos neste de 1791, não podendo ter um filho já clérigo! A eles voltarei, adiante.

(José Manuel de Sousa Lobo) E Baltazar de Castro Pereira? Nada! Vejamos primeiro José Manuel de Sousa Lobo. Apenas o sabemos genro da Casa do Aro, falecido na Rua da Lavandeira, e pai de Baltazar Pereira de Castro, também da Lavandeira. Deixo a hipótese: Podia descender de um

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outro Prazo da Rua da Lavandeira concedido em 1747, prazo dos pais de D. Ana Margarida, ou porque era irmão de D. Ana Margarida ou porque era filho da dita D. Ana Margarida...

Prazo da Lavandeira, com efeito. José Manuel de Sousa Lobo morava na Rua de Santo António e dizia-se da “Caza e Quinta do Aro”, fazenda(s) que parece(m) ter vindo de sua m.er D. Bernarda Pereira de Castro, filha, como sabemos, da “Caza e Quinta do Aro” e moradora na Rua de Santo António. Anos depois, a mudança de José Manuel para a Lavandeira, bem como a de seu filho Baltazar, levanta a suspeita da casa da Rua da Lavandeira provir de seus passados: ou vinda dos Sousas do Prazo de 1717 ou vinda dos Sousas do Prazo de 1743. Efectivamente, constam nessa Rua dois prazos (pelo menos dois, que nos interessam, porque lhe quadram perfeitamente). Para melhor leitura, figurei e volto a figurar no esquema junto José Manuel de Sousa em duas posições. Numa posição seria tio de António Lobo de Sousa, e irmão da mãe deste, D. Ana Margarida Lobo de Sousa: e deste modo podia ter recebido o Prazo da Lavandeira de 1743. Na outra posição, seria irmão de António Lobo de Sousa, filho de D. Ana Margarida Lobo de Sousa: e, neste caso, além do prazo que podia ter recebido de [sua mãe] D. Ana Margarida, podia igualmente ter-lhe chegado o velho Prazo da Lavandeira, 1717, dos Sousas ao fundo da Rua da Lavandeira. Portanto, qualquer um dos dois Prazos. (Para complicar, encontra-se – é certo que uma vez só, num só apadrinhamento – um Manuel de Seabra Lobo e sua m.er D. Bernarda de Castro, também da Rua da Lavandeira, em 1782. Teria havido outra D.

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Bernarda de Castro, da Rua da Lavandeira, tia de D. Bernarda de Castro, do Aro? Julgo não ser preciso ir por aí, porque, simplesmente, Manuel de Seabra Lobo é talvez o mesmo sujeito que José Manuel de Sousa Lobo casado com D. Bernarda de Castro. Por que razão estavam na Rua da Lavandeira, não sei: No Aro, tinha falecido há dois anos sua mãe D. Francisca Luísa, viúva; e D. Bernarda vai morrer dois anos depois, mas em Santo António.)

-F(duas posições possíveis para José Manuel de Sousa: Filho de quem, irmão de quem;

esquema 1a: 1a Casa do Enxido (adenda ao esquema 1: José Manuel de Sousa) (ainda, os homónimos de António Lobo de Sousa) (ainda, Baltazar Pereira de Castro) (finalmente, D. Constantina do Aro) (o último rumo da Casa)

DE QUEM ERA FILHO PROVÁVEL JOSÉ MANUEL DE SOUSA LOBO? COMO É QUE O CLERIGO IN MINORIBUS ANTÓNIO LOBO DE SOUSA PODE SER FILHO DE OUTRO ANTÓNIO LOBO DE SOUSA DA MESMA IDADE? ONDE PÁRA O REGISTO DE B DE BALTAZAR PEREIRA DE CASTRO, FIGURA PRINCIPAL QUE COLMATARIA, EM SIMULTÂNEO, A AUSÊNCIA DE JOSÉ MANUEL DE SOUSA LOBO? QUEM ERA D. ANA MARIA DE SOUSA E QUEM ERA D. CONSTANTINA? QUE NOVO RUMO TOMOU A CASA?

(duas posições possíveis para José Manuel de Sousa: Filho de quem, irmão de quem; esquema 1a: 1a Casa do Enxido (adenda ao esquema 1: José Manuel de Sousa)

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Os sobrinhos de José Manuel de Sousa (Lobo) (o da primeira posição, hipotético irmão de D. Ana Margarida, alinham os nascimentos pelo início da segunda metade de Setecentos (embora o irmão destes, António de Sousa Lobo, tenha nascido na segunda década): os mesmos anos do nascimento, 1750, de sua mulher D. Bernarda de Castro; os tios de José Manuel de Sousa (Lobo) da segunda posição – D. Ana Margarida e seus irmãos (um possível Rev. António Lobo de Sousa, Frei João do Monte Carmelo e D. Antónia Joana) – desconheço por que anos alinham, mas apenas sabemos que D. Ana Margarida casou em 1747... Pelos anos a que pertence o B de sua mulher D. Bernarda, parece ser mais credível que José Manuel de Sousa Lobo filho fosse (e não cunhado) do L.do António Bernardo de Sousa e de sua mulher D. Ana Margarida, e irmão de António Lobo de Sousa da S.ra da Ouvida ou Rua d´Arca ou da Praça. Mas seria assim? Na primeira posição, a Lavandeira que teria herdado seria a de João Oliveira Seabra, de 1743; na segunda posição, a Lavandeira seria a dos Sousas ao Fundo da Rua da Lavandeira, Prazo de 1717, que passou ao P.e Manuel Bernardo de Sousa e veio a caber a António Lobo de Sousa.

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Efectivamente, sucedeu no Prazo da Rua da Lavandeira de 1743 (de João Oliveira Seabra e sua mulher D. Angélica Rosa de Lucena), um tal de José Manuel, apontamento que se impôs à minha atenção. O José Manuel é o José Manuel de Sousa Lobo? Se assim foi, afigura-se pertencer a uma geração anterior à de sua mulher D. Bernarda de Castro, nascida em 1750. Pelo assento de óbito de D. Antónia Joana de Sousa, da Lavandeira, em 1790, sabe-se que esta senhora era irmã de José Manuel de Sousa, seria irmã também de D. Ana Margarida Lobo de Sousa ou Sousa Lobo ou de Lucena, mulher do L.do António Bernardo de Sousa e filha da supramencionada D. Angélica Rosa: com efeito, acha-se um amadrinhamento de 1777 de D. Antónia filha de D. Angélica Rosa da Lavandeira.

