A Conceitualização de Ideia no Capitulo IV do Livro Problemas da Filosofia de Bertrand Russell

May 29, 2017 | Autor: Marcos Jaques | Categoria: Bertrand Russell, Filosofía de la Ciencia, Filosofía, Filosofia Moderna, Conceito
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
CURSO DE Filosofia


MARCOS JAQUES










A CONCEITUALIZAÇÃO DE IDEIA NO CAPÍTULO IV DO LIVRO PROBLEMAS DA FILOSOFIA
DE BERTRAND RUSSELL














CURITIBA
2015
MARCOS JAQUES














A CONCEITUALIZAÇÃO DE IDEIA NO CAPÍTULO IV DO LIVRO PROBLEMAS DA FILOSOFIA
DE BERTRAND RUSSELL
ARTIGO APRESENTADO À DISCIPLINA SEMINÁRIOS DE LEITURA, ANÁLISE E PRODUÇÃO
DE TEXTOS FILOSÓFICOS DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO PARANÁ.

Orientador: Prof. Breno Hax Junior












CURITIBA, ABRIL DE 2015.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo analisar o conceito de ideia na visão
russelliana a partir do IV capítulo do livro, Problemas da filosofia, pois,
a ideia tem um papel de suma importância no que tange os problemas da
filosofia de Russell, para o autor estamos à mercê dos dados dos sentidos e
percebemos às aparências do mundo por meio deles, o conceito de ideia,
entra em questão quando Russell tenta demonstrar por meio de uma
argumentação concatenada e hermeticamente estável as incongruências, que
Berkeley apresenta na forma como ele trata o conhecimento dos objetos.
Bertrand, faz uma análise crítica dos argumentos usados por Berkeley para
sustentar sua teoria, e assim o autor perpassa por cada uma de suas lacunas
declarando e justificando seus erros filosóficos.
Nesse passo, assinalarei os pontos em que Russell decompõe os argumentos
idealistas de Berkeley; tais argumentos, concebiam um conhecimento direto,
entre mente e objeto. No entanto, como podemos conhecer algo que não esteja
em nossa mente? Os objetos que conhecemos são apenas dados sensoriais?
Russell aposta todas suas "fichas" em um mundo determinado por dados
sensoriais. Russell procura as origens das ideias, e isso o leva a um
problema idealista, que são as duas explicações de ideia, a ideia enquanto
conhecimento imediato e a ideia enquanto ato mental, pensamento, isso leva
Russell a dedicar uma página de seu livro a esta questão. Quando se trata
de teoria de conhecimento Bertrand, não esmera esforços na luta com os
idealistas, pois, o ato metal é o meio para a obtenção de conhecimento.
Sendo assim, Russell acredita que há uma ponta solta, ela não pode
continuar; quando se acredita que o conhecimento só se dá com algo que
temos ideia, isso exclui todo e qualquer tipo de conhecimento sem
condicionamento ideal, para Russell isso é uma dicotomia do significado de
conhecimento, como libertador, e o torna massificam-te e apressado,
limitando do pensamento.
Com isso, finalizarei com uma breve demonstração de como Russell, distingue
o conhecimento direto do conhecimento por descrição, que quando definidos,
poderemos extrair o conceito de ideia para Russell, que em grande medida,
abrange uma gama de conceitos, como dados dos sentidos, aparências e
conhecimento. Para que está construção torne-se o sumo de sua teoria, e
deste sumo perceberemos a ideia surgindo tímida e humilde no campo do
pensamento humano, a ideia movendo o mundo nos seus dois sentidos, tanto no
descritivo quanto no direto. Assim podemos enfrentar esse emaranhado de
construções intelectuais formadoras de novos e pretensiosos ideais, com o
objetivo de manter a grande cadeia de formação do nosso conhecimento sobre
nós mesmos.

o conceito de ideia no capítulo IV do livro Problemas da filosofia de
bertrand russell

