A comunicação como instrumento que edifica e transforma a realidade eclesial

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instrumento que edifica

e transforma a realidade eclesial “É que as novas tecnologias da comunicação não tocam apenas na camada superficial das pessoas, das culturas e das religiões: elas afetam profunda e decisivamente a maneira de vermos o mundo e nos situarmos nele” Antônio Moser

POR MARCELO DOS SANTOS

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A

comunicação humana é um mecanismo que se atribui a um processo artificial, ou seja, existem meios pelos quais a pessoa se utiliza de artifícios para atingir seus objetivos, bem como descobre ferramentas e instrumentos simbólicos com o intuito de organizar sua evolução a contento criando o aperfeiçoamento à curiosidade de interagir com os demais semelhantes. Este exercício acompanha a história da humanidade quando deseja se comunicar bem e melhor. A comunicação é expressa por meio de gestos, sons, palavras, desenhos, escrita, sinais sonoros, etc, manifestando em si mesma a capacidade de constituir seus meios técnicos para ampliar a condição humana de transmitir sua mensagem. Hoje existe um sentimento evolutivo em comunicação estratégica, porque há uma cultura e uma política que oferece um campo de ação multidisciplinar. Isto significa que há métodos específicos para conquistar o espaço cada vez mais idealizado por uma comunicação criativa e que atende às mais variadas necessidades no universo das relações humanas. Para adentrar em um assunto abrangente sobre a comunicação social, necessita de uma investigação muito apurada, mas nosso intuito nesse tema é apresentar algumas fontes educativas que mostram como a Igreja faz da comunicação o caminho para unir cada vez mais seus membros ativos e que por vocação, enquadra esquemas prévios para contribuir em um diálogo seguindo os “sinais dos tempos”, em virtude de um conteúdo rico para que o conhecimento da realidade seja compreendido de maneira universal e construa uma responsabilidade

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dinâmica interpretando uma comunicação virtuosa. Segundo o Documento 100 da CNBB, “Comunidade de Comunidades: uma nova paróquia” é notável a evolução das novas tecnologias, avanço da informática e experiências inimagináveis, que circundam a atmosfera da comunicação. E acima de tudo, é importante acompanhar esses exemplos notados que formam meios extraordinários quando se define os elementos para qualificar o relacionamento a partir de um conhecimento previamente construído. Ou seja, quando nos aportamos em uma realidade positiva de círculos nutridos pelo evangelho, a visão dos interlocutores se apura e vislumbra um convívio originário do entendimento em um processo reflexivo, mas com uma produção revitalizada quando se tem o apreço pelo desenvolvimento dos meios de comunicação enquadrados na realidade eclesial. Esse desenho mental é bom ressaltar a renovação enaltecida pelo incentivo presente na Igreja. Desse modo, acredita-se em um modelo de ação muito próximo quando a Igreja impulsiona esse dinamismo comunicativo para promover a unidade e força do evangelho em meio institucional e social. Para Moisés Sbardelotto, Mestre e Doutorando em Ciências da Comunicação pela Unisinos, Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e autor do livro “E o Verbo se fez bit: a comunicação e a experiência religiosas na internet”, Editora Santuário, explica que “a Igreja sempre se apropriou dos meios de comunicação disponíveis em cada época da história. E isso sempre foi feito de diversos modos e com diversos enfoques. Se pensarmos a situação de hoje, com o

avanço da comunicação digital, vemos que esse movimento comunicacional foi demandando toda uma reestruturação não apenas do pensamento da Igreja sobre a comunicação, mas das suas próprias práticas específicas. Além disso, quando dizemos “a Igreja”, temos que nos lembrar que não estamos falando apenas do Vaticano, mas de todas as demais realidades diocesanas e locais, nas diversas partes do mundo. As práticas de comunicação da Santa Sé, sem dúvida, são um padrão para toda a Igreja, e vemos que houve um grande investimento de atenção, de pessoal e também de dinheiro nos últimos anos, especialmente a partir do Papa Bento XVI; foi com ele que a comunicação vaticana foi reorganizada com a criação da plataforma News.va, que reúne os diversos serviços de comunicação do Vaticano, como L’Osservatore Romano, a Sala de Imprensa da Santa Sé, o Centro Televisivo Vaticano, setor de Internet da Santa Sé, entre outros, em cinco idiomas diferentes”, completa Sbardelotto.

