A CIVILIZAÇÃO CHINESA

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A CIVILIZAÇÃO CHINESA Os chineses têm uma imensa experiência acumulada. Sua história já dura mais de 4 mil anos. Ao longo desses milênios de história. O povo chinês foi responsável pela invenção do compasso, do papel, da bússola e outros inventos de extraordinária importância para a humanidade. 1. CHINA PALEOLÍTICO. A china é a mais antiga entre todas as civilizações ainda em atividade no mundo. O território da China já era habitado por antepassados da espécie humana desde, pelo menos, meio milhão de anos atrás. Uma das mais antigas provas da ocupação Chinesa foi dada pela descoberta do homo erectus pekinensis, que ficou popularmente conhecido por homem de Pequim. Fosseis desses indivíduos (não se sabe se era homem ou mulher) foram encontrados em escavações arqueológicas, realizadas entre 1923 e 1929, numa caverna localizada a cerca de 50 quilômetros a sudeste de Pequim, a capital da China. Descobertas realizadas posteriormente mostraram que o homem de Pequim viveu entre 250 mil a 800 mil anos atrás, e que se espalharam por várias regiões do território Chinês. Mas os chineses não descendem do homo erectus pekinensis. Os hominídeos desapareceram completamente. Os chineses como toda a humanidade, descendem do Homo sapiens (homem moderno), que se originou na África e se espalhou pelo mundo a partir de 100mil anos atrás, aproximadamente. Graças às pesquisas realizadas pelos arqueólogos nas ultimas décadas, sabe-se que o Homo sapiens se espalhou amplamente pela China entre 50 mil e 12 mil anos atrás. 2. O SURGIMENTO DA AGRICULTURA NA CHINA. Por volta de 10 mil anos atrás, os grupos humanos que viviam da caça, da coleta e da pesca deram inicio à agricultura e à criação de animais aproveitando as plantas e os animais que existiam em abundancia em certas regiões da China. Os arqueólogos encontraram nos sítios chineses mais antigos não só resto de arroz, sorgo e milhete (um tipo miúdo de milho), como ossos de porcos, cachorros e galinhas. Com o tempo, essa lista cresceu, incorporando novas espécies de plantas, tais como soja, frutas cítricas e chá, e também animais, por exemplo, búfalo, bicho-da-seda, patos e gansos. 1

A agricultura fixou a população, e surgiram os vilarejos mais antigos nos vales dos grandes rios chineses: o rio amarelo (Hoang-ho) e o rio azul (YangTsé-Kiang). As aldeias eram construídas sobre colinas e muitas vezes cercadas por muros de terra batida, dura como cimento, para defendê-los dos ataques de inimigos. A agricultura e a criação de animais garantiram uma fonte segura de alimentos. Os grãos eram estocados em jarros de cerâmica decorando com desenhos de plantas e animais. Tecidos começaram a ser confeccionados utilizando a fibra de cânhamo e também se difundiu o uso de instrumentos feito de metal. O primeiro metal usado foi o cobre, vindo depois o bronze, que apareceu no terceiro milênio antes da Era Cristã. 3. O SURGIMENTO DOS PRIMEIROS REINOS CHINESES. No final do Neolítico, com o ocorreu no Egito e em outros lugares, também na China antiga formou-se o Estado, concentrando o poder nas mãos de um governante, ou mais de um, não se sabe ao certo. Os antigos chineses inventaram lendas e mitos para explicar para si mesmos a origem de sua cultura e do Estado Chinês. Assim, nasceu a crença de que, em tempos passados, tinham existido reis-deuses, ou reis-sábios de moral perfeita, que usaram seus poderes mágicos para melhorar a vida das pessoas. Até poucas décadas atrás os historiadores não conseguiam separar o que era lenda e o que podia ser verdadeiro a respeito dos primeiros governantes chineses. Nos últimos anos, porém, graças ao trabalho dos arqueólogos, foram descobertos muitos vestígios que permitem afirmar que, desde o terceiro milênio antes de cristo, já havia reinos organizados no vale do rio amarelo. Os mais antigos sobre os quais se têm informações seguras são conhecidos pelos nomes das dinastias que governaram na Era do Bronze: Xia, Chang e Chou. Sobre a primeira, foram descobertas poucas evidencias, mas as outras dinastias estão bem documentadas tanto por achados arqueológicos quanto por registros escritos. Para alguns estudiosos, essas dinastias teriam sido contemporâneas, embora governando territórios diferentes. O que é certo, porém, é que os Xias conviveram com os Chang e estes mais tarde conviveram com os Chou. Donde se conclui que elas, provavelmente, constituam fases sucessivas de um mesmo desenvolvimento cultural. Os monarcas dessa dinastia exerciam poder sobre áreas bem amplas, que incluíam reinos 2

