A Cidade Medieval de Tomar

June 2, 2017 | Autor: Rita Esteves | Categoria: Cidade medieval, Tomar, Convento De Tomar
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Universidade de Lisboa
Faculdade de Letras




A Cidade Medieval de Tomar





Cadeira Opcional: História Urbana Medieval
Ministrada pela Prof. Maria Manuel Santos Silva
Ano Letivo 2015/2016
2º Semestre
Discente: Rita Peixeiro Lopes Esteves Nº de Aluno: 50147
Índice
Índice 1
Introdução 2
1. Posição Geográfica 3
1.1 Posição geoestratégica 3
2. Paisagem Urbana 4
2.1 Muralhas 4
2.2 Portas 5
2.3 Vias de Comunicação 5
2.4 Habitação 7
3. Edifícios de Prestigio 10
3.1 Convento de Cristo 10
3.2 Sinagoga 12
Bibliografia 14
Anexos 16















Introdução

O trabalho surge no âmbito da cadeira de História Urbana Medieval lecionada pela Professora Doutora Maria Manuela Santos Silva, e irá tratar sobre a cidade de Tomar na época medieval. Irei explorar as suas infraestruturas, o papel da cidade no reino de Portugal e a importância sua importância.
Começarei por falar da localização geográfica e a sua posição geoestratégica, e no que diz respeito às infraestruturas não humanas, da sua muralha e portas, constituição urbanística, e tipo de casas existentes. Irei focar me num dos pontos arquitetónicos de Tomar, o Convento de Cristo por considerar que este é de extrema importância para a cidade e para se entender o seu passado.
Para desenvolver o trabalho tive por base duas obras principais, Tomar Medieval, o espaço e os homens e Atlas de cidades medievais portuguesas (séculos XII-XV), de Manuel Sílvio Alves Conde e Oliveira Marques, Iria Gonçalves, Amélia Andrade respetivamente.
Tendo também outros autores como Luís Maria dos Santos Graça, e outros livros e estudos sobre o assunto em estudo. O trabalho tenta assim mostrar o que foi Tomar Medieval.












Posição Geográfica

A cidade de Tomar encontra-se no Vale do Médio Tejo, onde o rio de Tomar, o rio Nabão vai desaguar no rio Tejo. Era uma região bastante fértil por se encontrar num vale que também o é na sua grande maioria. Não existiam grandes acidentes geográficos que dificultassem a agricultura que se praticava. Pelo mapa apresentado nos anexos podemos constatar a já anteriormente referida proximidade com o rio Nabão e localizar as regiões que também se encontravam perto de Tomar, como era o exemplo de Torres Novas.

1.1 Posição geoestratégica
Desde cedo que esta sua posição foi aproveitada pelo rei e também por exemplo pela Ordem do Templo. Antes da Reconquista Tomar tinha o papel de simples vila mas com a chegada da Reconquista Tomar torna-se um ponto estratégico na linha do Tejo que era até então a fronteira do Reino de Portugal. Ela era uma ligação entre a linha da frente da Reconquista e a importante cidade de Coimbra. Após o final da Reconquista, da qual Tomar fez parte em 1147 quando D. Afonso Henrique a conquistou, esta importância geoestratégica que destacava Tomar perdeu-se com o período de paz que se viveu, foi assim possível que a cidade crescesse e se desenvolvesse, dentro e fora das muralhas.
No tempo Medieval, todos os que viajavam do Norte ou Centro de Portugal e que queriam ir para Santarém ou Lisboa tinham que passar quase sempre por Tomar o que o tornou desde cedo um local de passagem e por isso um ponto geográfico com alguma importância desde cedo.




