A CIDADE INDUSTRIAL – REABILITAÇÃO E RENOVAÇÃO DE IDENTIDADE CASO DE ESTUDO: TINTURARIA PETRUCCI -COVILHÃ

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REHABEND 2014 1-4 Abril, 2014, Santander, España

A CIDADE INDUSTRIAL – REABILITAÇÃO E RENOVAÇÃO DE IDENTIDADE CASO DE ESTUDO: TINTURARIA PETRUCCI - COVILHÃ Brito, Joana1; Lanzinha, João C.G.2; Santiago, Miguel3 1: Universidade da Beira Interior, Faculdade de Engenharia, Dep. Engª. Civil e Arquitectura [email protected] 2: C-MADE - Centre of Materials and Building Technologies

Universidade da Beira Interior, Faculdade de Engenharia, Dep. Engª. Civil e Arquitectura [email protected] 3: CITAD - Centro de Investigação em Território, Arquitectura e Design

Universidade da Beira Interior, Faculdade de Engenharia, Dep. Engª. Civil e Arquitectura [email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Património industrial; cidade; conservação; reconversão; projecto.

RESUMO Desde cedo que a cidade da Covilhã, localizada no interior centro de Portugal, preconizou um forte sentido industrial na ocupação, crescimento e desenvolvimento do seu território. Este artigo apresenta-se como uma base de estudo, onde se propõe uma análise ao percurso e influência industrial, que se evidencia hoje no estado de cidade actual, com fortes marcas territoriais, arquitectónicas e sociais. Numa primeira fase aborda-se a relação da cidade com a indústria, com as vicissitudes do lugar, com os edifícios construídos e com as necessidades que se impunham, que se complementa com o estudo da organização, crescimento e disposição urbana, ressalvando a envolvência/pertinência do epíteto cidadefábrica com o qual ficou conotada a cidade. Numa segunda fase, tendo como objectivo a salvaguarda e o interesse patrimonial sobre o objecto edificado, assim como o delinear de estratégias e de novas formas de materialidade que reestruturem uma nova funcionalidade para os edifícios industriais desactivados, abandonados e/ou em estado de ruína, expõe-se um caso de estudo, através de um projecto arquitectónico de reabilitação e reconversão para o edifício de uma antiga tinturaria de lanifícios (Tinturaria Petrucci), construído na década de 30 do século passado, cujo conceito se centra na importância na estrutura urbana da cidade e cuja adaptabilidade inclui os conceitos de integração, cooperação e unidade funcional.

1. INTRODUÇÃO A história da arquitectura e do desenvolvimento urbano revela-se a partir dos motores económicos e sociais vigentes em cada micro espaço do território global. Deste percurso, analisado à escala da cidade, resultam modelos territoriais diversificados, que quando confrontados e analisados através de relações espácio-temporais incidentes nos modelos urbanos, nos permitem interpretar as fórmulas sucessivas de intervenção que originaram o estado do território actual. Durante séculos, entre Portugal e Espanha desenvolveu-se aquela que ficou denominada como a Rota da Lã, envolvendo cidades como Covilhã, Castelo Branco, Portalegre, Estremoz e Ourique, em Portugal, e Congreso Latinoamericano REHABEND 2014

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Béjar, Plasência, Guadalupe, Segóvia e Sória, em Espanha. Esta Rota era responsável por grande parte da produção de lanifícios que abasteceria tanto os mercados internos, como externos, traduzindo-se num forte impulso económico, social e urbano destes territórios fronteiriços. Contudo, este fulgor industrial haveria de conhecer um forte declínio, fruto dos novos processos industriais que se desencadearam a partir da segunda metade do século XX, que viriam descentralizar a produção e alargar os mercados, acabando por desfazer a histórica Rota da Lã. Hoje, os edifícios industriais que avidamente fulguraram durante séculos, estão abandonados, decrépitos, isolados e esquecidos no interior dos tecidos urbanos. 2.