menores, e por isso, muitas vezes, os Estados que governavam costumam se chamados de impérios. A dinastia Chang. A dinastia Chang governo durante quase todo o segundo milênio a.C. Ela herdou do período Xia a monarquia hereditária e uma organização social que já se havia distanciado bastante da sociedade de clãs dos tempos Neolíticos. A igualdade social que inicialmente existia nos clãs tinha desaparecido. Em seu lugar tinha surgido uma sociedade marcada por grandes diferenças de riqueza. Uma minoria de famílias privilegiadas formou a classe dirigente. Descobertas arqueológicas revelaram que as famílias mais ricas desfrutavam de uma refinada. Eram servidas por artesãos e mantidas pelo trabalho dos camponeses que habitavam as terras próximas. A escravidão já estava bastante difundida. Os escravos, geralmente obtidos por meio de guerras, eram empregados de preferencia da mineração e em obras públicas, tais como a construção de barragens. À frente do Estado havia um monarca que desempenhava funções de chefe de tribo e de principal sacerdote, unindo, portanto, as funções políticas e as religiosas. Ele conduzia os rituais de adoração dos antepassados, que era um aspecto importante da religião. Com isso o monarca reforçava o prestigio de sua família e legitimava sua própria autoridade. Assim, não é de se estranhar que seu poder tenha aumentado com o passar do tempo. Seu poder pode se avaliado por sua capacidade de recrutamento de um enorme contingente de trabalhadores nas obras publicas, tais como a construção e reconstrução de muralhas de proteção das cidades. Na época dos Chang foram feitas as primeiras observações astronômicas, indispensáveis para o calendário das atividades agrícolas. Foi também quando surgiu à escrita, sob a forma hieroglífica, da qual deriva a escrita chinesa moderna. No final do segundo milênio a.C., o império dos Chang entrou em declínio e acabou sendo conquistado pelos Chou. A dinastia Chang. Os conquistadores Chou viviam a oeste do Estado governado pelos Chang, no vale do rio Wei, afluente do rio amarelo. Em busca de legitimidade, os novos governantes não apelaram para o tradicional culto dos ancestrais. Em 3

vez disso, preferiram invocar o conceito de Mandato Celestial. Segundo essa noção, o rei governava por vontade de uma divindade impessoal, o Céu e, e uma vez no poder devia se comportar de maneira moralmente correta. Em contrapartida, se seus sucessores se tornassem indignos, o Céu podia retirar-lhes no mandato e confiá-lo a outro soberano, que então daria início a uma nova dinastia. O império de Chou estendeu suas fronteiras para o sul até o vale do rio Yang-Tsé Kiang, incorporando novas populações à área de influência da cultura chinesa. Com a nova dinastia, teve inicio um período de importantes avanços técnicos. No ramo da metalurgia, começou a produção de instrumentos de ferro, embora o bronze tivesse continuado a ser o metal de uso predominante ainda por alguns séculos. Os artesãos aprimoraram seus ofícios e o artesanato se separou definitivamente da agricultura. O aprofundamento da divisão do trabalho estimulou as trocas comerciais e aumentou o uso da moeda, que começava a ser feita de metal. As cidades cresciam. No campo, teve início uma nova técnica de cultivo do arroz, que exigia