EXPRESSÃO COMUNICADORA SOLIDÁRIA

Para uma compreensão mais atenta e ponderada sobre a importância das tecnologias em comunicação, consideravelmente entender as formas recorrentes utilizadas na organização presentes nelas. A Igreja por sua vez, vem investindo profundamente nesses recursos tecnológicos quando se faz essa troca de informações, em sua linguagem apropriada para mundo, torna-se uma cultura ativa de formação e espiritualidade expressiva. Por isso, quando se nota esse advento tão significativo e impregnado de uma organização fecunda, a Igreja administra essa nova

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cultura que evangeliza através dos meios de comunicação social, simbolizados pelas expressões que transformam a vida comunitária em diversos níveis de relacionamento humano. Logo, a comunicação bem elaborada é a extensão de toda forma de sabedoria aplicada para unir às mentes e corações que buscam formação espiritual. Em um contexto humanista, quando a Igreja se preocupa comunicar de maneira inculturada, basicamente percebemos essa evolução quando atestamos alagar os seus horizontes contemplando em si o diálogo profundo que brota de fundamentos históricos e filosóficos para que a própria Igreja saiba discutir sobre uma visão de totalidade para o mundo. Ou seja, a Igreja sabe comunicar e tende cada vez mais ser solidária ao acesso pelo que entendemos na qualidade de expectador, ouvinte e fiel. O Diretório da CNBB indica um critério muito bem definido para os dias de hoje: “em um ambiente marcado pela rapidez da informação e pela abrangência do contato, o testemunho do Evangelho por parte de todo o povo de Deus não deve se basear em critérios como popularidade, celebridade, aceitabilidade, persuasão, atratividade. A verdade do Evangelho não é algo que possa ser objeto de consumo ou de fruição superficial, mas dom que requer uma resposta livre (n. 194)”. Esse cuidado, a Igreja sinaliza quando percorre o caminho da mensagem que eleva as mais notáveis formas de comunicar com verdade, sabendo que existe um universo ainda a ser explorado com muita perspicácia e vontade. A respeito de um ambiente midiático na atualidade, soba a luz do Documento de Aparecida, Pe. José Alem Pedagogo, Professor de comunicação, filosofia, Especialista em comunicação, Logoterapia, Espiritualidade, explica que “a missão da Igreja é evangelizar, no sentido amplo e profundo da palavra. Trata-se de um processo que abrange o ser humano nas suas múltiplas dimensões e nas suas estruturas socioculturais. Isso é um desafio e sempre o será. Desde os tempos apostólicos vemos Pedro e Paulo abrindo espaços, criando novas linguagens, utilizando meios di26 Paróquias & casas religiosas