A INDÚSTRIA DE LANIFÍCIOS NA COVILHÃ Pelas especificidades da sua indústria a cidade era uma fábrica. Um organismo vivo vocacionado para a actividade dos lanifícios, que na sua natureza, por pequenos e médios edifícios, desenvolvera indústrias completas. [1]

Estima-se que em 500 a.C. a cultura castreja se tenha fixado numa das encostas da Serra da Estrela, aí edificando um núcleo fortificado que mais tarde haveria de ser ocupado pelos Romanos. Após o ano de 1186, altura em que lhe foi atribuído foral de cidade, e depois de repetidas invasões Muçulmanas que obrigaram a recorrentes reconstruções da muralha que ladeava o forte, a Covilhã alcançou a sua estabilidade social, já no decorrer do século XIII. Posteriormente, no século XIV e XV a comunidade Judaica haveria de assumir as primeiras diligências ao nível da manufactura de lanifícios nesta região, que por ser fortemente marcada pelas suas características topográficas, ambientais, sociais e culturais se haveria de assumir como um dos principais focos dinamizadores da economia local e nacional. Posteriormente, no decorrer do século XVII, houve por parte da cidade um grande esforço no sentido de equilibrar a distribuição populacional entre o burgo e o arrabalde urbano, quebrando a separação entre as duas realidades e dando uma nova dimensão geográfica à cidade. Após este período, já no século XVIII, por iniciativa do Estado Português, que pretendia estimular a produção industrial no país, começaram a surgir as primeiras grandes fábricas de renome nacional, como a Real Fábrica dos Panos e a Fábrica Velha, localizadas junto ao leito das ribeiras da Goldra e da Carpinteira, respectivamente, tirando partido do engenho que a população vinha demonstrando na produção de lanifícios. Começou então a abrandar a escala de oficinas artesanais e de produção doméstica, passando a cidade a concentrar todas as fases de produção em diversificados pólos industriais. Nas décadas posteriores, até meados do século XX, a produção de lanifícios na cidade atingiu o seu pico de desenvolvimento, beneficiando da construção da linha de caminhos-de-ferro da Beira Baixa, cuja primeira fase havia sido inaugurada em 1891, estabelecendo a ligação entre a Covilhã e Abrantes e que dois anos depois ficaria concluída com a inauguração da segunda fase, que completava a ligação entre Covilhã e Guarda. Os anos que se seguiram representam assim a época de ouro da cidade da Covilhã, apelidada de Manchester Portuguesa. Durante o período da Segunda Guerra Mundial, devido à envolvência na Guerra de países como Inglaterra, Itália e França, considerados os grandes motores da indústria de lanifícios e que viram a sua produção praticamente suspensa durante esse período, Portugal e em especial a Covilhã aproveitaram, para inflacionar o preço de escoamento dos seus produtos para o exterior, uma vez que estes escasseavam e existia uma forte especulação no mercado. Após este período de euforia económica, a partir dos anos setenta, o cariz industrial da cidade foi enfraquecendo, subjugado ao facto de não se ter acompanhado o progresso tecnológico e à crise provocada pela quebra de produção e mercantilização. A acidentada topografia da cidade foi-se Congreso Latinoamericano REHABEND 2014