mais

habilidade

dos

agricultores

e

meios

de

irrigação

mais

aperfeiçoados. Foi introduzido o arado de madeira e ampliado o cultivo das amoreiras para garantir a criação de bicho-da-seda. A agricultura continuava sendo a atividade econômica mais importante, e concentrava a esmagadora maioria da população. Os camponeses trabalhavam nas grandes propriedades pertencentes ao monarca e aos seus funcionários mais graduados. Estes recebiam uma grande parte da colheita, que podia chegar à metade de tudo o que era produzido. Esse regime de exploração provocava p descontentamento e, algumas vezes, a revolta dos camponeses. No século VIII a.C., o império dos Chou começou a ser agitado por revoltas comandadas por chefes militares. Em 771 a.C., a capital foi tomada por forças que haviam se unido contra o rei. Para não ser capturado, fugiu para o leste do país. Ele se salvou, mas teve de ser colocar na dependência de alguns chefes locais poderosos. O poder central se enfraqueceu, o que favoreceu a emergência de centenas de reinos – alguns bem pequenos, não eram mais do que vilarejo cercados de uma fortaleza. Os diversos reinos passaram a disputar a hegemonia dentro do império. Usando da diplomacia ou da guerra, uns reinos foram incorporando os outros e, por fim, restaram apenas sete reinos: Qin, Chu, Qi, Wei, Zhao, Yan e Han. Por causa dessas lutas, a 4

fase final da dinastia Chou ficou conhecida por Período dos Reinos Combatentes e se encerrou em 221 a.C., seguindo-se a ascensão de uma nova dinastia. O confucionismo. Na época em que a China vivia a agitação causada pelas guerras entre os reinos, viveram na China importantes pensadores, sendo Confúcio e Laozi os mais influentes. Os ensinamentos de Confúcio deram origem ao confucionismo, conjunto de princípios filosóficos e morais que serviu de normas de comportamento dos chineses por mais de dois mil anos. Com o tempo, o confucionismo passou a ser visto também como uma religião, e templos dedicados a Confúcio foram erguidos em vários países da Ásia oriental. Confúcio, nascido em 551 a.C., pertencia a uma família nobre, embora empobrecida, e desde muito jovem voltou-se para os estudos. “aos 15 anos, dediquei-me de coração a aprender”, escreveu ele. Era considerado um dos homens mais sábios de seu tempo. Quando adulto ocupou cargos no reino onde vivia, e depois passou muitos anos viajando por vários outros reinos, oferecendo seus conselhos aos senhores locais. Aos 68 anos retornou para sua terra e passou a dedicar-se ao ensino. Faleceu em 479 a.C. Seus discípulos reuniram seus ensinamentos na obra Analectos ( palavra grega que designa uma coleção de escritos ou ditos célebres). As ideias básicas do confucionismo destacam a importância da educação, o respeito aos mais velhos, a ideia de que o homem pode se aperfeiçoar, a obrigação de cada um cumprir seus deveres e, para o governante, o dever moral de dar o bom exemplo. Confúcio ensinava que um governante deveria esforçar-se para oferecer paz e prosperidade ao povo. Se não alcançasse esse objetivo, poderia ser substituído. Embora recomendasse obediência aos superiores, Confúcio admitia a derrubada de um governo que tivesse conduta indigna – uma ideia que estava de acordo com o conceito do Mandato Celestial. Também ensinava que o bom governante devia estimular a educação, promover uma sociedade justa e nomear pessoas capazes para cargos mais importantes, sem se preocupar com a origem social delas. Essa recomendação foi, mais tarde, acatada ao se implantado o sistema de exame para selecionar os funcionários do governo chinês. Depois que a 5