Paisagem Urbana

Muralhas

Estima-se que as muralhas da cidade tenham sido construídas no século XIII por volta do ano de 1160, que foi o mesmo ano em que o castelo começou a ser construído. Na planta que se encontra disponível no anexo número dois, podemos ver as muralhas que foram edificadas com a construção do castelo. A primeira linha de muralhas a ser construída foi a que rodeava a alcáçova que tinha cerca de 190 metros e onde o castelo e todos os seus constituintes se dispersavam pelo polígono que formavam e das quais apenas restam as partes oriental e meridional, as outras partes que hoje em dia já não se encontram edificadas danificaram-se devido às obras do Convento. Paralelo ao plano meridional existia uma outra muralha que delimitava o espaço entre a Charola e uma das portas da cidade, mais à frente abordada, que era a Porta do Sol. Por sua vez a almedina, com 320 metros, era envolvida por outro conjunto de muralhas, das quais só existem atualmente a meridional e oriental, devido também ao aumento do Convento, vemos no anexo número dois que as muralhas da almedina e as da alcáçova se uniam num ponto da sua construção.
Os renques das muralhas parecem ter sido construídos em alturas diferentes, pois têm diferenças que levam a questionar se terão ou não sido construídos na mesma altura. Elas têm um muro exterior, menos expeço, e um no interior que é mais baixo.
Com o relevo acidentado que a área apresenta, a irregularidade que podemos constatar na muralha, é facilmente justificada, pois esta teve que se adaptar ao relevo.
Com o recuo dos muçulmanos para sul, com a Reconquista, Tomar atravessou períodos de paz e as muralhas só foram necessárias aquando das guerras com Castela e os conflitos de 1319-1334.


Portas
As portas, também visíveis no anexo número dois, eram a ligação entre o espaço intramuros e o exterior, ou seja, a ligação entre o interior das muralhas e o exterior. Existiam três portas, a Porta de Santiago, a Porta do Sol e a Porta da Almedina. A Porta da Almedina foi construída numa reentrância da muralha e era rodeada por duas torres, podendo também ser conhecida como a Porta do Sangue por se ter impedido uma investida muçulmana no ano de 1190 e ocorreram diversas mortes nessa porta. Por sua vez as outras duas portas, a de Santiago e do Sol, formam um conjunto, em arco, de acesso à Alcáçova. A porta do Sol tem este nome por ficar virada para nascente, ou seja, a direção em que o sol nasce. Já a porta de Santiago não terá sido construída logo que o castelo foi edificado e terá sido acrescentada apenas no século XV ou XVI, tendo o seu nome originado da calçada que liga o castelo à cidade.
Elas tinham uma importância fundamental a vários níveis, militares, económicos, fiscais e higiénicos, e mesmo simbólicos. A sua defesa era assim prioritária em tempos de guerra, pois fechada protegiam a cidade dos males exteriores mas quando atacadas e danificadas significavam muitas das vezes a entrada na cidade.

