A colonização da fé

June 6, 2017 | Autor: Lila Donato | Categoria: Ancient History, Cultural History, Art History, History of Art and Architecture
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO

I COLÓQUIO SOBRE HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA DA ARQUITETURA BRASILEIRA

A COLONIZAÇÃO DA FÉ

DOCOMOMO – FAU-UNB

Aluna

LILA DONATO

Orientador ANDREY

SCHLEE

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Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. (João 14:6)

Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. (Romanos 10:9)

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INTRODUÇÃO Uma Pesquisa com Fé (Em Cristo Jesus)

O estudo a seguir é um fragmento de um estudo maior – uma dissertação de mestrado –, que tem por objetivo fazer uma análise do traçado das cidades de colônias portuguesas ao longo da rota dos descobrimentos marítimos, na busca de similaridades ou diferenças, com o objetivo de identificar padrões urbanos portugueses na criação de cidades nas Províncias Ultramarinas. Estes envolvem não somente a observação de aspectos físicos e materiais, como o traçado de ruas e a construção de edifícios simbólicos, monumentais ou populares, mas também o processo de surgimento e crescimento dessas cidades.

Foram escolhidas algumas cidades que, ao longo da roda dos descobrimentos, se destacaram. Fazem parte do referido estudo as cidades de Goa, Macau, Salvador, Ilha de Moçambique e Luanda. O critério para a sua escolha foi, de um lado, sua importância e relevância no contexto geral dos descobrimentos, de outro lado o fato de elas terem sido as primeiras capitais em cada um dos países, e, no caso de Goa e Macau, o fato destas simbolizarem as “capitais” portuguesas na Índia e na China.

Diante de um mundo tão rico e vasto de culturas, testemunhos e informações, fez-se necessário limitar os acontecimentos, o tempo e os espaços. Ao fazer a estrutura preliminar da referida dissertação, com os limites já estabelecidos, a subdivisão em capítulos sugeriu, por si só, a adoção de uma metodologia temática como forma de avaliação dos itens pertinentes para a obtenção dos resultados pretendidos. A Colonização da Fé é fração de tal pesquisa; é extrato do subitem que trata da arquitetura religiosa.

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A COLONIZAÇÃO DA FÉ CAPÍTULO I - A criação do Império Ultramarino (O Império da Fé)

NAVEGAR É PRECISO, VIVER NÃO É PRECISO...

Falar dos Descobrimentos Portugueses é frequentemente sinônimo de falar das arriscadas aventuras marinhas na grande “caça ao tesouro”. A expressão “Descobrimentos Portugueses” traz-nos à memória diversas sensações, como que lembranças pictóricas de um filme-fantasia que nos contam uma história de aventuras onde os protagonistas principais são grandes navegadores que enfrentaram os oceanos, repletos de “monstros marinhos” e tempestades em alto mar, até chegarem ao seu heróico destino, as novas terras – ou o Novo Mundo. Terras de diamantes, de ouro, de marfim, de tecidos finos e de caras especiarias, de pau-brasil, de aves raras e de povos, muitos povos, com culturas bem distintas e exóticas – os chamados infiéis. Falar dos Descobrimentos Portugueses é falar da Rota das Índias, do Tratado de Tordesilhas, do comércio de especiarias, da escravidão e da pirataria, e é falar também, e principalmente, da descoberta das novas terras e de sua colonização. E isso, não foi ficção.

Com a expansão marítima, Portugal tornou-se uma grande potência econômica, cujos negócios instalados nas terras conquistadas muito rapidamente geravam tão fartos rendimentos que seu império se alastrou por todo o globo. Mas nem tudo foram vitórias.

Em tempos remotos, vários eram os conflitos entre Portugal e Espanha pelo domínio das terras, que, depois de conquistadas por Afonso Henriques em 1139, permaneciam sob o reinado português através de seus descendentes. Porém, Portugal continuou sendo sempre ameaçado pelos castelhanos, o que fez com que, devido à constante fragilidade do reino, o então rei de Portugal, D. João, se casasse, em 1387, com Filipa de Lancaster, neta do rei inglês Edward III, firmando, com isto, uma aliança entre a Inglaterra e o país lusófono. Os portugueses acreditavam que esta aliança lhes asseguraria o domínio sobre o território lusófono, porém, o que se verificou foi que mesmo com a união de D. João e Filipa os castelhanos continuaram sendo ameaça à soberania portuguesa naquelas terras, pois, tendo a proteção do Papa de Avignon, os reis ingleses pouco os intimidavam.

Ao lançar-se ao mar, rumo à conquista de Ceuta, a coroa portuguesa acreditava que “uma vitória contra os mouros virtualmente acabaria com a permanente ameaça castelhana sobre a soberania de Portugal” 1 , pois acreditavam que ganhariam, com isso, prestígio junto ao papado, reduzindo, assim, a força dos castelhanos.

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Foram três as razões que impulsionaram os portugueses a levar a cabo tal planejamento: [1] “Em primeiro lugar, despontaram os interesses dos mercadores e da burguesia marítima lusitana, aos quais o rei estava associado: Ceuta, além de monopolizar todo o comércio do Norte da África, se tornara também um “ninho de piratas”, bloqueando a estratégica passagem do estreito de Gibraltar. [2] Depois, havia o espírito de reconquista e o ódio aos árabes, que ainda incendiavam a nobreza, da qual D. João fazia parte. [3] Por fim, desenrolava-se uma complexa trama político-religiosa: como a Cristandade estava dividida entre três papas – Gregório XII, em Roma; Bento XIII, em Avignon; e João XXII, em Pisa –, um concílio fora marcado para se realizar em Constança em outubro de 1415, no qual seria escolhido o chefe supremo da Igreja. Portugal obedecia ao papa de Roma, e Castela ao de Avignon. D. João concluiu que um ataque aos ‘infiéis’ árabes aumentaria seu prestígio junto à igreja, fosse qual fosse o papa aclamado.” 2

Assim, a vitória sobre os árabes e o domínio da cidade que detinha o monopólio do comércio no Norte da África, encorajou D. João a adotar uma política de governo baseada na conquista de territórios no além-mar, sempre estruturada em três pilares motores: 1) o comércio; 2) a conquista e, 3) a propagação do cristianismo.

Este ensaio foca-se no terceiro pilar – a propagação da fé cristã –, que, como já foi visto, era fator relevante para a coroa portuguesa, pois acreditava esta nobreza que tal postura traria para si prestígio junto ao clero, fortalecendo assim seu império.

OS PROTAGONISTAS DA FÉ

Ainda que a difusão do cristianismo fosse questão fundamental num contexto político, é provável que a seriedade com a qual os portugueses trataram deste assunto, e a sua dedicação em fazer cumprir as metas de evangelização estivessem relacionadas à inteira devoção dos vários membros da nobreza portuguesa a Deus e ao Nosso Senhor Jesus Cristo, e à sua obediência ao Santo na missão de Lhe ganhar novas almas.