Bertrand Russel que intitula seu capítulo IV com "Idealismo" inicia-o
demonstrando os vários sentidos e interpretações que esta palavra ganha do
campo filosófico e para isso, utiliza os objetos físicos, como prova de que
nenhum objeto, se encontra fisicamente em nossas mentes, excluindo assim, a
possibilidade de que os objetos sejam metais, porém, o autor deixa em
suspenso se o idealismo[1] é verdadeiro ou falso. Nesse passo, Russell
esclarece que o idealismo surge de forma sistemática, por ser contingente a
teoria do conhecimento, como ponto de partida, foi o que Russell acusou
Berkeley. Para Bertrand o Bispo Berkeley afirmava que o conhecimento está
diretamente ligado a mente, tudo que é conhecido está na minha mente ou em
outra mente, sendo assim, os dados dos sentidos tornam-se as únicas coisas
que podemos ter certeza. Contra isso, é que Russell trata o conceito de
ideia em contraste ao de Berkeley, o autor, explica que o termo ideia em
Berkeley, tem o sentido, em que tudo é imediatamente conhecido, com isso os
dados dos sentidos são ideias[2], destarte, Russell dá o exemplo de uma
árvore, ela seria um ideia e para isso, ela deveria estar em nossa mente,
pois, não há nada que possa ser real, a não ser o que é percebido pelos
sentidos, para algo existir deve ser percebido. No entanto, quando não há
alguém para perceber a árvore, ela existirá? Sim, segundo, a interpretação
que Russell faz de Berkeley, ela existe pelo simples fato de Deus existir e
Ele estar percebendo tudo permanentemente, o que inclui a árvore.
Com todos esses argumentos, Russell demonstra em conseguinte, algumas
falácias na interpretação de Berkeley, sua reflexão coloca em evidência o
conceito da palavra "ideia". Para Bertrand há uma ambiguidade nessa
palavra, que leva a má interpretação. A noção de estar na mente, para o
autor quando pensamos em ideia, logo imaginamos algo inerente a mente,
entretanto podemos interpretá-la de duas formas, a primeira, é que temos a
ideia de algo dentro, no nosso pensar, a segunda é a da ideia ser o objeto
fora do pensamento. Um exemplo é do Arquiteto, ele tem o projeto de uma
casa na mente, porém, a casa não está dentro fisicamente de sua mente. Nas
palavras de Russell "Argumentar que a própria árvore deve estar em nossa
mente é como argumentar que uma pessoa em quem pensamos está, ela mesma, em
nossa mente." (Russell, 2005, p. 33).
Após essa constatação Russell, distingui os objetos físicos dos dados dos
sentidos, para Berkeley os dados dos sentidos são subjetivos, pois, são
dependentes de sujeito e um objeto, sem qualquer um deles, a ideia não
existiria, doravante Russell, investiga o problema da natureza das ideias,
para com isso, desvelar a concatenação do pensamento idealista, que leva o
sentido de ideia, a duas acepções, uma da percepção do objeto enquanto tal
e outra a de objeto quanto ato metal, algo que é apreendido, em outros
termos, o que Bertrand quer nos mostrar é que por mais diversa que for a
posição de um objeto em relação a seu observador, ele patentemente não
prova que este objeto está dentro da mente. Russell lembra que com esse
pensamento tudo o que podemos conhecer e apreender está intrinsecamente em
nossa mente.
Com a introdução do ato e objeto na apreensão das ideias, Russell articula
sua definição de ambas, para o filósofo estas atribuições são necessárias,
haja vista, elas estarem condicionadas a capacidade de conhecer. Para
Bertrand a mente é a única capaz de angariar o conhecimento e sua
característica principal é obter o conhecimento direto dos objetos, desse
modo, quando pensamos no objeto, pode ser que ele não seja mental, tento em
vista, que um objeto, é diferente da própria mente enquanto ato de
apreensão. Algo que vai de encontro as concepções, de que não é possível
saber se algo existe, sem o conhecermos. Para podermos conhecer, teremos
que ter um conhecimento preestabelecido, com base, para o conhecer. Russell
é econômico quanto a isso, para ele não há razão, de não considerar real e
relevante, algo que não tange importância prática em nossas vidas
cotidianas, sendo isso irreal, não obstante, devemos tomar isso como
importante em questões teóricas, pois, diz respeito a algo que faz parte do
pensamento e do desejo pelo conhecimento. Isso se dá, segundo Russell, pelo
fato, da palavra "conhecimento" ter dois sentidos de interpretação,
primeiramente o conhecimento é algo que sabemos ser verdadeiro,
conhecimento de verdades, outro sentido seria termos os dados dos sentidos,
para Bertrand, este é o conhecimento das coisas suscetíveis a serem
conhecidas diretamente, conhecimento direto.
Ora, podemos conhecer aquilo que não sabemos que existe pelo conhecimento
direto? Para Russell, sim. O autor usa o exemplo de um fato histórico, que
não é apreendido de forma direta, no entanto, foi adquirido de ideias que
outros tiveram diretamente, tornando-se conhecimento, destarte, é passada
como conhecimento de verdades, porém, pode-se afirmar com certeza, se o
conhecimento dos "outros" é realmente verdadeiro? Nesta questão Russell
diz:
[...] não existe razão alguma para que não saiba da
existência de algo que ninguém tem conhecimento direto.
[...] Se conheço diretamente que algo existe, meu
conhecimento direto me proporciona conhecimento de que ela
existe. Mas não é verdade, reciprocamente, que sempre
posso saber que algo determinado existe, eu ou alguém deve
ter conhecimento direto da coisa. (Russell, 2005, pp. 36-
37).