Vias de Comunicação

Em qualquer cidade ou vila as vias de comunicação são de extrema importância para o desenvolvimento, isto porque é a partir de si que circulam as pessoas e as mercadorias, sendo também elas que tornam a cidade, neste caso Tomar, acessível.
As primeiras referências às ruas de Tomar surgiram em 1178, e isso leva a querer que a construção das vias e das habitações, ou seja, da Vila de Baixo, acompanhou a construção do castelo e apesar de este acompanhamento de construções ter acontecido pode constatar-se as diferenças da Vila de Baixo com o castelo e o seu envolvente. A vila não era muralhada, apenas a parte superior da cidade o era, o que mostra logo uma diferença da cidade de Tomar em relação a outras cidades em que tanto a Alcáçova como a restante vila eram muralhadas, o que não acontece aqui como é bem visível no anexo número 3.
No que diz respeito às vias de comunicação que vão dar acesso à cidade e ao centro urbano, existiam várias estradas, que podem ser analisadas na ilustração presente no anexo número 3 e também no número 4. Eram elas as estradas de Santarém, Coimbrã, Leiria, Torres, Prado, Maria Naia e o caminho de Peniche, eram estas as estradas que ligavam outras localidades a Tomar. Quantos mais homens e cargas passassem pela via mais importante a via era, ou seja, uma via ser movimentada ou não era o que ditava a sua importância. Quanto às suas construções não se sabe muito mas segundo estudos arqueológicos e segundo Manuel Sílvio Alves Conde deviam ser semelhantes à maior parte das estradas de Portugal, ou seja, de terra, que nos tempos de chuva ficava apenas um caminho de lama. Contudo em algumas zonas de Tomar começa a ser utilizada a calçada para melhorar as vias para que o acontecimento anteriormente referido não se sucedesse nos tempos de chuva.
Já no que diz respeito às vias dentro do espaço urbano de Tomar, temos inúmeras vias de comunicação, desde ruas a caminhos ou mesmo praças. Podemos visualizar estas vias urbanas nos anexos, mais precisamente na figura número 4. A que mais se destaca pela importância que tinha é a Corredoura, por ela era quase obrigatório passar para ter acesso à Alcáçova e era a principal via de ligação entre a mesma Alcáçova e o Rio Grande, a via ligava o castelo ao rio e prolongava-se pela ponte, dando acesso a várias direções, exemplo de Coimbra. Com esta via ligavam-se outras importantes vias de comunicação, em que podemos mencionar a Rua Direita, que era uma dos principais eixos de circulação, ao analisarmos a planta, que como já anteriormente referido se podem visualizar na figura número 4 dos anexos, podemos ver que a Rua da Direita era uma das ruas verticais, tal como a rua dos Moinhos, Pé da Costa e a Rua dos Meios. Já nas ruas horizontais, podemos observar, de novo a Várzea Pequena, a Rua dos Camanos, a Rua da Peraguilha, Rua Gil de Avô, Rua dos Oleiros, a já anteriormente mencionada Corredoura, a Rua de São João, a Judaria, Rua de Maria Dona, Rua da Graça, Rua dos Arcos, Rua de São Brás, Rossio da Vila, e o Caminho da Riba Fria. Pode denotar-se que as duas vias de comunicação que parecem ser mais antigas são a Corredoura e a de São João, que são conhecidas duas décadas após a doação da cidade aos Templários.
É de salientar, ao analisar a planta, que o traçado das ruas era organizado, o que não acontecia em muitas outras cidades medievais em Portugal. Quanto à higiene e à largura as suas vias eram igualmente deficientes com as restantes do reino.
Também de extrema importâncias eram as pontes que juntavam margens que sem elas só de barco se poderiam atravessar e que podiam ficar isoladas sem as mesmas, exemplo de ponte é a "Ponte da Vila " que unia as duas margens de Tomar que são separadas pelo Rio Grande de Tomar.
Outro dos pontos fulcrais a focar no que toca à toponímia das ruas é a localização da Judiaria. Em Tomar ela encontrava-se muito perto do centro da cidade, ficando transversalmente à rua Direita. Isto acontecia, em muito, devido às ocupações que o povo judaico exercia nas cidades.
Por fim no que diz respeito à organização social das ruas, ou à sua segregação, em Tomar esta não existia, pois as ruas albergavam vários tipos de serviços e de pessoas. Podemos exemplificar através da Corredoura onde se encontrava desde do barbeiro ao escudeiro e desde do burocrata ao lavrador, não sendo uma rua definida para um ocupação como existia em algumas cidades. Contudo existia uma zonagem, por razões relacionadas com a moralidade, exemplo disso era a prostituição que era aceite mas que só era permitida em zonas mais periféricas e degradadas do centro urbano, tal como os freires que ficaram restritos ao seu bairro eclesiástico e os Judeus à sua judiaria.