(ainda, os homónimos de António Lobo de Sousa) Quanto ao P.e António Lobo de Sousa, o seu enquadramento é não menos complicado. António Lobo de Sousa, da Rua d´Arca, teve um filho padre: Como nos disse o Livro de Foros, no velho Prazo de 1717 da Rua da Lavandeira, sucedeu a António Lobo de Sousa seu filho o senhor Padre António Lobo de Sousa. Segue-se a este último (não sabemos quando) [seu irmão] Luís Lobo de Sousa, talvez por falecimento do padre. Em 1791 consta [um outro] António Lobo de Sousa clerigo in minoribus (nascido portanto antes de 1775) não podendo tratar-se do filho de António Lobo de Sousa, o senhor Padre António Lobo de Sousa. (Aquele, tendo nascido em 1772, contaria 19 anos, não dando espaço a ter um filho já clérigo). O clerigo in minoribus coincidiria com o Rev. homónimo que encontrámos na Misericórdia em 1791 e que para lá trouxe os sobrinhos em 1807? Não é crível. Será que (a menos que forjemos mais um homónimo!) não temos outra hipótese? Pois temos. Julgo, simplesmente, que o clerigo in minoribus em 1791 era o próprio António Lobo de Sousa (contava 19 anos, como disse) que (desistindo da carreia eclesiástica) viria a casar em 1804. E até (quem sabe?!), já teria, ou estaria para ter, um filho natural nascido lá por

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1790 ou 92, o futuro senhor padre António Lobo de Sousa..., filho, precisamente como sabemos, de António Lobo de Sousa, da S.ra da Ouvida ou Rua d´Arca! Entendemos agora que Antonio Lobo sobrinho (no assento da Misericórdia), fora clerigo in minoribus antes de casar em 1804 e antes de ter tido uma criança, o futuro Padre António Lobo de Sousa.

(ainda, Baltazar Pereira de Castro) E quanto a Baltazar?, de novo a pergunta! Os dois anjos principais – leia-se: os assentos de B das nossas duas figuras principais – podiam bem ser a chave do entendimento de Baltazar Pereira de Castro e de seu pai José Manuel de Sousa Lobo! Se se achasse o assento do baptismo, logo se veria quem eram os avós de Baltazar ou seja, nomeadamente, quem eram os pais de José Manuel de Sousa Lobo. Baltazar teria nascido por 1770 (sua mãe nascera em 1750 e seus filhos contam-se a partir de 1791). Todavia, inexplicavelmente, não se encontra o respectivo assento. Filho de pai da vila de Arouca e de mãe da vila de Arouca, e de avós todos ligados a Arouca, não aparece baptizado na Vila, não obstante ter nascido, muito provavelmente, na Rua de Santo António. Após o trabalho de reconstituição da sua linha materna, ou seja, das gerações da Casa do Aro, mantém-se o vazio da prosápia paterna, Sousa Lobo ou Lobo de Sousa. Faltam dois registos fundamentais: o do pai e do filho, o de José Manuel de Sousa Lobo e o de Baltazar Pereira de Castro! E, como este último não teve irmãos (como é de supor), mais difícil será colmatar a falta... Foi então que... Que a criança nasceu, não há dúvida; que o rapaz cresceu, não há dúvida; que casou e viveu na Rua de Santo António e na Rua da Lavandeira, também sabemos: Aí, respectivamente, nascem seus filhos, os de 1791, 1793 e 1794, e os de 1797 a 1802. Entretanto, sua mãe D. Bernarda Rosa tinha morrido na Rua de Santo António em 1784, antes do casamento de Baltazar. Ela morreu nova (34 anos), mas não morreu de parto deste filho, como se

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deduz pelas datas de nascimento de seus netos (já nascido, o primeiro, em 1791). Também desconhecemos o ano do casamento de Baltazar (que poderá ter sido na vila de Goivães), em ano próximo ao de 1791. Os primeiros filhos no Aro, os restantes já na Lavandeira. Ia lá imaginar-se que o tardoz dos azulejos ensinava a construir as duas figuras que nadavam esquartejadas... Mas ensinava! Foi então que topei com o baptismo de Baltazar, vinte anos depois de ter nascido! Ou melhor, fora baptizado ao nascer, como qualquer criança, mas teve o respectivo assento aos 20 anos!

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Aos 11 digo honze de Janro de mil setecentos e sessenta e oito annos foi batizado Baltezar de Castro Lobo, na Igr.ª de chave deste Con.º de Arouca pello Rdo Reitor da dta Igrª Manoel Bernardo Lobam o qual o batizou solenemte como consta das ttas e Padrinhos, q forão do dto batizado do qual forão as tt.as tiradas por Instromto por ordem do R.mo Sr. Provizor deste Bispado q mandou proceder a justifcação, e depois se lhe fez alz.ª e por ella sentev.ª

Sto

Anto

ciada na qual manda se lhe faça este acento por senão achar o acento do batizmo no livro da dª frgª

Baltezar

de Chave da qual inquerição consta ser o dº Baltezar filho legitimo de Jose Mel de Souza Lobo e de sua mulher D. Bernarda Roza Pereira de Castro, neto Paterno de João de Olivrª Seabra e de sua mulher D. Angelica Roza de Souza Lobo, e neto Materno de Manoel Pereira de Vas.cos e de sua mulher D. Francisca Luiza Barreto de Castro todos moradores desta Villa de Arouca, forão Padrinhos o Rdo P.e Manoel Tava res e Joana Vaz então solrª hoje cazada ambos da sobredª frgª de Chave e q tudo constava do dº Instro mtº e mandato do R.mo S.r D.r Provizor de 15 de Maio deste anno de 1788 e por verd.e fiz este acento por comição do Rd.o João dos S.tos Rey[s] Teix.ª Parocho actual desta frgª e q tudo forão tt.as Diogo Per.ª de Souza Barreto e Manoel Per.ª de Az.do ambos desta V.ª q aqui asignarão comigo o R.do Parocho hoje vinte e hú de Maio de mil setecentos oitenta e oito Manoel pra Diogo Pr.ª Sz.ª Barreto

o P.e Joze dos Santos Teixr.ª Tellez o Parocho João dos Santos Reys Teixr.ª

Fazendo contas, sua mãe andava pelos 17 de idade quando no início de 1768 Baltazar nasceu. Finalmente, confirma-se que José Manuel de Sousa Lobo nascera de D. Angélica Rosa de Lucena ou Sousa Lobo e de João de Oliveira Seabra, da Rua da Lavandeira, primeiras vidas do consabido Prazo de 1743: Esquema 1a, 1a primeira posição para José Manuel de Souza (Lobo), irmão do Rev. António Lobo de Sousa e tio do outro António Lobo de Sousa. Assim, o Joze Manuel,