No livro A viagem do descobrimento: a verdadeira história da expedição de Cabral, Eduardo Bueno relata, “A cruzada contra Ceuta foi desencadeada num clima de milagres e augúrios. Houve um eclipse, um monge do Porto teve uma visão e a rainha Filipa (...) chamou os filhos e exortou-lhes a obter a vitória contra os infiéis. (...) Quase todos os homens a bordo estavam ‘cruzados’, ou seja, haviam colado cruzes aos uniformes, deixando claro que partiam para uma guerra santa.”. Ainda no mesmo livro, pode-se ler, sobre o uso das cruzes como símbolo português nas cruzadas, o seguinte:

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“Os Templários A Ordem dos Cavaleiros do Templo foi fundada em Jerusalém em 1116 por cruzados franceses, que juraram viver em perpétua pobreza e defender os peregrinos cristãos que iam à Terra Santa. A Ordem se tornou uma poderosa sociedade secreta, com ritos de iniciação, estrutura rígida, um exército de monges-guerreiros e, principalmente, muito dinheiro e terras tomados aos árabes. Em 1307, o rei da França, Felipe, o Belo – que devia dinheiro à Ordem – , aliou-se ao papa Clemente V numa trama para destruir os templários. Em 1314, depois de terríveis torturas e um processo infame, mais de quinhentos Cavaleiros de Cristo foram queimados vivos em Paris. A Ordem foi extinta e seus bens confiscados. O rei D. Dinis, de Portugal, acolheu aos poucos templários sobreviventes (e, dizem, seu tesouro secreto), obtendo permissão para fundar, em 1317, a Ordem dos Cavaleiros de Cristo – que manteve a estrutura e o símbolo dos templários, a Cruz de Copta, usada nas velas dos navios lusos.”.

A Ordem dos Cavaleiros de Cristo teria sido uma grande financiadora dos projetos de expansão e conquista marítimos engendrados pelo Infante Dom Henrique, que foi nomeado administrador desta em 1420. D. Henrique foi figura essencial no sucesso das expedições marítimas, por sua perseverança e insistência em se fazer cumprir a meta de dobrar a ponta da África para chegar à Índia. Segundo Gomes Eanes de Zurara, o infante, devoto fervoroso que era, movia-se sempre a serviço de Deus. Conforme descreve o autor nas suas Crônicas dos Feitos da Guiné 3 , foram cinco as razões que levaram D. Henrique às terras da Guiné:

[1] [...] movendo-se a isto por serviço de Deus e del-Rei D. Duarte; [2] [...] pois com eles não tratavam outras pessoas destas partes [da cristandade], nem de outras nenhumas que sabidas fossem; e que isso mesmo levariam para lá das que nestes reinos houvesse, cujo tráfego traria grande proveito aos naturais. [3] [...] não havia entre eles cristãos nem outra alguma geração. [...] é

constrangido a querer saber o poder do seu inimigo, trabalhou-se o dito senhor de o mandar saber; para determinadamente conhecer até onde chegava o poder daqueles infiéis. [4] Queria saber se se achariam naquelas partes alguns príncipes cristãos em que a caridade e amor de Cristo fosse tão esforçada que o quisessem ajudar contra aqueles inimigos da Fé. [5] A quinta razão foi o grande desejo que havia de acrescentar em santa fé de Nosso Senhor Jesus Cristo, e trazer a ela todas as almas que se quisessem salvar, conhecendo que todo o mistério da encarnação, morte e paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo foi obrado a este fim, scilicet [=isto é], por salvação das almas perdidas, as quais o dito senhor queria, por seus trabalhos e

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despesas, trazer o verdadeiro caminho, conhecendo que se não podia ao senhor fazer maior oferta [...].

A atitude devocional não foi exclusiva de D. Henrique, e também não se tratava da personalidade deste ou daquele. Manifestada inicialmente pela rainha Filipa e exaltada por D. Henrique no início da era das navegações portuguesas, a propagação da fé cristã foi adotada pela própria coroa portuguesa, e levada muito a sério por todos aqueles que saíram em missão.

ARQUITETURA – UMA FERRAMENTA DE FÉ

Foi o próprio Albuquerque quem concebeu o projeto de levantar uma igreja na cidade, quando a tomou aos maometanos. Refere Gaspar Correia que, logo depois de tomada a fortaleza, o grande conquistador, entrando na cidade com a bandeira real, abraçara seus colegas e, ajoelhando para render graças a S. Catarina, a cuja intercessão atribuía o bom sucesso das suas armas, prometera erigir no próprio lugar, donde estava falando – o litoral do Mandovi – um templo em louvor da gloriosa mártir, que elegera para a padroeira da cidade. 4 ”

Não raras vezes são relatados os louvores aos diversos santos católicos, quando da descoberta ou conquista de novas terras pelos navegadores. Contam-nos vários historiadores sobre as missas celebradas pelos viajantes nas terras do novo mundo, a cujos lugares muitas vezes foram dados nomes de santos tidos como padroeiros dos mesmos. Luis Henrique Dias Tavares transcreve, em seu livro História da Bahia, uma parte da carta que o rei D. João III escreveu a Francisco Pereira Coutinho, em 1534, onde comenta sobre as terras da Bahia de Todos os Santos: “O nome do estado da Bahia originou-se da denominação dada pelo piloto Américo Vespucci ao golfão que ele alcançou em sua primeira viagem ao litoral das terras do Brasil. Como isto sucedeu no dia 1º de novembro de 1501, dia santo, dedicado a Todos os Santos, assim Vespucci denominou aquele acidente geográfico” 5 .

A celebração das missas era, para os navegadores, um ritual de chegada tão certo, quão certa era a necessidade de içar âncoras para lançar-se ao mar. Fazia parte desse ritual a instalação de um símbolo católico (normalmente uma cruz ou uma bandeira), que marcava não só a conquista daquelas praças, mas também a devoção e submissão às figuras santas, e consagrava a estas as terras alcançadas. Sobre a descoberta do Brasil, Eduardo Bueno escreve: “Cabral mandou então que um altar ‘mui bem arranjado’ fosse erguido da parte imersa do ilhéu da Coroa Vermelha, sob um esperável (espécie de tenda, ou dossel, de forma cônica). Ali, frei D. Henrique cantou a missa, junto com os

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demais frades e capelães. Cabral levava consigo a ‘bandeira de Cristo, sob cuja obediência viemos, com a qual saíra de Belém, e que manteve sempre alta, durante o Evangelho’”. 6

Mas para os portugueses não bastava consagrar suas conquistas ao Senhor. Era necessário salvar os infiéis e ganhar almas para o Nosso Senhor Jesus Cristo, e para o cumprimento deste propósito os futuros colonos se não demoravam em começar a agir. A necessidade de acolher os cristãos numa casa de Deus rapidamente originou a elevação de templos. 7 A construção de capelas e igrejas foi um forte instrumento de afirmação e de propagação da fé cristã (e de preservação da cultura européia), e as obras iniciavam quase que com a mesma urgência com que se construíam os fortes, fortalezas e muralhas. “Alvorada a bandeira das quinas de Goa, principiaram, desde logo, os portugueses a olhar pelas necessidades espirituais dos povos conquistados, segundo seu tríplice plano, que compreendia não só o comércio e a conquista, mas, também, a propagação do cristianismo. E tão diligentes foram neste último objectivo, que logo, em menos de quatro anos, se viam no recinto da cidade, então pequena, duas igrejas e quatro capelas, onde os primeiros missionários, exercendo o seu ministério, ensinaram a doutrina aos naturais da terra”. 8

Navegando em torno de praticamente todo o globo, os Portugueses depararam-se, no geral, com dois tipos de ocupação das terras; de um lado locais habitados por povos cuja organização social parecia frágil e primitiva, portanto, facilmente domináveis, e que viviam em aldeias e vilas construídas com materiais naturais e de pouca duração; de outro, complexas sociedades culturalmente fortes, assentadas em cidades consolidadas erguidas com materiais duráveis. A instalação da cidade colonial podia, portanto, ser implantada por total anulação das vulneráveis estruturas primitivas, como aconteceu em vários locais ao longo da costa africana e no Brasil, ou, por adaptação, modificar e/ou ampliar o patrimônio existente, como ocorreu na Índia e na China.