o utilizamos e pela cultura mediática versos para levar avante a missão. O assim entendida”, analisa. fato de escrever, na época, era um A partir dessa reflexão, pensamos instrumento de comunicação renoque a Igreja sempre soube que a covador que abria novos espaços para a municação em seu ambiente formatievangelização. Mas a passagem da vo é a ferramenta que cria um “bios” cultura da linguagem oral para a estecnológico intimamente tecido pela crita, preservando uma e acolhendo inovação que sempre soube explorar. a outra foi uma revolução cultural De maneira reflexiva e prática, há sem precedentes. Hoje estamos em uma inteligibilidade que unifica e enuma nova revolução cultural com a globa todo o ‘ser comunicador’ que a criação dos meios elétricos e eletrôIgreja busca avivar entre todos os que nicos e toda a cultura midiática. Isso recebem a sua mensagem, com a lié para a Igreja um desafio e, ao mesberdade que Cristo como tempo, um compromisso. Avançar na misHoje estamos em municou. A propósito o que são de evangelizar por todos os meios possí- uma nova revolução cultu- declara o Decreto “Inter veis”, completa. ral com a criação dos meios Mirifica” (Vaticano II) sobre conhecer “novas Padre José Alem amplia sua reflexão pontu- elétricos e eletrônicos e toda invenções tecnólogas” e o que deve ser investido ando que “mesmo antes a cultura midiática na proximidade com os do Concílio do Vaticano II havia já expressões da Igreja atenta ao uso dos meios de comunicação presentes e os que surgiam. Nas últimas décadas o desenvolvimento tecnológico e a criação de novas linguagens e meios é para a Igreja uma ousada tarefa. Reconhecer esses meios e conhecer suas linguagens é um desafio permanente. O interesse e o desenvolvimento de vários projetos na área assim como a Pastoral da Comunicação e o recente Pe. José Alem Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil expressam o interesse pelo assunto”, afirma. fiéis, Pe. José Alem dedica sua apreciaNesse sentido, Padre Alem observa ção afirmando que “a Igreja fala pela que “há muito que se aprender e fazer. primeira vez em um Concílio sobre os Desafios como entender melhor a comeios de comunicação. O documento municação humana no sentido mais Inter Mirifica, entre as coisas maraviprofundo, antropológico, filosófico, teolhosas, expressa um passo novo e um lógico, assim como conhecer as diversas reconhecimento para que a Igreja na linguagens que usamos para nos comuatualidade encontre novos meios para nicar, conhecer e vivenciar de maneira levar sua Mensagem a todos. Como competente os meios de comunicação tudo que fazemos na vida, temos sempara expressar de maneira mais clara, pre que aprender, conquistar, reconheconvincente, competente e sobretudo cer, partilhar. As novas invenções tectestemunhal é um enorme desafio. O nológicas são meios novos de grande desafio, porém, é reconhecer o comunicação e isso supõe também noessencial: nossa missão é viver e anunvas linguagens. ciar o Evangelho que escolhemos como Fundamental é reconhecer a razão ideal de vida e utilizar de outros meios e a motivação de utilizar esses meios para testemunhá-lo. Há o perigo imenpara comunicar a Mensagem. Prepaso em reduzir o Evangelho a um “prorar pessoas com clara e profunda opduto” de consumo e a fé em uma ideoloção por Cristo, que vivam o Evangelho gia religiosa. Os meios de comunicação para poder trabalhar nessa missão e favorecem muito isso pelo modo como não ser reducionista, tecnicista, co-





