SPGD &'() !º SIMPÓSIO DE PÓS-‐GRADUAÇÃO EM DESIGN DA ESDI Rio de Janeiro ! e ! de Agosto de )*+,
A chegada das *ibras têxteis arti%iciais e sua in(luência no design de moda (,-!"-‐!"!") The a rrival o f m an-‐made t extile f ibers a nd its i nfluence u p t o f ashion d esign ( "#!"-‐!"!") Martins, Giselle Barreto; Mestranda; Esdi – UERJ
[email protected] Lima, Guilherme Cunha; PhD; Esdi – UERJ
[email protected]
RESUMO Este artigo aborda a difusão das *ibras arti*iciais no mercado têxtil e de vestuário, processo que tomou impulso nas primeiras décadas do século XX, inclusive no Brasil. Primeiramente, apresenta uma introdução às 3ibras têxteis arti*icias, com destaque para a viscose (rayon) e o acetato. Em seguida, trás um histórico das pesquisas e dos motivos que levaram ao seu desenvolvimento no contexto da Revolução Industrial. Trata também das implicações de seu uso para o design de vestuário, especialmente no segmento de lingerie e roupas de banho, assim como de seu papel no processo de difusão da moda e na produção industrial de roupas. Palavras-‐chaves: design de moda; fibras têxteis artificiais; história do design brasileiro; história da moda.
ABSTRACT This article is about the man-‐made fiber dissemination at the textile and apparel trade, process that was driven during the /0!!’s first decades, also in Brazil. First of all, it features an introduction to the man-‐made textile fibers, notably rayon and rayon acetate. After that brings a historical research and purposes that lead their development at the Industrial Revolution context. It still approaches their fashion design use implications, specially in the intimate and swimsuit industry as well as how these fibers contributed with the fashion popularization process and the clothing industrial manufacture. Keywords: fashion design; man-‐made textile !ibers; Brazilian design history fashion history Anais do !º Simpósio de Pós-‐Graduação em Design da ESDI | SPGD !"#$ ISSN
Martins, Giselle Barreto; Lima, Guilherme Cunha A chegada das *ibras têxteis arti*iciais e sua in*luência no design de moda (7898-‐!"#$) | !
! — Uma introdução às !ibras têxteis arti%iciais Fibras têxteis são materiais filamentosos, muito finos e flexíveis, de comprimento bem maior que sua espessura, utilizados na confecção de fios para a tecelagem. Sua estrutura química é composta por macromoléculas extremamente longas, denominadas polímeros. Quanto à origem, podem ser classificadas como naturais e não-‐naturais. As fibras naturais são aquelas extraídas da natureza sob uma forma que as torna aptas à fiação. Entre as mais conhecidas estão a seda e a lã, de origem animal, e o algodão e o linho, que tem origem vegetal (BROOKS, c)*++, p. %; KINDLEIN ET AL, +,,+, p. +-‐!; KUASNE, )**+, p. .-‐! e $; PEZZOLO, ,--., p. 1-2). As fibras não-‐naturais são aquelas produzidas por processos industriais. Elas se dividem em dois tipos: artificiais e sintéticas. Trataremos aqui apenas das primeiras, que são produzidas a partir de polímeros naturais sob a ação de reagentes químicos (KUASNE, *++,, p. $%; PEZZOLO, -../, p. 001-‐!!"; BARBOSA ET AL, !""#, p. ()). Um dos polímeros naturais mais usados na fabricação de $ibras têxteis arti%iciais é a celulose, componente muito abundante na parede celular de células vegetais. Ela costuma ser extraída do línter do algodão, isto é, do refugo proveniente da produção de !ibras de algodão, muito rico nessa substância (ARAÚJO ET AL, !""#), ou da polpa de madeira (KUASNE, !""#, p. !"; PEZZOLO, +,,-, p. 001-‐!!"; BARBOSA ET AL, #$$%, p. ()). A partir da celulose foram desenvolvidos dois compostos químicos, a viscose e o acetato, utilizados por uma série de indústrias além da têxtil. A viscose (também chamada de rayon) é resultante da dissolução da celulose em soda cáustica e dissulfeto de carbono, substâncias responsáveis por lhe conferir uma consistência viscosa, que inspirou seu nome (CETIQT, !""", p. !'). O acetato é produzido de forma semelhante, mas a partir de um derivado da celulose, o acetato de celulose, composto químico obtido com o auxílio do ácido acético dissolvido em uma solução de acetona aquosa (BROOKS, c)*++, p. %; KINDLEIN ET AL, +,,+, p. +-‐!; KUASNE, *++,, p. /0 e !"). Para ganharem a forma de ,ios essas duas soluções precisam passar por um equipamento com ori.ícios muito pequenos, denominado .ieira, e, em seguida, por um banho coagulante para sua solidi4icação. O acetato e a viscose tem sido utilizadas pela indústria têxtil na produção de tecidos para vestuário desde as primeiras décadas do século XX. Sua invenção foi fruto do esforço de vários pesquisadores, em diferentes países industrializados, que trabalharam de modo independente mas simultâneo, no desenvolvimento de novos materiais para a indústria em plena expansão.
