A contribuição de Rubem Alves para o estudo da teologia na arte sequencial: anotações de um fragmento de mosaico misturadas com biografia

Share Embed


Descrição do Produto

A contribuição de Rubem Alves para o estudo GDWHRORJLDQDDUWHVHTXHQFLDODQRWDo}HVGHXP IUDJPHQWRGHPRVDLFRPLVWXUDGDVFRPELRJUD¿D Dedicado às teólogas e aos teólogos de fronteira

Iuri Andréas Reblin1

RESUMO O estudo apresenta duas ideias cruciais de Rubem Alves para o estudo teológico dos bens artístico-culturais da cultura pop: as estórias como invocações da vida e a teologia como atividade inerente ao ser humano. A primeira ideia remete à centralidade da narrativa no processo de constituição do mundo humano e na manutenção e contínua UHLQYHQomRGHVWHLQÀXLQGRQDSUySULDLGHQWLGDGHGRVHUKXPDQRHP sua interpretação do mundo e das relações, na partilha de um universo VLPEyOLFRFXOWXUDO HQ¿P HP VXD SUySULD ELRJUD¿D$ VHJXQGD LGHLD remete à atividade teológica enquanto faculdade inerente ao ser humano. Nessa perspectiva, Rubem Alves amplia a compreensão de teologia – usualmente entendida como estudo (acadêmico) sobre a divindade, SDUDDGLPHQVmRKXPDQDH[LVWHQFLDOSURIXQGDGDEXVFDSRUVHQWLGR$R ¿QDORWH[WRUHLWHUDDLPSRUWkQFLDGRSHQVDPHQWRGH5XEHP$OYHVSDUD  'RXWRUHP7HRORJLD3URIHVVRUGR3URJUDPDGH0HVWUDGR3UR¿VVLRQDOHP7HRORJLD± Faculdades EST, em São Leopoldo, RS. Em 2013, recebeu o Prêmio Capes de Tese QDiUHDGH)LORVR¿D7HRORJLDVXEFRPLVVmR7HRORJLDSRUVXDSHVTXLVDVREUHKLVWyULDV em quadrinhos como locus revelacionis da teologia do cotidiano.

1

156

REFLEXUS - Ano VIII, n. 12, 2014/2

a teologia e seu papel particular nos estudos dos bens artístico-culturais da cultura pop. PALAVRAS-CHAVE Rubem Alves. Estudos Culturais. Teologia do Cotidiano. Arte Sequencial. Cultura Pop. ABSTRACT 7KHVWXG\SUHVHQWV5XEHP$OYHV¶WZRFHQWUDOLGHDVIRUWKHWKHRORgical study of artistic cultural goods of pop culture: stories as invocation of life and theology as an inherent activity of human being 7KH ¿UVW idea refers to the centrality of storytelling in the creation process of the KXPDQV\PEROLFZRUOGLWVPDLQWHQDQFHDQGLWVFRQWLQXRXVUHLQYHQWLRQ LQÀXHQFLQJLQKXPDQ¶VLGHQWLW\WKHLULQWHUSUHWDWLRQRIWKHZRUOGDQGWKH UHODWLRQV LQ LW WKH VKDULQJ RI D V\PEROLF FXOWXUDO XQLYHUVH ¿QDOO\ KLV RZQELRJUDSK\7KHVHFRQGLGHDUHIHUVWRWKHWKHRORJLFDODFWLYLW\ZKLOH a faculty inherent to the human being. In this perspective, Rubem Alves H[SDQGVKLVXQGHUVWDQGLQJRIWKHRORJ\±XVXDOO\XQGHUVWRRGDV DFDGHPLF VWXG\RQWKHGHLW\WRDGHHSHUH[LVWHQWLDOKXPDQGLPHQVLRQRIWKH VHHNIRUPHDQLQJ$WWKHHQGWKHWH[WUHLWHUDWHVWKHLPSRUWDQFHRI5XEHP Alves’ thought to theology and his particular role in the study of artistic cultural goods of pop culture. KEYWORDS Rubem Alves. Cultural Studies. Theology of Daily Life. Sequential Art. Pop Culture.

&RQVLGHUDo}HVLQLFLDLVXPDQRWDSHVVRDO -iUHVVDOWHLHPRXWURPRPHQWRRTXDQWR5XEHP$OYHVLQÀXHQFLRX meu jeito de pensar a teologia2. Foi justamente a partir de suas ideias que 2

REBLIN, Iuri Andréas. Rubem Alves: com as borboletas, à sombra dos ipês. In: ______. Outros cheiros, outros sabores... o pensamento teológico de Rubem Alves. 2. ed. São Leopoldo: Oikos, 2014, p. 246-248.