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mercial, mercantilista e outros “isnas colaboram. Poucas mídias são inimos” que comprometeriam radicalciativas de leigos! Para ser comunicação mente a nossa missão”, ressalta. eclesial deveria haver mais ousadia do Pelo que percebemos, esse conhecilaicato!”, salienta Pe. Zezinho. mento por meio das noO que é expoente nesvas invenções atribuídas se espaço transformado A linguagem católica por uma comunicação para viabilizar essa criatividade para movimentar ainda é hermética; vale sempre em busca de inoIgreja, Padre Alem é criseus recursos e alcance dizer que ainda precisa ser var terioso quando diz que “o é essencial observar a lin‘investimento’ supõe pes- mais traduzida de manei- guagem. Nesse sentido, soas antes de tudo, em ra que o povo entenda os unimos nossa reflexão processo permanente de diante da novidade e os evangelização, com since- termos católicos usados no exemplos que a Igreja utira decisão de viver o rádio e na televisão liza em vista de sua preEvangelho que reconhesença marcante na esfera çam nesses meios os instrumentos aptos para ampliar o campo da missão. Para isso supõe competência pessoal, comunicacional, profissional, tecnológica e também a “qualidade” na produção, publicação e utilização dessas linguagens e meios. O maior desafio é entender que ‘é impossível não comunicar. Todo comportamento é comunicação’. Entender isso e suas implicâncias e competências podem levar a uma reviravolta na nossa maneira de pensar, sentir e agir”, esclarece. Se quisermos entender sempre mais e melhor sobre o crescimento e importância das novas tecnologias, bem como Pe. Zezinho, SCJ “novos aerópagos” em comunicação social, é aprofundar esse dinamismo comunicacional e sua linguagem própria que cerca nosso cotidiano midiático. e fundamentada em valores da missão. Isto implica que há um poder positivo Com muita perspicácia e observação nesse sentido que equilibra as diversas criteriosa e crítica, Padre Zezinho explica formas de se comunicar na atualidade. que “a linguagem católica ainda é herméHá uma singularidade nas formas de tica; vale dizer que ainda precisa ser mais pensar sobre como intensificar as novas traduzida de maneira que o povo entenformas de comunicar por meio de uma da os termos católicos usados no rádio e mídia expressiva e de linguagem transna televisão. Houve progresso na geração formada. A partir dessas ideias, Padre de imagens. Mas expressiva quantidade Zezinho, SCJ, aponta-nos alguns quesde sacerdotes pregadores precisa de atuationamentos acerca desse movimento lização teológica, e carecem de conhecicomunicacional, quando afirma que “é mentos de sociologia, psicologia até notável o esforço de atualização dos nomesmo de catequese. Na falta de mais vos ‘areópagos’. De vinte anos para hoje, estudos muitos que falam nos microfoprodução de vídeos, programas de TV e nes e diante das câmeras navegam no rádio, novos canais, novas propostas óbvio e no excesso de lugares comuns. aconteceram. Sem dúvida alguma, o Melhoraria muito se todos passassem ambiente midiático da Igreja se ampor um teste de conhecimentos gerais a pliou. Timidamente os leigos tentam cada cinco anos! Pode ser radical, mas a tomar nas mãos estes instrumentos. pregação seria muito mais fundamentaMas a iniciativa permanece mais nas da! RARAMENTE se vê citações de enmãos de sacerdotes. A mídia católica cíclicas, documentos e livros ricos de ainda está clericalizada! Os leigos apeconteúdo!”, completa.





