A CONTRIBUIÇÃO DO SITE YOU TUBE NO ACERVO GERAL DO CONHECIMENTO E NA CRIAÇÃO DO NOVO ESPECTADOR

June 7, 2017 | Autor: Josias Pereira | Categoria: Produção de Vídeo Estudantil
Share Embed


Descrição do Produto

A CONTRIBUIÇÃO DO SITE YOU TUBE NO ACERVO GERAL DO CONHECIMENTO E NA CRIAÇÃO DO NOVO ESPECTADOR.

Josiass Pereira 1 - [email protected] Lis Kato 2

Categoria de Apresentação: Comunicação Oral

1

Mestre em tecnologia educacional, professor e pesquisador da FACNOPAR, roteirista, diretor de TV, cinema e vídeo 2 Aluna de comunicação social, habilitação Jornalismo - Facnopar

1

Resumo: Nossa pesquisa tem como foco analisar como o maior site de exibição de vídeo, you tube pode contribuir para mudanças comportamentais criando o novo espectador. Como a tecnologia contribuíu para fazer deste site o maior exibidor de vídeos na Internet. Mudando site e hábitos de emissoras do mundo inteiro. E como estas mudanças de comportamento do espectador estão influenciando na produção ou adequação de novos esquemas mentais, assim, contribuindo para mudanças de subjetividade e de comportamento. Palavras – chave: Internet, site de exibição de vídeo, produção de vídeo, you tube

Introdução O modo de produção capitalista vigente em nossa sociedade, tem como marca distintiva a produção de mercadorias. Segundo Eduardo Mariutti (2004), a sociedade moderna é caracterizada pela divisão do trabalho; tanto do ponto de vista técnico como do ponto de vista social, cada um tem sua função social. Cada empresa produz o que necessita ou o que o mercado oferece de demanda, lei da procura e da oferta, só se produz o que se pode consumir, só se produz em grande escala, o que se vende em grande escala. Todavia, há empresas que produzem informação, ou entretenimento, que não são mercadorias oriundas da transformação da matéria, pelo contrário, são mercadorias que possuem, além de oferecer entretenimento ou informação, uma base ideológica e política. A mídia tem como uma de suas funções, no processo de divisão social do trabalho, a produção e reprodução de informação e entretenimento, que por um lado, leva também à produção e à reprodução de ideologia. As emissoras de TV não deixam de ser empresas comerciais e ter o lucro como objetivo final. Programas são pensados nesta tênue linha divisória entre o entretenimento e o lucro. Várias possibilidades surgiram ao longo dos anos como os breaks comerciais, o merchandising, etc. A Televisão O surgimento da TV no Brasil parece um capitulo de novela mexicana, Primeiro Capitulo: Segundo o professor da faculdade Casper Libero, Bruno Hingst para financiar seu sonho em ter uma emissora de TV no Brasil, , Chateaubriand conseguiu , em 1947, contratos com a seguradora Sul América, a Antarctica, a laminação dos Pignatari e o Moinho Santista. Essas empresas pagaram adiantado um ano de publicidade, fornecendo assim uma parte do capital inicial para compra dos equipamentos com à RCA Victor norte-americana, não compra de uma câmera, mas de uma estação de tevê. Os anunciantes pagaram por uma Tv que não existia e por uma publicidade que só surgiu efetivamente em 1950 e em um país que não tinha venda de televisores. Segundo capitulo: Os anunciantes não perceberam que nesta época, segundo dados do censo de 1950, a população do país era de 51.944.400 habitantes, 63% vivendo na zona rural, restando aos centros urbanos menos de 20 milhões, “magnetizados pelo sucesso do rádio e pelo carisma do cinema que, nessa época, 2

