A Construção Identitária através da Linguagem Sexista nas Músicas de Quim Barreiros

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A Construção Identitária através da Linguagem Sexista nas Músicas de Quim Barreiros



Korapat Pruekchaikul Na área da sociolinguística, a linguagem sexista é frequentemente estudada e investigada, visto que é um fator importante que nos mostra e indica não só a variação da língua, mas também o poder e a identidade dos indivíduos. Nas línguas que têm o género gramatical como o espanhol, o português ou o italiano, a linguagem sexista parece lexical e gramaticalmente saliente. Nas línguas que não têm nenhum género gramatical nem as flexões nominais e verbais como o chinês, o laosiano ou o tailandês, o sexismo na linguagem falada e escrita é lexicalmente marcado. As músicas de Quim Barreiros são os exemplos e os dados interessantes para o estudo sociolinguístico na língua portuguesa, particularmente o que diz respeito à linguagem sexista que indiretamente manifesta as identidades masculina e feminina. Mesmo sendo negativamente consideradas por alguns portugueses como as músicas de feira, ‘as músicas quimianas’ refletem o humor à portuguesa, a capacidade artística de compor as letras musicais em português moderno, e até a posição social entre homens e mulheres em geral. Em A Garagem da Vizinha, a personagem masculina desta música é permitido pela vizinha, separada do marido e sozinha, a usar a garagem da casa dela. A narração nesta música não só sugere a bondade e a preocupação da vizinha, mas também implica a relação íntima entre um homem e uma mulher. No entanto, esta relação indica a desigualdade genérica entre homens e mulheres em geral. A permissão oferecida pela vizinha para usar a garagem, e a ação do uso da garagem à vontade da personagem masculina nesta música simbolizam a perda das mulheres e o ganho dos homens. Além disso, o sexismo surge lexicalmente nas palavras como garagem apertadinha e o meu possante carro, porque implicam a posição desigual entre mulheres e homens. Enquanto as primeiras têm o estado socialmente passivo e inferior, os segundos posicionam-se como os socialmente ativos e superiores. O sexismo lexical parece mais saliente em A Coisa. Nesta música, a descrição das mulheres é feita através da coisa que elas têm. Com o uso da palavra muito genérica como a coisa, não podemos saber exata e claramente o que se refere nesta música. Entretanto, através da interpretação lexical no texto, surge a implicação desta palavra. O que é mais interessante é o facto que a descrição da palavra, a coisa, tem sentido sexista. É porque várias mulheres são desumanizadas como apenas uma coisa que o homem sempre quer. Também, diríamos que esta música, que é cantada pelo cantor masculino, e que contém muitos adjetivos para fisicamente descrever as pessoas femininas, salienta a inferioridade e a submissão das mulheres em geral. São também enfatizados a inferioridade e o estado passivo de mulheres em Bacalhau à Portuguesa. Nesta música, a personagem, outra vez masculina, quer cheirar o peixe que a mulher dele está a cozinhar. Aqui surge a desigualdade entre homens e mulheres, porque a posição da mulher nesta música é uma cozinheira que parece trabalhar sob a ordem do seu homem. Além disso, o cheiro do bacalhau é metafórico, porque se relaciona com o cheiro do órgão sexual feminino. Se generalizarmos esta narração, veremos que a situação nesta música ainda existe em outros países onde as mulheres são domesticamente e profissionalmente desprezadas e inferiorizadas.



Este trabalho escrito, que se serve como a primeira parte do meu estudo sociolinguístico, particularmente o que

diz respeito à construção das identidades masculina e feminina através das línguas tailandesa, inglesa e

portuguesa, é apenas a minha reflexão sobre o tema. Pois, precisa de mais acrescentamento e elaboração em breve.

Em conclusão, as três músicas de Quim Barreiros, entre outras, não são só as músicas populares de Portugal, como também têm a implicação sexista interessante. Mesmo algumas pessoas criticando que essas músicas são feias e absurdas, são os dados importantes para o estudo sociolinguístico, visto que nos mostram o jogo genérico desigual dos poderes masculino e feminino através do uso da língua. Em outras palavras, enquanto os homens veem essas músicas engraçadas e divertidas, as mulheres, e os feministas em particular, possivelmente têm a opinião contrária.

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