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O que Padre Zezinho verbaliza, seporta que anunciemos Jesus Cristo. E tico, pessoas que deixaram de particiria um sentimento que ressoa com isso começa por uma comunicação inpar da vida eclesial. São os chamados muita seriedade e preocupação, para terpessoal, paroquial e diocesana cada “desigrejados”. Elas dizem: “sim” a Jesus que a Igreja tenha comunicadores savez mais aberta a novos paradigmas. Cristo e “não” à Igreja. A evangelização cerdotes que impulsionam e levam a Muitas vezes nossa comunicação é muivoltada a elas precisa estar ligada à conmensagem de Jesus Cristo pelo mereto cartesiana, feita por meio de gavetiversão. Por fim, quem evangeliza atracido ministério que exercem. Assim, a nhas. É urgente uma visão mais ampliavés dos novos meios de comunicação comunicação se instaura de modo da da realidade. Uma visão mais global, precisa ir ao encontro daqueles que, muito próprio nos campos de atuação mas que contemple as pequenas coisas ainda, não conhecem Jesus Cristo ou da Igreja na sociedade. que a vida nos traz a todo instante. não quiseram conhecê-lo. Em sintonia como essa descobrimos que o ordinário é A essas pessoas é fundaQuando desco- mental partilharmos a feli- Quando reflexão crítica e atualizaextraordinário, fazemos uma comunicada, contamos com a cola- brimos que o ordinário é cidade que temos por cação mais simples, sem perder a profunboração de mais um comu- extraordinário, fazemos minharmos com Jesus. didade. Talvez, esse novo paradigma nicador sacerdote que possa nos ajudar na caminhada com JeApresentarmos Jesus Cristambém atua nos meios de uma comunicação mais to como o maior dos bens sus e na convivência fraterna com noscomunicação evangelizan- simples, sem perder a que possuímos. Se não essos irmãos”, conclui. do de maneira significativa Em uma análise criativa sobre as truturamos nossa comunie feliz. Pe. Agnaldo José é profundidade novas invenções tecnológicas a serviço cação nesses ambientes, esda Igreja, Moisés Sbardelotto, observa taremos lançando palavras ao vento. Não se pode dizer qualquer coisa, de qualquer jeito, sem saber para quem estamos dizendo”, certifica Pe. Agnaldo. O dinamismo que a Igreja aprofunda está também relacionado às inovações tecnológicas em um sentido em que a comunicação cada vez se instaura permitindo mais acesso facilitado. Nesse sentido, Padre Agnaldo explica de forma contundente de como investir em uma comunicação que viabilize explorar mais e melhor o universo da comunicaPe. Agnaldo José ção, mostrando que “a grande marca da vida das primeiras comunidades cristãs era a unidade. Elas faziam do dia a dia, Mestre em Comunicação na Contemda convivência, da fração do pão, da poraneidade, Jornalista, Cantor, ComMoisés Sbardelotto partilha dos bens e da oração, verdadeira positor e Escritor, possui vários CD’s comunicação com o Evangravados pela Paulinas-Comep, apreque “não acredito gelho. As novas invenções senta os programas “Caminhos da Fé” O melhor investi- ainda que haja uma resposta únitecnológicas derrubaram (TV Século 21) e “Deus com a gente” as barreiras. Contudo, há o mento é perceber as ne- ca, porque depende muito (TV Aparecida) e ajuda-nos a entender risco de conhecermos o cessidades e os desejos de das necessidades e dos deesse ambiente midiático responsável sejos locais, específicos de mundo e desconhecermos pelas mais variadas formas de expresnossa própria realidade. cada realidade local, das cada realidade da Igreja. são na Igreja, assegurando que “a Igreja, Posso estar conectado a al- pessoas que fazem parte Por exemplo, há uma inisobretudo, depois do Concílio do Vaticiativa interessante, chamaguém do outro lado do cano II, tem valorizado os modernos planeta e desconectado de das comunidades espe- da ‘episcopo.net’, que busca meios de comunicação para o anúncio alguém próximo a mim. cíficas e responder a isso favorecer a comunicação e do Evangelho de Jesus Cristo. O querigajudar algumas realidades Os cristãos leigos, religioma precisa estar presente nesses novos com qualidade eclesiais, favorecendo, por sos, padres e bispos, receambientes midiáticos. Todavia, é preciexemplo, a realização de videoconfeberam de Jesus Cristo o mandato de so ter o olhar voltado para três realidarências. Para dioceses com territórios anunciar o Evangelho “em cima dos tedes de pessoas que vivem mergulhadas grandes, nem sempre as reuniões do lhados”. Hoje, existem muitas possibilinesses “novos areópagos”. Há aquelas clero são baratas, porque demandam dades de obedecermos a esse pedido do que frequentam a Igreja, participam de grandes deslocamentos, hospedagens, Mestre: cinema, rádio, TV, internet, reuma paróquia, muitas vezes fazendo alimentação, etc. Por isso, a internet des sociais e outros que a inteligência parte de uma pastoral ou de movimenpode facilitar essas dificuldades especíhumana criar. Não importa o meio: imto. Há também, nesse ambiente midiá-