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que figura como sucessor deste Prazo, segundo o livro de notas reza, era nem mais José Manuel de Sousa Lobo. E voltando muito lá para trás, esquema 2, 2 lê-se Angélica, 1700 – F.ª de Pedro de Matos Godinho e de D. Constantina, mor.s no Aro ou na Quinta do Aro – ou seja, D. Agélica Rosa de Lucena ou Sousa Lobo, mãe, como ficou acima, de José Manuel de Sousa Lobo!

Rend.º a Luisa Clara de Souza em 17 de 10 bro de 1796

Joam de Oliveira Seabra e sua mer D. Angelica Rosa de Lucena 1ª e 2ª vidas por prazo novo feito em 22 de Junho de 1743 Agora Joze M.el Agora D. An.ta Joanna Agora a mer de An.to Gabriel Bram 3ª vª

João de Oliveira Seabra tinha falecido em 1755; a 2.ª vida devia ter passado a D. Angélica Rosa que iria sobreviver até 1801. Teria D. Angélica Rosa renunciado à 2.ª vida? E o Prazo, renovado a José Manuel de Sousa Lobo? Sucedeu-lhe – também não se sabe por que razão (efeito de partilhas?) – sua irmã D. Antónia Joana (depois falecida em 1790). Neste ano já se teria mudado para a Rua da Lavandeira, onde morre em 1800, com dote a seu filho. Pode ainda achar-se o baptismo de D. Antónia – que corrobora os pais e avós de José Manuel Lobo de Sousa – registada duas vezes no ano de 1736 pelo cura Manuel Roiz de Abreu, a 26 de Julho e a 18 de Novembro24!

(finalmente, D. Constantina do Aro) Elege-se uma das linhas propostas no esquema 1a, 1a ou seja: José Manuel de Sousa Lobo era irmão de D. Ana Margarida Lobo de Sousa, casada no

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A sequência dos registos é a seguinte: 14, 22, e 26 de Julho, 5 e 21 de Agosto, 3 de Set.º, 3 de Dez.º (fora de ordem), 10, 24 e 28 de Out.º, 4, 12, 15 e 18 de Novembro, seguidos de mais uns do mesmo dia, e ainda outro, de Nov.º, dia 24.

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Enxido, e irmão de D. Antónia Joana, filhos de João Oliveira Seabra25 e de sua mulher D. Angélica, netos maternos de Pedro de Matos Godinho, da cid. do Porto e de sua mulher D. Catarina [aliás, D. Constantina] nat. do Aro desta villa. Estes últimos figuram atrás no esquema 2, 2 moradores no Aro ou Quinta do Aro, como pais precisamente daquela D. Angélica levada à fonte de baptismo no ano de 1700. Por fim, compulsados os respectivos registos de baptismo, foi possível encontrar o assento de Constantina, a 2.04.1682, filha de Manuel de Matos e de donna Anna de Souza filha de dona Catarina dalmeida com o que estauam jurados e não recebidos (afilhada de Constantino [sic] de Araújo mestre escola de Braga). Então, D. Constantina, filha de D. Ana Maria de Sousa – ver esquema seguinte – era sobrinha de António Lobo de Sousa e de D. Ana Maria, filhos de D. Catarina de Almeida da Cruz do Aro (anteriormente, da quinta do aro) posta acima nos esquemas Lobo de Sousa, do Aro, e Pereira de Sousa, do Aro; Pereira de Vasconcelos, e Pereira de Castro. Fica apurado que José Manuel de Sousa Lobo descendia da Quinta do Aro, mais do que sua mulher D. Bernarda Rosa que apenas vinha de Pedro Godinho que fora mor. na Quinta do Aro; todavia, sua mulher, da Casa da Rua do Aro ou Santo António, era proprietária da Casa e Quinta do Aro (de seu pai Manuel Pereira de Vasconcelos), Casa e Quinta que, por D. Bernarda Rosa, chegou a seu marido José Manuel de Sousa Lobo. Eis a linha de parentesco mais directo:

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João Oliveira Seabra (ou João Seabra de Oliveira) era filho de Manuel de Seabra, nat. do lugar da Alumiada freg. de Escaris Bispado do Porto e de sua mulher Maria de Oliveira.

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D. Catarina de Almeida, da Quinta do Aro _______________________ An.to Lobo D. Ana Maria c.c. M.el de Matos de Sousa de Sousa Godinho I D. Constantina c.c. Pedro de Matos c. 2º vez c. Leonor Pereira de Castro b. 1682, + 1705 Godinho mor.s na Quinta do Aro mor.s em Sernadelo, de Sever I I D. Angélica Rosa D. Francisca Luísa de Lucena Barreto b. 1700 Pereira de Castro c.c. João Oliveira Seabra c.c. M.el P.ra de Vasc.os da Rua da Lavandeira da Rua de S.to António, sr. da Quinta do Aro ________________________________ ___________________ I I I I I D. Ana Marg. D. An.ta Joana M.el José c.c. D. Bernarda Rosa Outros Sousa Lobo da R. da Lavandeira de Sousa I Pereira de Castro c. no Enxido b. 1736 Lobo I Baltazar Pereira de Castro

(o último rumo da Casa) Ficou no L.º de Foros (atrás reproduzido em 16. e, aqui, simplificado:

Rua dos Currais Manuel Pr.a de Vasc.os e sua m.er por Prazo em q. elle hé 3.ª v.ª feito a 20 de Fev.º de 1737 Renovouse ao d.º M.el Pr.ª, e mer D. Luiza Franca Barretto em 1.ª e 2.ª V.as aos 30 de Agto de 1757 Agora o P.e Joze Ignacio Agora D. M.ª Ozorio