REFLEXUS - Revista de Teologia e Ciências das Religiões

157

eu pude pensar a teologia como uma arte de ser, compreender e viver em sociedade, com seu caráter político, utópico e contestador, simultaneamente, cheio de esperança, brincadeira, poesia, riso, irreverência. E repensar a teologia e seu papel para a sociedade, bem como para a gestação do futuro, foi crucial tanto para que eu me tornasse teólogo quanto para que eu permanecesse teólogo. A teologia de Rubem Alves tornou possível, para mim, perceber a nuance e as vicissitudes do penVDPHQWRWHROyJLFRGRGLDDGLDHPPHXREMHWRHVSHFt¿FRGHLQWHUHVVH a arte sequencial na cultura pop3. A arte sequencial e a cultura pop são características típicas da era contemporânea, adquirindo contornos nítidos na primeira metade do século 20. E, por estar vinculada a uma dinâmica própria pós-revolução industrial, com a ascensão de uma indústria cultural, e, desse modo, às dinâmicas de mercado (produção em série, H[SHFWDWLYDGHOXFURHWF RSHQVDPHQWRWHROyJLFRQXQFDVHRFXSRXGHvidamente com o tema. Isto é, a teologia enquanto ciência estava voltada DTXHVW}HVFRQVLGHUDGDV³PDLVSURIXQGDV´³HPHUJHQWHV´H³XUJHQWHV´ por vezes, alienantes da vida social e, por outras, de cunho fortemente SROtWLFRGHWUDQVIRUPDomRVRFLDOGHL[DQGRDVTXHUHODVGHFXOWXUD³PXQGDQD´³FRPHUFLDO´GHODGR O pensamento teológico de Rubem Alves possibilita pensar a teologia SDUDDOpPGHVXD³]RQDGHFRQIRUWR´SRLVSURYRFDVHXV³FRLQVSLUDGRUHV´ DSHUFHEHUDWHRORJLDQDVFRLVDVGRGLDDGLDTXHVWLRQDQGRDFRLVL¿FDomR de fatos sociais, alertando para os riscos da absolutização dos parâmetros VRFLDLVUHOLJLRVRVFLHQWt¿FRVHSDUDRFDUiWHUtremendum et fascinans do mistério divino4. A teologia de Rubem Alves transcende a racionalidade e a ecclesia, isto é, os espaços convencionais, alcançando a vida humana FRPRXPWRGRFRPVXDUHGHFRPSOH[DGHUHODo}HVLPEULFDo}HVWHVVLWXUDV e vicissitudes; torna a teologia como uma questão de fundo antropológico e H[LVWHQFLDO&RPRDVVHYHUDGRHPRXWURPRPHQWRQRH[HUFtFLRGHWUDGX]LU 3 4

Cf. REBLIN, Iuri Andréas. O alienígena e o menino. Jundiaí: Paco Editorial, 2015. ALVES, Rubem. Ciência, coisa boa... In: MARCELLINO, Nelson Carvalho (Org.). Introdução às Ciências Sociais. 15. ed. Campinas: Papirus, 2006. p. 9-16. Como sugerido também em: ALVES, Rubem. )LORVR¿DGD&LrQFLD introdução ao jogo e a VXDVUHJUDVHG6mR3DXOR/R\RODD /HLWXUDV)LORVy¿FDV 3DUDPDLRUHV LQIRUPDo}HVFRQ¿UD5(%/,1,XUL$QGUpDVOutros cheiros, outros sabores... o pensamento teológico de Rubem Alves. 2. ed. São Leopoldo: Oikos, 2014, p. 55-90.

158

REFLEXUS - Ano VIII, n. 12, 2014/2

RSHQVDPHQWRGRWHyORJRPLQHLUR³WHRORJLDpMRJRTXHVHMRJDTXDQGRD YLGDHVWiHPMRJR´5³$WHRORJLDpDQWHVsapiência (sabedoria intimamente YLQFXODGDDRVHQWLGRHDEXVFDGDUD]mRGRYLYHUHGRPRUUHU ´6. E é justamente na perspectiva de uma compreensão mais ampla e antropológica do fazer teológico que se torna possível pensá-lo na interface com os mais distintos bens artístico-culturais contemporâneos. 'LDQWH GLVVR D SURSRVWD GHVWH WH[WR p DSUHVHQWDU GXDV LGHLDV FUXciais de Rubem Alves, na minha perspectiva, para o estudo teológico dos bens artístico-culturais da cultura pop: as estórias como invocações da vida e a teologia como atividade inerente ao ser humano. Naturalmente, a apresentação dessas duas ideias é mais ilustrativa, saudosista HELRJUD¿FDPHQWHUHÀHWLGDGLDQWHGRLPSDFWRGRSHQVDPHQWRDOYHVLDQR QRVPDLVGLIHUHQWHVFRQWH[WRVTXHGHYHUDVDQDOtWLFDHDSURIXQGDGDGDGR WDQWRDFRPSOH[LGDGHGRSUySULRSHQVDPHQWRGH5XEHP$OYHV±TXHVH emaranha em uma gama de concepções impossíveis de serem abordadas e referidas aqui – quanto os limites espaciais para a produção deste WH[WR7. Ainda assim, essa apresentação evidencia o quanto o pensamento alvesiano é vanguardista, transdisciplinar e revolucionário para se pensar o ser humano, a religião, a cultura, a sociedade, a educação e a relação entre todos esses elementos.

