A celebração (2013)

June 3, 2017 | Autor: Marcus Mota | Categoria: Drama, Playwriting, Dramaturgia
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1 A CELEBRAÇÃO Marcus Mota1 CENA 1 Entrada para o teatro. Personagens infiltrados. Depois de um tempo de

espera eles começam a agir. Cada personagem aqui faz uma ação em looping: aparece parado, faz sua ação típica e volta a ficar em estado estacionário. 1- um está cheio de casacos, como se estivesse com muito frio, com uma gripe terrível. Ele está com um casaco com capuz. Não mostra a cara. Toda hora limpa o nariz, e esfrega no casado, como se estive tirando uma secreção muito nojenta. 2- outro está também de casaco e capuz e fones de ouvido e óculos escuros. Escuta um heavy metal bem alto. Parece estar em outro lugar. De repente para de se mexer histericamente e encara alguém da platéia. Então volta a escutar música. 3- Outro de camisa de time de futebol e boné e óculos escuros fica discutindo com alguém imaginariamente, como se a pessoa estivesse diante dele. "Eu te disse! EU te avisei! Você não acreditou em mim! Quantas vezes eu te falei! Agora tamo no sal! No sal! Entendeu?! " 4- Alguém olhando para o céu fixamente. Então gargalha, ri muito. E depois fica imóvel. Daí tudo retorna. 5- Alguém encasacado que deixa cair seu braço e recolhe, olhando com raiva ao redor. 6- Alguém digitando sem parar no celular, com medo, como que tentando chamar ajuda. Após o terceiro sinal, a entrada para o teatro é liberada. Pontas rangendo. CENA 2 1 Dramaturgia desenvolvida a partir de encontros com jovens secundaristas e universitários do Instituto Federal de Educação (IFB) de Planaltina, em projeto coordenado por Constantino Filho, em 2013. O conjunto de esquetes foi elaborado a partir do contexto local (espaço, instituição) e das vivências dos estudantes.



2 O público e infiltrados entram e se deparam com um cenário de casa de

terror: teias de areia, sujeira no chão, correntes suspensas, sons sombrios, vozes, sons de passos, corpos suspensos. No palco, temos a estrutura de um show , com a banda montada ao fundo e um microfone à frente. Depois que o público se sentar, um dos infiltrados se levanta e começa a bater palmas, incentivando todo mundo. Nisso entra um homem assustado. CENA 3 MONÓLOGO HOMEM ASSUSTADO Homem assustado entra carregando uma pasta com documentos. Ele vem olhando para trás e para os lados e para a banda, desconfiado. Quando vê que está diante da platéia fica apavorado. Faz menção de fugir mas olha para alguém da banda que o ameaça e o obriga a volta. Ele, contrariado, vai para o microfone e tenta falar algo mas não consegue. Então quer sair mas o cara da banda o faz voltar. pode ser um acorde de guitarra ou uma batida no bumbo. Então ele encara a platéia e começa a falar baixinho: Teste, teste. (Um dos infiltrados bate palmas e sua mão cai. Ele recolhe a mão, ergue-a, e a balança em ameaça contra o público). Eu... eu... eu não sei se devia estar aqui. Acho que nenhum de vocês deveria estar aqui. (fala sussurrando) Voltem para suas casas! Voltem! Antes que seja tarde demais! Vocês não sabem de nada! De nada! (entra um bando de zumbis e devoram o Homem assustando arrastando-o para fora de cena. Cena violenta. Gritos. Piscar de luzes. Banda toca. Fala o líder da banda ) CENA 4 LÍDER DA BANDA Alguns probleminhas técnicos. Estamos aqui hoje para homenagear Michael. Há quatro anos ele nos deixou. Mas continua vivo, vivo entre nós. Hoje vamos apresentar sua música mais famosa, aquela que nos faz tão felizes, que nos faz pensar ( a banda toca I'll Be there) Não! Essa não! ( Zumbis vão e atacam um instrumentista e o levam para fora do palco. Tensão nas luzes. Acordes