república foi proclamada, em 1912, o confucionismo, considerado uma doutrina conservadora, foi abandonado como filosofia oficial pelo novo governo chinês. O taoísmo. Segundo a tradição, o fundador do taoísmo foi Laozi (Lao-Tsé, que significa “velho mestre”), que era contemporâneo de Confúcio, embora fosse um pouco mais velho. O texto taoista mais conhecido intitula-se Tao Te Ching, ou “livro do Caminho e da Virtude”, e sua autoria é atribuída a Laozi. A palavra chinesa Tao, que compõe o termo taoísmo, quer dizer “caminho”. Os taoistas defendem a moderação dos desejos, pois quando são numerosos e intensos causam perturbação. Acreditam que todas as coisas e todos os seres têm um caminho, que é o natural. E que, para seguir esse caminho, a pessoas deve aceitar a ordem natural das coisas, sem resistência. Esse ponto mostra a radical diferença que separa o confucionismo do taoísmo. Este defende a necessidade de se afastar das obrigações sociais para levar uma existência livre e espontânea. Já para o confucionismo, o que importa não é o individuo, mas o coletivo, a organização social, que precisa ser preservada. Assim, como o que aconteceu com o confucionismo, o taoísmo, com o tempo, deixou de ser apenas uma filosofia e converteu-se também em religião por seguidores preocupados com a questão da imortalidade e da salvação. Adotou doutrina, culto e deuses. Uma desses deuses era o próprio Laozi. Da China, o taoísmo se espalhou por muitos países do mundo, tendo seguidores em varias partes inclusive no Brasil. 4. NASCE A CHINA IMPERIAL. Em 221 a.C., chegou ao fim um longo período de guerras na China. O rei de Qin triunfou sobre os demais reinos e se autoproclamou o Primeiro Imperador – Shi Huangdi. O novo governante podia adotar esse título porque foi o primeiro a governar um Estado Chinês realmente unificado. Ele estendeu a toda a China o modelo administrativo centralizado que vinha sendo aplicado em seu próprio reino. Aboliu os antigos reinos e até proibiu que seus nomes continuassem sendo pronunciados. No lugar deles, criou 36 províncias, governadas por representantes que ele nomeava. O governo dirigido por Huangdi introduziu uma moeda única e um sistema uniforme de pesos e 6

medidas. O objetivo dessas medidas era fortalecer a centralização, mas elas também atendiam as necessidades criadas pelo crescimento do comércio. Para facilitar a comunicação entre as províncias, um mesmo sistema de escrita foi imposto a toda a China. Camponeses foram recrutados em grande quantidade para o exercito e também para a execução de obras públicas, onde trabalhavam ao lado dos escravos. Entre essas obras estava a construção de uma grande muralha no norte da China, cuja finalidade era impedir invasões dos mongóis e hunos. O imperador e seus principais conselheiros eram seguidores de uma doutrina chamada legalismo, que recomendava um sistema de recompensas e punições como forma de manter o controle do povo. Esse sistema se apoiava em leis rigorosas e foi combatido pelos confucionista, que, por isso, foram perseguidos e, muitos deles, condenados à morte. Em 213 a.C., o imperador mandou realizar uma grande queima de livros, com destaque para as obras confucionistas. Somente foram preservadas as obras que tratavam de assuntos técnicos. Shi Huangdi morreu em 210 a.C., ao 49 anos. Como imperador, seu governo durou apenas 12 anos. O filho, que o sucedeu, não pôde governar por muito tempo. O descontentamento da população se manifestou em revoltas por todo o país. Uma delas foi liderada por altos funcionários e generais e provocou a morte do imperador. Aproveitando o enfraquecimento do poder central, alguns reinos recuperaram sua antiga autonomia. Por fim, em 206 a.C teve inicio uma nova dinastia, que tomou o nome de Han. A dinastia Han. A dinastia Han procurou consolidar a unificação da China. Os reinos que haviam ressurgidos passaram a ser governados por membros da família reinante. A velha nobreza foi aos poucos sendo substituída na administração por funcionários recrutados, geralmente de origem plebeia. Uma das exigências aos candidatos ao era que conhecessem o confucionismo, a filosofia que passou, cada vez mais, a ser a doutrina oficial do governo da China. A nova dinastia manteve-se no poder por um longo período. Data dessa época a fusão dos elementos étnicos de diversas origens que habitavam o país; a unificação política contribuiu também para a fusão dos idiomas e dialetos em um idioma único. O fato de hoje a quase totalidade dos chineses se