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ficas. Outro investimento cada vez mais necessário, especialmente com o Papa Francisco avanço da mobilidade dos aparelhos de comunicação, são os aplica“Comunicação ao serviço de tivos para celular voltados Uma boa co- uma autêntica cultura do para o público católico, seja de uso mais pessoal – oração, municação ajuda-nos encontro”, Papa Francisco, concluíra uma análise fenoleituras espirituais, etc –, quanto para promover uma a estar mais perto e a menológica sobre mundo interação maior entre os fi- conhecer-nos melhor contemporâneo em que vivemos, chamando assim éis, favorecendo um maior contato entre as diversas rea- entre nós, a sermos atenção para o fato que “hoje, vivemos em um munlidades eclesiais. E, às vezes, mais unidos do que está a tornar-se cada nem se trata de investimenvez menor, parecendo, por isso mesmo, to, mas de valorização e bom uso daque deveria ser mais fácil fazer-se próquilo que se tem. Por exemplo, quantos ximo uns dos outros. Os progressos dos sites de dioceses e paróquias estão detransportes e das tecnologias de comusatualizados, com poucas informações, nicação deixam-nos mais próximo, inem que coisas básicas, como o horário terligando-nos sempre mais, e a globadas missas, nem são disponibilizadas lização faz-nos mais interdependentes. ou estão escondidas em algum “canto” Todavia, dentro da humanidade, perdo site. O melhor investimento é percemanecem divisões, e às vezes muito ber as necessidades e os desejos de acentuadas”. Essa mensagem justacada realidade local, das pessoas que mente aguça o que o cristão conscienfazem parte das comunidades específite acredita e busca discernir quanto cas e responder a isso com qualidade, deve observar como a comunicação é sem tentar “inventar a roda” ou criar instrumento de formação ou apenas inovações forçadas, que não interesum meio de informação. Isso se deve sam a ninguém. Acima de tudo, o desaao poder que os meios de comunicafio é aprofundar a autorreflexão e o ção exercem. O Papa ainda se pergundiscernimento constantes, para sempre ta sobre qual pode ser o verdadeiro avaliar se todo o investimento humano papel que os meios de comunicação e financeiro da Igreja no âmbito da copodem e devem desempenhar em um municação contribui para o objetivo mundo assim descrito alegando que mais elevado e profundo de toda a “neste mundo, os mass-media podem Igreja, que é colaborar na construção ajudar a sentir-nos mais próximo uns do Reino de Deus”, argumenta. dos outros; a fazer-nos perceber um renovado sentido de unidade da famíMEIO E MENSAGEM DE FÉ, VIDA E COMUlia humana, que impele à solidariedaNICAÇÃO de e a um compromisso sério para uma Uma linguagem direta e objetiva vida mais digna. Uma boa comunicasegue um vínculo que expressa o cuição ajuda-nos a estar mais perto e a dado que a Igreja tem para com seus conhecer-nos melhor entre nós, a serdestinatários. O fato é, a comunidade mos mais unidos”. Esta última afirmaeclesial exige comunhão fraterna, parção é um resumo explícito para que a ticipa e possui um engajamento que Igreja, paróquias e comunidades, procom os valores acrescidos de uma comovam o exercício criativo e verdamunicação equilibrada e atual, certadeiro para uma construção da unidamente, seu alcance é extremo. Por de entre os irmãos e irmãs e juntos isso, o exemplo que a Santa Sé expõe tenham real conhecimento do valor por meio da mensagem de Sua Santida família cristã. dade, o Papa Francisco, assegura que A partir desse tema, Papa Franciso dinamismo na comunicação cria co ainda exorta em sua mensagem para um envolvimento intenso, além da o 49º Dia Mundial das Comunicações reflexão e ensinamento sobre questões neste ano de 2015, cujo tema é “Comuatuais. No 48º Dia Mundial da Comunicar a família: ambiente privilegiado nicação Mundial (2014), cujo tema