arrastava multidões às salas de exibição” Simões, 1986:23. In: Lima, 2000: 137. Terceiro capitulo: O projeto começa a ganhar vida quando Chateaubriand 3 compra da RCA Victor, trinta toneladas de equipamentos no valor de 5 milhões de dólares, pagando apenas 500 mil dólares, valor referente à primeira parcela. O governo brasileiro não havia discutido qual padrão de TV seria utilizado, mas por imposição de chateaubriand ficou o padrão americano, padrão M 4 para TV preto e Branco. Quando o governo pensou em fazer um debate cientifico já existia televisões no sistema M sendo comercializados e a TV Tupi já transmitia neste sistema. Quarto capitulo : Segundo Morais (2000), quando faltava um mês para a inauguração da TV no Brasil, os dois diretores da TV Tupi, Mario Alderighi e Dermival Costa Lima, lembraram que ninguém poderia assistir à emissora, pois não havia receptores de TV no pais. Chateaubriand quando foi avisado não perdeu tempo. “Chateaubriand disse para eles não esquentarem a cabeça com aquilo, que no Brasil tudo tinha solução. Telefonou ao dono de uma grande empresa de importação e exportação e pediu-lhe que trouxesse por avião, dos Estados Unidos, duzentos aparelhos de TV, de modo que chegassem a São Paulo três dias depois. O homem explicou que não era tão simples: por causa da morosa burocracia do Ministério da Fazenda, um processo de importação (mesmo que fosse agilizado por ordem do Presidente da República, como Chateaubriand sugeria) iria consumir pelo menos dois meses até que os televisores fossem postos no aeroporto de Congonhas. Chateaubriand não se assustou: ‘Então traga de contrabando. Eu me responsabilizo. O primeiro receptor que desembarcar, eu mando entregar no Palácio do Catete, como presente meu para o presidente Dutra’ “ (MORAIS, Fernando – Chatô o rei do Brasil, 2000, p. 500)

Assim foi o inicio da TV, por coincidência ou não no dia 3 de Abril de 1950 o padre José Mojica, padre e cantor mexicano fez a pré estréia da TV no Brasil. No inicio da TV os programas eram ao vivo e os anúncios eram feitos também ao vivo. Os anunciantes, eram donos dos principais programas de TV na época. O custo da televisão era relativamente barato, pois era só a atriz decorar e falar o texto, a produção era bem barata, pois não existia a idéia de VT, que só vai aparecer quase 10 anos depois. Não havia programação para o dia todo, assim a população se acostuma a ligar a Tv no horário da noite, onde seria transmitido o sinal. A Tupi no inicio tinha programa das 18h ate às 23h, criando um habito. Neste momento, tomando como referência o conceito de habitus de Bourdieu, para este sociólogo ”o habitus é uma subjetividade socializada” (1983, 3

Segundo Fernando Morais (2000), Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo fez a sua estréia no jornalismo aos 15 anos, na Gazeta do Norte. Não demorou a suscitar polêmicas com figurões da cidade em textos ferinos. Os artigos começaram a ecoar no Rio de Janeiro e seu nome ficou ainda mais conhecido quando venceu um concurso para lecionar Direito. Com a mudança do governo, assume Washington Luís. Chateaubriand aproveita e faz campanha para a concessão de anistia aos combatentes da Coluna Prestes. A paixão de Chateaubriand por Getúlio também pode ter relação com a criação da revista O Cruzeiro. Ele já tinha simpatia por Getúlio antes da sua candidatura. Tenta também quebrar a política café com leite dos mineiros. Depois, aumenta sua rede de jornais com o Diário de São Paulo e jornais no Rio e Minas Gerais. Chateaubriand colocou toda a sua rede de jornais em prol da Aliança Liberal e seu candidato, Getúlio Vargas. A derrota de Getúlio começa a lançar as sementes da revolução de 1930, que foi apoiada por Chateaubriand e seus jornais.

4

Padrão que normaliza 525 linhas com 30 quadros por segundo para transmissão de sinal.