As novas cidades que surgiram, implantadas ou adaptadas, revelaram grande semelhança com as já existentes em Portugal, o que não é de admirar. Em 1583 Linschoten, referindo-se à cidade de Goa, escreveu: “La ville est ornée de beaux édifices bâtis à la mode de ceux de Portugal” 9 . Embora os arquitetos e engenheiros portugueses tivessem adaptado nos seus projetos e construções alguns elementos e soluções características de cada local – principalmente em razão da variação climática –, as tradições da construção portuguesa eram a bagagem com a qual chegavam para erguer os templos, as fortalezas, os entrepostos comerciais e todos os outros elementos que estruturam as cidades. Assim, ao longo de toda a rota dos descobrimentos as novas cidades fundadas foram, ao longo dos séculos, definindo um padrão de linguagem urbana e arquitetônica, ao qual atualmente nos referimos como “cidade colonial” ou “arquitetura colonial”.

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“A semelhança [da cidade de Moçambique] com Diu é flagrante e resulta de uma influência directa, por intermédio de pedreiros banianes (...) Moçambique não deixa de recordar vilas algarvias pelo que há de comum às aglomerações do mundo muçulmano.” 10

Dada a rapidez com que se começavam a erigir as Casas do Senhor, as edificações religiosas foram, sem dúvida, elementos urbanos de extrema relevância para a definição do traçado das novas cidades coloniais espalhadas pelo globo. “A primeira marca de verdadeira organização urbana em Macau fez-se, efectivamente, só a partir de 1557 e, com o erguer das primeiras igrejas desde 1558 (que procuravam sempre os locais mais elevados para a sua implantação), os seus adros vieram ajudar a estruturar a distribuição da cidade”. 11 “Sem dúvida a estrutura comercial determinou a primeira forma organizativa de tipo civil, mas logo também a Igreja Católica se estabeleceu como sistema de poder e factor aglutinador da sociedade e do espaço urbano, tendo a nível internacional contribuído para a identificação e legislação do território”. 12 “Dentro do recinto fortificado, as ruas principais de Goa partiam do centro em direção às portas, de forma radial, e as secundárias ligavam-nas entre si, orientadas em função dos centros religiosos mais importantes”. 13

O fenômeno da “cidade colonial” e da “arquitetura colonial” é facilmente compreendido quando sobre ele se lança um olhar abrangente. A arquitetura colonial e a sua cidade não são características próprias de um lugar específico e sim de uma nação. São, no todo, ao mesmo tempo resposta e resultado das grandiosas expedições marítimas e da grande ambição lusa de conquistar e dominar o mundo, e de ganhar as almas de todas as suas gentes infiéis para Deus no sagrado nome do Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém! Assim, se, utopicamente, considerarmos o grande globo terrestre como o Reino de Portugal, e se considerarmos cada uma das cidades por eles fundadas como uma região deste vasto reino, a uniformidade da linguagem urbano-arquitetônica revela as suas características próprias, onde, as contribuições locais (próprias da Índia, China, África e Brasil) se tornam nos regionalismos inevitáveis de qualquer nação.

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CAPÍTULO II – Por um Império Unificado (As cidades da Fé)

A CONFISSÃO É PÚBLICA...

O grande Reino Ultramarino compreendia territórios espalhados em todo o globo, desde o Brasil primitivo e selvagem, passando pelas vastas terras dos negros africanos, até aos ricos produtores de especiarias do oriente. Nestes territórios algumas cidades tiveram maior importância, destacando-se por um lado, porque eram importantes portos de parada para o reabastecimento das naus e caravelas, por outro pela lucrativa e intensa atividade comercial cujo monopólio detinham os Portugueses, exclusivamente. Os dois casos resultaram em cidades que fervorosamente se tornaram em grandes centros de propagação do cristianismo, deixando-nos, como herança, um rico legado de arquitetura religiosa, que testemunha a seriedade e o comprometimento da coroa portuguesa no cumprimento da missão de fé.

Ilha de Moçambique, Goa, Macau e Salvador são, dentre tantas, algumas cidades que se incluem nesse rico patrimônio do ultramar. Embora estejam espalhadas no globo, distantes umas das outras, separadas por continentes inteiros e por oceanos imensos, as Cidades da Fé constituem um patrimônio único, onde, salvo influências locais, em cada uma está expressa a fé cristã através da arquitetura dos monumentos religiosos numa linguagem uniforme.

AS CIDADES DA FÉ

Em busca das especiarias, os portugueses empenharam seus esforços para chegar ao Oriente e para ali se estabelecerem. Calecut, na Índia, foi a primeira cidade à qual chegaram, em 1498, e foi também a primeira cidade que eles ocuparam e dominaram. Apesar disso, a grande capital lusa no oriente foi Goa, conquistada por Alfonso de Albuquerque em 1510. Logo após a conquista iniciaram as obras que a transformaram no paraíso ocidental no oriente, e que, por sua beleza e exuberância era chamada pelos navegantes que por ela passavam de “Golden Goa” ou Goa Dourada. Foi descrita em várias obras de viajantes estrangeiros dos séculos XVII, XVIII e XIX. Francisco Pyrard de Laval foi um navegador e aventureiro que permaneceu no Oriente por longo tempo e que, ao descrever Goa, relatou que havia naquela cidade tantas 14 igrejas que “não há praça, rua ou beco onde não haja alguma” . Muito formosa e rica foi Goa,

mas poucos duraram os seus anos dourados. Apesar de sua riqueza e exuberância, e do encantamento que provocava em seus visitantes, foi abandonada por seus moradores. Por causa do enorme crescimento da cidade as áreas de plantio tornaram-se muito reduzidas, não podendo suprir as necessidades da população sempre crescente. Paralelamente, a intensa atividade comercial refletiu na engenharia naval, que passou a construir navios que, por serem

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de maior tonelagem, necessitavam de portos com águas mais profundas, o que não era o caso de Goa. Além disto, o local onde a cidade se ergueu era insalubre e as doenças perniciosas eram freqüentes. Empobrecidos e com pouca saúde, os moradores da cidade a abandonaram gradualmente, e em 1759 a capital da Índia Portuguesa foi transferida para Pangim. A antiga cidade é hoje conhecida como Goa Velha, e dela restam apenas algumas igrejas – umas restauradas, outras em ruínas –, que atraem os turistas e que são o testemunho daqueles anos dourados.