Habitação
É difícil determinar ao certo como eram as habitações em Tomar na época medieval, muito devido ao deteriorar do qual foram alvo com o passar dos anos, e o que subsistiu da época, foi já posteriormente restaurado. Tem por isso que se procurar nos testemunhos que nem sempre nos fornecem toda a informação que gostaríamos. Deve-se também ter em atenção ao vocabulário, porque na altura "casa" poderia designar o todo da habitação como podia designar apenas uma das divisões ou conjunto de divisões.
Segundo nos indica Manuel Sílvio Alves Conde podíamos encontrar na cidade em estudo vários tipos de casas, desde a mais sofisticada à mais humilde, contudo as que mais se sabe que existissem eram as de escalão mais baixo, ou seja, as mais humildes. Isso diz nos que as casas mais comuns eram as casas de apenas um piso e com divisão única. Encontrava-se também a casa térrea mas com duas divisões, uma que era a "casa dianteira" e outra que era a chamada "casa de dentro". Por fim também eram comuns as casas de dois pisos, em que no térreo tínhamos a loja e/ou sobrado e no andar de cima era a residência da família.
Existiam como é claro algumas casas que fugiam ao padrão e que tinham outra planta, com mais casas ou dispostas de maneiras diferentes. Era raro que se encontra-se nesta cidade casas com quatro ou mais divisões ou que tivessem três pisos, estas últimas podiam ser encontradas nos Estaus e isso acontecia devido à falta de espaço que existia no local e o valor locativo em que se inseria, sendo os restantes já construções de prestígio como é exemplo os Aposentos do Vigário. Estas referidas por último pertenciam a famílias mais abastadas, que tal como as que construíam as casas-torre se queriam destacar por serem elites e quererem mostrar o seu poder, e era mais natural que existissem na zona da Ribeira por ser mais central. As "casas", divisões, no seu geral não tinham uma função única, muitas das vezes as divisões serviam para várias funções, desde dormir a comer. Dependendo da ocupação do proprietário e das suas posses económicas, por isso se o proprietário tivesse uma profissão que o obrigasse a ter uma oficina ou uma loja teria que ter uma divisão especializada. Podemos também encontrar em algumas casas uma espécie de alpendre, que era um espaço de proteção, mas também um local social, onde se podia sociabilizar. Segundo os estudos de Manuel Sílvio Conde o tamanho médio das casas em metros quadrados não ultrapassava os 60 metros quadrados, mais de 70% das casas tinham apenas entre 31 a 90 metros quadrados, claro que existiam sempre as exceções com casas maior que a média.
Na sua construção das casas, usava-se à semelhança de outros locais a pedra, barro, areia, cal e madeira. Que eram os materiais que mais na região se encontravam e que por isso eram utilizados, pois nesta altura com os deficientes meios de transporte que existiam era necessário que os materiais se encontrassem perto da área de construção. A pedra, era contudo, mais utilizada nos edifícios de prestígio, mas as construções comuns utilizavam-na apenas para alicerces, escadas, ou outras utilizações mais restritas. As habitações mais modestas, recorriam a matérias de menor duração, ou seja, mais perecíveis, como o barro, areia, cal e madeira, porque eram mais baratos, sendo o barro o mais amplamente utilizado. O barro era utilizado em várias formas, desde taipa, adobe a tijolo. Os dois primeiros eram mais fáceis de elaborar e mais económicos mas não eram muito resistentes à humidade, já o segundo era mais resistente mas mais elaborado. A cal, já anteriormente mencionado era utilizada para um reforço das paredes para que estas conseguissem aguentar com mais durabilidade as reações atmosféricas. A também já referida madeira era utilizada nas portas, janelas, revestimento de telhados. Podendo também apontar o ferro, mas numa fase mais tardia, que se utilizava nas fechaduras, ferragens, casos mais ligados à segurança da habitação.
No que diz respeito às aberturas para o exterior de que as casas eram dotadas, em Tomar, tal como no restante reino, as aberturas eram quase inexistentes, com a porta apenas ou uma janela, o que condicionava a luminosidade da habitação, mas era mais fácil regular as temperaturas. Já o chão, o pavimento era na sua maior parte de terra batida e quando havia a possibilidade podia ser ladrilhado ou lajeando o que aumentava o conforto da habitação mas que infelizmente não era acessível a toda a população. Por fim a cobertura das casas segundo as fontes disponíveis e o estudo de Manuel Sílvio Alves Conde a telha era utilizada nas casas, sem se esquecer de mencionar que no termo usava-se o revestimento em palha, o que também poderia acontecer na vila. As chaminés apenas são referidas em poucas casas, como é o exemplo dos Aposentos do Vigário.