! — A invenção das #ibras arti#iciais As primeiras fibras têxteis a base de celulose chegaram ao mercado no final do século XIX, mais de duzentos anos depois do primeiro estudo sobre o tema, datado de %&&' e de autoria do naturalista inglês Robert Hooke (CETIQT, )!!!, p. $; FIBER SOURCE, 0123). Em #$%&, o francês René A. F. De Réaumur levantou a possibilidade de se utilizar gomas e resinas na fabricação de fibras
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(CETIQT, )***, p. -). No entanto, novas pesquisas só tomariam impulso a partir de meados do século XIX, quando a dependência exclusiva de matérias-‐ primas naturais começou a limitar o crescimento da produção industrial. Sua oferta apresentava flutuações, tanto por fatores ambientais, como pragas, quanto por questões políticas, como as guerras. Ocorria também um expressivo aumento populacional na Europa industrializada, o que indicava um crescimento na demanda por têxteis. Entretanto, a produção agrícola parecia ter chegado a seu limite, apesar dos avanços tecnológicos aplicados ao setor. O primeiro processo de produção de uma fibra artificial a partir da celulose foi registrado em $%&&, na Inglaterra, pelo químico suíço Georges Audemars (FIBER SOURCE, -./0). Mas o primeiro a fabricar comercialmente uma fibra têxtil artificial foi o francês Hilaire de Bernigaud, Conde de Chardonnet. Em $%&%, foi por acidente que ele descobriu a nitrocelulose poderia ser empregada na fabricação de fibras têxteis (TIME-‐LIFE BOOKS, +,,+, p. /0). Sua invenção foi apresentada ao público em $%%& na Exposição Universal de Paris e causou sensação. Tanto que foi lançada no mercado dois anos depois, pelo próprio inventor, que montou uma fábrica para sua produção na cidade francesa de Besançon (ENCICLOPÆDIA, #$%&b; FIBER SOURCE, *+,-). A nova fibra ficou conhecida pelo nome de seda Chardonnet, pois apresentava características semelhantes às da seda natural, como bom caimento e alta absorção (MODASITE apud BONADIO, 2334). No entanto, era altamente inflamável e foi substituida posteriormente por outros materiais (TIME-‐LIFE BOOKS, +,,+, p. /0). Em $%&', três químicos britânicos, Cross, Bevan e Beadle, que já vinham estudando a celulose da madeira desde )**), patentearam um novo produto, a viscose, que recebeu esse nome graças à sua “extraordinária” viscosidade. A partir de então, foram desenvolvidos diversos usos para a nova substância. Quem primeiro se interessou pelo desenvolvimentos de fios têxteis de viscose foi Stearn, que possuía experiência na fabricação de filamentos para lâmpadas e estava motivado pelo sucesso de Chardonnet na França. Em %&'&, Stearn registrou na Inglaterra a primeira patente de fabricação de fios têxteis a partir da viscose e, junto com Cross e Bevan, fundou o Viscose Spinning Syndicate Ltd. Através desta instituição, eles desenvolveram pesquisas e montaram uma estação experimental de fiação, além de comercializarem os direitos de uso de suas patentes para outros países (CALLAN, ())*, p. -.(; MICHEL, )*+,). Na Inglaterra, Cross e Bevan também foram responsáveis pelo desenvolvimento do triacetato de celulose, que patentearam em $%&'. Essa descoberta teve como ponto de partida pesquisas realizadas por Paul Schützenberger e Laurent Naudin, em $%&', na França. Entre '()* e '()+ o químico inglês George Miles barateia o processo de produção utilizando acetona, dando origem ao diacetato de celulose. As primeiras utilizações comerciais do acetato de celulose se deram na Inglaterra pelos irmãos suíços Henri e Camille Dreyfus. No entanto, eles só puderam iniciar a fabricação de fibras têxteis de acetato em $%&$, após o fim da Primeira Guerra Mundial (1213-‐!"!#), e o fizeram sob a marca registrada Celanese (ENCICLOPÆDIA, #$%&a). No Brasil, o pioneirismo na fabricação de fibras artificial foi do grupo Matarazzo, que iniciou no ramo em ,-./. Três anos depois, no dia ,. de março de ,-.-, foi fundada a Companhia Brasileira Rhodiaseta, filial da Rhodiaseta francesa, criada em $%&& para ser braço têxtil da indústra química Sociètè Chimique dês Usines de