Depois de se terem estabelecido em Goa, os Portugueses continuaram a expandir seus contatos comerciais com os povos do Extremo-Oriente. Percebendo os conflitos étnicos que existiam entre os países naquela região, estes navegadores passaram a fazer o intercâmbio comercial entre os povos. A atividade era de altíssima lucratividade e levou à fundação de muitas cidades novas no Oriente, que cresceram muito rapidamente e foram muito prósperas. Macau é fruto do sucesso desse comércio. Durante alguns anos os governadores chineses não permitiram o estabelecimento dos estrangeiros na península de Macau. Aos Portugueses foi apenas concedida permissão para desenvolver nela atividade comercial, que consistia de uma feira anual que durava um dia, no qual tendas eram montadas de manhã, e desmontadas ao fim do dia. O sucesso da feira fez com que os folangi 15 permanecessem, a cada feira, mais tempo na península – três a quatro dias. Reconhecendo a superioridade bélica dos lusos, os chineses pediram-lhes proteção contra os piratas, e, em troca, concederam-lhes a admissão de uma embaixada portuguesa na península de Macau, e a permissão para o exercício da propaganda do catolicismo na China. Iniciada, oficialmente, a ocupação portuguesa nesta península, a Cidade do Nome de Deus de Macau, tal como havia ocorrido em Goa, cresceu muito rapidamente e se tornou não só num importante centro de comércio, mas também num sólido centro de exercício da fé cristã, chegando a abrigar japoneses que, por serem católicos, haviam sido expulsos do Japão. Se a propagação do catolicismo não tinha tido grande receptividade por parte dos mandarins, e por tal, tinha a igreja pouca influência sobre a população que ali crescia, a chegada dos japoneses católicos impulsionou o crescimento na quantidade de fieis a Cristo, pois, a maioria dos refugiados eram arquitetos e artistas, e foram rapidamente recrutados pelos jesuítas para construir igrejas, das quais se destaca a de São Paulo, hoje cartão postal da cidade. Ao fim da primeira metade do séc. XVII Macau entrou em declínio principalmente por causa das suas más relações com a China e outros países vizinhos, e dos problemas com a pirataria holandesa. A atenção da cora Portuguesa havia-se voltado para as novas terras do Brasil (até então esquecidas), onde os engenhos de açúcar e a 16 produção de fumo e de gado marcavam a “Idade de Ouro de Salvador Colonial” . Os conflitos

que se originaram, em 1662, entre os Portugueses e os chineses com a queda da dinastia Ming deixaram a cidade vulnerável, marcando o fim do império colonial e pondo um ponto final na propagação do cristianismo, uma proibição imposta pelo novo governo chinês. Foi o fim da idade de ouro de Macau, que enfrentou em seguida longos anos de recessão. Depois de serem canceladas as cobranças de impostos em 1849, a chegada de emigrantes ricos e a

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liberalização do jogo permitiram o ressurgimento da cidade. Em 13 de agosto de 1862 o governador Isidoro Guimarães conseguiu que a China assinasse o tratado de Tientsin, que reconhecia Macau como território da colônia portuguesa. Em 20 de Dezembro de 1999 Macau foi entregue aos chineses e é hoje uma Região Administrativa Especial da República Popular da China. Atualmente a cidade colonial encontra-se mesclada na malha urbana existente, e muitas das construções portuguesas perduraram até aos nossos dias e são fortes focos de atração turística e de orgulho para os macaenses.

Enquanto duravam os anos de glória no Oriente, as novas terras da América estavam esquecidas. Pouca atenção se lhes dava, razão pela qual durante muitos anos após seu descobrimento a ocupação lusitana caracterizava-se pela construção de tímidas feitorias feitas de pau-a-pique, que não eram relevantes quanto à posse de terras. Ainda assim, a extração do pau-brasil pelos portugueses, no Brasil, rendia-lhes fartos lucros, o que chamou a atenção de outras potências marítimas européias como a França, a Inglaterra e os Países Baixos, que praticavam o comércio clandestino na costa do novo continente. Estes países se questionavam sobre a exclusividade da partilha do mundo entre Portugal e Espanha, estabelecida no Tratado de Tordesilhas, e, passaram a praticar a pirataria e o contrabando ao longo das rotas marítimas portuguesas. Portugal, então, enfrentou o enfraquecimento da sua hegemonia naval e comercial no ultramar, ao mesmo tempo que disputava com os Castelhanos os direitos pelas novas terras. Usando o sistema de Capitanias Hereditárias Portugal conquistou e ocupou um vasto território na América do Sul, chegando a estabelecer-se em áreas que, de acordo com o Tratado de Tordesilhas, pertenciam à Espanha. O fracasso da aplicação deste Tratado levou as duas nações a novas negociações que resultaram no Tratado de Madrid, assinado em 1750, e que, em substituição daquele primeiro, se baseava no Mapa de Cortes que demarcava limites a partir de acidentes geográficos naturais como rios e montanhas. O lema “uti possidetis, ita possideatis” – como possuías, assim possuas – gerado a partir deste último Tratado, favoreceu os Portugueses que já ocupavam grande parte da América do Sul, delimitando-se naqueles anos as fronteiras dos territórios português e espanhol, num mapa não muito diferente daquele que é hoje o território Brasileiro.

Este complexo contexto político refletiu-se em todo o território Português no Ultramar, e a Índia Portuguesa caiu em declínio, enquanto o Brasil floresceu. À criação e distribuição das Capitanias Hereditárias, a da Bahia, doada em 1534 a Francisco Pereira Coutinho, compreendia 50 léguas distribuídas desde o rio São Francisco até ao rio Jaguaripe. A sua ocupação por parte do seu donatário foi breve e acabou após um ataque dos índios Tupinambás em cerca de 1545. A cidade de São Salvador viria a ser fundada somente em 1549, por Tomé de Sousa, que desembarcou na Bahia de Todos os Santos carregando consigo as instruções para o traçado da nova cidade. São Salvador sediou o primeiro governo administrativo de Portugal no Brasil, sendo, portanto, a primeira capital do país. Diferente do que acontecia no Oriente, o crescimento e enriquecimento de Salvador deu-se pela produção

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agrícola e pela atividade agropecuária. Para sustentar este tipo de economia os Portugueses importavam escravos africanos para trabalhar nas lavouras. Baseada numa atividade mais rural que urbana, a cidade de Salvador não se desenvolveu e não cresceu tanto, nem tão rapidamente quanto as de Goa e Macau. Isto, porém, não impediu que o sêlo da “cidade colonial” fosse nela estampado, muito menos que, em nome da fé, os mecanismos de evangelização não fossem implantados. As ordens religiosas contribuíram significativamente para a definição do traçado da cidade, que, descreveu seu crescimento na direção dos conventos e igrejas construídos por seus missionários.

Enquanto nas Índias e no Brasil grandes monopólios comerciais contribuíram para a criação de cidades ricas e numerosas, na África a construção do império português não foi tão vigorosa, nem tão rápida, não deixando, no entanto, de existir. Nos primeiros anos de navegação, a costa ocidental africana era, essencialmente, uma seqüência de entrepostos de parada e abastecimento das naus, que, mais tarde, se tornaram nos grandes centros de comercialização e contrabando de escravos, desfavorecendo, assim, o estabelecimento de outros sistemas econômicos. Esta é a história da cidade de São Paulo de Loanda que foi fundada em 7 de Novembro de 1576. Por ser, àqueles tempos, principalmente um porto de exportação de escravos, os habitantes de Luanda tinham uma postura de desinteresse no seu desenvolvimento, e não se detinham em cuidados com a cidade, pois preferiam continuar volantes 17 , preocupando-se em acumular riquezas para voltar para Portugal o mais rápido possível. Ao longo de cerca de 100 anos a cidade desenvolveu-se tão pouco que, à invasão holandesa em 1648, ela tinha apenas três igrejas e um convento. Após a sua reconquista alguns de seus governadores empenharam, em vão, esforços para melhorar as condições de infra-estrutura e salubridade da cidade, mas esta nunca chegou a se desenvolver verdadeiramente, e foi descrita por alguns autores com passagens que revelam claramente quão precária ela era. Ainda que o patrimônio existente não fosse muito bom, São Paulo de Loanda atravessou um longo período de recessão após a abolição da escravatura, em 1836, que deixou a cidade em condições ainda piores. Apesar disso, foi com o fim do comércio de escravos que se abriram as portas para o desenvolvimento de outras atividades sócioeconômicas, permitindo, pela primeira vez, a fixação da população e, consequentemente, melhorias das condições de salubridade e o seu crescimento. Foi a partir deste momento que a cidade colonial começou a se desenvolver de fato.