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transformando num obstáculo cada vez maior às aspirações do seu desenvolvimento e crescimento industrial, acabando esta por ser deslocada para a periferia, para os novos parques industriais que surgiam e beneficiavam na nova Estrada Nacional (N18), desactivando o imenso património industrial, localizado no interior do perímetro relativo ao núcleo urbano da cidade, que até então havia sido edificado. 2.1. Crescimento urbano à luz do desenvolvimento industrial É uma cidade que viveu essencialmente da indústria desde o século XVIII, que foi construída vocacionalmente para a actividade dos lanifícios e que em função desta cresceu e desenvolveu o seu tecido urbano. [2] Com um crescimento centrado na indústria dos lanifícios, a imagem urbana da cidade da Covilhã foi-se desenvolvendo de forma intrínseca com o panorama económico e social vigente. As primeiras oficinas de manufactura, de índole doméstica, situavam-se no interior do perímetro delineado pela antiga muralha e suas imediações. Mais tarde, no século XVIII, a topografia ingreme do território urbano e os vales existentes, rasgados pelas ribeiras da Carpinteira e da Goldra, que limitavam a cidade a Norte e a Sul, respectivamente, levaram a que as primeiras indústrias de grande porte procurassem os seus leitos, por forma a daí extrair o indispensável recurso de água na produção de lanifícios. Simultaneamente denotavase uma certa preocupação por parte de algumas empresas em procurar localizações que se aproximassem da antiga estrada nacional, numa tentativa de agilizar os processos de chegada e saída de mercadoria assim como dos próprios operários e visitantes. Durante o século XIX, com a densificação da actividade industrial, registou-se um significativo aumento do edificado fabril, com maior incidência na Ribeira da Carpinteira, por o seu caudal superficial ser mais extenso e daí resultar uma maior área de atracção para edificação. Com as margens das duas Ribeiras da cidade praticamente lotadas, a Covilhã encontrou uma nova dimensão, alongando as suas margens sobre dois planos horizontais, a Norte e Sul, definidos por um património industrial avultado que se configurava como a nova muralha da cidade. No perímetro da antiga muralha surgiam também oficinais pontuais de escala reduzida, que funcionavam como elo de ligação entre os dois principais núcleos e se encarregavam das fases de produção em que não se tornava necessária a utilização da água. Por esta altura e devido à chegada da energia a vapor, o tipo de edificado industrial começou também a modificar-se, adaptando-se a novas proporções e necessidades estruturais de forma a garantir as condições essenciais para as novas práticas de manufactura, que havia substituído a tecelagem manual pela mecânica e importado novas máquinas de cardação, penteação, tinturaria e ultimação vendo deste modo aumentar as escalas de escoamento de produção. Com esta modernização começaram também a construir-se as emblemáticas chaminés em alvenaria, indispensáveis para a extracção de fumo proveniente das máquinas a vapor e para a circulação de ar, fundamental para possibilitar a combustão, implantando deste modo um novo elemento arquitectónico, tanto na edificação, rompendo com a horizontalidade inerente ao edifício fabril, como na paisagem construída, tornando-se a sua verticalidade como o elemento contrastante da arquitectura industrial. Já no século XX a densificação dos edifícios industriais continuou a aumentar, com o aparecimento de novos edifícios e com a ampliação de alguns já existentes, começando a moldar-se uma imagem citadina industrial, com instalações fabris distintas a nível nacional. Este gradual aumento da densificação industrial (Tabela 1) levou a que a população da cidade disparasse, centralizando uma cultura essencialmente de famílias operárias, o que trouxe outro paradigma para imagem da cidade – os bairros operários.

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Tabela 1 - Evolução do edificado industrial na cidade da Covilhã Século XVIII Século XIX Século XX Século XXI

Área de Implantação (m2) 42 771m2 96 853m2 137 994m2 136 781 m2

Diferença (m2) + 54 082m2 + 41 141m2 - 1 213m2

Em 1951, segundo os dados do Ante-plano geral de urbanização da Covilhã, laboravam na cidade 126 indústrias de lanifícios, responsáveis por empregar cerca de 7300 operários, entre os quais cerca de 5000 eram homens e 2300 mulheres. Esta contabilidade veio evidenciar a realidade de que os bairros até então construídos, apesar de se apresentarem como valiosos contributos para a resolução da crise de habitação e para a valorização do núcleo urbano, eram insuficientes, pelo que se determinou ser necessária a construção de mais bairros para acolher a classe operária. Deste modo, os bairros operários, que foram sendo construídos à medida que a necessidade assim o impunha, tornaram-se vértices dos edifícios industriais, criando um tecido urbano articulado e ligado de forma intrínseca ao conceito de cidade-fábrica (Figura 1), tornando-se também eles um marco de desenvolvimento e desenho urbano da cidade. Construídos através de diversas iniciativas de âmbito privado e público, estes bairros procuravam situar-se nas imediações mais próximas das fábricas e em zonas periféricas do centro urbano, onde a especulação imobiliária sobre os terrenos era menor e por conseguinte, estes eram adquiridos por preços mais baixos. Este sistema veio trazer melhores condições de vida às famílias operárias, assim como facilitar e encurtar as deslocações para os seus locais de trabalho, uma vez que até então habitavam em casebres sem condições satisfatórias de salubridade e em freguesias distantes.