3

p. 101). Para o autor, na medida em que o habitus é produto das relações sociais, ele tende a assegurar a reprodução das mesmas relações objetivas que o engendraram. A interiorização pelos agentes de valores, normas e princípios sociais assegura a adequação entre as ações do sujeito e a realidade objetiva da sociedade como um todo. Nesse sentido, esses dois grupos tendem a reproduzir as relações objetivas que caracterizam esse habitus. Com o surgimento da TV globo em 1965 surge dois jovens no panorama artístico brasileiro, Walter Clark e José Bonifácio de Oliveira Sobrinho. E criaram a idéia de grade fixa 5 , que as emissoras usam ate hoje. Ou seja, em vez de uma empresa ser a patrocinadora de um programa, como era ate a época, a rede globo começa a venda de anúncios na forma de pacotes, ou seja, o programa é da emissora, e os anunciantes tem que comprar horários para exibir ao longo dos programas, surge assim os spots publicitários. Nesta época surge também o VT, o que daria possibilidade de gravar o comercial e depois exibir varias vezes sem erro. Com o vídeo taipe e a gravação dos programas, ficou mais fácil ter uma programação diária e as imagens são exibidas das 6h ate às 23h ou mais tarde dependendo da emissora. A grade fixa divide os horários conforme a necessidade do patrocinador 6 . Criando de modo inconsciente um modo da população saber o que poderia assistir e a que horas deveria estar em casa ou à frente da TV para assistir seu programa preferido, reforçando e mudando o habitus. É nesta época que a TV começa a apresentar novas maneira de ser da população. Saímos do pressuposto que a maioria da população ainda é rural, e os que migram para as grades cidades, ainda trazem o habito do campo e começam a querer mudar seu modo de ser para não ser chamado de “caipira” que se tornou preconceituoso. A TV ao apresentar maneiras de ser diferente e modos de agir de uma pessoa da cidade “grande”, pode ter influenciado muitas pessoa em décadas passadas para agir de modo diferente para ser aceita pro certos grupos. Por outro lado a TV valoriza certo capital cultural, de uma certa classe social, fazendo que parte da população deseje este modo de ser. Recorreremos outra vez a Bourdieu para defender nosso ponto de vista. Para o pesquisador (1998), a cultura considerada legítima precisa ser sistematicamente valorizada por um conjunto de estratégias e rituais de consagração (exames de seleção, diplomas, formaturas, álbuns de formatura, becas, festas etc.) para que seja legitimamente aceita e reconhecida por todos. Cria-se, assim, uma distinção simbólica de poder e a desigual distribuição desse recurso raro, que estimula o conflito. A mídia também contribui com esta divisão simbólica imposta pelas classes letradas e dominantes como sendo a cultura legítima 7 , o que estimula as classes populares a participarem das lutas simbólicas. Para Bourdieu (1998, p.42), “na realidade, cada família transmite a seus filhos, mais por vias indiretas que diretas, um certo capital cultural e um certo ethos, sistema de valores implícitos e 5

Grade fixa de TV é o que a emissora exibe ao longo do tempo fixando o publico, sabendo que ao terminar a novela das 20h, outra ira substituir. 6 Vide anexo 1 7 Exemplo de novelas e minisséries onde a maioria das personagens é branca, mesmo o Brasil sendo um país miscigenado.

4

profundamente interiorizados, que contribui para definir, entre outras coisas, as atitudes em face do capital cultural e da instituição escolar".

