A centralidade da obra de Stuart Hall na contemporaneidade: Virada Cultural e influência na América Latina

May 18, 2017 | Autor: Mauricio Tonetto | Categoria: Cultural Studies, Stuart Hall, Comunicação E Cultura, Estudos Culturais
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A CENTRALIDADE DA OBRA DE STUART HALL NA CONTEMPORANEIDADE: “VIRADA CULTURAL” E INFLUÊNCIA NA AMÉRICA LATINA Mauricio Tonetto1 Outubro/2016 RESUMO Considerado um dos autores principais da corrente teórica dos Estudos Culturais, junto com Richard Hoggart e Raymond Williams, o sociólogo jamaicano radicado na Inglaterra Stuart Hall2 influenciou uma série de pesquisadores da América Latina, especialmente a partir da década de 1980, com trabalhos críticos e contextualizados sobre hegemonia, cultura, comunicação, identidade na diáspora e teoria da recepção. Neste artigo, vamos analisar um deles – “A centralidade da cultura: notas sobre as revoluções culturais do nosso tempo” –, publicado no capítulo 5 do livro Media and Cultural Regulation3, e o impacto que obras semelhantes de Hall causaram no continente, conforme a visão do sociólogo argentino Daniel Mato4. Palavras-chave: Stuart Hall. Estudos Culturais. Centralidade da cultura. Daniel Mato. Estudos culturais latino-americanos. INTRODUÇÃO

A centralidade que a cultura adquiriu no século 20 com a expansão de tudo que está associado a ela e o papel constitutivo que tem hoje em todos os aspectos da vida pós-moderna recebem um exame acurado de Stuart Hall no texto “A centralidade da cultura: notas sobre as revoluções culturais do nosso tempo5”, publicado em 1997. O trabalho, que integra o livro Media and Cultural Regulation, aprofunda também as dimensões epistemológicas da cultura e aborda como o jogo da desregulação e da tomada de regulação interferem na sua condução. Ao questionar por que o “governo da cultura” é de vital importância, Hall coloca que o tema se encontra em uma área-chave de mudança e debate na sociedade contemporânea, e que existe uma espécie de apreensão coletiva devido à 1

Graduado em Jornalismo pela PUCRS. Especialista em Jornalismo, Gestão e Novas Mídias pela ESPMSul. Aluno de Mestrado em Comunicação Social na PUCRS. E-mail: [email protected] 2 Nascido em 1932 em Kingston, Jamaica, Stuart Hall desenvolveu seu trabalho acadêmico na Inglaterra, onde morreu em 2014. Dirigiu o Centro de Estudos de Cultura Contemporânea da Universidade de Birmingham de 1968 a 1979, e presidiu a Associação Britânica de Sociologia entre 1995 e 1997. 3 Organizado por Kenneth Thompson e editado na Inglaterra, em 1997. 4 Investigador Principal do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet) no Centro Interdisciplinar de Estudos Avançado na Universidade Nacional de Três de Fevereiro (Untref). Foi professor visitante em universidades da Espanha, Estados Unidos e de vários países da América Latina. 5 As citações referentes a Hall neste texto são extraídas deste capítulo do livro organizado por Kenneth Thompson.

fragmentação e colapso dos modos tradicionais de regulação cultural. Para Hall, por mais que as práticas humanas sejam “práticas de significação”, que expressem ou comuniquem um significado – ações culturais –, as ciências humanas e sociais não deram à cultura a centralidade substantiva e o peso epistemológico merecidos:

Por “substantivo”, entendemos o lugar da cultura na estrutura empírica real e na organização das atividades, instituições, e relações culturais na sociedade, em qualquer momento histórico particular. Por “epistemológico” nos referimos à posição da cultura em relação às questões de conhecimento e conceitualização, em como a “cultura” é usada para transformar nossa compreensão, explicação e modelos do mundo.