$VHVWyULDVFRPRLQYRFDo}HVGDYLGD A narratividade ocupa um lugar central no pensamento de Rubem Alves. Ela não apenas é um argumento defendido pelo pensador como é o próprio método empregado por este. A narratividade é o meio pelo  5(%/,1,XUL$QGUpDV$QmRFLrQFLDGH'HXVDSDUWLUGH5XEHP$OYHV,Q6&+$3(59DOpULR*XLOKHUPH:HVWKHOOH9tWRU2/,9(,5$.DWKOHQ/XDQDGH*5266 Eduardo. (Org.). Deuses e Ciências na América Latina. 1. ed. São Leopoldo: Oikos; EST, 2012a, p. 111. 6 REBLIN, 2012, p. 116. 7 Para uma análise aprofundada, sugere-se a leitura de REBLIN, 2014 e 2015 e também 5(%/,1,XUL$QGUpDV$QmRFLrQFLDGH'HXVDSDUWLUGH5XEHP$OYHV,Q6&+$3(59DOpULR*XLOKHUPH:HVWKHOOH9tWRU2/,9(,5$.DWKOHQ/XDQDGH*5266 Eduardo. (Org.). Deuses e Ciências na América Latina. 1. ed. São Leopoldo: Oikos; EST, 2012, p. 110-121. 5

REFLEXUS - Revista de Teologia e Ciências das Religiões

159

qual os universos simbólico-culturais são constituídos, no seio de uma sociedade, o processo educativo como um todo (não apenas formal, mas num sentido antropologicamente mais profundo) garante a continuidade da vida humana e da comunidade e é o meio pelo qual, consequentemente, a religião adquire status no mundo real, é forjada, compartilhada e se sustenta. No primeiro momento, Rubem Alves vai sugerir a ênfase na narratividade ao abordar a carência humana de uma programação biológica capaz de suprir suas necessidades rudimentares de sobrevivência, razão pela qual a faculdade da linguagem e o senso de comunidade torQDPVHFUXFLDLVSDUDDYLGDKXPDQD&RQVLGHUDQGRMXVWDPHQWHTXH³$ OLQJXDJHPpDPHPyULDFROHWLYDGDVRFLHGDGH´8HTXH³&DGDSHVVRDTXH entra em contato com uma criança é um professor que incessantemente lhe descreve o mundo, até o momento em que ela é capaz de perceber o PXQGRWDOFRPRIRLGHVFULWR´9, intui-se que é por meio da atividade de narrar que o mundo humano é criado, gestado, transformado e mantido. A ênfase na narratividade, no ato de contar histórias e estórias torna-se elementar no pensamento e no método de Rubem Alves tanto que ele a FRORFDUiFRPRHL[RIXQGDPHQWDOQmRDSHQDVGHVXDSHUFHSomRDFHUFDGD constituição do mundo humano, como também de seu pensamento sobre DHGXFDomRHDWHRORJLDDRSDVVRTXHHOHVXJHULUiDUHGH¿QLomRGDWDUHID do teólogo como contador estórias: Pensei então que o teólogo deveria, talvez, abandonar a solenidade do seu título, e reaprender-se como contador de estórias, tal como o morto silencioso sobre quem ele fala. O teólogo vive no mundo encantado das estórias, no mundo encantado pelas estórias. [...] O mundo de onde vêm os teólogos é diferente, porque ele não é simplesmente um lugar onde as pessoas tinham esse interessante hábito de falar por meio de metáforas e parábolas. Ao contrário, trata-se de um mundo que é inaugurado, sustentado e iluminado pelo próprio ato de contar e repetir as estórias. Nas estórias se tece o pensamento, se apontam horizontes, se dão nomes aos desejos...10

8

ALVES, Rubem. O Suspiro dos Oprimidos. São Paulo: Paulus, 1999, p. 15. CASTAÑEDA apud ALVES, Rubem. Variações sobre a vida e a morte ou o feitiço erótico-herético da teologia. São Paulo: Loyola, 2005c, p. 59. 10 ALVES, 2005c, p. 99-100. 9

