A COMPREENSÃO DE SI: uma ontologia retomando os aspectos existenciais do pensamento em Kierkegaard.

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A COMPREENSÃO DE SI: uma ontologia retomando os aspectos existenciais do
pensamento em Kierkegaard.




João Batista Freire[i]




Estabelecer uma ontologia em Kierkegaard será, pois, despir-se de uma
filosofia tradicional para cobrir-se com uma teologia prática embasada na
fé abraâmica, Abraão será o parâmetro para o indivíduo sublimar-se na
existência. Esse amigo de Deus, será o caminho para o homem relacionar-se
com o desconhecido. O cavaleiro da fé, em termos gerais, faz a caminhada de
sua casa até Moriá, contudo, esse "percorrer" não significa uma simples
saída. Nesse sentido, será um percorrer fora do tempo, além de um inicio
ético e estético. O caminhar atemporal de Abraão, palmilhado pelo
desespero, arremeterá o indivíduo ao estado religioso e permitirá um
processo de compreensão de si mesmo. Esse meio de compreensão se dá, ao
abrir mão do imediato, atendo-se ao devir, ao movimento. O indivíduo
kierkegaardiano precisa ter fé para existir e se compreender, de modo que
haja uma inversão na máxima cartesiana, primeiro existindo, depois
pensando. A ontologia em Kierkegaard exige, entretanto, uma ausência de
"eu", Abraão é seu exemplo perfeito, não há "eu" no cavaleiro da fé, ele
ama o infinito, ele ama a Deus. Nesses termos, há um lugar de
descoisificação para Abraão, esse lugar é Moriá, foi nesse lugar que o amor
divino aconteceu, em Moriá acontece o salto, salto do amor paterno para o
amor patético, divinamente patético. O termo, possível para pensar uma
ontologia em Kierkegaard, exigirá rompimento com conceitos basilares da
filosofia. Contudo, de forma exigente, Sѳren será rigoroso no que se refere
a uma Teologia prática, não estagnada em dogmas, antes, possível pela
existência de um indivíduo que se silencia diante de si mesmo, reduzindo
perguntas éticas e estéticas a um angustiante; Deus proverá. Sobre a
existência religiosa prosseguirá André Verges e Denis Huisman:

O homem do estágio religioso não é mais aquele que submete
sua vida a regras gerais. Ele é um indivíduo diante de
Deus e a sua experiência que vive em sua relação com Deus
é uma experiência singular que só pode ter sentido para
ele, que é absolutamente intraduzível em conceitos gerais.
Para Kierkegaard, a experiências da fé é inteiramente
estranha ao universo dos conceitos inteligíveis e gerais,
ao universo da razão. É nesse sentido que Kierkegaard é um
filósofo que recusa a filosofia. (HISTÓRIA DO FILÓSOSFOS
ILUSTRADA PELOS TEXTOS, 1984 p.337.)







REFERÊNCIAS

HUISMAN, Denis. VERGES, André. História dos Filósofos Ilustrada Pelos
Textos. Rio de Janeiro Ed. Freitas Bastos, 1984, p.337.

KIERKEGARD, Soren. Temor e Tremor. São Paulo: Ed. Hemus, 2008





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[i] Mestrando em Filosofia na Universidade Federal de Uberlândia, Brasil. E-
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