Depois, apenas se sabe que a D. Maria Ozorio, ou D. Maria José Osório Coutinho e Vasconcelos (apelidos advindos de seu pai o P.e José Inácio), sucede uma filha. Porque, entrementes, um cunhado de José Manuel, o P.e José Inácio [Pereira ou Pereira de Vasconcelos] viera a suceder no Prazo, e a Casa passou, assim se afigura, a uma filha sua, D. Maria José Osório Coutinho e Vasconcelos. Depois, já vimos. Uma filha desta última vai casar-se com um Costa Saraiva de Boaldeia, e uma neta vai casarse com um parente, primo co-irmão, também Costa Saraiva de Boaldeia. Este derradeiro, que se chamou António Pereira Saraiva, vai ser pai de duas senhoras do apelido Osório Saraiva que, juntamente com seu pai, detêm as

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propriedades do Aro e outras propriedades vizinhas: A Casa foi averbada em nome dele; uma das filhas vendeu propriedades em 1922; e em nome de outra filha, a Casa foi averbada em 1927. Mas antes, muito antes, é aquilo que nos tem ocupado! José Manuel de Sousa Lobo e seu pai Baltazar Pereira de Castro são as duas figuras principais do painel, agora, entendidas. Sobrinho materno do P.e José Inácio foi Baltazar Pereira de Castro ou Baltazar de Castro Pereira ou de Castro Lobo. Figura com este último nome, no Prazo do Aro, parecendo tê-lo recebido após o falecimento de sua mãe em 1784. Note-se que no tardio assento de baptismo se declina precisamente por Castro Lobo, parecendo isto indicar que seria este o seu chamamento por volta de 1788. Depois, muda de nome, preferindo Castro Pereira. Efectivamente, surge Provedor da Misericórdia sob o nome de Baltazar de Castro Pereira em 1804, morador na Lavandeira. Seu pai falecera em 1800. Baltazar deixa cair o apelido Lobo de seu pai (como seu pai deixara cair o de Oliveira Seabra). Uns bons anos antes, em 1791, nascera-lhe o primeiro filho, e ao tempo estava na Rua de Santo António; pouco depois, com o determinativo Quinta do Aro, como expressamente se lê no assento de outro filho, José, em 1797, mas também se lê nascido em Santo António. [Iria deixar a casa de Santo António? Refugiou-se no Aro antes de passar à Lavandeira? As velhas casas de Santo António teriam começado a ser demolidas para dar lugar à nova casa?] Os seus dois primeiros filhos foram afilhados do Padre José Inácio (que por certo vivia com eles, ou eles com o Padre). Manteve-se na Rua de Santo António por alguns sete anos, até 1796 ou 1797; no ano seguinte, 1798, estava já na Lavandeira, para onde se mudara, e aí permanece. Vivera, pois, na Rua de Santo António até 1797. Por que teria sido Baltazar baptizado na igreja de S.ta Eulália de Chave, nos limites do concelho, e por que teria preterido a Vila? Seu pai andaria de

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candeia às avessas com o Pároco26? Parece que sim. A opção pela igreja de Chave teria sido tão insólita que até o registo esqueceu... e a própria qualidade dos padrinhos ficou muito aquém do que seria de esperar... Teria Baltazar Pereira de Castro voltado a Santo António, ou tencionado voltar?; teria Baltazar Pereira de Castro retomado a casa de Santo António após o casamento de sua prima D. Maria José?; teria Baltazar Pereira de Castro mandado construir a Casa do Aro tal como hoje a conhecemos?; teria adoptado os apelidos de Pereira de Castro (que figuram no brasão)?; teria colocado lá o [seu] brasão de Vasconcelos, Coutinhos, Pereiras e Castros?; teria a Casa voltado à filha do P.e José Inácio, D. Maria José, ou à neta do P.e José Inácio, D. Maria Leopoldina?; teria... Os últimos ramos da família provêm de duas grandes Casas de Arouca: Primeiro, da Casa do Enxido, de Sousas, e também, por casamento, de Sousas Lobos; segundo, da Casa do Aro, também de Sousas Lobos e de Pereiras de Vasconcelos. Duas casas, aliás, aparentadas. A mesma ascendência cabe a seu tio o padre José Inácio. José Manuel de Sousa Lobo pertencia à poderosa Casa do Enxido, e foi, pelo casamento (com uma Pereira de Vasconcelos, e Castro Pereira), senhor da Casa do Aro. Descendia também da Quinta do Aro e pertencia à Casa da Lavandeira de um Oliveira Seabra casado com uma Sousa Lobo. José Manuel e D. Bernarda Rosa eram primos por suas mães, meias-irmãs. Sucede no Prazo do Aro seu filho, Baltazar de Castro Pereira. Sucede no Prazo dos Currais (a casa de Santo António) seu cunhado, o irmão de D. Bernarda, Padre José Inácio.

Bem precisava o P.e José Inácio de “legitimar” sua filha... E de que melhor forma o poderia fazer senão gravando a genealogia dela na pedra-de-armas de sua casa? 26

O Cura João dos Santos Reis, pároco de 4.07.1762 a 16.06.1764 e, de novo, de 30.06.1767 até 17.06.1771: o poderoso cura da vila, portanto – naquele de 1768 do nascimento de Baltazar – irmão do não menos notável Provedor da Misericórdia ao tempo do tecto de caixotões, 1773

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O brasão pertence, sem dúvida, à Casa do Aro.

Quem mandou fazer e colocar o brasão?