Figura 1 - Evolução do edificado industrial na cidade da Covilhã

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2.2. Reabilitação de edifícios industriais e revitalização urbana As vantagens que a prática da reabilitação trazem são diversas, fazendo-se sentir nos campos económicos, sociais, culturais e ambientais. Ao entender a importância do papel da reabilitação urbana e da sua acção sobre o território que vivenciamos, abrem-se as portas para a compreensão do papel da arquitectura como primeira instância para a implementação dos bons princípios de cidadania. Neste contexto, face à gradual desactivação dos edifícios industriais que compõem o centro urbano da cidade, a Covilhã viu-se com uma elevada área edificada desactivada, o que, com o passar dos anos, face ao seu abandono, gerou uma paisagem inerte, sujeita às intempéries e aos mais diversos factores de degradação. Deste modo, os edifícios que deveriam ser valorizados como parte do património imóvel da cidade foram-se debilitando e degradando, evoluindo com as marcas que o tempo lhe foi impregnando, fragilizando as suas estruturas e danificando os seus materiais de construção. Acentuou-se assim a problemática do desenvolvimento e revitalização urbana sustentável da sociedade e tornando-se urgente a mudança do paradigma de crescimento e planeamento da malha urbana. A liderar o processo de mudança que urge, está o papel assumido pela Universidade da Beira Interior, que fez de grande parte dos pólos industriais os seus próprios pólos universitários, representando este investimento a reabilitação de cerca de 50% da área de implantação total do património fabril na cidade. O primeiro impulso dado por parte da instituição como forma de integração do património e da revitalização urbana da imagem da cidade, foi dado em 1975, quando o então Instituto Politécnico da Covilhã, executou um projecto de reabilitação arquitectónica que havia sido encomendado ao arquitecto Bartolomeu Costa Cabral. Deste projecto, fazia parte a reformulação do programa funcional da antiga Real Fábrica dos Panos, construída em 1764 por despacho do Marquês de Pombal. Este edifício constituir-se-ia no pólo I da instituição, que mais tarde se viria a expandir através da apropriação e reabilitação de outros edifícios industriais (Figura 2).

Figura 2 - Estado actual das indústrias de lanifícios na cidade da Covilhã Congreso Latinoamericano REHABEND 2014

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3. Caso de estudo – Projecto de arquitectura da Tinturaria Petrucci Arquitecturas tocadas pelas asas do anjo da fantasia, sensíveis ao respirar da terra, que acolhem o passado e a memória como fonte de nostalgia e prazer, mas articulando-se, também, com as necessidades do mundo moderno. [3] Como contribuição para a resolução da problemática atrás abordada, deu-se seguimento ao desenvolvimento de um projecto de arquitectura, cuja proposta visa a reabilitação de um dos edifícios industriais que se encontram em estado de abandono e degradação na cidade da Covilhã. O programa funcional propõe a reformulação do espaço existente num Centro de Inteligência, que visa proporcionar e incentivar a investigação e o desenvolvimento de trabalhos, pesquisa ou instalação de empresas dos mais diversos sectores de actividade. O edifício aqui abordado diz respeito à antiga Tinturaria Petrucci, fundada pela firma Clemente Petrucci e Irmão em 1933, com implantação no seio do Bairro Municipal, em zona confiante com a Ribeira da Carpinteira (Figura 3). Este edifício é composto por 4 fases de construção, que se podem distinguir da seguinte forma: a primeira fase, cuja data de construção não é possível precisar, diz respeito a um edifício de características habitacionais, que se estima que já existisse aquando da fundação e construção do núcleo da tinturaria; a segunda fase, data de 1933, está orientada a Norte, em confrontação com a Rua Afonso Domingues, é constituída por um corpo longitudinal central e por duas naves que ladeiam cada um dos seus lados e apresenta uma estrutura em pedra natural de granito e asnas de madeira que fazer o suporte da cobertura em telha cerâmica; a terceira fase, de 1947, é a primeira ampliação relativa ao edifício principal e é constituída por duas naves semelhantes, esteticamente e estruturalmente, às existentes, situadas nas duas extremidades do núcleo anterior; por fim, a quarta fase foi construída em 1957, representando um edifício formalmente distinto dos anteriores, com uma estrutura porticada em betão armado e que formalizou uma fachada orientada a Sul, estabelecendo a ligação com a rua Cidade de Cáceres.

Figura 3 – Localização | Covilhã_ Bairro Municipal 3.1. Metodologia e programa A metodologia que dá origem ao conceito arquitectónico que formaliza o espaço, surge da observação e constatação do edifício enquanto elemento unificador da imagem do aglomerado urbano em que se insere e na sua relação com as necessidades da cidade actual. Delineou-se então uma proposta que dissolve-se as duas realidades e que fosse ao encontro dos pressupostos que regem o equilíbrio entre a história que cada detalhe do edifício conta (Figura 4), reconstruindo e preservando a sua identidade e memória, e as

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alterações que se impunham introduzir-lhe, como forma de agilizar a reformulação do seu programa funcional.