Ainda na África, ao longo das costas do Índico, a permanência de comerciantes árabes dificultou a tomada das terras pelos portugueses e o processo de colonização. Um dos pontos de parada de Vasco da Gama para o reabastecimento das naus foi a Ilha de Moçambique, à qual chegou em Março de 1498. Os Bantu, nativos daquelas terras, se organizavam numa estrutura sócio-econômica bem definida, governados pelo “xeque”, que controlava toda a posse de terras e o intenso comércio. Era o xeque que concedia, inicialmente, a permissão aos navegadores para sua estadia em Moçambique, que era destinada ao reabastecimento de

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água, recolha de mantimentos, reparação de navios, descanso dos homens, e, quando necessário, a espera dos ventos certos para a navegação em direção às Índias. Naquele tempo a ilha já era freqüentada por árabes, turcos e indianos, que lucravam com a exploração de riquezas da região, em especial o ouro. Percebendo a riqueza do local, pela existência de ouro, e pelo ponto estratégico que este já era na rota do comércio no Índico, os portugueses rapidamente se interessaram pelo seu domínio e ocupação, ao que expulsaram o xeque à força de armas de fogo. Entretanto, tiveram ainda de enfrentar décadas de conflitos contra os Naharra 18 , habitantes da Ilha de Moçambique, que tinham consolidado seu comércio ao longo da costa Africana desde muitos séculos antes da sua chegada, até que as batalhas lhes renderam o domínio das terras ao norte de Moçambique. Sabe-se que a ocupação da Ilha de Moçambique foi marcada pela construção de uma feitoria, em 1502, provavelmente erguida com a técnica de pau a pique e macuti, característica da região. Entre 1507 e 1508 foi construído o Forte São Gabriel – mais tarde conhecido por Torre Velha ou Fortaleza Velha – ao redor do qual começou a se desenvolver o primeiro núcleo urbano português. Segundo o Relatório - Ilha de Moçambique 19 , a estrutura da cidade colonial foi desde muito cedo definida e a disposição de ruas e bairros atuais não difere muito daquela que pode ser identificada em mapas de 1600. Ao longo do século XVII a ilha passa por um período de recessão, causado primeiro pela invasão holandesa, que destruiu completamente a cidade, e depois, com a submissão de Moçambique ao Governo Português da Índia, pela criação da Companhia dos Manzanes em 1686, que dominou o monopólio do comércio entre Diu e Moçambique. Entretanto esta crise não durou muito tempo, e, a partir de 1752 a administração das praças de Moçambique passaram a ser governadas por Portugal, separando-se do Governo da Índia. Alguns historiadores afirmam os anos que se seguiram à libertação do Governo da Índia foram os mais interessantes de sua história. Em 1898 a capital do país é transferida para Lourenço Marques, não tendo afetado o modo de vida da Ilha, pois nesta vinha-se efetuando a abertura para o interior do continente pela construção de uma linha férrea. O início 1ª Guerra Mundial causou a interrupção das obras da linha férrea, e a construção do porto de Nacala, mais a norte, que levou à desativação dos portos da ilha, levando-a a um estado de paralização de sua economia, até então crescente. Com a independência de Moçambique, em 1975, a cidade colonial entrou em forte declínio, pelo abandono e fuga dos colonos, e pela remoção de gente qualificada para postos em todo o país. A pobreza e a falta de qualificação levaram ao tráfego de madeira e de outros materiais de construção, retirados das construções abandonadas, o que levou a cidade a um grau de degradação ainda maior.

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Ilha de Moçambique, cerca de 1600

Goa Dourada, 1750 15

Salvador, 1715

Macau, 1751 16

Luanda

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CAPÍTULO III – O Ultramar Dourado (A Capital da Fé)

OURO SOBRE PEDRA

A cidade de Goa desenvolveu-se numa progressão radioconcêntrica, a partir do porto, na foz do rio Mandovi. Logo após sua conquista foi erguida uma muralha, dentro da qual “as ruas principais de Goa partiam do centro em direção às portas, de forma radial, e as secundárias ligavam-nas entre si, orientadas em função dos centros religiosos mais importantes 20 ”. A malha da cidade era bastante irregular, e de estilo medieval, característico do crescimento rápido e espontâneo.

O comércio da rota das Índias proporcionou aos fundadores desta cidade dourada, em curto período de tempo, fartos lucros, e esta condição se refletiu na sua construção, tanto na rapidez do seu crescimento, quanto na quantidade, tamanho e beleza de suas construções. Visto ser a capital de todo o comércio no Oriente, e, por se ter ali instalado a nobreza portuguesa, Goa foi, naturalmente, receptora de boa parte dos tesouros adquiridos e o retrato da abundância daquele novo império. Goa Dourada! Assim era chamada. Os depoimentos escritos de navegadores, viajantes e historiadores relatam as riquezas daquelas terras e a exuberância da cidade e das suas gentes.

Goa chamava atenção não só pela abundância, mas também pela notável semelhança com as cidades portuguesas. Linschoten, um viajante holandês que residiu em Goa durante alguns anos, e que viajou na rota da Índia a bordo das naus portuguesas, descreveu a cidade dourada dizendo ‘La ville est ornée de beaux édifices bâtis à la mode de ceux de Portugal’ 21 . Outros viajantes e historiadores fizeram afirmações semelhantes, ressaltando, em sua maioria, a riqueza das igrejas, tanto em relação à quantidade destas na malha urbana, quanto à sua beleza e primor de detalhes – em sua maioria no estilo barroco –, fazendo-as ressaltar em meio ao casario.

É sobre estas preciosas esculturas urbanas que se tem lançado olhar neste estudo – as igrejas (e toda a arquitetura religiosa), e que a seguir se passa a descrever.

AS ESCULTURAS DA FÉ

O primeiro edifício religioso que foi construído em Goa foi a Capela de Santa Catarina, em 1511, a mando de Alfonso de Albuquerque. Depois desta, muitos outros monumentos católicos

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foram erguidos, mas, devido ao desaparecimento quase total da Velha Goa, que foi invadida pela floresta de palmeiras após seu abandono, poucos perduraram até aos dias de hoje. No mapa de Goa 22 elaborado por Jacqes Nicolas Bellin, datado de 1750, podem identificar-se inúmeras igrejas, capelas e conventos distribuídos ao longo da malha da cidade. Veja no mapa anexo sua localização. Da legenda deste mapa podem identificar-se as seguintes edificações: - Capela de Santa Catarina, Igreja de Nossa Senhora do Monte, Igreja de São Paulo, Sé Patriarcal, Capela de São Agostinho, Basílica do Bom Jesus, Igreja de Nossa Senhora do Rosário, Convento de Santa Mónica, Igreja de São Pedro, Convento de Santa Luzia, Convento de São Domingos, Igreja de Santo Antônio, Capela de Pannelim, Igreja de Nossa Senhora de Ribandar, Igreja de São André, Igreja de Santa Amare, Convento de São Thomé, Convento de São Thomé Novo, Igreja de São Matheus, Igreja de São Lourenço, Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe, Igreja de Santa Maria Madalena, Capela de Santa Anna, Igreja de São André, Igreja de Nossa Senhora da Lua, Pelourinho e Terreiro de Sabaio. Existem ainda outras edificações que podem ser facilmente identificadas como religiosas, mas que não estão identificadas na legenda do mapa, não sendo possível enumerá-las.