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III – o transcurso do Aro

Jorge de Almeida1 colhe em 1519 o casal do Aro, Aro o do Cortinhal e um casal em Melareses [São Salvador]. Em 1566, 1566 1576 e 1592, 1592 Manuel de Almeida, Cav. Fid., morador na Quinta do Carqueijal, possui a Quintã e Casais do Aro Aro. Na geração subsequente, Manuel de Almeida Barbosa, sr. do Aro e Melareses, deixa quatro filhos, Manuel de Almeida Barbosa, Francisco de Almeida Barbosa, Luís de Almeida Barbosa e João Barbosa de Almeida, e a cada um deles, por volta de 1631 e 1633, 1633 o Mosteiro reconhece um quarto do casal do Aro e um quarto do casal de Melareses. (Talvez esta partilha tenha sido o fim dos Almeidas no Aro; de um destes Almeida Barbosa, Manuel e sua m.er Maria da Fonseca, sem filhos, uma das fazendas, as Quintãs, vizinha do Aro, vai parar aos sobrinhos Fonseca Pinto de Miranda; note-se também que os paroquiais – que trazem muitos outros Almeidas – são completamente mudos quanto aos Almeidas do Aro, o que indicia que residiam fora da vila, quiçá em Melareses, São Salvador do Burgo (de onde nos faltam os livros antigos); e no decurso dos anos da década de 40 a 50 de Seiscentos, nos registos guardados na Cúria Eclesiástica de Lamego, surpreende a total ausência dos Almeidas do Aro). Em 1679, 1679 estavam moradores no Aro António Coelho de Pina e sua mulher Mariana da Trindade. Serafina de S. Paio, filha desta Mariana Pereira de Vasconcelos, recebe uma parte que fora destaque do Outeiral, bem como o próprio Prazo do Outeiral, chegando posteriormente aos Pereira de Vasconcelos da Quinta do Outeiral [casa do malogrado Frei Simão). Em 1681, 1681 Fernão Lobo 1

Os nomes sublinhados são de personalidades que detiveram o Aro.

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solteiro filho de D. Catarina do Aro apadrinha na vila. 1682 é o ano da morte de Manuel Barbosa de Almeida, sr. de um quarto da cazal do aro. aro Consta de 1684 o reconhecimento da Quinta do Aro feito a D. Catarina de Almeida. Em 1687, 1687 nasce Mariana filha de Manuel de Matos [Godinho] e de D. Ana Maria de Sousa, moradores a Sto Antonio do Aro e, em 1691, 1691 Sebastiana, é filha dos mesmos, moradores no Aro desta vila. vila Em 1693, 1693 António Lobo do Aro, Aro morador morador ao cimo da Rua dos Currais, Currais apadrinha uma criança da Vila. Em 1694, 1694 nasce António, irmão de Mariana e Sebastiana, dos mesmos pais moradores no Aro. Aro Em 1697 apadrinha António Lobo solteiro filho de D. Catarina do Aro desta vila. vila No ano seguinte, 1698, 1698 nasce Ângela, mais uma filha de Manuel de Matos e sua mulher D. Ana moradores junto a Santo Antonio desta villa. villa No ano subsequente, em 1699, 1699 é baptizado Amador filho de António Lobo do Aro e sua primeira mulher Jacinta de Melo. Em 1700 nasce Angélica filha de Pedro de Matos Godinho da cid. do Porto e de sua mulher D. Constantina desta villa e, em 1703, 1703 António, filho dos mesmos, moradores no Aro. Aro Em 1704 falece D. Jacinta de Melo mulher de Antonio Lobo do Aro. Aro Em 1705, 1705 moradores na Quinta do Aro (Provavelmente, trata-se da parte mais a nascente e defronte do Casal de São Pedro) falece D. Constantina, mulher de Pedro de Matos [Godinho]. De 1709 é um baptismo na Vila em que oficia o P.e Constantino Coelho de Pina da Cruz do Aro. Aro No mesmo de 1709, 1709 morre D. Catarina de Almeida da Cruz do Aro (aqui, sem dúvida, a propriedade defronte da Capela de Santo António) que fora casada com Amador Ferreira e mãe de António Lobo do Aro ou António Lobo de Sousa, de Fernão Lobo e de uma filha, Ângela, casada em Coimbra, a quem tinha feito um dote. Em 1711 António Lobo de Sousa é mencionado escrivão da Câmara e em 1712, 1712 viúvo do Aro. Aro Neste mesmo ano, Maria Pereira de Vasconcelos detém o velho Prazo da Rua dos Currais que engloba a casa na Rua do Aro ou Rua de Santo António, António onde mora com seu irmão o P.e Constantino Coelho de Pina, fazendas que lhe vieram de seus pais, Mariana Pereira de Vasconcelos e seu marido o L.do António Coelho de

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Pina. Nesse de 1712, 1712 o mencionado P.e Constantino, morador na Rua do Aro, Aro era 3.ª vida de um Prazo de 1668 de sua mãe Mariana Pereira de Vasconcelos e de um irmão dela, Manuel Reimão de Vasconcelos. Aquele acima António Lobo de Sousa (que primeiro casara, 1698, com uma senhora da Quinta de Romariz, D. Jacinta) está de novo casado em 1713 com D. Mariana Rosa [Pereira] de Vasconcelos e vivem na Rua de Santo António. António No mesmo de 1713 o Dr. João da Silva da cidade de Coimbra declina-se genro de Dona Catarina do Aro (já falecida, como sabemos) e no mesmo reconhecimento a sua mulher D. Ângela da Cunha, registam-se as medições da Quinta do Aro ou Prazo do Aro freguezia desta villa. villa Em 1714, 1714 a mesma D. Maria Pereira ou D. Maria Eufrázia Pereira de Vasconcelos, filha de Mariana Pereira de Vasconcelos, casa-se com Jerónimo Teles da Quinta do Boco (José Teles, filho de ambos, virá a deter um Prazo na Rua dos Currais; Currais e, de idêntico modo, o Dr. Caetano, de São Pedro, herdeiro deste José Teles). Em 1717, 1717 António Lobo de Sousa morador em o aro desta villa apadrinha um neófito de Arouca. No ano seguinte, 1718, 1718 falecia na Rua dos Currais D. Joana de Melo, sogra de D. Maria Pereira de Vasconcelos. Voltando atrás, ao de 1717, 1717 era sr da Casa e Quinta do Aro o acima Manuel de Matos Godinho que aqui falece em 1737, 1737 morador na quinta do Aro pegado a esta villa. villa De 1735 é o reconhecimento do Prazo da rua de Santo Antonio a António Lobo de Sousa, escrivão da Câmara, e a sua mulher, de duas casas que ouveram por titulo de compra. Em 1740, 1740 morre fora de Arouca (na sua quinta de Vermoim, Galegos, Penafiel) António de Sousa morador a Santo António. António Manuel Pereira de Vasconcelos, filho de Jacinto Pereira de Sousa e de D. Catarina Isabel Osório de Vasconcelos, natural de São Salvador de Galegos mas morador na Rua de Santo António, António casa-se em 1750 com uma neta (ou sobrinha) de Manuel de Matos Godinho, D. Francisca Luísa Pereira de Castro. (Entre a morte de Manuel de Matos Godinho, da Quinta do Aro, e o casamento de Manuel Pereira de Vasconcelos decorrem 13 anos; todavia, não parece que as fazendas – nomeadamente a Casa da Rua de S.to António