Edifícios de Prestigio
Convento de Cristo

O Convento de Cristo é um dos marcos arquitetónicos de Tomar e por isso uma parte importante do trabalho. O convento faz parte do Castelo dos Templários, já referido anteriormente.
A construção do convento começou a partir da Charola, construindo-se, depois, primeiro o Claustro do Cemitério e da Lavagem. A verdadeira impulsão da construção dá-se com D. Manuel I e com D. João III, pois é com eles que as dimensões do convento crescem, com a construção de novos claustros, cozinhas, refeitórios, entre outras muitas divisões, já numa segunda fase de construção do convento.
Em 1420 o castelo era a sede da Ordem de Cristo e é o infante D. Henrique que o transforma em convento, para que as novas necessidades da ordem na qual ele tinha feito algumas alterações se satisfizessem, a Alcáçova passa a albergar a sua casa senhorial. Para a construção de tal edifício foi necessário vários tipos de trabalhadores especializados, de destacar os seus arquitetos dos quais mais se sobressaíram João de Castilho e Diogo de Torralva, que foi o arquiteto do Claustro Principal. Dos outros trabalhadores pode salientar-se os pedreiros e artistas mecânicos que foram também de extrema importância. A terceira fase de construção que se pode analisar acontece já durante o domínio espanhol, e que se preocupou com a finalização da construção do Claustro Principal e com o maior fornecimento de água ao convento, fase na qual já se podem destacar outros arquitetos.
Com a perda de influência e poder por parte da Ordem de Cristo, que se deu com o liberalismo que acaba por extinguir a ordem, o convento fica entregue a uma utilização privada, mas que não traz consequências no que diz respeito à sua conservação.
A Charola é um dos elementos do convento que se deve destacar. É de traço românico e remonta ao século XII, tem um formato octogonal tal como podemos observar na ilustração número 5. Como já referido anteriormente a Charola era um oratório que os «freires templários» construíram para S. Tomás da Cantuária. No tempo de D. Manuel I, a construção vai sofrer as suas primeiras modificações, pois a Charola já era pequena para satisfazer as necessidades do convento. Vai por isso acrescentar-se ao plano inicial uma nave da igreja, construção de um coro, e de uma sala do capítulo. Estas novas edificações fizeram com que a antiga construção tivesse que se desfazer, ser sacrificada, em alguns aspetos que tiveram que desaparecer, exemplo disso foram as duas faces da rotunda que tiveram de ser destruídas para que se pudesse construir a nave manuelina. É devido através de uma iluminura que se pode ver como era a Charola antes da reforma, era uma torre cilíndrica, com grandes contrafortes, com ameias, da qual surgia o coruchéu. A iluminação do oratório era feita a partir de algumas frescuras.
O Claustro do Cemitério, tem a sua ligação á Charola, foi mandado construir ainda no tempo do infante D. Henrique e foi a o primeiro claustro do convento a ser edificado no ano de 1420. O claustro era um complemento à Igreja de Santa Maria dos Olivais que era o Panteão dos grão-mestres da Ordem do Templo e da Ordem de Cristo. A planta da construção é quadrada e com uma galeria em forma de abobada. Tem os arcos ogivais, 5 conjuntos, que vão por sua vez apoiar-se em colunas que se encontram emparelhadas, colunas essas que têm capitéis com uma decoração vegetalista. Fernão Gonçalves foi o arquiteto a quem o claustro é atribuído, mas a sua construção vai sofrer algumas alterações com o passar do tempo, pois tal como aconteceu com a Charola, os diferentes monarcas que sobem ao trono acabam por fazer alterações. Neste caso as alterações que se deram nos reinados de D. Manuel I e Filipe II não danificaram em grande parte a construção inicial, as arcadas, por exemplo, mantiveram-se inalteradas. Assistimos contudo à criação de espaços adjacentes, tais como: Sacristia Velha, Sacristia Filipina, Capela dos Portocarreiros e um novo corredor que dava acesso à Charola
Outra parte do convento que é importante destacar é o Claustro da Lavagem, foi também edificado no tempo do Infante D. Henrique, e segundo testemunho da época tem esse nome porque por baixo do claustro era onde se lavava os hábitos dos religiosos. De planta, também quadrada, e dois pisos para que pudesse ter acesso à Charola e ao Claustro do Cemitério. O piso de cima era destinado à habitação dos freires, e o de baixo destinado à habitação dos empregados, cozinha e oficinas, e tinha ainda uma «calçada» que o ligava à porta da Almedina.
Penso que para a cronologia estudada, estes três elementos do Convento de Cristo são os que se devem destacar, pois são aqueles que foram construídos na época medieval. Com já dito ao longo do tempo o convento foi continuamente aumentado por diferentes monarcas ao longo se séculos. Foi esta construção demorada e faseada que tornou o convento o grandioso monumento que é hoje em dia.