Com este texto, ele chama a atenção para a função que a cultura assumiu na estrutura e organização da sociedade, a relevância cada vez maior da mídia e da tecnologia na circulação de ideias e imagens, e a diminuição das fronteiras geográficas e de tempo. Trata-se, diz o sociólogo jamaicano, de uma “revolução cultural”, cuja amplitude é democrática e popular sob alguns aspectos, mas não se compara, em julgamento e preferência estética, a outros momentos históricos, como o Renascimento italiano ou a antiga civilização egípcia. Estamos diante de novos “sistemas nervosos que enredam numa teia sociedades com histórias distintas, diferentes modos de vida” (HALL, 1997) e provocam sérios deslocamentos culturais. O autor nega a ideia de homogeneização total da cultura, tendência aventada por causa deste contexto de mudança acelerada, e fala no surgimento simultâneo de novas6 identificações globais e locais. Ele reconhece que a cultural global precisa da diferença para prosperar e que o resultado, em vez do homogêneo, pode ser o sincrético, a criação de alternativas híbridas, sem a substituição completa do velho pelo novo. Com a cultura mediando tudo e penetrando “em cada recanto da vida social” (HALL, 1997), a consequência é a disputa pelo poder simbólico que gira em torno dela:

Por bem ou por mal, a cultura é agora um dos elementos mais dinâmicos – e mais imprevisíveis – da mudança histórica do novo milênio. Não deve 6

Grifo de Stuart Hall.

surpreender, então, que as lutas pelo poder sejam, crescentemente, simbólicas e discursivas, ao invés de tornar, simplesmente, uma forma física e compulsiva, e que as próprias políticas assumam progressivamente a feição de uma “política cultural”.

Indo além, Hall aponta que a centralidade da cultura interfere no microcosmo da vida e na constituição da subjetividade da pessoa como um ator social. Os significados estão presentes de forma objetiva nas instituições, rituais, práticas e ações sociais, e é pelo diálogo “entre os conceitos e definições que são representados para nós pelos discursos de uma cultura e pelo nosso desejo de responder aos apelos feitos por estes significados” que emerge a identidade, pontua ele: Devemos pensar as identidades sociais como construídas no interior da representação, através da cultura, não fora delas. Elas são o resultado de um processo de identificação que permite que nos posicionemos no interior das definições que os discursos culturais (exteriores) fornecem ou que nos subjetivemos (dentro deles).

O PARADIGMA DA “VIRADA CULTURAL”

Revolução semelhante, de caráter conceitual, ocorre concomitantemente nas ciências humanas e sociais – o novo paradigma da “virada cultural”. A cultura é vista agora como uma condição constitutiva da vida social, e a linguagem adquire posição de destaque na construção e circulação do significado. Sendo a cultura para Hall “a soma de diferentes sistemas de classificação e diferentes formações discursivas aos quais a língua recorre a fim de dar significado às coisas”, ele observa que a virada cultural está intimamente ligada a uma nova atitude em relação à linguagem:

Fundamentalmente, a “virada cultural” iniciou com uma revolução de atitudes em relação à linguagem. A linguagem sempre foi assunto de interesse de especialistas, entre eles, estudiosos da literatura e linguistas. Entretanto, a preocupação com a linguagem que temos em mente aqui refere-se a algo mais amplo – um interesse na linguagem como um termo geral para as práticas de representação, sendo dada à linguagem uma posição privilegiada na construção e circulação do significado.

Isso não quer dizer, porém, uma ruptura no universo teórico das ciências sociais, e sim um reordenamento de elementos, com o foco na cultura como área substantiva, em vez de simples elemento de integração para o restante do sistema social. Stuart Hall acredita que pode ser um retorno a certos temas sociológicos clássicos e tradicionais negligenciados após um longo período de interesses estruturalistas, funcionalistas e empiristas. Apesar de a cultura integrar um espectro mais abrangente com o novo paradigma – fala-se em cultura da empresa, da masculinidade, da magreza, da maternidade, da família etc –, ela não é tudo, sustenta Hall: “Não que não haja nada além do discurso, mas toda prática social tem seu caráter discursivo” (1997). As práticas sociais, então, dependem e se relacionam com o significado, e a cultura é uma das condições constitutivas dessas práticas. O político, por exemplo, tem a sua dimensão cultural7, bem como o econômico e assim por diante. A lógica é levada para todas as práticas sociais, que são discursivas por dependerem do significado para funcionar e produzir efeitos.