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considerarem Han-jen (filho de han) mostra a importância dessa dinastia para a formação da identidade nacional chinesa. O governo dos Han expandiu as fronteiras da China e favoreceu o estabelecimento de contatos com a Índia e outras regiões distantes. A rota da seda, aberta nessa época, atravessava a Ásia ocidental e chegava até o Império Romano. Ocorreram importantes avanços no domínio da produção e das técnicas agrícolas. A agricultura foi beneficiada por obras de irrigação e pelo uso cada vez maior do arado puxado por animais. Surgiu o moinho a água, utilizado para moer cereais. Além disso, começaram a serem cultivadas novas espécies vegetais trazidas do ocidente, entre elas a uva, a romã e as nozes. Artesãos aprimoraram ainda mais seus ofícios: chegaram a fabricar armas de aço, fazendo uma mistura de dois tipos de ferro com diferentes teores de carbono. A produção de mercadorias e o comercio cresceram. No último século antes da Era Cristã, a China já contava com 60 milhoes de habitantes, um número bem maior que o de toda população europeia daquele tempo. Foi por essa época que os chineses criaram um processo para a fabricação do papel. O taoísmo expandiu sua influencia entre os chineses. Em meados do século I da Era Cristã, uma nova religião chegou á China, vinda da Índia: o budismo. Suas semelhanças com o taoísmo favoreceu sua rápida difusão entre os chineses. Hoje, o budismo é a religião com maior número de seguidores declarados na China – cerca de 150 milhões de pessoas. 5. CHINA: DIVISÃO E REUNIFICAÇÃO. No final do século II d.C., explodiu uma grande revolta camponesa, que entrou para a história com o nome de Rebelião dos Turbantes Amarelos. Seus lideres eram seguidores de uma versão radical do taoísmo. Defendiam a abolição total da ordem social existente e o estabelecimento de um regime de justiça social, ao qual denominavam o reino do céu amarelo. A revolta se prolongou por muitos anos, antes de ser esmagada com extrema violência. Aconteceu com os Hans o que já haviam acontecido com as dinastia anteriores: o enfraquecido do poder imperial era seguido do fortalecimento dos poderes locais, e estes, consequentemente, iniciavam uma disputa pelo controle do poder central. Com a queda do último imperador da dinastia Han, em 220, a China mais uma vez se desmembrou em muitos pequenos Estados. 8