160

REFLEXUS - Ano VIII, n. 12, 2014/2

E aqui é muito importante a distinção que Rubem Alves faz entre história e estória: ao passo que a primeira é o retrato de um dado do passado, a segunda é o retrato do presente. A primeira é a história como fato, dado, como acontecimento. A segunda é a estória como princípio, gêneVHJHVWDomRFRPRXPDFRQWHFHQGR³µ+LVWyULD¶pDTXLORTXHDFRQWHFHX uma vez e não acontece nunca mais. ‘Estória’ é aquilo que não aconteceu nunca porque acontece sempre. A ‘história’ pertence ao tempo; é ciência, HQTXDQWRDµHVWyULD¶SHUWHQFHjHWHUQLGDGHpPDJLD´11. Mas quando a estória se inicia um outro mundo vem a ser: o relato é curto, contado para quem está a caminho; a linguagem é direta e poética, fazendo dançar um sem-número de sentidos possíveis. e, de forma semelhante ao chiste, ele termina numa armadilha, que desarma sobre o interlocutor, no inesperado da conclusão. E ele repentinamente descobre que a estória não fala sobre um objeto, mas é uma UHGHTXHRDJDUUDREULJDQGRRDXPDSDODYUDTXHVHMDXPDFRQ¿VVmR ou uma decisão. A estória não fala sobre algo. Não pertence ao mundo do isso. Ela fala com alguém, estabelece uma rede de relações entre as pessoas que aceitam conspirar, co-inspirar em torno do fascínio do que é dito...12

(PERUDDOHLWXUDGRWH[WRGH5XEHP$OYHVWHQGDLQLFLDOPHQWHDVXbentender que ele esteja se referindo às estórias contadas entre as geUDo}HV DRV PLWRV jV OHQGDV H DV VDJDV DRV FRQWRV H DRV ³FDXVRV´ GR dia a dia, às parábolas bíblicas, a estória pode se referir, num sentido latoDTXDOTXHUHVWyULDFRPRDVKLVWyULDVGH¿FomRTXHWDQWRSRYRDP RLPDJLQiULRKXPDQRHRVEHQVFXOWXUDLVFRQWHPSRUkQHRVQRYHODV¿Omes, quadrinhos. Estamos contando histórias e estórias o tempo todo e, a todo o tempo, estamos, por meio de histórias e estórias, redizendo QRVVD ELRJUD¿D FRQIHVVDQGR QRVVRV DQVHLRV H[SUHVVDQGR QRVVRV PHdos, revelando os horizontes que orientam nosso caminhar – Claro que a intensidade desses elementos dependerá muito da intencionalidade da QDUUDWLYDHGHXPFRQMXQWRGHUHODo}HVFRPRQRFDVRGH¿OPHVQRYHODV 11

12

ALVES, Rubem. O amor que acende a lua. 11. ed. Campinas: Papirus, 2005b. p. 203-204. Cf. também REBLIN, 2015, p. 82. ALVES, 2005b, p. 107.

REFLEXUS - Revista de Teologia e Ciências das Religiões

161

HTXDGULQKRVGRUHWRUQR¿QDQFHLURGDVHGXomRHGDTXDQWLGDGHGDDXdiência, de políticas empresariais, etc. De todo o modo, esses fatores não subtraem nem a importância das narrativas, nem seu potencial como locus revelacionisGDWHRORJLD²(DrQIDVHQDHVWyULDFRPRH[SUHVVmRH HOHPHQWRFRQVWLWXLQWHIXQGDPHQWDOGDELRJUD¿DKXPDQDpHQIDWL]DGDMXVWDPHQWHTXDQGRRSHQVDGRUPLQHLURYDLD¿UPDUTXHRVHUKXPDQRpXP SDOLPSVHVWR³6RPRVSDOLPSVHVWRVHVFULWXUDVREUHHVFULWXUDHVTXHFLGDV apagadas, mas indelevelmente gravadas no tecido, prontas a ressurgir, se a encantação correta for feita. Dentro de cada corpo mora uma escritura. (VWyULD0DLVFRUUHWDPHQWHHVFULWXUDVHVWyULDV´13. É por compreender DVHVWyULDVDVKLVWyULDVGH¿FomRFRPR³LQYRFDo}HVGDYLGD´TXHROKDU para as diferentes histórias que são contadas diariamente — e aqui se incluem também as histórias em arte sequencial na cultura pop — torna-se XPDWDUHIDLPSRUWDQWHGDWHRORJLD$RROKDUSDUDDVHVWyULDVQRH[HUFtFLR hermenêutico de compreendê-las como elementos constituintes das bioJUD¿DVDWHRORJLDGiXPSDVVRDGLDQWHQDEXVFDSRUFRPSUHHQGHUTXHP é o ser humano, quais são suas crenças e como as pessoas as articulam em sua vida diária de modo a poder viver melhor14. É principalmente por causa da relação entre teologia e narratividade de estórias que a teologia pode ser compreendida como o discurso sobre as ausências, os contornos do desejo, a fala da esperança e o suspiro do corpo oprimido. Não é a teologia tradicional, escolástica, acadêmica, mas a teologia cotidianamente anunciadora e denunciadora, para não GL]HUSURIpWLFD³+iFHUWDVYHUGDGHVTXHVmRSLRUHVTXHXPXOWUDMH0DV a imaginação voa para fazer ressuscitar palavras de amor, gestos de alegria, manifestações de bondade... Verdades podem ser nada mais que neFUROyJLRVPDVDVHVWyULDVVmRLQYRFDo}HVGDYLGD´152XFRPRD¿UPDGR HPRXWURPRPHQWR³DVHVWyULDVGHOLPLWDPRVFRQWRUQRVGHXPDJUDQGH ausência que mora em nós. Em outras palavras: elas contam um Desejo. (WRGR'HVHMRpYHUGDGHLUR´16. De todo o modo, o princípio elementar SDUDRHVWXGRGHXPDWHRORJLDGRFRWLGLDQRH[SUHVVDQDDUWHVHTXHQFLDOH 13