Sinagoga
É de extrema importância abordar também edifícios de prestígio que estejam ligados ao bairro diferenciado que Tomar tinha. E era aí que se encontrava a sinagoga que é um dos edifícios de prestígio religiosos. Era um edifício gótico, que apresenta uma planta de forma quadrangular, e que à semelhança do Convento de Cristo foi sofrendo alterações ao longo do tempo consoante as «serventias» a que tinha de se adaptar. Na sua construção ostenta uma abóbada de tijola com uma altura bastante elevada, que assenta em quatro colunas centrais e em doze mísulas que se encontravam ligadas à parede.




Conclusão
Com a realização do trabalho tentei dar a conhecer melhor a cidade que Tomar foi na época Medieval. Abordado ao longo do trabalho pontos que considerei de maior relevância para conhecer a estrutura da cidade, ponto em que o trabalho se focava.
Através do trabalho é possível conhecer as muralhas e as portas da cidade, as suas vias de comunicação, as suas casas e a construção das mesmas e por fim dois dos edifícios de prestígio, que eu escolhi numa área religiosa, tendo focado assim dois monumentos religiosos que a cidade oferece: Convento de Cristo e a Sinagoga. É possível conhecer também um pouco sobre a posição geoestratégica da cidade, o que nos mostra a importância que a cidade tinha para o reino. É possível ver que Tomar tinha várias semelhanças com as outras cidades do reino, a maior diferença que se pode destacar é a sua planta que ao contrário das restantes cidades, exceto outros poucos exemplos, é bastante organizada. Penso que por fim seja importante destacar o facto de apenas a Alcáçova ser a zona muralhada e que a parte onde a população se encontrava não tinha quaisquer tipos de proteção.
Foi uma pesquisa concretizada pela pesquisa bibliográfica que me fez explorar os diversos pontos focados no trabalho.
Para se conhecer uma cidade é fundamental conhecer a sua estrutura, sobretudo a passada, e foi isto que o trabalho tentou demonstrar e concluir, as estruturas da cidade medieval de Tomar, para que se conhecesse melhor a cidade.











Bibliografia

Bibliografia Consultada

1.Obras Especificas
MARQUES, A. H. de Oliveira, GONÇALVES, Iria, ANDRADE, Amélia,
Atlas de cidades medievais portuguesas (séculos XII-XV), Lisboa, Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa, 1990, pp.73-75.