Na estrutura objetiva do campo (hierarquia de posições, tradições, instituições e história), os indivíduos adquirem um corpo de disposições que Ihes permitem agir de acordo com as possibilidades existentes no interior dessa estrutura objetiva: o habitus. Desta forma, o habitus funciona como uma força conservadora no interior da ordem social. Durante toda a década de 70, 80 a rede globo liderou chegando a ter índices de audiência de ate 70%. O que criou na sociedade um habito, ver sempre a mesma emissora. Porem, com a chegada da década de 90 os índices começam a mudar por vários fatores sociais e culturais. A população brasileira vira urbana, as pessoas começam a ter um nível educacional maior, surge outras emissoras e a Internet é popularizada. Em 2005 surge o site que ajuda a diminuir o índice de audiência de todas as emissoras, o site you tube. You tube A criação dos sites de exibição de vídeos, onde o cidadão pode colocar, postar, vídeos de graça, começou com o you tube em 2005 , Chad Hurley e Steve Chen que iniciaram a criação de um programa de computador para dividir vídeos com os amigos, pois via e-mail demorava muito e nem sempre era possível, e se aproveitaram da tecnologia Streaming 8 . Sem querer os dois deram inicio a uma revolução silenciosa que ainda esta em curso. Segundo dados da agencia folha 9 o site apresenta 100 milhões de vídeos acessados por dia! “O you tube é um canal de TV onde nada é produzido” 10 , na verdade, é o publico que alimenta o site. A idéia deu tão certo que a empresa Google, que começou em uma garagem de San Francisco há oito anos, dona do Orkut , que na verdade é apenas uma variação do fotolog com outro desinger comprou o you tube por US$ 1,65 bilhão. Segundo dados do IBOPE/NetRatings 11 .”O Brasil é o País onde o YouTube alcança a segunda melhor marca em termos do percentual de acesso em relação ao total de Internautas residenciais, atrás somente da Espanha”, Brasil Foi lançado no primeiro trimestre de 2007 o You Tube Brasil, dando destaque aos vídeos brasileiros. Surgiram patrocinadores indiretos como o canal Terra, o canal IG e a novela Malhação da Rede Globo, tentando abocanhar um 8

Streaming é a tecnologia que permite o envio de informação multimídia através de pacotes, assim para assistir um vídeo ou ouvir uma musica não há necessidade de baixar todo o programa para o seu computador. A imagem ou o som são gravados em uma memória, buffer, e o usuário pode ouvir e ver o filme enquanto o programa ainda está baixando os “pacotes” 9 Dados referentes a 2006 10 Palestra do professor da UERJ Antonio Brasil – RJ 2007 11 Dados de 2006 segundo Marcelo Coutinho diretor-executivo do IBOPE Inteligência.

5

espaço que a princípio seria dos independentes e amadores. Assim, seria uma forma do site ser pago, e os mesmos não perderem audiência. O Brasil ainda apresenta um número pequeno de computadores por domicílio. Uma pesquisa divulgada pelo Comitê Gestor da Internet (2006) indica que o número de computadores por domicílio não passa dos 20 %. Segundo o comitê, o total de pessoas com acesso à web atingiu 27,5 milhões de brasileiros. Se for levado em conta pessoas com acesso à rede de qualquer ambiente (casa, trabalho, escolas, universidades e outros locais) esse número sobe para 33,1 milhões. Mesmo com as dificuldades, o Brasil continua sendo o país com maior tempo médio de navegação residencial por internauta, 19 horas, segundo dados do Ibope/NetRatings (2006). Hoje ter um e-mail, blog, fotolog, videolog, perfil do orkut e msn é comum entre os jovens, como se fosse uma carteira de identidade que irá oficializar o jovem no mundo digital. Chega ate a ser um desconforto quando alguém pergunta se você tem um e-mail e a resposta é negativa. - Como assim não tem um e-mail ? Esta mudança de habito esta em crescimento entre os jovens e pautando mudanças maiores na sociedade que a cada ano fica mais “refém” das NTIC´s 12 O receptor ativo Vemos também uma mudança de comportamento, algumas pessoas que tinham por habito chegar em casa e ligar a TV, estão trocando por chegar em casa e ligar o computador e nele ver tv, filmes,jornais, se comunicar e se mostrar para o mundo. Outro ponto importante é que o este espectador que desde a chegada da TV no Brasil na década de 50, só recebia o sinal eletromagnético e que tinha uma função passiva, começa agora a apresentar um novo perfil que é de um espectador ativo que escolhe o que deseja assistir e caso goste ou não tem a possibilidade de reclamar ou elogiar o autor, além de pode dar nota sobre o vídeo assistido no campo comentários. Assim existe um feedback 13 entre criador (autor) e público (Internauta) Para Célia Quico, docente na Universidade Lusófona e doutoranda em Ciências da Comunicação, “O YouTube e a televisão estão, de fato, em concorrência, "no sentido em que disputam um mesmo bem escasso: o tempo e a atenção que as pessoas dedicam aos conteúdos audiovisuais. Apesar da oferta de conteúdos crescer exponencialmente, o dia continua a ter 24 horas." Por isso a escolha entre os meios. 12