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Rhône – SCUR.1 A princípio, a Rhodiaseta nacional apenas importava rayon de sua matriz francesa; a fabricação local teve início nos primeiros anos da década de $%&' (BONADIO, *++,, p. /+-‐!"; ZUNIGAN apud BONADIO, 3445, p. !5). Em $%&', foi inaugurada outra fabricante de !ibras arti!iciais, a Companhia Nitro-‐Química Brasileira, um consórcio entre os grupos Votorantim e Klabin Irmãos em associação com capital norte-‐americano. Juntas as três empresas, localizadas no estado de São Paulo, formavam o oligopólio das fabricantes de $ibras arti$iciais no Brasil, ditando preço e quantidade fornecida às tecelagens (BONADIO, )**+, p. .*-‐!"; ZUNIGAN apud BONADIO, )**+, p. .+). É importante destacar que não houve uma defasagem tão grande entre o início da fabricação de fibras têxteis artificiais nas nações mais desenvolvidas da época, como Inglaterra, França e Estados Unidos, e no Brasil. Até por que, o país oferecia uma série de condições favoráveis para essa empreitada, como mão-‐de-‐obra barata, energia elétrica a baixo custo e abundância de matéria-‐ prima, como o línter do algodão (ROMERO ET AL, #$$%, p. ().
! — A influência das primeiras fibras têxteis artificiais no design de vestuário No final do século XIX e início do século XX, para um fio artificial se tornar um negócio ser viável, teria que ser fabricado em grande escala. dependendo de altos investimentos de capital para a produção do polímero de celulose e para a tecnologia de fiação por extrusão, processo totalmente distinto do empregado na fiação tradicional. Também era necessário fazer com que os consumidores vissem vantagens nas fibras artificias. Uma estratégia foi torna-‐la mais atraente, chamando-‐a de “seda artificial”. A seda natural era a mais nobre e cara matéria-‐prima têxtil, um verdadeiro artigo de luxo, inacessível à maior parte da população. Mas, graças às novas fibras químicas, haveria uma opção com características físicas e estéticas semelhantes e mais barata (KERRY, ())*, p. -). Quanto à resistência à tensão, a seda natural é superior à artificial e mais leve (BROOKS, c"#$$, p. % e '; MICHEL, )*+,, p. $%), mas alguns consumidores menos experientes e exigentes não identificavam diferenças e acabavam comprando “seda artificial” como natural. Isso desagradou os fornecedores de seda verdadeira, pois o preço da artificial era muito inferior, estabelecendo uma concorrência desleal. Graças a sanções legais, o uso do termo seda tornou-‐se restrito às fibras obtidas exclusivamente a partir do bicho-‐da-‐seda e a expressão “seda artificial” foi banida. Nos Estados Unidos passou a ser chamada de rayon,2 na Europa e no Brasil, viscose, nome da solução de celulose. Com essa mudança, em +,-., tanto a Rhodiaseta francesa, quanto 1 Em $%$% a SCUR +incou seu pé no Brasil com a fundação da Companhia Química Rhodia
Brasileira que, a partir de ,-.,, começou a produzir diversos produtos químicos além do lança-‐perfume Rodo, muito utilizado no carnaval da época (BONADIO, :;;;-‐!"). 2 O nome rayon foi escolhido em ,-./, durante uma conferência sobre viscose
nos Estados Unidos. Ele foi criado por Kenneth Lord Senior, da empresa norte-‐americana Galey & Lord, que comercializava tecidos. Ela faz analogia à super2ície re2lexiva da 2ibra que, por isso, emite um certo brilho (TEXTILE HISTORY, ./01).