A fragmentação durou cerca de quatro séculos e se encerrou em 581, quando a unificação foi estabelecida. Seguiu-se, então, um período de relativa estabilidade que durou até o século XIII (quando a China caiu em poder dos mongóis). Para alguns historiadores, esse período corresponde á idade de ouro da China. Consolidou-se uma eficiente burocracia administrativa, que havia começado a ser estruturada pelo primeiro Imperador, mais de mil anos antes. Surgiram bibliotecas e universidades para o funcionalismo, cuja fonte de inspiração continuava sendo a filosofia de Confúcio. O modelo administrativo chinês foi imitado pelos países vizinhos – Japão, Coreia e Vietnã. Por esse tempo, a indústria artesanal crescia rapidamente. A China tinha ricos depósitos de ferro e carvão que favoreceram o desenvolvimento da siderurgia. No final do século XI, a China estava produzindo cerca de 125 mil toneladas de ferro por ano. Esse volume era o dobro do que a Inglaterra produzia, no século XVIII, quando esse país iniciou a Revolução Industrial. O ferro era usado na produção de muitos artigos que alimentavam as trocas comerciais. O crescimento do comercio era favorecido pelo crescente uso do papel-moeda e um sistema mais racional de cobrança de impostos. E também pelo transporte de baixo custo, possível graças á existência de um amplo sistema de navegação fluvial por meio de rios, canais e lagos. A política exterior alargou o comércio com a Índia e com o resto da Ásia, atraindo comerciantes estrangeiros em cujas colônias nasceram os primeiros bancos chineses. Simultaneamente, os chineses desenvolveram uma série de inovações que incluía a pólvora, o canhão e a imprensa. Os chineses, que já tinham inventado o papel, foram os primeiros povos a conhecer o livro impresso, que por sua vez deu grande impulso à educação. Novas concepções religiosas chegaram à China, destacando-se o cristianismo e o islamismo. Por volta do ano 1000, a população já ultrapassava a marca de 100 milhões de habitantes. A China ocupada pelos mongóis. Os mongóis viviam no norte do império chinês, numa região que corresponde aproximadamente à atual Mongólia. Estavam divididos em clãs e tribos e, entre eles, as guerras eram frequentes. Sendo povos nômades, não tinham cidades. Viviam da caça e de seus rebanhos e não usavam a escrita;

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por muitos séculos, foram uma ameaça aos chineses. Em parte foi por causa deles que os chineses construíram a Grande Muralha. A história dos mongóis e da Ásia começou a mudar radicalmente com o aparecimento de Gengis Khan, que viveu entre os séculos XII e XIII. Originalmente seu nome era Temudjin, e era filho de um dos chefes de clã. Por sua qualidade de guerreiro, distinguiu-se entre os demais chefes de clãs e conseguiu unificar os mongóis. Os mongóis ocuparam a China aos poucos. Primeiramente ocuparam o norte. A conquista de todo o território chinês se completou em 1279. A façanha foi conduzida por Kublai Khan, neto de Gengis Khan. Kublai Khan reunificou a China e se declarou imperador, estabelecendo sua capital em Pequim. A dinastia que ele iniciou recebeu o nome chinês de Yuan; governou a China por quase um século, até 1368. Durante esse tempo, os Yuan procuraram se comportar como uma autêntica dinastia chinesa, mas sempre foram encarados como estrangeiros. Kublai Khan se mostrou tolerante em relação às diversas religiões. Missionários cristãos e muçulmanos agiram com total liberdade. Atraiu artistas e pensadores e estimulou o desenvolvimento do comercio e da indústria. Ele também permitiu que a China, pela primeira vez fosse visitada por viajantes europeus. Um desses viajantes foi o veneziano Marco Polo, que permaneceu a serviço do imperador por 17 anos. Posteriormente relatou o que viu num livro publicado na Europa. Ele descreveu Kublai Khan co o “o mais poderoso senhor de gentes, e de terras e de tesouros, mais do que qualquer outro senhor que há ou que alguma vez tenha havido até o dia de hoje” (viagens de Marco Polo). Em meados do século XIV, uma epidemia atingiu a China, provocando uma drástica redução da população. A esse fato se juntaram as dificuldades econômicas e o desejo de se livrar da dominação estrangeira, e tudo isso explica o início de revoltas populares que se espalharam pelo sul da China. O movimento cresceu e se transformou numa guerra pela expulsão dos mongóis. Em 1368, o líder da revolta se apossou do poder imperial e iniciou uma nova dinastia, chamada Ming, que durou até 1644. A dinastia Ming. Sob o governo dos Ming, houve um grande aumento da atividade marítima chinesa. Uma numerosa frota naval foi construída, o que permitiu que marinheiros chineses chegassem à Arábia e até mesmo à costa oriental da

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África. Em 1405 e 1433, o almirante Zheng He, um chinês muçulmano, comandou sete expedições marítima. Os navios chineses provavelmente eram os maiores barcos do mundo naquela época. Chegaram a medir 135 metros. Nas últimas expedições, os chineses chegaram até Moçambique, na costa oriental da África. Aonde chegavam, os chineses trocavam presentes e coletavam informações geográficas e curiosidades científicas, principalmente estabeleciam relações diplomáticas como os povos visitados. Naquele momento, a China estava na vanguarda da navegação marítima.