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do encontro na gratuidade do amor”, dade de TVs católicas, rádios em tanpois nossa reflexão cria esta expectatitas Igrejas particulares, o incremento va quando Sua Santidade abre as porda Pastoral da Comunicação, a criatas para o diálogo atual sobre como ção de grupos de Facebook, Whatsapp, fundamentar e levar a mensagem da Twitter e afins. Não tenho dúvida que Boa-Nova pelos meios de comunicaainda podemos avançar muito mais. ção. Sob a luz da mensagem pontifícia, Por exemplo, e aqui falo a partir da iluminada pelo tema proposto por experiência pastoral, ainda usamos Francisco: “A família é o primeiro lugar muito pouco os espaços das rádios onde aprendemos a comunicar”, cria comunitárias. Em quase todos os reum envolvimento intimamente ligado cantos deste nosso imenso Brasil, já ao universo familiar tendo em vista existem estes meios de comunicação. esse comprometimento com os ideais A Igreja tem que ocupar estes espaços. que atingem a magnitude das ações A preocupação da V Conferência de que a Igreja investe quando se trata de Aparecida e tudo o que estamos “percomunicar o bem e a verdade. O pontícebendo” do magistério do Papa Franfice expressa que “o desafio que hoje se cisco é que devemos promover a culnos apresenta, é aprender de novo a tura do encontro. Existe uma narrar, não nos limitando a produzir preocupação primordial, que é gerar a e consumir informação, embora esta proximidade das pessoas. A cultura seja a direção para a qual nos impepós-moderna relativiza esta dimenlem os potentes e preciosão. A partir do Evangesos meios da comunicaO uso de todos lho, o que a Igreja tem de ção contemporânea. A buscar é a integração e informação é importante, os meios e em todos os interação das pessoas”, mas não é suficiente, por- lugares, juntamente com completa Pe. Matias. que muitas vezes simplifiA partir dessa análise, ca, contrapõe as diferen- a setorização pessoal e de acordo com a estrutuças e as visões diversas, geográfica da ação mis- ra que se estabelece no solicitando a tomar particomunicacional, é sionária pastoral é cami- meio do por uma ou pela outra, primordial que haja um em vez de fornecer um nho imprescindível da olhar diferenciado no se olhar de conjunto”. Logo, dinâmica da Igreja refere aos meios de coessa mensagem apregoa um sentimento de pertença quando Papa Francisco indica o caminho a seguir com estas palavras que alimentam essa transformação comunicacional. É um desafio que perante as novidades tecnológicas em comunicação, é importante prestar atenção nessa visão de conjunto, pois a Igreja está preocupada como a mensagem dirigida aos fiéis é fundamentada e verdadeira para que as pessoas acessem a informação com qualidade. Nesse sentido, Pe. Matias Soares, Vigário Episcopal da Arquidiocese de Natal/ RN e Pároco na Paróquia São José, em Mipibu-RN, que faz várias análises e reflexões sobre diversos temas e assuntos, acredita que “em um primeiro momento estou de acordo que a Igreja esteja investindo e tenha uma grande preocupação com o uso destas novas ferramentas para o anúncio da “alePe. Matias Soares gria do evangelho”. Basta ver a quanti-





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municação aliados à tecnologia, por isso, Pe. Matias observa que “o que é comum à estrutura de comunicação da Igreja do Brasil, hoje? Que canais de interação existem para que o que é eclesial seja abarcado pelo tribal/grupal? As diferenças regionais do nosso país exigem esta postura estratégica e organizacional da ação missionária pastoral. O que sentimos nas bases é o reflexo do todo. O olhar deve ser proativo. O que é urgente é a conversão ao que é eclesial e a formação. Não esqueçamos que a comunicação é meio de proximidade. Já mencionei, mas vale enfatizar que as redes sociais são o lugar de encontro mais atrativo para as pessoas atualmente. As pessoas as ocupam muito vorazmente. O que se confirma é que existe um desejo do outro. Estar com o outro, mesmo sem ser com o outro. Há relação, mas não há compromisso. Estes não criaram os tempos líquidos; só os fortaleceram. Nesse sentido, deve haver uma grande preocupação na estruturação humanizada e humanizante do seu aparelhamento comunicacional. Estes novos areópagos são novos; porém, não podem continuar antigos para a ação missionária pastoral da Igreja”, conclui. E nesse pensamento acerca de promover e estimular o conhecimento de novas tecnologias aliadas à comunicação na Igreja é importante suscitar uma presença sempre ativa e renovada. Isso permite que os gestores de paróquias, comunidades, entidades, possam contribuir de forma mais atenta alicerçando as bases de uma pastoral de conjunto quando se tem a comunicação como aliada e permite conhecer e experimentar novas técnicas a partir do que apresenta o Documento Inter www.revistaparoquias.com.br | maio-junho 2015