3

distorcidos. Entram dois funcionários públicos em uma secretaria- cadeira, mesa, computador. Enquanto falam, não param de digitar. CENA 5 FUNCIONÁRIO PÚBLICO I Hoje tá difícil. FUNCIONÁRIO PÚBLICO 2 Vai piorar. FUNCIONÁRIO PÚBLICO 1 O salário tá baixo FUNCIONÁRIO PÚBLICO 2 E vai piorar. UM Minha pressão subiu. DOIS E vai piorar. UM O povo na rua. DOIS E vai piorar. UM Minha mulher reclamando. DOIS E vai piorar. UM E essa ressaca DOIS Vai piorar UM Essa vontade de ir embora DOIS E vai piorar.



4 UM Trabalhando todos os dias aqui com você há mais de 15 anos. DOIS E vai piorar. UM Fazendo sempre a mesma coisa, esperando a hora do fim do expediente

chegar. DOIS E vai piorar. UM Há mais de seis meses que eu não dou uma. DOIS E vai piorar. UM É sempre essa punheta, punheta, punheta... DOIS E vai piorar, e vai piorar. UM Desgraça! Eu devia ter estudado mais, me esforçado mais. DOIS e vai piorar, e vai piorar. UM Mas sempre fui um fraco! Preguiçoso! Ninguém me avisou de nada. DOIS E vai piorar, vai piorar muito. UM Agora tô um trapo, um lixo. Não sirvo nem pra comida pra cachorro! DOIS E vai piorar. UM Eu queria fazer algo de útil pelo menos uma vez na vida! Uma vez só. DOIS vai piorar, vai piorar.



5 UM Eu queria... tipo assim... eu... eu nem consigo imaginar algo melhor pra

mim. Sou um fracasso. DOIS E vai piorar. UM O cara sabe que tá na merda quando nem consegue nem saber que tá na merda. DOIS e vai piorar. UM a comida é ruim, o trabalho não tem gosto. O negócio é bater punheta mesmo. DOIS E vai piorar, já tá piorando. UM Quem sabe no meio de uma bate uma ideia e pronto. A coisa melhora. DOIS E vai, vai, meu filho, vai piorar. UM então é isso. Punheta neles! (entra um bando de zumbis e os devora e arrasta do palco. Entra um bando de dançarinos e performam parte do Thriller, de Michael Jackson. Mas algo acontece de errado e a performance é interrompida). CENA 6 Entra uma dupla de cantores sertanejos com seus violões. As dançarinas entram com eles. Durante as falas elas tentam em vão dançar para acompanhar a canção. TENOR Eita auditório animado! BAIXO



6 Povo bunito, rico, tudo doutor instruído no saber! TENOR E nóis aqui assim, sem curtura, sem dinheiro, de olho na mulherazada. BAIXO Ah não me fala da mulhezada... TENOR E

tu

gosta

da

mulhezada,

homi?

BAIXO Ai eu gosto da mulhezada. E elas gostam de mim TENOR Essa é nova, homi. Dondi tu tirô essa. BAIXO elas jogam calcinha ni mim, elas mi querem dentro delas. TENOR Calma lá, homi. É tudo fã. tu não pode se assanhar pras fãs. BAIXO Mas pru quê a gente canta essa música ruim se não é pra se assanhar assim juntinho?(agarrando o parceiro) TENOR larga deu, bartolomeu. A gente corno mas não é ronca e fuça queima rosca não! BAIXO Quando eu canto que amo ela, que quero ela, que ela é coisa milhor da minha vida, o que eu quero com isso senão assanhar, levantar a saia e .. TENOR Mas homi, a gente canta mas não diz. Se a gente falasse, ninguém acreditava im nóiS. A gente canta essas porcarias e tudo acaba em festa. A gente leva a vida assim, e todo mundo se fica numa boa. Os homi, as mulher, tudo cantando essas porcaria e tudo mundo feliz. BAIXO mas então por que a gente canta, por que então a gente faz música? TENOR



