A construção do sujeito feminino: uma análise de La plaza del diamante, de Mercè Rodoreda, e Ramona, Adiós, de Montserrat Roig

O presente artigo propõe-se a analisar os romances La Plaza del Diamante (1962), de Mercè Rodoreda, e Ramona, Adiós (1972), de Montserrat Roig, buscando compreender como as autoras constroem, em suas respectivas obras, o sujeito feminino que está vivenciando a cidade de Barcelona antes e depois da Guerra Civil Espanhola. Para tanto, propõe-se a pensar de que forma a narração é organizada e como se materializa a voz das mulheres. Em La Plaza del Diamante, abordamos a construção da narrativa em primeira pessoa, através do ato de rememorar e a relação deste ato com as descrições dos espaços e o acionamento dos sentidos através de imagens e símbolos que operam no romance. Em Ramona, Adiós, abordamos a apresentação de três personagens em três tempos diferentes, através de uma narrativa cíclica, composta por fragmentos. Em ambos, examinou-se a relação entre as características das personagens, as formas narrativas empregadas e as imagens de Barcelona construídas por elas. A partir da análise desses elementos, observamos que as autoras, ao construírem suas narrativas sobre um espaço comum-esfera íntima, família e cidade – aludem a acontecimentos históricos e recriam o processo de transformação das personagens como um processo interior da formação do sujeito, e as experiências cotidianas das mulheres representadas por suas próprias vozes oferecem uma outra visão sobre a Espanha do século XX.