2.Obras Gerais
CONDE, Manuel Sílvio Alves,
Tomar Medieval, o espaço e os homens, Cascais, Patrimonia, 1996.

GRAÇA, Luís Maria Pedrosa dos Santos,
Convento de Cristo, Lisboa, Elo, 1991.

SANTOS, Filipa
O médio Tejo dos meados do século IX à primeira metade do século XIII: militarização e povoamento, Tese de mestrado, História Medieval, Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, 2012.

TRINDADE, Luísa
Urbanismo na composição de Portugal, Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2013.

3.Sites
Médio Tejo Portal Regional- Geografia: http://www.mediotejodigital.pt/pt/conteudos/regiao%20do%20medio%20tejo/geografia/feddae7e-9a5a-4d7f-bc0d-e56ece881d8c.htm, consultado a 28 de Março de 2016.

Câmara Municipal de Tomar, Tomar Cidade Templária- Castelo Templário e Convento de Cristo: http://www.cm-tomar.pt/index.php/convento-cristo#convento-de-cristo, consultado a 7 de Abril de 2016.

Convento de Cristo- Convento de Cristo: http://www.conventocristo.pt/pt/index.php?s=white&pid=29, consultado a 17 de Abril de 2016.

Tomar Terra Templária- Castelo-Portas-Porta do Sol: http://www.ttt.ipt.pt/index.php?nivel=2&m=22, consultado a 22 de Maio de 2016.

Tomar Terra Templária- Castelo- Portas-Porta de Santiago: http://www.ttt.ipt.pt/index.php?nivel=2&m=24, consultado a 22 de Maio de 2016.


Bibliografia Pesquisada

Obras Gerais
CONDE, MANUEL Sílvio Alves,
Paisagem Humanizada (uma). O Médio Tejo nos Finais da Idade Média, 2 vols., Cascais, Patrimonia Historica, 2000.

LOPEZ, Roberto S.
A Cidade Medieval, Entrevista conduzida por Marino Berengo, Lisboa, Editorial Presença, 1988.

JORGE, María Elena Díez, PALAZÓN, Julio Navarro
La Casa Medieval En La Península Ibérica, México, Sílex Ediciones, 2015. 



Anexos
Ilustração 3: Vias de ComunicaçãoIlustração2: Reconstituição do Castelo de TomarIlustração 1: Localização do Termo de Tomar
Ilustração 3: Vias de Comunicação
Ilustração2: Reconstituição do Castelo de Tomar
Ilustração 1: Localização do Termo de Tomar




















Ilustração 5: Planta do Convento de CristoIlustração 4: Planta da Cidade de Tomar
Ilustração 5: Planta do Convento de Cristo
Ilustração 4: Planta da Cidade de Tomar




A região do Médio Tejo situa-se no centro de Portugal, no distrito de Santarém, sendo Tomar um dos seus Municípios.
Vide anexo 1.
Vide A. H. de Oliveira Marques, Iria Gonçalves, Amélia Andrade,
Atlas de cidades medievais portuguesas (séculos XII-XV), Lisboa, Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa, 1990, p.74.
A este propósito, tenha-se em conta, Manuel Sílvio Alves Conde, Tomar Medieval, o espaço e os homens, Cascais, Patrimonia, 1996.
Vide idem, ibidem, p.65.