14 15 16

ALVES, Rubem. Mares Pequenos — Mares Grandes (para começo de conversa). In: Morais, Regis de (Org.). As razões do mito. Campinas: Papirus, 1988, p. 13-21, p. 17. Cf. REBLIN, 2015, cap. 2. ALVES, 2005c, p. 100. ALVES, 1988, p. 14.

162

REFLEXUS - Ano VIII, n. 12, 2014/2

QDFXOWXUDSRSpMXVWDPHQWH³RQGHTXHUTXHHQFRQWUHPRVHVWDVHVWyULDV LQYRFDo}HVGDYLGDDOLHQFRQWUDPRVDWHRORJLD´17.

A teologia como atividade inerente ao ser humano Se, por um lado, Rubem Alves se tornou fundamental em meus estudos para a compreensão da arte sequencial na cultura pop a partir da narratividade e do lugar das estórias no universo humano, por outro lado, ele o fez por meio de um olhar sob outro ponto de vista à teologia, desconstruindo a visão sedimentada de uma teologia alheia à realidade e aos problemas do mundo. Mais ainda, Rubem Alves não apenas apontou a teologia para o mundo, indicando que, na verdade, aquela pronta deste, de situações de sofrimento, como fez das pessoas em seu dia a dia os sujeitos da teologia, outrora dominada, legitimada e autorizada quase TXH H[FOXVLYDPHQWH SRU TXHP GHWpP R capital simbólico sobre ela. E pDHVVHROKDUGLIHUHQFLDGRKHWHURGR[RHPXOWLIRFDOjWHRORJLDTXHWHQKR FKDPDGR GH ³D WHRORJLD GR FRWLGLDQR´18, nome emprestado de um livrinho do próprio Rubem, conceito que ele não chegou a desenvolver VLVWHPDWLFDPHQWHPDVTXHHVWHYHVHPSUHFRPHOHUHÀHWLGRHPVXDVFU{nicas despretensiosas, eróticas e heréticas, por vezes críticas, mas semSUHDSDL[RQDGDVVREUHDSUySULDWHRORJLDVHPGL]HUTXHHUDWHRORJLD( essa percepção é muito interessante, pois Rubem Alves, recorrentemente D¿UPDYDTXHQmRID]LDPDLVWHRORJLDTXHKDYLDVHGHPLWLGRHVHGLVWDQciado desta19, o que é compreensível quando se coloca, lado a lado, a 17

ALVES, 2005c, p. 100. REBLIN, 2014, p. 189-210; Cf. também REBLIN, Iuri Andréas. A teologia do cotidiano. In: BOBSIN, Oneide et al. (Orgs.). Uma Religião Chamada Brasil: estudos VREUHUHOLJLmRHFRQWH[WREUDVLOHLURHG6mR/HRSROGR2LNRVES 19  ³0XGHLPXLWR&RQIHVVRTXHQHPSUHFLVRGH'HXVSDUDID]HUWHRORJLD7HyORJRPHVPRVHEHQ]HWRGRDQWHWDOD¿UPDomR0DVRVSRHWDVHQWHQGHPµ6DXGDGHpRUHYpV GRSDUWReDUUXPDURTXDUWRSDUDR¿OKRTXHMiPRUUHX¶4XHPWHYH¿OKRVDEH0DV TXHPQXQFDWHYH$LQGDTXH'HXVQmRH[LVWDSHUDQWHDVXD$XVrQFLDHULJLUHLPHXV altares e cantarei meus poemas. Mas sei que isto parece absurdo para aqueles que só DUUXPDPRTXDUWRGR)LOKRTXDQGRVXDH[LVWrQFLDHVWiJDUDQWLGD DLQGDTXHLQYLVtYHO  RXTXDQGRVXD9LQGDMiVHDQXQFLD4XHYRFrVGHFLGDPRQGHHVWiRPDLRUDPRU 0LQKDWHRORJLDQmRSUHFLVDGDH[LVWrQFLDGH'HXV3RULVWRGHL[RXGHVHUWHRORJLD 18