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– tenham passado dos Matos Godinho aos Pereira de Vasconcelos, mas sim, de D. Mariana viúva de António Lobo de Sousa do Aro, que as deixou a seu irmão Manuel Pereira de Vasconcelos: o que só se verificou em 1753, sendo de admitir que D. Mariana tivesse consigo seu irmão Manuel Pereira de Vasconcelos, pelo menos desde 1750). A Manuel Pereira de Vasconcelos e sua mulher D. Francisca Luísa Pereira de Castro, nascem a Santo António numerosos filhos entre 1750 e 1759 (O topónimo Santo António está anotado, expressamente, à margem do assento de baptismo de duas filhas, D. Maria Clara e D. Ana Casimira, respectivamente em 1757 e 1759). 1759 Entretanto, em 1753, 1753 a viúva de António Lobo de Sousa, moradora a Santo António, António D. Mariana Rosa de Vasconcelos deixará os bens, à hora da sua morte, não tendo filhos, a seu irmão Manuel Pereira de Vasconcelos. Em 1757, 1757 nasce D. Ana, filha de D. Maria Isabel Teles de Meneses (da Quinta do Boco, filha da mencionada acima D. Maria Eufrázia Pereira de Vasconcelos) e de seu marido D. Sebastião de Ciais assistentes a S.to Antonio [Casa de Baixo]; no mesmo de 1757 falece D. Helena Maria Ferraz da Cunha, mãe de D. Sebastião Ciais, assistente de morada a Santo Antonio. Antonio Em 1760, 1760 D. Leonor Pereira de Castro, viúva de um Matos Godinho (com o qual morou em S.to Adrião de Sever, Penaguião) morre em casa de seu genro Manuel Pereira de Vasconcelos da Rua dos Currais [Casa de Cima]. Na outra casa [Casa de Baixo] falece D. Maria Isabel [Teles de Meneses], em 1761, 1761 viúva de D. Sebastião Ciais da Rua Rua dos Currais e, pouco depois, D. João Lourenço de Ciais, também na Rua dos Currais. Currais O mencionado Manuel Pereira de Vasconcelos, dito da Caza e Quinta do Aro nos apontamentos da Misericórdia em 1763, falece, no ano seguinte, o de 1764, 1764 a Santo Antonio. Antonio Em 1765 e 1767, 1767 morrem muito pobrezinhas [duas filhas que foram de Manuel de Matos Godinho] D. Ângela do Aro e D. Mariana do Aro. Aro Em 1775, 1775 ainda segundo a Misericórdia, era José Manuel de Sousa Lobo da Caza e Quinta do Aro. Aro Em 1780, 1780 falece na Rua de Santo António António uma neta de Manuel de Matos, a mencionada acima D. Francisca Luísa Pereira de Castro

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(mulher de Manuel Pereira de Vasconcelos) com dote a seu genro José Manuel [de Sousa Lobo]. Com efeito, este último havia casado com D. Bernarda de Castro (filha de Manuel Pereira de Vasconcelos) e viviam na Rua de Santo António. António (Todavia, sob o nome de Manuel de Seabra Lobo e D. Bernarda de Castro, são ditos da Lavandeira num apadrinhamento de 1782). D. Bernarda Pereira de Castro falece em 1784 na Rua de Santo António António. Volta na Misericórdia, em 1799, 1799 José Manuel de Sousa Lobo, da Caza e Quinta do Aro. Aro O filho de ambos, Baltazar de Castro Lobo, ou Pereira de Castro ou de Castro Pereira, vive na Rua de Santo António, António casado, onde lhe nascem os primeiros quatro filhos, de 1791 a 1797, 1797 dizendo-se deste último, expressamente, que nasceu a Santo António, António filho de Baltazar Pereira Castro Lobo da Quinta do Aro desta villa. villa Baltazar muda-se depois para a Lavandeira onde está no ano do nascimento de seus dois últimos filhos, em 1798 e 1802. 1802 (Entretanto, na mesma Lavandeira, em 1800, falecera seu pai, José Manuel de Sousa Lobo). Em 1828 morava na Rua de Santo António D. Maria José Osório Coutinho e Vasconcelos [filha do P.e José Inácio Pereira de Vasconcelos, desta mesma casa e senhor do Prazo] que contrai matrimónio com noivo de fora de Arouca. A casa da Rua de Santo António vem a sua filha D. Maria Leopoldina de Lemos Osório Saraiva que vive fora de Arouca, em Boaldeia, Viseu, com seu marido; estes, em 1874, hipotecam a casa. Em 1903, 1903 a mesma D. Maria Leopoldina, ao tempo separada de seu marido e moradora em Arouca (na Casa da Rua de Santo António?) arrenda a casa a um filho que logo a subarrenda. Também terá deixado testamento, pois consta um inventário orfanológico a favor de suas netas, filhas de António Pereira Saraiva. Em 1926, 1926 António Pereira Saraiva e D. Maria da Glória Osório Pereira Saraiva – genro e neta de D. Maria Leopoldina – vendem a Casa!

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Sucessões do Aro de 1500 a 1800