Mirifica (Vaticano II). Assim, Pe. Matias ainda contribui a esse respeito acreditando que “o Concílio do Vaticano II abriu as portas da Igreja para que o diálogo com o mundo contemporâneo fosse a atitude indissociável da identidade da Igreja, no seu papel missionário (Ad Gentes, 2). O documento Inter Mirifica deve ser interpretado nesta perspectiva. Estas novas maravilhas devem ser instrumentos que permitam a maior abertura da Igreja para que as angústias e as alegrias dos discípulos de Jesus sejam também as da Igreja. Esta intenção dialógica pensada pelo Concílio para ser testemunhal para a realidade Ad Extra da Igreja, é necessário que comece a acontecer Ad Intra. Para que compreendamos a eclesiologia do Concílio, se faz necessário que leiamos conjuntamente a Gaudium et Spes e a Lumen Gentium. Se o primeiro trata da importância de uma Igreja que interpreta os sinais dos tempos a partir da economia, família, cultura e outras construções da sociedade, o segundo lembra da realidade da Igreja, que deve ser pensada como a realidade que reluz à

Luz de Cristo para o Mundo. Toda a Igreja é povo de Deus. Os Bispos, Presbíteros, Diáconos, Consagrados(as) têm uma identidade, mas sempre a partir de uma eclesiologia de comunhão. O que vejo para que a relação interna seja fortalecida pela comunicação, é antes de tudo que seja gerado uma “cultura do encontro” dentro da própria Igreja. Os Bispos, Presbíteros, Diáconos e Consagrados(as) não poder viver como estranhos dentro da Igreja. Eis um tremendo contra testemunho! Parece-me que o ponto de partida é antes de tudo relacional. O sentimento de pertença. O sentido da mística eclesial. O que as “novas invenções” devem transmitir é antes de tudo o testemunho de sentir com a Igreja e a convicção de que “todos somos Discípulos Missionários” de Jesus Cristo. O que precisamos para que esta relação interna seja mais profunda, é a certeza de que o Evangelho é a nossa bússola para a comunicação das maravilhas de Deus”, ressalta. Portanto, essa discussão até aqui apresentada, exigirá de nós, leitores, um exercício aprofundado sobre as

questões que incentivam uma comunicação em profunda ação pastoral, como também uma atividade profícua no que se refere aos que nutrem os meios de comunicação para haver e manter esse diálogo em vista da evangelização em sua completude. O avanço tecnológico é um incentivo para que as lideranças eclesiais busquem igualmente explorar de forma íntegra e aproveitar seus recursos para que pessoas e fiéis sejam os verdadeiros destinatários dessa Boa-Nova que permite unir almas, corações e por meio da atitude de servir. Desse modo, “dentre estas invenções, porém, destacam-se aqueles meios que não só por sua natureza são capazes de atingir e movimentar os indivíduos, mas as próprias multidões e a sociedade inteira...” (Inter Mirifica 1460). Marcelo dos Santos é Diretor Editorial da Revista Paróquias & Casas Religiosas, Pós-Graduado em Comunicação Social, Bacharel e Licenciado em Filosofia e História, pela PUC-Campinas/SP, Bacharel em Teologia, pelo ITESP. Autor do livro “Sob a Luz do Evangelho”, publicado pela Editora A Partilha. Site: www.revistaparoquias.com.br Contato: [email protected]

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