DESREGULAÇÃO E REGULAÇÃO CULTURAL

Assim, Stuart Hall levanta dois questionamentos importantes: como a esfera cultural é controlada e regulada? Quais questões de regulação cultural podem se destacar como marcos de mudança, ruptura e debate no século 21? Ele focalizou a abordagem na regulação social, moralidade e governo da conduta social, e afirmou:

No cerne desta questão está a relação entre cultura e poder. Quanto mais importante – mais “central” – se torna a cultura, tanto mais significativas são as forças que a governam, moldam e regulam. Seja o que for que tenha a capacidade de influenciar as instituições culturais ou de regular as práticas culturais, isso exerce um tipo de poder explícito sobre a vida cultural.

Duas tendências, que parecem contraditórias, vieram à tona na direção da política cultural – desregulação e tomada de regulação. A primeira é típica da era neoliberal. Desde os anos 1970, a empresa pública ou estatal foi associada a princípios 7

Grifo de Stuart Hall.

burocráticos e ineficientes, e o seu antídoto foi a regulação privada, de mercado. O Estado, nesta visão colonialista ou imperialista, tem de abrir a cultura e ter suas responsabilidades diminuídas e retiradas na regulamentação dos assuntos culturais. Hall defende que não se trata de uma opção entre liberdade e restrição, “mas entre modos diferentes de regulação, cada qual representa uma combinação de liberdades e restrições”, e que a desregulação em uma esfera requer tomada de regulação em outra e é por ela complementada. Como a cultura nos governa e organiza nossas condutas, ações e práticas, saber como ela é modelada é fundamental para aqueles que desejam influenciar o que acontece no mundo e a maneira como as coisas são feitas:

Toda a nossa conduta e todas as nossas ações são moldadas, influenciadas e, desta forma, reguladas normativamente pelos significados culturais. Uma vez que a cultura regula as práticas e condutas sociais, neste sentido, então, é profundamente importante quem regula a cultura. A regulação da cultura e a regulação através da cultura são, desta forma, íntima e profundamente interligadas.

Hall conclui que a regulação através da cultura se dá de três formas. A primeira é a normativa, que torna nossas ações previsíveis e regulares e cria um mundo ordenado, dando direção e propósito à conduta humana; a segunda está situada nos sistemas classificatórios, que definem os limites entre a semelhança e a diferença, o sagrado e o profano, o que é aceitável e inaceitável; a terceira estipula os sujeitos que nós somos – por exemplo, um trabalhador burocrático – e que podemos nos tornar – um trabalhador empreendedor – dentro de uma cultura, por meio de uma autoregulação normalmente vinculada a propósitos opressivos, o que, quase sempre, gera conflitos e resistência.

STUART HALL NA AMÉRICA LATINA Daniel Mato8 salienta que a obra de Stuart Hall circulou durante anos na América Latina de maneira restrita, por redes que foram sendo criadas para o intercâmbio de ideias entre as fronteiras nacionais. Ele cita o Conselho LatinoAmericano de Ciências Sociais (CLASCO)9, de 1967; a Associação Latino-Americana de Investigadores da Comunicação (ALAIC)10, de 1978; e a Federação Latino-Americana de Faculdades de Comunicação Social (FELAFACS)11, de 1981. O trabalho de Hall que atraiu maior interesse, no começo, foi Encoding and Decoding (1980), que contesta a passividade do público na recepção dos textos midiáticos. Um dos primeiros intelectuais latinos a abordarem o pensamento do jamaicano foi Jesús Martín-Barbero, que publicou um artigo na revista da FELAFACS, Diálogos, em 1988, reconhecendo as contribuições dos Estudos Culturais para a teoria e a teorização (MATOS, 2015). Cabe destacar, de acordo com Mato, que as ideias de Hall não foram adotadas passivamente, e sim apropriadas criticamente no interior dessas redes. Foi com o aumento do número de traduções do inglês para o espanhol e o português, e o intercâmbio de estudiosos em cursos de pós-graduação nos Estados Unidos e na Europa que a visão do sociólogo caribenho foi incorporada amplamente dentro de contextos específicos da América Latina, diz Mato:

Como exemplo concreto da referência e do uso da obra de Hall por estudiosos latino-americanos, podemos citar o trabalho de Néstor GarcíaCanclini. Considerado um dos pioneiros dos Estudos Culturais na América Latina junto a Jesús Martín-Barbero, sua primeira referência sobre a obra de Stuart Hall apareceu num artigo do início dos anos 1990 (García-Canclini, 1991: 18-22), referindo-se à Culture, media, language (1980), uma coleção de ensaios que García-Canclini abordaria com maior profundidade em um artigo conceitual publicado dois anos mais tarde (1993: 37-38).