Novas Tecnologias de Informação e comunicação Feedback é o conceito de enviar uma informação e receber o retorno do que foi enviado, assegurando assim que o sinal transmitido foi recebido e codificado da maneira certa. Diminuindo o ruído ou falha na comunicação. 13

6

O que estamos defendendo é que ao assistir um vídeo, uma TV, uma peça, um filme etc estamos abrindo a possibilidade de ampliarmos, mudarmos nosso repertorio cultural e mudarmos nossos esquemas mentais e assim mudar nossa subjetividade,mudando assim nosso modo de ser. A seguir usaremos preceitos da psicologia para defender nosso ponto de vista. O Esquema mental Segundo Piaget (1996) os esquemas são estruturas mentais, ou cognitivas, pelas quais os indivíduos intelectualmente se adaptam e organizam o meio, eles estão em constante desenvolvimento, o que permitem que o indivíduo se adapte aos desafios do meio. Cheng e Holyoak, Aput Ana Andrade Cordeiro, 2006, defendem a idéia de que as pessoas raciocinam utilizando regras aprendidas indutivamente com o objetivo de tomar decisões e prever eventos futuros. O modelo mental seria uma maneira da mente agir, reproduzindo o que já foi vivenciado, analisado ou visto. Apreendendo o espaço e os acontecimentos a mente fica “livre” de futuras surpresas, sabendo como agir dentro de uma situação. A socialização nos dias de hoje é muito mais do que apenas a família, amigos, escola, igreja, colegas de trabalho, pessoas da cidade e do país em que vivemos. A TV e o Cinema também contribuem para “moldarem” nossas crenças e valores de modo inconsciente. O audiovisual também nos influencia por meio da linguagem e da estrutura do sub texto 14 , do que apreendemos da historia narrada. Se sairmos do pressuposto que em um dialogo com amigos estamos modificando, criando ou apreendendo novos modelos mentais, o mesmo acontece ao assistirmos uma obra audiovisual. As NITCs (novas tecnologias de informação e comunicação) que na verdade são apenas suportes, meios, que interligam a visão de um grupo, diretor, roteirista, equipe para o espectador, assim contribuem para que novos modelos mentais, pré-estabelecidos por profissionais de mídia sejam processados pelo espectador. Por ter acesso a modelos mentais diferenciados, não significa que o espectador ira modificar os seus, apenas abre possibilidade de conhecer novas realidades que podem ser incorporadas aos seus. Não estou dando todo poder aos meios de comunicação e falando que o espectador é um”papel” vazio onde a mídia ira persuadi-lo com informações, claro que não. Sabemos que as pessoas têm suas visões de vida, sua subjetividade. A interação com o meio dependera de como cada um ira internalizar o apreendido. É um processo complexo e que ira variar de pessoa pra pessoa. Estamos levantando a hipótese de que a mídia apenas ira criar um contraponto ou reafirmar seus esquemas mentais. O mesmo acontece quando dialogamos com amigos, pedimos conselhos ou lemos um livro. Construímos nossos modelos mentais, transmitindo-os ou tendo acesso aos de outras pessoas, por isso, a TV e o cinema podem estar contribuindo para a criação de um padrão mental comum para alguns grupos sociais. com a exibição 14

Sub texto é a idéia que esta atrás do texto e não apenas o texto literal. “oi tudo bem?” pode ser uma expressão de cordialidade ou de amor, dependendo do modo que é expresso pelo enunciador e o que se deseja passar ao enunciatario.