O curto tempo desta pesquisa, associado à dificuldade de acesso a material cartográfico e iconográfico em Brasília, impediu, até à realização deste trabalho, um estudo mais aprofundado e preciso deste tipo de fonte histórica. Não obstante, aqui se apresenta uma breve análise da arquitetura da velha Goa, baseado no material já recolhido - cartográfico, iconográfico, fotográfico e teórico –, tendo ainda o propósito e compromisso de aprofundar a pesquisa em andamento.

Pouco anos depois de Jacqes Nicolas Bellin ter esboçado seu mapa, a capital de Goa foi transferida para Pangim, e a cidade dourada, que já estava passando por um acentuado declínio devido ao abandono de seus moradores, entrou num processo de degradação que levou ao seu quase total desaparecimento. Em fevereiro de 1780 o governador D. Frederico Guilherme de Sousa afirmou: “Achei a cidade de Goa em deplorável estado; ruas inteiras sem casas, e os seus terrenos reduzidos a palmares; outras em que não se vê mais que ruínas. As casas antigas que existem, estão ameaçando a maior ruína, e com dificuldade se repararão pela pobreza e pela miséria dos senhorios delas, não existindo na sua magnificência mais que a Sé, conventos das regiões... demonstrando-se pelos seus vestígios a grandeza da mesma cidade dos antigos tempos, e a suma decadência dela no tempo presente.”

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Invadida quase que inteiramente pela floresta de palmeiras, é atualmente impossível identificar, em imagem de satélite (programa Google Earth) seus antigos arruamentos, tão pouco pode ver-se as ruínas da cidade. É como se ali nunca tivesse havido assentamento urbano, salvo

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alguns edifícios (muito poucos considerando-se a grandiosidade e importância de Goa nos seus anos dourados!) que hoje chamam a atenção de milhares de turistas e que estão inscritos no Patrimônio Cultural da Humanidade desde 1986 24 .

Em seguida far-se-á um breve passeio a este patrimônio remanescente.

A SOBREVIVÊNCIA DA FÉ

Não se pode contar a história de Goa Dourada sem falar das suas igrejas e conventos, bem como também não se pode hoje falar da Velha Goa senão destes mesmos edifícios. Dos seus anos dourados até aos dias de hoje, o abandono da cidade e sucessiva degradação e desaparecimento

deixaram-nos

como

herança

um

patrimônio

que

se

caracteriza

essencialmente pelos monumentos religiosos, alguns em avançado estado de degradação, outros em ruínas, e alguns mais que se encontram preservados e que nos permitem testemunhar a beleza descrita pelos seus visitantes com tanto encantamento.

O critério para a seleção dos edifícios apresentados foi a sua existência nos dias atuais, e independe do seu estado de conservação: - 1511 – Capela de Santa Catarina - 1557 – Capela de Nossa Senhora do Monte - 1560 – Igreja de São Paulo - 1562 – Sé Patriarcal - 1572 – Convento de São Agostinho - 1594 – Basílica do Bom Jesus - 1597 – Igreja de Nossa Senhora do Rosário - 1598 – Convento de Santa Mónica - 1602 – Igreja de São Agostinho - 1656 – Igreja de São Caitano ou Igreja de Nossa Senhora da Divina Providência - 1668 – Igreja de São Francisco de Assis

Capela de Santa Catarina Foi a primeira edificação religiosa construída na Goa portuguesa, mandada erigir por D. Alfonso de Albuquerque, em homenagem a Santa Catarina, pois, como o dia da conquista era dedicado, pelos católicos, àquela santa, acreditava que ela teria abençoado a batalha contra os habitantes daquelas terras dando aos portugueses a vitória. Defronte à porta principal da igreja encontra-se o Arco dos Vice-Reis, no local que se acredita ser aquele pelo qual Alfonso de Albuquerque entrou pela primeira vez na cidade. Foi erguida em 1511com materiais mais precários, e passou por uma reforma e ampliação entre 1532 e 1539. Em 1534 a capela foi elevada a catedral pelo papa Paulo III, e só perdeu esta designação quando foi construída a Sé Catedral. Passou por um restauro em 1952.

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Capela de Nossa Senhora do Monte A Capela de Nossa Senhora do Monte está localizada no topo de um monte, beneficiando-se de uma vista pitoresca. Foi construída em 1557 no local onde Adil Shah, que governava Goa antes da invasão portuguesa, teria montado sua artilharia para defesa da cidade em Maio de 1510. Uma escadaria de laterita leva às portas principais que convidam a entrar em um templo com um altar principal, dedicado à Nossa Senhora do Monte, e dois laterais dedicados a Santo Antônio e a Santo André.

Colégio e Igreja de São Paulo Em 1541 Diogo de Borba e Miguel Vás instituíram uma confraria denominada Santa Fé para favorecer a propagação da religião católica. Sobre as ruínas de uma grande mesquita construíram então um colégio para instruir os novos convertido e habilitá-los a pregar o evangelho nas suas línguas, e a igreja da Conversão de São Paulo, ou apenas, igreja de São Paulo. Logo ao início das suas atividades tinha 80 alunos que foram fervorosos pregadores do evangelho nos seus idiomas, mas, muito embora a finalidade de sua construção tivesse sido alcançada desde os primeiros anos em que funcionou, o colégio ganha prestigio somente quando Francisco Xavier passa a lecionar ali.

Existe atualmente, na área do antigo (e extinto) colégio, a Capela de São Francisco Xavier. Não há fontes certas sobre a construção desta capela, havendo três teorias distintas; a primeira considera que o próprio Francisco Xavier pudesse tê-la erguido durante o tempo em que lecionava no colégio; a segunda acredita que a construção teria acontecido após sua morte; e ainda, a terceira que pondera a possibilidade de que a atual edificação possa ser uma das duas capelas que existiam nos antigos jardins do colégio.

Sé Patriarcal A Sé Patriarcal é a maior igreja de toda a província Goa, e há mesmo quem afirme que esta seja a maior igreja em toda a Ásia. O Vice-Rei D. Francisco Coutinho ordenou sua construção sob instrução de que esta deveria ser uma “construção grandiosa revelando uma vontade de impressionar os naturais com a riqueza, poder e fama dos portugueses que dominavam os mares desde o Atlântico até ao Pacífico” 25 . O dinheiro para sua construção teria sido obtido pela venda de terrenos que pertenciam a hindus ou muçulmanos que morriam sem deixar herdeiros, e é provavelmente que o local onde ela foi erguida tivesse acolhido anteriormente um templo muçulmano ou uma mesquita. Iniciada em 1562, a obra foi lenta, comparando com as demais em Goa, pois o império Português passava por dificuldades financeiras causadas pela perda da independência da Espanha, e só foi concluída em 1652. A consagração do templo só aconteceu em 1640.

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O alçado frontal, voltado para o Leste, tem pouca decoração, mas influenciou o desenho de fachadas de igrejas erguidas posteriormente. Nas fontes pesquisadas parece haver unanimidade em afirmar que a segunda torre desta teria ruído em meio ao século XVIII; no entanto, num cartão postal antigo de Goa encontrado no site “tvciência”, esta catedral encontra-se representada sem a segunda torre, sequer sua base que resiste até aos dias de hoje. Fica assim a necessidade de averiguar se a segunda torre realmente desmoronou, ou se sua construção não foi concluída, o que não seria de todo impossível, visto que poucos anos após a conclusão já declaravam os governadores de Goa a intenção de mudar a capital para Pangim, e a cidade já vinha sendo abandonada por seus moradores.