7 E quem disse que isso é música? {gargalhadas. Infiltrado da platéia bate

palmas. Entra o bando de zumbir e despedaça o show sertanejo} CENA 7 Entra o professor. Até tudo tem sido muito engraçado, fácil demais. Eu não preciso lembrar que estamos em uma instituição pública, que o dinheiro público está sendo usado. Eu preciso sempre lembrar disso pra vocês. Essas cadeiras, essas paredes, esse microfone. Tudo é muito sério. Ninguém está de brincadeira aqui. Por isso sentem direito. Parem de falar enquanto eu falo. Olhem para mim, olhem: vocês precisam virar homens, ter responsabilidade. O país espera muito de vocês. Há muito investimento aqui. Vocês acham que tudo vem de graça, fácil? A vida é dura, juventude, duríssima. Não há tempo para gracinhas e correrias. É meu dever todos dias, todas as aulas lembrar disso pra vocês. Eu entro na sala, olho tudo que está errado e falo. Eu corrijo. Eu aponto os erros. E eu vejo muita coisa pra consertar. Você, sente direito! Arrume os ombros! Preste atenção: queira você queira ou não eu vou te fazer alguém melhor. Nem que você não queira eu vou te fazer alguém melhor. Acabou a bagunça. Abram os cadernos. Olhem para mim. Olhem: A aula vai começar ( Zumbis atacam e despedaçam o professor) CENA 8 JANTAR DE GRANFINOS. UM CASAL DE GORDOS VELHOS E UMA MESA FARTA. FALAM ENQUANTO COMEM. FALAM DE BOCA CHEIA. DESPERDÍCIO DE COMIDA. GORDO Então entendo do que essa gente reclama GORDA Vai comer o purê de batatas? GORDO Um purezinho sempre cai bem. GORDA Dá pra misturar com tudo: carne, pão, batata.



8 GORDO E tem gente reclamando... GORDA E a maionese? Já acabou? GORDO Tai um troço que ninguém fala: da maionese. Oh negócio bom! GORDA Passa, passa! Vai continuar falando? GORDO Todo mundo devia provar. Essa coisa vicia. GORDA Sempre tem gente que vai discordar, falar mal. GORDO É porque não provaram da maionese. GORDA Eu gosto de passar nos braços. É um creminho milagroso. GORDO Eu prefiro na cara, na cara mesmo. Assim é ó: não é bom?(passa na cara

da Gorda). GORDA Maionese! GORDO E esse povo nas ruas. Eu não aguento. GORDA Acabou? GORDO O nosso próximo filho vai ter nome de comida. Assim já nasce feliz. De boca cheia. GORDA A gente afoga ele em maionese. Daí não chora. GORDO Filho meu não fica de barriga vazia. GORDA



9 (batendo na barriga) Eu quero mais! Eu quero mais maionese! Pára de

falar e me traz mais maionese, homi.Ai que eu tô passando mal. GORDO Vai dar a luz de novo! ô Maravilha!. E tem gente reclamando da vida. (ENTRA O GRUPO DE ZUMBIS E DEVORA OS GORDOS) CENA 9 Uma mulher entra sozinha. Musica de suspense terror. Ela entra carregando material escolar apertando contra o peito. O vento balança sua roupa. Entra um grupo de homens. Começam a cercar a mulher sozinha. HOMEM 1 Sozinha essa hora da noite! HOMEM 2 Gostosa! HOMEM 3 Ta estudando ou aquilo dando? HOMEM 2 Gostosa! HOMEM 1 Isso não é hora de mulher direita ta na rua. Se fosse minha... HOMEM 3 vagabunda, vagabunda, vagabunda! HOMEM 2 Gostosa! HOMEM 1 Tu não tem pai, não? irmão? Ninguém que te proteja? HOMEM3(baixando as calças, segurando o membro) Deixa ela comigo, deixa ela comigo! HOMEM 2 gostosa, gostosa! HOMEM 1(tirando a camisa)