REFLEXUS - Revista de Teologia e Ciências das Religiões

163

reinvenção do sentido do termo que ele realiza e suas inúmeras crônicas em contraponto com a compreensão tradicional de teologia. A teologia VHPSUH HVWi Oi &RPR HOH PHVPR D¿UPRX QDV SULPHLUDV OLQKDV GH VHX feitiço erótico-herético da teologia, Escrevi este livro por não ter alternativas. Sou teólogo, lá no fundo, nos meus sonhos... Brinco com os símbolos da minha tradição cristã. Não foi escolha minha. Aconteceu. E, querendo ou não, quando estou falando com os outros ou comigo mesmo, de vez em quando um intrometido se insinua, não importando que já esteja morto faz muito tempo, e reconheço, pelo que me é segredado, que é Agostinho, ou Lutero, ou Bonhoeffer. [...] É assim que entendo teologia. Falar sobre a vida, suas coisas mais simples e mais graves, com amor, usando VtPERORVPHPyULDVTXHXPDWUDGLomRHQ¿RXQDPLQKDFDUQHeSRU isto que não tenho alternativas20.

Neste mesmo livro no qual o pensador mineiro concede lampejos sistemáticos de sua compreensão da teologia, Rubem Alves sugere que a teologia transcende as instituições religiosas, sem se submeter ou se restringir a estas, mesmo que este seja o desejo dos líderes religiosos, intenção bem ilustrada por Pierre Bourdieu21. Para o teólogo mineiro, a teologia é sapiência, um saber vinculado à vida e as questões relacionadas ao viver e ao morrer hoje, aos símbolos e aos horizontes dos quais o ser humano se nutre para resistir e caminhar. Teologia é uma fala priPHLUDPHQWHDEUDoDGDSHORFRUSR³2FRUSRQmRHVWiHPEXVFDGDYHUGDGH objetiva que mora com a ciência, mas da verdade gostosa e erótica que vive com a sápida-ciência, sapiência, ciência saborosa, ciência que tem DYHUFRPYLYHUHPRUUHU´22. É um movimento humano de busca por um

20 21

22

Passou a ser poesia. Ela não prova nada. E nem quer. Somente anuncia Ausências, objetos para os quais a minha nostalgia se inclina. [...] Demito-me da teologia. Não tenho nenhuma verdade a compartilhar. Mas ponho o meu corpo na poesia. É só o TXHWHQKRDRIHUHFHU´$/9(65XEHP6HLTXHDYLGDYDOHDSHQDTempo e Presença. Rio de Janeiro, n. 224, p. 26-27, out. 1987, p. 27. ALVES, 2005c, p. 11. BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. 6. ed. São Paulo: Perspectiva, 2005. ALVES, 2005c, p. 78.

164

REFLEXUS - Ano VIII, n. 12, 2014/2

OXJDUQRPXQGRPRYLPHQWRTXHHPHUJHGHVLWXDo}HVGHVRIULPHQWR³$ WHRORJLDpXPGL]HUGDTXLORTXHRFRUSRVySRGHFKRUDU´23. E, nessa direção, a asseveração elementar de o feitiço erótico-herético da teologia que traduz a ideia central da teologia de Rubem Alves é aquela em que 5XEHPD¿UPDTXH [...] a teologia é uma função natural como sonhar, ouvir música, beber um bom vinho, chorar, sofrer, protestar, esperar... Talvez a teologia nada mais seja que um jeito de falar sobre tais coisas dando-lhes um nome e apenas distinguindo-se da poesia porque a teologia é sempre feita como uma prece... Não, ela não decorre do cogito da mesma forma como poemas e preces. Ela simplesmente brota e se desdobra, FRPRPDQLIHVWDomRGHXPDPDQHLUDGHVHU³VXVSLURGDFULDWXUDRSULPLGD´±VHULDSRVVtYHOXPDGH¿QLomRPHOKRU"24

4XDLVVmRDVLPSOLFDo}HVGHVVDD¿UPDomR"+iLQ~PHUDVPDVDSULQcipal para nossos propósitos aqui é a de que a teologia é um discurso humano, um discurso que parte da realidade concreta e palpável do corpo em sua relação com o meio e com o mundo a sua volta, sobre esperanças, DQVHLRVFRUSRUL¿FDGRVQHVWHPHVPRPXQGRDVXDYROWDWUDGX]LGRVQXPD ordo amoris. A teologia proposta por Rubem Alves fala sobre uma trans¿JXUDomRGDUHDOLGDGHVREDyWLFDGRVVtPERORVGHEHOH]DVREDyWLFD GRDPRUVREUHDWUDQV¿JXUDomRGRSUySULRVDEHUVREDSHUVSHFWLYDGR amor25. E para o estudo dos bens artístico-culturais contemporâneos da cultura pop, em especial, da arte sequencial (quadrinhos, cinema, aniPDo}HV LVVRVLJQL¿FDXPDROKDUPDLVDWHQWRHUHVSHLWRVRDHVVHVEHQV SRLVHQTXDQWRQDUUDWLYDVTXHH[SUHVVDPGHXPMHLWRRXGHRXWURDMRUnada humana, estes são locus revelacionis da teologia, de uma teologia cotidiana. É sob a inspiração do pensamento alvesiano, dialogado com outros pensadores numa perspectiva interdisciplinar (tais como Pierre Bourdieu, Clifford Geertz, Michel de Certeau, Jorge Larrosa, Umberto Eco) que é possível traduzir a relação entre teologia, arte e cultura através de quadro teses ou princípios centrais: 23 24 25

ALVES, 2005c, p. 55. ALVES, 2005c, p. 21. ALVES, Rubem. Teologia. Tempo e Presença. Rio de Janeiro, n. 206, 1986, p. 32.