QUINTA DO ARO

RUA DE SANTO ANTÓNIO CASA-DE-CIMA CASA-DE-BAIXO

Jorge de Almeida Cabral P.zo do Aro e Melareses, 1519 Mor. em Melareses? I Manuel de Almeida sr. Q.ta do Carqueijal e da Quintã do Aro mor. na Quinta do Carqueijal notícia nos anos de 1566, 1576 e 1592 I Manuel de Almeida Barbosa sr. do Aro e Melareses, + 1682 _____________________________________________________________________ I I I I I M.el de Almeida Fr.co de Almeida Luís de Almeida João Barbosa D. Catarina de Almeida Jacinto Pereira de Sousa Barbosa Barbosa Barbosa de Almeida da Quinta do Aro, da cid. do Porto c.c. Mª da Fonseca c. 11.11.1625 c. c.c. Amador Ferreira c.c. D. Catarina Osório de Vasc.os (+ 1690) Clara de Beça P.ra, + vª em P.zo 1684 da cid. de Lamego + R. dos Currais S.to Estêvão, 1668 + D. Catarina de Almeida da Cruz do Aro 1709 mor.s Quinta de Vermoim em 1699, s.g. c.g. [em casa de seu filho António Lobo de Sousa] Galegos, Penafiel senhores de ¼ do Aro, cada um deles, ___________________________________________ ______________________ reconhecimentos de 1631 e 1633 I I I I I I I D. Ana Maria Bento Fernão D. Ângela António Lobo de Sousa c. 2X c. D. Mariana, 1680 Manuel P.ra de Vasc.os, 1682__ de Sousa Lobo Lobo da Cunha por compra, [Casa-de-Cima] Pereira de Vasconcelos, + 1764 I c.c. + 1686 c. em Coimbra + em Galegos, 1740 de Galegos, Penafiel H. da Casa de S.to An.to I M.el Matos Godinho Ren. P.zo 1684 moradores na Rua de S.to António [Casa-de-Cima] de sua irmã Mariana +1753 I Mor.s na Quinta do Aro esvrivão da Câmara e Almotaçaria, inquiridor, contador e distribuidor, 1737 I I I D. Constantina c.c. Pedro de c.c. D. Leonor Pereira de Castro I 1682 Matos Godinho nat. Sernadelo, Penaguião I mor.s na Quinta do Aro mor.s em Sernadelo, Penaguião I I + 1780, na R. S.to An.to, dote a seu genro Manuel P.ra de Vasconcelos I I I I D. Angélica Rosa D. Fr.ca Luísa Pereira de Castro c. 1750 c. M.el P.ra de Vasconcelos, acima_________________________ de Lucena, 1700 H. da Quinta do Aro? c. R. Lavandeira + 1780 da “Caza e Quinta do Aro” + 1801 dote a seu genro José Manuel mor.s na R. S.to António [Casa de Cima] I ___________________________________ I I I I José M.el de Sousa Lobo c. c. D. Bernarda Rosa P.e José Inácio Outros “Caza e Quinta do Aro”, 1775 1750, + 1784 H. do P.zo “Caza e Quinta do Aro”, 1799 [Casa-de-Cima] moradores na Rua de Santo António [Casa-de-Cima] + R. Lavandeira, 1800 I com dote a seu filho _____ I I I Baltazar Pereira de Castro I 1768 I mor. R. S.to António até 1794 ou 96 I mor. na R. da Lavandeira, 1797 I sr. da Quinta do Aro I I I Filhos de 1791 a 1802 D. Maria José 1793 c. 1828 mor. R. S.to An.to c.g. que possuiu a Casa [grande] do Aro

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Mariana P.ra de Vasconcelos c.c. L.do An.to Coelho de Pina mor.s na vila de Cambra mor.s na R. S.to An.to [Casa-de-Baixo] I I I Maria P.ra de Vasconcelos, 1679 mor., solteira, na Rua S.to An.to [Casa de Baixo] c. no BOCO P.zo da R. dos Currais a seu filho José Teles, abaixo

___________________________ José Teles de D. Mª Isabel Meneses, 1719 1722 + 1785, c.s.g. c.c. Dr. Caetano D. Sebastião Ciais Tavares da Silva mor. R. S.to An.to e Quadros, 1737 [Casa de Baixo] Q.TA SÃO PEDRO I I D. Joaquim Ciais I c. 1790 c. D. Margarida I ren.to do P.zo 1797 I + no mesmo de 1797 I I I I I I I I José de Quadros, 1790 H. do P.zo da Rua dos Currais [Casa de Baixo]

A CASA DO ARO EM AROUCA

O que é que as últimas datas nos dizem? Que Baltazar Pereira de Castro viveu primeiro na Casa da Rua de Santo António antes de se mudar para a R. da Lavandeira onde estava em 1798; em 1797 (dito da quinta do Aro) ainda vivia em Santo António, morada que sempre fora de seus pais José Manuel e D. Bernarda Rosa. Sua mãe morrera em 1784; seu pai viveu na casa tal como a Misericórdia anota em 1775 (casado de recente data: O filho nascera em 1768) e nela permaneceu, onde ainda estava em 1799, como a Misericórdia também anota, alguns 15 anos passados sobre o falecimento de sua mulher, vindo a falecer no ano seguinte, em 1800, na R. da Lavandeira, em casa de Baltazar. Ocupou pois a Casa-de-Cima até morrer e seu filho Baltazar tinha-a ocupado até 1797. Ao mesmo tempo, em 1797, os Ciais recebiam o rendimento da Casa-de-Baixo que, ainda depois, passava ao Dr. Caetano (embora nela não tivesse residido) e a seu filho José de Quadros para lá de 1800. É numa data posterior que a Casa-de-Baixo terá sido vendida e adicionada à Casa-de-Cima. Entretanto, esta outra, pertencia ao P.e José Inácio, como consta da transmissão de vidas do Prazo da Rua dos Currais. Residiu na Casa-de-Cima, provavelmente, com sua irmã D. Bernarda Rosa e seu cunhado José Manuel, vindo a ter a filha, D. Maria José, em 1793; o Prazo vai para esta filha. D. Maria José virá a casar em 1828. No registo de casamento anota-se à margem Santo António, ou seja a Casa-de-Cima onde residiria. Neste ano sai de Arouca. Mais tarde a posse plena estava na filha de D. Maria José (filha do Padre José Inácio, senhor do Prazo dos Currais e da Casa), D. Leopoldina (também de fora de Arouca) e desta última passou às gerações seguintes...

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A CASA DO ARO EM AROUCA

CAMINHO DE LAMA

CASA DA RUA DO ARO

CALÇADA MACHADA

CASA DA QUINTA DO ARO

REGO FOREIRO e CAMINHO PARA MOLDES

Medição em varas (vara = 1,10 metros)

A Quinta do Aro que consta de hua morada de cazas de sobrado e o campo que chamão da porta e o pomar do laranjal e o arvoredo dos toutiçais e o oliual do toutiçal e o campo das oliueiras, e a leira do meyo e o campo que chamão a terra de sima que tudo levará de sameadura trinta alqueires parte do nascente com terra de Manoel Vieira da Lavandeira que se divide por combro, tem sincoenta e sete57 uaras e do norte com Domingos de Sequeira do Milhasso e com terras do cazal de São Pedro tem uinte e duas22 uaras e fas volta pera o norte parte do nascente com o dito Domingos Siqueira e com o dito Manoel Vieira que se dividem, por combro, tem cento e quatorze114 uaras e torna a partir do norte com o caminho de Lama que vay para Lapa tem cento e oitenta e três183 uaras e parte do poente com a Rua publica e caminho que vay pera Moldes e Rego foreiro tem duzentas a treze213 uaras e do sul por ribadas com o dito Rego foreiro, e com o caminho que uai pera Sam Pedro, tem sesenta e sete67 uaras e tem agoa de rega...