A simplicidade da fachada contrasta com o requinte da decoração no interior. A igreja tem três naves cobertas com abóbadas de caixotão, uma capela-mor central consagrada a Santa Catarina, a quem é dedicado este templo, e mais quatro de cada lado dedicadas, à direita, ao Santo Antônio, São Bernardo, Cruz dos Milagres, Espírito Santo; e à esquerda à Nossa Senhora das Necessidades, São Sebastião, Santíssimo Sacramento e Nossa Senhora de Boa Vida. O transepto, sem cúpula, recebe seis altares dedicados, à direita, a São José, Nossa Senhora das Dores e São Pedro, e, à esquerda, a Nossa Senhora de Augusta, São Jorge e Nossa Senhora d’Esperanza. Todo o interior é ricamente decorado com retábulos bem trabalhados e cheios de detalhes, lustres luxuosos, e mobiliário produzido com muito requinte.

Convento e Igreja de São Agostinho O Convento de São Agostinho foi construído em 1572 por 12 freis agostinianos, sob a direção de Fr. António de Paixão, e a igreja, prevista desde o início da obra do convento, foi erguida em 1602 consolidando o projeto inicial, a primeira a ser coroada por cúpula. Reconstruído e ampliado em 1597, o convento passou a ser dedicado a Nossa Senhora da Graça, padroeira da Ordem dos eremitas Calçados de São Agostinho. Foi abandonado em 1835, após expulsão das ordens religiosas pelos portugueses, e ficou á mercê do tempo e da floresta de palmeiras, e atualmente restam apenas as ruínas, e o sino maior que foi levado inicialmente para o Forte da Aguada (1841-1871), e depois para Igreja de Nossa Senhora Imaculada, em Pangim, onde se encontra até hoje. A igreja foi uma das mais bonitas da cidade, como afirma William Franklin “Toutes lês églises de La ville sont magnifiques; mais celle de Saint Augustin, por as situation sur La cime d’une montagne, par La beauté de son vaisseau, par lês décoratios de son intérieur, l’emporte sur toutes lês autres.”

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Entretanto quem melhor descreveu a exuberância

do conjunto de São Agostinho foi Gabriel de Saldanha, no livro História de Goa (política e arqueológica), do qual se transcreveram algumas passagens: “Era o mais alto dos edifícios da cidade e olhava para o leste, defrontando com um espaçoso terreiro. Subia-se aos seus dois pavimentos superiores por uma larga escadaria de granito, que principiava no compartimento contíguo à portaria. / Logo ao entrar se via à esquerda uma elegante capelinha, consagrada à Santa Clara do Monte Falco, e chamada vulgarmente a Capela da portaria. / Os claustros e

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pilares, as galerias, salas e celas numerosas, era tudo belíssimo, diz Cottineau, como eram também dignos de atenção o seu vasto refeitório, a hospedaria e a enfermaria. Havia nos dois andares superiores quatro capelas denominadas respectivamente, dos Provinciais, dos Priores, da N. Sra. do Rosário, e da N. Sra. da Assunção. (...) Além do seu jardim, sempre verde e flórido, contendo espécimes de plantas exóticas, o convento possuía uma grande horta, onde medravam as melhores árvores frutíferas da Índia. (...) Ligada ao convento pelo norte dilatava-se a sua suntuosa igreja, mais ampla do que todas as outras dos conventos da cidade. (...) A sua fachada, alumiada pelo sol nascente, era decorada com formosas colunas e diversos ornatos de granito e flanqueada por duas gigantescas torres, onde se viam suspensos enormes sinos (...) Tinha única nave, primorosamente abobadada, e o coro em estilo gótico. (...) O templo comportava onze altares (...)

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Basílica do Bom Jesus A igreja do Bom Jesus começou a ser construída em novembro de 1594, com o principal objetivo de transferir para ela o corpo de São Francisco Xavier, patrono de Goa, carinhosamente chamado pelos locais de Goencho Saib, e foi concluída e consagrada em 1605. A fachada principal, voltada para oeste, é toda de granito e tem três grandes pórticos que delimitam a passagem de um largo terreiro calçado de pedra para uma nave única “de estilo mosaico-coríntio e notável pela sua encantadora simplicidade”, com o teto forrado com arcos ogivais de madeira. 28 A capela-mor é abobadada e recebe um altar que é dedicado ao menino Jesus; no cruzeiro encontram-se dois altares colaterais e duas capelas nos dois extremos, numa das quais se encontra o mausoléu de São Francisco Xavier. Este túmulo, que segundo Saldanha é de estilo florentino, é uma das maiores atrações àquele lugar tanto pela visitação dos fiéis ao seu patrono, quanto por se tratar de uma das maravilhas artísticas da Ásia. São seis metros de altura, três metros de comprimento e dois metros e meio de largura trabalhados em mármore vermelho, mármore roxo e bronze, e adornados com peças feitas em prata, pedras semipreciosas e ouro, dentre vários outros materiais e objetos nobres. A capela onde jaz o túmulo é ricamente decorada com ornamentos de talha dourada, lamparinas de prata e quadros diversos que retratam a vida do Saib.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário Construída em 1543, a igreja de Nossa Senhora do Rosário assenta-se no topo do Monte Santo, e tem vista para o rio Mandovi e para a ilha de Dinvar. Diz-se que o local onde está situada é para onde Alfonso de Albuquerque teria levado seus homens para celebrar a conquista da cidade em 1510. Foi construída por mestres reinóis – aqueles vindos do reino – e ficava aos cuidados dos Franciscanos. As características da sua fachada, constituída por uma grande torre central com duas torres cilíndricas menores nas laterais, e com três níveis horizontais bem marcados, denunciam a origem de seus construtores, pois, segundo Carlos de

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Azevedo, tem grande semelhança com a arquitetura do sul de Portugal, embora em sua decoração já se possam identificar motivos indianos. É uma igreja muito venerada pelo fato de ser nela que São Francisco Xavier dava aulas de catequese.

Convento e Igreja de Santa Mónica Situado ao norte do largo de São Agostinho, no Monte Santo, o Convento de Santa Mónica foi construído entre 1606 e 1627 e era dirigido pela ordem dos agostinianos. O edifício constitui-se de três andares que formam um claustro, que abrigava um jardim que era chamado de “vale dos lírios”, que tinha 128 canteiros de flores e plantas aromáticas e um grande poço circular ao centro, a “fonte do salvador”. Cada aposento tinha o tamanho apropriado para a sua função, e a organização dos espaços era primorosa e muito bem pensada, classificados em áreas com permissão do acesso do público e áreas rigidamente resguardadas e separadas por uma seqüência de três portões; as enfermarias continham capelas construídas de modo a permitir que as enfermas pudessem ouvir o padre celebrar a missa, e que os médicos e cirurgiões não precisassem passar pelas áreas de clausura para visitar as pacientes. Além da ampla enfermaria, tinha aposentos para mais de 50 freiras, quartos para viúvas que quisessem dedicar sua vida aos serviços de Goa, e hospedaria para abrigar mulheres durante o período em que seus maridos estivessem ausentes. A igreja é uma composição mista de estilos, toscano e coríntio, na fachada, e dórico, no interior. A nave divide-se em duas partes, a primeira com dois altares dedicados ao Divino Jesus e às Virgens Africanas, e a segundo com o altar principal dedicado a Santa Mónica.