10 A gente vai fazer o que é correto, te dá uma lição. Tu não tava atrás de

escola? A gente vai te ensinar o que você precisa aprender. HOMEM 3 Vai, tira a roupa, piranha! mostra esses peitinhos. Tu nasceu pra isso. Tira a roupa pro teu macho! HOMEM 2 Vagabunda! HOMEM 1 É que dá ficar na rua, com essas roupas provocando. Tudo que acontecer a culpa é tua! Toda tua! HOMEM 3 (Pegando no braço dela e a sacudindo) Não se faz de sonsa! Tu vai rodar direitinho na nossa mão. Não é o que tu queria? Agora achou teu destino(tapa na cara dela. Ela cai. Fica no chão, As mãos no rosto) HOMEM 2 Gostosa! Vagabunda! HOMEM 1 (Já sem camisa. Saindo) Vamos nessa. Amanhã a gente volta. HOMEM 3( Com as calças na mão) Tua sorte que eu não to com vontade hoje. (Dá uma cusparada) HOMEM Mulherzinha! Gostosa! HOMEM 1( Volta) Agora, vê se não esquece( dá um chute nela no chão). Se eu ver você de novo nessa sacanagem eu acabo contigo. Tô te esperando em casa. HOMEM 2(Rasgando o material escolar dela) E não adianta contar pra ninguém. Isso coisa de família. Tá no sangue. HOMEM 3 Gostosa! Os Tres saem. Depois de um tempo ela se levanta e grita. Blackout. CENA 10 LÍDER da banda



11 Com vocês, o esperado show. Começa de novo o thriller, de Michael Jackson. Depois de alguns instantes o

show é interrompido. Entra um grupo de homens jogando futebol imaginário, narrando o que jogam: atenção, atenção bola pra ponta direito, corre, passa, pega, chuta, cai, volta, passa, olha aqui, tô chegando, tô chegando, foi falta, qualé... lança, lança. Duas mulheres passam bem vestidas conversando e rindo. O futebol para. Todos olham para as mulheres que não a mínima para os jogadores. Eles ficam hipnotizados, paralisados. Eles começam a se olhar para entender por que elas não ligam para eles. Eles olhas as camisas sujas, as meias sujas, o suor, o cheiro ruim. e começam a sentir pena, nojo deles mesmos. Descobrem-se incapazes de ir além. Então, como que derrotados no jogo, começar a tirar as chuteiras, as meias, e sair de cena. CENA 11 Casal entra todo cheio de amor. Abraços e felicidade. Um fica perguntando para o outro: “Você me ama? Você me ama? “Eles mudam a entonação. Falam como crianças, falam com voz grave, falam com voz bem fininha, falam brincando, falam sério, falam com voz empostada, falam como se cantasse ópera, falam como se estivesse em um funeral, falam como se estivesse em um show de rock... Depois dessa coisa melosa toda há um blackout. CENA 12 UMA MULHER FAZENDO A JUSTIÇA, UM HOMEM FAZENDO DE RÉU.ELA BEM RICA, ELE BEM POBRE Eles estão sentados em banquinhos de criança, cercados de brinquedos de criança. JUSTIÇA ( COM UM MARTELO NA MÃO) Você sabe quando eu ganho? HOMEM Eu to cum problema... JUSTIÇA Eu não quero saber. Eu perguntei se você sabe quanto eu ganho?