REFLEXUS - Revista de Teologia e Ciências das Religiões

165

1. Teologia, arte e cultura são facetas de nosso universo simbólico e de sentido; 2. A teologia se imiscui nos meandros da vida social cotidiana; 3. O ser humano é formado pela justaposição transitiva de histórias recebidas; 4. A tarefa da teologia é a leitura de mundo na perspectiva da experiência religiosa26. A partir dessas teses ou princípios centrais é possível, com base no pensamento de Rubem Alves, lançar um olhar à arte sequencial, sob o YLpVGDWHRORJLDD¿PGHEXVFDUFRPSUHHQGHUDWHRORJLDTXHVHLPLVFXL nos meandros da vida cotidiana e que vai acontecendo, sendo jogada, H[HUFLGDHQTXDQWRDYLGDHVWiHPMRJR(pMXVWDPHQWHQHVVHPRYLPHQWR QRH[HUFtFLRKXPDQRGHVHnarrar a própria história como uma estória que essas mesmas estórias se tornam lugar de manifestação, apresentaomR H UHSUHVHQWDomR GD H[SHULrQFLD UHOLJLRVD H[SUHVVD HP DUJXPHQWRV teológicos, com todas as imbricações, todas as tessituras e todas as vicissitudes das quais a vida humana é feita, inventada e recriada cotidianamente. E é, na minha leitura, a partir do pensamento de Rubem Alves, FRPHVVDVPDQLIHVWDo}HVHVVDVVLQXRVLGDGHVÀXLGDV QRVHQWLGRGHXPD teologia que sempre está se escapando por entre os dedos de uma mão que tenta segurar a água) reveladas pelo teólogo mineiro que a teologia (acadêmica) é convidada a se ocupar e a dialogar.

&RQVLGHUDo}HV)LQDLV A teologia ainda está descobrindo o pensamento teológico de RuEHP$OYHVHDLQGDHVWiSDUDVHGDUFRQWDGHVXDLPSRUWkQFLDSDUDRH[HUcício hermenêutico de interpretação do ser humano em sua vida diária, com suas ambiguidades e suas contradições, com seus anseios e seus VRQKRVGHOLEHUGDGHVXDIpHVXDVFUHQoDVH[SUHVVDVQRVPDLVGLIHUHQWHV 26

REBLIN, Iuri Andréas. Teologia, arte e cultura: os caminhos da teologia do cotidiano. ,Q-$&2%6(1(QHLGD6,11(55XGROIYRQ=:(76&+5REHUWR( 2UJ Teologia Pública:GHVD¿RVVRFLDLVHFXOWXUDLV6mR/HRSROGR6LQRGDOFS

166

REFLEXUS - Ano VIII, n. 12, 2014/2

bens culturais. É um porvir teológico no campo das ciências e da academia, sobretudo, pelo fato de o próprio Rubem escapar das amarras acadêmicas e relacionar a teologia com o cotidiano, com os assombros H RV IDVFtQLRV GD YLGD H GD PRUWH FRP R VHQWLGR GD H[LVWrQFLD H QR fundo, da felicidade. O ser humano faz teologia porque busca cotidianamente se compreender no mundo, ver seus anseios e seus valores FRUSRUL¿FDGRVQRDPELHQWHTXHRURGHLDWHUXPODURQGHSRVVDVHVHQWLU amado e acolhido. A teologia é o discurso da esperança a despeito de e parte sempre como desejo profundo, como clamor, por um universo que faça sentido. (ROXJDUGDWHRORJLD"1DGDPDLVTXHSDUWHGHVVDVLQIRQLDGH JHPLGRVIDODVREUH'HXVTXHpDFRQ¿VVmRGHXPDQRVWDOJLDLQ¿nita, que brota desse corpo tão bom e amigo, que pode sorrir, acariFLDUSODQWDUWRFDUÀDXWDID]HUDPRUHPSLQDUSDSDJDLRHQWUHJDUVH como holocausto por aqueles a quem ama e mesmo fazer teologia. Teologia: poesia do corpo, sobre esperança e nostalgias, pronunciadas com uma prece...27