7

de padrões, de modelos de vida que podem ser assimilados. Vide a industria cultural e as novelas, roupas e o pop rock. Saímos do pressuposto psicológico de que a interação entre dois indivíduos constitui a interação entre dois modelos mentais. Se pertencerem ao mesmo grupo social, uma grande parcela de seus modelos será equivalente, com muitas crenças, signos, símbolos, capital cultural e valores comuns. Defendemos a idéia de que os meios de comunicação de massa representam uma forma de transmissão de conhecimento e comportamento. O espectador ira assistir e assimilar o que lhe interessar (assimilação e acomodação – Piaget 15 ). A mediação é feita pelos meios de comunicação, mas o processo de modelo mental é o mesmo. Segundo Eisenck e Keane, (1994), os modelos mentais e as imagens são representações de alto nível, essenciais para o entendimento da cognição humana. Um modelo mental é uma representação interna de informações que corresponde analogamente com aquilo que está sendo representado. Ou seja, se estou vendo um filme romântico, as ações da personagem me fazem repensar os meus modelos de vida, o que eu faria naquela situação, como eu iria agir? Este pensar ou imaginar conscientemente, pode modificar ou reestruturar os meus esquemas mentais. Criando novas cognições, modificando minha subjetividade, modificando o meu ser. Como espectadores pensamos no que faríamos, naquele momento, fazendo, assim, uma representação mental do que estou assistindo e como eu agiria. Johnsoh-Laird sugere que as pessoas raciocinam com modelos mentais. Que são como blocos de construção cognitivos que podem ser combinados e recombinados conforme necessário. Segundo o autor, estes modelos representam o objeto ou situação em si. Para Laird, ao invés de uma lógica mental, as pessoas usam modelos mentais para raciocinar; por isso, estamos levantando a hipótese de que os meios de comunicação contribuem para a criação de modelos mentais, sua força é indireta e inconsciente. Para Hampson e Morris, aput Marco Moreira 1997, A lógica que aparece em algum lugar não está na construção de modelos e sim na “testagem” das conclusões, pois esta implica que o sujeito saiba apreciar a importância lógica de falsear uma conclusão, e não apenas buscar evidência positiva que a apóie. Vejo, compreendo, realizo, funciona, repito. Por isso os meios de comunicação de massa contribuem para criar, modificar um modelo mental, apresentar uma situação onde passo a passo o personagem ira interagindo fazendo com que o espectador mude ou adapte o seu modelo mental, faça inferências e questione a vida do personagem e a sua própria. Vivenciando e se conhecendo. Isto é uma interação com o meio e uma nova forma de conhecer limites do grupo e ao mesmo tempo uma forma de conhecer entender a subjetividade da personagem e também a própria. 15

Segundo Piaget a incorporação de um elemento do meio é assimilado e depois acomodado, surgindo a adaptação e o equilíbrio.