Mas as expedições não

tiveram

continuidade, tendo

sido

interrompidas a partir de 1433. O que teria levado o governo chinês a tomar essa decisão? Os motivos não são claros. Para alguns historiadores, a decisão foi tomada pelos funcionários confucianos que tinham voltado ao poder, após a mudança de imperador, eles não aprovavam o comércio e o contato com o mundo exterior. Para outros, o problema foi simplesmente falta de dinheiro. Qualquer que tenha sido a causa, o que importa é que a decisão teve consequência da maior importância, pois resultou na retirada da China da competição pela supremacia marítima e deixou livre o caminho para o avanço europeu. Na Europa, os portugueses saíram na frente e, em 1517, chegaram à China. Foram seguidos algum tempo depois pelos espanhóis e também pelos holandeses e ingleses. Vendo com desconfiança o contato com os “bárbaros”, que é como os chineses se referiam aos europeus, o governo chinês permitiu que fizessem comércio em apenas alguns portos do sul da China. A invenção do papel. Costuma-se atribuir a Tsai-Lun, funcionário da corte chinesa, a invenção do papel em 107 d.C. Há historiadores, porém, que dizem que o papel foi inventado aos pouco, durante o primeiro século da Era Cristã. O papel era obtido a partir da reciclagem de tecidos. As fibras têxteis já usadas eram moídas e colocadas na forma de folhas finas. Da China, o conhecimento para a produção de papel se espalhou para outras partes. Consta que chegou ao Japão por volta do ano 600. No século XIV, foi introduzido no continente europeu, levado pelos árabes.

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A CIVILIZAÇÃO CHINESA



Série

Data

Situação de aprendizagem 19 – História - Prof. Elicio Lima

NOME: PARA SISTEMATIZA OS ESTUDOS1 1. Os estudiosos têm poucas informações a respeito da dinastia Xia. Sabe-se, no entanto, que algumas de suas características foram absorvidas pela dinastia Chang. Quais são essas características?

2. A escravidão já estava bastante difundida durante a dinastia Chang. Como os escravos eram obtidos e em que atividades eram empregados?

3. As atividades ligadas à agricultura eram predominantes durante a dinastia Chou. No entanto, mudanças e avanços ocorreram em outras áreas de atividades econômicas. Quais foram essas mudanças?

4. A dinastia Qin conseguiu centralizar o poder, o que possibilitou a criação da China imperial a partir de 221 a.C. Aponte as medidas tomadas por essa dinastia.

5. A China foi dominada pelos mongóis entre os anos de 1279 e 1368. De que forma os mongóis ocuparam o território chinês e como foram expulsos?

6. O que dizia a teoria do Mandato Celestial, invocado pela dinastia Chou? Por que era uma teoria conveniente para o governante?

7.

Quais

são

as

principais

características

do

taoísmo

e

do

confucionismo?

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Material elaborado pelo Prof. Elicio Lima para sistematizar situações de ensino-aprendizagem na sala de aula. A intertextualidade desse trabalho se estabelece no dialogo entre as obras: História: Volume único: Divalte Garcia Figueiredo. 1. ed. São Paulo: Ática, 2005. História global volume único: Gilberto Cotrim. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 1995. História Sociedade & Cidadania: Alfredo Boulos Júnior. 1ª ed. São Paulo: FTD 2013. Material referenciado pelos Parâmetros curriculares Nacionais e proposta curricular do Estado de São Paulo (Feitas algumas adaptações e grifos para facilidade o processo didático ensino aprendizagem - 2016). Sequencia didática, 19. Primeiro ano do Ensino Médio.

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