AUC, MSMA, III-1.ªD-13-3-34, fl 454, Aro freg desta villa, reconhecimento a D. Angela da Cunha, 1713.

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RIOS E TRILHOS de Arouca Caminho de Novelhos Caminho dos Atoleiros Passo da Via Sacra (no Calvário) Capela do Espírito Santo Calvário Passo da Via Sacra (na Rua d´Arca) Estrada para Lamego ou Rua d´Arca Casa Grande dos Malafaias, Capela, Passo da Via Sacra Olival do Mosteiro Casa da Lavandeira Rua da Lavandeira Passo da via Sacra (na R. da Lavandeira) Caminho da Lama para a Lapa e São Pedro Casa da Lapa Cabreira Quinta de São Pedro Casa de São Pedro Capela Quinta do Boco

Cavadas Rio Arda Estrada princ. de acesso à vila Rio Marialva Campo do Mosteiro Lagar de Azeite Ribeiro de Silvares Casa da Aborrida Pombal do Mosteiro Caminho para Romariz Campo das Almas Ribeiro de Silvares Passo da Via Sacra (no Mosteiro)

Cerca do Mosteiro Capela da Misericórdia Canto do Muro Albergaria Enxido Dois Passos da Via Sacra (na Rua dos Currais) Rua dos Currais Cortinhal Caminho para Silvares Quintãs de Baixo Capela de Santo António Casa do Aro na Rua de Santo António Passo da Via Sacra (no Aro) Quintãs de Cima Campo dos Aros Caminho para a Casa do Aro Caminho para Moldes Casa da Quinta do Aro Calçada Machada Fonte da Branja Boca da Vila

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... à laia de conclusão, conclusão poderei dizer em que consistiram, sucintamente, as maiores dificuldades desta monografia? Pois foram elas:

Em primeiro lugar, os antigos donos da Casa do Aro eram desconhecidos: Sabia-se apenas quem tinha a casa há duas gerações: Foi preciso fazer um levantamento da família anterior, e que correspondesse porventura à pedra-de-armas; Em segundo lugar, a família da Casa do Aro, nos últimos cem anos!, não era de Arouca: Foi preciso construir a genealogia, fora de Arouca, por quatro gerações; Em terceiro lugar, qualquer relação de parentesco com as gentes de Arouca parecia inexistente: Foi preciso descobrir, também por registos exteriores a Arouca, uma raiz de Arouca; Em quarto lugar, o pouco que andava escrito dos apelidos do brasão (andava enganado, fruto de aparente semelhança com outra pedra de Arouca, e induzia a erro): Foi preciso desmontar as fantasias; Em quinto lugar, os apelidos dos antigos possuidores da Casa do Adro não combinavam com os apelidos representados no brasão: Foi preciso perceber que apelidos estariam por lá representados; Em sexto lugar, um dos apelidos representados (Castro) não era um apelido de Arouca: Foi preciso perscrutar, nos nomes completos dos possuidores, algum indício susceptível de indiciar uma pista; Em sétimo lugar, duas famílias do mesmo apelido (Pereira de Vasconcelos) coexistiram no mesmo local e sítio (da actual Casa do Aro): Foi preciso perceber que as casas eram duas, quem as ocupava e de que modos se relacionavam; Em oitavo lugar, Aro designava uma velha Casa e Quinta no termo da Vila, além de designar uma rua, ora chamada Rua dos Currais ora chamada Rua do Aro ora chamada Rua de Santo António: Foi preciso distinguir (pelo cartório do Mosteiro) o mecanismo de chegada de um Aro e de outro Aro, à mesma família residente na Rua de Santo António;

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A CASA DO ARO EM AROUCA

Em nono lugar, o percurso da casa da Rua dos Currais ou Rua de Santo António (Prazo dos Currais) seria ou não igual ao do prazo da Casa e Quinta do Aro (Prazo do Aro): Foi preciso apreender como um dos prazos (Prazo dos Currais) veio para um dos netos da casa da Rua de Santo António e como outro dos prazos (Prazo do Aro) veio para outro dos netos da mesma Casa; Em décimo e último lugar, o baptismo da figura principal teve lugar, não na vila de Arouca onde nascera, mas no termo do concelho de Arouca, e logo se perdeu ou nem sequer se anotou: Foi preciso encontrá-lo muito fora do contexto temporal, volvidos vinte anos!

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A CASA DO ARO EM AROUCA

findo o trabalho, e encerrado, chegou-me do ARQUIVO DISTRITAL DE VISEU o registo seguinte

1829 Arouca o P.e Joze IgnaIgna cio off(ici)os off os de 9 LLições LL Athe aqui ProPro vedôr ====================

Aos vinte e nove dias do mez d´Agosto de mil oitocentos e vinte e nove falleceu no Lugar d´Oliveira com todos todos os Sacramentos, e com TestaTestamento, o Reverendo R do Joze Ignacio Pereira de Castro Coutinho e Vazconcellos natural, e morador que foi na Rua de Santo Antonio da Villa d´Aroud´Arouca, Bispado de Lamego: Seu corpo foi seppultado na CappellaCappellaMór. Ao seu bem d´Alma [é] obrigado João Antonio de LeLemos do dito Lugar d´Oliveira [Sul, S. Pedro do Sul].. [De] Que fiz este termo: o Abbade Abb e Joze Antonio da da Costa

viveu 76 anos 3 meses e 19 dias morreu em casa de sua filha no ano seguinte ao do casamento desta foi testamenteiro seu genro

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A CASA DO ARO EM AROUCA

versão para academia.edu FERNANDO BRITO, Fevereiro de 2015

NOSTALGIA Perder uma fotografia é perder um momento duas vezes. DANIEL JONAS, PASSAGEIRO FREQUENTE, 2013

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