8

Festinger, aput Isabella Vasconcelos (2008), apresenta a idéia de dissonância cognitiva que é a forma como é construído em determinado momento uma nova informação recebida. Pois quando ela não é coerente com o nosso modelo mental, ele entrará em colapso, obrigando-nos a repensar o que sabemos ou imaginamos sobre aquele assunto ou, simplesmente, levando-nos a descartar a informação recém-chegada. Achamos que o pensamento da dissonância cognitiva, vai de encontro com o pensamento de Piaget sobre acomodação e assimilação. Para Festinger, os seres humanos se sentem tão desconfortáveis em sustentar ações e pensamentos contraditórios com seus modelos mentais, que são capazes de tentar qualquer coisa para recuperar sua coerência interior: concordam de imediato, pedem um tempo para pensar ate chegar a um acordo com seu novo modelo mental. Ou se a mudança for muito grande, preferem o antigo esquema mental que dara a ela a segurança e tranqüilidade de antes, por isso que é mais fácil perdoar um namorado que traiu, pois ele por um lado da a segurança, já o conheço, do que terminar e encontrar outro que não conheço e aprender o novo que sempre “nos da medo”, pela insegurança do que pode acontecer, ate criarmos um esquema mental. Contribuição do you tube no acervo geral do conhecimento. A partir do momento que no you tube o internauta pode escolher o vídeo que deseja, esta saindo da ditadura da grade fixa e da obrigatoriedade dos comerciais, que nem sempre são agradáveis. Assim, pode escolher os vídeos que ele deseja, na hora que quiser. Alem disso, pode votar, reclamar, indicar. A Tv criou por um tempo ídolos, e o you tube esta indo nesta direção, criando curtas que são comentados, debatidos pelas pessoas na rua, escolas, faculdades, trabalho. Tanto que a revista Época dia 07/08/2007 Edição nº 481 trouxe a reportagem “Hollytube, a nova capital da fama”. Vídeo de jovens estudantes chegam a um milhão de acessos. Mostrando como curtas que custaram quase nada tem publico de mais de um milhão. Segundo dados do site Folha on line “O público do cinema brasileiro caiu mais de 30% no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2007, aponta um levantamento do Filme B, portal especializado no mercado cinematográfico.” Segundo a agencia Reuters, no Brasil o publico médio dos filmes nacional vem caindo “Enquanto a produção saltou de três filmes em 1992 para 29 em 2003 e cerca de 80 em 2007, o público de tais filmes encolheu de 22 milhões de espectadores em 2003 para 10,3 milhões no ano passado, patamar que mantém desde 2005.” Em comparação com o you tube vemos que há curtas com 3 milhões de acessos e que custaram menos de 500 reais, contra filmes que custaram 3 milhões de reais em media e que o publico às vezes não chega a um milhão. Levantamos uma questão, por que investir em certos diretores e não nestes novos talentos que por um lado entendem o que o publico quer ver! Não seria a hora de renovar o cinema nacional? Conclusão 9

Finalizamos com a idéia de que estas mudanças estão apenas no começo e a tendência é o numero de acessos aumentar e o de vídeos produzido também. Graças à queda nos preços das câmeras e do aparato tecnológico necessário. Acreditamos que com a chegada da TV digital, onde o espectador poderá montar a sua grade ira diminuir o poder das emissoras no Brasil, “disseminando o poder” 16 que antes era concentrado em algumas famílias. A nova geração já não vê televisão como antigamente, prefere interagir. Por isso, algumas emissoras já estão mudando criando alternativas, para não perder publico. Aceitando ate vídeo caseiro para exibir na sua grade. O espectador já mudou, já descobriu a chave das algemas, assim pode escolher o que deseja ver, o que deseja saber e sentir, contribuindo para aumentar o arcabouço cultural, modificando esquemas mentais e assim modificando conscientemente sua subjetividade, modificando assim o ser. O seu modo de ser. Bibliografia ALMEIDA. Cândido José Mendes.Uma Nova Ordem Audiovisual. São Paulo: Smmus Editorial, 1988 BIAL, Pedro. Roberto Marinho. Rio de Janeiro: JorgeZahar Editor, 2004. BOSI, E. O tempo vivo da memória. 1ª edição, São Paulo, Ateliê, 2003. CORDEIRO, Ana Andrade; BORGES Maria Bompastor. A teoria da lógica mental e as teorias competitivas. Revista interamericana de psicologia. N. 003. Porto alegre 2006 DANIEL FILHO. O circo eletrônico: Fazendo tv no Brasil. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003. EISENCK, M.W. e KEANE, M.T. Psicologia cognitiva: um manual introdutório. Artes Médicas. Porto Alegre, RS: 1994 FARR, R. Raízes da Psicologia Social Moderna. Petrópolis: Vozes, 1998. FERRES, Joan. Vídeo e educação. Ed Artes. Medicas sul. 20000 GARDNER, Howard. A nova ciência da mente. São Paulo: Editora ÛSP, 1996. HAMBURGER, Esther & Bucci, Eugênio (orgs). TV aos 50: criticando a televisão brasileira no seu cinqüentenário.São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo. 2000. HERZ, Daniel. História secreta da Rede Globo. Porto Alegre: Editora Tchê, 1987. HINGST, Bruno - Visão Histórica da TV no Brasil - faculdade Casper Libero- 2006 LEAL FILHO, Laurindo. A melhor TV do Mundo. São Paulo: Summus Editorial, 1997. 16