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As citações de Daniel Mato neste texto foram extraídas do artigo “Stuart Hall, a partir da e na América Latina”, publicado on-line no International Journal of Cultural Studies, em 2015. 9 http://www.clacso.org.ar/ 10 http://alaic.org/site/ 11 http://felafacs.org/

É importante ponderar que os primeiros livros de García-Canclini (1982, 1989) e Martín-Barbero (1987) não fazem referência a Hall, apesar de citarem Hoggart, Williams e Thompson, “o que nos ajuda a compreender por que eles afirmam que fazem Estudos Culturais bem antes de essa denominação ser estabelecida” (MATO, 2015). Beatriz Sarlo, também considerada uma das pioneiras dos Estudos Culturais na América Latina, rechaçou o rótulo de Estudos Culturais para o seu trabalho, apesar de reconhecer a importância de Hall como uma referência-chave na revista Punto de Vista, desenvolvida por ela e Carlos Altamirano durante a última ditadura militar na Argentina. De qualquer forma, a despeito dos rótulos, a aproximação ocorreu à medida que o acesso aos materiais foi facilitado. Em 1996, na conferência “Fronteiras culturais: identidade e comunicação na América Latina”, organizada pelo Media Research Institute de Stirling, na Escócia, Hall encontrou-se pessoalmente, pela primeira vez, com García-Canclini e Martín-Barbero, o que, para Mato, “parece ter desempenhado um papel relevante no crescimento da apreciação da obra de Stuart Hall por alguns estudiosos latino-americanos bastante conhecidos”.

BEST-SELLER ACADÊMICO NO BRASIL

Membro regular de um grupo de trabalho (GT) da CLASCO sobre transformações culturais e sociais, que em 2001 adotou o nome de Cultura e Poder, Daniel Mato destaca que algumas ideias de Hall foram discutidas em reuniões de GT e em seminários da internet promovidos pela instituição. Ele atribui isso ao fato delas “terem feito parte de sistemas maiores de metarreferências desses GT e seminários, bem como daqueles de um bom número de autores da América Latina, Europa e Estados Unidos”. Mato cita duas conferências que ajudaram a ampliar o alcance da obra de Hall na América Latina: a 3ª Conferência Internacional Crossroads in Cultural Studies, em Birmingham (Inglaterra), em junho de 2000, e a VII Conferência da Associação Brasileira de Literatura Comparada (ABRALIC), na Bahia, no mês seguinte:

A presença e a palestra de Hall na conferência inspiraram o público, e levaram à publicação do primeiro livro com traduções para o português, de uma coleção de 12 artigos de Hall e duas entrevistas (Sovik, 2003b). [...] Esse livro foi o primeiro do gênero na América Latina, e rapidamente tornou-se um best-seller acadêmico. Em termos de política de idioma e público, esse texto teve uma influência especial no crescimento do público da obra de Hall, pois tornou seus ensaios acessíveis não apenas aos brasileiros, mas a muitos falantes de espanhol latino-americanos que conseguiam ler em português, mas não em inglês.

No entanto, frisa Matos, as ideias de Hall já estavam presentes no Brasil antes disso, particularmente nos campos da comunicação e educação. No começo dos anos 1990, a Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul articulou-se com os Estudos Culturais e gradualmente envolveu outras universidades em diversos estados do país, num intercâmbio que prossegue até hoje. Outras convergências entre as propostas de intervenção intelectual de Stuart Hall na América Latina foram verificadas no Teatro Popular ou Teatro do Oprimido, de Augusto Boal, no Bloco Olodum e no AfroReggae – todas fora do âmbito acadêmico. Em 2009, a CLASCO criou uma rede latino-americana própria de programas de pósgraduação em políticas e Estudos Culturais, e publicou, no ano seguinte, seu primeiro livro coletivo, En torno a los estudios culturales: localidades, trayectorias y disputas, editado por Nelly Richard, onde as contribuições de Hall estiveram associadas a cultura e poder e a palavras-chave como hegemonia, gênero, raça e colonialismo (MATOS, 2015). Por fim, Matos traz os trabalhos mais recentes produzidos na América Latina sob a influência de Hall, como o livro Sin garantias: trayectorias y problemáticas em estudios culturales, de Eduardo Restrepo, Victor Vich e Catherine Walsh, e Discurso y poder em Stuart Hall (Soto Sulca, 2013). No primeiro, são 26 artigos do sociólogo jamaicano traduzidos para o espanhol, juto com uma introdução feita pelos editores, na qual discorrem sobre a crítica de Hall ao eurocentrismo, a importância analítica das categorias de raça e etnia com base em Gramsci, a discussão sobre a relação entre multiculturalismo, comunidade e estado-nação, a vocação política dos Estudos Culturais e uma “política teorizante e teoria politizante” (MATOS, 2015). O segundo