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suas filiais foram obrigadas a mudar de nome, pois o sufixo latino seta fazia alusão à seda. A partir de então, no Brasil, a empresa passou a se chamar Companhia Rhodiaceta Brasileira (BONADIO, *++,, p. /0-‐!"). Outra estratégia para ampliar o consumo de “seda artificial” foi o investimento na fabricação de roupas em grande escala, tipo de indústria que se desenvolveu a partir do segundo terço do século XIX (NACIF, !""!, p. !). Mas tais peças demandavam necessariamente um design que não exigisse um ajuste perfeito ao corpo para vestirem bem, ou que tirasse partido da elasticidade do tecido para atender a uma maior variedade de biótipos. No início do século XX, um dos artigos de vestuário mais renovados do guarda-‐roupa eram as meias longas, utilizadas pelas mulheres desde o século XVII, e sua versão mais cobiçada era a de malha de seda natural. A malha é uma estrutura têxtil, semelhante ao tricô, que confere certa elasticidade ao tecido, isso faz com que se adaptem à forma da perna da usuária. Para quem não podia comprar as de seda haviam as de algodão ou lã, no entanto, essas matérias-‐ primas não conferiam a mesma aparência. A seda possui um brilho e uma capacidade de absorção de tingimento que lhe proporciona um colorido mais denso, vibrante e translúcido que o de outras fibras naturais. Além disso, pode dar origem a tecidos mais leves e delicados, características que contribuem para torna-‐la tão valorizada (CALLAN, #$$%, p. ((); KERRY, '((), p. ,). Como a “seda artificial” apresentava uma aparência semelhante à seda natural e um custo de produção inferior, as primeiras peças confeccionadas industrialmente foram meias femininas, lançadas em !"!#. Poucos depois, em !"!#, chegaram as primeiras roupas íntimas de rayon acetato fabricado pela Rhodiaceta, e, logo em seguida, blusas (MODASITE apud BONADIO, 2334). Em #$%&, visando ampliar o mercado de )ios arti)iciais no Brasil, a Rhodiaceta francesa decidiu implantar no país uma unidade da Valisère, sua marca de lingerie. Ela começou a operar em +,-. na produção de um tipo de tecido de malha denominado jersey, utilizado, a princípio, em peças femininas como calcinhas, combinações, anáguas e roupas de dormir. A malha, como estrutura têxtil, tinha a vantagem de oferecer certa elasticidade, conferindo melhor aderência e conforto às roupas íntimas (RHODIA ATUALIDADES apud BONADIO, 5667, p. 97). Entre as classes média e alta ainda predominava a confecção caseira de roupas para o dia-‐a-‐dia (o que incluia a lingerie). As famílias costumavam dispor de uma costureira que vinha a suas casas uma vez por semana e quando havia um acontecimento mais importante era contratada uma costureira de renome (BARROS, 1998, p. 19 apud NACIF, 2002, p. 5; GRAHAM, 1992, p. 18,76 e 116 apud NACIF, ())!, p. %). Isso mostra o quanto a decisão da Rhodiaceta foi arrojada para a época, até por que, foi só a partir dos anos !"#$ que a confecção industrial se generalizou no Brasil (NACIF, /00!, p. !). Até então, a lingerie era produzida preferencialmente com tecidos mais !inos e delicados, pois 'icavam em contato direto com a pele sob a roupa externa e a seda novamente aparecia como a matéria-‐prima ideal, embora restrita à elite. Outra opção era a opaline, um tipo de tecido de algodão mais &ino ou versões mais economicas, também nesta &ibra.