Essas duas ideias de Rubem Alves, as estórias como invocações da vida e a teologia como atividade inerente ao ser humano tornam possível driblar um tanto a hierarquia dos saberes, a soberba de teólogos (homens) enquanto porta-vozes do divino, e lançar um olhar ao cotidiano, promovendo um diálogo equilibrado com outros saberes humanos TXHUHDOL]DPRH[HUFtFLRGHLQWHUSUHWDUDUHDOLGDGHHRVHUKXPDQRSDUD possibilitar uma vida melhor. A leitura de mundo, o olhar ao cotidiano visa compreensão e, a partir de anseios partilhados, uma transformação VRFLDO$¿QDOFRPRD¿UPRX5XEHP$OYHV³RTXHDJHQWHGHVHMDQmRp viver apenas na nostalgia e na beleza do símbolo, mas a gente quer que esses símbolos de beleza se transformem numa realidade para o mundo HPTXHYLYHPRV´28. E é para isso que fazemos teologia.

27 28

ALVES, 2005c, p. 41. RUBEM Alves: os símbolos. Direção e produção de Armando Celia Jr. e Celso Pavarin Jr. Coordenação de Marina Escolar. Campinas: Vídeo Arqui/ABEC, [s.d]. 1 videocasVHWH PLQ 9+6VRQFRORUa¶

REFLEXUS - Revista de Teologia e Ciências das Religiões

167

5HIHUrQFLDV%LEOLRJUi¿FDV ALVES, Rubem. Ciência, coisa boa... In: MARCELLINO, Nelson Carvalho (Org.). Introdução às Ciências Sociais. 15. ed. Campinas: Papirus, 2006, p. 9-16. ALVES, Rubem. )LORVR¿DGD&LrQFLD introdução ao jogo e a suas reJUDVHG6mR3DXOR/R\RODD /HLWXUDV)LORVy¿FDV ALVES, Rubem. Mares Pequenos — Mares Grandes (para começo de conversa). In: Morais, Regis de (Org.). As razões do mito. Campinas: Papirus, 1988, p. 13-21. ALVES, Rubem. O amor que acende a lua. 11. ed. Campinas: Papirus, 2005b. ALVES, Rubem. O Suspiro dos Oprimidos. São Paulo: Paulus, 1999. ALVES, Rubem. Sei que a vida vale a pena... Tempo e Presença. Rio de Janeiro, n. 224, p. 26-27, out. 1987, p. 27. ALVES, Rubem. Teologia. Tempo e Presença. Rio de Janeiro, n. 206, 1986, p. 32. ALVES, Rubem. Variações sobre a vida e a morte ou o feitiço erótico -herético da teologia. São Paulo: Loyola, 2005c. BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. 6ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2005. REBLIN, Iuri Andréas. A não ciência de Deus a partir de Rubem Alves. ,Q 6&+$3(5 9DOpULR *XLOKHUPH :HVWKHOOH 9tWRU 2/,9(,5$ .DWKOHQ/XDQDGH*5266(GXDUGR 2UJ Deuses e Ciências na América Latina. 1. ed. São Leopoldo: Oikos; EST, 2012a, p. 110-121. REBLIN, Iuri Andréas. A teologia do cotidiano. In: BOBSIN, Oneide et al. (Orgs.). Uma Religião Chamada Brasil: estudos sobre religião e FRQWH[WREUDVLOHLURHG6mR/HRSROGR2LNRVES REBLIN, Iuri Andréas. Outros cheiros, outros sabores... o pensamento teológico de Rubem Alves. 2. ed. São Leopoldo: Oikos, 2014. DispoQtYHO HP KWWSZZZHVWHGXEUGRZQORDGVSGIVELEOLRWHFDOLYURV digitais/REBLIN-Outros_cheiros.pdf>. Acesso em: 28 fev. 2015. REBLIN, Iuri Andréas. Rubem Alves: com as borboletas, à sombra dos ipês. In: ______. Outros cheiros, outros sabores... o pensamento teológico de Rubem Alves. 2. ed. São Leopoldo: Oikos, 2014, p. 246-248. 'LVSRQtYHO HP KWWSZZZHVWHGXEUGRZQORDGVSGIVELEOLRWHFDOLvros-digitais/REBLIN-Outros_cheiros.pdf>. Acesso em: 28 fev. 2015.

168

REFLEXUS - Ano VIII, n. 12, 2014/2

REBLIN, Iuri Andréas. Teologia, arte e cultura: os caminhos da teologia do cotidiano. In: JACOBSEN, Eneida; SINNER, Rudolf von; =:(76&+5REHUWR( 2UJ Teologia Pública:GHVD¿RVVRFLDLVH culturais. São Leopoldo: Sinodal, 2012c, p. 181-200. RUBEM Alves: os símbolos. Direção e produção de Armando Celia Jr. e Celso Pavarin Jr. Coordenação de Marina Escolar. Campinas: Vídeo $UTXL$%(&>VG@YLGHRFDVVHWH PLQ 9+6VRQFRORU Submetido em: 14/05/2014 Aceito em: 03/06/2015

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.