A chegada à sabedoria através da contemplação e imitação da obra de arte

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1460b 8-9 " [Uma vez que o poeta é um imitador], como um pintor ou qualquer outro criador de imagens, imita sempre necessariamente uma de três coisas possíveis: ou as coisas como eram ou como são realmente, ou como dizem e parecem, ou como deviam ser. " 2 Sinto a necessidade de, ao comentar este excerto escrever, em primeiro lugar, uma breve perspetiva acerca da imitação aqui presente e de uma contemplação e produção também mas discreta de Platão e só posteriormente, de Aristóteles a quem lhe devemos estas palavras. O artista, hoje em dia é muito vangloriado. Quem se diz artista e quem gosta de arte é bem visto e apreciado mas não recebe a bênção da filosofia Platónica. Para Platão, o artista é um ilusionista na humanidade porque ele diante do mundo sensível faz o caminho contrário ao que devia fazer. Existe na arte um duplo grau de deformação, a primeira é a distância entre a ideia e a perceção do artista nas coisas do mundo e a segunda é deformada pelo próprio quando faz daquilo que vê, uma imitação. Portanto a arte afasta-nos ainda mais da ideia perfeita e entre ver o mundo e ver o que o artista vê do mundo, que nos empurra para mais longe ainda do ideal do que o próprio mundo, mais vale ficarmo-nos por este que já é imperfeito e ilusório por si só, onde os sentidos nos condenam naturalmente e nos permitem iludir por monstruosidades e que ele reforça ainda mais. Ele condena-nos à ignorância e à distância da verdade. Então podemos imaginar o seguinte: o filósofo e o artista estão ambos e partem do mundo mesmo ponto. O mundo sensível e que percebem, mas enquanto o filósofo se direciona para a procura da sabedoria e da verdade, o artista parte em direção à imitação que nos distancia ainda mais dessas verdades. O artista é mau e a arte uma desgraça. Para Aristóteles a beleza está na natureza portanto a obra de arte é a imitação da natureza. O mundo é belo quando na sua simples contemplação oferece a quem o contempla um instante de vida que vale por ele mesmo. A beleza é a tradução plástica da eudaimonia enquanto regra moral de vida. A beleza é o mundo quando faculta uma vida boa. A beleza é o mundo aquando diante dele basta contemplá-lo para que a contemplação faça nela mesma a sua razão de ser. Eu contemplo, por contemplar, porque me faz bem e porque ela basta. A finalidade da beleza está na contemplação da eudaimonia. A obra de arte é bela e cumpre a sua finalidade quando permite tanto quanto a natureza bela um instante de contemplação eudaimonica. A primeira constatação é de que a arte define-se negativamente bem como a beleza, como sendo o contrário da utilidade porque o " útil " é toda a conduta, ação e obra com vistas a um outro bem que não ela mesma. A utilidade está fora dos olhos, por exemplo, a utilidade deste meu trabalho está fora dele, na minha nota, no mercado de trabalho, nos meus ensaios futuros a partir do que aprendi quando o escrevi. Mas se este trabalho é belo e é uma obra de arte é porque é eudaimonico e não útil, vale por ela mesma e não outra coisa. Se eu pretendo que este meu trabalho seja belo e artístico, deve ser eudaimonico e portanto, inútil. Deve ser um instante eduaimonico na contemplação do belo. É
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