tem a tradução de seis ensaios de Hall, dois artigos sobre sua obra e uma apresentação de quase 40 páginas de Eduardo Restrepo, com referências à vida de Stuart Hall e ao estilo da obra do sociólogo.

CONCLUSÃO

O trabalho de Stuart Hall segue mais atual do que nunca. Em uma época de diásporas forçadas por violência, guerras civis, miséria, crises e xenofobia, e de uma interconexão econômica e tecnológica entre praticamente todos os países do mundo, suas análises sobre hegemonia, cultura, linguagem, identidade, raça e etnia, entre outros temas, ajudam a consolidar os Estudos Culturais como importante arcabouço teórico na problematização de conflitos latentes do século 21. Mais do que instruir futuros pesquisadores com métodos e enfoques apropriados para o exame da cultura em uma perspectiva multidisciplinar e contextualizada, Hall deixou um exemplo de ação político-intelectual-social, como observou para Mato em um encontro pessoal, no ano 2000: “Veja, Daniel, não escrevo mais sobre Estudos Culturais, dedico-me a fazer Estudos Culturais”. Ao colocar a cultura no centro do debate contemporâneo e discorrer sobre o novo paradigma que marcou essa virada, Hall mostrou que a disputa simbólica em torno dela ainda está longe de terminar e tem consequências em todas as esferas sociais, desde pequenos atos do cotidiano até grandes ações governamentais, merecendo uma atenção de diversas disciplinas de interligada Na América Latina, a obra dele chegou um tanto tardia, mas desde o começo foi incorporada dentro de contextos específicos do continente. Grupos e redes de discussão foram criados por diferentes centros acadêmicos que hoje, por meio da internet e de intercâmbios consolidados, permitem ao pesquisador o acesso a um bom acervo não só aos textos cânones dos Estudos Culturais, como a diversos outros produzidos em diferentes contextos. Autores latino-americanos ou situados no continente, como Jesús MartínBarbero, Renato Ortiz, Beatriz Sarlo e Néstor García-Canclini, acabaram influenciados por Hall e deixaram vasta contribuição para a continuidade dos Estudos Culturais – mesmo que os próprios rechacem o rótulo. Cabe às instituições e aos pesquisadores

fortalecerem os vínculos entre si nos diferentes países de língua espanhola e portuguesa para a produção de novos trabalhos de impacto, que busquem não só no interior das universidades as respostas para os problemas, como também, e principalmente, nos mais diversos âmbitos da sociedade.

REFERÊNCIAS

CEVASCO, Maria Elisa. Dez lições sobre Estudos Culturais. São Paulo: Boitempo Editorial, 2003.

ESCOSTEGUY, Ana Carolina D. Cartografias dos estudos culturais – Uma versão latinoamericana. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2001.

ESCOSTEGUY, Ana Carolina D. Stuart Hall: esboço de um itinerário biointelectual. Revista FAMECOS, n. 21, p. 61-74, 2013.

HALL, Stuart. A centralidade da cultura: notas sobre as revoluções culturais do nosso tempo. In: THOMPSON, Kenneth (org.). Media and Cultural Regulation. Londres: SAGE Publications, 1997.

HALL, Stuart. La cultura, los medios de comunicación y el “efecto ideológico”. In: CURRAN, J.; GUREVITCH, M.; WOOLLACOTT, J. (eds.). Sociedad y comunicación de masas. México: Fondo de Cultura Económica, 1981. p. 357-393

MATO, Daniel. Stuart Hall, a partir da e na América Latina. MATRIZes, v. 9, n. 2, p. 4775, 2015.

SOVIK, Liv. Stuart Hall a partir do Brasil. 23º Encontro Anual da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação. Universidade Federal do Pará, 2730 maio 2014.

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