Convento e Igreja de São Caitano ou Igreja de Nossa Senhora da Divina Providência O Convento de São Caitano foi construído em 1640 e localiza-se atrás da antiga Rua Direita. A igreja, que chama muito mais atenção que o convento, foi mandada construir em 1656 e foi concluída em 1661. Dedicada a São Caitano, o fundador da ordem dos teatinos, à qual se submete o convento, a fachada da igreja remonta à de São Pedro de Roma, não obstante suas duas torres, e é a única que tem cúpula, visto que a dos agostinhos ruiu. Composta por uma nave central e duas laterais, tem um altar-mor dedicado à Nossa Senhora da Divina Providência, e três altares secundários de cada lado dedicados, à esquerda, à Santa Família, Nossa Senhora da Piedade e Santa Clara, e à direita a São João, São Caitano e São Agnes. No piso abaixo da cúpula existe um poço com uma pequena abertura que pode ser remanescente de um templo hindu anterior a esta construção.

Convento e Igreja de São Francisco de Assis O Convento de São Francisco de Assis forma um grande bloco edificado com a Sé Patriarcal e o Palácio Arquiepiscopal, geminados uns nos outros. Embora os franciscanos tivessem tido autorização para a fundação de uma igreja nos primeiros anos da Goa Portuguesa, o conjunto convento e igreja que representou a sua ordem, assim como existe hoje, é o resultado do crescimento ao longo dos anos, pois, inicialmente a igreja era apenas uma capela e o convento

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era formado por um conjunto de celas que os frades construíram no jardim da capela para sua residência. Em 1529 foi feita uma reforma no convento, e, quando os portugueses expulsaram as ordens religiosas, em 1835, o convento abrigava 40 frades. A primeira capela foi elevada a igreja em 1521, e consagrada ao Espírito Santo, e em 1661 foi demolida e reconstruída, tendo sido conservados o portão e o cruzeiro do pátio frontal. No interior existiam nove altares e cinco capelas, decorados com afrescos e estátuas, com exacerbado uso do dourado.

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CAPÍTULO IV – Ver Pra Crer (... tudo é possível ao que crê - Marcos 9:23)

Capela de Santa Catarina

Arco dos Vice Reis

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Capela de Nossa Senhora do Monte

Sé Patriarcal

Ruínas de São Agostinho

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Basílica do Bom Jesus

Igreja de N. Senhora do Rosário

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Convento de Santa Mónica

Igreja de São Caitano

Igreja de São Francisco de Assis

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NOTAS 1

A viagem do descobrimento: a verdadeira história da expedição de Cabral. Bueno, Eduardo. – 2.ed. – Rio de Janeiro. Objetiva, 2006. pg. 43. 2 A viagem do descobrimento: a verdadeira história da expedição de Cabral. Bueno, Eduardo. – 2.ed. – Rio de Janeiro. Objetiva, 2006. pg. 43. 3 Crónica do Descobrimento e Conquista de Guiné”, Gomes Eanes de Zurara. In: http://carreiradaindia.net/secção/crônica-da-guine-gomes-eanes-zurara 4 Citado por M. J. Gabriel de Saldanha em História de Goa – Política e Arqueológica. Págs. 1 e 3. Asian Educational Services - 1990 5 TAVARES, Luis Henrique Dias. Encontro do golfão denominado baía de Todos os Santos. In: História da Bahia. 10ª ed. São Paulo. EDUFBA e Editora UNESP. 2001. 6 A viagem do descobrimento: a verdadeira história da expedição de Cabral. Bueno, Eduardo. – 2.ed. – Rio de Janeiro. Objetiva, 2006. pg. 84. 7 Um percurso ao encontro do medievalismo em Macau. Carlos Baracho. In: RC - Revista de Cultura nº 34 (II série) Edição em Português. Instituto Cultural de Macau – 1998. 8 Estudos, ensaios e documentos – Arte Cristã na Índia Portuguesa. Carlos de Azevedo. Junta de Investigações do Ultramar, Lisboa – 1959. 9 Citado por Carlos de Azevedo no livro Arte Cristã na Índia Portuguesa. Pág. 22. Junta de Investigações do Ultramar, Lisboa – 1959; e por Carlos Baracho no artigo Um percurso ao encontro do medievalismo em Macau. In: RC - Revista de Cultura nº 34 (II série) Edição em Português. Instituto Cultural de Macau – 1998. 10 Orlando Ribeiro. Geografia e Civilização. 1961. Citado em: RELATÓRIO DA MISSÃO À ILHA DE MOÇAMBIQUE – 1981. Análise e sugestões para a sua reabilitação. Fundação Calouste Gulbenkian. 11 Um percurso ao encontro do medievalismo em Macau. Carlos Baracho. In: RC - Revista de Cultura nº 34 (II série) Edição em Português. Instituto Cultural de Macau – 1998. 12 Macau – Da fundação aos anos 70. Evolução sócio-económica, urbana e arquitectónica. Maria Calado, Maria Clara Mendes e Michel Toussant. In: RC - Revista de Cultura nº 34 (II série) Edição em Português. Instituto Cultural de Macau – 1998. 13 Um percurso ao encontro do medievalismo em Macau. Carlos Baracho. In: RC - Revista de Cultura nº 34 (II série) Edição em Português. Instituto Cultural de Macau – 1998. 14 Citado por Carlos de Azevedo em: Arte Cristã na Índia Portuguesa. Págs. 23. Junta de Investigações do Ultramar, Lisboa – 1959. 15 Folangi – era o nome com que correntemente os macaeses de origem chinesa designavam os portugueses. 16 Segundo classificação apresentada no livro “Estudos Baianos – Evolução Física de Salvador”. V 2. Centro de Estudos de Arquitetura na Bahia. Centro Editorial e Didático da UFBA. 1979. 17 Volantes: aqueles cujas ligações com a terra eram extremamente diminutas. 18 O contato entre Bantus e Árabes deu origem a uma outra civilização costeira, os Swahili, da qual descende a etnia Naharra, dos habitantes da Ilha de Moçambique. 19 SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA – MOÇAMBIQUE, ARKITEKTSKOLEN I AARUS – DANMARK. Ilha de Moçambique – Relatório 1982 – 85 20 Um percurso ao encontro do medievalismo em Macau. Carlos Baracho. In: RC - Revista de Cultura nº 34 (II série) Edição em Português. Instituto Cultural de Macau – 1998. 21 Arte Cristã na Índia Portuguesa. Págs. 21 e 22. Carlos de Azevedo. Junta de Investigações do Ultramar, Lisboa – 1959. 22 Fonte: http://www.antiqueprints.com 23 Arte Cristã na Índia Portuguesa. Págs. 21 e 22. Carlos de Azevedo. Junta de Investigações do Ultramar, Lisboa – 1959. 24 Para mais informações consulte: http://whc.unesco.org/en/list/234 25 Esta citação sobre a orientação de D. Francisco Coutinho para a construção da Sé Catedral é repetida em na maioria dos sites de turismo de Goa, desconhecendo-se sua fonte. 26 Citado por Carlos de Azevedo, in Arte Cristã na Índia Portuguesa. pag. 37. Junta de Investigações do Ultramar, Lisboa – 1959. 27 História de Goa: política e arqueológica), pgs 85 a 89. M. J. Gabriel de Saldanha e J. A. Ismael Garcia. Asian Educational Services, 1990. 28 História de Goa: política e arqueológica), pgs 85 a 89. M. J. Gabriel de Saldanha e J. A. Ismael Garcia. Asian Educational Services, 1990.

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