Vide A. H. de Oliveira Marques, Iria Gonçalves, Amélia Andrade, op. cit., p.73.
Sobre o assunto vide o que afirma Manuel Sílvio Alves Conde, op.cit., p.68.
Vide A. H. de Oliveira Marques, Iria Gonçalves, Amélia Andrade, op. cit., p.73.
A este propósito, tenha-se em questão, Manuel Sílvio Alves Conde, op.cit., p.70.
Vide A. H. de Oliveira Marques, Iria Gonçalves, Amélia Andrade, op. cit., p.73.
Vide Manuel Sílvio Alves Conde, op.cit., p.70.
Guerra Civil que se deu entre D. Dinis e D. Afonso IV.
Vide A. H. de Oliveira Marques, Iria Gonçalves, Amélia Andrade,op. cit., p.73.
A este propósito, tenha-se em questão, Câmara Municipal de Tomar, Tomar Cidade Templária- Castelo Templário e Convento de Cristo.
Sobre o assunto vide o que afirma Manuel Sílvio Alves Conde, op.cit., p.68
A este propósito, tenha-se em questão, Tomar Terra Templária- Castelo-Portas-Porta do Sol.
Vide Tomar Terra Templária- Castelo- Portas-Porta de Santiago.
Vide Luísa Trindade, Urbanismo na composição de Portugal, Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2013.
Vide A. H. de Oliveira Marques, Iria Gonçalves, Amélia Andrade, op. cit., p.73.
Vide Luísa Trindade, Urbanismo na composição de Portugal, Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2013, p.418.
Foi com a regularização do rio que o Infante D. Henrique mandou fazer com o aprofundamento do canal do Mouchão que possibilitou que os terrenos da Várzea Pequena fossem secos para que fossem aproveitados.
Era o mercado da cidade, onde se fazia a feira.
Vide Luísa Trindade, op.cit.,p.417.
Vide anexo 4.
Sobre o assunto vide o que afirma Manuel Sílvio Alves Conde, op.cit., pp.95 e 98.
IDEM, ibidem, pp.104-105.
D. Henrique mandou construir o monumento como albergaria.
Sobre o assunto vide o que afirma Manuel Sílvio Alves Conde, op.cit., p.110.
Vide Luísa Trindade, op.cit., p.421.
IDEM, ibidem, pp.111-114.
IDEM, ibidem, p.116.
IDEM ibidem, p.122.
IDEM ibidem, p.117.
Brita e areia combinadas com barro cru.
Barro cru amassado com palha e areia.
Barro cozido.
Sobre o assunto vide o que afirma Manuel Sílvio Alves Conde, op.cit., p.118.
IDEM, ibidem, p.119.
IDEM ibidem, pp.122-124.
IDEM, ibidem, pp.118-121.
Oratório utilizado pelos Templários.
Vide Luís Maria Pedrosa dos Santos Graça, Convento de Cristo, Lisboa, Elo, 1991, p.6.
IDEM, ibidem, p.8.
Foi a primeira fase de construção do Convento.
A este propósito, tenha-se em questão, o site do Convento de Cristo,
IDEM, ibidem, p.8.
IDEM, ibidem, p.8.
IDEM, ibidem, p.12.
Vide anexos.
Vide Manuel Sílvio Alves Conde, op.cit., p.128.
Rotunda que detinha dezasseis faces e que rematava em cúpula.
IDEM, ibidem, pp.128-129.
Parte mais elevada de uma torre ou de um campanário, geralmente com remate pontiagudo
Vide Manuel Sílvio Alves Conde, op.cit., p.129.
IDEM, ibidem, p.129.
Sobre o assunto, vide o que afirma, Luís Maria Pedrosa dos Santos Graça, op.cit., p.28.
IDEM, ibidem, p,28.
Vide Manuel Sílvio Alves Conde, op.cit., p.130.
A este propósito tenha-se em questão Luís Maria Pedrosa dos Santos Graça, op.cit., p.29.
Fr.Bernardo da Costa, 1771.
Vide Luís Maria Pedrosa dos Santos Graça, op.cit., p.40.
IDEM, ibidem, pp.40-41.
Vide A. H. de Oliveira Marques, Iria Gonçalves, Amélia Andrade, op.cit., pp.73-74.
Serve para sustentar a abóbada.
A este propósito, tenha-se em atenção, Manuel Sílvio Alves Conde, op.cit., p.134.

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