Esse fato, Russell chamou de conhecimento por descrição, quando eu não
possuo o conhecimento direto, porém, determino como verdadeiro o
conhecimento direto de alguém, que diz ter, isso pode ser aferido pelo meu
conhecimento direto, que deduzirá se a ideia tem plausibilidade ou se não
passa de uma falácia. Claro que Russell estabelece uma linha entre os
dados dos sentidos e os objetos, formando assim, a noção de ideia como não
metal em alguns casos, Russell tira a autoridade contida no objeto, como a
do sujeito que apreende, colocando os dois como entidades separadas e
assim, elimina a dependência dos dados dos sentidos na mente, com isso
liberta o conhecimento de suas condicionadas concepções, abre margem para o
pensamento de uma teoria do conhecimento alternativo, em que não existam
preceitos a serem seguidos, sim um mundo, com um número imenso de
possibilidades de conhecer e ser conhecido, mergulhando assim, no abundante
mar, em que os caminhos da ideia de filosofia se apresenta.





CONSIDERAÇÕES FINAIS

No prisma filosófico, podemos encontrar uma infinidade de termos e
significados, porém, quando nos deparamos com o que Russell nos apresenta,
sobre o conceito de ideia, podemos consequentemente, intuir que sua
definição é um tanto quanto forçosa, na medida em que, os seus pressupostos
se encontram na percepção que o indivíduo, isso é determinante como fator
avaliativo, quando se define os dados dos sentidos. Para Russell nada do
que vemos aparentemente é o objeto em si, não obstante, o que vemos, são os
nossos dados dos sentidos e assim temos a formação da ideia. Que para
Russell, se interpreta substancialmente de dois modos, o descritivo e o
direto. Com isso, cria-se uma visão ideal de como o nosso aparato cógnito
funciona, segundo Russell, sendo assim, a ideia, torna-se abrangente a
vários patamares do conhecimento humano, que se constrói a partir das
ideias, nossas ideias "diretas" são tomadas de imediato e as ideias
(conhecimentos), que nos são passadas de forma descritiva, oriundas de
indivíduos que supostamente, detiveram ou apreenderam tais conhecimentos de
forma direta, levando a crer que o cerne do conhecimento está no que
podemos adquirir de modo direto.
Russell deixa claro, que para ele os idealistas são pessoas precipitadas ao
imaginar que os objetos físicos estão em nossa mente, porém deixa de
explicar como um idealista, entende os objetos, que para Russell são
"físicos". Entram nas mentes. E também não explica, como a tomada de uma
tese, que concebe os objetos em duas instâncias, sendo uma delas ocorrente
fora do corpo, deixa um rastro quase que apagado de um idealista que não
segue seus ideais?




























Referências

RUSSEL, Bertrand. Os problemas da Filosofia. Tradução Jaimir Conte.
Florianópolis, 2005.

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução coordenada e revista
por Alfredo Bosi. São Paulo: Martins Fontes, 2000.




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[1] Termo quando afirma que o idealismo consiste em afirmar que "o infinito
é I.", ou seja, não real (Wissenschaft derLogik, I, I, seç. I, Gap. II,
nota 2); 3B ao termo ideal, designando o que é perfeito, mas irreal. Cf.
"Idealismo" ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins
Fontes, 1999.
[2] Constitui o nome da grande corrente filosófica romântica que se
originou na Alemanha no período pós-kan-tiano e que teve numerosas
ramificações na filosofia moderna e contemporânea de todos os países. Por
seus próprios fundadores, Fichte e Schelling, esse Ideia. foi denominado
"transcendental", "subjetivo" ou "absoluto". Cf. "Ideia" ABBAGNANO, Nicola.
Op. Cit.
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