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Segundo os padrões estéticos em voga, as “roupas brancas” (como chamavam as lingeries) deveriam ser de um branco imaculado e devidamente engomadas, o que exigia uma manutenção trabalhosa e em várias etapas. Para limpeza, higiene e boa aparência precisavam ser batidas, lavadas, quaradas (branqueadas pela exposição ao sol), lavadas novamente, secadas e passadas a ferro quente e pesado, aquecido por brasas de carvão3. Já a malha de jersey secava mais rápido e não amassava com facilidade, simplificando a rotina de muitas mulheres, especialmente das que começavam a integrar o mercado de trabalho. Figuras ) e +: Anúncios Valisère publicados no suplemento dominical A Noite Illustrada, à esquerda, edição de ! de julho de !"#! e, à direita, do dia !" de dezembro de !"#$ (usadas com a permissão da Biblioteca Nacional).
Os anúncios da Valisère, especialmente os de lingerie, utilizavam expressões como “indesmalhável”, “conforto”, “distinção”, “flexível”, “linha elegante”, “maciez”, “corte individual rigoroso” e “contato que é uma carícia” para se referir às peças de jersey. Tais atributos destacavam aspectos técnicos, estéticos e de usabilidade, diretamente relacionados ao design (Figuras ! e $). Assim como na França, peças de uso externo de malha de jersey, como blusas femininas, camisas masculinas e roupas de banho, também foram lançadas no mercado brasileiro pela Valisère. Esses maiôs ofereciam mais conforto e praticidade que os de malha de lã, em uso desde os anos ()*+, e seu tecido podia receber estamparia, que não dava bons resultados na malha de lã. Esta era, no máximo, listrada ou com motivos abstratos e geometricos, construidos na estrutura da própria malha com fios de cores diferentes. Maiôs de jersey também podiam ser vistos em atrizes de Hollywood, nos filmes ou em fotos publicadas em revistas ilustradas (Figuras ! e #). 3 Patenteado em *++,, o ferro elétrico só começaram a ser fabricados no Brasil na década
de $%&'. Os que existiam, até então, eram importados (COMO SURGIU?, -./.).
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Figuras ! e $: À esquerda maiô Valisère estampado no jornal A Noite de $% de novembro de !"#$. À direita, a atriz norte-‐americana June Lang de maiô de jersey estampado no A Noite Illustrada de $$ de dezembro de *+,- (usadas com a permissão da Biblioteca Nacional).
A produção das fibras têxteis artificias, obtidas pelo tratamento químico da celulose, ampliou a oferta de matérias-‐primas e tecidos. Ao mesmo tempo, contribuiu para o desenvolvimento da indústria de roupas prontas em grande escala, numa época em que predominavam roupas sob medida. Tal empreitada foi promovida por empresas de grande porte e presença internacional, como a Rhodiaceta. A lingerie foi o segmento que, a princípio, mais se beneficiou com essa novidade. As novas fibras foram uma alternativa mais atrativa, prática e econômica para a confecção de roupas íntimas e reprodução de designs adotados pela elite. Também influenciou os maiôs de banho por apresentarem técnicas de construção semelhantes a de certas peças de lingerie. Esse cenário favoreceu a difusão da moda, com sua dinâmica calcada na efemeridade, e preparou o terreno para a chegada das fibras químicas sintéticas, que iriam revolucionar o design de vestuário na segunda metade do século XX.
Referências A NOITE. Rio de Janeiro: A Noite, ed. 3456, 78 nov. 73:;. p. 5. A NOITE ILLUSTRADA. Rio de Janeiro: A Noite, ed. 9:;, ?9;. p.