12 HOMEM Eu perdi tudo. Eu fui roubado. Todos os dias... JUSTIÇA Só me responde isso, chuta: quanto me pagam pra ficar aqui ouvindo

gente como você? HOMEM Então me ouça. JUSTIÇA Eu é que to falando. Dá um valor. Quanto você acha me pagam? HOMEM Eu tô com esse processo aqui faz... JUSTIÇA E vai demorar mais. Tô esperando. Você acho que é justo? HOMEM Não sei. Eu sou apenas alguém que precisa de ajuda. JUSTIÇA Então me ajuda, me diz, tenta acertar. HOMEM E o que eu ganho com isso. JUSTIÇA Você já perdeu tudo mesmo. Eu quero saber é se você tem alguma ideia de quanto eu valho, de quanto eu custo. HOMEM Me tiraram tudo. Não tenho mais nada. Você é o que me resta. JUSTIÇA É uma pena, uma pena mesmo. CENA 13 Entra um grupo de pessoas bem alegres. A banda toda rock pesado. Um carrega um TV, outro carrega um isopor com cerveja, outra vem de biquíni e óculos escuros, outro um automóvel, outra cheia de sacolas de compras em lojas, outro com celulares, vários, outro com camisas de futebol, outro com escovas e pentes e cremes cheio de vaidade, outro com tecnologias(fones de ouvido, computador). O



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grupo dança como se estivesse em uma escola de samba. Eles não dançam o ritmo da banda. Eles têm um samba na cabeça e dançam. Nesse desfile eles usam e mostram as coisas que gostam e os definem. CENA 14 ENTRA O SENHOR PERGUNTA. UMA PALESTRA. USO DE POWERPOINT. ELE VESTIDO COM UM TERNO CHEIO DE INTERROGAÇÕES, ÓCULOS, CARREGA LIVROS,

E

UMA

SINALIZADOR

VERMELHOR

PARA

MOSTRAR

OS

SLIDES.ENQUANTO FALA, MOSTRA SLIDES RELACIONADOS OU NÃO COM O TEMA DE SUA PALESTRA SENHOR PERGUNTA Afinal de contas o que é um zumbi? Por que se preocupar com eles? O que dizer de alguém que não está nem vivo nem morto, que parece piada, vive perdendo as partes de seu corpo, e se alimenta de carne humana? Pra que perder tempo com uma criatura que exala o inferno e vaga em transe estúpida, insensível, alheia à dor e ao prazer? O zumbi é sério? É de causar medo? E ter medo do quê? De alguém que vem nos devorar? Quem nunca quis devorar, destruir alguém? O que você gostaria de devorar? O que você gostaria de ter no seu prato? A cabeça de quem? Quem é aquele que você odeia tanto a ponto de considerar uma ceia especial? Um jantarzinho a dois? Com quem você iria para essa apocalipse zumbi? Quem na verdade é o mostro? Quem é a besta fera devoradora de carne crua? Quem é que mata, rouba, estupra e não sente nada? Quem é que continua vagando vida fora, morto em vida, como se nada estivesse acontecendo? Quem é que vira o rosto pro seu prato enquanto tanta gente come lixo? Que é o zumbi? Que é a vítima? Quem nunca foi a comida e o garfo e faca? Quem nunca foi a raiva e o medo? E medo de quem? De nós mesmos? Medo dos outros que somos nós mesmos? Medo de morder quem te morde? Medo de cravar os dentes em que diz que te ama? Medo de arrancar a cabeça do teu irmão? Medo de fazer sangrar que suga as forças e as esperanças? Por que os zumbis nunca anda sozinhos? Por que os ladrões e os corruptos sempre estão em bandos? Por que os zumbis gostam de carne crua? Até quando vão ficar comendo a tua carne? Até quando você vai ficar aí sentado e não vai se juntar com os zumbis e sair pelas ruas da cidade atrás de comida? Por que essa fome não cessa,



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mesmo tanta gente no teu ouvido te mordendo as ideias? Onde estão os zumbis de hoje? Onde está o medo? Onde está a raiva e a indignação? Onde está a fome? CENA 15 SHOW DO THRILLER . DEPOIS DO SHOW OS ATORES CERCAM A PLATÉIA. SONS DE TERROR. BLACKOUT. FIM



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