Figura 4 – Levantamento fotográfico do edifício existente Após ter sido estipulada qual a funcionalidade a dar a este antigo edifício industrial, passou-se a um processo de pesquisa e identificação dos esquemas formais e funcionais aplicados ao tipo de programa pretendido. Assim, e após uma interpretação daquele que era o panorama geral em correlação com as características do edifício em estudo, definiram-se os seguintes espaços chave: Zona administrativa, cafetaria / refeitório, foyer, serviços técnicos, salas de reunião, salas de workshop, salas de incubação, salão multiusos, auditório e parque de estacionamento. Deste modo, para que o programa funcional e formal que se pretendia implementar, fosse possível de resolver e enquadrar, dentro daquelas que eram as limitações de trabalhar sobre um “suporte” pré-existente, chegou-se a um diagrama organizado em 3 novos módulos – 1|administração; 2|área de trabalho; 3|eventos (Figura 5) - que estando física e logisticamente ligados entre si podem funcionar de forma independente, ao mesmo tempo que as acessibilidades e comunicações, exteriores e interiores, horizontais e verticais, foram devidamente salvaguardadas, de modo a assegurar uma mobilidade autónoma por parte de qualquer cidadão, dentro daquele que se pretende que seja um edifício/programa inclusivo.

Figura 5 – ● Módulo 1 | ● Módulo 2 | ● Módulo 3 A resolução da proposta foi elaborada com vista à optimização das condições oferecidas aos utilizadores do edifício, à capacidade logística de se disponibilizar um leque de multitarefas capazes de coabitar de forma coerente, através de uma planta que permite a fluidez espacial e a organização hierárquica dos Congreso Latinoamericano REHABEND 2014

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espaços. A estruturação funcional e programática do edifício atinge-se através da harmonização das diferentes áreas, articuladas através de percursos que distinguem o que é público, semi-público e privado, permitindo a utilização independente de cada módulo e possibilitando o seu cruzamento sempre que assim seja necessário (Figura 6). A unidade do edifício alcança-se através da estereotomia dos materiais, com as fachadas em pedra de granito e reboco pintado de branco e as caixilharias em ferro existentes, devidamente restauradas e pintadas de cor antracite. No interior, os pavimentos e carpintarias são em madeira de carvalho, contrastando com as paredes e tectos brancos que potenciam a luminosidade dos espaços e o efeito luz/sombra. Módulo 1

Módulo 2

Módulo 3

Figura 6 – Corte longitudinal da proposta arquitectónica 4. CONCLUSÃO Deste estudo é possível concluir que a imagem urbana de uma cidade se prende com as contingências da sua evolução histórica. A Covilhã denotou desde cedo uma tendência industrial, que prosperou durante séculos e que deixou marcas profundas no seu território, no planeamento urbano e na paisagem construída. Apesar disso, a cidade denotou dificuldades em gerir o pós-período industrial, que assolou a cidade de grandiosos edifícios desactivados e para o qual não foi encontrada solução. Actualmente, ao percorrer os vales das ribeiras da Carpinteira e da Goldra, consegue percepcionar-se um denso conjunto de sensações, através de uma perspectiva em que a paisagem retracta um forte sentido de domínio e omnipresença da cultura e identidade industrial, reflectida em fachadas que gritam o vazio a que estão condenadas. Esta perspectiva permite-nos assim concluir que nenhuma cidade pode aspirar evoluir esquecendo-se do seu passado, tornando-se a preservação do seu património (i)material, fulcral para o desenvolvimento da cidade, revelando-se a capacidade de reverter a condição de edifícios abandonados na malha urbana em mais-valias para a sociedade actual, como o caminho para a revitalização da imagem da cidade, estimulando a sua capacidade de unificação e valorização histórica e cultural. 5. REFERÊNCIAS [1] Pinheiro, Elisa Calado, “A Universidade da Beira Interior e o seu papel na reabilitação e reutilização do património industrial da Covilhã”; in “Monumentos: cidade, património, reabilitação”; Julho 2009, nº29; Pág. 99 [2] Santo, Raquel Espirito, Dissertação de Mestrado “Covilhã: Paisagem Industrial”. Universidade de Coimbra, Coimbra, 2010. Pág. 91. [3] Culot, Maurice, Alter Arquitectura. Lisboa, Portugal: Edições 70, 2013. Sinopse. Congreso Latinoamericano REHABEND 2014

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