Foucault

10

MOREIRA, Marco Antonio. Modelos Mentais. Trabalho apresentado no Encontro sobre Teoria e Pesquisa em Ensino de Ciências - Linguagem, Cultura e Cognição, Faculdade de Educação da UFMG, Belo Horizonte, 1997. MORAIS, Fernando – Chatô o rei do Brasil, , Companhia das Letras. RJ. 2000 OLIVEIRA SOBRINHO, José Bonifácio. 50 anos de TV no Brasil. São Paulo: Editora Globo, 2000. PIAGET, J. A Formação do Símbolo na Criança. Rio de Janeiro, Zahar, 1978. · PEPITONE, A. (1981). Lessons from the history of social psychology. American Psychologist, PRIOLLI,Gabriel. O Campeão de Audiência: Walter Clark. São Paulo: Editora Best Seller, 1991. SILVA, J. P. Se a TV é o espelho da sociedade, a escola seria o que? A sombra da sociedade? Ou o anti-reflexo da TV? www.erdfilmes.com retirado do site no dia 10 de Junho de 2008 VASCONCELOS, Isabella Freitas Gouveia de. A (Des)Construção Social da Identidade: Mudanças no Trabalho e suas Implicações para a Identidade do “Trabalhador Reflexivo”. EAESPFGV e UNINOVE – retirado do site http://www.fgvsp.br/iberoamerican/Papers/0347_Desconstrucao%20da%20Identidade%20%20IBERO2003.pdf dia 10 Junho 2008

11

Anexo 01 Horário 07h – 08h 8h – 12h

12h 12h – 13h

jornal, pessoas saindo de casa e sendo informadas. - Desenho para criança ou programa para dona de casa. jornal para as pessoas almoçarem e se informarem. jornal de esporte para o homem.

13h

o jornal da tarde, geralmente para o publico feminino.

14h – 18h

Filme e novela para o publico teen.

18h - 19H

Novelas de comedia ou de época.

20h

Jornal para o publico masculino

21h

Novela com denuncia social para o homem poder assistir também. Futebol, filmes, programas de comedia

22h

Anexo 02 Vídeos mais assistidos desde o inicio – sessão entretenimento. Foi escolhido esta sessão em função de entretenimento ser o mesmo que a TV exibe e o cinema também. Site http://br.youtube.com – pesquisa feito no dia 10 de Junho de 2008. Vídeos Assistidos 1 2 3 4

Hector babenco – the Best Como vai você Nice blowjob!!! Paparazzo flagra casal in love na praia

Número de exibições 6.010.270 4.086.474 4.007.260 3.643.238

Sinopse Poster do filmes de Hector Babenco Cenas do big Brother retirado de TV Comercial espanhol retirado de TV Curta sobre a reprodução da dengue, sátira sobre o caso

Autor Mauro Rebeca Dirceu Malinoski

12

5

Dança do Creu furacao Tsunami

3.334.026

6

Mundo em mudanças

3.247.936

7

Kiko Psy

3.049.138

8

Sorriso maroto – fica combinado assim

2.934.006

9

Jeito moleque – sem radar

2.817.708

10

Lenny Kravitz Are you Gonna go my way

2.791.646

Daniela Cicareli Clip da música Creu da furação 2000 – retirado da TV Curta sobre a nova relação entre homem e mulheres Cena do seriado Chaves – retirado da TV Clip da musica do sorriso maroto – retirado da TV Clip da banda Jeito moleque retirado da TV Clip do cantor Lenny Kravitz de TV – retirado da TV

K4riok4

ErdFilmes

Kikowar

Arte Bernado Fernando Bifani Angelicam engue

13

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.